Livro Devocional 21 Dias

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

PREFÁCIO

Graça e paz amados irmãos da família IEM!

Estamos vivendo um novo tempo em nossa denominação pois chegamos à fase


de amadurecimento. 2017 é o ano do nosso jubileu de prata, estamos completando 25
anos de existência. Aleluia! “Pois até aqui nos ajudou o Senhor”, porém ainda precisamos
avançar pois temos muita terra por possuir.

Diante dos grandes desafios que estão a nossa frente a partir de agora
precisamos mais do que nunca estarmos alinhados como denominação numa só visão
e propósito, e por este motivo vamos começar o ano de 2017 com uma campanha de
jejum e oração com o tema: “21 DIAS DE JEJUM E ORAÇÃO PARA ENTENDER SEU
LUGAR NA VISÃO”, baseado no livro “O TEMPLO O SACERDOTE E O SACRIFÍCIO”,
escrito pelo Pastor Aluízio Silva (Editora Videira), o qual todos os membros devem ler os
capítulos diariamente para que possam entender a visão celular e sermos de fato uma
só igreja onde todos falem a mesma língua e tenham os mesmos objetivos de sermos
uma igreja apaixonada por Jesus e por almas.

Que Deus abençoe você.

Pr. Eronildo Ramos

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Primeiro Dia
Revelação, Visão e realidade

Vamos começar hoje a nossa caminhada para reafirmarmos a prática da visão de células
na vida da Igreja. Já estamos praticando essa visão por 3 anos na PIEM e temos
experimentado crescimento, vida abundante e uma sólida edificação da Casa de Deus.
Mas ainda precisamos avançar mais.

Não é simples trazermos para a nossa prática aquilo que já sabemos em nossa mente.
Frequentemente professamos crer de uma forma, mas agimos de forma contraditória
sem nem mesmo nos darmos conta disso. Creio que temos a revelação do Senhor sobre
a sua casa, mas precisamos de espírito de sabedoria para a colocarmos em prática.

Não é por acaso que a única oração de Paulo em suas epístolas é para que os crentes
recebessem espírito de revelação e sabedoria, Efésios 1:16-17.

Paulo nunca orou para que as igrejas crescessem. Será que o crescimento não era algo
importante para ele? Eu creio que sim. Penso que ele nunca orou por crescimento porque
ele sabia que o crescimento seria o resultado natural de uma igreja cheia de revelação
e sabedoria.

Essa também tem sido a nossa oração nesses dias. Precisamos aprender a aplicar as
verdades da visão em cada aspecto de nossa vida. Precisamos abandonar toda
contradição.

No processo de Deus de trazer a sua verdade para a nossa experiência passamos por
três fases: a revelação, a visão e a realidade. Podemos perceber esta sequência na
experiência de Pedro em Mateus 16 e 17. Num primeiro momento ele teve a revelação
de que Jesus era o Filho de Deus, depois ele subiu com Jesus no monte e pode ter a
visão. A visão seguiu a revelação. Mas mesmo depois de termos a visão podemos falhar
na aplicação, na realidade, como vemos a falha de Pedro na questão do pagamento do
imposto.

Esta sequência da experiência se aplica a qualquer verdade espiritual, mas pode ser
particularmente perceptível no processo de estabelecimento da visão de células. Vamos
ver cada momento da experiência de Pedro a aplicá-la à visão que temos praticado.

Revelação - Mateus 16:13 a 17

O primeiro estágio da experiência de Pedro foi a revelação. O povo dizia que Jesus era
Jeremias, João Batista ou algum dos profetas, mas Pedro recebeu a revelação: “Ele é o
filho do Deus vivo”. Foi Jesus mesmo quem disse: “Bem-aventurado és, Simão Barjonas,
porque não foi carne e sangue que te revelou, mas meu Pai, que está nos céus.”

A primeira fase é sempre a revelação. Revelação é simplesmente ter algo desvendado


diante de nossos olhos, antes não víamos, éramos cegos, mas agora vemos claramente.
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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Este é o primeiro estágio de qualquer propósito ou chamado. Muitos nem sequer


pensavam a respeito da visão de células, mas houve um dia em que ouvimos algo, uma
pregação um testemunho e aquilo tornou-se claro para nós.

Depois de ter a revelação Pedro mudou de nome, de identidade, é como se a partir de


agora ele fosse outra pessoa. Antes era apenas Simão, mas agora seria chamado de
Pedro. Creio que o mesmo tem acontecido com muitos de nós. A revelação da visão de
células tem mudado nossa identidade, somos vistos e conhecidos de outra forma, e as
pessoas até mesmo se referem a nós como aqueles que seguem uma visão.

Mas a revelação somente não é suficiente. A mudança de Pedro não foi tão profunda
quanto se esperava. Logo depois da revelação tremenda de Jesus como Filho de Deus
Pedro foi severamente repreendido por Jesus. O Senhor chegou mesmo a repreender o
diabo em Pedro. Ele sabia quem Jesus era, mas não entendia as implicações desta
revelação (V. 21).

Muitos têm tido a revelação das células, mas não entendem as implicações práticas de
tal revelação. Entenderam o princípio, mas desconhecem os valores desta revelação.
Receberam a revelação da realidade da vida da Igreja nas células, mas ficam chocados
quando percebem que a distância entre esta revelação e a prática é quase astronômica.

Se tivermos fé e ousadia suficiente poderemos entrar no segundo estágio, a visão.

Visão

É interessante que mesmo recebendo uma repreensão tão severa do Senhor Pedro
ainda foi convidado para ter uma experiência no monte e ter o estágio seguinte da
revelação: a visão.

Seis dias depois de receber a revelação Pedro foi levado a um alto monte e ali o Senhor
foi transfigurado diante dele. Antes ele recebera a revelação, mas agora ele podia ver
com os próprios olhos que de fato Jesus era o filho de Deus. Mateus 17:1e 5

A visão vem sempre depois da revelação. Quando temos visão sem revelação ela é
apenas uma experiência mística.

Quando temos a visão a sensação é como a que os discípulos tiveram, ficamos


completamente extasiados. É comum ouvirmos pessoas dizendo: “nunca pensei que os
grupos eram algo tão bom!” “Como é possível eu ter vivido todos esses anos sem a visão
da igreja nas casas?”, dizem muitos. A visão é empolgante, é contagiante.

A revelação pode ser algo ainda meio distante e embaçado, mas a visão é nítida, prática
e operacional. A revelação é subjetiva, mas a visão é mais nítida e objetiva. Pedro tinha
tido o entendimento de que Jesus era o filho de Deus alguns dias antes, mas agora no
monte ele está vendo Jesus transfigurado em glória diante de seus próprios olhos
atônitos.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Mas a história não termina aqui. Vendo Elias, Moisés e o próprio Senhor em glória, Pedro
sugeriu que se fizesse três tendas, mas ele é interrompido pelo próprio Deus Pai que
troveja do meio da nuvem dizendo: “este é meu Filho amado em quem tenho todo o
prazer”.

Pedro havia recebido tudo o que seria possível receber. Primeiro ele recebeu a
revelação, depois teve a visão e agora ouviu o próprio Deus lhe dizendo que Jesus era
seu filho. Isto é o máximo que alguém pode receber de instrução.

Realidade

Depois de cada experiência vem o trabalho de Deus em nós com o fim de consolidar
essa experiência em nossa prática de vida.

No capítulo 16 Pedro teve a revelação que Cristo é o Filho do Deus vivo, seis dias depois
ele teve a visão de Cristo glorificado no monte, e ainda ouviu a própria declaração de
Deus de que Jesus era o seu filho. Daquela hora em diante Pedro não podia dizer que
não sabia quem era Cristo, ele tinha tido a revelação e a visão.

O problema é que mesmo depois de ter uma revelação seguida de uma visão ainda
podemos ter uma imensa dificuldade de fazer uma aplicação prática. Alguns, por
exemplo, já têm a revelação do princípio da cruz, já receberam luz de Deus, mas quantos
conseguem aplicar o princípio da cruz em seu relacionamento conjugal? Muitos têm tido
a revelação e até a visão das células, mas quantos têm conseguido aplicá-las na prática?

Numa ocasião aconselhava um casal que tinha tido um sério conflito conjugal. O marido
tinha chegado ao ponto de empurrar agressivamente a sua esposa. Eu então lhe disse:
“Como você teve coragem de agredir a Cristo? Ele, meio encabulado disse que não
entendia o que eu queria dizer. Então lhe expliquei que a sua esposa era membro do
corpo de Cristo e que agredí-la era o mesmo que agredir ao próprio Cristo. Ele
certamente sabia doutrinariamente que a sua esposa era membro do corpo, mas ele não
conseguia aplicar aquele conhecimento à sua prática.

Foi exatamente isso o que aconteceu com Pedro. No final do capítulo ele foi questionado
pelos cobradores de impostos se Cristo pagava o imposto das duas dracmas, Pedro
respondeu precipitadamente segundo o seu conceito natural e não segundo a sua
revelação e visão. Ele não conseguiu fazer uma ponte entre a visão a exigência da
situação prática. Ele não conseguia enxergar a ligação entre Cristo ser o Filho de Deus
e a necessidade de pagar o imposto do templo. Mt. 17:24 a 25

O imposto das duas dracmas era um imposto para manter o templo (Ex. 30:12-16 e
38:26). Se Pedro tivesse se lembrado da revelação, da visão no monte e até da voz do
Pai dizendo que Jesus era o filho amado não teria respondido assim, mas ele respondeu
segundo o seu conceito natural. Mateus 17:25-27.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Penso que é para que Pedro pudesse ter tempo de meditar em todas as implicações de
se conhecer a Cristo como filho de Deus. Ele de fato teve a revelação e a visão, mas não
conseguia aplicar tudo isso na sua vida prática.

Uma coisa que precisamos aprender nesses dias é andar de acordo com a revelação e
a visão recebida. Precisamos aprender a aplicar a revelação e a visão a todas as áreas
de nossas vidas. Em qual estágio você se encontra hoje? Se ainda não teve a revelação
das células essa mensagem deve estar parecendo algo distante e incompreensível. Não
fique assustado, vá buscar a Deus e ele vai abrir os seus olhos.

O conhecimento precisa vir junto com a sabedoria

Conhecimento é saber a verdade. A sabedoria é saber como aplicá-la. Conhecimento é


saber que o tomate é uma fruta, mas sabedoria é não colocá-lo em sua salada de frutas.

O conhecimento é extremamente importante. O que acreditamos tem uma influência


enorme sobre a nossa vida, e o que acreditamos, em última análise vem do que nós
conhecemos. Mas nós nunca deveríamos parar apenas no conhecimento. Precisamos
avançar e aprender como aplicar essa verdade. Este é passo da sabedoria.

Muitos se contentam em acumular informações. Isso é conhecimento. Mas poucos


sabem o que fazer com o conhecimento adquirido. Eu não quero apenas ter
conhecimento, eu quero saber como aplicar esse conhecimento na minha vida. Este é
o momento onde a sabedoria torna-se necessária.

Pode ser que você já tenha a revelação. Você compreendeu a importância e a


necessidade das células, mas ainda precisa ter os olhos abertos para ser incendiado
com uma visão celestial. Algo que faça você desejar armar tendas e viver nessa visão.

Mas depois da revelação e da visão vem o estágio mais difícil, entrar na realidade da
visão. É o momento em que a maioria falha. Pare agora mesmo e pergunte a si mesmo:
como essa visão vai afetar cada aspecto da minha vida e da minha igreja? Se você
conseguir responder esta pergunta você estará no caminho de ser aprovado e entrar na
realidade da visão de Deus.

Oração: peça a Deus que lhe abra os olhos espirituais para compreender que células é
uma visão Dele.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Segundo Dia
A revolução dos que tem um talento

Na parábola dos talentos o Senhor Jesus deixou claro que na vida da Igreja existem três
tipos de crentes: os que receberam 5 talentos, os que receberam dois e aqueles que
receberam apenas um talento.

O nosso conceito natural é que a igreja será forte se ela possuir muitos membros de
cinco talentos. Assim quando encontramos uma igreja local viva e vibrante sempre
pensamos que se trata de um povo talentoso. Mas talvez não seja bem assim. O
crescimento vitorioso da Igreja ou a sua apatia não depende dos que receberam cinco
ou dois talentos. A responsabilidade total está sobre os que receberam um talento.

De geração em geração todas as dificuldades se encontram não com os de cinco


talentos, mas com os de um. A vida da igreja é arruinada quando os de um talento
enterram o seu talento. Mas uma verdadeira revolução acontece quando os de um
talento decidem desenterrar o seu talento. A revelação acontece quando acreditamos no
potencial dos de um talento e os levamos a funcionar plenamente no corpo.

Um aspecto fundamental de nossa visão é o entendimento de que cada crente é um


ministro. Cada de um de nós é importante e útil na edificação da casa de Deus. O
problema é que a maioria dos crentes está na categoria daqueles que receberam apenas
um talento. Não são grandes pregadores ou líderes extraordinários, mas são apenas
gente de um talento que, na maioria do tempo, nem está disposta a usá-lo.

Num ambiente assim parece muito difícil aplicar a visão de que cada um deve ser um
ministro. Nossa tendência é nos concentrar nos mais talentosos e deixar de lado aqueles
que parecem não responder adequadamente. Mas o corpo de Cristo somente pode
funcionar se os membros de um talento forem ativados.

O que significa enterrar o talento?

Enterrar o talento significa se omitir e não cooperar para a edificação da Igreja. Existem
muitas razões que os servos de um talento apresentam como justificativa para
enterrarem o talento. A desculpa mais comum é que eles possuem apenas um talento
insignificante que não fará nenhuma falta para o corpo da igreja. Há aqueles que se
sentem constrangidos e intimidados diante de outros mais talentosos que se destacam.
Muitos se justificam dizendo que nunca têm oportunidade numa igreja que valoriza
apenas os de cinco talentos.

Independente das desculpas, precisamos reconhecer que enterrar o talento é um sério


problema espiritual. Aquele que enterra o talento não prejudica apenas a si mesmo, mas
afeta todo o corpo.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

a. Enterrar é sinal de morte

Tudo o que é morto é enterrado. Quando a Igreja se torna um grande cemitério de dons,
talentos e habilidades, então a igreja se enche de morte.

O peso de morte vem sobre a Igreja quando os de um talento se enterram no mundo. O


problema é que os de cinco talento acabam levando todo o peso. Poucos têm a exata
percepção de como é pesado um ambiente de morte.

Aqueles que ministram a palavra sabem o quanto é difícil pregar numa igreja cheia de
morte. Algumas vezes pensamos que a morte é por causa da falta de oração e é verdade.
Mas o ambiente de vida não depende somente do quanto o líder ora, mas de quantos
membros do corpo estão orando. Quando temos muitos membros orando temos o corpo
funcionando e quanto mais vivo é o corpo, mais os membros funcionam de forma
saudável. E quanto mais os membros funcionam maior é o ambiente de vida.

b. Enterrar é sinal de mundanismo

Claramente se enterrar é se integrar com essa terra caída e debaixo de maldição.

Se aqueles que enterram o talento trazem a carnalidade para a vida da Igreja, como
proceder? Devemos aprender a equilibrar dons e autoridade. Com relação ao dom
precisamos dizer aos de um talento que eles devem exercitar seu dom, mas se o fazem
de forma carnal precisamos exercer autoridade para dizer que não permitimos tal coisa
na vida da Igreja.

Quando falamos isso normalmente eles voltam, enterram seu talento novamente e ficam
passivos em casa. Então devemos mostrar-lhe que se ele enterra o talento terá
problemas com o Senhor, mas mesmo assim a carnalidade não será permitida.

c. Enterrar é sinal de apatia

Precisamos dizer aos de um talento que o lenço serve para limpar o suor e não para
embrulhar o talento. Creio que a apatia é um sinal de preguiça. Infelizmente muitos
acham trabalhoso demais o serviço na Casa de Deus.

Em Lucas 19 servo infiel entregou a mina ao seu senhor embrulhada num lenço. “Veio,
então, outro, dizendo: Eis aqui, senhor, a tua mina, que eu guardei embrulhada num
lenço (Lucas 19:20).

d. Enterrar é sinal de rebeldia

Na parábola dos talentos em Mateus 25 o servo infiel disse que tinha enterrado o talento
porque sabia que o seu Senhor era severo.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Normalmente as pessoas que enterram o talento justificam-se dizendo que a igreja ou a


liderança é muito exigente e severa. Dizem que não conseguem corresponder às
expectativas por isso enterram o talento.

Chegando, por fim, o que recebera um talento, disse: Senhor, sabendo que és homem
severo, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste, receoso, escondi
na terra o teu talento; aqui tens o que é teu. Mt. 25:24-25

Precisamos mudar a nossa abordagem, nós temos receio de algumas coisas. Primeiro
temos receio de que os de um talento façam o trabalho com uma qualidade ruim. Mas
devemos trabalhar para treiná-los, mas ainda assim precisamos ter paciência.

O segundo problema é que consideramos que aqueles de um talento são carnais. Para
resolver isso precisamos entender que há dois caminhos que devem ser guardados na
igreja todo o tempo: o caminho da função ou dom e o caminho da autoridade. O que
devemos fazer se os de um talento se levantarem para desenvolverem o seu talento na
carne? A carne precisa ser tratada e a maneira como tratamos com a carne é usando de
autoridade.

Os de um talento devem usar seu dom, mas se o fizerem de maneira carnal, então devem
ser tratados com autoridade.

Pode ser que você peça para um irmão de um talento ficar responsável pelo lanche na
célula. Mas em vez de fazer isso com amor e boa vontade ele se torna excessivamente
duro e indelicado com os irmãos. Se um irmão traz a carne para o trabalho na igreja
precisamos dizer-lhe que não permitiremos aquela atitude errada. Mas quando você
decide corrigi-lo ele imediatamente se recolhe, volta para a sua casa e se recusa a fazer
o serviço na igreja. Precisamos ter paciência. Não podemos desistir do corpo de Cristo.
Devemos visitá-lo e mostrar-lhe que ficar em casa não resolve o problema. Depois de
insistir ele provavelmente voltará para a célula, e possivelmente ainda continuará agindo
na carne, mas mesmo assim nós continuamos ensinando e mostrando que ele deve fazer
o serviço, mas não toleraremos que ele o faça na carne.

Lembre-se que o fato de alguém enterrar o seu talento já demonstra que ele é carnal.
Todo membro de um talento é também carnal. Quando ativamos esse membro
precisamos ficar atentos porque vai levantar junto com ele. Nós tratamos com a carne,
mas não rejeitamos o membro de um talento. Nós precisamos ativar os de um talento
para que o corpo possa funcionar. Trabalhar na carne é ruim, mas enterrar o talento é
ainda pior.

A glória da Igreja é a plenitude dos membros funcionando. A multiforme ação do corpo


tendo cada membro funcionando de forma harmoniosa traz a glória do céu como selo.
Se cada membro exercer o ministério, então teremos o corpo e a manifestação da glória
da Igreja. Se desistimos dos de um talento, vamos desistir da maior parte dos membros
do corpo. Se colocamos de lado a maior parte da igreja não podemos esperar a
realização de uma grande obra. Precisamos dedicar toda a nossa força e todo o nosso
empenho para levar cada membro a funcionar.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

O grande desafio
Baseados na Parábola dos talentos podemos dizer que não há ninguém na igreja com
mais de cinco talentos, por outro lado não há ninguém com menos de um talento.
Qualquer filho de Deus, até aquele em pior condição espiritual, possui pelo menos um
talento. Não existem membros inúteis no corpo.

Essa geração somente será conquistada se os de um talento se levantarem. Essa


geração somente será conquistada se levarmos todo o corpo a funcionar. Nosso trabalho
é ativar o corpo.

Só podemos dizer que a igreja acontece de forma prática quando os de um talento saem
para negociá-lo. Só há corpo quando cada membro funciona. Quando um membro
funciona por cinco, temos aí uma aberração e não um corpo.

Não podemos nos acomodar trabalhando apenas com os de cinco talentos. Esses são
os que mais rapidamente respondem aos desafios da Igreja e mais prontamente se
dispõem ao trabalho. Os de cinco talentos não exigem muito da liderança para serem
motivados. O desafio do líder são os de um talento, se ele falhar em levantá-los a sua
liderança terá fracassado. Se a igreja falhar em ativar os de um talento então terá
fracassado na sua missão de edificar o corpo.

O encargo apropriado nas células envolve a nossa capacidade de fazer com que os de
um talento funcionem. Precisamos ter esse encargo porque praticamente todos os
problemas da igreja vêm dos de um talento. Por causa disso muitos desistem de
trabalhar com esses irmãos. Simplesmente nos dedicamos a aqueles que mais
respondem. Essa é a maneira do mundo trabalhar, mas não é a maneira do reino de
Deus.

Nunca meneie a cabeça dizendo que tal irmão é inútil. Se disser que esse ou aquele
irmão é inútil, então você está acabando com a vida da Igreja.

Se você não é capaz de usar os de um talento, isso prova que você ainda não está
qualificado para ser um líder no corpo de Cristo. É preciso usar todos os irmãos e irmãs,
mesmo os que parecem inúteis. Precisamos descobrir uma forma de envolvê-los.
Devemos avaliar seu dom e usá-lo nem que seja para uma atividade bem simples.

Um amigo meu contou-me que anos atrás havia um irmão deficiente em sua igreja.
Sendo deficiente ninguém lhe pedia para fazer coisa alguma na Igreja. Ele se sentia
excluído. Acontecia que aos domingos o pastor tinha o costume de fazer um breve culto
de evangelismo numa praça em frente ao prédio da Igreja. Num desses domingos
aconteceu de aparecer muita gente e a caixa de som não era suficiente. O pastor pediu
para que alguém arrumasse o cavalete para que pudessem colocar a caixa em cima e
assim o som propagaria mais facilmente. Aquele garoto percebendo a necessidade
imediatamente pegou a caixa de som e a segurou nas costas durante toda a reunião.
Enquanto o pastor pregava ele começou a chorar e as pessoas pensavam que ele estava
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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

sofrendo com peso da caixa, mas ele não permitiu que ninguém pegasse a caixa de som.
No final o pastor foi ter com ele e lhe perguntou porque não tinha deixado ninguém pegar
a caixa se ele estava chorando enquanto a segurava. A resposta dele foi comovente. Ele
disse: “eu não estava chorando de dor, mas chorava porque finalmente descobri a minha
função na igreja”. Tem de haver um lugar para todos.

Lembre-se sempre que não existe servo que não tenha recebido pelo menos um talento.
Na Casa de Deus ninguém pode desculpar-se dizendo que não recebeu talento algum.
Todos os filhos são servos. Se são membros do corpo então possuem um dom.

Aquele líder que pensa que há alguém a quem o Senhor não possa usar, de fato não
sabe nada a respeito da graça de Deus. Somos o que somos pela graça, temos o que
temos pela graça e somos usados pela graça.

Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se
tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça
de Deus comigo. I Coríntios 15:10

É verdade que alguns são colunas e carregam mais peso que os demais. No entanto o
que importa não é quanto peso você suporta, mas quantos de um talento você consegue
levantar para trabalhar.

Se você é o único que está ocupado durante todo o tempo, isso não é igreja. Mas se
você fica ocupado durante todo o tempo e também consegue fazer com que os de um
talento também trabalhem, então teremos ali a igreja.

Martas e Marias

Nem sempre são os de um talento que querem se omitir, muitas vezes nós mesmos não
acreditamos neles. Precisamos permitir que façam conforme sua capacidade limitada.
Precisamos ter paciência para esperar que aprendam. Talvez nunca façam com a
excelência que gostaríamos, mas não podemos impedi-los de usarem o seu talento.

Também devemos ter cuidado para não rotular o membro como alguém que não tem
jeito. Devemos usar de todos os meios para envolver o membro de um talento.

Nem sempre os de um talento estarão aptos para as funções que mais precisamos na
Igreja. Normalmente eles se recusam a liderar, mas não devemos desistir deles. Há
muitas outras formas como eles podem cooperar com o trabalho. Sei que a nossa visão
é que todo crente pode liderar, mas infelizmente nem todos se disporão a isso. Em vez
de rotulá-los e desistir deles, devemos envolvê-los naqueles serviços que eles podem
fazer sem precisar de muito treinamento.

Eu tenho dito muitas vezes no passado que na vida da Igreja a coisa mais importante é
gerar filhos e não fazer coisas. E isso está correto, no entanto fazer coisas ainda continua

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

sendo necessário. Em João 12 e Marcos 14 temos um quadro da casa de Deus. Ali há a


presença de Jesus e precisamos de Marta e de Maria, de Lázaro e de Simão o leproso.

Maria aponta para a intimidade e a ministração, mas Marta simboliza o serviço diaconal.
Maria aponta para o sacerdócio, mas Marta nos fala do trabalho dos levitas.

No ministério de Jesus os discípulos tinham de agir como Marta e Maria. Na maior parte
do tempo eles ministravam às pessoas, mas também tinham que se envolver na
organização.

