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a521-404a-8b34-cfe00d782a7e?t=1571413481806)
Árvore sagrada
Frondosa e frutífera, com raízes onde se sobressaem “batatas” que acumulam litros e mais litros de
água precipitada na época da chuva, essa espécie se funde a um monte de histórias de resiliência
ao ambiente seco e quente do Semiárido do Brasil, a ponto do escritor Euclides da Cunha descrevê-
la como “Árvore sagrada do sertão”.
Foto: Marcelino Ribeiro
cultivares estão entre os resultados mais relevantes de pesquisa sobre umbuzeiros. De acordo com Ribeiro, elas
são capazes de apoiar atividades de geração de renda e de serem associadas a projetos de preservação
ambiental, como o reflorestamento da Caatinga. “Além disso, é um passo significativo para domesticar a espécie e
viabilizar seu cultivo comercial com materiais de bom potencial produtivo e frutos de qualidade”, acredita o
cientista.
Os dados sobre as cultivares foram registrados em condições naturais, semelhantes às sofridas pelas plantas que
crescem entre a vegetação nativa, dependendo exclusivamente de água de chuva. Foram avaliadas também o
cultivo sob irrigação.
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Outra vantagem importante é que os pesquisadores não constataram relatos de ataques de pragas e doenças nas
regiões onde as BRS 48, BRS 52, BRS 55 e BRS 68 foram avaliadas.
Na década de 1990, de acordo com o pesquisador da área de melhoramento genético Carlos Antônio Fernandes
dos Santos, “a coleta saiu do entorno de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA) e ‘desabamos no mundo’ a percorrer entre
20 mil e 25 mil quilômetros por BRs, estradas vicinais, caminhos e veredas do norte de Minas Gerais até o Rio
Grande do Norte”.
Nesse trabalho, chegaram a coletar cerca de 50 mil sementes a fim de montar uma coleção básica com
amostragem da ampla variabilidade como estratégia de conservação da espécie.
Ao mesmo tempo, orientados por informações fornecidas pela população, recolheram garfos de plantas que
representavam a variabilidade visível da espécie com destaque para tamanho de fruto. Aquelas que possuíam
essa característica foram usadas em ensaio de competição pioneiro na região com o fim de identificar clones para
recomendação aos produtores e viveiristas.
“Os garfos foram utilizados na propagação das plantas originais e serviram para instalação do banco ativo de
germoplasma (BAG). A variabilidade de formatos (pequenos, “gigantes” e de cacho) e pesos (de 4,88g até 96,5g)
dos frutos dá boa ideia da diversidade genética da espécie”, conta Fernandes, informando que hoje, 80 acessos,
ou tipos de umbuzeiros, são mantidos no BAG. Nos próximos anos, essa quantidade deve chegar a 90.
Os garfos das cultivares registradas têm origem em diferentes municípios da Bahia, Pernambuco e Minas Gerais e
foram selecionados pelas maiores produções, frutos grandes e elevados teores de açúcar na polpa. Outro critério
considerado foi o crescimento vegetativo mais acentuado.
Na seleção dessas cultivares os pesquisadores consideraram acessos mais precoces e tardios em relação ao
período reprodutivo anual. “Em uma situação de cultivo comercial, o fato de ter clones com diferentes ciclos na
mesma área assegura uma colheita mais prolongada, o que favorece a gestão da mão de obra disponível”,
esclarece o pesquisador.
O tempo necessário para o início da produção ainda é um desafio para a pesquisa. A técnica da multiplicação
vegetativa permitiu antecipar o tempo de produção da planta para em torno de oito anos após o cultivo. “É um
tempo considerado inadequado para a precocidade de produção que almejamos”, argumenta o cientista da
Embrapa.
No entanto, Ribeiro pondera que devem ser consideradas as condições naturais de ocorrência da espécie, com
escassez hídrica e condições de solo mais severas. “Não se pode idealizar o uso de condições irrigadas
semelhantes a culturas como a manga, por exemplo”, diz ele, informando sobre a necessidade de pesquisas que
associem manejo cultural à irrigação para possibilitar avanços na precocidade da produção.
“Dessa forma será possível estabelecer um sistema de produção comercial de umbuzeiro e gerar produtos com
maior aceitação e valor no mercado, cultivando essa frutífera em bases sustentáveis, até mesmo revertendo uma
tendência de diminuição da população da planta na vegetação nativa”, acredita o pesquisador. Em avaliações
preliminares de cultivares submetidas à irrigação, as safras chegam a alcançar quantidades próximas de três mil
quilos por hectare.
(https://www.embrapa.br/documents/10180/3258437/191022_Umbu_iStock/fff2b5cc-afa0-bae0-c281-
2255c82f55d9?t=1571423728640)
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