Você está na página 1de 7

Os homens usam a própria força para incutir medo nos >

para subjugá-los, para forçá-los à obediência e ao respeito


não age assim. Ele,o "Senhor da força", não consegue a con
dos maus enviando-lhes castigos ou golpeando-os com raioí
venturas, como os judeus de Alexandria do Egito desejam
XVI Domingo do Tempo Comum como eles, talvez), mas demonstrando mansidão e indulgêm
O último versículo apresenta dois motivos pelos quai
age desta maneira. Antes de tudo,age assim para ensinar a se
que ojusto deve amar os homens,todos os homens,não som
bons; em seguida, para proporcionar aos pecadores a possit
Primeira leitura (Sab 1Z,13.16'19) de se arrependerem (v. 19).
Esta leitura é muito atual também para nós hoje. Proc
Entre os livros do Antigo Testamento, o da Sabedoria foi o verificar se os cristãos das nossas comunidades não experi
último a ser escrito. Seu autor, um sábio judeu de Alexandria do ram também sensação semelhante à dos judeus de Alexan
Egito, provavelmente ainda vivia quando Jesus nasceu. Egito. Nunca se sentiram como se formassem um grupo c
Naquele tempo a maioria dos israelitas não morava na própria tos",obrigados a viver num mundo completamente perversí
terra, a Palestina, mas tinha emigrado para o exterior.
ca lhes ocorreu o desejo de ver um dia a força de Deus
Em cada cidade do Império Romano osjudeus formavam uma
comunidade à parte: tinham a própria sinagoga, os próprios rabi
pelos ares todos os ímpios? Também não ameaçaram algu
nos, os próprios tribunais. Não se casavam com os pagãos e toma
com os castigos de Deus? Nunca interpretaram certas doençi
vam todas as preocupações para não se deixar corromper por cos um castigo de Deus?
tumes morais e práticas religiosas estranhos.
Deus não tem estes pensamentos!Ele não ama somente
Alguns desses israelitas espalhados pelo mundo tinham pros ama a todos, também os maus, porque são suas criaturas, e
perado bastante, exerciam profissões rendosas, mas a maioria vivia desejo que ele tem é que mudem de vida, depressa, para (
em dificuldades de ordem econômica. Estes se perguntavam: Por também possam sentir-se felizes.
que nós, embora fiéis à lei de Deus, somos permanentemente opri
midos e humilhados, enquanto os pagãos que se comportam como
ímpios prosperam sempre mais e têm sorte na vida? Por que Deus Secunda leitura(Rom 8,2.6'Z7)
não intervém para pôr um pouco de ordem nas coisas? Por que
permite tais injustiças? Os nossos antepassados nos contaram que, Como é que se deve fazer? Se fosse suficiente repetú
antigamente,o Senhor fez coisas maravilhosas em prol do seu povo; Ias, seria fácil. Jesus, porém, ensinou que a oração dos ser
por que agora não mais intervém? Perdeu talvez a força? dores não é assim: "Quando orardes, não desperdiceis as
O texto do livro da Sabedoria, que nos é proposto hoje, res como os pagãos, que acreditam poder ser atendidos por
ponde a estas perguntas. palavras"(Mt 6,7).
Afirma: a força do Senhor sempre é grande, mas ele não a usa Na leitura deste dia Paulo confessa com candura:
para castigar ou causar o mal para o homem,porque ele é indulgen- sabemos como rezar", não sabemos o que pedir a Deus; p
te com todos. O seu domínio é universal, estende-se sobre osjustos Espírito vem em nossa ajuda e nos sugere o que temos que
e sobre os ímpios; ele não pode amar somente alguns (v. 16). Pai(v. 26). Esta oração que procede do Espírito sempre e í
276
Os homens usam a própria força para incutir medo nos outros,
para subjugá-los, para forçá-los à obediência e ao respeito. Deus
não age assim. Ele, o "Senhor da força", não consegue a conversão
dos maus enviando-lhes castigos ou golpeando-os com raios e des
venturas, como os judeus de Alexandria do Egito desejam (e nós
XVI Domingo do Tempo Comum como eles, talvez), mas demonstrando mansidão e indulgência (vv.