Você deve se lembrar quando o Senhor multiplicou os pães. Naquele dia houve a
necessidade de os discípulos distribuírem os pães e depois recolherem doze cestos
cheios num ocasião e sete cestos noutra. Sem aquele trabalho de logística, o milagre da
multiplicação não teria alcançado as pessoas.

Numa outra ocasião, quando o Senhor estava diante do poço de Sicar em Samaria, ele
mandou que seus discípulos fossem comprar alimento (João 4:8). Não sei porque foram
necessários doze para fazer isso, mas certamente podemos presumir um escolheu o
produto, o outro negociou, havia o responsável pelo pagamento e certamente muitos
carregaram. Há muito trabalho natural para ser feito na vida da Igreja. Creio que os de
um talento devem ser envolvidos nessas atividades.

Em Lucas 22:8 o Senhor mandou Pedro e João prepararem o lugar para a ceia da
Páscoa. Veja bem que a páscoa era o ponto mais importante, a última ceia era o alvo do
Senhor, mas se não tivessem arrumado a sala nada disso teria acontecido. Depois em
Atos 6 foi necessário levantar diáconos para servirem às mesas.

Todos os irmãos devem participar do serviço espiritual e também do serviço prático.


Todos devem ser Maria e Marta ao mesmo tempo. Mas possivelmente os de um talento
serão mais como Marta.

A missão é ativar o Corpo

O mundo será ganho pelo corpo, não apenas pelos membros mais talentosos. As portas
do inferno não resistem o corpo, mas elas resistem quando apenas alguns membros
talentosos se levantam.

Não pense que o fato de termos muitos crentes num local ali temos a igreja. Somente o
corpo de Cristo é a igreja, e o corpo depende do funcionamento de todos os membros.
A igreja é simplesmente todos os de um talento servindo.

Essa é a revolução que veremos nesses dias. Não devemos depositar toda a ênfase
sobre os mais talentosos. Essa é a estratégia do mundo, não a de Deus. A ênfase de
Deus está sobre aqueles que para os homens não possuem valor algum, sobre os que
possuem apenas um talento.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

No mundo a visão é escolher os mais talentosos, os mais habilidosos e capazes. No


mundo a visão é escolher apenas aqueles com quem nos identificamos. No mundo a
visão é descobrir o talento escondido, mas na Igreja a visão é desenterrar o talento.

No dia em que todos os de um talento se levantarem então veremos que o corpo de


Cristo está entre nós, teremos a realidade da vida da Igreja.

Todo o nosso problema hoje é que temos procurado os de cinco e os de dois talentos.
Fazemos treinamento especial para eles e nos esquecemos dos de um talento. Os de
cinco e dois talentos não precisam muito da nossa liderança, mas os de um talento são
realmente difíceis de lidar. Constantemente eles querem retroceder e enterrar o talento
novamente.

A igreja não é uma questão de ter um trabalho realizado, mas é uma questão de ativar
todos os membros de um talento. Não devemos pensar que uma vez que o trabalho está
sendo feito tudo estará bem. Não é assim. O nosso trabalho é levar o corpo a funcionar.

Temos a missão de ganhar a nossa geração e pensamos que uma vez que a missão
está sendo feita não importa se muitos ou poucos estão trabalhando. Mas isso é um
engano. O alvo é ativar o Corpo.

A visão natural é usar a televisão para ganhar o país num dia, a visão de Deus é que a
obra deve ser feita através do corpo. Não creio em mídias, creio no corpo. Não sou contra
usar as mídias, sou a favor de ativar o corpo.

Hoje se pudermos fazer uma escolha talvez separemos um pequeno grupo para servir,
mas o Senhor diz que todos são servos. Se o Senhor assim decretou, então devemos
permitir que eles sirvam.

Hoje temos diante de nós a visão de Deus para produzir uma revolução. Que tipo de
obra estamos fazendo? Há somente alguns que trabalham? Há vários líderes talentosos
que fazem todo o trabalho? E todos os servos do Senhor tem um lugar nele? Nisso está
o segredo do sucesso do propósito divino. Se não pudermos resolver isso, não teremos
a igreja de forma vida e prática.

O corpo de Cristo não é uma doutrina, é algo vivo. Somente quando cada membro
funciona é que temos o Corpo de Cristo. Somente onde há um corpo é que temos a
igreja.

No passado abandonamos o sistema clerical, mas podemos voltar para práticas antigas
se focamos a nossa atenção num pequeno grupo talentoso que funciona no lugar de
toda a Igreja. Restabelecemos o clericalismo quando apenas alguns cuidam do serviço
que deveria ser de todos.

Não adianta apenas pregar sobre o corpo, precisamos permitir que ele se expresse e
demonstre as suas funções. Não precisamos ter receio. Uma vez que é o corpo de Cristo
as unções aparecerão. Se de fato é o corpo de Cristo devemos acreditar que ele pode
funcionar.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Não devemos fazer o trabalho do Senhor tentando substituir os membros, fazendo o


trabalho no lugar deles. Preciso dizer que o trabalho prioritário é levar o Corpo a
funcionar. Uma vez que o corpo funcione facilmente podemos ganhar a nossa geração.

Não use os de cinco talentos para abafar os de dois e nem use os de dois para abafar
os de um talento. Se você age assim você não é de fato um servo do Senhor. Faça com
que todos sirvam. Quando aqueles que você julga inúteis começarem a servir, a igreja
gloriosa aparecerá. A obra do mundo é feita com os mais talentosos, mas a obra da
Igreja é feita com todo o corpo. A obra de Deus é feita com os de um talento.

É muito bom termos muitos como Paulo e Pedro, mas devemos admitir que eles são bem
poucos. No mundo todo a igreja está cheia de irmãos e irmãs que possuem um talento.
O que faremos com tais pessoas? Onde vamos colocá-las? Quando o nosso ego for
tratado, então acharemos um meio de envolver a todos os de um talento.

Tenho descoberto no Senhor que na igreja não podemos usar um irmão por considerá-
lo útil e deixar outro de lado por considerá-lo inútil. No corpo não pode haver membro
algum colocado de lado. Todos os que pertencem ao Senhor são membros do corpo.
Todos precisam funcionar.

Hoje quando olhamos ao derredor ficamos perplexos nos perguntando: “onde está a
Igreja? ” Parece que não há uma expressão viva do corpo de Cristo na cidade. Isso
acontece porque não acreditamos de todo o coração que em uma igreja todos os
membros possam funcionar. Acredite em cada membro de todo o coração. Faça-o
trabalhar persuadindo-o por todos os meios possíveis. Não o substitua, não o despreze,
não o julgue intratável e desqualificado. Se Deus está em paz de chamá-los para ser
parte do corpo, você precisa estar em paz treinando-os para isso.

Ore para que Deus possa usar você para o louvor da sua glória mesmo que você só
tenha um talento.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Terceiro Dia
Precisamos ativar o corpo

O grande desafio e a maior missão de cada ministro é a edificação da Casa de Deus.


Mas essa edificação passa pela ativação de cada santo. Se somos um corpo devemos
ativar o membro paralisado; se somos uma casa precisamos levar cada servo a usar o
seu talento, se somos uma família devemos sair e buscar o filho pródigo.

A Palavra de Deus não nos fala de proporções, mas o bom senso e a experiência nos
mostram que os membros de cinco talentos são poucos. São realmente poucos os
membros do nosso corpo que são multiuso. A nossa boca é um bom exemplo de órgão
multiuso. Ela pode ser usada para comer, sorrir, assobiar, beijar, cantar e muito mais
coisas. É um membro com muitos talentos, mas a maior parte dos membros do corpo
possui apenas uma função. Os membros de dois talentos seriam uma grande proporção,
mas certamente a maioria dos membros possuem apenas um talento.

Se a maioria dos membros são os de um talento isso significa que a maior parte do nosso
tempo precisa ser investida neles. Se eles são maioria isso também significa que a
vitalidade ou a apatia de uma igreja depende deles.

O problema é que normalmente os membros de um talento não são muito ativos e


participantes, na verdade eles costumam mesmo enterrar o próprio talento. Isso produz
um problema, pois o nosso alvo é levar o corpo a funcionar.

O desafio é ativar cada membro

Todas as vezes na história em que o corpo de Cristo foi ativado, ali aconteceu uma
revolução, um mover do Espírito. O mover de Deus pode começar com um homem, mas
nunca fica restrito a ele. Deus levanta alguns para que eles sejam usados para levantar
o resto do corpo. Gostamos de ouvir a história de grandes homens do passado, mas eles
somente foram grandes por que foram capazes de mobilizar o corpo. O que os fez grande
não foi o tanto que fizeram, mas o quanto conseguiram levar outros a fazerem.

O maior desafio do líder é trabalhar para que o Corpo seja ativado. Precisamos ativar o
corpo porque muitos membros estão paralisados, muitos servos enterraram seu talento.

Nosso trabalho tem dois aspectos: ganhar essa geração e edificar o Corpo de Cristo.
Creio firmemente que se edificarmos o Corpo naturalmente a nossa geração será
conquistada. Quando o corpo está bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta,
segundo a justa cooperação de cada parte, ele efetua o seu próprio aumento para a
edificação de si mesmo em amor (Efésios 4:16).

Queremos fazer a obra de Deus mesmo que apenas uns poucos vencedores se
prontifiquem. Mas isso é um engano. O alvo não é apenas realizar uma obra, o alvo é
ativar o Corpo.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

O alvo primordial da célula não é realmente a multiplicação, mas é ser igreja, ser um
corpo. Evidentemente queremos e devemos nos multiplicar, mas ser igreja vem muito
antes. Quando somos igreja de maneira prática e saudável a multiplicação acontece de
forma espontânea.

Quando a célula é igreja não precisamos, por exemplo, falar muito sobre consolidação,
porque os novos convertidos serão espontaneamente envolvidos pelos irmãos na vida
do corpo. Quando somos família os filhos são naturalmente amados e supridos. Numa
família saudável os irmãos cuidam uns dos outros, do mesmo modo numa igreja
saudável haverá um sentimento de cuidado mútuo por sermos irmãos.

Quando a célula é igreja não precisamos enfatizar o discipulado pois aprendemos a nos
submeter a todos os irmãos e, pelas exortações de todos somos ensinados e
transformados. Se o discipulado for apenas um sistema eclesiástico ele se torna uma
terrível ferramenta de manipulação e controle, mas os filhos mais velhos ensinam os
mais novos e os mais novos sempre querem imitar os irmãos mais velhos.

Quando a célula é igreja teremos amor e aceitação e os novos convertidos serão curados
nas angústias de alma.

Quando a célula é igreja ela certamente vai se multiplicar pois um corpo saudável sempre
cresce e se multiplica.

Quando a célula é igreja ela pratica o mais poderoso tipo de evangelismo, o evangelismo
por meio da comunhão do corpo que expressa o amor entre os membros. As pessoas
são atraídas quando há amor entre os irmãos.

Quando a célula é igreja cada membro funciona de acordo com a sua capacidade.
Somente somos corpo quando todos os membros funcionam. Se apenas alguns
funcionam temos uma aberração do corpo. Se nos contentamos em ver apenas os
irmãos mais talentosos funcionando na célula estamos negando a realidade espiritual do
corpo.

Portanto o nosso maior desafio é levar cada célula a se tornar uma micro igreja. A célula
deve ser igreja antes de qualquer coisa. E para sermos igreja a principal necessidade é
que todos os membros funcionem. Cada membro precisa ser ativado.

Como ativar o membro do corpo

1. Lembre-se que todo membro possui pelo menos um talento

O princípio básico é que não existe servo que não tenha recebido pelo menos um talento.
Na Casa de Deus ninguém pode desculpar-se dizendo que não recebeu talento algum.
Todos os filhos são servos e todo servo recebeu um talento. Todo salvo é membro do
corpo e se é membro ele possui um dom.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Nos manuais de liderança a direção é se concentrar nas pessoas que respondem de


deixar de lado as demais. Pode parecer pragmático e eficiente, mas não é o espírito de
Cristo. Precisamos investir em todos os membros do corpo. Não existem membros
inúteis e nem membros descartáveis. Todos receberam pelo menos um talento e,
portanto, devem ser mobilizados.

2. Acredite no potencial de cada membro

Quase todas as nossas dificuldades na célula estão relacionadas com os membros de


um talento. São eles os crentes passivos que não respondem aos apelos da liderança.
Normalmente são apáticos e negligenciam toda responsabilidade na vida da Igreja.

Células saudáveis são aquelas onde todos os membros são envolvidos. Todos os irmãos
são úteis, mesmo aqueles que parecem incapazes. Quando isso acontece a vida de
Deus se manifesta de forma clara e o crescimento acontece rapidamente.

A verdade é que nos nós reunimos com os líderes, nos preocupamos em motivá-los e
os ajudamos a fazer o trabalho. Porém, não nos importamos na prática se todos os
membros estão envolvidos, o que realmente nós queremos é que o trabalho seja feito.
Se a célula crescer e se multiplicar, nós não nos importamos se foi o resultado do
trabalho de apenas um membro. Precisamos avançar na prática da visão. O alvo é ativar
todo o corpo.

3. Creia que a obra é feita pelo corpo e não por apenas alguns membros

É verdade que alguns são colunas e carregam mais peso que os demais. Não podemos
ignorar a importância das colunas. Aqueles que são colunas são os que suportam maior
pressão e se são removidos do seu lugar uma parte da edificação pode até desmoronar.
É indiscutível que alguns são líderes e têm maior responsabilidade. No entanto o que
importa não é quanto peso você suporta, mas quantos de um talento você consegue
levantar para trabalhar.

A obra do mundo é feita com os mais talentosos, mas a obra da Igreja é feita com todo
o corpo. Acredite em cada membro de todo o coração. Faça-o trabalhar persuadindo-o
por todos os meios possíveis. Não o substitua, não o despreze, não o julgue intratável e
desqualificado.

4. Rejeite toda visão natural da Igreja

O mundo será ganho pelo corpo, não pelos membros mais talentosos. As portas do
inferno não resistem o corpo, mas elas resistem quando apenas alguns membros
talentosos se levantam.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

A igreja é simplesmente todos os de um talento servindo; a igreja somente acontece se


todo membro for ativado.

Muitos seguem o padrão do mundo de procurar apenas os melhores. Acreditam que


somente os melhores farão o trabalho apropriado. Mas não é essa a mentalidade do
reino de Deus. O Senhor quer fazer a sua obra com aqueles que não são capazes, para
que o poder seja dEle e a glória tributada a Ele no final.

Nesse sentido nós somos mesmo caçadores de talentos, desenterradores de talentos.


Os de cinco talentos normalmente nos procuram, não precisamos ir atrás deles, mas os
de um talento precisam ser desenterrados.

5. Não desista dos que enterram o talento

Não me impressiona aquele pastor que consegue levantar os membros de cinco talentos.
Isso qualquer líder natural pode fazer. Até um líder numa empresa é capaz de mobilizar
os mais talentosos. O pastor que faz isso não faz nada demais, mas quando ele
consegue mobilizar os menos talentosos, então ele provou a sua verdadeira liderança.

Os de um talento são realmente difíceis de se liderar.

6. Mantenha a igreja na simplicidade

Quando o trabalho e a estrutura da igreja se torna complexa as pessoas sentem receio


de se envolver. Todos temos medo de fracassar e quando o trabalho parece muito difícil
então recuamos inseguros.

Aqueles membros de um talento se sentem intimidados diante de estruturas complexas


e treinamentos sofisticados. Precisamos dar-lhes um treinamento simples para que eles
possam ser úteis numa igreja igualmente simples. Se passamos a ideia de que é
necessário um grande treinamento para ser usado por Deus, vamos inibir a maioria de
se envolver.

7. Dê espaço para erros na célula

Não espere que alguém cresça até ao ponto de não errar para só depois liberá-lo para
funcionar na célula. Um erro pequeno deve ser ignorado, a menos que seja repetido
excessivamente ou esteja causando problemas no rebanho.

Corrigir a todo momento a cada pequeno erro torna as pessoas inseguras de fazer
qualquer coisa. Isso mata a iniciativa porque faz com que seja mais seguro se omitir.
Isso destrói a confiança e abafa a criatividade.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

8. Delegue responsabilidade a todos

Não há como ser ativado se não somos desafiados a fazer coisa alguma. Busque
discernimento, pois um mesmo trabalho pode trazer esgotamento para alguns e tédio
para outros. É preciso então perceber os limites e a capacidade espiritual e natural de
cada um.

Existem muitas coisas que precisam ser feitas numa célula. Envolva cada irmão e
aqueles que são um de talento envolva-os nas atividades mais simples, mas nunca os
deixe de lado. Precisamos permitir que façam conforme sua capacidade limitada.
Precisamos ter paciência para esperar que aprendam.

Também devemos ter cuidado para não rotular o membro como alguém que não tem
jeito. Devemos usar de todos os meios para envolver o membro de um talento.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Quarto Dia
Não enterre o seu talento

Em Mateus 25:14-30 temos o registro da Parábola dos Talentos. Esta parábola é


direcionada para os que conhecem ao Senhor, ou seja, os crentes. Muitas pessoas, ao
lerem o verso trinta – que trata do servo inútil que será lançado para fora, nas trevas,
com choro e ranger de dentes –, logo pensam: “Esta parábola é para os ímpios”.
Entretanto, o fato é que esta parábola é para os filhos, para os servos.

A palavra “servo” no grego significa escravo, alguém que foi comprado. Nós não fomos
contratados, fomos comprados. A Bíblia nos mostra que há dois tipos de escravos. O
Senhor, na verdade, nos comprou para nos fazer livres. No Velho Testamento, havia
uma lei sobre os escravos. Segundo a lei a cada cinquenta anos era celebrado o ano do
jubileu e nessa ocasião todos os escravos eram libertos. A lei, porém, determinava que,
se um escravo não quisesse ir embora, ou seja, se mesmo tendo o direito de ser liberto,
ele escolhesse, por amar ao seu senhor, permanecer sendo escravo, ele receberia uma
marca (Êxodo 21.6). Um furo seria feito em sua orelha com uma sovela. A partir daquele
dia nunca mais ele poderia ser forro, ou seja, liberto. Seu destino seria servir para sempre
o seu senhor.

Nós somos como esse escravo. Um dia o Senhor nos libertou, dando a nós uma carta
de alforria, apagando com Seu precioso sangue o escrito de dívida que pesava contra
nós (Colossenses 2.14). E Ele nos disse: “Agora você está livre; pode ir”. Não temos
para onde ir, só o Senhor tem as palavras da vida eterna. (João 6.68). Não queremos ir
embora, só queremos permanecer com Ele.

A ênfase da Parábola dos Talentos é a nossa fidelidade com relação aos dons do
Espírito, em como usaremos e multiplicaremos o que o Senhor nos confiou como servos.
Todos compareceremos perante o Tribunal de Cristo para prestar contas do que fizemos
com os dons que recebemos.

Eu sei que falar de julgamento parece não combinar com o nosso relacionamento de
filhos. Filhos serão julgados? Para responder isso precisamos entender que a nossa
relação com Deus tem dois lados. Por um lado, somos filhos de Deus. Fomos gerados
de Sua semente (1Pedro 1.23), fazemos parte da família de Deus. Assim sendo, somos
herdeiros do Senhor, juntamente com Cristo (Cl 3.3). Somos co-herdeiros com Jesus,
por sermos filhos de Deus (Romanos 8.17).

Mas por outro lado nós somos também servos. Nesse sentido temos um Senhor a quem
temos de prestar contas. Deus é o nosso pai, mas Jesus é o nosso Senhor. Para com o
Deus Pai somos filhos, mas para com o Senhor Jesus somos servos. Com o Deus Pai
nossa relação é de graça, mas para com o Senhor Jesus nossa relação é de obras, de
responsabilidade.

É importante entendermos esses dois aspectos, pois muitos enfatizam apenas a graça
de sermos e outros apenas a responsabilidade de servos.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

1. O Senhor distribui os talentos

Pois será como um homem que, ausentando-se do país, chamou os seus servos e lhes
confiou os seus bens. A um deu cinco talentos, a outro, dois e a outro, um, a cada um
segundo a sua própria capacidade; e, então, partiu. (Mateus 25.14-15)

O país aponta para este mundo. O homem é o Senhor Jesus. O fato desse homem se
ausentar do país representa o Senhor que esteve entre nós em carne e hoje está em
Espírito. Ele esteve presente e se ausentou. O ausentar aqui fala da Sua ascensão (1Pe
3.22).

2. Os talentos

Ao se ausentar, o senhor chamou os seus servos. Quem são esses servos? O Senhor
confiou os Seus bens para nós, Sua Igreja. Essa parábola, portanto, é para nós.

Que bens são esses? O versículo quinze nos fala que o Senhor deu talentos aos Seus
servos. O que é um talento? Talento não aponta para algo natural. Talentos são os bens
do Senhor, ou seja, os dons espirituais.

Em primeiro lugar o talento é algo que somente o crente tem, porque os talentos são os
bens que o senhor deixou somente para os Seus servos, os nascidos de novo. Em
segundo lugar o talento não é dado indiscriminadamente, mas segundo a capacidade de
cada um. Certamente existe uma relação entre os nossos dons naturais e os dons do
Espírito. A terceira conclusão que tiramos é que o talento pode ser aumentado. Quem
recebeu cinco, ganhou mais cinco, assim como o que recebeu dois, ganhou mais dois.
Disso concluirmos que o talento não é algo fixo e acabado, mas pode ser incrementado,
aumentado.

Também precisamos dizer que os talentos podem ser requeridos de volta. A Bíblia diz
que aquele que ganhou um talento o enterrou e, ao final, o Senhor o tomou de volta e
deu ao que tinha ganhado dez.

Infelizmente o talento pode ser enterrado. O dom do Espírito é algo que pode ser
inutilizado. Uma pessoa pode ter o dom e não o utilizar, ter e deixá-lo de lado, enterrando-
o, como o servo fez.

3. Como os servos lidam com o talento

O Senhor distribuiu os Seus talentos. Os servos que receberam cinco e dois talentos,
recebendo-os, imediatamente saíram a negociá-los. O Senhor mandou que eles
negociassem os seus talentos? Não, eles concluíram que deveriam fazer isso. Por que
então eles agiram dessa forma? Porque eles perceberam a intenção do seu senhor. Eles

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

eram servos que conheciam a mente do seu senhor. Por isso, eles saíram logo a
negociar.

O verso dezoito diz que o servo que recebeu um talento abriu uma cova e escondeu o
dinheiro. O servo escondeu seu talento porque não conhecia o Senhor.

A ênfase de toda esta parábola está no servo que ganhou e enterrou o talento. Por que
este servo enterrou este talento?

Em primeiro lugar ele considerou um talento algo insignificante. Quem acumula mais
talentos, normalmente é mais fiel. As pessoas que têm apenas um talento são as que
correm o maior risco de serem infiéis. O problema do servo que enterrou o talento não
foi o que ele fez, mas o que deixou de fazer.

Deus está interessado é na nossa fidelidade. Suponhamos que eu contrate alguém às


17h para trabalhar até às 18h e ele conclui sua tarefa. Podemos dizer que ele foi fiel.
Suponha ainda que eu contrate outra pessoa às 8h e ela pára ao meio-dia, sem cumprir
sua tarefa. Ela receberá o mesmo que o outro? Não. Apesar de ter trabalhado quatro
horas (três a mais que o outro), ela não foi encontrada fiel. Portanto não será
recompensada, mas disciplinada. A questão aqui não é ter que fazer algo para ganhar
uma recompensa. Aqui, o fato é: você é fiel àquilo que lhe foi confiado?

O servo mau teve uma percepção errada das coisas. Ele pensou que o seu talento era
para as pessoas, quando, na verdade, era para Deus. Nosso encargo é fazermos de
tudo para que os talentos que nos foram confiados sejam amplamente multiplicados para
o Senhor, para agradar Aquele que nos chamou.

Creio que ele também teve vergonha do seu talento. Ele se sentiu envergonhado de usar
somente aquele talento. Quantas pessoas têm recebido um talento da parte do Senhor,
mas por reputação, têm deixado de negociá-lo?

Fomos chamados como reis e sacerdotes, como ministros de Deus. Todo crente nascido
de novo tem um dom para ser exercitado. Nós, como Igreja, temos que ser usados como
um corpo articulado onde cada um desempenha o seu papel.

4. O julgamento do senhor aos seus servos

O Senhor Jesus vem para ajustar contas. Porque importa que todos nós compareçamos
perante o Tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que
tiver feito por meio do corpo. (2Co 5.10)

Todos iremos comparecer diante do Tribunal de Cristo para receber segundo o bem ou
o mal que fizemos por meio do Corpo. Se as nossas obras forem boas, receberemos
galardão, recompensa. Se tivermos feito o mal, seremos disciplinados naquele Dia.
Diante dessa realidade, devemos ser temerosos com relação às obras que praticamos.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Há, na Palavra de Deus, uma sequência no Julgamento de Deus em relação aos crentes:
a primeira etapa é o sangue. Se confessamos e cremos no Senhor, somos lavados por
Seu precioso sangue. Se voltamos a cair, isso mostra escravidão em nossas vidas.
Assim sendo, a cruz é o ponto seguinte. Na cruz, o nosso velho homem foi cravado e
nós somos, então, libertos da escravidão do pecado. Entretanto, o que não foi tratado
pelo sangue e pela cruz será tratado pelo Julgamento de Cristo. Ele irá corrigir e tratar
nossas vidas.

