Você está na página 1de 41
912 ia das intervengées psicoterdpicas: como se wata pacientes, ‘na vida tal /onganizado por Wilson Vicits Mela. — Novo Hamburgo Sinapsys, 2019, Véx23em; 780, ISBN 978-85.9501-118-2 1. Picologia~ Priteas de intervengdo, 1. Melo, Wilson Vieta, UL Tilo, cpu i599 CCatalogagio na publicagio: Ménica Bllejo Canto - CRB 10/1023 A PRATICA DAS INTERVENGOES PSICOTERAPICAS COMO SE TRATA PACIENTES NA VIDA REAL WILSON VIEIRA MELO ORGANIZADOR 2019 14 Terapia Comportamental Dialética ‘Wilson Vieira Melo, Gabriela Baldisserotto e Camila Morellatto de Souza Alguns casos podem ser especialmente desafiadores. © sofrimento de al- {guns individuos pode ser tio intenso e disfuncional que faz com que sejam considerados dificeis ou até mesmo intratavels. Comportamentos de auto- mmutilacdo, sentimento crénico de vazio, perturba¢ao com a prépria identi- dade e instabilidade afetiva e impulsividade so sintomas presentes em muitos individuos que sofrem de desregulacao emocional. Por outro lado, determinados pacientes com este perfil podem trazer uma enorme gratifi- cago e realizado profissional para terapeutas que resolvem Investir no seu potencial de melhora e conseguem obter considerdvel sucesso. Para estes ‘casos complexos, apresentamos a Terapia Comportamental Dialética, wu. pais abordagens para o tratamento de casos complexos e gra- ves ¢ é considerada uma abordagem transdiagndstica (Fran- zin, Caetano, & Melo, 2018). Suas primeiras publicagées datam do inicio dos anos 1990 ¢ inicialmente concentrava suas intervenges A Terapia Comportamental Dialética (DBT) € uma das princi- no tratamento de mulheres suicidas, em especial com o transtorno da personalidade borderline (Linehan, 2010). Entretanto, nas dlki- mas duas décadas muitos trabalhos comegaram a surgit mostrando a sua aplicabilidade em outros contextos onde a desregulagio emocio- 402 Terapia Comportamental Dialética nal é 0 aspecto central do problema, Isso ocorre em individuos por- tadores de miltiplas comorbidades, algumas vezes cronicamente sui- cidas ou mesmo naqucles casos onde sio observados hist6rico de miltiplas internagées (Koerner, 2012) Apesar de a DBT ser também uma interveng’o cognitiva, que se vale do trabalho sobre crengas e distoi abordagem muito mais alinhada com os pressupostos comportamen- des interpretativas, € uma tais, sendo uma das principais abordagens de terccita onda (Melo, Sardinha, & Levitan, 2014). As suas bases se sustentam na ciéncia comportamental, onde os prineipios de andlise funcional do compor- tamento sio empregados, nas préticas zen/contemplativas, sendo uma intervengio com forte influéncia do Zen Budismo em sua pritica e ainda na filosofia dialética (Linehan, 2010). MODOS DE TRATAMENTO. ‘A DBT apresenta cinco diferentes modos de tratamento, que serio apenas descritos neste capitulo, uma ver que 0 objetivo sio as éenicas de psicoterapia, em especial a individual e a de grupo de tei- namento de habilidades. Para um maior aprofundamento da tcoria que embasa a abordagem, bem como trabalhar nos demais modos de tratamento € a integragio entre eles, ver a publicagio de Marsha M. Linchan (Linchan, 2010). Quadro 14.1 Modos de tratamento da Terapia Comportamental Dialética* * Pocoteraplandvdual — Geralmente realzada uma vez por semana, tem ointato de generalize sprendizada advindo dos outros mados de terapo. © ferapeuta indviual costuma ser considera oterapeuta principal do cso ~ Grupo de welnamento de | Tem draglo de 12 