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Gestão de Projetos

Ambientais
Material Teórico
Instrumentos Ambientais para Gestão de Projetos

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Ms. Raisa Pereira

Revisão Textual:
Profa. Ms. Selma Aparecida Cesarin
Instrumentos Ambientais para
Gestão de Projetos

• Contextualização
• Introdução
• Dados Históricos
• ISO 14001
• Considerações finais
• Referências

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Nesta Unidade, discutiremos o uso de instrumentos ambientais
aplicados ao gerenciamento de projetos.
· Cada um desses instrumentos pode ser aplicado e auxilia a com-
preensão da importância da gestão ambiental em projetos.

ORIENTAÇÕES
Para implementar todos os processos ambientais em projetos, são necessárias
ferramentas eficientes para que a preservação e a conscientização ambiental seja
implementada.

Algumas dessas formas, como atendimento a requisitos legais e aplicação de


requisitos normativos, podem auxiliar nessa problemática.
UNIDADE Instrumentos Ambientais para Gestão de Projetos

Contextualização
A gestão de projetos ambientais necessita de instrumentos que facilitem
o planejamento e a execução da preservação do Meio Ambiente, bem como a
conscientização ambiental dos setores envolvidos.

Um desses instrumentos é a norma ISO 14001, que está relacionada à


certificação ambiental das empresas.

Para compreender um pouco mais sobre esta norma, a seguir o link de um vídeo que explica
Explor

a importância da norma e como deve ser aplicada nas organizações:


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=V2Xys4_ipCI&hd=1

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Introdução
Algumas ferramentas podem auxiliar o processo de gerenciamento de projetos
ambientais, como legislações aplicáveis e normas que relacionam a importância do
meio ambiente à rotina empresarial.

Dessa forma, discutiremos como essas ferramentas podem ser utilizadas e qual
a importância delas na execução do projeto.

Dados Históricos
Com o aumento da degradação ambiental, a população começou a se preocupar
com o meio ambiente e com a qualidade de vida.

Assim, as empresas e entidades que focavam apenas o aspecto econômico e


financeiro, visando ao lucro, começam a entender a importância do Meio Ambiente.

O consumidor consciente passou a exigir a preservação ambiental e, dessa forma,


as empresas foram forçadas a desenvolver produtos com diferenciais tecnológicos,
inserindo produtos ecologicamente corretos no mercado, que minimizassem os
impactos no meio ambiente.

Para se adequar a esse novo mercado, as empresas começaram a investir


em tecnologia, substituindo os equipamentos ultrapassados por equipamentos
modernos e menos poluentes, atendendo às necessidades dos clientes.

Dessa forma, os processos de produção se tornaram mais eficientes e eficazes,


além de terem trazido benefícios para o Meio Ambiente.

No entanto, essas mudanças dentro das organizações em relação ao Meio


Ambiente começaram a ser expostas como marketing ambiental para os clientes.

Isso acarretou que a variável ambiental se tornasse um diferencial competitivo


entre as empresas, fazendo com que a preservação do Meio Ambiente se tornasse
uma preocupação dentro das empresas.

As organizações de todos os ramos estão progressivamente se preocupando


em demonstrar e alcançar o melhor desempenho ambiental possível, por meio
dos controles de impactos ambientais de suas atividades e processos, bem como
minimizando os danos causados pelos seus produtos e serviços, levando em conta
suas políticas e objetivos ambientais.

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A Figura 1 demonstra o número de certificações na norma ambiental ao longo


dos anos, em várias áreas do mundo.

Figura 1. Número de certificados na norma ambiental pelo mundo.


Fonte: totalqualidade.com.br

No contexto de uma legislação progressivamente mais restritiva e exigente,


no que se refere a medidas para promover a prevenção ambiental e para o
desenvolvimento de políticas econômicas sustentáveis e o aumento da pressão das
partes interessadas a respeito dos assuntos ambientais, surge uma organização
atuante em todo o mundo que dispõe de padrões e diretrizes para o funcionamento
dos empreendimentos, a ISO (International Organization for Standardization).

As organizações começaram a utilizar auditorias e análises críticas para avaliarem


seu desempenho ambiental.