17-18).
O último versículo apresenta dois motivos pelos quais Deus
age desta maneira. Antes de tudo, age assim para ensinar a seu povo
que o justo deve amar os homens, todos os homens, não somente os
bons; em seguida, para proporcionar aos pecadores a possibilidade
*rimeira leitura(Sab 12,13.16-19) de se arrependerem (v. 19).
Entre os livros do Antigo Testamento, o da Sabedoria foi o Esta leitura é muito atual também para nós hoje. Procuremos
timo a ser escrito. Seu autor, um sábio judeu de Alexandria do verificar se os cristãos das nossas comunidades não experimenta
gito, provavelmente ainda vivia quando Jesus nasceu. ram também sensação semelhante à dos judeus de Alexandria do
Naquele tempo a maioria dos israelitas não morava na própria Egito. Nunca se sentiram como se formassem um grupo de "jus
rra, a Palestina, mas tinha emigrado para o exterior. tos", obrigados a viver num mundo completamente perverso? Nun
Em cada cidade do Império Romano osjudeus formavam uma ca lhes ocorreu o desejo de ver um dia a força de Deus mandar
)munidade à parte; tinham a própria sinagoga, os próprios rabi- pelos ares todos os ímpios? Também não ameaçaram alguma vez
)S, os próprios tribunais. Não se casavam com os pagãos e toma- com os castigos de Deus? Nunca interpretaram certas doenças como
im todas as preocupações para não se deixar corromper por cos- um castigo de Deus?
mes morais e práticas religiosas estranhos. Deus não tem estes pensamentos! Ele não ama somente os bons,
Alguns desses israelitas espalhados pelo mundo tinham pros- ama a todos, também os maus, porque são suas criaturas, e o único
-rado bastante, exerciam profissões rendosas, mas a maioria vivia desejo que ele tem é que mudem de vida, depressa, para que eles
n dificuldades de ordem econômica. Estes se perguntavam: Por também possam sentir-se felizes.
le nós, embora fiéis à lei de Deus, somos permanentemente opri-
idos e humilhados, enquanto os pagãos que se comportam como
ipios prosperam sempre mais e têm sorte na vida? Por que Deus Secunda leitura (Rom 8^6^27)
o intervém para pôr um pouco de ordem nas coisas? Por que
rmite tais injustiças? Os nossos antepassados nos contaram que, Como é que se deve fazer? Se fosse suficiente repetir fórmu
tigamente,o Senhor fez coisas maravilhosas em prol do seu povo las, seria fácil. Jesus, porém, ensinou que a oração dos seus segui
ar que agora não mais intervém? Perdeu talvez a força? dores não é assim: "Quando orardes, não desperdiceis as palavras
O texto do livro da Sabedoria, que nos é proposto hoje, res- como os pagãos, que acreditam poder ser atendidos por força de
■nde a estas perguntas. palavras" (Mt 6,7).
Afirma: a força do Senhor sempre é grande, mas ele não a usa Na leitura deste dia Paulo confessa com candura: ^'nós não
ra castigar ou causar o mal para o homem, porque ele é indulgen- sabemos como rezar'\ não sabemos o que pedir a Deus; por isso o
com todos. O seu domínio é universal, estende-se sobre os justos Espírito vem em nossa ajuda e nos sugere o que temos que dizer ao
obre os ímpios; ele não pode amar somente alguns (v. 16). Pai (v. 26). Esta oração que procede do Espírito sempre é atendida.