meses, com encorios semana de habiidades sproxmadamente duas horas de duragio. Os grupos podem ter Je quatro a oito parcipanteseérealzado pr um treinador eum cotreinador de habiidades, Teontinaa} * Disponivel em www.sinopsyseditora.com.brlinterpsform APratica das Intervengées Psicoterdpicas 403 Quadro 14.1 (continuacao) 7 Consutoratlebnica Via dar um suporteexra para a paciete, em expect pos momentos e crise, uma ver que pacientes graves frequentemente rnecesstam de um suporte ext. Forrecem um conate cam 2 terapeuta entre uma sesio e outa e podem se ealizados ‘arto nos moments de crise quanto agendados prevarente. Também hi stuardes onde os telefonemas podem ser orginades do terapeuta para opacente 7 Time de consulora para terapeutas Reunites semanas onde os membros do ime de consular dscutem juntos as aifculades des casos atendidos por ees, trocam informagées ese apoiam mutuamence. A consultrie alia terapeutaa se marterdaticoetamém mantém a metivacio para otratamento,Terapeutas tratando pacientes graves precisam fe suport. ‘Outros prafissanais que também tenham contato com pacente 0 importantes no caso, mas que n30 parsipam das reunibes dd time de consuitoria ip. ex, pscofarmacoloista, mégicos de utes especialdades, ntrcionista,assitente soda, equpe de Interna, et TECNICAS PARA A PSICOTERAPIA INDIVIDUAL As téenicas da DBT na terapia individual podem ser organiza- das em trés conjuntos de estratégias essenciais (Linehan, 2010): + estratégias de mudanca comportamental; + estratégias de validasio; + estratégias dialéticas. Para ilustrar as intervengées, apresentaremos didlogos baseados na seguinte vinheta de caso: A paciente ¢ Ana, 32 anos, filha tinica de pais separades, formada em fe sioterapia, soltira ¢ sem fithos. Sua mée é muito critica, emocionalmente distante e ainda auxilia Ana financeiramente. A reagao de ambas oscila entre periodos de calmaria ¢ muitas brigas, O pai se separou da mie quando a paciente tinha um ano de idade ¢ nunca esteve presente. Tem sum relacionamento conturbado com um homem casado. Atwalmente tem sum pequeno negicio que estd indo muito mal e jd teve muitas dificulda des com trabalho no passado, Ana buscou terapia por exigéncia do namo- 404 Terapia Comportamental Dialética rado, para tentar controlar as grandes oxcilagdes de humor que apresenta Também tem ataques de raiva e tristeza, episidios de automutilagao (cor- tes nos bragos), ideagéo suicida, uso de cocaina, élcool ¢ maconha, além de fumar vinte cigarros ao dia. Seus diagnésticos sto transtorno bipolar tipo Il, transtornos por uso de dleool, cannabis, estimulantes (cocaina e ‘nicotina) e transtorno da personalidade borderline. ESTRATEGIAS DE MUDANCA COMPORTAMENTAL Esse conjunto de técnicas é orientado & mudanga e ao fomento da motivasio e compromisso com o tratamento. Sio utilizadas no ini cio do tratamento em uma fase denominada pré-tratamento, cm que © objetivo principal é obter um compromisso do paciente em telacio as metas da terapia (Van Dijk, 2009) Péna porta © terapeuta apresenta a mudanga desejada em termos vagos 0 suficiente para obter um SIM (Linehan, 2010). FE uma estratégia para conseguir engajamento com a terapia. ‘Terapeuta (I): Entéo Ana, se estou entendendo bem, vocé gostaria de ajuda para tentar ter um melhor controle emocional, ter mais calma ees sabilidade, B isso? ‘Ana (A): Sim, € tudo que eu quero, mais calmal!! ‘A partir de entio, cle vai propondo gradativamente mudangas comportamentais que conduzam a