Entretanto, essas ações em específico podem não ser suficientes para que a
organização tenha a garantia de que irá atingir seus objetivos, mas também
continuará atendendo às exigências legais e de sua própria política.

As empresas estão passando por um processo crescente de cobrança por uma


postura responsável e de comprometimento com o meio ambiente.

Esta cobrança tem influenciado vários ramos de atividades, como a Ciência, a


Legislação, a Política, e as formas de gestão e planejamento, sob pressão crescente
dos órgãos fiscalizadores, das organizações não governamentais e, principalmente, do
próprio mercado, incluindo as entidades financiadoras, como Bancos e Seguradoras.

A Figura 2 demonstra a preocupação das empresas em diversos países em atender


as regulamentações e aprimorar o seu relacionamento com o Meio Ambiente.

Figura 2. Países que mais cresceram em certificações ambientai.


Fonte: totalqualidade.com.br

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As questões ambientais sensibilizaram o mercado consumidor, o que contribuiu
para que os gestores compreendessem a importância do que representa a variável
ambiental no mercado competitivo e sujeito a mudanças pelas perspectivas dos
clientes e da sociedade.

O cumprimento dos requisitos legais, as pressões exercidas pelos órgãos


regulamentadores e o sistema de normas sendo inserido nas organizações
caracterizam um novo modelo de gerenciamento, que visa a melhorar o desempenho
ambiental continuamente, estabelecendo estratégias na busca pela qualidade em
seus produtos e serviços.

No entanto, o estabelecimento e a operação do sistema de gestão ambiental não


serão totalmente eficientes para que a redução dos impactos ambientais adversos
seja relevante.

Em consequência disso, a necessidade de se aplicar uma metodologia que avalie


o desenvolvimento dos processos, a sua manutenção e a melhoria dos programas
de gestão ambiental foram implementados nas organizações.

O cenário até aqui exposto demonstra que podem existir diversas razões para que
as empresas invistam em auditorias, programas de gestão e outras vias e ferramentas
para a diminuição do impacto ambiental e em novas tecnologias para seus produtos
e serviços, visando à eficiência do Sistema de Gestão Ambiental – SGA.

ISO 14001
A Constituição Federal de 1988 garante a defesa e a preservação do meio ambiente
para todos. Este pensamento retrata a clara intenção do legislador em promover
medidas preventivas a fim de garantir a qualidade do meio ambiente no futuro.
Art.225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações (BRASIL, 1988).

O direto ambiental é um conjunto de leis, princípios e políticas públicas que


regem a interação do homem com o meio ambiente para assegurar, por meio de
processo participativo, a manutenção de um equilíbrio da natureza, um ambiente
ecologicamente equilibrado para as presentes e futuras gerações (Brasil, 1988).

Dessa forma, o Sistema de Gestão Ambiental (SGA) surge para atender à politica
ambiental estabelecida, e para gerenciar os aspectos ambientais do processo produtivo.

Assim, faz-se necessário abordar a política ambiental estabelecida, bem como


atender esta política, por meio dos objetivos, metas e programas ambientais.

A política ambiental deve expressar com o que a empresa quer se comprometer


em relação ao Meio Ambiente.

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A alta administração deverá definir e disseminar para todos os funcionários e


toda a organização sobre sua política, como também divulgá-la para as partes
interessadas, clientes, fornecedores etc.

A ABNT NBR ISO 14001:2004 define política ambiental como sendo: “intenções
e princípios gerais de uma empresa, corporação, firma, empreendimento, autoridade
ou instituição, ou parte ou uma combinação desses, incorporada ou não, pública
ou privada, que tenha funções e administração próprias, em relação aos seus
resultados mensuráveis de gestão sobre seus elementos das atividades, produtos
ou serviços que possam interagir com o meio ambiente, conforme formalmente
expresso pela Alta Administração”.

A política ambiental da organização deve ser definida pela Alta Administração


e deve assegurar que ela esteja definida conforme sua natureza, escala e impactos
ambientais de suas atividades, produtos e serviços; inclua o comprometimento
com a melhoria contínua e com a prevenção de poluição; inclua um
comprometimento em atender aos requisitos legais aplicáveis e outros requisitos
subscritos pela organização que se relacionem a seus aspectos ambientais;
forneça uma estrutura para o estabelecimento e análise dos objetivos e metas
ambientais; seja documentada, implementada e mantida; seja comunicada
a todos que trabalhem na organização ou que atuem em seu nome; e esteja
disponível para o público (ISO, 2004).