277
porque ela sempre está em conformidade com os desejos de Deus Em resumo, não era o Messias enérgico que todos esp
(V. 27). De fato, na hora da sua morte, no mundo inteiro, tudo pare
Rezar,portanto,é o mesmo que deixar-se guiar pelo Espírito que tinuar como antes: o mal triunfava. Por que não deu ou'
nos aproxima sempre mais de Deus e nos abre o coração aos irmãos. Batista? Teria sido suficiente um nadinha: algum raio do c
Já se passaram cinqüenta anos desde a morte de Jesus,
já idoso, olha ao redor e constata o quê? Que no mundo o r
Evangelho(Mt 13»24'43) pre está presente. O bem existe,é verdade, mas ao seu lado
o mal cresce viçoso.
Como fizemos no domingo passado, hoje também,para entender Os cristãos das suas comunidades perguntavam com
o Evangelho, devemos dividi-lo em partes. Na primeira (vv. 24-30) cia: Que espécie de Reino instaurou Jesus, se não consegi
encontramos a parábola do trigo e da cizânia; na segunda (vv. 31-33) desaparecer de imediato e para sempre toda espécie de mí
nos são narradas duas pequenas parábolas: a do grão de mostarda e a do A esta angustiante interrogação o evangelista responc
fermento; em seguida vêm dois versículos (34-35) que esclarecem o parábola do trigo e da cizânia.
que nos foi dito nos w. 10-17 e ilximinam o motivo que leva Jesus a Vamos relê-la e em seguida vamos levar em consid
falar por meio de parábolas; na terceira parte(w.36-43)vem a expli diálogo entre os servos e o patrão(vv. 27-30)e procuremoj
cação da parábola do trigo e da cizânia. Também para esta explicação der a estas perguntas: Quem fala demais? Qual é o equb
vale o que dissemos no domingo passado, ao comentar a parábola do servos? O que mais impressiona no comportamento do p
semeador: trata-se de explicações, como se proferidas por Jesus, mas quem eles representam? Em qual destes personagens nós i
que em verdade são aplicações feitas por Mateus às necessidades espi nhecemos?

rituais das suas comunidades.


Consideremos antes de tudo os servos e o seu compor
Eles são até simpáticos; é comovedora a dedicação deles
w.24'30 lho, o seu interesse pela lavoura. Cometem, porém, um €
No tempo de Jesus o povo tinha certeza que, com a vinda do xam-se levar pela impaciência e pela afobação de acabar 1
Messias, teria começado um Reino no qual somente teria existido o a cizânia. Gostariam de resolver logo decidida e rapidame
bem. E o mal? O que teria acontecido aos maus? Muito simples: hesitações.
teriam sido queimados por um fogo vindo do céu. Esta era também O patrão não pensa como eles: ele mantém a calma, n
a expectativa do Batista. Falando do Messias que deveria vir, anun nha, não se perturba, não condivide a sua agitação e a sua
ciava: "Ele limpará a sua eira, e recolherá o trigo no celeiro. As ção. A sua resposta(que ocupa mais de um terço da narraç
palhas, porém, queimá-las-á num fogo inextinguível"(Mt 3,12). Ia a atitude de Deus em relação ao mal que existe no m
Os seguidores de Jesus também concordavam com estas idéias. Certo Igreja, em cada indivíduo.
dia, não tendo sido recebidos num povoado de samaritanos, pedi O bem e o mal, diz o Senhor, não podem ser separado
ram imediatamente ao Mestre licença para pedir o fogo do céu con crescer juntos, e assim será até o fim. Não é este nem o tei
tra aqueles malvados(Lc 9,54). o lugar em que se possa fazer a separação. Esta aconte(
Jesus não concordava com estes ensinamentos. Prezava muito certeza, mas não agora, e nem imediatamente.
o Batista, mas não queria ouvir falar de fogo. Não só não queria Mas por que não pode ser feita logo? - perguntamo:
destruir os pecadores, mas os recebia na sua própria casa, convida- Deus nos permitisse, nem que seja por pouco tempo, u:
va-os para a refeição, encontrava-se com os ladrões, com os here- onipotência, nós lhe mostraríamos como temos capacid
ges, com as prostitutas. distinguir os bons dos maus...

