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Lei de Hubble

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A Lei de Hubble, também conhecida como a lei Hubble-Lemaître,[1] é um


Cosmologia
fenómeno que foi sugerido por Edwin Powell Hubble e pelo seu colega Milton
L. Humason quando se dedicavam ao estudo das galáxias. Ao recolher e
calcular distâncias, localizações e distribuições das galáxias no espaço, através
da análise dos seus movimentos, notaram que existia uma relação entre as
distâncias e as suas velocidades de afastamento. Muitos dos estudos
quantitativos sobre a origem do Universo nasceram das ideias de Hubble
aliadas às equações de Einstein. Esta descoberta levou mais tarde à dedução do
Big-Bang, que provavelmente marca o início do atual universo. A lei é Universo · Big Bang
freqüentemente expressa pela equação v = H0 D, com H0 a constante de Idade do universo
proporcionalidade - constante de Hubble - entre a "distância apropriada" D Cronologia do Universo
para uma galáxia, que pode mudar com o tempo, diferente da distância Portal da Cosmologia
comovedora, e sua velocidade v, ou seja a derivada da distância apropriada em Universo primordial
relação à coordenada do tempo cosmológico. O recíproco de H0 é o tempo de Inflação · Nucleossíntese
Hubble.[2][3] GWB · Fundo de neutrinos
Radiação cósmica de fundo em micro-
ondas

Universo em expansão
Índice Desvio para o vermelho · Lei de Hubble
Expansão métrica do espaço
História
Equações de Friedmann
Efeito Doppler Métrica de FLRW
Derradeiro destino do Universo
Parâmetro de Hubble
Como determinar v Formação das estruturas

Valores do parâmetro de Hubble ao longo dos anos Forma do universo


Formação estrutural
Motivos para a dedução errada de Hubble
Reionização
Referências Formação das galáxias
Estrutura em larga escala
Ligações externas Filamento galáctico

Componentes

História Modelo Lambda-CDM


Energia escura · Matéria escura

Cronologia
Hubble dedicou muitos anos ao estudo das galáxias, que na altura se julgava
serem nebulosas da Via Láctea. Beneficiando do facto de poder utilizar o então Cronologia das teorias cosmológicas
Cronologia do Universo
maior telescópio do mundo, o telescópio Hooker, e também da teoria de Sitter,
Futuro de um universo em expansão
proposta por Weyl e Silberstein, Hubble verificou, em 1929, que quase todas as
nebulosas tinham um desvio para o vermelho e que as suas velocidades radiais Experimentos

eram proporcionais à sua distância. Georges Lemaître também chegou a esta Cosmologia observacional
conclusão em 1927, através dos resultados de Slipher sobre as galáxias 2dF · SDSS

espirais.[4] Como naquela época o modelo cosmológico envolvia um universo COBE · BOOMERanG · WMAP · Planck

estático, estas observações foram contra a previsão teórica. Cientistas


Newton · Einstein · Hawking · Friedman ·

Efeito Doppler Lemaître · Hubble · Penzias · Wilson ·


Gamow · Dicke · Zel'dovich · Mather · Rubin
· Smoot
Quando uma fonte luminosa se afasta de um corpo (observador), o comprimento de onda da fonte, visto pelo
observador, aumenta (desvio para o vermelho ou “redshift”) e diminui quando a fonte se aproxima (desvio para o azul
ou “blueshift”).[5] O Efeito de Doppler relativista é definido matematicamente por:[6][7]

Onde:

- é a velocidade do corpo;

- a velocidade da luz no vácuo;

- é o comprimento de onda emitido;

- é o comprimento de onda observado.

Parâmetro de Hubble
Hubble não só verificou que a maioria das galáxias tinha um desvio para o vermelho, mas também que este desvio era
tanto maior quanto maior a distância entre as galáxias. Chegou mesmo a construir um gráfico com os resultados de 46
galáxias, mostrando uma relação linear entre distância e desvio para o vermelho. No entanto, as incertezas eram muito
grandes, pelo que os resultados não foram considerados conclusivos no imediato. Daqui, surgiu então aquela que é
hoje conhecida como a Lei de Hubble:

Onde:

- é a velocidade em ;

- é a distância em Megaparsecs ( );

- tem o nome de parâmetro de Hubble e vem em unidades de .