O que foi dito pelo senhor ao servo que multiplicou os cinco talentos foi exatamente o
mesmo dito ao que multiplicou dois. Deus está olhando, nesse momento, para o nível de
fidelidade.

5. A recompensa do servo fiel

O gozo é a recompensa, a alegria de ser aprovado por Deus. Você acha pouco ser
aprovado por Deus? Eu fico pensando como será naquele Dia. Nós entraremos pelos
portões da glória e haverá uma multidão incontável de santos. De repente você ouve o
seu nome e o Senhor diz publicamente: “Servo bom e fiel!” Que coisa maravilhosa será!
Eu quero ouvir isso do Senhor, quero ser aprovado. A minha vida é viver para ser
reconhecido como um servo fiel diante de Deus.

Que haja em nós a disposição e o encargo em trabalhar esses talentos, obedecendo ao


chamado de Deus a fim de que naquele Dia sejamos, aprovados para reinar com Cristo
por todo o Milênio.

6. A punição do servo infiel

O servo mau ouviu o que ninguém gostaria de ouvir. Deus o chamou de mau e
negligente. Da mesma maneira que naquele Dia haverá elogio público de Deus, também
haverá disciplina da parte do Senhor. Se ser repreendido publicamente por homens já é
horrível, imagine receber a disciplina de Deus. A repreensão de Deus não será em
particular, mas acontecerá publicamente. Assim como vimos que o elogio de Deus
acontecerá publicamente, assim também será a disciplina sobre os servos que não forem
encontrados fiéis.

O interessante é que o servo de um talento, ao ser confrontado, ficou assustado, pois


não pensava ter feito algo errado. Em sua mentalidade, o que ele deveria ter feito era
tão-somente guardar e proteger o talento. Também posso vislumbrar seu tremendo susto
ao ouvir de seu senhor: “Servo mau e negligente! ”. O servo em questão era um crente,
mas não era fiel àquilo que Deus lhe confiara e foi julgado por suas obras.

O Senhor está procurando frutos em nossas vidas. Eu quero ser encontrado fiel diante
do Senhor, por isso o meu alvo é edificar uma igreja de vencedores, ou seja, uma igreja
que desenvolve, desempenha e negocia os seus talentos, a fim de multiplicá-los.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Há uma diferença entre servo falso e servo infiel. O servo falso nunca nasceu de novo,
mas o servo infiel é regenerado, portanto é filho. Precisamos de admitir que existem
verdadeiros servos infiéis. Esse servo infiel será disciplinado. (Mateus 25.30)

Ao contrário do que muitos afirmam, essas trevas não são o inferno. Em um segundo
aspecto, quando o Senhor manda tirar o servo, ele vai para um lugar de trevas porque
deixa de estar no lugar onde está a glória do Rei. Essas trevas não apontam para a
perdição, mas para a exclusão da presença do Senhor, da Sua glória, por um momento.
Há servos que serão excluídos da presença do Senhor.

Então, haverá choro e ranger de dentes. Este choro não é o choro do inferno, mas o
choro do arrependimento. Este ranger de dentes aponta para lamentação: “Eu tive
chance de fazer e não fiz, tive oportunidade de realizar e não realizei”.

O servo que enterrou seu talento não era um servo falso, mas verdadeiro, e será
disciplinado por sua infidelidade e por sua negligência.

A vontade de Deus é que entremos no gozo, mas muitos têm enterrado o talento. Muitos
nem mesmo sabem qual é o seu talento, não sabem qual é a sua função no Corpo. Não
pensam como membros do Corpo. Não há membros sem função.

Que sejamos encontrados diante de Deus, dos anjos e dos santos que estarão naquele
glorioso Dia do Tribunal de Cristo, como servos bons e fiéis, qualificados para reinar com
o Senhor em todo o Milênio. Multiplique o seu talento!

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Quinto Dia
A estratégia maligna

Deus tem um desejo no seu coração. Podemos dizer com toda certeza que o desejo de
Deus é colocar-se a si mesmo dentro do homem. Deus deseja que Cristo habite dentro
de um povo de modo que este povo seja seu próprio corpo vivo, uma extensão de si
mesmo.

O propósito eterno de Deus tem um ponto central. Toda a Bíblia tem um ponto central. E
o ponto central em torno do qual giram todas as outras verdades espirituais é este: “
Cristo em nós “. Cristo sendo a nossa vida.

Uma vez que cada crente possui a vida de Deus dentro de si ele está apto para ser um
ministro, um sacerdote do Senhor.

Depois da ressurreição e ascensão do Senhor, Deus começou a concretizar o


seu propósito de ter entre os homens uma expressão viva de Cristo. Este é o eterno
desejo de Deus que será concretizado nessa época em que vivemos. Se não desviarmos
os nossos olhos e não tivermos outras preocupações esta visão da Palavra de Deus
ficará clara para nós. A igreja é o mistério de Deus oculto desde a eternidade.
A visão de Deus é maravilhosa, mas logo depois que o Senhor começou o seu projeto,
Satanás veio para interferir e tentar impedir os planos de Deus. A história da Igreja na
terra já vai para quase dois mil anos e em todo esse tempo Satanás esteve bastante
ativo no seu intento destrutivo. Inúmeras vezes e de várias formas ele tem agido contra
a Igreja. Há uma maneira bem simples de estudarmos as estratégias do inimigo.
Podemos dividi-las em três fases durante a história nesses dois mil anos:

Primeira estratégia – Desviar os olhos do “Cabeça”, Cristo


O centro da vida cristã é o próprio Cristo. Ele deve ser o nosso deleite, o centro e a
realidade. A vida de Cristo deve ser cada vez mais superabundante em nós e por meio
de nós. O seu proposito só pode ser alcançado se os nossos olhos estiverem focalizados
em Cristo, desfrutando dele, deleitando nele e alimentando dele. Mas Satanás suscitou
muitos substitutos sutis, muitas imitações inteligentes.

Desde os dias de Paulo podemos ver a ação do Diabo nessa direção. Paulo escreveu
aos colossenses para tirar um substituto de Cristo que surgira deles: a filosofia. A filosofia
humana havia sido introduzida para desviar os olhos de Jesus. Por isso Paulo escreveu
dizendo-lhes que Cristo precisa ser tudo em todos (Cl.3:11). Paulo os advertiu que
ninguém os enredasse com filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens,
conforme os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo. (Cl.2:8)

Na carta aos hebreus podemos ver que inimigo tentou usar a própria religião judaica para
desviar olhos de Cristo. O Escritor aos hebreus procurou mostrar que Cristo está acima
de todas as coisas e é melhor do que todas as coisas do Velho Testamento.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

O livro de gálatas foi escrito para expor outro dos substitutos lançado pelo inimigo. A lei
foi dada por Deus e era absolutamente santa, boa e justa mesmo do ponto de vista de
Deus. Mas até mesmo isso foi usado pelo inimigo para desviar a atenção de Cristo. Desta
forma vemos que a filosofia, a religião e a lei são todas usadas para desviar o povo do
próprio Cristo e desviar os seus olhos do centro.

Até mesmo os dons espirituais foram usados pelo inimigo tentando tirar a atenção de
Cristo. Na carta de primeiro aos Coríntios Paulo procura mostrar o caminho sobremodo
excelente que é o próprio Cristo. Hoje em dia isto ainda é muito comum. Deus me livre
de dizer que os dons são coisas do passado ou que não vêm de Deus, mas devemos
entender que os dons são instrumentos e não o centro do propósito de Deus. Muitos há
que se envaidecem porque possuem um determinado dom e há outros que vivem numa
disputa para ver quem tem mais dons. Tudo isso tem aparência de piedade, mas por
detrás é obra maligna.

Mas nos deparamos com a pergunta, como corrigirmos este sério problema? Devemos
evidentemente nos voltar para Jesus, mas a melhor estratégia para isso são as reuniões
menores, as células. Vejamos alguns motivos:

a) Dificilmente na célula haverá oportunidade para discussões filosóficas, teológicas


e coisas assim. Quando nos reunimos é para desfrutar do Senhor, edificarmos
uns aos outros pela palavra e pelo Espírito.
b) Em uma célula não há liturgia nem formalismo religioso, pois tudo é feito
espontaneamente. Também não há os atrativos das grandes reuniões como
bandas de música, os “ grandes pregadores “, os belos números especiais e assim
por diante. Quem vai a uma reunião da célula está indo por causa de Jesus, pois
não haverá outro atrativo que não seja Ele.
c) Nas células não há espaço para “ shows “ de qualquer espécie que desviam a
atenção do centro.
d) Nas células não há espaço para o ativismo religioso. Há muitos que pensam que
o mais importe é construir prédios e cuidar de coisas materiais da obra de Deus.
Isto também se constitui em um grande substituto para Cristo. É como aquela
pessoa que está entediada e procura preencher seu tempo fazendo mil coisas.
Nas células não se constrói nada e nem há patrimônio para ser preservado. Toda
a atenção é voltada exclusivamente para Jesus e sua igreja.

A primeira grande estratégia do inimigo foi desviar os olhos do Cabeça do corpo e


mostramos como as células são um instrumento divino para destruir esta estratégia.

Segunda estratégia – Tirar as funções dos membros do corpo


A partir do quarto século o inimigo criou o sistema de clérigos e leigos. Isto aconteceu
logo depois que a igreja se tornou a religião oficial do império romano. Depois de procurar
de todas as formas desviar os olhos da cabeça e se possível deixar o corpo sem cabeça,
que fez inimigo? Inventou um sistema de clérigos e leigos. Qual foi a sua intenção em
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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

fazer isso? Foi a de matar todas as funções dos membros do corpo. Originalmente todos
os membros funcionavam adequadamente, mas gradualmente as funções foram sendo
passadas para um pequeno número de cristãos. Desde que a maioria foi posta de lado
o corpo ficou inutilizado, paralisado.

Observe bem a maneira como o inimigo agiu: primeiro tirou a cabeça do corpo, agora
tirou as funções dos membros do corpo. Ele anestesiou o corpo. Devemos nos levantar
contra esta estratégia maligna. Na igreja do Senhor todos são sacerdotes, todos
ministram diante do altar, todos conhecem a Deus e todos tem acesso ao Santo dos
Santos. Não há privilegiados.

O povo fica tão acostumado a esta situação que ele mesmo contrata um pregador
profissional, um funcionário do púlpito e exige que ele faça a obra de Deus enquanto eles
apenas dão o dinheiro. No primeiro caso o clero proíbe o povo de falar. No segundo caso
o povo não quer falar e obriga um profissional a abrir a boca.

Qual a estratégia devemos usar para combater esse veneno da serpente? Mais uma vez
a minha resposta são os grupos menores, as células.

Vejamos porquê:

a) Em uma célula todos tem oportunidade de falar e não apenas uns poucos
privilegiados.
b) Em uma célula todos evangelizam. Hoje em dia evangelizar se transformou em
simplesmente convidar para ir ao culto. Na célula, porém, não se faz apenas um
convite para a reunião de domingo, mas se evangeliza lá fora, onde os pecadores
estão.
c) Na célula não existe um profissional à frente formado em alguma faculdade, mas
o líder é formado pelo discipulado pessoal. Ainda que haja níveis de autoridade e
diferentes funções, não há clérigos e leigos, todos funcionam, todos trabalham.

Terceira estratégia – Dividir o corpo

Veja que o inimigo em primeiro lugar tirou a cabeça do corpo, depois anestesiou os
membros tirou as suas funções, mas agora ele lançou seu último ataque, ele cortou o
corpo em pedaços. Dividiu o corpo.

Satanás não ficou satisfeito com apenas os dois primeiros itens. Ele deu um outro passo
criando todas as denominações e divisões do corpo de Cristo. Desfalecendo o corpo o
inimigo procura destruir a expressão de Cristo na Terra. A vida foi substituída, as funções
foram anestesiadas e o Corpo foi cortado em pedaços.

Eu calculo que há em Goiânia cerca de 500 mil crentes. Suponha que estes 500 mil
cristãos estivessem unidos numa única igreja em Goiânia. Que impacto seria! Se
houvesse tal testemunho seria fácil conquistar toda a terra para Cristo. Qual o lugar neste
planeta onde se pode dizer que o inimigo não causou todos esses três estragos? A
expressão da igreja está realmente arruinada. Mas o Espírito está mudando esse quadro.
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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Temos visto o lado negro da questão, mas há outro lado que tenho que falar, Deus está
se movendo na terra. Deus está restaurando a sua Igreja. Qual o caminho desta
restauração? Creio que o caminho de ida deve ser o mesmo caminho de volta. Em
primeiro lugar devemos voltar toda a nossa atenção para Cristo como o centro da nossa
vida. Devemos nos levantar contra substitutos e repudiar toda obra meramente humana
sem a vida de Cristo como centro.

Em segundo lugar o sistema de clérigo e leigos deve ser abolido de nosso meio. Todos
os membros do corpo devem funcionar adequadamente. Precisamos rejeitar toda forma
sutil de clericalismo.

Em terceiro lugar devemos buscar a restauração da Igreja. Devemos ser contra toda
divisão humana. Não penso que as denominações vão se unir, mas creio que o povo de
Deus que está dentro das denominações vão prevalecer na unidade. O povo de Deus é
pela unidade, mas os líderes das instituições humanas querem resistir a Deus.
As células podem ser um instrumento de Deus para a restauração da unidade da Igreja.

De que forma?

a) As células não são instituições e não tem nome na frente da casa como os templos
religiosos.
b) Nas células o preconceito e as divisões são abolidas, pois cristãos de várias
denominações que residem em um bairro se sentem livres para participar.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Sexto Dia
Um reino de sacerdotes

Durante as duas últimas décadas o slogan da visão da igreja Videira declara que “o
nosso encargo é edificar uma igreja de vencedores onde cada membro é um ministro e
cada casa uma extensão da igreja, conquistando assim a nossa geração através de
células que se multiplicam”.

O Pastor Aluízio Silva líder da igreja videira em Goiânia diz o seguinte:

Não há nada de errado com a palavra ministro. É na verdade uma boa palavra, mas com
o passar dos anos se desgastou e perdeu o seu impacto na nossa mente e das pessoas.
Por causa disso decidimos mudar ministro para sacerdote. A verdade bíblica é que fomos
feitos sacerdócio real. A palavra sacerdote traz um impacto muito maior. Na verdade, na
mente religiosa de muitas pessoas somente o padre ou o pastor é que podem ser
chamados de sacerdotes. Creio que a palavra também traz mais clareza para a mente
dos irmãos do que se espera de cada um de nós como ministro do Novo Testamento.

Como podemos atuar como sacerdotes hoje? Vamos ver à luz da Nova Aliança como
podemos atuar em nosso ministério sacerdotal.

O elemento chave para a presença de Deus

Uma das coisas mais importantes na prática da vida da Igreja é a presença de Deus.
Porque quando você tem a presença de Deus você pode ver o poder de Deus se
manifestando entre nós. Se desejamos ter uma célula viva precisamos ter a presença de
Deus nessa célula.

Há três elementos chaves para experimentarmos a presença de Deus. Deus já está


presente entre nós, mas precisamos experimentar essa presença. Para isso precisamos
de três elementos. Esses três elementos podem ser encontrados em todas as religiões,
inclusive no Velho Testamento.

Para que as pessoas experimentassem a presença de Deus elas deveriam em primeiro


lugar ir ao Templo. Em todas as religiões as pessoas precisam ir ao templo porque o
templo é o lugar da habitação de Deus.

Mesmo tendo o Templo no Velho Testamento você não pode entrar ali sem o segundo
elemento. O segundo elemento é o sacerdócio. No Antigo Testamento uma pessoa
comum não poderia entrar no Templo, mas deveriam ficar no átrio. É a mesma coisa em
outras religiões. Em Israel os sacerdotes eram os levitas.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Mas o sacerdote não pode entrar no Templo sem o terceiro elemento. O terceiro
elemento é o sacrifício. O sacerdote não poderia entrar no templo sem o sacrifício de
animais.

Qual é, pois, a diferença entre o Velho Testamento e o Novo Testamento?

“Também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para
serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus
por intermédio de Jesus Cristo”. I Pedro 2:5

Nesse versículo podemos ver esses três elementos: o Templo, o sacerdote e o sacrifício.
Esses três elementos são muito importantes, mas muitos cristãos não os compreende.
A diferença entre o cristianismo e todas as outras religiões, inclusive o judaísmo do Velho
Testamento, é que eles possuem esses três elementos separadamente, mas no
cristianismo essas três coisas são apenas uma.

Àquele que nos ama, e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados, e nos
constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai, a ele a glória e o domínio pelos
séculos dos séculos. Amém! Ap. 1:5-6

As pessoas do mundo ficam confusas quando perguntam aos cristãos onde está o seu
templo e eles respondem que eles mesmos são o templo. Você não tem um prédio
porque o templo somos nós. Porque o nosso Deus não habita em prédios, mas ele vive
em nós e entre nós. Nós somos todos pedras vivas, nós somos a casa.

Eles então perguntam, onde está o seu sacerdote? Mas nós dizemos que nós somos os
sacerdotes. Nós somos um reino de sacerdotes. Isso significa que em nosso reino todos
os membros são sacerdotes.

Então eles perguntam: onde estão os sacrifícios de vocês? O nosso sacrifício é chamado
de “o Cordeiro de Deus”. Ele já morreu na cruz e derramou o seu sangue. Ele é o nosso
sacrifício.

O Novo Testamento é o tempo em que todos os crentes são pedras vivas e são
edificados casa para Deus. Todos os membros são sacerdotes e oferecem sacrifícios, e
o nosso sacrifício hoje vive em nós e entre nós.

Infelizmente de forma inconsciente muitos crentes não acreditam nisso. Ainda


acreditamos que o prédio é o templo de Deus, nós os chamamos de santuário. É por isso
que as pessoas mudam seu comportamento quando entram no santuário, elas imaginam
que Deus habita ali. O prédio que não é casa de Deus nós o santificamos, mas o nosso
corpo, o verdadeiro templo, nós não santificamos.

Inconscientemente nós também não acreditamos que todos os crentes sejam


sacerdotes, mas nós acreditamos que somente os pastores vestidos de terno são os
sacerdotes. Pensamos que somos apenas os leigos. Nós não deveríamos chamar um
membro de leigo, pois a palavra leigo no grego é idiotés. Assim quando chamamos uma
pessoa de leigo nós o estamos chamando de idiota. Os nossos membros não são leigos,
mas são todos sacerdotes.
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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Qual é então a função do sacerdote? A palavra chave para definir o sacerdote é


mediador. Ele é mediador entre as pessoas e Deus. No Velho Testamento o significado
da palavra sacerdote era ponte. Nós somos a ponte, nós ficamos na brecha. O sacerdote
precisa ser o mediador para se colocar entre o homem e Deus. O Senhor Jesus foi
constituído Sumo-sacerdote. Ele trouxe de volta os pecadores para Deus, e também
trouxe Deus até os pecadores porque ele é o mediador. Ele entrou no santo dos santos
no céu levando o seu próprio sangue e hoje podemos entrar na presença de Deus por
causa do ministério da reconciliação.

Como são os sacerdotes? Eles são uma figura de cada cristão. Nós fomos constituídos
reis e sacerdotes. O entendimento comum e errado é que os homens de negócios são
reis e os pastores das igrejas são sacerdotes. Mas a Bíblia não diz isso. No Velho
Testamento reis e sacerdotes eram funções separadas, mas o Novo Testamento não diz
que alguns são reis e outros são sacerdotes, mas ela claramente declara que cada crente
é um rei e sacerdote. Isso não é posição, mas uma função. Todo crente é as duas coisas,
ele reina com Jesus como rei e ministra como sacerdote real.

O Senhor Jesus é a cabeça e nós somos o seu corpo, Ele é o sumo-sacerdote e nós
somos os sacerdotes. Jesus é o rei dos reis e nós somos reis. Nós reinamos juntos com
Jesus e ministramos com ele como sacerdotes.

Qual é a função dos sacerdotes? No antigo Testamento a função do sacerdote era


ficar de pé diante do povo de Deus. Então uma pessoa do povo chegava diante e dele e
dizia: “estou com problemas, eu pequei diante de Deus, eu tenho problemas sexuais,
problemas conjugais e problemas financeiros. Por favor, me ajude!

Então o sacerdote dizia: “conte-me todos os seus problemas!” Essa é a primeira função
do sacerdote, ouvir. Depois de ouvir ele então dizia: “vou fazer o ministério da
reconciliação com você! Deus vai tocar você! Ele vai perdoá-lo!” Depois disso ele
perguntava: “você trouxe algum sacrifício?” Se fosse um homem rico ele poderia
sacrificar um novilho, se fosse alguém de classe média poderia sacrificar um bode ou
um cordeiro, mas se fosse pobre poderia trazer uma rola ou um pombo.

O sacerdote então imolava o animal sobre o altar e aspergia o sangue sobre a pessoa.
O animal era assim queimado e o sacerdote entrava no lugar santo e aspergia o sangue
sobre o altar de incenso. Somente o sumo-sacerdote poderia entrar no santo dos santos
uma vez por ano no dia da expiação.

Isso era o que o sacerdote fazia, ele intercedia, ele trazia as pessoas de volta para Deus.
Ele colocava a pessoa diante de Deus e o abençoava. Deus então falava com o
sacerdote. Depois de interceder pela pessoa a presença e o poder de Deus vinha sobre
a pessoa.

Todos os crentes são sacerdotes. O problema é que não ensinamos as pessoas como
serem sacerdotes. A maneira como nos tornamos sacerdotes é ouvimos a pessoa,
intercedemos e depois trazemos a palavra de Deus sobre ela. Se não há sacerdote a
presença de Deus não pode se manifestar.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

No Velho Testamento somente algumas pessoas eram separadas como sacerdotes,


mas no Novo Testamento todos os crentes são sacerdotes. Todo cristão escuta um ao
outro, intercede um pelo outro e traz a palavra de Deus um para o outro. Precisamos
praticar isso na vida da Igreja.

Se queremos a presença de Deus em nosso casamento, marido e esposa precisam ser


sacerdotes um para o outro, porque se não há sacerdócio também não há presença de
Deus. Esse é o motivo porque muitos casamentos são desfeitos: não há sacerdotes para
trazerem a presença de Deus. O esposo não escuta a esposa; a esposa não escuta o
marido. O esposo nunca intercede pela esposa, não são sacerdotes. Sem sacerdotes
não temos presença de Deus.

Se não conseguimos ser sacerdotes nós nos tornamos juízes, passamos a julgar um ao
outro. O sacerdote é aquele que intercede, advoga defende o outro, e se não somos
sacerdotes automaticamente nos tornamos juízes e passamos a condenar e julgar o
outro. Perdoar é o trabalho do sacerdote, mas condenar é o trabalho do promotor.

O marido que não ora pela sua esposa terá pensamentos negativos sobre ela, se tornará
juiz do comportamento dela e assim ele será incapaz de amá-la. Não fomos chamados
para sermos promotores ou juízes, mas fomos designados para sermos sacerdotes.
Cada vez que você vir a falha do seu cônjuge, interceda por ele. Fazendo assim o seu
coração se encherá de amor por ele.

Onde houver um sacerdote ali o poder de Deus poderá se manifestar. Onde houver um
sacerdote que intercede Deus terá um caminho para operar e abençoar.

Esse mesmo princípio pode ser aplicado no local de trabalho. Não fomos chamados para
sermos juízes no trabalho, mas sacerdotes. O sacerdote intercederá pelos seus colegas
e pelo seu chefe e, fazendo assim ele trará a presença de Deus. Só há presença de
Deus onde há sacerdotes.

Precisamos de pessoas como José e Daniel, homens que se tornaram intercessores,


homens que se colocaram na brecha. Um único homem mudou toda uma nação. Daniel
orava três vezes ao dia e participou de vários reinados. Reis se levantaram e caíram,
mas Daniel permaneceu sempre na posição, pois era um sacerdote intercessor. Você
pode transformar o seu lugar de trabalho se você interceder como um sacerdote pelos
seus colegas e chefes.

A chave é o sacerdócio. Se não há sacerdotes não temos a presença de Deus. A mesma


coisa acontece na célula. Se na célula apenas uma única pessoa se torna um sacerdote,
se somente o líder for sacerdote, somente o líder vai ouvir, somente o líder vai interceder,
somente o líder vai pregar e adorar, então ele será o primeiro a morrer por causa do peso
da obra.