278
orque ela sempre está em conformidade com os deseios de Deus Em resumo, não era o Messias enérgico que todos esperavam.
/. 27). De fato, na hora da sua morte, no mundo inteiro, tudo parecia con
Rezar, portanto,é o mesmo que deixar-se guiar pelo Espírito que tinuar como antes: o mal triunfava. Por que não deu ouvidos ao
os aproxima sempre mais de Deus e nos abre o coração aos irmãos. Batista? Teria sido suficiente um nadinha: algum raio do céu.
Já se passaram cinqüenta anos desde a morte de Jesus. Mateus,
já idoso, olha ao redor e constata o quê? Que no mundo o mal sem
Zvançetho(MC 13^4^43) pre está presente. O bem existe, é verdade, mas ao seu lado também
o mal cresce viçoso.
Como fizemos no domingo passado, hoje também,para entender Os cristãos das suas comunidades perguntavam com insistên
Evangelho, devemos dividi-lo em partes. Na primeira(w. 24-30) cia: Que espécie de Reino instaurou Jesus, se não conseguiu fazer
icontramos a parábola do trigo e da cizânia; na segunda(w.31-33) desaparecer de imediato e para sempre toda espécie de mal?
os são narradas duas pequenas parábolas: a do grão de mostarda e a do A esta angustiante interrogação o evangelista responde com a
irmento; em seguida vem dois versículos (34-35) que esclarecem o parábola do trigo e da cizânia.
Lie nos foi dito nos w. 10-17 e iluminam o motivo que leva Jesus a Vamos relê-la e em seguida vamos levar em consideração o
dar por meio de parábolas; na terceira parte(w.36-43)vem a expli- diálogo entre os servos e o patrão (vv. 27-30) e procuremos respon
ição da parábola do trigo e da cizânia. Também para esta exphcação der a estas perguntas: Quem fala demais? Qual é o equivoco dos
lie o que dissemos no domingo passado, ao comentar a parábola do servos? O que mais impressiona no comportamento do patrão? A
meador: trata-se de explicações, como se proferidas por Jesus, mas quem eles representam? Em qual destes personagens nós nos reco
le em verdade são aplicações feitas por Mateus às necessidades espi- nhecemos?
tuais das suas comunidades. Consideremos antes de tudo os servos e o seu comportamento.
Eles são até simpáticos; é comovedora a dedicação deles ao traba
V, Z4^30 lho, o seu interesse pela lavoura. Cometem, porém, um erro: dei
No tempo de Jesus o povo tinha certeza que, com a vinda do xam-se levar pela impaciência e pela afobação de acabar logo com
lessias, teria começado um Reino no qual somente teria existido o a cizânia. Gostariam de resolver logo decidida e rapidamente, sem
;m. E o mal? O que teria acontecido aos maus? Muito simples: hesitações.
riam sido queimados por um fogo vindo do céu. Esta era também O patrão não pensa como eles: ele mantém a calma, não estra
expectativa do Batista. Falando do Messias que deveria vir, anun- nha, não se perturba, não condivide a sua agitação e a sua inquieta
ava. Ele limpará a sua eira, e recolherá o trigo no celeiro. As ção. A sua resposta (que ocupa mais de um terço da narração) reve
ilhas, porém, queimá-las-á num fogo inextinguível"(Mt 3,12). la a atitude de Deus em relação ao mal que existe no mundo, na
s seguidores de Jesus também concordavam com estas idéias. Certo Igreja, em cada indivíduo.
a, não tendo sido recebidos num povoado de samaritanos, pedi- O bem e o mal, diz o Senhor, não podem ser separados, devem
m imediatamente ao Mestre licença para pedir o fogo do céu con- crescer juntos, e assim será até o fim. Não é este nem o tempo nem
1 aqueles malvados (Lc 9,54). o lugar em que se possa fazer a separação. Esta acontecerá com
Jesus não concordava com estes ensinamentos. Prezava muito certeza, mas não agora, e nem imediatamente.