uma mudanga mais ampla Ts Entdo um primeiro passo seria néo utilizar mais cocaina durante os dias de semana para que possamos observar como ficard 0 seu humor APratica das Intervengées Psicoterapicas 405 Porta na cara Aqui o terapeuta pede o que seria 0 objetivo maximo de mu- danga necessiria, descrevendo todo 0 proceso ¢ © compromisso ne- cessitio para se chegar ld (Linehan, 2010). © terapeuta pede muito, sabendo que pode receber pouco se necessirio até conseguir a mudan- a mais ampla no comportamento. E 0 oposto da técnica de “Pé na porta” e podem ser utilizadas simultaneamente para diferentes com- portamentos no estigio do pré-tratamento. Ts Ana, para conseguir 0 que deseia vai ser necessdrio que voeé se com prometa com pelo menos um ano de terapia semanal, ¢ posivelmente com um ano de grupo para treinamento de habilidades. Também vai ser im- portante uma avaliagéo médica ¢ psiguidtrica completa ¢ revisio da sua ‘medicagéo. Para conseguir a tranquilidade que desej, teremos que traba- Jhar no controle do seu uso de substincias ¢ no padréo de relacionamentos «de reagées emocionais intensas que voce apresenta, Vocé também vai pre- cisar parar de se cortar, além de se comprometer em seguir viva para exe- ceutarmos ese plano. O que lhe parece? A: Puxa, assim parece impossivel. Muita coisa para consertar. Se eu put dese parar de brigar tanto com minha mie ¢ 0 namorado jd seria étimo, Prés e contras Essa técnica clissica visa fortalecer uma posicéo de mudanga de comportamento ou de objetivo (Koerner, 2012). Auxilia na identifi- casio dos reforsadores de dado comportamento, assim como quais necessidades ele esti preenchendo, T:: Entdo vocé estd me dizendo que quer parar de usar cocaina ou pelo ‘menos reduzir. Quais seriam as vantagens de fazer iso? Ax Sé tém vantagens, né! Eu néo ia me descontrolar mais ainda, néo ia gastar dinheiro, 0 namorado e a mie parariam de brigar comigo por causa disso 406 Terapia Comportamental Dialética Ts Certo, ew concorde. E teria alguma desvantagem? Vocé perderia algo? A.: Desuantagem? Ab, seria superdificl, teria que aguentar a fissura, néo teria esa coisa boa para me aliviar quando estou mal ¢ 0 pior é que eu nao iria aguentar outro fiacaso liberdade de escolha e falta de outras opgées Aqui o terapeuta mostra que o paciente é livre para escolher mudar ou nio ¢ a0 mesmo tempo aponta as consequéncias muito in- desejiveis de nio mudar. Essa alternativa deve ser expressa de forma genuina, respeitosa ¢ nio julgadora (Koerner, 2012) TT: [falando de forma genuina e nio julgadora] Biv entendo que voeé se sinta em diivida ¢ ache a terapia trabalbosa. E no final das contas a deci- io é sua, é a sua vida e voce tem liberdade total de excolha, Mas ao mes- ‘mo tempo se nada mudar, sua vida wai seguir nesse caos que voce descre~ veu: brigas, bebedeiras ¢ uso de cocaina e maconha, acess de raiva, cor- tes, Acho que 0 namoro e a relagdo com a sua me 56 uéo piovar, ¢ esa instabilidade toda vai acabar contribuindo para vocé perder o seu negé~ cio. Néo me parece haver outra alternativa, a ndo ser se tratan Advogado do diabo ‘Apesar de também ser uma das extnarigias dialétcas (ver a seguit) utilizada ao longo de todo o tratamento, a técnica “Advogado do diabo” pode ser utlizada também no inicio da terapia numa tentativa de obter comprometimento com o tratamento, mas que também ¢ util em outros momentos da terapia (Linehan, 2010). A esséncia ¢ o terapeuta argumen. tar conta algo, como forma de auxiliar