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Resumo
Este artigo analisa o Acordo sobre Salvaguardas Tecnológicas (AST)
Brasil-Estados Unidos, assinado em 18/03/2019, em Washington, tendo por
objetivos: ressaltar o amplo apoio político-parlamentar verificado por sua
aprovação em tempo recorde pelo Congresso Nacional; destacar a relevância
política, tecnológica e econômica do AST; discorrer brevemente sobre o
histórico do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) e do Programa
Espacial Brasileiro; comentar sobre o impasse na tramitação do AST anterior,
de 2000; sublinhar o sucesso do processo negociador do AST 2019; e, por
fim, apresentar uma síntese de seu conteúdo.
Palavras-chave: Acordo sobre Salvaguardas Tecnológicas, Centro de
Lançamento de Alcântara, Programa Espacial Brasileiro, relações Brasil-
Estados Unidos.
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5 Após o início exitoso do lançamento, entretanto, problemas de ignição dos estágios posteriores
do foguete alteraram a trajetória do vetor, levando à decisão de destruir o conjunto, por questões
de segurança.
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prévios ao governo brasileiro, tanto nas áreas restritas quanto nas demais
áreas reservadas para lançamento de foguetes; que crachás para adentrar
nas áreas restritas seriam emitidos unicamente pelo governo dos EUA; que
a alfândega brasileira ficava proibida de inspecionar remessas de material
estadunidense, assim como do material que sairia do Centro de volta para os
EUA; e que se proibia a cooperação para o desenvolvimento da tecnologia
aeroespacial brasileira. Em suma, segundo parlamentares, consagrava-se
poder de veto dos EUA sobre o uso do CLA, em base militar brasileira, sob
o controle da Aeronáutica brasileira, em solo brasileiro: a impressão era a
de que se feria a soberania nacional.
Na avaliação do deputado Waldir Pires, análise comparada de ASTs
firmados pelos Estados Unidos com outros países indicava que aqueles não
continham cláusulas de salvaguardas semelhantes às constantes no texto
firmado com o Brasil.
Após longos e acalorados debates, não se logrou consenso político nem
para a rejeição, nem para a aprovação do AST. Nesse contexto, empregou-se
parecer anterior da Comissão de Constituição e Justiça e de Redação que
indicava que, se ao Congresso é conferido o direito/dever de aprovar ou
rejeitar, in totum, texto internacional pactuado pelo Executivo, também lhe
é dado o poder de aprová-lo com restrições: Qui potest maius, potest minus.
Nessa perspectiva, a CREDN terminou por aprovar o AST 2000 com várias
ressalvas baseadas no parecer reformulado aditivo do relator e de projeto de
decreto legislativo por ele apresentado.
Em seguida, o AST foi examinado pela Comissão de Ciência e
Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados. Em
abril de 2002, o relatório elaborado pelo deputado José Rocha é aprovado,
com a introdução de cláusulas interpretativas.
Em paralelo, como já dito, em janeiro de 2002, o Brasil assinaria um
acordo sobre Salvaguardas Tecnológicas com a Ucrânia, cuja tramitação foi
consideravelmente mais célere. Em outubro de 2003, o AST Brasil-Ucrânia
era aprovado pelo Congresso, embora com cláusulas interpretativas.
Em abril de 2003, o Brasil encaminha non-paper aos EUA com os
questionamentos apresentados pelo Congresso Nacional e solicita renegociação
dos trechos sensíveis apontados pelos parlamentares. Os EUA sinalizam
disposição de renegociar alguns daqueles trechos, mas se mostram pouco
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7 Sistemas com alcance além de 300 km e capacidade de carga acima de 500 kg.
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Conclusão
Como visto, o governo brasileiro lançou os primórdios do programa
espacial no início da década de 1960 e tem-se empenhado, desde os anos
1970, em promover a autonomia do setor espacial, com o domínio completo
do ciclo, que abrange veículos lançadores, satélites e centros de lançamento.
O Acordo de Salvaguardas Tecnológicas dará impulso decisivo ao Programa
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Nota Bibliográfica
A título de síntese informativa, vale conhecer a cartilha Conhecendo
o Acordo de Salvaguardas Tecnológicas Brasil-Estados Unidos, elaborada pelo
MCTIC, que pode ser acessada em: <https://www.mctic.gov.br/mctic/export/
sites/institucional/publicacao/arquivos/Entenda-o-AST.pdf>.
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O descumprimento das resoluções do
Conselho de Segurança da ONU: a tênue
fronteira entre o direito brasileiro e o
direito internacional
Felipe Ferreira Marques*
Philippe Carvalho Raposo**
Resumo
Este artigo busca resposta para a seguinte pergunta: em quais hipóteses
o direito brasileiro poderia obstar o cumprimento de resoluções do Conselho
de Segurança das Nações Unidas (CSNU)? Serão analisadas três hipóteses:
a negativa do Poder Judiciário nos casos de indisponibilidade de bens
determinada por resolução do CSNU, com base nos direitos de ampla
defesa e contraditório do acusado; a rejeição parlamentar ao envio de tropas
para operações de manutenção da paz das Nações Unidas; e a declaração
de inconstitucionalidade do decreto executivo que internaliza resolução
do CSNU. Nesses casos, o direito brasileiro hipoteticamente obstaria o
cumprimento de resoluções do CSNU, a despeito das possíveis implicações
políticas e jurídicas, nos âmbitos interno e internacional, decorrentes do
eventual descumprimento.
Palavras-chave: resoluções sancionatórias do Conselho de Segurança
da ONU, direito interno e direito internacional, indisponibilidade de bens
e valores.
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