Batista, mas não queria ouvir falar de fogo. Não só não queria Mas por que não pode ser feita logo? - perguntamos-nos. Se
:struir os pecadores, mas os recebia na sua própria casa, convida- Deus nos permitisse, nem que seja por pouco tempo, usar a sua
L-os para a refeição, encontrava-se com os ladrões, com os here- onipotência, nós lhe mostraríamos como temos capacidade para
■s, com as prostitutas. distinguir os bons dos maus...
279
Não entendemos nada! A linha que separa o bem do mal não Provavelmente,após as primeiras décadas de grande
passa entre um indivíduo e outro, entre um grupo e outro, entre cristãos relaxaram um pouco e não levam mais a sério o
nação e nação, entre um partido e outro, passa dentro do coração missos do próprio batismo. O que fazer então?
de cada homem. Mateus sente a necessidade de sacudi-los um pouco
Em cada ser humano há um pouco de bem e um pouco de mal, no estilo dos pregadores do seu tempo. Éjudeu,fala parj
por isso não é possível intervir com o fogo do céu: tudo seria para ser compreendido serve-se das imagens que são co
destruído, o bem e o mal. Até no mais perverso dos homens, de veis às pessoas do seu povo: o fogo, as fornalhas ardentes
fato, junto com a cizânia, também existe uma boa parte de trigo o ranger dos dentes, a ceifa, os anjos, os demônios... 1
bom. Por que queimá-lo? "Calma", diz o Senhor! imagens impressionantes, usadas normalmente pelos rab
A presença da cizânia, quer em nós como nos outros,nos provoca não podem ser interpretadas literalmente, porque não tini
um grande enfado. Nós gostaríamos de nos embalar na imagem perfei tido que nós hoje lhes atribuímos.
ta que fizemos de nós mesmos.Quando somos obrigados a admitir que Não está, portanto, certo tirar conclusões em relação
também em nós existe o mal,perdemos a calma e desencadeamos uma mundo e ao julgamento de Deus, pois Mateus aqui não
luta frenética e insensata. Ficamos intolerantes, nos tomamos duros, tando informações, não está relatando o que acontecerá
cruéis, primeiro com os outros,depois até com nós mesmos:nos anali para os pecadores, somente está chamando a atenção dos
samos, nos questionamos, nos autocastigamos. Certamente o pecado tãos para a seriedade da vida. Ele ministra a sua lição de
não se justifica, mas precisamos aprender a considerá-lo com os olhos - repito - usando a linguagem dos pregadores do seu 1
pacientes e serenos de Deus. fato, somente Mateus a emprega com tanta freqüência;
evangelistas são mais cautelosos, não falam desta mane:
w.31'33 Uma coisa é certa: quem pratica o mal não constrói
Eis duas parábolas "gêmeas" que pretendem comunicar o mes provoca a sua destruição. Com relação ao futuro, mais
mo ensinamento: a desproporção entre o humilde começo e o gran mar como base figuras (nas quais evidentemente entra
dioso resultado final. Um grão de mostarda, quase invisível, dá ori fantasia dos orientais), é preferível manter aquilo que í
gem a um arbusto de cerca de quatro metros; poucos gramas de ensina de forma clara e segura: Deus é Pai que "quer qn
fermento fazem levedar cem quilos de farinha. O contraste é muito homens se salvem"(I Tim 2,4) e "não enviou seu Filho
grande! parajulgar o mundo,mas para que o mundo se salve por i
Estas duas parábolas constituem um apelo ao otimismo e por (Jo3,17).
isso são ligadas à mensagem da parábola precedente. E o fogo? Se existe um fogo no qual o cristão dev
com firmeza é o do amor de Deus. Este fogo de fato tem
trv. 3õ'43 queimar todo o mal que existe no coração de todos os h
Vamos reler atentamente estes versículos: não se pode fugir à Também a virtude da esperança obriga o cristão a j
impressão de que a situação mudou radicalmente em relação à pa este "fogo" é tão forte que um dia conseguirá eliminar
rábola. Na primeira parte o Senhor convidava para aceitar com se mente o mal. Então se manifestará em plenitude o Rein<
renidade a existência do mal ao lado do bem e condenava a intole Esta destruição de todo o mal é uma obra que som
rância dos empregados; agora, ao contrário, ele também se deixa pode fazer; o resto:julgar os pecadores, condená-los, col
levar pela vontade de "apelar para o fogo"(v. 42). fogo para queimar... isto nós também saberemos fazer!