Esse é o problema de muitas células, o membro não compreende o que é ser um


sacerdote. Quando ele chega na célula ele diz: “eu estou muito cansado, eu trabalhei
durante todo o dia, eu preciso que alguém ministre na minha vida. Eu não quero ministrar,
eu não quero dar, eu quero receber. Você deve me abençoar líder!” A atitude é sempre
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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

de receber, receber e receber. Ele é como um vampiro sugando o sangue do líder. É um


tipo de membro drácula. Eles se reúnem para sugar uns dos outros e não para ministrar.
Nessa situação não é de admirar que muitos tenham medo de se tornarem líderes.

Nós fomos chamados para sermos sacerdotes. Cada membro da célula é um sacerdote.
Quanto mais agimos como sacerdotes mais poderosa se torna a célula.

Também o princípio do sacerdócio pode ser aplicado no presbitério da Igreja. Se


ouvimos, intercedemos e trazemos a palavra de Deus então a presença de Deus se
manifesta. A oração cria intimidade.

A restauração do sacerdócio

E a graça foi concedida a cada um de nós segundo a proporção do dom de Cristo. Por
isso, diz: Quando ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro e concedeu dons aos
homens. Ora, que quer dizer subiu, senão que também havia descido às regiões
inferiores da terra? Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os
céus, para encher todas as coisas. Efésios 4:7-10

Porque o Senhor Jesus voltou para o céu e sentou ao lado direito de Deus? Para ser um
sacerdote para sempre.

Ora, o essencial das coisas que temos dito é que possuímos tal sumo sacerdote, que se
assentou à destra do trono da Majestade nos céus, como ministro do santuário e do
verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, não o homem. Hb. 8:1-2

Mas agora nós somos o corpo de Cristo por isso nos unimos a ele para sermos
sacerdotes. Nós somos participante do que Cristo é.

Subiste às alturas, levaste cativo o cativeiro; recebeste homens por dádivas, até mesmo
rebeldes, para que o SENHOR Deus habite no meio deles. Sl. 68:18

No livro de Efésios Paulo diz que o Senhor subiu aos céus para encher todas as coisas,
mas o texto é uma citação do Salmo 68 que diz “habitar” em vez de “encher”. Assim
encher tem aqui o mesmo sentido de habitar. Nosso alvo é que a igreja seja edificada e
seja cheia da plenitude de Cristo. O Senhor subiu aos céus para encher a sua igreja
completamente.

Mas para que a Igreja seja plenamente cheia de Cristo ela precisa ser edificada. Como
edificar a casa? O texto diz que quando subiu às alturas ele concedeu dons aos homens.
O que são esses dons? Pelo contexto vemos que são os cinco ministérios.

O sumo-sacerdote concede dons aos sacerdotes para que eles edifiquem o corpo. Até
que o Senhor possa encher o seu corpo.

Quais são os cinco ministérios? Esses cinco ministérios são as funções do sacerdote.
Nós vimos que a função do sacerdote é ouvir, interceder e então expressar a palavra e
o poder de Deus.
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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Se você olhar todos os versículos sobre o sacerdócio tanto no Velho como no Novo
Testamento, você encontrará cinco funções do sacerdote.

1. Edificar a casa

A pedra angular foi rejeitada pelos construtores. Os construtores eram os israelitas, mas
eles rejeitaram a pedra angular que é Cristo.

Na construção de uma casa a pedra angular é a mais importante, é o início da fundação.


Ela é o padrão de todas as outras pedras. Mas por causa da incredulidade deles a função
de edificar a casa foi dada aos que creem. Para nós que cremos essa pedra angular é
muito preciosa.

Todo crente é um edificador da casa. Essa é a função apostólica. O apóstolo é aquele


que constrói a casa.

Sempre que a nuvem se movia o sacerdote tinha que desmontar o Tabernáculo e depois
reedificá-lo novamente noutro lugar. O trabalho dos levitas e sacerdotes era construir a
casa de Deus.

2. Adorar, interceder e profetizar

A função do sacerdote é trazer as pessoas a Deus e trazer Deus para a pessoas. Todo
sacerdote nos dias de Davi deveria profetizar. É por isso que Paulo diz que todo crente
deve profetizar.

Porque todos podereis profetizar, um após outro, para todos aprenderem e serem
consolados. I Cor. 14:31

3. Pastorear

Chegar-se-ão os sacerdotes, filhos de Levi, porque o SENHOR, teu Deus, os escolheu


para o servirem, para abençoarem em nome do SENHOR e, por sua palavra, decidirem
toda demanda e todo caso de violência. Dt. 21:5

A função do sacerdote é abençoar o povo de Deus, curar o coração ferido. O sacerdote


não pode amaldiçoar, pois Jesus disse que não podemos amaldiçoar nem mesmo os
nossos inimigos. Nosso trabalho também é restaurar relacionamentos quebrados, pois
recebemos o ministério da reconciliação.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

4. Ensinar a Palavra de Deus

Esse é o trabalho do mestre.

Então, disseram: Vinde, e forjemos projetos contra Jeremias; porquanto não há de faltar
a lei ao sacerdote, nem o conselho ao sábio, nem a palavra ao profeta; vinde, firamo-lo
com a língua e não atendamos a nenhuma das suas palavras. Jr. 18:18

Porque os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento, e da sua boca devem os


homens procurar a instrução, porque ele é mensageiro do SENHOR dos Exércitos. Ml.
2:7-9

5. Proclamar o amor de Deus

Esse é o ministério do evangelista.

O trabalho do sacerdote envolve essas cinco coisas. Quando o Senhor subiu aos céus
ele nos deu dons para edificar o seu corpo. Isso significa que a agenda célula são esses
cinco ministérios.

Como um sacerdote pode funcionar dentro desses cinco ministérios?

E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para
evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos
santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo. Efésios
4:11-12

Os sacerdotes são treinados pelos cinco treinadores. O ministério desses cinco


treinadores é treinar os santos para ministrarem como sacerdotes. Lembre-se que se
não temos sacerdotes também não teremos presença de Deus. Se uma célula não tem
esses cinco serviços você não está edificando a Casa de Deus, está apenas tendo um
tempo agradável. Você não está praticando a vida do corpo.

Esses cinco ministérios definem a agenda da reunião da célula. Se você olhar em I


Coríntios 14:26 você verá ali a agenda da igreja e envolve essas cinco coisas.

Que fazer, pois, irmãos? Quando vos reunis, um tem salmo, outro, doutrina, este traz
revelação, aquele, outra língua, e ainda outro, interpretação. Seja tudo feito para
edificação.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Sétimo dia
Ministros do novo ou do velho testamento?

Faz parte da nossa visão a afirmação neo testamentária de que cada crente é um
ministro. Cada membro precisa ser canal para ministração na vida de outros. O grande
problema acontece quando tentamos agir como ministros, mas o fazemos segundo
conceitos do Velho Testamento.

Você é um ministro do Novo ou do Velho Testamento?

Para você compreender melhor essa pergunta e poder respondê-la com propriedade,
gostaria de dar-lhe pelo menos sete exemplos práticos:

1. No Velho Testamento havia visitação, mas no Novo Testamento temos habitação de


Deus

Precisamos buscar avivamento? O que você prefere, um visita de Deus ou tê-lo


habitando em nós eternamente? Não há dúvida que a habitação é muito melhor, mas
mesmo assim ainda temos irmãos buscando uma visitação Divina.

O que chamamos de “reavivamento ou avivamento”, o Novo Testamento chama de


“Cristianismo”. Viver à espera de avivamento pode ser a causa porque muitos vivem
passivamente e conformados com uma vida cristã sem vida e poder.

Eu sei que a maioria dos crentes falam de uma experiência de enchimento do Espírito
quando usam a expressão “avivamento”. Falando em termos literais, somente pode ser
avivado aquele que está morto.

Efésios 2:1 “Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados,”

Veja, nós estávamos mortos, mas quando nascemos de novo recebemos vida. Já
estamos vivos, já temos a vida do próprio Deus. Como agora podemos buscar ser
avivados?

Talvez a melhor palavra para traduzir o anseio dos irmãos seja “despertamento”. A igreja
pode estar dormindo, mas não pode estar morta, pois se está morta não é igreja.

A palavra avivamento não ocorre no Novo Testamento. Nem tão pouco existe qualquer
ordem para que esperemos pelo Espírito. O Espírito já foi enviado:

Atos 2:15-18 “15 Estes homens não estão embriagados, como vindes pensando, sendo
esta a terceira hora do dia. 16 Mas o que ocorre é o que foi dito por intermédio do profeta
Joel: 17 E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito
sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões,

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

e sonharão vossos velhos; 18 até sobre os meus servos e sobre as minhas servas
derramarei do meu Espírito naqueles dias, e profetizarão.”

Não precisamos mais ficar esperando pelo Espírito, mas podemos nos encher dele agora
mesmo.

Buscamos o avivamento porquê não vemos hoje o mesmo fruto que igreja do Novo
Testamento tinha. Não vemos o poder que havia nos dias dos apóstolos. Mas este não
é um problema que diz respeito a Deus, mas é um problema nosso.

O Espírito já foi derramado, a igreja é que precisa se encher dele. Precisamos de


despertamento.

Estamos esperando que as pessoas sejam salvas, curadas e libertas e que as nossas
cidades sejam transformados. Essas coisas não acontecem sem a cooperação do
homem. Elas sempre aconteceram quando o homem, cheio do Espírito de Deus, decidiu
mudar

2. No Velho Testamento se alguém queria adorar a Deus tinha que ir a Jerusalém

No Velho Testamento Deus habitava primeiro no Tabernáculo e depois no Templo, mas


hoje ele habita em cada crente.

Será que podemos ficar mais perto de Deus? Segundo o conceito do Velho Testamento
você ficaria mais perto de Deus quanto mais perto estivesse do Templo. Só o sacerdote
podia ter um relacionamento mais próximo com Deus.

Mas hoje, nos dias do Novo Testamento nós podemos entrar com ousadia no Santo dos
santos. O véu já se rasgou e Deus veio habitar em nós e em nosso meio.

Hebreus 10:19-20 “19 Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos,
pelo sangue de Jesus, 20 pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto
é, pela sua carne,”

Todos nós queremos ter um relacionamento mais profundo e mais significativo com
Deus. O problema acontece quando pensamos que estamos distantes de Deus e que
precisamos chegar mais próximos. Mas isso contradiz a verdade da Palavra de Deus.

Nós, como cristãos tornamo-nos um com a Divindade. Estamos no Pai e o Pai está em
nós. Estamos em Cristo e Cristo está em nós. Estamos no Espírito Santo e o Espírito
Santo está em nós.

É verdade que podemos apagar o Espírito (1 Ts 5:19), e também podemos entristecê-lo


(Ef. 4:30), mas ele nunca nos abandonará. Certamente a nossa sensibilidade e
percepção do Espírito pode ser afetada e algumas vezes podemos não sentir a sua
presença, mas precisamos crer que ele nunca nos deixará.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Em João 15 Jesus disse que ele é a videira e nós somos os ramos. Somos parte dele
mesmo. Imagine uma árvore sólida e grande com um enorme tronco e muitos ramos. Me
responda: qual o ramo está mais perto do tronco? É uma pergunta estúpida, certo? Eles
estão todos ligados ao tronco. Não existe um mais perto ou mais longe.

Agora, deixe-me fazer outra pergunta. Quais dos ramos são os mais antigos? Isso é
óbvio também, certo? Os grandes galhos grossos. Obviamente. Qual é a verdade aqui?
Nós não ficamos mais perto de Deus, mas nós crescemos em Deus.

Somos um com Deus e que todos devemos crescer nele. Abandone esse conceito
contraditório de que precisamos ficar mais perto de Deus.

Precisamos apenas crer e começar a desfrutar de intimidade com o Pai. Nós fomos feitos
templo de Deus, o Santo dos Santos está no nosso espírito. Temos acesso à presença
de Deus continuamente pelo sangue de Jesus.

3. No Velho Testamento a unção não era derramada sobre todo israelita, mas
ocasionalmente sobre reis, sacerdotes e profetas

A unção vinha sobre eles apenas em alguns momentos. Muito diferente disso é a
realidade do Novo Testamento. Hoje a unção habita em todos nós e permanece em nós.

Nós precisamos mesmo de uma unção nova?

Só precisaríamos de uma nova unção se a unção que possuímos acabasse ou ficasse


velha. Mas a verdade do Novo Testamento é que a unção permanece em nós e ela não
envelhece.

A palavra “unção” ou “ungido”, referindo-se aos crentes, só é encontrada em 3


passagens no Novo Testamento?

2 Coríntios 1:21-22 “21 Mas aquele que nos confirma convosco em Cristo e nos ungiu é
Deus, 22 que também nos selou e nos deu o penhor do Espírito em nosso coração.”

1 João 2:20 “E vós possuís unção que vem do Santo e todos tendes conhecimento.”

1 João 2:27 “Quanto a vós outros, a unção que dele recebestes permanece em vós, e
não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina
a respeito de todas as coisas, e é verdadeira, e não é falsa, permanecei nele, como
também ela vos ensinou.”

Você crê nisso? Você já foi ungido com uma unção completa. Você não precisa de uma
nova unção, porque a que você recebeu desde o início foi muito poderosa e permanece
em você!

O problema é o pensamento de que perdemos a unção quando pecamos e falhamos.


Muitos vivem com base em suas emoções e imaginam que não possuem a unção

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

quando não a estão sentindo. No entanto a unção não depende de nossas emoções. Ela
permanece em nós.

Muitos estão sempre procurando alguém ungido para que possam receber ministração,
mas tal atitude produz uma vida cristã infrutífera.

Precisamos crescer na unção, mas não precisamos realmente de uma nova unção.

4. No Velho Testamento havia uma classe sacerdotal. No Novo Testamento todos


os crentes são sacerdotes do Senhor.

Se você quiser crescer espiritualmente precisa mesmo se tornar um Pastor ou um


Missionário?

1 Pedro 2:9 “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de
propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos
chamou das trevas para a sua maravilhosa luz;”

Toda religião possui algum tipo de classe clerical. Toda elas possuem algum tipo de
sacerdote que está acima das pessoas comuns, mas hoje todos somos um em Cristo
(3:28).

No Velho Testamento somente poderia crescer em Deus alguém que fosse sacerdote ou
profeta. Não era algo disponível a todos. Mas no Novo Testamento todos podem crescer
em Deus porque todos foram feitos sacerdotes.

Uma das formas mais perversas de pensar existentes no corpo de Cristo hoje é a ideia
de que há alguns que são mais santos e mais chamados por Deus.

Todos foram feitos um com Cristo e possuem a vida de Deus residente neles. Todo
crente nascido de novo é ungido e todos nós temos um chamado maravilhoso de Deus
em nossas vidas.

Quer sejamos um jogador de futebol, uma dona de casa, um professor, em executivo,


zelador ou pastor todos somos chamados e temos a oportunidade de representar Cristo
e desfrutá-Lo no lugar onde fomos colocados.

Se somente pastores são verdadeiramente ministros, então voltamos ao clericalismo.


Precisamos sustentar a verdade de que todos nós somos chamados por Deus para servi-
lo no lugar onde trabalhamos, no que apenas aparentemente é um trabalho secular.

5. No Velho Testamento Deus habitava em um templo feito por mãos humanas,


mas no Novo Testamento nós somos o templo de Deus.

Precisamos de templos para servir a Deus? Estritamente falando, o Cristianismo não


possui edifícios, nem templos. O judaísmo tinha um templo, nós não os temos mais. Se

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

voltarmos a estabelecer prédios como templos, incorreremos em um retrocesso ao Velho


Testamento.

Atos 17:24 “O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo ele Senhor do céu
e da terra, não habita em santuários feitos por mãos humanas.”

Precisamos entender que somos o templo de Deus e que Deus não habita em prédios.
Nós somos Sua morada. Deus não mora no prédio da igreja. Quando você vai embora
depois do culto, Ele o acompanha. Onde nós pisamos, Deus finca Suas pegadas; aonde
nós chegamos, Deus chega junto.

O prédio para nós é apenas um lugar de treinamento e celebração, a vida normal da


igreja acontece em outros lugares em nosso dia-a-dia. Assim, biblicamente falando, a
Igreja do Novo Testamento possui um lugar de reunião, mas não possui templos.

6. No Velho Testamento o crente confiava em rituais exteriores, mas hoje o


cristianismo é algo interior e espiritual, que procede do coração

O cristianismo é algo exterior ou interior? Ainda hoje, muitos procuram introduzir práticas
e cerimônias exteriores na vida cristã. Em nosso país tornou-se comum os objetos
abençoados como flores, azeite, moedas, etc. Esse é o maior sinal da decadência
espiritual, pois esses mesmos acessórios tornaram-se parte do catolicismo na idade
média.

No catolicismo a oração é um incenso, a bênção é com uma água benzida, o


arrependimento é a cinza na testa e vai por aí uma lista bem extensa de coisas exteriores.
Infelizmente temos um grande número de evangélicos seguindo pelo mesmo caminho,
estão voltando ao Velho Testamento.

Os judaizantes concentravam-se em uma coisa exterior, a circuncisão, e faziam disso a


base da fé. Paulo, porém, mostra que as coisas exteriores não nos definem, ele diz que
nem a circuncisão é coisa alguma, nem a incircuncisão, mas o ser nova criatura. O que
realmente importa é o novo nascimento.

Gálatas 6:14-15 “14 Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor
Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo. 15 Pois
nem a circuncisão é coisa alguma, nem a incircuncisão, mas o ser nova criatura.”

O homem natural sempre recusa o que é interior e espiritual e procura uma religião cheia
de cerimônias externas. Ele faz isso porque a religião exterior é muito fácil e cômoda,
pois participar de cerimônias não exige fé e nem mudança de coração.

Não estou dizendo que o exterior e o físico não tenham lugar na vida da Igreja. Eles
existem, mas apenas como sinal visível de uma realidade interior e espiritual. Tudo o que
é espiritual inevitavelmente terá uma realidade exterior, mas nem tudo o que é exterior
possui realidade.

39
O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

O batismo é um exemplo disso. Ele é equivalente da circuncisão no Novo Testamento,


mas precisamos ser cuidadosos para não enfatizarmos exageradamente o batismo
colocando-o como meio de salvação. O batismo é uma cerimônia que apenas tem valor
se houver a realidade interior do novo nascimento.

7. O Velho Testamento era caracterizado pelo que o homem poderia fazer para
Deus, mas o Novo Testamento é uma questão do que ele fez por nós

Qual é o verdadeiro arrependimento? O verdadeiro arrependimento é o arrependimento


de obras mortas.

Hebreus 6:1 “Por isso, pondo de parte os princípios elementares da doutrina de Cristo,
deixemo-nos levar para o que é perfeito, não lançando, de novo, a base do
arrependimento de obras mortas e da fé em Deus,”

O que são obras mortas? As obras mortas são aquelas obras que fazíamos com o intuito
de ganhar a nossa salvação. Era a nossa mentalidade antiga de barganha com Deus.

Precisamos viver constantemente debaixo da verdade do Novo Testamento: não é o que


eu faço para ele, mas o que ele fez por mim. Não apenas a salvação, mas toda a vida
cristã é baseada nessa verdade.

Toda religião ensina que a salvação depende das obras humanas. Todas elas ensinam
que devemos merecer o favor de Deus através de nossas boas obras. A cruz de Cristo
anula nossas obras humanas.

Cada homem que olhar para a cruz ouvirá Cristo dizendo: “eu estou aqui por sua causa”.
É o seu pecado que estou assumindo, é a sua maldição que estou sofrendo, é a sua
dívida que estou pagando, é a sua morte que estou morrendo.” A cruz nos coloca na
posição correta. Ela provoca uma grande ferida no orgulho humano.

A cruz é a prova divina de que somos maus e merecedores do inferno. A cruz mostra o
imenso amor de Deus e prova que toda a obra de salvação é feita por ele.

Não sofreremos perseguição e oposição se pregarmos bons princípios espirituais ou o


alto padrão moral do cristianismo. O mundo não se importa com isso, mas se falarmos
do Cristo crucificado e da sua graça sofreremos perseguição. A graça anula as assim
chamadas boas obras e a cruz destrói o orgulho humano, por causa disso o mundo
sempre resistirá a mensagem da cruz.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Oitavo Dia
Ministros da Nova Aliança

Nesse tempo do Novo Testamento todo crente foi constituído um ministro, um sacerdote
do Senhor. O entendimento de que cada crente é um sacerdote é um ponto muito
importante na visão que praticamos. Se perdermos essa verdade toda a prática da vida
da igreja estará comprometida.

Mas não basta saber que somos ministros, precisamos ainda realçar que somos ministro
do Novo Testamento. Existe uma grande diferença entre ser um ministro da velha Aliança
e um ministro da Nova Aliança. Infelizmente é possível viver nos dias do Novo
Testamento, mas ainda liderar como um ministro da Velha Aliança. Infelizmente muitos
ainda misturam as duas alianças.

Em II Coríntios 3:6-18 Paulo faz um paralelo entre esses dois tipos de ministros.

1. Ministros da letra ou ministros da nova aliança? – v. 6

O qual nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do
espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica. II Cor. 3:6

A primeira coisa que Paulo diz é que o ministério da nova aliança não é um ministério da
letra. O que significa ser ministro da letra? A palavra letra aqui pode ter o sentido da
palavra sem o Espírito. A letra seria a palavra sem a revelação e a vida. Se tomarmos a
palavra de Deus apenas como um texto natural, sem oração ela não vai gerar vida em
nós.

Esse certamente é um sentido correto, mas eu creio que há ainda outra forma de
entendermos o significado de sermos ministros da letra. Certamente você já concluiu que
a palavra letra aqui não se refere aos caracteres que usamos para escrever as palavras.
A palavra letra era uma forma como antigamente as pessoas se referiam a uma dívida
registrada em cartório. A palavra letra usada em II Coríntios 3:6 poderia também ser
traduzida como a lei do Velho Testamento. Na verdade a palavra “letra” ainda hoje é
usada como sinônimo de nota promissória, carta de fiança, declaração escrita de débito
ou dívida. Não é por acaso que o governo emite um documento chamado LTN, Letras
do Tesouro nacional. Quando você adquire uma LTN o governo passa a ser seu devedor.
Você passa a ter uma carta promissória chama de letra do Tesouro.

A letra nada mais é que do que a cobrança. Nesse sentido então, pregar a letra é pregar
a dívida que as pessoas possuíam com Deus de acordo com a lei. Isso significa que nós
hoje não pregamos mais a lei do Velho Testamento. Não estou dizendo que não
podemos pregar o Velho Testamento, pois eu mesmo sou professor de Velho
Testamento. Mas somente podemos pregá-lo se for para apontar para Cristo.

Pregar a letra é pregar que as pessoas estão em dívida com Deus. Mas não é isso que
diz o Novo Testamento. Em Colossenses 2:14 Paulo diz que o Senhor Jesus cancelou o
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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era
prejudicial, removeu- o inteiramente, encravando-o na cruz. Isso significa que agora,
pois, não há nenhuma condenação para nós que estamos em Cristo. Nossa dívida já foi
paga.

Isso significa que ministramos o perdão e não a condenação. Você não foi chamado para
dar bons conselhos, você foi chamado para dar boas novas, boas notícias! Você é um
ministro das boas notícias.

O cristianismo é uma união com Deus que procede inteiramente de que Ele fez por nós.
Ele tomou o nosso lugar morrendo na cruz, pagou a nossa dívida e nos ressuscitou como
uma nova criação.

A letra não pode transformar ninguém, apenas trazer condenação e medo.

2. Ministros da morte ou ministros do Espírito? – v. 7

E, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, se revestiu de glória, a ponto


de os filhos de Israel não poderem fitar a face de Moisés, por causa da glória do seu
rosto, ainda que desvanecente como não será de maior glória o ministério do Espírito! II
Cor. 3:7-8

Paulo diz que o ministério da morte foi gravado com letras em pedras. O ministro que
prega a letra sempre vai condenar as pessoas, mas aquele que tem o ministério do
Espírito sempre ministrará fé no coração das pessoas.

Segundo a lei tudo depende do homem e da sua obediência. Segundo a graça tudo
depende de Jesus e do que ele realizou na cruz. A lei exige justiça; mas a graça concede
justiça. A lei diz: “faça!” Mas a graça diz: “Eu faço por você!”

Pregar a velha aliança produz morte. Quando pregamos condenação, sempre mostrando
o quanto as pessoas são falhas, nós enchemos a reunião de morte. Mas se ministramos
a graça, o Espírito pode agir livremente.

A morte é algo difícil de definir, mas fácil de perceber. Todos nós percebemos quando a
reunião está pesada e morta. E porque o ambiente está pesado? A primeira coisa que
lhe vem à mente é que há pecado na reunião. Tem um Acã na reunião. Assim você
começa uma caça ao pecador.

