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Cientistas desenvolvem as primeiras cultivares de umbuzeiro


Foto: Marcelino Ribeiro A pesquisa da Embrapa acaba de registrar as primeiras
cultivares de umbuzeiro do País. Trata-se de um passo
importante para a organização da cadeia produtiva do
umbu, fruto capaz de servir de matéria-prima para vários
alimentos, além de ser consumido in natura. Seu
extrativismo proporciona renda a muitas famílias e com ele
são feitos doces, geleias e até cerveja artesanal. A planta é
bem conhecida dos moradores da Caatinga e os vaqueiros
usam as batatas do umbuzeiro para matar a sede.

Foram quatro novos materiais registrados no Ministério da


Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa
(http://www.agricultura.gov.br)): as cultivares BRS 48, BRS
52, BRS 55 e BRS 68, todas com produtividade acima da
(/image/journal/article? média (veja quadro abaixo).
img_id=48208772&t=1574096780302) “A disponibilização de mudas desses materiais cairá como
Cultivares de umbuzeiro deverão estabelecer uma forte uma luva em iniciativas de revegetação da Caatinga, de
cadeia produtiva do fruto ao viabilizar as plantações estabelecimento de uma fruticultura de sequeiro e da
agroindustrialização, presentes em praticamente todos os
estados nordestinos”, afirma o pesquisador Viseldo Ribeiro
(https://www.embrapa.br/equipe/-/empregado/275218/viseldo-ribeiro-de-oliveira), da Embrapa Semiárido
(http://www.embrapa.br/semiarido) (PE), que participou do desenvolvimento das cultivares.

As

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(/documents/10180/3258437/191022_Umbuzeiro_Marcelino+Ribeiro/7ddfd50d-
a521-404a-8b34-cfe00d782a7e?t=1571413481806)
Árvore sagrada
Frondosa e frutífera, com raízes onde se sobressaem “batatas” que acumulam litros e mais litros de
água precipitada na época da chuva, essa espécie se funde a um monte de histórias de resiliência
ao ambiente seco e quente do Semiárido do Brasil, a ponto do escritor Euclides da Cunha descrevê-
la como “Árvore sagrada do sertão”.
Foto: Marcelino Ribeiro

cultivares estão entre os resultados mais relevantes de pesquisa sobre umbuzeiros. De acordo com Ribeiro, elas
são capazes de apoiar atividades de geração de renda e de serem associadas a projetos de preservação
ambiental, como o reflorestamento da Caatinga. “Além disso, é um passo significativo para domesticar a espécie e
viabilizar seu cultivo comercial com materiais de bom potencial produtivo e frutos de qualidade”, acredita o
cientista.

Umbus maiores que a média


As quatro BRS se destacam pelo tamanho maior dos frutos em relação aos pesos médios dos umbus, entre 20g e
30g. Duas delas, as identificadas como 48 e 68, registram pesos médios de 85g e 96g, respectivamente, e são
indicadas para consumo in natura ou de mesa. Nas outras duas, a 52 e a 55, os pesos dos frutos observados são
de 42g e 51g por unidade, e tanto podem ser consumidos in natura ou usados como matéria-prima nas
agroindústrias.
As quatro apresentam boas características físico-químicas, com destaque para sólidos solúveis (Brix) entre 10º e
12º, indicador de doçura do fruto, além de terem boa consistência de frutos. O lançamento das cultivares atende a
uma antiga demanda de instituições vinculadas a Organizações Estaduais de Pesquisa Agropecuária (Oepas) e de
outras entidades.

Os dados sobre as cultivares foram registrados em condições naturais, semelhantes às sofridas pelas plantas que
crescem entre a vegetação nativa, dependendo exclusivamente de água de chuva. Foram avaliadas também o
cultivo sob irrigação.
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Outra vantagem importante é que os pesquisadores não constataram relatos de ataques de pragas e doenças nas
regiões onde as BRS 48, BRS 52, BRS 55 e BRS 68 foram avaliadas.

Pesquisa teve início da década de 1980


Os trabalhos começaram em 1987 com estudos sobre a variabilidade de frutos em plantas espontâneas na área
experimental da Embrapa Semiárido. A atuação foi depois ampliada para áreas de municípios próximos à sede da
instituição e passou a envolver a localização de plantas, coleta de frutos e multiplicação por estacas e sementes,
que deram origem aos primeiros testes com dezenas de umbuzeiros.

Na década de 1990, de acordo com o pesquisador da área de melhoramento genético Carlos Antônio Fernandes
dos Santos, “a coleta saiu do entorno de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA) e ‘desabamos no mundo’ a percorrer entre
20 mil e 25 mil quilômetros por BRs, estradas vicinais, caminhos e veredas do norte de Minas Gerais até o Rio
Grande do Norte”.