Já adiantamos que estes versículos constituem uma resposta
de Mateus aos problemas das suas comunidades. Quais são eles?
280
Não entendemos nada! A linha que separa o bem do mal não Provavelmente,após as primeiras décadas de grande fervor, os
ssa entre um indivíduo e outro, entre um grupo e outro, entre cristãos relaxaram um pouco e não levam mais a sério os compro
ção e nação, entre um partido e outro, passa dentro do coração missos do próprio batismo. O que fazer então?
cada homem.
Mateus sente a necessidade de sacudi-los um pouco e faz isso
Em cada ser humano há um pouco de bem e um pouco de mal, no estilo dos pregadores do seu tempo.Ejudeu,fala para judeus, e
T isso não é possível intervir com o fogo do céu: tudo seria para ser compreendido serve-se das imagens que são compreensí
struído, o bem e o mal. Até no mais perverso dos homens, de veis às pessoas do seu povo:o fogo,as fornalhas ardentes, o pranto,
-O, junto com a cizânia, também existe uma boa parte de trigo o ranger dos dentes, a ceifa, os anjos, os demônios... Trata-se de
m. Por que queimá-lo? "Calma", diz o Senhor! imagens impressionantes, usadas normalmente pelos rabinos e que
A presença da cizâma,quer em nós como nos outros,nos provoca não podem ser interpretadas literalmente, porque não tinham o sen
\ grande enfado. Nós gostaríamos de nos embalar na imagem perfei- tido que nós hoje lhes atribuímos.
ijue fizemos de nós mesmos. Quando somos obrigados a admitir que Não está, portanto,certo tirar conclusões em relação ao fim do
nbém em nós existe o mal,perdemos a calma e desencadeamos uma mundo e ao julgamento de Deus, pois Mateus aqui não está pres
a frenética e insensata. Ficamos intolerantes, nos tomamos duros, tando informações, não está relatando o que acontecerá no futuro
réis, primeiro com os outros,depois até com nós mesmos:nos anaü- para os pecadores, somente está chamando a atenção dos seus cris
nos, nos questionamos, nos autocastigamos. Certamente o pecado tãos para a seriedade da vida. Ele ministra a sua lição de catequese
D se Justifica, mas precisamos aprender a considerá-lo com os olhos - repito - usando a linguagem dos pregadores do seu tempo. De
cientes e serenos de Deus. fato, somente Mateus a emprega com tanta freqüência; os outros
evangehstas são mais cautelosos, não falam desta maneira.
31-33
Uma coisa é certa: quem pratica o mal não constrói a sua vida,
Eis duas parábolas "gêmeas" que pretendem comunicar o mes- provoca a sua destruição. Com relação ao futuro, mais do que to
)ensinamento: a desproporção entre o humilde começo e o gran- mar como base figuras (nas quais evidentemente entra em jogo a
>so resultado final. Um grão de mostarda, quase invisível, dá ori- fantasia dos orientais), é preferível manter aquilo que a Escritura
n a um arbusto de cerca de quatro metros; poucos gramas de ensina de forma clara e segura: Deus é Pai que "quer que todos os
mento fazem levedar cem quilos de farinha. O contraste é muito homens se salvem"(I Tim 2,4) e "não enviou seu Filho ao mundo
inde!
parajulgar o mundo, mas para que o mundo se salve por meio dele"
Estas duas parábolas constituem um apelo ao otimismo e por (Jo3,17).
o são ligadas à mensagem da parábola precedente. E o fogo? Se existe um fogo no qual o cristão deve acreditar
com firmeza é o do amor de Deus. Este fogo de fato tem o poder de
.36-43
queimar todo o mal que existe no coração de todos os homens.