O primeiro valor que Hubble estimou para este parâmetro, considerado inicialmente uma constante, foi 500 km s-1
Mpc-1 . Este valor tinha uma grande incerteza associada, e foi-se alterando à medida que novos dados iam sendo
utilizados. Ainda hoje o seu valor não reúne consenso, por se alterar na ordem das unidades cada vez que se obtêm
novos dados, mas pensa-se que esteja próximo de 67,15[8][9][10] km s-1 Mpc-1 . Note-se que a velocidade considerada
nesta equação é a velocidade radial das galáxias, e não a sua velocidade total.

Como determinar v

Hubble baseou os seus resultados no desvio para o vermelho (redshift). A velocidade radial pode ser obtida a partir do
redshift, através da equação prevista pela Relatividade Restrita:

Onde:

- é a velocidade radial;

- a velocidade da luz no vácuo;


- é o “redshift”, calculado a partir de:

Onde:

- é o comprimento de onda observado (de uma onda electromagnética);

- é o comprimento de onda emitido.

Valores do parâmetro de Hubble ao longo dos anos

Valor (km s-1 Mpc-1) Data Determinado por/Missão:

75[11] 1958 Allan Sandage

50 - 90[12] 1996

72 ± 8[13] 2001-2005 Telescópio Hubble

70,4 ± 1,6[14] 2007 WMAP

70,4 ± 1,4[15] 2010 WMAP

69,32 ± 0,80[16] 20 de Dezembro de 2012 WMAP

67,15 ± 1,20[10] 21 de Março de 2013 Planck


+4.2
68 −4.1[17][18] 28 de Março de 2019 Adam Riess

74[19] 25 de abril de 2019 SH0ES

73[20] 8 de janeiro de 2020 COSMOGRAIL - Monitoramento cosmológico de lentes gravitacionais

Motivos para a dedução errada de Hubble

Após a acumulação de vários dados, através dos diferentes estudos já referidos, concluímos que o valor do parâmetro
de Hubble é muito menor do que o valor indicado pelo próprio Hubble em 1926. Na verdade, existiam diversos
factores associados às observações de Hubble que ajudam a explicar esta diferença: Hubble estudou as galáxias a
menos de 2 Mpc, onde está também o Grupo Local. Como estas galáxias, a uma escala cosmológica, ainda estão
próximas, existem efeitos gravíticos não desprezáveis que afectam os seus movimentos, sendo necessário ter em conta
o termo de velocidade peculiar das galáxias.

Outro factor foi Hubble ter imposto um limite do número de estrelas azuis nas galáxias mais distantes (regiões HII), o
que depois resultou em erros nas respectivas distâncias, fazendo com que as distâncias às galáxias usadas por Hubble
fossem mais pequenas do que as verdadeiras, o que depois, com a velocidade radial associada, fez com que o
parâmetro tivesse um valor muito maior do que o actual. Este erro até foi referido no tempo de Hubble, dado que o
valor 500 km s-1 Mpc-1 atribuía ao universo uma idade de cerca de 2 mil milhões de anos, quando já se sabia que a
Terra existia há mais tempo do que isso.

Ainda outro factor que também alterou os resultados foi o facto da luz, que viaja entre a estrela e o observador, passa
por nuvens de gás e poeiras e também pela nossa atmosfera, conferindo um tom mais avermelhado ao brilho das
estrelas. Este problema, conhecido como extinção interestelar, foi apenas resolvido nas décadas de 30-40.

