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Exemplos no

espaço de
matrizes 2 × 2

Consideremos o conjunto de matrizes 2 × 2


     
2 1 0 1 1 1
C= , , ,
1 −1 1 −1 2 1

e queremos responder a pergunta: a matriz


 
1 1
1 2

é combinação linear de elementos de C ?


Exemplos no
espaço de
matrizes 2 × 2

Este tipo de problemas seguem um roteiro muito comum na


Álgebra Linear: escrever que é que significa a pergunta usando
a definição, e daı́ caı́mos num problema sobre soluções de
sistemas de equações. Desenvolvamos este roteiro neste caso:
Usando a definição de combinação linear, a pergunta é
equivalente a perguntar: existem números c1 , c2 , c3 , c4 tais que
       
1 1 2 1 0 1 1 1
= c1 + c2 + c3 ?
1 2 1 −1 1 −1 2 1
Exemplos no
espaço de Olhando cada uma das entradas desta equação de matrizes, a
matrizes 2 × 2
igualdade acima é equivalente ao sistema de equações

2c1 + c3 = 1
c1 + c2 + c3 = 1
c1 + c2 + 2c3 = 1
−c1 − c2 + c3 = 2 ,

Cuja matriz aumentada associada é


 
2 0 1 | 1
1
 1 1 | 1
1 1 2 | 1
−1 −1 1 | 2
Exemplos no
espaço de
matrizes 2 × 2 Uma forma escalonada da matriz acima é1
 
1 0 1/2 | 1/2
0 1 1/2
 | 1/2
0 0 1 | 0 
0 0 0 | 1

A última equação do sistema equivalente associado é 0 = 1;


isto significa que o sistema acima não tem solução.
  Isto se
1 1
traduz na conclusão do problema: a matriz não é
1 2
combinação linear de elementos do conjunto C .

1
posso fazer a escalonada reduzida se quiser, aı́ depende do gosto de
cada quem. Eu prefiro sempre reduzida, outros preferem observar que para
muitos problemas não é necessário chegar até a forma escalonada reduzida
Exemplos no
espaço de
matrizes 2 × 2

Consideremos um outro conjunto de matrizes 2 × 2:


     
0 1 1 2 1 −1
D= , , .
1 −1 2 1 −1 0

Na aula anterior vimos o processo de responder a pergunta se


uma dada matriz é combinação linear de um conjunto. Agora
responderemos à seguinte questão: quais são todas as matrizes
que são combinação linear de elementos do conjunto D?
Usando a nomenclatura que estudamos, a pergunta é: qual é o
espaço gerado por D?
Exemplos no Agora a matriz que está do lado esquerdo da equação é
espaço de
matrizes 2 × 2 arbitrária, e queremos saber quais condições tem que satisfazer
para estar no espaço gerado por D. Em fórmulas, temos
       
a b 0 1 1 2 1 −1
= c1 + c2 + c3 ,
c d 1 −1 2 1 −1 0
e queremos saber quais são as condições em a, b, c, d para que
existam números c1 , c2 , c3 tais que a igualdade acima é
satisfeita. De novo, olhando para cada entrada da matriz,
temos o sistema de equações

c2 + c3 = a
c1 + 2c2 − c3 = b
c1 + 2c2 − c3 = c
−c1 + c2 = d ,
Exemplos no
espaço de
matrizes 2 × 2
Cuja matriz aumentada associada é
 
0 1 1 | a
 1 2 −1 | b
 
 1 2 −1 | c
−1 1 0 | d

A forma escalonada reduzida desta matriz é


 
1 0 0 | (a + c − 3d)/4
0
 1 0 | (a + c + d)/4 

0 0 1 | (3a − c − d)/4
0 0 0 | b−c
Exemplos no
espaço de
matrizes 2 × 2
O sistema equivalente associado é então

c1 = (a + c − 3d)/4
c2 = (a + c + d)/4
c3 = (3a − c − d)/4
0=b−c.

Vejamos primeiro a última equação. Se b 6= c, a última


equação e inconsistente, assim, se b 6= c, o sistema não tem
solução. Por outro lado, se b = c, a última equação é 0 = 0 e
as primeiras 3 dizem que o sistema tem a única solução
c1 = a+c−3d
4 , c2 = a+c+d
4 , c3 = 3a−c−d
4 .
Exemplos no
espaço de
matrizes 2 × 2

Assim temos demostrado:


O espaço gerado pelo conjunto D é o conjunto de matrizes
simétricas  
a b
.
b d
Assim o conjunto D gera o espaço vetorial das matrizes
simétricas 2 × 2, que é um subespaço do espaço vetorial de
todas as matrizes 2 × 2.
Exemplos no
espaço de
matrizes 2 × 2

Agora podemos nos perguntar, será que o conjunto D é


linearmente independente? Para isto temos que ver se a
equação
       
0 0 0 1 1 2 1 −1
= c1 + c2 + c3
0 0 1 −1 2 1 −1 0

admite como única solução a solução trivial c1 = c2 = c3 = 0.


Mas a última linha de duas páginas atrás mostra (com
a = b = c = d = 0), que está é a situação. Assim o conjunto
D é linearmente independente.
Exemplos no
espaço de
matrizes 2 × 2

Vejamos que o conjunto D gera o espaço de matrizes 2 × 2


simétricas, e também é linearmente independente. Assim,
temos mostrado:
O conjunto D é uma base do espaço vetorial das matrizes 2 × 2
simétricas.
Exemplos no
espaço de
matrizes 2 × 2 Aproveitemos então a última linha da página 10, para resolver
o seguinte exercı́cio:
 
2 5
Encontre as coordenadas da matriz simétrica na base
5 3
ordenada D.
Temos que encontrar coeficientes c1 , c2 , c3 tais que
       
2 5 0 1 1 2 1 −1
= c1 + c2 + c3
5 3 1 −1 2 1 −1 0

A resolução da primeira atividade deste exemplo,


 na página 10,
2 5
serve para mostrar que os coeficientes de são
5 3
[−1/2, 5/2, −1/2].

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