Para compreender melhor a norma ISO 14001, segue o link para acesso.
Explor

http://www.oet.pt/downloads/legislacao/NP%20EN%20ISO%2014001%202004.pdf.

Segue um modelo de política ambiental da empresa Embratel. Nota-se que a prevenção


Explor

da poluição, bem como ações de conscientização, são importantes em projetos ambientais.

Fonte: slideplayer.com.br

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As empresas estão se adaptando ao modelo de gestão ambiental trazendo um
fator de sucesso nos mais diversos ramos das atividades que formam diferentes
objetivos de várias áreas, tais como, ramos da indústria, do comércio, de prestação
de serviços complementares e essenciais, independente de sua vocação ao lucro ou
à satisfação dos usuários e clientes.

O gerenciamento ambiental se faz na forma de um conjunto ordenado de rotinas


e procedimentos que permite a uma organização administrar adequadamente as
relações entre suas atividades e o Meio Ambiente que as abriga, atentando para as
expectativas das partes interessadas.

Para auxiliar as empresas a instalar o SGA, a Auditoria Ambiental surge como


um meio antecipado de diagnosticar e apresentar as soluções para as alterações
significativas que poderão afetar a imagem da empresa de uma forma negativa,
sobretudo a questões relacionadas ao mau andamento do desempenho, como
objetivos e metas do Sistema de Gestão Ambiental.

Dessa forma, a Auditoria Ambiental representa um papel importante no processo


de checagem do SGA, pois o auxílio em verificar os processos e a imagem da
empresa com antecedência evita que possíveis danos e imprevistos possam ser
causados ao Meio Ambiente e ao mercado consumidor.

A auditoria ambiental bem elaborada influencia a minimização dos impactos


ambientais, e age a favor da diminuição dos índices de poluição.

A execução da auditoria envolve decisões de diversas áreas e partes interessadas,


pois envolve desprendimento financeiro, como, por exemplo, no caso de áreas
com presença de passivos ambientais, que possuem sua resolução em longo prazo
e com alto custo.

A auditoria ambiental não é somente uma verificação de requisitos legais


aplicáveis ou de uma abordagem técnica, mas sim da junção de diversos fatores que
envolvem as perspectivas ambientais, visando à busca por melhores alternativas
para os produtos que sejam menos agressivos ao meio ambiente.

A maior vantagem da aplicação de auditorias ambientais em empresas é que


permite que elas tenham um cuidado maior com o processo de produção, identificando
os riscos e os impactos, as vantagens e as desvantagens e procurando melhorias.

Nesse sentido, as auditorias induzem ao uso de tecnologias limpas, à utilização


de recursos menos agressivos ao meio ambiente (matéria prima), lixo industrial e
a identificação de perigos e riscos potenciais, ou seja, buscar uma harmonização
entre Natureza e Meio Ambiente.

Para implementar esse tipo de projeto nas empresas, foi criado o sistema de
PDCA (Figura 3), que tem por objetivo tornar mais claros e ágeis os processos
envolvidos na execução da gestão, como, por exemplo, na gestão da qualidade
ambiental, dividindo-a em quatro principais passos.

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O ciclo começa pelo planejamento, em seguida a ação ou conjunto de ações


planejadas, checa-se o que foi feito, se estava de acordo com o planejado, constante
e repetidamente (ciclicamente) e toma-se uma ação para eliminar ou mitigar defeitos
do produto ou da execução (ISO, 2004).

• Ação corretiva • Localizar


no insucesso problemas
• Padronizar • Estabelecer
e treinar planos
no sucesso Action Plan de ação
Agir Planejar

• Verificar Check Do • Execução


atingimento Checar Fazer do plano
de meta • Colocar
• Acompanhar plano em
indicadores prática

Figura 3

Segue um modelo de PDCA aplicado à prática do emagrecimento para


compreender melhor cada etapa.