Você começa exortando e dando dura no povo. Quando começamos o louvor e o povo
não canta, logo os exortamos perguntando: “ninguém comeu feijão hoje não?” Como não
funciona, ele começa a repreender o espírito de preguiça. Se ele soubesse que ele é
quem está matando a reunião, as coisas seriam diferentes. Ao ministrar a lei ele ministrou
na verdade a morte.

Mas o que fazer quando chegamos numa reunião da célula e sabemos que há pecado
ali? Na Velha aliança o que se falava ao pecador? “A maldição vai te alcançar!” Mas o

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

que a Nova Aliança diz ao pecador?. Você está se sentindo mal por causa do pecado?
Eu quero lhe dizer que eu te entendo. Eu já fiquei mal muitas vezes por causa do pecado.
Mas hoje eu quero lhe dizer que o sangue de Jesus é maior que o seu pecado. Isso traz
vida para a sua reunião. Seja um ministro do Novo Testamento.

Os maiores matadores de reunião são os ministros da letra. Quando você perceber que
a reunião está pesada fale uma palavra da nova aliança. Você verá a vida fluir no meio
dos irmãos.

3. Ministros da condenação ou ministros da justiça? – v. 9

Porque, se o ministério da condenação foi glória, em muito maior proporção será glorioso
o ministério da justiça. II Cor. 3:9

Tudo sobre a lei tem a ver com você olhando para si mesmo. Mas tudo sobre a graça
tem a ver com você vendo a Jesus. Esse é o grande teste para você saber se tem sido
um ministro da lei ou um ministro da Nova Aliança.

Uma maneira simples de avaliarmos que tipo de ministro somos é observando se a nossa
pregação leva as pessoas para elas mesmas ou para Cristo. Se as estimulamos a serem
introspectivas e olharem para a própria performance, então pregamos a lei.

Não somos transformados por olharmos para nós mesmos, mas nós somos
transformados quando olhamos para Cristo.

4. Ministros da manipulação ou ministros da liberdade? – v. 13, 4:1-2

Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade. II Cor. 3:17

Primeiramente Paulo diz que Moisés colocava o véu para que ninguém percebesse que
a glória esta desvanecendo. Depois lemos em 4:2 Paulo dizendo que ele não adulterava
a Palavra de Deus. Isso nos mostra que quando ministramos a lei corremos o risco de
sermos manipuladores.

Existem quatro medos básicos em todo ser humano, e esses medos são usados para
manipulação:

a) Medo da punição – todo aquele que tem medo de punição vai tentar encobrir o seu
pecado o tempo todo. Mas em Cristo não temos de temer a punição, pois uma vez
que confessemos e nos arrependamos nossos pecados são esquecidos.
b) Medo do fracasso – pessoas controladas por esse medo vão tentar tomar a liderança
o tempo todo. Eles podem até ser bem-sucedidos por um momento, mas não
conseguem ter paz no coração. Seu foco é sempre a doutrina correta e as coisas
corretas, mas sempre tentam fazer essas coisas na sua própria força. O que eles não
sabem é que na Nova Aliança nós ganhamos o desejo e o poder de fazer a vontade
de Deus.
43
O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

c) Medo da rejeição – o medo da rejeição faz com que as pessoas sejam vulneráveis
ao elogio, ao aplauso e a ficar conscientes de si mesmo o tempo todo. Mas na Nova
Aliança nossa aceitação não é baseada em nossa performance, mas na obra de
Cristo. Quando nos sentimos completamente aceitos por Deus com base na justiça
de Cristo o medo da rejeição desaparece.
d) Medo da incapacidade – esse medo levas as pessoas a buscarem
desesperadamente títulos e posições. São pessoas que vivem competindo e se
enchendo de inúmeras atividades. Essas pessoas são libertas quando entendem que
na Nova Aliança nossa credibilidade está baseada na capacidade de Deus em
terminar a sua obra e não em nossa capacidade própria.

5. Ministros do rosto vendado ou ministros da revelação? – v. 18

Somente o evangelho tem poder para transformar o homem, pelo simples fato que
somente a mensagem do evangelho tem poder para gerar fé no coração.

Paulo diz que somos transformados apenas por contemplar a glória de Deus. E como
contemplamos a glória? Certamente cada vez que pregamos estamos fazendo um
quadro de Jesus diante dos irmãos. Se eles conseguem contemplar o quadro que
pintamos então eles são transformados.

A lei pode trazer condenação, mas ela não tem poder para transformar o homem. Somos
habituados e pensar que a transformação é fruto do nosso esforço e empenho, mas
Paulo diz que somos transformados apenas por contemplar o Senhor.

E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do
Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo
Senhor, o Espírito. II Cor. 3:18

Contemplar é algo que não exige esforço humano. Eu preciso apenas me disciplinar para
não ser distraído por outras coisas enquanto estou contemplando.

Na Nova Aliança nós mostramos o Senhor em nossa pregação e quando as pessoas o


contemplam elas são transformadas.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Nono Dia
O discipulado de um ministro

A Palavra de Deus declara enfaticamente que há somente um mediador entre Deus e os


homens (I Timóteo 2:5).

Nós declaramos que cada crente é um ministro ou sacerdote, isso significa que ele não
precisa de ninguém para ser o seu mediador diante de Deus.

Sendo cada crente um ministro, o nosso trabalho como líderes é equipá-las para que
sejam capazes de falar com Deus e receber dele direção sobre essas dúvidas e
problemas.

O papel de um pastor não é ser a voz de Deus, mas é ajudar as pessoas a se conectarem
com Deus – para que eles possam ouvir a voz do Senhor por eles mesmos. É evidente
que Deus fala conosco através de nossos irmãos, inclusive do pastor, mas precisamos
ter cuidado para não os transformar em voz de Deus.

Quando você enfrenta uma situação difícil, para quem você liga primeiro? Para o seu
pastor ou para Deus?

Quando você não entende um versículo da Bíblia para quem você se volta? Para o seu
pastor ou a Deus?

Não entenda errado. Nós precisamos uns dos outros e Deus certamente usa nossos
irmãos para falar conosco. Mas não faça do seu pastor, discipulador ou líder uma muleta
do seu relacionamento com Deus. Tudo bem ter uma muleta momentaneamente
enquanto não podemos andar, mas devemos ser capazes cada vez mais de andar sem
muletas na medida em que crescemos.

Se não compreendermos claramente a visão transformaremos o discipulado numa


distorção do cristianismo. Muitos discipuladores estão inadvertidamente se
transformando em mediadores entre Deus e seus discípulos.

O centro do discipulado

Alguns estão no nível mais básico de compreensão do Reino de Deus. Nesse nível estão
aquelas pessoas que querem fazer coisas para Deus. Não se preocupam muito com o
desejo do coração de Deus, só desejam realizar coisas boas, relevantes e úteis para os
necessitados.

No segundo nível estão aqueles que entenderam que há algo mais central no coração
de Deus: a Igreja. Essas pessoas se reúnem nas chamadas missões para-eclesiásticas.
Elas compreendem que o que importa é pregar o Evangelho, mas não percebem que
pregar o Evangelho não é tudo, é preciso edificar as pessoas e essa edificação só é
possível no âmbito da igreja local.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

No próximo nível em direção ao centro estão aquelas pessoas que compreenderam que
a igreja local é algo mais central no coração de Deus. Muitas igrejas avançaram apenas
até esse nível. Por isso vivem de grande eventos, programas e celebrações.

Outras, porém têm avançado na revelação do coração de Deus e perceberam que uma
igreja somente pode ser edificada por meio de grupos menores que temos chamado de
células. Hoje nós estamos nesse estágio e já é algum avanço, mas ainda há algo mais
central que as células. O estágio seguinte é o discipulado. Na própria célula há um ponto
central. A célula não é o ponto final da visão.

O discipulado possui um ponto central e esse ponto é “Cristo dentro de nós”.

O centro do evangelho é Cristo dentro de nós. O alvo de Deus é que cada um de seus
filhos seja guiado pelo Espírito que hoje habita dentro do nosso espírito humano
regenerado.

O alvo do discipulado, portanto, é levar as pessoas a experimentarem o controle de


Cristo em suas vidas por meio do Espírito Santo.

O discipulado não é uma mera amizade, mas sim um relacionamento voltado para um
propósito, o propósito de ver Cristo sendo formado em uma pessoa para que essa
pessoa possa ser enviada e gerar muitos filhos para Deus. Todos devem sempre se
lembrar: o centro da nossa obra é o Espírito Santo, que é Cristo em nós.

Sem dependência ou manipulação

Não temos discípulos realmente. Os discípulos são de Cristo. Somos como placas
sinalizadoras apontando para Cristo.

Quando discipuladores se colocam como mediadores espirituais, os discípulos passar a


depender dele em tudo. Os discipuladores passam a ser o seu guia espiritual, decidindo
tudo pela pessoa. Eles decidem se o discípulo deve ou não vender o carro, se viaja ou
não, se deve ou não se relacionar com determinada moça ou rapaz! Esse nível de
autoridade e de governo dos discipuladores sobre os discípulos produz uma sensação
de tranquilidade e passividade naquele que está sendo discipulado. Afinal, ele já não
precisa decidir sobre nada e nem mesmo preocupar-se em orar a respeito. Seu
discipulador cuida de tudo! Todavia isto não é discipulado. É manipulação religiosa e não
discipulado.

No discipulado verdadeiro ensinamos os discípulos a dependerem de Deus e a buscarem


sua vontade. Como agir numa situação onde o discípulo procura orientações? Uma
atitude simples é orar junto com o discípulo e levá-lo a tomar uma decisão. O discipulador
deve mostrar todas as saídas possíveis e deixar que ele decida. Se como discipuladores
não entendemos certos assuntos, devemos recomendá-los a buscar o conselho de
outras pessoas naquela área específica. Em seguida deixe-o decidir. Se decidir correto,
amadurecerá no Senhor. Se errar, amadurecerá com mais rapidez ainda! E jamais
devemos culpá-lo por um eventual erro, e nem devemos nos culpar também.
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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

O discipulado autoritário ao invés de produzir maturidade, produz imobilidade espiritual.

A autoridade no discipulado

A primeira base de edificação de um discípulo é o reconhecimento do Senhor Jesus


como Rei. Conversão significa mudança de governo. A partir de agora a palavra de Deus
é a base de nossa vida.

No reino há autoridades delegadas. Se uma pessoa não reconhece autoridade não pode
ser edificada, discipulada. A submissão é a condição básica do discipulado. Sem
submissão não há formação ou discipulado.

Cada discipulador precisa entender que ele é servo do discípulo e não o dono.

A palavra de um discipulador a seu discípulo pode ser de três níveis:

a. A Palavra de Deus

Evidentemente diante da Palavra de Deus a submissão de um discípulo deve ser


completa e absoluta. Se um discípulo ignora a palavra de Deus podemos então afirmar
que ele é rebelde. Mas quando digo “Palavra de Deus” estou me referindo
especificamente a aquilo que está escrito na Bíblia.

Se por exemplo um líder chega a mim e diz: “Pastor, eu gostaria de namorar a Joaninha”.
Eu lhe pergunto: “Quem é a Joaninha?”. Ele então me responde que é uma moça que
ele conheceu na escola e que ainda não é convertida. Numa situação assim a Palavra
de Deus diz claramente que ele deve terminar esse relacionamento simplesmente
porque não há comunhão entre luz e trevas e eles estão se constituindo um jugo desigual
(II Cor. 6:14-18).

Nesse caso o discipulador pode ser absolutamente diretivo e se o discípulo se recusa a


ouvir a Palavra ele pode ser considerado rebelde.

b. O Conselho do discipulador

O segundo nível de palavra é o conselho. Conselhos são palavras baseadas na


experiência e no conhecimento do discipulador. Mesmo sendo um conselho bom e
sensato, nesse caso a submissão é relativa.

O discipulador tem mais experiência e está apto a dar um conselho. Mas ele não pode
obrigar o seu discípulo a seguir cegamente seus conselhos. Nesse caso a submissão ao
discipulador é relativa. Por isso o discipulador deve persuadir e convencer seu discípulo
a obedecer.

Vamos imaginar o seguinte exemplo. O discípulo chega em mim e diz que gostaria de
se casar com a Serafina. A menina é crente fiel, mas tem apenas 16 anos e ele possui
só 18. Eu lhe dou então um bom conselho: “é melhor esperar um pouco mais porque

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

vocês dois são muito jovens.” É um bom conselho? Com certeza. Mas é Palavra de
Deus? A Bíblia de fato não diz com que idade alguém deve se casar.

Creio que o discípulo deveria ouvir meu conselho, mas e se ele mesmo assim resolver
se casar? Devo rejeitá-lo como rebelde? Claro que não. Na verdade, eu deveria dizer:
“O melhor é que não se case, mas já que vai se casar então vamos trabalhar para dar
certo”.

Podemos aconselhá-los sem impor nosso ponto de vista ou nossa autoridade. Um


discípulo, porém, que nunca ouve um conselho do seu discipulador é orgulhoso e auto-
suficiente. Apesar de não ser necessariamente rebelde é resistente ao ensino e
dificilmente pode ser edificado. O bom discípulo precisa atentar para o conselho do seu
discipulador, mas um discipulador não pode obrigar o discípulo a seguir seu conselho.

c. A opinião do discipulador

O terceiro tipo de palavra do discipulador são as suas opiniões. Opiniões expressam


apenas as preferências e gostos pessoais do discipulador. Não é necessário nenhum
tipo de submissão às opiniões e gostos pessoais do discipulador.

Vamos supor que o discípulo chegue a diga ao discipulador: “Estou gostando da


Cremilda”. O discipulador então rapidamente interfere: “Mas a Cremilda? Ela muito feia.
Você pode conseguir algo melhor”. Nem preciso dizer que essa opinião pode ser
solenemente ignorada.

O problema acontece quando o discipulador não compreende esses três níveis de


palavra e resolve exortar seu discípulo para que siga as suas opiniões humanas. Essa é
a causa das distorções e abusos que acontecem em muitas igrejas. Não temos
realmente discípulos. Os discípulos são de Cristo. E os discípulos devem ouvir apenas
aquilo que está em harmonia com a Palavra de Deus.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Décimo Dia
A maneira bíblica de nos reunirmos

No dia de Pentecoste a igreja começou com cento e vinte pessoas. Todos eles foram
cheios do Espírito e logo no primeiro dia quase três mil vidas foram acrescentadas.
Poucos dias depois eles já eram cerca de cinco mil. Eles então começaram a se reunir
não de acordo com a forma congregacional judaica e nem da forma dos grandes
ajuntamentos dos gregos e romanos. Eles passaram a se reunir nas casas.

Isso é algo que precisamos atentar. O Senhor estabeleceu uma forma completamente
diferente para a edificação da sua Igreja. Os judeus estavam acostumados com as
congregações. Na verdade, eles já se reuniam em sinagogas e estavam habituados com
esse tipo de reunião. Os gregos e romanos, por outro lado, possuíam os grandes
ajuntamentos nos anfiteatros.

Quem foi que inventou essa maneira de reunir-se? Certamente foi o Espírito Santo.
Precisamos reconhecer que aqueles primeiros cristãos estavam todos cheios do Espírito
e e tudo o que faziam era de acordo com a direção do Espírito. Atos 2:46 diz que eles se
reuniam no Templo e de casa em casa. A maneira como se reuniam tinha dois lados,
estavam no Templo para grandes reuniões e se reuniam nas casas diariamente.

Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e


tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração. At. 2:46

Naqueles dias ter uma reunião em casa com os irmãos fazia parte da vida normal da
igreja. Não eram reuniões sistematizadas, mas eles se reuniam para compartilhar a
doutrina dos apóstolos e ministrarem mutuamente o Espírito de Deus.

Se você é um cristão, se você é crente, precisa abrir a sua casa para as reuniões. Este
é o primeiro modelo que foi aplicado logo no início da igreja no livro de Atos.

A consolidação de um novo convertido é algo que sempre nos preocupa, mas pense
como seria maravilhoso se uma pessoa recém salva, fosse batizada e imediatamente
abrisse a sua casa para uma reunião da célula. Ao abrir a sua casa isso o animaria e o
sustentaria poderosamente. As reuniões em casa são a maneira máxima, mais excelente
e bíblica para nos reunirmos.

A mudança no decorrer da história

Infelizmente a maneira estabelecida pelo Espírito Santo não durou muito tempo.
Sabemos por fontes históricas que já no final do segundo século esta maneira de se
reunir começou a minguar até ser totalmente abandonada. A partir do final do segundo
século a igreja tornou-se completamente congregacional.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Creio que nesses dias o Senhor tem mostrado a deficiência, a perda e o dano que a
igreja sofre por omitir as reuniões em casa. Não há maneira das grandes congregações
edificarem os santos.

Não quero, porém, passar a ideia de que os grandes pregadores são inúteis. Pedro foi
muito útil no dia de Pentecostes e a sua pregação naquele dia trouxe quase três mil
pessoas para a Igreja. Mas esse foi apenas um lado da história. Depois de convertidos
eles passaram a se reunir nos lares, de casa em casa. E o que eles compartilhavam
nessas reuniões? Eles haviam recebido aquela mensagem de Pedro em Atos 2 e
certamente falavam dela uns aos outros nas reuniões nas casas. Nas reuniões eles
repetiam o que haviam aprendido com Pedro.

Aqueles irmãos mais zelosos têm receio de que permitindo que os irmãos façam reunião
de casa em casa, coisas negativas possam acontecer. Mas eu creio que o inverso é
ainda mais verdadeiro, as reuniões nas casas podem proteger os irmãos do erro e do
pecado.

Quando os santos entram em sua casa todos entram com Cristo; todos entram com muita
oração e louvor. Os irmãos trarão um ambiente de oração e haverá muitas bênçãos para
a sua família. Pode ser que se achem muito fracos, mas as reuniões serão o próprio
meio como serão fortalecidos. A reunião em casa vai resgatá-lo, fortalecê-lo e enriquecê-
lo.

Rejeite o conceito natural

Nunca se ouviu de nenhuma classe de movimento ou de nenhum tipo de cultura que


tenha inventado essa forma de reunir-se em cada casa. Tal coisa está somente na Bíblia.
Essa era a maneira como os crentes cheios do Espírito em Atos viviam a vida da igreja.
Isto é extraordinário. É uma visão que não segue a maneira natural da sociedade.

Antes de sermos salvos, quando nos convidaram a ir à “igreja”, perguntávamos quem


seria o pregador. Se nos diziam que o Fulano de Tal falaria, então íamos. Esta é a
maneira completamente natural. Mas se somos sérios com o Senhor e queremos o
verdadeiro crescimento e a edificação da igreja devemos rejeitar essa maneira religiosa
do cristianismo tradicional.

Eu preciso dizer, porém, que valorizo as reuniões grandes, porém se tivermos somente
as reuniões grandes seremos como um avião 747 que tem somente uma asa. Como
podemos voar? Necessitamos dos dois lados. Necessitamos das reuniões grandes
assim como das reuniões pequenas.

Não devemos desprezar as reuniões grandes, porém temos que equilibrar as reuniões
grandes com os pequenos grupos. Mesmo que a maioria dos membros da igreja
participem ativamente de uma célula, precisamos reconhecer que nossos irmãos ainda
valorizam muito mais os cultos de domingo.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Muitos, segundo o seu conceito, diriam que preferem ir as reuniões grandes do que as
reuniões em casa. Necessitamos mudar esse conceito! Nós precisamos das duas.

As reuniões em casa são a única maneira para se ter o crescimento e a edificação da


igreja. Há muitas coisas positivas que acontecem nas células. Nessas reuniões, todos
começam a ser pessoas que buscam, que servem, que pregam, que ensinam e que
espontaneamente testificam do Senhor.

Uma explosão de crescimento

Precisamos crer que a casa de cada crente é promissora. Todos nós precisamos abrir
as nossas casas.

Como podemos fazer isso? Talvez primeiro devemos nos reunir com nossos parentes.
Primeiro nós seremos incendiados, e logo nossa família será incendiada. Se você
começar uma reunião na sua casa você evitará que entrem muitas coisas malignas em
seu lar.

Não diga que é fraco, que não pode avançar ou que não conseguirá ministrar coisa
alguma aos outros. Simplesmente estabeleça uma reunião em sua casa. Já
experimentamos centenas de vezes que quando se estabelece uma célula o Espírito
Santo traz as pessoas. Pouco a pouco a pessoas veem.

Creio firmemente que avançaremos para novos limiares nessa visão. Podemos ter uma
explosão de multiplicação. Basta que cada crente realmente internalize a visão, tenha
ela presente em seu coração. Esta é a única maneira de edificarmos uma igreja de
vencedores nessa geração. Eu ouso dizer que esta é a única forma de conquistarmos a
nossa geração. Se cada crente é um sacerdote, então a casa de cada crente precisa ser
uma expressão da Igreja. Esse é o avanço natural da visão.

No slogan de nossa visão dizemos que “o nosso encargo é edificar uma igreja de
vencedores onde cada membro é um sacerdote (ministro) e cada casa uma extensão da
igreja…” Veja bem que temos enfatizado fortemente que cada crente individualmente é
um sacerdote, mas não temos dado a mesma ênfase para que cada casa seja uma
expressão da Igreja. Uma casa somente será uma extensão da Igreja se nela houver
uma reunião da igreja, a célula. Precisamos avançar para que cada crente abra a sua
casa para ter uma célula.

Observe que temos falado isso durante mais de quinze anos, mas quando trazemos uma
ênfase sobre o que nós mesmo falamos o resultado é que somos vistos com
desconfiança. Pensam que somos extremistas. Ninguém é obrigado a ter uma reunião
na sua casa, mas se a visão estiver no seu coração isso inevitavelmente acontecerá.
Comece primeiro com uma reunião com a sua família, mas esteja preparado para que
ela se transforme numa célula que inclua outras pessoas. Se realmente vivermos a
verdade dessa visão, se realmente cremos que a nossa casa é uma extensão da igreja,

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

se realmente cremos que precisamos abrir a nossa casa então teremos uma verdadeira
explosão de salvação e multiplicação.

Coisas tremendas nos aguardam! Venha para a visão da conquista e da edificação! Abra
a sua casa para uma célula!

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Décimo primeiro dia


O mover do Espírito nas reuniões

Depois de quinze anos praticando a visão celular, cada membro já está bem habituado
com o formato da reunião da célula. Temos sido nutridos e cheios do Espírito nestas
reuniões, mas creio que ainda precisamos avançar para praticarmos um tipo de reunião
ainda mais próximo do modelo bíblico.

Segundo o ensino do Novo Testamento há duas coisas vitais numa reunião da igreja: a
mutualidade entre os irmãos e o falar de cada sacerdote. Esses são os dois elementos
mais importantes na reunião da célula.

A mutualidade

Por causa da enorme influência religiosa que recebemos nós não estamos familiarizados
com a mutualidade nas reuniões da célula. De forma geral ainda esperamos que uma
pessoa dirija a palavra e os demais apenas ouçam. Mas isso não está de acordo com o
modelo bíblico.

Podemos ver dois tipos de reuniões no Novo Testamento. O primeiro tipo aconteceu no
dia de Pentecoste quando Pedro se levantou e dirigiu a Palavra a mais de três mil
pessoas. Esse é um tipo de reunião onde um dos cinco ministérios de Efésios 4 está
atuando. Parece também que a reunião onde Paulo estava pregando em Atos 20 se
enquadra nessa categoria. Trata-se de uma reunião grande onde uma palavra especial
é liberada por um ministério.

Mas a reunião da igreja propriamente dita é bem diferente. Em I Coríntios 14:23 Paulo
fala da reunião da igreja. Ele diz “se, pois, toda a igreja se reunir no mesmo lugar…” Esta
sem dúvida é uma reunião da igreja. A reunião da célula é indiscutivelmente uma reunião
da igreja.

Logo em seguida no verso 26 ele diz que neste tipo de reunião “um tem salmo, outro,
doutrina, este traz revelação, aquele, outra língua, e ainda outro, interpretação. ” Esse é
o padrão de Deus para as nossas reuniões, a mutualidade. Cada crente está ali um pelo
outro. Todos ministram de alguma forma com o dom que recebeu.

Nas reuniões ministeriais não existe mutualidade porque elas são especificamente para
o fluir do dom ministerial na Igreja, mas a reunião da célula é a reunião normal da igreja
e nessas reuniões a mutualidade deve ser o padrão

Se não houver essa mutualidade não podemos dizer que temos uma reunião de célula
correta de acordo com o padrão bíblico.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

A necessidade de falar

O segundo elemento chave da reunião da igreja na célula é o falar de cada membro. Se


ninguém fala isso mata a reunião. Na verdade, toda a mutualidade depende do falar de
cada crente.

Atos 5:42 diz que “todos os dias, no templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar
e de pregar Jesus, o Cristo”. Essa é a descrição da Igreja depois do dia de
Pentecostes. Era uma reunião geral onde o ministério quíntuplo atuava. Mas a Palavra
de Deus diz que eles também se reuniam de casa e casa para ensinar e pregar. Podemos
dizer com certeza que eles repetiam o ensino e a pregação dos apóstolos feita no
Templo. Havia pregação e edificação, mas através do ministério de todos os crentes.