Vamos reler atentamente estes versículos: não se pode fugir à Também a virtude da esperança obriga o cristão a pensar que
pressão de que a situação mudou radicalmente em relação à pa- este "fogo" é tão forte que um dia conseguirá eliminar completa
ola. Na primeira parte o Senhor convidava para aceitar com se- mente o mal. Então se manifestará em plenitude o Reino de Deus.
idade a existência do mal ao lado do bem e condenava a intole- Esta destruição de todo o mal é uma obra que somente Deus
cia dos empregados; agora, ao contrário, ele também se deixa pode fazer; o resto:julgar os pecadores,condená-los, colocá-los no
ar pela vontade de "apelar para o fogo"(v. 42). fogo para queimar... isto nós também saberemos fazer!
Já adiantamos que estes versículos constituem uma resposta
VIateus aos problemas das suas comunidades. Quais são eles?
281
Tema do Domingo
A CALMA DE DEUS E A IMPACIÊNCIA DO HOMEM
Os homens, naturalmente, são levados a dividir os homens em
dois grupos: os bons e os maus, os amigos e os inimigos. Dessa distin
ção nascem a intolerância e a ansiedade para resolver com rapidez e XVll Domingo do Tempo Com
com violência as tensões que surgem. Acontece, então, que muitos
crentes, não podendo aplicar pessoalmente a "justiça,"pedem a Deus
para que intervenha duramente, é claro!
As leituras de hoje nos ensinam que Deus não satisfarájamais
estes desejos loucos.
A primeira leitura ensina que ele não usa a suaforça para aba
ter o homem, mas para salvá-lo e quer que nós todosfaçamos o mes Brimeira leitura (1 Re 3,5.7-'12)
mo.

O Evangelho nos ensina que devemos aceitar com serenidade a Os últimos anos do reino de Davi foram bastante agita
presença do mal no mundo. Convida-nos a reconhecer que a cizânia blevações, revoltas, tentativas para tirá-lo do trono. Nas
está presente também no nosso coração e nos garante que um dia ele para conseguir o poder, três dos seus filhos tiveram morte >
a destruirá.
As desordens continuaram até que Salomão conseguiu co
A segunda leitura fala do Espírito que reza por nós. Ele pede
que o Pai destrua todo o mal. A sua oração com certeza será atendi
o reino. A Bíblia apresenta este rei como hábil político, un
da. construtor, um homem muito rico e sobretudo como a pesí
sábia que jamais tenha existido. De todas as partes do mi
nham até Jerusalém para conhecê-lo e para ouvi-lo. De <
vinha tão grande sabedoria? No-lo revela a leitura de hoje
Antes de iniciar o seu govemo, Salomão foi até o sani
Gabaon para oferecer um sacrifício. Durante a noite o Senhor
receu em sonhos e o convidou a pedir-lhe o que quisesse e isto
concedido. Salomão não pediu nada para si: nem a riqueza, ne
de, nem a vitória contra os inimigos (v. 11). A sua preocup
outra. Ele se sentia muito jovem e sem experiência para gov<
povo grande e numeroso. Sabia que é muito fácil, para quem
deixar-se corromper pelas amizades, pelas simpatias, pelos
sentimentos,pelos caprichos das paixões desregradas e pratic
erros e injustiças contra o povo. Por isso pediu a Deus *Him
dócil para poder praticar a justiça em favor do seu povo e p;
distinguir o bem do mal"(v. 9).
Foi do agrado do Senhor que Salomão lhe tivesse pedidc
doria para governar" e lhe concedeu "um coração sábio e in
como nunca existiu antes dele e não existirá jamais"(v. 12).
A escolha feita por Salomão prepara a mensagem qu
traremos no Evangelho de hoje. Jesus nos convocará paraí
282

Você também pode gostar