A Agir corretivamente
1 Se o peso não apresentar redução,
aumentar a carga dos exercícios físicos
2 Se o peso aumentar procurar
nutricionista redução de pelo menos
3kg, ter supervisão cuidadosa durante
o Natal e Ano Novo
Metas
Redução de 22 kg em 12 meses
Período 01/01/10 até 24/12/11
Peso atual = 92 kg atingir 70 kg
Plano de Ação
1 Emagrecer 500gr por semana
P
2 Reduzir o consumo de carboidratos e refrigerantes
3 Caminhar/correr 3 vezes por semana 40min
Como será feito o Controle
1 Medição do peso todo sábado pela manhã
2 Marcar a cada caminhada/corrida realizada
3 Supervisionar a redução do consumo de carboidratos e refr.

Controlar Praticar a Ação


1 Medir semanalmente o peso. Ou seja, comer e beber menos

C D
2 medir semanalmente a quantidade e praticar exercícios
de vezes que foram feitas
caminhadas/corridas

Figura 4
Fonte: paisfilhoseescola.com.br

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A etapa de planejamento refere-se à análise do ciclo de vida do projeto, já
discutido anteriormente. O ciclo de vida faz parte da gestão ambiental de um
bem ou serviço, ou seja, desde a origem dos recursos no Meio Ambiente até a
disposição final dos resíduos dos materiais e energia após o uso, tendo suas etapas
intermediárias, como transporte, estocagem etc.

Todas estas etapas possuem aspectos ambientais que devem ser identificados e
controlados ao longo da execução do produto.

Partindo-se do planejamento, os itens serão executados de acordo com cada


controle estabelecido para cada aspecto. Caso um novo aspecto ambiental seja
identificado durante a execução do produto/serviço, devem ser tomadas as medidas
de controle necessárias e identificados os novos aspectos.

A fase de verificação é composta pela análise do desempenho ambiental com o


acompanhamento dos indicadores e metas ambientais, visando à melhoria contínua
previstos pela política ambiental.

A Avaliação do Desempenho Ambiental é um processo permanente que coleta


e analisa os dados e as informações para verificar a situação atual dos parâmetros
ambientais relacionados à organização e também para prever as tendências futuras,
com base nos indicadores previamente estabelecidos.

Nessa etapa, identifica-se a necessidade de iniciar um dos processos mais


importantes e, atualmente, mais discutidos para uma organização: o processo de
Melhoria Contínua.

Obtendo os seus padrões de excelência, a organização deve seguir com as


mudanças, a fim de aprimorá-las cada vez mais, evidenciando que o processo de
melhoria contínua está sendo aplicado e aumentando a competitividade associado
aos padrões do mercado consumidor.

O processo de Melhoria Contínua, bem como o ciclo PDCA, fazem parte do


corpo da Norma ISO 9000 (Qualidade) e foram aprimorados na ISO 14001.

A melhoria contínua é a busca de melhores resultados e níveis de desempenho


dos processos, produtos e atividades da empresa. Ela deve ser objetivo da empresa e
desenvolvida como cultura da empresa, consistindo em um modelo de organização
pautado em critérios de qualidade.

Com os critérios específicos estabelecidos sobre o desempenho ambiental, a


própria norma relata que o sistema de gestão ambiental permite que a organização
desenvolva e implemente a sua política, bem como os objetivos que atendam
os requisitos legais aplicáveis à atividade da organização e os requisitos por ela
subscritos relacionados aos aspectos ambientais.

Esta norma terá aplicação na organização ao estabelecer, implementar, manter


e aprimorar um sistema de gestão ambiental; assegurar a conformidade com sua
política ambiental definida; demonstrar conformidade com esta norma ao fazer uma
autoavaliação ou autodeclaração, ou buscar confirmação de sua conformidade por

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partes que tenham interesse na organização como os clientes, ou buscar confirmação


de sua autodeclaração por meio de uma organização externa, ou buscar certificação/
registro de seu sistema da gestão ambiental por uma organização externa (ISO, 2004).