A adoração e a ministração

Em I Coríntios 12:1 Paulo diz: “A respeito dos dons espirituais, não quero, irmãos, que
sejais ignorantes”. Temo que ainda sejamos um pouco ignorantes a respeito dos dons
espirituais. Reconheço que somos ainda muito tímidos nessa questão, mas precisamos
mudar essa história. A célula é o melhor lugar para praticar e exercitar os dons espirituais.
A grande vantagem da célula é permitir que os irmãos exerçam dons e ministérios
livremente. Aquilo que não poderiam fazer numa reunião de celebração por causa do
tamanho eles podem fazer na célula.

No versículo dois ele continua: “Sabeis que, outrora, quando éreis gentios, deixáveis
conduzir-vos aos ídolos mudos, segundo éreis guiados.” Em outras palavras o que Paulo
está dizendo é que quando eram gentios vocês adoravam ídolos mudos que não falam.
Portanto vocês se tornaram mudos como eles. Mas agora vocês adoram um Deus vivo
que fala e, por essa adoração, vocês passaram a falar também. O princípio é que todos
os que estão no Espírito invocam o Senhor Jesus. Todos os que são cheios do Espírito
falam.

Quando os irmãos glorificam em voz alta, adoram clamando o Senhor, ministram na vida
uns dos outros, oram em voz alta, então é certo que o visitante se espantará, mas
também é certo que algo marcará o seu coração. Se formos apenas educados e
hospitaleiros, isso não os marcará. Mas o ambiente espiritual gerado por um falar
espiritual vai impressioná-lo.

A manifestação do Espírito

No verso sete de I Coríntios 12 Paulo diz que “a manifestação do Espírito é concedida a


cada um visando a um fim proveitoso. “Porque a um é dada, mediante o Espírito, a
palavra da sabedoria; e a outro, segundo o mesmo Espírito, a palavra do conhecimento;
a outro, no mesmo Espírito, a fé; e a outro, no mesmo Espírito, dons de curar; a outro,
operações de milagres; a outro, profecia; a outro, discernimento de espíritos; a um,
variedade de línguas; e a outro, capacidade para interpretá-las.”
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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

A primeira manifestação do Espírito mencionada é a palavra de sabedoria, depois a


palavra do conhecimento”. Nas reuniões a palavra de sabedoria certamente tem uma
posição de maior importância porque é o primeiro dom mencionado por Paulo. A Palavra
de Sabedoria é a sabedoria divina sobrenaturalmente transmitida pelo Espírito Santo.
Esse dom nos capacita a falarmos e agirmos com sabedoria divina e assim assegura o
uso e aplicação corretos de outros dons na reunião. Mas junto com a palavra de
sabedoria precisamos ter na reunião a palavra de conhecimento. A Palavra de
conhecimento nos dá certos fatos e informações através de uma revelação sobrenatural
do Espírito Santo. São informações e conhecimento que não poderiam ter sido obtidos
de nenhuma forma natural.

Paulo continua dizendo que a manifestação do Espírito inclui o dom da fé. A fé aqui é o
tipo de fé que pode remover montanhas. Esta é uma fé onde Deus sobrenaturalmente
esvazia a pessoa de qualquer dúvida e a enche com uma fé especial que a capacita a
realizar o propósito de Deus, apesar de todas as circunstâncias contrárias e
contraditórias da vida.

Depois Paulo fala de dons de curar e operações de milagres. É o poder do Espírito Santo
que vem por sobre o corpo de uma pessoa, dissolvendo suas enfermidades e tirando
suas dores para curá-la.

Estas são as obras de poder. Três coisas se mencionam: a fé para remover montanhas,
a cura das enfermidades, e as operações de milagres. Depois se diz que a outro é dada
a manifestação da profecia. Esse é o dom considerado mais importante para a edificação
dos irmãos (I Cor.14:1).

Profetizar é também falar. A palavra de sabedoria é para falar, a palavra de


conhecimento é para falar e a profecia é para falar. Se não falamos, nenhum desses
dons pode se manifestar.

Depois, se diz que a outro é dado o “discernimento de espíritos”. Esta é a capacidade


para discernir qual espirito é de Deus e qual não é de Deus. É um dom muito necessário
na libertação de pessoas oprimidas.

Depois do discernimento de Espírito vem a variedade de línguas e a capacidade de


interpretá-las. Línguas mais interpretação é igual a profecia. Estes são nove dons da
manifestação do Espírito na reunião da Igreja.

Em 1 Corintios 14:26 ele diz: “Que fazer, pois, irmãos? Quando vos reunis, um tem
salmo, outro, doutrina, este traz revelação, aquele, outra língua, e ainda outro,
interpretação”. Um salmo não é somente para cantar, mas é também para se falar.
Efésios 5:19 nos orienta que falemos uns aos outros com salmos, hinos e cânticos
espirituais. É interessante que ele diz para falar uns aos outros até mesmo cantando.

Nem preciso dizer que doutrina e revelação são todos um tipo de falar.
É interessante que quando Paulo fala da manifestação do Espírito, ele menciona nove
dons, dos quais quatro estão relacionados com milagres: a fé, a cura, os milagres e o
discernimento dos espíritos, e cinco estão relacionados com o falar dos crentes: a
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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

palavra de sabedoria, a palavra de conhecimento, a profecia, as línguas e a interpretação


das línguas.

Paulo disse em 1 Coríntios 14:1: “Segui o amor e procurai, com zelo, os dons espirituais,
mas principalmente que profetizeis”. A palavra profetizar significa três coisas. Primeiro,
profetizar é falar por Deus. Em segundo lugar, é emitir o parecer de Deus para exortar.
Em terceiro, é predizer, dizer de antemão algo que acontecerá.
Creio que todos esses três aspectos precisam acontecer entre nós. Precisamos
profetizar. É muito importante que haja profecia nas reuniões da célula, pelo simples fato
de que esse é o padrão do Novo Testamento. Precisamos todos de falar pelo Espírito
em nossas reuniões edificando, consolando e exortando. Essa é a riqueza da vida da
Igreja na célula. Precisamos viver essa realidade. Devemos praticar a mutualidade. Se
durante uma reunião só uma pessoa fala todo o tempo, todos sairão com a impressão
de serem pobres. Porém se todos falarem mutuamente a reunião será tremendamente
poderosa.

As coisas de Deus são recebidas quando falamos.

No Salmo 91 existe uma série de bênçãos prometidas, mas no verso nove temos a chave
para recebê-las: “Pois disseste: O Senhor é o meu refúgio.” É porque foi falado que agora
as bênçãos se derramarão.

O problema é que sempre estou ouvindo alguém dizendo: “você sabe, pastor, que eu
sou um irmão simples. Não sei se tenho algo para falar.” Esta é uma mentira do diabo.
Por anos, o inimigo tem nos usurpado a nós, os cristãos. Por anos, temos ficado sem
falar nas reuniões. Está na hora de colocar-nos em pé e repreender o inimigo dizendo:
“Aparta-te de mim, Satanás. Não creio nas suas mentiras. Não sou mudo. Não sirvo a
um ídolo mudo. Adoro a um Deus vivo que fala e Ele está falando dentro de mim agora
mesmo. O Espirito Santo fala hoje e ele habita dentro de mim. Eu tenho experimentado
o poder de Deus e a sua unção permanece em mim. Cristo é minha vida.
Precisamos ter o falar para manifestar o Espírito entre nós. Que o Senhor possa encher
nossas células do seu poder nesses dias.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Décimo segundo Dia


O cristianismo não é religião

Vivemos num tempo de obscuridade onde a verdade do evangelho foi substituída por
um tipo de religião humana. Mas a vida cristã nada mais é do que Cristo em nós.
Transformar Cristo numa religião é dizer que o seu sacrifício na cruz foi inútil e que
precisamos fazer algo por nós mesmos para alcançar a salvação.

No dia em que o Senhor Jesus morreu na Cruz o evangelho diz que o véu do templo se
rasgou de alto a baixo. Mas hoje temos um templo reconstruído em São Paulo.
Simplesmente costuraram o véu que o Pai havia rasgado. Estão passando um conceito,
algo que eles acreditam. E se cremos no erro inevitavelmente cairemos no abismo.

As pessoas estão acostumadas a pensar no cristianismo como uma religião, mas o


cristianismo não é uma religião.

Cristianismos é crer corretamente. Não é antes de tudo uma questão de se comportar


corretamente, mas crer corretamente.

Todo comportamento é resultado de uma crença. Uma crença errada sempre vai produzir
um comportamento errado. Baseado nisso posso dizer que uma crença errada pode
destruir a edificação da Igreja.

Como podemos identificar conceitos e práticas religiosas na igreja? Toda religião, possui
cinco características básicas.

1. O templismo

Recentemente uma igreja resolveu construir o Templo de Salomão na cidade de São


Paulo. É a expressão máxima do templismo nos dias de hoje. Nossa visão é muito clara
sobre isso. Nós não temos templos. Mas, e os demais evangélicos? Todos eles possuem
templos. Eles não podem criticar essa obra, mas, e quanto a nós?

Infelizmente ainda temos alguns sinais de templismo entre nós. Um deles é a ênfase na
visitação de Deus e não na sua habitação. No Velho Testamento havia visitação, mas no
Novo Testamento temos habitação de Deus.

O que você prefere, uma visita de Deus ou tê-lo habitando em nós eternamente? Não há
dúvida que a habitação é muito melhor, mas mesmo assim ainda temos irmãos buscando
uma visitação Divina.

Quando buscamos uma visitação estamos reconhecendo que ele não habita conosco.

Quando vivemos de acordo com a verdade de que o Senhor agora reside em nós a nossa
atitude muda completamente. Nos tornamos ministros lá fora e não pensamos que
perdemos a presença de Deus quando deixamos o culto.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Um segundo sinal de templismo é a ideia de que ficamos mais próximos de Deus em


nosso culto. Será que podemos ficar mais perto de Deus? É incrível, mas muitos irmãos
quando chegam ao culto pensam que estão longe de Deus e precisam de se aproximar.

No Velho Testamento Deus habitava primeiro no Tabernáculo e depois no Templo em


Jerusalém. Hoje ele habita em cada crente individualmente e na igreja como um corpo.

Segundo o conceito do Velho Testamento você ficaria mais perto de Deus quanto mais
perto estivesse do Templo.

Precisamos entender que somos o templo de Deus e que Deus não habita em prédios.
Nós somos Sua morada. Deus não mora no prédio da igreja. Quando você vai embora
depois do culto, Ele o acompanha. Ele habita com você, porque sagrado é você, e se
você está cheio de Deus, aonde você for, torna-se sagrado também. Somos o Seu
templo e O carregamos dentro de nós. Onde nós pisamos, Deus finca Suas pegadas;
aonde nós chegamos, Deus chega junto.

O prédio para nós é apenas um lugar de treinamento e celebração, a vida normal da


igreja acontece em outros lugares em nosso dia-a-dia.

2. O legalismo

A segunda característica fundamental de toda religião é a lei. Não há religião sem a lei.
A lei é o centro da vida de um religioso. Não podemos ser cristãos e ainda continuarmos
no legalismo.

Isso significa que não estamos mais sujeitos a lei alguma? É claro que cumprimos a lei,
na verdade nós que andamos no Espírito é que verdadeiramente cumprimos a lei.

O verdadeiro reino de Deus não é uma lei, mas o novo nascimento. Essa é a glória do
evangelho. Somente o evangelho tem poder de mudar o homem por dentro.

Eu não mato porque tem uma lei que me punirá se eu matar. Eu não mato porque sou
nova criatura e as tendências homicidas foram retiradas de mim.

O Espírito nos ensina a respeito de todas as coisas. A lei do Espírito foi impressa dentro
do nosso próprio espírito e não precisamos mais seguir a lei de Moisés que está presente
em todas as religiões.

O fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que nEle crê (Rm 10.4). Não devemos
mais seguir leis exteriores. O Espírito da Verdade nos conduz a toda verdade.

3. O clericalismo

A terceira característica da religião é o clericalismo. Você consegue perceber que


estamos edificando algo que foge completamente da religião? Quando realmente

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

praticamos a visão das células e a visão do evangelho, nós saímos fora de toda religião.
A religião destrói a vida de Deus e danifica o corpo de Cristo.

A verdade é que muitos vão aos cultos a cada domingo esperando receber uma unção
nova. Mas nós precisamos de uma unção nova? Você não precisa de uma nova unção.
Somente precisaríamos de uma nova unção caso a unção que possuímos se acabasse
ou ficasse velha. Mas a verdade do Novo Testamento é que a unção permanece em nós
e ela não envelhece.

No entanto, você sabia que a palavra “unção” ou “ungido”, referindo-se aos crentes, só
pode ser encontrada em apenas 3 passagens no Novo Testamento?

Temos de rejeitar essa mentalidade religiosa. A unção permanece conosco. A unção que
recebemos desde o princípio vai permanecer conosco por toda a nossa vida.

Todo crente nascido de novo é ungido e todos nós temos um chamado maravilhoso de
Deus em nossas vidas.

Toda religião possui algum tipo de classe clerical. Toda elas possuem algum tipo de
sacerdote que está acima das pessoas comuns, mas hoje todos somos um em Cristo
(3:28).

4. O ritualismo

No Velho Testamento o crente confiava em rituais e sinais exteriores como a circuncisão.


Mas hoje o cristianismo não é algo exterior, porém, é essencialmente algo interior e
espiritual, algo que procede do coração.

Ainda hoje, muitos procuram introduzir práticas e cerimônias exteriores na vida cristã.
Em nosso país tornou-se comum os objetos abençoados como flores, azeite, moedas,
etc. Esse é o maior sinal da decadência espiritual, pois esses mesmos acessórios
tornaram-se parte do catolicismo na idade média.

Os judaizantes concentravam-se em uma coisa exterior, a circuncisão, e faziam disso a


base da fé. Paulo, porém, mostra que as coisas exteriores não nos definem, ele diz que
nem a circuncisão é coisa alguma, nem a incircuncisão, mas o ser nova criatura. O que
realmente importa é o novo nascimento.

Não estou dizendo que o exterior e o físico não tenham lugar na vida da Igreja. Eles
existem, mas apenas como sinal visível de uma realidade interior e espiritual. Tudo o que
é espiritual inevitavelmente terá uma realidade exterior, mas nem tudo o que é exterior
possui realidade.

O batismo é um exemplo disso. Ele é equivalente da circuncisão no Novo Testamento,


mas precisamos ser cuidadosos para não enfatizarmos exageradamente o batismo
colocando-o como meio de salvação. O batismo é uma cerimônia que apenas tem valor
se houver a realidade interior do novo nascimento.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

5. As obras mortas

O Velho Testamento era caracterizado pelo que o homem poderia fazer para Deus, mas
o Novo Testamento não é mais uma questão do que fazemos para Deus e sim do que
ele fez por nós.

O verdadeiro arrependimento é o arrependimento de obras mortas.

O que são obras mortas? Muitos pensam que se trata do pecado em que vivíamos, mas
a verdade é que as obras mortas são aquelas obras que fazíamos com o intuito de
ganhar a nossa salvação. Era a nossa mentalidade antiga de barganha com Deus.

Precisamos viver constantemente debaixo da verdade do Novo Testamento: não é o que


eu faço para ele, mas o que ele fez por mim. Não apenas a salvação, mas toda a vida
cristã é baseada nessa verdade. Toda religião ensina que a salvação depende das obras
humanas. Todas elas ensinam que devemos merecer o favor de Deus através de nossas
boas obras.

Por causa disso todo religioso é hipócrita, pois ele sabe que não consegue agradar a
Deus com as suas obras, mas mesmo assim insiste nesse caminho. A cruz de Cristo
anula nossas obras humanas.

E o que há na cruz de Cristo que enraivece o mundo e o leva a perseguir aqueles que a
pregam? “Cristo morreu na cruz por nós, pecadores, fazendo-se maldição em nosso
lugar” (3:13). Dessa forma a cruz nos diz algumas verdades muito desagradáveis acerca
de nós mesmos. A cruz mostra que somos pecadores, que estamos sob a maldição da
lei de Deus e não podemos nos salvar por nós mesmos. Paulo mostra que se houvesse
possibilidade de sermos salvos pelas nossas boas obras certamente e cruz nunca teria
acontecido (Gl. 2:21).

Cada homem que olhar para a cruz ouvirá Cristo dizendo: “eu estou aqui por sua causa”.
É o seu pecado que estou assumindo, é a sua maldição que estou sofrendo, é a sua
dívida que estou pagando, é a sua morte que estou morrendo. A cruz nos coloca na
posição correta. Ela provoca uma grande ferida no orgulho humano.

A cruz é a prova divina de que somos maus e merecedores do inferno. A cruz mostra o
imenso amor de Deus e prova que toda a obra de salvação é feita por ele.

Precisamos viver constantemente debaixo dessa verdade: não é o que eu faço para ele,
mas o que ele fez por mim. Não apenas a salvação, mas toda a vida cristã é baseada
nessa verdade.

Não sofreremos perseguição e oposição se pregarmos bons princípios espirituais ou o


alto padrão moral do cristianismo. O mundo não se importa com isso, mas se falarmos
do Cristo crucificado e da sua graça sofreremos perseguição. A graça anula as assim
chamadas boas obras e a cruz destrói o orgulho humano, por causa disso o mundo
sempre resistirá a mensagem da cruz.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Décimo terceiro dia


A edificação é um encargo

Nosso encargo é edificar uma igreja de vencedores, onde cada membro é um sacerdote
e cada casa uma extensão da igreja, conquistando, assim, a nossa geração para Cristo,
através de células que se multiplicam.

Essa é a nossa visão, a nossa declaração de propósito. A primeira parte dela diz que
nosso encargo é edificar uma igreja de vencedores.

Uma igreja de vencedores

O que é ser uma igreja de vencedores? É ser uma igreja que cumpre o propósito de
Deus. E qual é esse propósito? Ter um grupo de pessoas à Sua imagem e semelhança.
Deus deseja encher o homem com Ele mesmo, com Sua vida, a fim de expressá-Lo,
para que assim o homem tenha o Seu domínio e O represente na terra.

O homem foi criado como um vaso para conter Deus dentro de si. Fomos feitos como
uma luva para conter Deus. A luva é imagem e semelhança da mão, mas a mão é a
realidade da luva. Uma luva é criada conforme a semelhança da mão, com o propósito
de contê-la. Igualmente, o homem foi criado à imagem do Senhor com o propósito de
conter a Divindade.

Uma vez que o homem recebe Deus como vida dentro de si mesmo, ele se torna um
instrumento nas mãos d’Ele. Para que o homem fosse usado como instrumento, Deus
deu-lhe a seguinte ordem:

Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do


mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra. (Gn 1.28)

Crescer e multiplicar – A primeira ordem dada ao homem, na velha criação, foi para
crescer e multiplicar-se. A mesma ordem nos é dada hoje na nova criação. Todos nós
recebemos a ordem de crescer e multiplicar Uma igreja de vencedores, portanto, é
aquela que cumpre o propósito original de Deus: crescimento e multiplicação. Não há
como cumprir o propósito de Deus sem fecundidade e multiplicação. Por isso, nossa
visão exige a multiplicação de cada célula pelo menos uma vez por ano. Um líder
vencedor é aquele que assim se multiplica.

Deus também disse para o homem dominar, ou seja, deu-lhe autoridade para exercer o
domínio como se fosse o próprio Deus. Qualquer um que visse Adão saberia que ele
representava Deus, pois, em tudo, era semelhante ao Criador.

Conserve em sua mente estas duas palavras: imagem e domínio. Porque temos a
imagem, exercemos o domínio. Imagem é para expressar (o próprio Deus) e domínio é
para exercer autoridade (de Deus).

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Guarde o propósito duplo de Deus. Primeiro, Ele quer ter o homem à Sua imagem para
exercer domínio, ou seja, ser um ministro. Em segundo lugar, Deus deseja que esse
homem se multiplique. Uma igreja de vencedores tem a visão de conquistar a sua
geração para Cristo.

Não somos apenas salvos, mas vencedores.

Há uma diferença entre posição legal e posição experimental. Posição legal é aquilo que,
por direito, é nosso. Legalmente, já somos mais que vencedores – Cristo já nos garantiu
a vitória. Na cruz, Ele já pagou o preço da nossa redenção e subjugou todos os
principados e potestades. Ele venceu, e, assim, porque estamos n’Ele, nós também
somos vencedores. A posição d’Ele é a nossa posição também.

Entretanto, posição experimental é algo bem diferente. Tomar algo dessa forma significa
praticar algo que já é uma verdade legal. Há muitos crentes que legalmente são herdeiros
de uma grande fortuna, mas não experimentam disso, vivem numa miséria absoluta.
Sendo filhos do Rei, vivem como se fossem escravos.

A grande recompensa dos crentes será reinar com Cristo durante o milênio, depois que
Ele voltar. Mas deixe-me dizer-lhe algo: se você não está disposto nem mesmo a liderar
uma célula, como poderá reinar com Cristo? Se não existe o desejo, o encargo, de
multiplicar sua célula uma vez por ano, não haverá galardão algum.

Em uma igreja de vencedores, cada membro é um ministro e todos se dispõem a liderar


uma célula, multiplicando-a uma vez por ano. O sinal de que estamos atuando como uma
igreja de vencedores é ver as células se multiplicarem.

Cada membro um sacerdote

Nossa visão é um encargo em nosso coração. Há uma diferença entre cargo e encargo.
Cargo é a posição que as pessoas assumem dentro de uma organização. Encargo é um
desejo profundo no coração compartilhado por aqueles que fazem parte de um mesmo
organismo.

O encargo procede de um desejo profundo no coração. São sonhos do espírito.


Enquanto o cargo fala de posições que geram status. Quem trabalha por cargo precisa
ser supervisionado o tempo todo, não tem motivação para criar nada e só faz o que
mandam. Mas quem tem encargo está disposto a dar a própria vida pelo objetivo
proposto.

Existem dois tipos de líderes que não queremos em nossa igreja: aqueles que não fazem
o que se manda e aqueles que só fazem o que se manda. Os primeiros são ineficazes,
e os segundos possuem apenas o cargo, mas não o encargo. Os líderes que receberam
o encargo não apenas fazem o que se manda, mas vão além: eles criam, sonham e
realizam além do que foi pedido. São homens que estão dispostos a verter sangue, suor
e lágrimas, como dizia Winston Churchil.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Infelizmente, na maioria das igrejas, predomina o clericalismo, os membros não


funcionam, tornaram-se letárgicos. O inimigo tem conseguido anestesiar os membros
para que não funcionem. Em nossos dias, há dois tipos de clericalismo. Em um, os
próprios clérigos se colocam acima dos leigos, afirmando que são eles os que sabem,
os que conhecem e, portanto, são incontestáveis. Chegam mesmo a proibir os membros
de pregar, ensinar ou fazer qualquer outra coisa. Nesse ambiente, a única função dos
membros é ir à igreja, sentar-se nos bancos e ficar olhando para frente a fim de ouvir o
pregador.

O outro tipo de clericalismo é consequência do primeiro. Nele, o povo está tão


acostumado à situação que contrata um pregador profissional – um funcionário do púlpito
– e exige que ele faça a obra de Deus, enquanto os membros apenas dão o dinheiro.

Crentes que não se envolvem são crentes parasitas. Eles esperam ser mimados,
ministrados e entretidos pela igreja. Em troca, são contabilizados na estatística e,
eventualmente, dão uma oferta – ou algo parecido – para manter “o sistema”. Esse tipo
de crente faz parte dos 85% dos membros que são carregados e ministrados pelos outros
15%.

Na igreja convencional, não há nenhum contexto no qual o crente possa ser treinado a
produzir, ao invés de consumir. Já na igreja em células, seus membros têm a
oportunidade de desenvolver seus potenciais e se tornar produtivos. Lamentavelmente,
essa dinâmica não é experimentada na maioria das igrejas cristãs de hoje. Muitos de
seus membros frequentam, fortuitamente, apenas as reuniões dominicais e não se
dispõem a envolver-se nos programas de atividades de suas igrejas.
Consequentemente, transformam-se apenas em mais um dado estatístico do relatório
anual de atividades da igreja “X”, o qual figura no gráfico dos “esquentadores de bancos”,
ou no dos “contribuintes do sistema”, ou no dos “expectadores sem importância”.

O sistema de Jesus foi projetado para resultar em produtores, e não em consumidores


ou parasitas. Precisamos retomar, nesses dias, o fundamento do sacerdócio universal
do crente, a verdade de que cada um de nós é um ministro (1Pe 2.9).

Não existe em nossa igreja um departamento ou um programa de células. O nosso alvo


é bem mais ambicioso. Nós queremos restaurar o modelo de Igreja do Novo Testamento,
com um novo tipo de membro. Isso, na verdade, representa o restabelecimento do
paradigma original da Igreja. Nele, o membro não é mais um mero consumidor espiritual
(no shopping da igreja), mas um produtor útil e frutífero na família de Deus.