o paciente a defender a mudanga Na fase de pré-tratamento (comprometimento): A: Bisa terapia é bem puxada, nunca fiz nada assim antes. Vai me eus- sar tempo, dineiro, que estd curto, ¢ ainda tem esse monte de regras no sei se consign encarar. A Pratica das Intervengées Psicoterdpicas 407 Ts Realmente,é de se pensar. Por que alguém se comprometeria com tan- sas coisas difices ecustosas? Talves seja melhor deixar como est Durante a terapia jé em andamento: Az O que eu queria mesmo é terminar com esse namorado, Faz quatro anos que estamos nesse vai e volta, brigando, Néo dd mais. Ele néo gosta que ex use 0 pé. Iso me estressa! T: Realmente. Talvez voce devesse encontrar outro relacionamento que accitasse 0 seu uso de cocaina e que talvez até usasse junto contigo, © terapeuta deve usar um tom sério e convincente, de modo que o paciente de fato acredite no que estd dizendo e se contrapo- nha ao argumento apresentado pelo cerapeuta, Esta técnica no pode ser realizada com sarcasmo, cinismo ¢ também nao deve ser utilizada a todo momento a fim de nio perder o efeito cerapéutico desejado, Associar compromisso passado com compromisso atual © cerapeuta mostra ao paciente a similaridade de mudangas passadas bem-sucedidas com a mudanga desejada de agora, desta- cando sua capacidade para a mudanga (Pederson & Pederson, 2012). Ac Een quero parar de cheirar, mas néo sei se consigo. TT: Vacé me parece bem desesperansada sobre sua capacidade de con- solar 0 uso de cocaina. Lembrei-me de quando me contou sobre ama vez, hd uns dois anos, em que vocé emagreceu mais de dez quiles co ‘mendo melhor ese exercitando, Naquela época voce também teve que aaguentar derejos de comer fora da dieta e teve que exercitar sua ditci- lina por um bom tempo, na verdade até hoje, porque vocé ndo reeu- (perou o peso que jd teve, Entdo sabemos que tem esta capacidade den- sro de vocé. O que the parece? 408 Terapia Comportamental Dialética Modelacao, Em esséncia, modelar é demonstrar um comportamento para que esse seja imitado. Esta técnica ¢ baseada nos principios da aprendizagem social de Albert Bandura € nio deve ser confundida com a modelagem, apresentada a seguir, fundamentada nos princi- pios da aprendizagem operante de Buhrus F. Skinner (Moreisa & Medeiros, 2007). Na DBT, é muito utilizado para modelar 0 uso de habilidades na sessio de terapia individual, fazendo uso da rela- gio terapéutica, em especial quando essa esta enfrentando problemas € necessita reparo. ‘A: [braba com 0 terapeuta] Poxa vida! Figuei muito chateada porque vocé esqueceu de me dar retorno sobre uma ditvida importante que eu ti- nha sobre o hordrio da nossa consultal E depois eu é que tenbo de ficar se guinds esas regras betas. T: (modelando a habilidade de reparar relacionamentos ¢ regulagio cemocional] E verdade, eu exqueci de responder. Desculpal Néo quero que isso volte a acontecer ¢ entendo sua brabeza. Modelagem A modelagem também é uma técnica relacionada & aprendiza gem de novos comportamentos. Entrctanto, ao invés de ocorrer me- diante observasio (imitagio), a aquisigio de novos comportamentos se da pela ocorréncia de reforcamento diferencial de aproximagées su- cessivas do comportamento-alvo (Moreira & Medeiros, 2007) A: [primeito telefonema para o terapeuta no inicio do tratamento] i Gabriela! Voct pode falar agora? Estou muito ansiosa e quase me cor ci novamente, por iso resolvi ligar como combinamos. Ts: Old Anat! Fico feliz que vocé tenha me ligado para obter