Para que a organização alcance as condições citadas, a norma especifica que é


necessário: estabelecer uma política ambiental clara e apropriada para a atividade
da organização; identificar os aspectos e impactos ambientais relacionados a cada
atividade de produção e processo; identificar os requisitos legais aplicáveis e outros
requisitos subscritos pela organização ou partes interessadas; estabelecer objetivos
e metas alcançáveis e relevantes; implementar programas de gestão que auxiliem o
cumprimento das metas ambientais; fornecer estrutura que facilite as atividades de
planejamento, controle, monitoramento, ação preventiva e corretiva, auditoria e
análise, de forma a assegurar que a política seja cumprida e que o sistema da gestão
ambiental permaneça implementado e apropriado, sendo capaz de se adaptar às
mudanças de acordo com as circunstâncias.

Alguns dos aspectos ambientais que podem ser identificados são: emissões atmosféricas;
Explor

lançamentos em corpos de água; lançamento no solo; uso de matérias-primas e recursos


naturais; uso da energia; energia emitida, por exemplo, calor, radiação, vibração; resíduos
e subprodutos; atributos físicos, por exemplo, tamanho, forma, cor e aparência. Também
devem ser considerados aspectos relacionados às atividades, produtos e serviços da
organização, tais como: projeto e desenvolvimento; processos de fabricação; embalagem
e transporte; desempenho ambiental e práticas de prestadores de serviços e fornecedores;
gerenciamento de resíduo; extração e distribuição de matérias-primas e recursos naturais;
distribuição, uso e fim de vida de produtos e vida selvagem e biodiversidade.

Os requisitos legais aplicáveis devem ser identificados e essa etapa é uma


necessidade da organização para estabelecer quais requisitos são aplicáveis a sua
atividade e seus aspectos ambientais, levando em consideração as legislações
nacionais, internacionais, estaduais, municipais, departamentais etc.

Outros requisitos relacionados à organização podem ser acordos estabelecidos


com autoridades públicas, contratos de clientes, princípios voluntários,
compromissos na administração do produto, requisitos de associação de classe,
acordos com grupos comunitários, requisitos corporativos da empresa etc.

Seguindo a ideia da melhoria contínua, a próxima etapa é a implementação e


operação dos processos, que tem grande importância para que a gestão ambiental
seja implementada com sucesso.

Duas etapas que são primordiais nesse processo são: comunicação interna e
organização da documentação.

A comunicação interna é importante para assegurar a eficaz implementação


do sistema de gestão ambiental. Os métodos de comunicação interna devem ser
documentados por meio de procedimentos, descrevendo as formas de recebimento,
documentação e respostas a estas comunicações, podendo ser por boletins

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informativos, quadros de aviso, internet, e-mails etc. Já a comunicação externa deve
considerar as informações e pontos levantados pelas partes interessadas, como, por
exemplo, reclamação de vizinho de indústrias ou obras da construção civil.

O documento que descreve as formas de comunicação deve ser detalhado e


documentado, podendo ser integrado com outros sistemas da organização.

A estrutura da empresa, como, por exemplo, o tamanho, número de funcionários,


localização, atividades, produtos e serviços, interfere na extensão da documentação
elaborada, pois a complexidade e o número de pessoas envolvidas na comunicação
aumenta, sendo necessária interação e competência pessoal para identificar os
documentos que devem ser listados.

Esses documentos podem incluir: declarações das políticas, objetivos e metas;


informações sobre os aspectos ambientais significativos; procedimentos; informações
de processo; organogramas; normas internas e externas; planos locais de emergência
e registros em geral.

A etapa seguinte é a verificação, em que se responderá sobre a eficiência do


sistema de gestão ambiental.

As etapas de monitoramento e medição, avaliação do atendimento a requisitos


legais e outros; não conformidade, ação corretiva e preventiva; controle de registros
e auditoria interna são ferramentas que serão analisadas para verificar o nível de
adesão do sistema implementado com a norma.

Para finalizar a melhoria contínua, existe o processo de análise crítica pela


alta direção, em que vários elementos do sistema de gestão são discutidos, e esse
processo pode ser estendido por certo período de tempo.

A NBR ISO 14001 estabelece requisitos para o gerenciamento de sistemas de


gestão ambiental (SGAs) sem definir a forma e o grau que eles devem ter ou alcançar,
permitindo, portanto, que as empresas desenvolvam suas próprias soluções para o
atendimento das exigências da norma.

Isto lhe confere um caráter universal, pois, dessa forma, podem ser adaptados
por empresas de qualquer região e de todos os portes.