Muitos encaram a Igreja como uma prestadora de serviços espirituais, na qual podem
buscar, quando desejarem, uma ministração forte, uma palavra interessante, uma aula
apropriada para seus filhos, um ambiente agradável, e assim por diante. Quando, por
algum motivo, os serviços da igreja caem de qualidade, esses consumidores saem à
procura de outro shopping espiritual mais eficiente. Membros assim não têm aliança com
o Corpo.

Jesus nos chamou para fazer discípulos, e não apenas convertidos. Por isso, queremos
ser um povo com uma vida cristã sólida, com a prática regular de oração e leitura da
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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Palavra de Deus. Queremos ser um povo cujos lares são aquecidos pelo amor. Uma
comunidade que serve a Deus com os dons na família, escola, trabalho, igreja etc. Em
outras palavras, nós desejamos ser ministros.

Como é o crente que se torna um ministro? Existe uma diferença entre você ter a visão
e a visão ter você. Ter uma visão não é algo difícil. Basta mudar nossa terminologia.
Todavia, ser conquistado por uma visão é completamente diferente, pois implica uma
mudança de mentalidade.

Quando um crente compreende que ele deve produzir, e não simplesmente consumir,
uma verdadeira revolução acontece em sua postura em relação à igreja local. Ele não
se preocupa em saber o que a igreja pode lhe oferecer. Antes, preocupa-se em saber
como ele pode ser útil a ela.

Ele não responsabiliza o pastor ou algum líder pelo seu crescimento espiritual, porque
sabe que pode e deve ter intimidade com Deus sem intermediário algum. Ele encara
suas próprias guerras e ainda tem disposição para dar apoio e socorro aos novos
convertidos nas guerras deles.

Se tiver que se mudar para outra cidade, sabe que a igreja vai junto com ele. Sabe que
mesmo distante do prédio, a igreja acontece onde ele estiver.

Alguém conquistado pela visão está consciente de seus dons e de que deve usá-los para
a edificação dos outros membros. Essa visão, apesar de ser revolucionária, não é nova.
Desde os tempos da Reforma Protestante, já se falava em sacerdócio universal dos
crentes. Estamos apenas retornando às origens e procurando viver segundo o padrão
de Deus.

Cada casa uma extensão da igreja

É algo realmente gratificante ver tantas pessoas funcionando como membros do Corpo
vivo de Cristo. Temos o privilégio de ver uma estrutura funcionando com liberdade, sem
temores e permitindo o desenvolvimento do pleno potencial de cada um.

Vejamos agora o terceiro aspecto de nossa visão: cada casa é uma extensão da igreja.

O prédio onde nos reunimos não é o retrato de nossa igreja. Ela poderia ser vista melhor
como um tabernáculo no deserto, perambulando de um lugar para outro, acontecendo
simultaneamente por toda a cidade, nas casas.

Nas células, existe uma mobilização natural para ajudar os necessitados. Os mais velhos
ensinam aos mais novos o que é ser crente. Os pastores treinam os novos líderes para
o desempenho do serviço e todo o Corpo se mobiliza para a festa da colheita de almas.
Afinal, cada célula visa se reproduzir e se multiplicar uma vez ao ano. Falamos todos
uma mesma linguagem e há uma unanimidade santa de propósito entre nós. Em nosso
coração, sentimos que estamos voltando para os primórdios da Igreja do primeiro século.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Nós somos uma igreja em células. Cada instituição é a cara do prédio onde se reúne,
mas nossa igreja não existe em função do prédio onde nos reunimos. Para nós, o prédio
é apenas um lugar de treinamento e celebração. A vida normal da igreja acontece em
outros lugares, no nosso dia a dia.

Apesar de Deus ter habitado em um templo no Velho Testamento, isso não acontece no
Novo Testamento. Hoje, nós somos o templo de Deus. Ele habita em nós. Assim,
biblicamente falando, a Igreja do Novo Testamento possui um lugar de reunião, mas não
possui templos.

Os templos são uma grande contradição do cristianismo. Na verdade, eles não existiam
até o segundo século. Se você procurasse pela Igreja no primeiro século, você seria
conduzido a grupos de pessoas se reunindo em casas. Não havia um prédio especial.
No entanto, aquele foi o tempo em que a Igreja mais cresceu em número e na vida
espiritual.

Na verdade, esses são objetivos básicos da Igreja: edificação e crescimento em número,


em fé e serviço. Os prédios em nada ajudam para que isso seja alcançado. Não sou
contra o uso de prédios como lugares para a reunião da igreja. Creio que eles têm muitas
lições a nos ensinar.

a. Prédios falam de imobilidade

O mover de Deus diz: “Ide”. Mas nossos prédios nos dizem: “Fiquem”. O mover de Deus
diz: “Busquem os perdidos”. Mas os prédios nos dizem: “Deixem que eles venham até
nós”.

Uma igreja em células é um tabernáculo ambulante. É sempre móvel, uma peregrina.


Nossa identidade não está associada a prédios. Eles possuem uma utilidade meramente
funcional, e não existencial.

b. Prédios falam de inflexibilidade

Faça você mesmo um teste. Vá a uma igreja para a qual o prédio seja a própria
identidade dessa comunidade. Avalie o grau de abertura para mudanças no meio deles.
Pode ter certeza: o resultado é zero. O prédio determina o tipo de igreja que nele se
reúne. Tudo fica em função do espaço disponível. Mas a pior coisa a respeito da falta de
flexibilidade é a estagnação. Entra e sai ano, e aquela igreja é a mesma. Sabe por quê?
Porque ela e o prédio se confundem. Os prédios mudam pouco, principalmente quando
são caros e magníficos.

Na antiguidade, os judeus guardavam vinho em odres feitos de couro de ovelha. Esses


odres precisavam frequentemente ser untados por fora para não se enrijecerem e se
partirem, perdendo todo o vinho. Assim, a maior necessidade de um bom odre era ser

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

flexível. Isso era necessário por causa da fermentação do vinho que emite gases e força
à estrutura do odre.

Essa ilustração é incrivelmente clara. Odres (estruturas) precisam ser flexíveis porque o
vinho (Espírito Santo) é algo cheio de vida que produz movimentos e mudanças
eventuais de volume. E uma boa maneira de torná-los flexíveis é sempre mantê-los
cheios de óleo. Nós somos uma igreja flexível e aberta ao mover de Deus justamente
porque nossa identidade está nas células.

c. Prédios falam de impessoalidade

Por si só, os prédios são coisas impessoais. Apesar de, em alguns momentos, inspirarem
o culto, transpiram formalidade e distanciamento. Podemos estar alegres e
descontraídos, mas quando entramos num “templo”, somos atingidos por um espírito de
impessoalidade. Tornamos-nos imediatamente frios, distantes e formais.

Esse tipo de problema não existe quando a vida da igreja extrapola os limites do prédio
através das células. Elas definem tanto a nossa liturgia quanto a nossa maneira de existir
como igreja.

d. Prédios nos falam de orgulho

Uma das motivações da construção da Torre de Babel foi a perpetuação do nome dos
seus construtores. Eles queriam tornar-se célebres e famosos (Gn 11.4). Se, por um
lado, os grupos estão à procura de ostentação e glória e se preocupam muito com
prédios, por outro, as células não ostentam coisa alguma e estão em todo lugar: nas
casas, nas escolas, nas empresas. Não temos em que nos gloriar, a não ser no poder
de Deus.

Ao usar a analogia do templo, não estamos dizendo que somos contra os prédios,
cremos mesmo que eles são inevitáveis. Mas cuidado! Quando a identidade de uma
igreja está ligada ao prédio, então a vida já se foi. O que resta é uma instituição morta.

Acabou-se o tempo em que a vida da igreja era algo que acontecia aos domingos, nos
templos. Em uma igreja de vencedores, ser cristão é um estilo de vida que praticamos
em nosso dia a dia. A igreja acontece em todo lugar: nas ruas, nos colégios, nos
supermercados, nos shoppings e, acima de tudo, nas casas.

Em uma igreja de vencedores, não recrutamos membros, fazemos discípulos. Membros


de igreja não podem alcançar muito para Deus. Discípulos, porém, conquistam nações.
Se a visão entrar em você, onde você for, a igreja irá junto. Se você se mudar para outra
cidade, a igreja irá junto com você. Não vá à igreja, mas carregue a igreja aonde você
for.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Décimo quarto Dia


Compreendendo a edificação

Muitos cristãos são bastante corretos quanto à conduta e parecem ser muito espirituais,
mas, lamentavelmente, são apenas pedras isoladas. Podem até ser pedras preciosas,
mas se estiverem isoladas, não serão de muita utilidade para o propósito eterno de Deus.
O Senhor deseja uma casa e não uma infinidade de pedras preciosas isoladas,
destinadas a compor uma exposição. Nossa grande necessidade, hoje, é sermos
edificados juntos na vida da célula. Se ganhamos muitas pessoas, mas não as
edificamos como parte do edifício de Deus, nosso trabalho pode ser em vão. Quando
aprendemos a ser edificados, temos vitória, santificação, poder, plenitude de Deus e
riqueza espiritual; tudo depende de sermos encaixados e edificados no edifício de Deus.

Todos os nossos problemas são consequência de uma única coisa: somos muito
individualistas e independentes, estamos desvinculados uns dos outros. É por esse
motivo que somos assediados por fracassos e fraquezas. Você tem algum pecado que
o assedia, o qual não consegue vencer? Quando se dispuser a ser vinculado e edificado
com outros irmãos, você descobrirá como seu pecado pode ser superado.

Somos membros do Corpo de Cristo e precisamos estar encaixados nele de forma


prática. Só temos utilidade dentro do Corpo; só encontramos realização quando somos
uma pedra viva do templo.

Precisamos, então, compreender de forma bem prática como podemos construir o Corpo
de Cristo, a Casa de Deus. Os apóstolos usavam a parábola da casa de pedra para
explicar essa verdade. O pastor Eddy Leo, numa de suas ministrações em Goiânia, nos
deu uma clara compreensão dessa ilustração. Para construir um prédio, precisamos de
cinco elementos fundamentais, e não podemos prescindir de qualquer um deles. Esses
cinco elementos estão todos relacionados aos cinco ministérios citados em Efésios 4.11,
e precisam ser observados na vida normal da célula, pois tais ministérios foram
constituídos para treinamento dos santos a fim de que estes desempenhem o serviço de
edificação da Casa de Deus.

E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para
evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos
santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo. (Ef
4.11,12)

O serviço dos santos é a edificação do Corpo de Cristo. Esse é o nosso trabalho.


Qualquer propósito diferente deste está fora do propósito eterno de Deus.

1. A planta da edificação

O primeiro elemento necessário para se construir uma casa é o projeto, a planta. Como
sabemos onde colocar cada pedra? Como conseguimos dar a mesma forma às pedras?

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Qual é o padrão? Para isso, precisamos da planta da construção, e todos os


trabalhadores envolvidos na obra de edificação precisam saber como ler esse projeto
que já foi dado pelos apóstolos. Este aspecto é função do ministério apostólico.

É por isso que precisamos do ministério apostólico para fazer a obra de edificação da
Casa de Deus. Cada membro da célula precisa saber ler a planta e conhecer o propósito
eterno, não apenas o líder da célula, mas todos os membros. Este é o problema de
muitas igrejas em célula: os membros não sabem o que é a Casa de Deus; tratam a
célula apenas como um grupo pequeno e trabalham de acordo com seu próprio
entendimento. Por causa disso, rapidamente a célula se torna uma obra humana e acaba
morrendo.

2. A coleta das pedras

Uma vez que conhecemos a planta, a visão da casa, então precisamos sair para coletar
as pedras. Assim, nosso segundo passo é achar as pedras vivas. Precisamos encontrar
o lugar onde há pedras e levá-las para o local da construção, o que aponta para o
evangelismo. Deus nos leva a buscar pedras mortas e transportá-las para o reino da luz,
onde se tornam pedras vivas. Depois, elas se tornam pedras lavadas e, mais adiante,
pedras buriladas.

Somente trazer as pedras e lavá-las não é suficiente. Não podemos pegar a pedra bruta
e usá-la na edificação

Muitas igrejas são boas em coletar pedras, mas porque não são orientadas pelo
propósito eterno, param neste ponto. Elas só ajuntam pedras, mas isso não é uma casa,
é apenas uma pilha de pedras. Alguns pastores se enchem de cobiça e começam a
desejar as pedras de outra construção local, então, vão e as roubam. Eles desejam ter
muitas pedras não porque queiram edificar, mas porque são colecionadores de pedras
vivas e se vangloriam de sua enorme coleção. O propósito de Deus não é ter um
ajuntamento de pedras, um amontoado de rochas. Ele deseja ter Sua Casa e, para isso,
é preciso que as pedras sejam edificadas, amalgamadas e vinculadas na construção.
Quando nos tornamos casa para Deus, Sua presença não se ausenta, mas se manifesta
em todo tempo.

3. As pedras devem ser buriladas

Como nós saímos e coletamos muitas pedras pelo evangelismo, agora nossa construção
está cheia de pedras, mas elas não estão prontas para a edificação. Neste ponto,
precisamos do terceiro elemento: o ministério de ensino. Nesta obra, precisaremos
quebrar algumas pedras e talhar outras para tirar as arestas, e o ministério que faz isso
é o de ensino.

Quando faço parte da edificação de uma célula, devo aceitar que um irmão me exorte,
mesmo que ele conheça menos que eu; preciso receber o conselho de outro, mesmo
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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

que ele não seja o líder ou pastor. No texto de Colossenses, Paulo ensina que, na Casa
de Deus, nós nos instruímos mutuamente, ou seja, ensinamos uns aos outros. Mas, há
aqueles que só aceitam aprender com o discipulador. Na mesma carta, Paulo diz que
devemos também nos aconselhar mutuamente, contudo, há aqueles que só aceitam
conselhos do pastor e, mesmo assim, dentro do escritório pastoral.

Para ser edificada, cada pedra deve ter determinado tamanho, forma e textura, e o
padrão que devemos seguir é o da pedra angular, isto é, o Senhor Jesus. Ele é a pedra
angular à qual todas as outras precisam estar alinhadas. Mas Jesus não é apenas a
pedra angular, Ele é também a pedra de esquina. A pedra angular era a pedra que servia
de alicerce, onde toda a construção se apoiava, mas a pedra de esquina era aquela
colocada para dar o prumo e a direção do edifício.

4. As pedras devem ser encaixadas

Preparadas as pedras, precisamos, agora, do quarto ministério, que vai colocar cada
pedra no lugar certo e cimentá-las umas nas outras para que cada uma tenha uma boa
relação e esteja ligada com as demais. Esse é o ministério pastoral. Todos nós
precisamos cuidar uns dos outros, e necessitamos estar atentos para que cada pedra
esteja edificada em seu próprio lugar. Além disso, essas pedras precisam de
manutenção e cuidado para se manterem sempre numa boa condição.

5. O controle de qualidade

Quando construímos, precisamos cuidar para que a construção esteja de acordo com o
projeto. Esse é um trabalho de supervisão e, se percebermos que estamos construindo
de maneira errada, precisamos exortar uns ao outros. Se alguém, por exemplo, estiver
edificando fora da planta, precisamos trazê-lo de volta. Por outro lado, se estivermos
fazendo tudo corretamente, o ministério profético confirmará o trabalho feito e nos
motivará a fazer o que ainda falta.

Lembre-se de que cada crente é, ao mesmo tempo, construtor e pedra viva. Se


deixarmos os crentes edificadores sem supervisão e treinamento, eles não conseguirão
terminar o projeto. Isso também nos faz ver como é séria e perigosa a edificação da
Igreja. Na verdade, toda construção é um lugar perigoso. Há riscos por todo o lado e, se
não soubermos como edificar, poderemos nos machucar e ferir muita gente.
Outro aspecto importante é que, sem supervisão, os trabalhadores ficam preguiçosos.
Se os mandamos buscar mais pedras, eles fogem do trabalho. Por outro lado, pode ser
que os trabalhadores estejam muito motivados, mas não tenham muita habilidade e
acabem quebrando as pedras, inutilizando-as para a edificação.
Para que o projeto seja realizado, precisamos de supervisores. É deles a
responsabilidade de treinar, equipar e também de checar se a obra está sendo feita
corretamente. O trabalho de supervisão é um tipo do ministério profético.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Sempre teremos irmãos que atuarão nos ministérios, mesmo que não possuam título
algum. O importante não são os títulos, mas a realidade da edificação.

Como podemos cooperar na edificação da Igreja?

a) Precisamos nos reunir

De nada adianta falarmos de edificação se somos individualistas e isolados. A reunião é


extremamente importante para a edificação do Corpo. Quando estamos em Cristo,
sentimos necessidade dos outros membros do corpo.

Podemos ter muitas dificuldades no dia-a-dia, falta de tempo e horários difíceis, mas
sempre haverá no coração dos nascidos de Deus um anseio pela comunhão, pela
reunião dos santos.

b) Precisamos crescer no Senhor

Somente um corpo crescido pode expressar apropriadamente o Senhor. Precisamos


tratar com o nosso pecado, nosso mundanismo e com o nosso ego. Para crescer,
precisamos nos encher da vida de Cristo, pois, quando somos cheios do Senhor e
ministramos ao Senhor, então a vida abundante de Cristo se manifesta. Tudo de que
precisamos para crescer é de vida fluindo.

c) Precisamos funcionar como ministros

Se somos ministros, precisamos ministrar ao corpo; se somos membros, precisamos


funcionar de acordo com o dom que o Espírito nos concedeu. Se uma pessoa não
consegue funcionar adequadamente, isso pode ser um sinal de que ela ainda não
cresceu o suficiente.

d) Todos nós precisamos falar

Na vida da célula, o falar é fundamental. Lembre-se sempre de que não edificamos um


grupo pequeno, mas edificamos igrejas nas células. A célula edificada apropriadamente
é uma expressão da Igreja. Lembre-se sempre de que é pela boca que a maior parte das
doenças naturais se propagam, e não é diferente na vida espiritual.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Décimo quinto Dia


Valores inegociáveis

São duas as dimensões em que trabalhamos: publicamente e de casa em casa.

“Jamais deixando de vos anunciar coisa alguma proveitosa e de vo-la ensinar


publicamente e também de casa em casa,” (Atos 20:20)

Somos uma igreja em células. O que significa ser uma Igreja em células e por que somos
uma igreja em células? Não somos meramente um povo que está distribuído em
pequenos grupos nas casas. O que nos caracteriza não é somente as reuniões ou os
grupos pequenos; o que nos caracteriza são os nossos valores. As células definem a
nossa estrutura, mas os nossos valores falam de quem nós somos.

Por trás das células existem valores. Existe um modelo de igreja que queremos ser,
aquele que entendemos que está de acordo com o ensino do Novo Testamento, que
está no coração de Deus. Nós queremos responder ao chamado de Deus. Eu quero
participar nos dias da minha geração da edificação de algo que tem repercussão eterna.
Eu quero edificar um lugar para a habitação de Deus que é a Igreja do Senhor Jesus.
Quero participar do mover de Deus nos meus dias e também estar num ambiente em
que muitos possam ter a oportunidade de se envolver!

Gostaria de enfatizar alguns valores fundamentais que definem a nossa visão.

1. Nosso alvo é sermos crentes vencedores

O vencedor é aquele que responde ao chamado para ser líder na casa de Deus, se
dispõe a tomar a cruz e fazer discípulos, mantém sua vida afastada das paixões do
mundo e busca uma constante intimidade com o Pai.

2. A igreja são as pessoas e não o prédio

Em primeiro lugar, o prédio onde nos reunimos não é sagrado. Sagrados são nosso
corpo e nossa vida, pois nos foram dados por Deus para a Sua habitação e glória. Nós
é que somos o santuário de Deus. Não sabeis que sois santuário de Deus e que o
Espírito de Deus habita em vós? 1Co 3.16

Em segundo, nossa casa é uma extensão da igreja, que acontece em todo lugar: nas
ruas, nos colégios, nos supermercados, nos shoppings e, acima de tudo, nas casas. O
Senhor Jesus disse que onde houvesse dois ou três reunidos em seu nome, ali ele
estaria. Portanto, a igreja acontece no momento em que nos reunimos em nome do
Senhor.

Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles. Mt
18.20

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

E em terceiro lugar, nós não esperamos que pessoas venham ao prédio, mas nós vamos
aonde elas estão. A vontade do Senhor é o “Ide”, mas por muito tempo temos vivido o
“Vinde”.

Se você é um ministro, aonde quer que você vá, a igreja irá junto com você. Se você se
mudar para outra cidade, a igreja irá junto com você. Você não vai à igreja, mas carrega
a Igreja aonde você vai. Assim, já não temos aquela separação entre a vida no prédio
da igreja e a vida secular.

3. Todos os filhos de Deus são ministros

Este é um valor inegociável. O sacerdócio universal dos crentes foi restaurado desde a
reforma protestante, com Lutero. Homens de Deus morreram por essa verdade e pela
prática dela. Mas ainda hoje, o vírus do clericalismo mantém pessoas anestesiadas e
improdutivas no corpo de Cristo.

4. Nosso alvo é fazer discípulos e não simples convertidos

O discipulado é um tipo de relacionamento que nos ajuda a crescer. Nele, eu me coloco


debaixo da autoridade de alguém. Biblicamente, todos nós precisamos manter um
relacionamento desse tipo, no mínimo, com três pessoas, conforme o exemplo de
Timóteo, Paulo e Barnabé. Todos nós precisamos de um Paulo, de um Timóteo e de um
Barnabé em nossa vida.

Timóteo é aquele a quem estamos ensinando, instruindo, inspirando. Com a nossa


experiência, ajudamos Timóteo a crescer e desenvolver-se espiritualmente. O Timóteo
é simplesmente o seu discípulo.

Barnabé é aquele companheiro com quem conversamos de igual para igual, com quem
choramos e rimos juntos.

Paulo é aquele que está acima de nós, motivando-nos, inspirando-nos e ajudando-nos a


crescer. Paulo é aquele a quem nos submetemos e prestamos conta de nossa vida. Ele
é o nosso discipulador. Paulo é alguém a quem damos liberdade para interagir em nossa
vida.

Todos nós precisamos, primeiramente, de um pai espiritual a quem possamos imitar,


depois, de um irmão que possa caminhar conosco. Todavia, o crescimento só se
completará quando tivermos um filho espiritual. Ter um discípulo é uma condição vital
para o crescimento e o consequente fortalecimento da igreja.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

5. Cada linha de autoridade da igreja é uma posição de discipulado

Cada linha de comunicação, cada posição de autoridade dentro da igreja é uma posição
de discipulado. O pastor não tem apenas pastores auxiliares, ele tem pastores que são
seus discípulos, treinados por ele para fazerem o que ele faz. O pastor de rede não tem
apenas uma equipe de discipuladores para ajudá-lo a fazer algo, eles são seus
discípulos.

O mesmo acontece com os discipuladores de líderes, que não possuem um cargo na


igreja ao qual os líderes de células estejam subordinados. O discipulador discipula cada
líder que faz parte de sua equipe. O líder de célula, por sua vez, precisa ter em sua célula
líderes em treinamento. Não precisam ser muitos, mas pelo menos um, para que haja
multiplicação espiritual. Esse líder em treinamento não é somente o auxiliar ou ajudante
do líder da célula, mas é seu discípulo. Por fim o líder em treinamento é, também, um
anjo da guarda, ou seja, um consolidador, que acompanha os irmãos novos convertidos.
Essa é a estrutura da nossa igreja e também um valor a ser preservado. Não temos
cargos, mas desempenhamos funções na casa de Deus.

6. Cremos no crescimento e na multiplicação

Nossa visão é conquistar nossa geração. A conquista de uma geração envolve levarmos
muitas pessoas a Cristo, pois o mover de Deus se caracteriza por conversões. Não
precisamos buscar o mover, apenas permanecer nele. O mover de Deus é sinônimo de
conversão, que por sua vez é sinônimo de multiplicação, o que significa que mais
pessoas serão resgatadas do inferno.

Deus nos tem dado a unção para multiplicação, e ela é como um tesouro precioso que
devemos guardar. E a melhor maneira de fazê-lo é levando uma vida disciplinada de
oração, leitura da Palavra, congregando e trabalhando sempre para a obra de Deus.
Temos que preservar essa unção.

7. Fomos chamados para gerar filhos, não para fazer coisas

A mentalidade básica da igreja de programa é o fazer algo para Deus. Seus líderes e
membros não se preocupam muito com o que estão fazendo, desejam apenas a
satisfação de estarem envolvidos em alguma atividade. Em oposição a isso, a igreja
célula está sempre focada em gerar filhos e multiplicar células.