Nesse trabalho, chegaram a coletar cerca de 50 mil sementes a fim de montar uma coleção básica com
amostragem da ampla variabilidade como estratégia de conservação da espécie.
Ao mesmo tempo, orientados por informações fornecidas pela população, recolheram garfos de plantas que
representavam a variabilidade visível da espécie com destaque para tamanho de fruto. Aquelas que possuíam
essa característica foram usadas em ensaio de competição pioneiro na região com o fim de identificar clones para
recomendação aos produtores e viveiristas.
“Os garfos foram utilizados na propagação das plantas originais e serviram para instalação do banco ativo de
germoplasma (BAG). A variabilidade de formatos (pequenos, “gigantes” e de cacho) e pesos (de 4,88g até 96,5g)
dos frutos dá boa ideia da diversidade genética da espécie”, conta Fernandes, informando que hoje, 80 acessos,
ou tipos de umbuzeiros, são mantidos no BAG. Nos próximos anos, essa quantidade deve chegar a 90.
Os garfos das cultivares registradas têm origem em diferentes municípios da Bahia, Pernambuco e Minas Gerais e
foram selecionados pelas maiores produções, frutos grandes e elevados teores de açúcar na polpa. Outro critério
considerado foi o crescimento vegetativo mais acentuado.

Na seleção dessas cultivares os pesquisadores consideraram acessos mais precoces e tardios em relação ao
período reprodutivo anual. “Em uma situação de cultivo comercial, o fato de ter clones com diferentes ciclos na
mesma área assegura uma colheita mais prolongada, o que favorece a gestão da mão de obra disponível”,
esclarece o pesquisador.

O tempo necessário para o início da produção ainda é um desafio para a pesquisa. A técnica da multiplicação
vegetativa permitiu antecipar o tempo de produção da planta para em torno de oito anos após o cultivo. “É um
tempo considerado inadequado para a precocidade de produção que almejamos”, argumenta o cientista da
Embrapa.
No entanto, Ribeiro pondera que devem ser consideradas as condições naturais de ocorrência da espécie, com
escassez hídrica e condições de solo mais severas. “Não se pode idealizar o uso de condições irrigadas
semelhantes a culturas como a manga, por exemplo”, diz ele, informando sobre a necessidade de pesquisas que
associem manejo cultural à irrigação para possibilitar avanços na precocidade da produção.

“Dessa forma será possível estabelecer um sistema de produção comercial de umbuzeiro e gerar produtos com
maior aceitação e valor no mercado, cultivando essa frutífera em bases sustentáveis, até mesmo revertendo uma
tendência de diminuição da população da planta na vegetação nativa”, acredita o pesquisador. Em avaliações
preliminares de cultivares submetidas à irrigação, as safras chegam a alcançar quantidades próximas de três mil
quilos por hectare.

(https://www.embrapa.br/documents/10180/3258437/191022_Umbu_iStock/fff2b5cc-afa0-bae0-c281-
2255c82f55d9?t=1571423728640)

Preservando o umbu na natureza

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Para Viseldo Ribeiro


(http://www.embrapa.br/equipe/-/empregado/275218/viseldo-ribeiro-de-
oliveira), as quatro cultivares são uma inovação útil para projetos de
enriquecimento do bioma, uma vez que algumas práticas extrativistas
podem colocar em risco a dispersão dos umbuzeiros na vegetação nativa. O
plantio comercial substitui esse tipo de exploração e pode dar novo impulso
econômico a atividades de comercialização dos frutos, além de sustentar a
indústria de processamento de umbu.

O aproveitamento mais comum era o consumo in natura, a umbuzada e o


‘tijolo’, um tipo de doce na forma barra, comercializados em feiras livres e
mercearias em pequena escala. Com o registro das cultivares, os
pesquisadores acreditam que será possível a produção de mudas em larga escala, o que pode tornar mais
comum a produção do umbu na complementação de renda das comunidades rurais do Semiárido.
“Esses produtos ainda são encontrados em feiras, mas a partir do conhecimento cada vez maior do
potencial do umbuzeiro, novas cooperativas de agricultores familiares e fábricas de processamento de frutos
foram surgindo, projetando o umbu e seus produtos nas prateleiras de supermercados e até nas
exportações, já que o produto tem conseguido espaço no mercado internacional”, afirma Ribeiro
Foto:iStock

Marcelino Ribeiro (MTb 1.127/BA)


Embrapa Semiárido

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Telefone: (87) 3866-3734
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