ajuda ao in- és de se cortar como acontecia antes, A Pratica das Intervengées Psicoterapicas 409 © comportamento descjado (ligar para o terapeuta em vez de se automutilar) é reforgado pela resposta receptiva e afetiva da erapeuta, Assim, a cada movimento da paciente em diresio a0 comportamento desejado, a terapeuta vai scletivamente reforgando os comportamentos-alvo desejados ¢ extinguindo aqueles que fo- rem indesejados Andlise em cadeia Consiste numa anilise detalhada, passo a passo, de um compor- tamento que é alvo da terapia, ¢ é a primeira marcha em ditesio da solugio de problemas, uma vez que antes de tomar medidas para solu- cionar algo se deve conhecer bem a questéo (Linehan, 2010). A Figu- ra 14.1 apresenta um exemplo de andlise em cadeia. Ga econo por telefne, OLSENEAREANTE| porque secs ea com Faroe beer peas vee com eis ean taal va =. ‘epee uma glee mas CE Figura 14.1 Analise em cadeia. 410 Terapia Comportamental Dialética Andlise de elos perdidos (missing links) A anilise de mising links é realizada em cima da anilise em ca deia visando encontrar aqueles comportamentos que poderiam ou de- veriam ter acontecido, mas que nio ocorreram. Podemos dizer que esta anilise é destinada aos comportamentos faltantes e que, ¢as0 ti- vessem ovortido, 0 desfecho final apresentado na andlise em cadeia poderia ter sido diferente (Linchan, 2010). Andlise das solugdes Encoraja o paciente a ter papel ativo na solugio dos problemas da Vida e fortalece a capacidade de generalizagio do que é aprendido na tera- pia (Linchan, 2010). Com pacientes propensos a maior desregulacio emocional, 0 terapeuta deve ter um papel mais ativo, ensinando e mode- Jando a resolver problemas, sempre dentro da perspectiva do paciente, Ts Parece que descrevemos toda a situagéo ¢ as emogées ¢ pensamentos dessa crise na andlive que fizemos (ver Figura 14.1). Vamos pensar juntas em como as coisas poderiam ser feitas de ousra maneira em cada passo que levou voce a se cortar. A: Sério? Acho que néo consigo fazer diferente. T: Sério sim! E muito importante porque sabemos que ese tipo de cosa pode vir a acontecer de novo, ¢€ melbor estar preparada. Vamos ld, eu ajude Automonitorizacao: Cartio diario e aplicativo Impulse DBT A automonitorizagio é essencial na DBT (Linehan, 2010). As- sim, o cartio didtio utilizado diariamente para monitorar e registrar todos os alvos primarios de tratamento, ¢ também a utilizagio das ha- bilidades da DBT. A seguis, uma versio simplificada e pritica de um cartio preenchido, sendo que outros mais completos (e complexos!) podem ser encontrados (Koerner, 2012; Linehan, 2010). A Figura 14.2 apresenta um exemplo do cartio didtio preenchido pela paciente, A Pratica das Intervengées Psicoterdpicas 411 EMOGOES E COMPORTAMENTOS DA SEMANA, ena [RRB [are Taras TRE SOT as [ara Torna ORE Figura 14.2 Cartao didrio.* ‘Dispanivel em worwsinopeysedicora.com brlinterpaform 412_Terapia Comport mental Dialética ANOTACOES DA SEMANA Segunda Trea Quarta Quinta ‘Sébado Figura 14.2 Cartio dirio (continuacao). APratica das Intervengées Psicoterapicas 413 ‘Outro recurso que também pode ser utilizado com o intuito de monitorar 0s comportamentos-alvo que o paciente apresenta, canto aqueles que oferceem risco a vida quanto a qualidade de vida, € o apli- cativo Impulse DBT. Tal recurso pode ser baixado nas lojas virvuais de aplicativos para smartphones. Dentre as vantagens encontradas no uso do aplicativo esté a facilidade de poder acessiclo pelo