A empresa deve introduzir um Sistema de Gestão Ambiental em sinergia


com os demais sistemas de gestão já implantados, ou que venha a ser no futuro,
fortalecendo, assim, as bases da competividade.

Tal fato possibilita que a empresa melhore o preço de venda dos produtos e
serviços que utilizam no seu marketing a imagem ambiental como fator de valorização
e, principalmente, que os custos de produção sejam reduzidos, como, por exemplo,
pela gestão correta dos insumos e das matérias-primas por meio de programas de
conservação de energia, reuso de agua e redução de geração de resíduos (ISO, 2004).

Os empresários de todo o mundo estão sob pressão em relação às políticas ambientais


e como incorporá-las no processo de planejamento e execução em sua rotina.

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Quando a empresa implementa o sistema de gestão ambiental, os requisitos da


norma podem ser avaliados por uma terceira parte, verificando as suas conformidades
e conseguindo a certificação ambiental.

A organização auditada só consegue a certificação ambiental se o sistema de gestão


estiver de acordo com o sistema de gestão ambiental e os critérios estabelecidos na
norma técnica.

A verificação dos processos é periódica e faz parte das auditorias de gestão,


estabelecidas na própria norma técnica.

A ISO 14001 é uma referência para a certificação das organizações preocupadas


com o meio ambiente. É formada por um grupo de normas técnicas que garantem
que um determinado produtor de bens ou serviços se utilize de processos gerenciais
para que diminuam os danos ambientais decorrentes daquele processo.

A procura por ferramentas e formas de gestão para atender aos objetivos estipulados
para diminuição e controle da poluição, redução da taxa de efluentes, minimizando os
impactos ambientais e também diminuindo a utilização de recursos naturais (consumo de
água, energia, matéria prima) tem sido cada vez mais intensificada pelas organizações.

Uma das formas de gerenciamento ambiental mais utilizada pelas empresas


tem sido a implementação de um sistema de gestão ambiental, segundo as normas
internacionais Série ISO 14000, visando à obtenção de uma certificação e sua
incorporação na ISO 14001 demandou em verificações nos serviços de fornecedores,
de modo a compreender a participação desse processo dentro da organização, e
também para ter o ciclo de minimização da poluição totalmente controlado.

A necessidade de ter um fornecedor que atende ao requisito legal e possui


conscientização ambiental passou a ser propósito das organizações.

Com o apoio da ISO 14000, os fabricantes precisam reformular seus produtos


e fornecer informações sobre os impactos ambientais nos rótulos e em publicidade
por meio de planos de marketing, a fim de garantir que os consumidores conheçam
seus produtos e entendam que eles cumprem as normas exigidas de consumo verde.
Assim, o fabricante passa a desenvolver novas tecnologias para cumprir tal exigência.

No passado, a busca pela certificação ISO 14001 era mínima e visava basicamente
ao compromisso da organização com o atendimento da legislação aplicável.

Agora, as empresas agem de forma pró-ativa e levam em consideração os fatores


de prevenção de poluição e de melhoria contínua do desempenho ambiental, além
dos aspectos legais. As empresas vêm integrando seus sistemas de gestão de meio
ambiente, qualidade, segurança e saúde e responsabilidade social (ISO, 2004).

A ISO 14001 é a referência normativa baseada na qual são feitas as certificações


de sistemas de gestão ambiental das organizações. Porém, a certificação não é
concedida pela ISO, que é uma entidade normalizadora internacional, mas sim por
uma entidade de terceira parte devidamente credenciada.

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Independentemente de a certificação ser feita dentro ou fora do Sistema
brasileiro de Avaliação da Conformidade, quando realizada por organismo
credenciado pelo INMETRO, ela é conduzida com base nos mesmos requisitos e
metodologia (ISO, 2004).

As instituições credenciadas pelo INMETRO poderão atestar que um sistema,


processo, produto ou serviço atende aos requisitos especificados pelas normas
pertinentes. Contudo, ressalta-se que a norma NBR ISO 14001 não foi aceita com
o mesmo entusiasmo que a NBR ISO 9001, vez que compromissos ambientais
não parecem oferecer incentivos suficientemente convincentes para o aumento das
vendas, quer em nível nacional, quer em internacional.