Por fim, em alguns casos, aquilo que Hubble pensava ser apenas uma estrela, era na verdade um aglomerado, não
tendo luminosidade constante, o que também acabou por alterar os resultados.
Referências
10. http://www.jpl.nasa.gov/news/news.php?
1. «IAU members vote to recommend renaming the release=2013-109
Hubble law as the Hubble–Lemaître law» (http
s://www.iau.org/news/pressreleases/detail/iau18 11. Sandage, A. R. (1958)."Current problems in the
12/?lang) (Nota de imprensa). União extragalactic distance scale".
Astronómica Internacional. 29 de outubro de 12. https://www.cfa.harvard.edu/~dfabricant/huchra/hu
2018. Consultado em 29 de março de 2019 13. http://arxiv.org/abs/astro-ph/0012376
2. Nussbaumer, Harry (2013). 'Slipher's redshifts 14. http://arxiv.org/abs/astro-ph/0512349
as support for de Sitter's model and the 15. http://arxiv.org/abs/1001.4744
discovery of the dynamic universe' In Origins of
16. http://arxiv.org/abs/1212.5225
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Astronomical Society of the Pacific. pp. 25– 17. Riess, Adam G.; Casertano, Stefano; Yuan,
38Physics ArXiv preprint (https://arxiv.org/abs/13 Wenlong; Macri, Lucas M.; Scolnic, Dan (18 de
03.1814) março de 2019), Large Magellanic Cloud
3. O'Raifeartaigh, Cormac (2013). The Contribution Cepheid Standards Provide a 1% Foundation for
of V.M. Slipher to the discovery of the expanding the Determination of the Hubble Constant and
universe in 'Origins of the Expanding Universe'. Stronger Evidence for Physics Beyond
[S.l.]: Astronomical Society of the Pacific. LambdaCDM (https://arxiv.org/pdf/1903.07603.p
pp. 49–62Physics ArXiv preprint (https://arxiv.or df) (PDF), arXiv:1903.07603 (https://arxiv.org/abs/
g/abs/1212.5499) 1903.07603) , consultado em 23 de março de
2019
4. http://arxiv.org/pdf/1403.6699v1.pdf
18. Hubble measurements confirmed: Universe is
5. Peter Coles, ed. (2001). Routledge Critical outpacing all expectations of its expansion rate
Dictionary of the New Cosmology. Routledge. p. (https://www.techexplorist.com/hubble-measure
202 ments-confirmed-universe-outpacing-expectatio
6. http://cftc.cii.fc.ul.pt/PRISMA/capitulos/capitulo1/modulo3/topico4.php
ns-expansion-rate/22623/) por Amit Malewar
7. http://cmup.fc.up.pt/cmup/relatividade/RR/node7.html -2019
19. https://www.nasa.gov/feature/goddard/2019/myste
8. http://www.nytimes.com/2013/03/22/science/space/planck-
satellite-shows-image-of-infant-universe.html? of-the-universe-s-expansion-rate-widens-with-
pagewanted=all new-hubble-data
9. http://arxiv.org/pdf/1303.5062v1.pdf 20. https://www.techexplorist.com/new-precise-
measurement-universes-expansion-rate/28972/

Ligações externas
http://arxiv.org/abs/1303.5062
http://posgrad.fae.ufmg.br/posgrad/viienpec/pdfs/195.pdf
http://www.relea.ufscar.br/num9/RELEA_A2_n9.pdf[ligação inativa]
https://web.archive.org/web/20151123225157/http://flipflop.no.sapo.pt/capitulo1.htm
https://www.dfi.isep.ipp.pt/uploads/ficheiros/3021.pdf
http://mo-lerc-tagus.ist.utl.pt/Aulas_teoricas/T21.pdf[ligação inativa]
http://hyperphysics.phy-astr.gsu.edu/hbase/relativ/reldop3.html
http://map.gsfc.nasa.gov/universe/uni_expansion.html
http://www.esa.int/Our_Activities/Space_Science/Planck/Planck_reveals_an_almost_perfect_Universe
http://www.nbcnews.com/science/planck-probes-cosmic-baby-picture-revises-universes-vital-statistics-
1C8986034?franchiseSlug=sciencemain
http://spiff.rit.edu/classes/phys240/lectures/expand/expand.html
http://spiff.rit.edu/classes/phys240/lectures/expand/hub_1929.html
http://ned.ipac.caltech.edu/level5/Sept11/Freedman/Freedman1.html

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