celular (olhamos para o cclular 10 vezes por hora) ¢ a possibilidade de enviar o relatério direco para o e-mail do terapeuta se isso for descjado. A seguir algu- mas imagens ilustrativas da versio atual do apli Aplicative tivo. impulse DBT + oh 8 + 8 Figura 14.3 Aplicativo Impulse DBT. 416 Terapia Comportamental Dialética Relatério para o terapeuta por e-mail Figura 14.3 Aplicativo Impulse DBT (continuagéo). Manejo de contingéncias ‘A contingéncia refere-se a uma rclagio entre dois eventos, onde 2 ocorréncia de um torna o outro mais provivel (Pederson & Peder- son, 2012). Na DBT, estes procedimentos se baseiam no fato de que as consequéncias de um comportamento afetario a probabilidade da pessoa adotar esse comportamento novamente. Neste sentido, duas regtas sio muito importantes: Apr ica das Intervengées Psicoterdpicas 415 + Regra das 24h — O paciente nio pode entrar em contato com 6 terapeuta por 24 horas apés a ovorzéncia de algum comporta- mento-alvo de mudanga (p. ex., autolesio) (Linehan, 2010). O objetivo é 0 de nio reforsar © comportamento com a atengio do terapeuta. © paciente deve entrar em contato antes de se machucar ¢ no apés, Se 0 paciente ligar, o terapeuta deve re- lembrar a regra das 24 horas com cle e orienté-lo a buscar um servigo de emergéncia, se for o caso. Contatos jé agendados pre viamente devem ser mantidos. A. [no telefone, chorosa): Eivou mal. Tive uma briga horrivel com meu namorado, ele ameagou terminar tudo, Eu bebi, wei cocaina e cortei todo 2 meu brago agora {texsa-feital. Teria como antecipar minka sessio? Ts Os cortes foram muito fundos? Acha que precisa dar pontos ou ir ao pronto socorra? Se néo, limpa bem ¢ nos vemos na tua sesséo de sexta de ‘manhé, como haviamos combinad + Regra das quatro faltas - A falta a quatro consultas consecu- tivas, seja de terapia individual, seja de grupo de habilidades resulta na suspensio do atendimento por um perfodo deter- minado (Linehan, 2010). Apés esse perfodo, previamente contratado, o paciente poder retornar A terapia se assim dese- jar. Tal combinagio visa nao reforgar a falta de comprometi- mento com o tratamento, A. [20 telefon}: Ot, tudo bem? Quando podemos marcar uma consulta? No mesmo hondrio de sempre? T, [ao telefone|: Oi Ana, vocd quer retornar para a terapia, mas faltow ‘quatro sessiesseguidas sem fazer nenhum contato, Lembra que combina ‘mos que se iso ocorveseiriamos dar um tempo na terapia ¢ combinamos que seriam dois meses, Depois disso podemos retomar se vocé desejar. Este tipo de consequéncia aversiva utilizado apenas naqueles casos em que a falta de comprometimento com o tratamento é um dos problemas principais do paciente ¢ devem ser evitadas se 0 tera- peuta nio esté seguro da sua utilizagio (Koerner, 2012) 416 Terapia Comportamental Dialética ESTRATEGIAS DE VALIDACAO ‘As estratégias de validagio enfatizam a accitasio ¢ se caracteri- zam por empatia ¢ comunicagéo de que a visio do paciente tem al- gum aspecto vilido, tendo em vista o contexto de vida dele (Koerner, 2012). A validasio pode ocorrer em diferentes niveis ¢ a diretriz. geral é a de validar sempre o que deve ser validado no maior nivel possivel ¢ invalidar o invilido. Nivel 1 - Ouvir com total atengéo, estar desperto ¢ consciente Ana faz 0 relato da separagéo de seus pais na infrncia¢ de como foi eres cer sé com a mae, como procurou o pai jé adulta quando estava doente O rerapeuta ouve atentamente, mostrando com linguagem corporal que

Você também pode gostar