Por outro lado, os autores mencionam que, embora o mercado internacional


continue a considerar o preço e a qualidade como os fatores determinantes na
seleção de fornecedores, apresentar um sistema de gestão ambiental é uma
característica importante, frequentemente levada em consideração.

Alguns fatores influenciam a opção da empresa em certificar ou não seu sistema


de gestão ambiental, sendo eles: o tamanho do estabelecimento e seus recursos, as
pressões externas e a participação no comércio internacional (ISO, 2004).

A implementação da NBR ISO 14001 traz benefícios no desempenho ambiental


e, sendo certificada, essas empresas demonstram destaque em relação as não
certificadas. Isso porque as empresas certificadas compreendem o atendimento
aos requisitos legais, identificando todos os aspectos, prevenindo a poluição, bem
como possíveis multas ou paralizações.

Os benefícios internos, tais como melhoria do controle de custos e redução


de desperdícios, entre outros, estão relacionados ao desempenho financeiro e
a produtividade.

Os benefícios externos, que demonstram o comprometimento com a gestão


ambiental, estão relacionados aos stakeholders, a pessoa ou entidade que está
interessada no desempenho da organização.

A certificação ambiental para uma organização demanda muito empenho de


equipe, investimento, tempo e frequência de monitoramento.

Depois de conquistada, é necessário mantê-la, o que ensejará esforços de


mesma intensidade. Após este padrão tornar-se parte da rotina da empresa,manter
a certificação ambiental, no caso do estudo a ISO 14001, irá se tornar uma
diferencial para a empresa.

O marketing ambiental é levado em consideração pela maioria dos consumidores


e a ISO 14001 é o ápice da sustentabilidade ambiental, tornando, assim, o produto
um diferencial muito elevado em relação aos outros.

Com isso, o produto irá se tornar a escolha do consumidor, fazendo com que a
empresa atinja seu objetivo que, além de lucrar, vai satisfazer o consumidor.

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UNIDADE Instrumentos Ambientais para Gestão de Projetos

Considerações finais
A sociedade cobra, o mercado globalizado exige, e ter a certificação ISO pode
ser significado de bons negócios e vantagem em relação aos concorrentes.

As empresas começam a implantar o SGA, que são acompanhados da auditoria


ambiental, que é uma ferramenta imprescindível para êxito do referido sistema.

O resultado de tudo isso é a satisfação do cliente em saber que a organização se


compromete com o Meio Ambiente, pois a ISO 14001 é conhecida mundialmente
e é um diferencial potencial para a empresa que é certificada.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
BRASIL.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm
Acesso em: 5 ago. 2015;

Livros
ABNT. NBR ISO 14001.
ASSOCIAÇÃO Brasileira de Normas Técnicas. 2004. Sistema da gestão ambiental –
Requisitos com orientações para uso – Elaboração. Rio de Janeiro: ABNT, 2004, 27p.;
Auditoria ambiental: aspectos jurídicos.
SALES, Rodrigo. São Paulo: Ltr, 2001.

Leitura
Documento de Contribuição Brasileira à Conferência Rio+20.
MINISTÉRIO do Meio Ambiente.
http://www.mma.gov.br/estruturas/182/_arquivos/rio20_propostabr_182.pdf
Acesso em: 5 ago. 2015;

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Referências
ABNT. Sistema de gestão ambiental – ABNT NBR ISSO 14001. Disponível em:
http://www.abnt.org.br/m3.asp?cod_pagina=1006 Acesso em: 12 ago. 2015.

BARBIERI, J. C. Gestão Ambiental Empresarial: conceitos, modelos e instrumentos.


2.ed. São Paulo: Saraiva, 2007. 159p. v.1.

A EVOLUÇÃO da norma ISO 14001 e o fortalecimento da sustentabilidade


empresarial. Revista Meio Ambiente Industrial. 2011. Disponível em: <http://rmai.
com.br/v4>. Acesso em: 5 ago. 2015.

INMETRO.Considerações sobre a certificação ambiental no Brasil. 2011.


Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/gestao14001/ptexto.asp?Chamador
=INMETRO14>. Acesso em: 12 de ago. 2015.

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