Quando você estiver diante de Deus, o que acha que será requerido de você? Quer ser
vencedor? Então preste atenção: só reinará aquele que receber a coroa. E quem é nossa
coroa e glória? Segundo o apóstolo Paulo, os filhos são nossa coroa e glória (Fp 4.1;
1Ts 2.19). Se quiser reinar naquele dia, apresente para Deus o que Ele deseja. Gere
filhos para o Pai.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

8. Edificamos a Igreja preservando a unidade

Isso significa que caminhamos em unidade de linguagem, propósito e obra.

Eis que o povo é um, e todos têm a mesma linguagem. Isto é apenas o começo; agora
não haverá restrição para tudo que intentam fazer. Gn 6.1

É a unidade que torna a visão possível e realizável, por isso não admitimos que haja uma
linguagem diferente entre nós. Precisamos todos falar a mesma coisa. Precisamos
também caminhar num único propósito e visão. Sabemos qual é a equação da morte:
visão + visão = divisão. E por fim precisamos todos estar unidos numa única obra. Não
fazemos cada um uma obra individual, mas estamos todos envolvidos num mesmo
projeto.

Uma coisa é termos unidade, outra coisa é uma mera união de crentes. União é ter
muitas batatas no mesmo saco. Muitas igrejas são apenas sacos de batatas, os
membros estão todos juntos, mas não são unidos. A união das batatas se transforma em
unidade quando elas são cozidas e amassadas, tornando-se um purê. Batatas cruas não
podem ser unidas. É necessário que elas tenham sido amaciadas pelo fogo do Espírito.
A unidade tem um preço de fogo e quebrantamento, ou seja, não há unidade sem o fogo
do Espírito.

Além disso, é preciso tirar a casca das batatas. Na Palavra de Deus, a casca simboliza
a aparência e o orgulho. Tirar a casca nos fala da renúncia do ego. Mas não basta o fogo
e o retirar a casca. Para termos o purê, as batatas precisam ser amassadas. Isso aponta
para o quebrantamento. Corações contritos podem ser unidos. Só há unidade no meio
de gente quebrantada. Não há como ter unidade no meio de pessoas intratáveis.

A união somente não nos leva a realizar coisas grandes para o reino de Deus. Apenas a
unidade move o braço de Deus e produz edificação.

9. A obra não pode ser feita sem a unção do Espírito

É impossível servir a Deus sem unção. Sem a unção que vem dEle, somos incapazes
de fazer suas obras e cumprir sua vontade. A unção nada mais é que a transmissão do
Espírito Santo sobre as nossas vidas.

Se estamos na unção, não há jugo, não há stress, não há medo ou insegurança. A unção
é o alimento, o combustível, é ela que nos limpa e cumpre em nós a vontade de Deus.
Ela é a provisão completa de Deus. É pela unção que multiplicamos células e
manifestamos as realidades do reino dos céus. A verdadeira obra de Deus precisa ser
sobrenatural, celestial e poderosa.

Nosso crescimento não vem porque temos uma boa estrutura e uma boa organização.
Sem o poder de Deus, nós apenas entretemos os santos e nos iludimos com atividades.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

10. A igreja é mais que uma organização, é um organismo

Valorizamos a presença de Deus em vez de rituais mortos e tradições vazias. Não


queremos apenas fazer coisas, queremos desfrutar da vida de Deus em Cristo e da
presença do Espírito entre nós. Valorizamos reuniões vivas e cheias de unção.
Buscamos a revelação da Palavra que resulta em impacto e mudança em nossas vidas.

Somente um povo apaixonado trará impacto sobre esta geração. Precisamos cultivar
uma fome genuína da presença de Deus, pois é ela que atrai a presença manifesta de
Deus. Rejeitamos os rituais mortos e as tradições vazias, mas buscamos o poder e a
unção do Espírito Santo.

11. Respeitamos a ordenação de Deus

Para seguirmos o mover de Deus, precisamos respeitar a ordenação que ele


estabeleceu: Deus-Pai, Deus-Filho, Deus-Espírito Santo, o homem e a mulher.

Quero, entretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de todo homem, e o homem, o cabeça
da mulher, e Deus, o cabeça de Cristo. 1Co 11.3

Cremos que a mulher é tão capaz quanto o homem e recebeu os mesmos dons da graça
que os homens receberam, mas, por uma questão de ordenação, os homens devem
encabeçar o governo da igreja.

Às mulheres é permitido fazer tudo o que for necessário para o ministério, mas os
homens possuem o encargo do governo tanto na igreja como na família. Por
respeitarmos esse princípio, as células de adultos são lideradas por casais onde o
homem é o cabeça.

12. As células são equilibradas com o culto de celebração

Uma igreja em células não é caracterizada apenas pelas reuniões menores nos lares,
mas também por seguir determinados valores espirituais. As células definem nossa
estrutura, mas os valores definem a forma como vemos a vida da igreja. Em outras
palavras, nossos valores definem a nossa estrutura.

Os valores da igreja em célula falam daquilo em que acreditamos. É a razão pela qual
nos reunimos em célula e a maneira como nos relacionamos com Deus e com os irmãos.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Décimo sexto Dia


O princípio da Tolerância na vida da Igreja

Se há um encargo no seu coração pela edificação da Igreja você deve estar atento para
algo que tem o poder de destruir vida da Igreja: é a intolerância.

Falar de intolerância dentro da igreja tornou-se um pouco difícil por causa da mentalidade
desse século. No mundo a tolerância tem sido exaltada como a maior virtude de todas.
Para os pensadores e intelectuais desse mundo a intolerância é o único pecado que não
pode ser tolerado.

Mas o que a nossa cultura moderna realmente ensina é a “neutralidade forçada”. Eles
rejeitam qualquer um que se opõe ao pensamento prevalecente da sociedade. Isso
evidentemente não é uma tolerância genuína. Se alguém me pergunta, por exemplo, o
que eu penso do islamismo, eu diria que o ensinamento deles é frontalmente contra o
ensinamento do cristianismo, mas defendemos o direito de um muçulmano de praticar
livremente a sua religião. Essa é a tolerância legítima.

Mas o que o mundo quer que falemos é algo do tipo: “Bem, nós pensamos que o
islamismo é tão verdadeiro e válido para conhecer a Deus, como qualquer outra religião,
inclusive o cristianismo”. Isso é “neutralidade forçada”. O mundo defende uma hipocrisia
educada.

Como o conceito de tolerância é definido no mundo como um tipo de neutralidade


forçada, as pessoas sempre veem os cristãos como intolerantes. A verdade é que as
únicas pessoas que não são toleradas hoje são os cristãos genuínos. É assim porque
tolerante no mundo é alguém que não acredita em coisa alguma; se defendemos uma fé
logo somos taxados de intolerantes.

Por causa de todo esse conceito mundano muitos crentes rejeitam o conceito de
tolerância em nome de sua fé e por isso também não se importam de serem chamados
de intolerantes. No entanto a tolerância é uma virtude quando colocada no seu próprio
contexto.

O contexto a que me refiro é a vida dentro da igreja, dentro da comunidade dos salvos.
Quando somos intolerantes com os nossos irmãos nós destruímos a vida da Igreja. É
sobre isso que Paulo fala em Romanos 14.

Acolhei ao que é débil na fé, não, porém, para discutir opiniões. Um crê que de tudo pode
comer, mas o débil come legumes; quem come não despreze o que não come; e o que
não come não julgue o que come, porque Deus o acolheu. Quem és tu que julgas o servo
alheio? Para o seu próprio senhor está em pé ou cai; mas estará em pé, porque o Senhor
é poderoso para o suster. Um faz diferença entre dia e dia; outro julga iguais todos os
dias. Cada um tenha opinião bem definida em sua própria mente. Quem distingue entre
dia e dia para o Senhor o faz; e quem come para o Senhor come, porque dá graças a
Deus; e quem não come para o Senhor não come e dá graças a Deus. Porque nenhum
de nós vive para si mesmo, nem morre para si. Porque, se vivemos, para o Senhor
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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. Quer, pois, vivamos ou morramos,


somos do Senhor. Foi precisamente para esse fim que Cristo morreu e ressurgiu: para
ser Senhor tanto de mortos como de vivos. Tu, porém, por que julgas teu irmão? E tu,
por que desprezas o teu? Pois todos compareceremos perante o tribunal de Deus. Como
está escrito: Por minha vida, diz o Senhor, diante de mim se dobrará todo joelho, e toda
língua dará louvores a Deus. Assim, pois, cada um de nós dará contas de si mesmo a
Deus. Romanos 14:1-12

No mundo é considerado tolerante aquele que não acredita em coisa alguma e uma vez
que defendemos a fé, somos taxados de intolerantes. Por causa disso muitos crentes
quando ouvem a palavra tolerância ficam na defensiva pensando que devem abrir mão
de sua fé e isso evidentemente levanta todo tipo de resistência. Mas o contexto que
gostaria de falar é a tolerância dentro da vida da Igreja. Não podemos edificar a igreja
sem a tolerância. Ela é absolutamente vital para que a igreja tenha vitalidade. O
intolerante destrói a vida do corpo.

1. O princípio da tolerância – Rm. 14:1

Nesse contexto quem eram os fracos e os fortes na fé? Para entendermos isso
precisamos nos localizar historicamente. Os primeiros cristãos eram quase que
exclusivamente judeus nos primeiros anos do cristianismo. Eles não pensavam que
tinham mudado de religião, por isso continuavam guardando o sábado e observando as
leis judaicas da dieta. Logo muitos gentios se converteram e desde o início receberam o
ensino de que não precisavam guardar essas coisas. Isso produziu um grande conflito.
Os dois grupos ficavam constantemente tentando mudar a opinião do outro. A igreja se
tornou um lugar cheio de debates e controvérsias.

A lei do Antigo Testamento em nenhum lugar proíbe de comer carnes. Ela proíbe comer
certos tipos de carne, como carne de porco, mas permite outras carnes, como frango e
carne bovina. Com o passar do tempo surgiram muitas tradições entre os judeus de como
o animal deveria ser morto, de como a carne deveria ser cortada e assim por diante.
Como eles não sabiam se a carne vendida nos mercados seguia os regulamentos
religiosos eles concluíram que a coisa mais certa a se fazer era se abster completamente
de carne.

Para completar o quadro, toda a carne que era vendida nos marcados naqueles dias era
a carne oferecida como sacrifício a algum ídolo. Por causa disso os judeus não comiam
carne. A lei nos os proibia de comer carne, mas eles se abstinham por considerarem
algo maligno, pois estava associado a ídolos.

Se você vivesse no império romano você comeria carne? Você hoje comeria a carne de
uma galinha que foi usada num despacho? Então você é capaz de entender o ponto de
vista de muitos crentes daquela época. Paulo diz que a carne de si mesma não é nada,
mas alguns crentes ficavam escandalizados quando outros irmãos comiam carne. Paulo
diz que esses são os fracos na fé.

77
O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

No verso primeiro Paulo diz: “Acolhei ao que é débil na fé, não, porém, para discutir
opiniões.” Na igreja de Roma havia dois grupos que Paulo chama de os “fracos na fé” e
os “fortes na fé”. Paulo

O objetivo de Paulo é que os irmãos aceitassem aqueles que eram fracos na fé. Aceitar
aqui é mais que apertar a mão ou dar um sorriso, é tratar o outro como um irmão genuíno
e acolhê-lo na comunhão da igreja.

Evidentemente aqueles crentes que não comiam carne se julgavam muito santos e não
toleravam os outros que comiam. Um irmão fazendo um churrasco era visto como carnal
mesmo. E os que comiam se julgavam mais espirituais e desprezavam os outros. Tudo
isso produzia muito debate e discussão entre irmãos dos dois grupos, por isso Paulo
exorta aqueles que se achavam fortes a acolherem o que é débil na fé.

Paulo deseja que essa aceitação seja genuína. Não é aceitar para depois tentar mudar
o outro, é ter uma tolerância genuína, é conviver com o irmão mesmo tendo opiniões
diferentes da dele. O exemplo bíblico é o da comida, mas há hoje em dia muitos outros
assuntos que dividem os irmãos.

Mas será que devemos tolerar tudo? O que realmente devemos tolerar? Paulo diz que
devemos tolerar diferenças quando se trata de “assuntos controvertidos” e de “coisas
secundárias na fé”.

2. O que devemos tolerar? – Rm. 14:2-3

Que tipo de comportamento ou ensino nós devemos tolerar dentro da Igreja? A tolerância
possui algum limite? Devemos tolerar problemas morais? Essas são questões
importantes que definem os limites da nossa atitude de tolerância.

No verso 2 Paulo esclarece que o fraco na fé é aquele cuja fé é frágil e ele não se sente
confiante e seguro para fazer certas coisas. Sua fé em Cristo é real, mas a sua
consciência o acusa por fazer certas coisas que outros irmãos fazem sem qualquer
constrangimento.

Os fracos na fé na Igreja de Roma eram aqueles que não comiam carne, mas apenas
vegetais, e consideravam alguns dias mais santos que outros.

Paulo vê esses cristãos como “fracos na fé”. Agora não há nenhuma evidência de que
estes cristãos judeus estavam fazendo essas coisas com o fim de serem salvos. Se eles
estivessem fazendo isso Paulo teria dito que eles estavam seguindo um falso evangelho,
como ele disse os judaizantes no livro de Gálatas.

Parece que eles simplesmente não se sentiam em paz de contrariarem tudo o que tinham
aprendido desde a infância.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Os cristãos que não tinham essa consciência fraca são descritos como “fortes na fé”.
Para eles Paulo diz no verso 3 para não desprezar os fracos como se fossem inferiores;
e aos fracos ele diz para não julgar os que comem como se fossem carnais.

O que vemos aqui não é o legalismo judaizante que encontramos na carta de Paulo aos
Gálatas, onde alguns cristãos judeus estavam ensinando que todos tinham que abraçar
a lei de Moisés, a fim de serem salvos. O que encontramos aqui é uma diferença honesta
de opinião, e embora Paulo tenha suas próprias convicções como alguém forte na fé, ele
admite que há espaço para a diferença honesta de opinião sobre como melhor aplicar
as verdades da Palavra de Deus.

O princípio geral é que devemos ser tolerantes quando há uma diferença de opinião
sobre a aplicação de uma verdade bíblica. O ensino de Paulo é que precisamos ser
tolerantes a respeito de doutrinas que não são essenciais ou fundamentais na fé cristã.

Entre os Gálatas havia pessoas ensinando um outro evangelho. Eles ensinavam que
para ser salvo o homem tinha de, além de crer em Jesus, guardar a lei de Moisés. Assim
aos gálatas Paulo é bem contundente, pois aquilo era uma heresia, um falso evangelho.
Mas em Roma, alguns cristãos simplesmente não se sentiam confortáveis comendo todo
tipo de comida e adorando em qualquer outro dia. Portanto, neste caso, Paulo incentiva
a tolerância. Quando há uma doutrina cristã essencial da fé em jogo, como discípulos de
Jesus, precisamos permanecer firmes.

Tolerância cristã também não é tolerância em áreas de claros absolutos morais. A Bíblia
claramente ensina que existem valores morais absolutos. Alguns cristãos pensam que a
tolerância significa abrir mão de valores morais absolutos. Hoje existem igrejas, por
exemplo, que aceitam homossexuais praticantes em sua comunhão sendo que a Bíblia
ensina claramente que o comportamento homossexual é inaceitável diante de Deus. Não
é isso que Paulo está nos encorajando a fazer aqui. Ninguém tem o direito de diluir os
claros ensinamentos morais da Palavra de Deus.

A questão da dieta e do sábado ainda produz debates até hoje. Outro dia ouvi de uma
igreja que ensina que o culto aos domingos é a marca da besta do livro de Apocalipse.
Mesmo no Brasil existem muitos grupos evangélicos messiânicos que guardam o sábado
e a dieta judaica.

Mas existem muitas outras áreas em nossa igreja local e no meio evangélico onde
devemos aplicar o princípio da tolerância.

Veja por exemplo a questão do tipo de batismo. O ensino bíblico é que todo o que crê
deve ser batizado. Alguns evangélicos batizam por aspersão enquanto outros batizam
por imersão. O problema é que fazem disso um fundamento de fé e assim produziram
uma divisão por causa de intolerância. Nós mesmos temos de definir como fazemos o
batismo, mas incluímos em nossa comunhão aqueles que se batizam de forma diferente.
No entanto ainda é muito comum os irmãos nas células não aceitarem alguém que se
batizou por imersão. A visão é a aceitação dos irmãos e a unidade do corpo.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Sempre gosto de pensar naqueles dois cegos que foram curados por Jesus. Em Marcos
lemos que o Senhor encontrou um cego e o curou apenas passando a sua saliva. Depois,
lá em João, o Senhor encontra outro cego, mas dessa vez ele mistura a saliva com o
barro e passa no olho para ser curado (Mc. 8:23 e João 9:6). Aquele que o Senhor passou
apenas a saliva não foi curado instantaneamente. Depois da primeira oração ele passou
a ver os homens como árvores. O segundo cego, porém, foi curado depois que lavou a
saliva misturada com barro na fonte de Siloé.

Eu imagino esses dois cegos se encontrando depois. “Fiquei sabendo que você foi
curado?” pergunta o primeiro. “Ah! Sim. Eu era cego de nascença e o Senhor passou
saliva no meu olho e eu comecei a ver.” “Mas ele não misturou a saliva com o lodo e te
mandou lavar no tanque?” pergunta o primeiro. “Não. Ele só passou a saliva” responde
o outro meio ressabiado. “Não sei não. Acho que a sua cura não foi legítima. Não bate
com a minha experiência.”

Teria cabimento um diálogo assim? Claro que não, mas é exatamente assim que
procedemos com relação a uma série de questões na igreja. Simplesmente rejeitamos
aquele que tem uma experiência um pouquinho diferente da nossa.

Um exemplo clássico é a questão do estilo de adoração na igreja. Este debate é sobre


se uma igreja deve ter um estilo de adoração tradicional ou um estilo de adoração
contemporânea. Ambos os lados concordam que a adoração a Deus é importante, mas
precisam tolerar o estilo um do outro.

Um assunto que tem produzido grande intolerância entre nós é a questão do divórcio e
novo casamento. Entre os evangélicos um grupo acredita que não há segundo
casamento; o outro crê que pode haver segundo casamento no caso de traição. Há
diferentes opiniões e não temos unanimidade entre os evangélicos, por causa disso
precisamos ter a nossa posição bem definida, mas devemos tolerar aqueles que pensam
diferente de nós.

O princípio geral é que precisamos ser tolerantes com relação a doutrinas que não são
fundamentais, bem como com costumes e hábitos próprios de alguns grupos de irmãos.
Mas se diz respeito a um fundamento da fé e se relaciona com algum valor moral
claramente expoxto nas escrituras, então não podemos tolerar.

3. As razões para tolerarmos uns aos outros – Rm. 14:4-12

a) Devemos receber aquele a quem Deus acolheu – 2 e 3

A melhor maneira de sabermos qual deve ser a nossa atitude em relação a alguém é
determinando qual é a atitude de Deus em relação a ele. Se Deus aceitou a alguém
quem sou eu para rejeita-lo?

b) Todos pertencemos ao Senhor e vivemos para o Senhor – 4 a 9

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Nenhum de nós vive para si mesmo ou morre para si mesmo, pertencemos ao Senhor.
Contanto que somos do Senhor não importa a comida que comemos ou a forma como
somos batizados ou qual música cantamos.

E se pertencemos ao Senhor precisamos ter cuidado para não julgar um servo alheio. O
nosso irmão é servo de Deus e não nosso.

c) Devemos receber aquele que é irmão – 10

Eu devo receber o meu irmão justamente porque é meu irmão. Não escolhemos os
nossos pais e nem nossos irmãos, Deus os escolheu por nós. Posso não estar contente
com os membros de minha família, mas não tenho escolha, devo aceita-los.

Toda controvérsia será resolvida no tribunal de Deus – 10 a 13

O julgamento referido no verso 10 se refere ao tribunal de Cristo mencionado em II


Coríntios 5:10

Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada
um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo. II Cor. 5:10

Deus nos chama para praticar a tolerância cristã em assuntos controvertidos. Agora, só
para ter certeza que você entendeu, lembre-se que este princípio não se aplica ao
fundamento da fé cristã nem aos claros absolutos morais. Este princípio de tolerância
cristã relaciona-se com diferenças honestas de opinião entre os crentes sobre a melhor
forma de aplicar determinados princípios bíblicos. Nesta área, a intolerância cristã deve
acabar.

O princípio da tolerância é um requisito mínimo fundamental para que haja vida de


comunidade. Lembre-se, porém que Jesus não disse: “Um novo mandamento vos dou,
que tolereis uns aos outros, por isso todas as pessoas vão saber que você são meus
discípulos, pelo fato de vocês tolerarem uns aos outros.” O padrão do Novo Testamento
é uma ética do amor, de amar uns aos outros com amor sacrificial

O amor vai mais longe do que a tolerância. O amor realmente se coloca diante do outro
para servir, para dar de si mesmo para aqueles que têm convicções diferentes. Só desta
forma o mundo vai olhar para nós e reconhecer que Deus está realmente em nosso meio.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Décimo Setimo Dia


Não há competição santa

Tornou-se comum nas igrejas células o que as pessoas chamam de competição santa.
Dizem que a competição é santa porque acontece no meio dos santos e o seu objetivo
é supostamente motivar os crentes ao trabalho. Mas a verdade é que não existe
competição santa.

A competição pode ser uma forma válida de interação no mundo, mas não dentro da
igreja. Competição não é um meio que Deus usa para edificar a sua igreja. Creio que
essa é a causa de muitos problemas no ministério, pois é a competição que leva pastores
a verem outros ministros como adversários e competidores. Não há competição do reino
de Deus.

Não me importo que meu irmão seja mais santo do que eu, desde que eu seja tão santo
quanto devo ser. Se eu puder, eu quero dar espaço para que o meu irmão cresça. Muitos
pastores não permitem que outros obreiros cresçam, pois temem perder o seu lugar.
Vivem numa eterna competição para serem sempre considerados os melhores. Isso tem
destruído a igreja do Senhor. Você não tem que ser melhor que ninguém, você tem que
ser o que Deus chamou para ser.

Podemos ler em João 4.1-3, que o Senhor Jesus fugiu da competição e não permitiu
que os fariseus o comparassem com João Batista. Os fariseus adoravam a competição,
então começaram a discutir para saber quem fazia mais discípulos, quem batizava mais,
a quem o povo queria seguir; João Batista ou Jesus? Quando o Senhor percebeu aquele
espírito de competição ele se retirou e foi pregar na Galiléia.

Quando, pois, o Senhor veio a saber que os fariseus tinham ouvido dizer que ele, Jesus,
fazia e batizava mais discípulos que João (se bem que Jesus mesmo não batizava, e
sim os seus discípulos), deixou a Judéia, retirando-se outra vez para a Galiléia. João 4:1-
3.

João Batista também não aceitou nenhum espírito de competição.

E foram ter com João e lhe disseram: Mestre, aquele que estava contigo além do Jordão,
do qual tens dado testemunho, está batizando, e todos lhe saem ao encontro.
Respondeu João: O homem não pode receber coisa alguma se do céu não lhe for dada.
Vós mesmos sois testemunhas de que vos disse: eu não sou o Cristo, mas fui enviado
como seu precursor. O que tem a noiva é o noivo; o amigo do noivo que está presente e
o ouve muito se regozija por causa da voz do noivo. Pois esta alegria já se cumpriu em
mim. Convém que ele cresça e que eu diminua. João 3:26-30

Em João 3.27, ele disse: “O homem não pode receber coisa alguma se do céu não lhe
for dada.” Tudo que você tem foi Deus que lhe deu. Tudo que o irmão tem foi Deus que
deu para ele. Mas ainda assim há irmãos que pensam que aquilo que possuem procede
deles mesmos e por isso vivem se comparando com outros e competindo com eles.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Quem é competidor pensa que tudo provém da sua capacidade e força própria. Se um
ministério conseguiu crescer e se tornar uma multidão, ele nunca veem isso como sendo
obra de Deus. Presumem que tudo é fruto da capacidade humana.

É triste reconhecer, mas há muita competição entre as igrejas. Nunca olhe para outras
igrejas como competidores, somos todos irmãos, trabalhamos do mesmo lado, lutamos
contra o mesmo inimigo, edificamos o mesmo reino, o Reino de Deus. Há também
aqueles que estão competindo dentro da mesma igreja, líderes de células chateados
com outros que supostamente estão “roubando” membros de suas células, membros que
perguntam a qual rede tal pessoa pertence, pois estão dispostos a ajudar somente se for
da mesma rede que ele. Isso é pecado. Não há competição santa. Por causa desse
espírito de competição, as redes de células se transformam em times, uma competindo
com a outra para ver quem fecha o encontro primeiro, quem batiza mais ou quem
multiplica mais células.

Nos dias de Paulo havia alguns que pregavam a Cristo por discórdia e sem sinceridade,
mas Paulo disse: “que importa? Uma vez que Cristo, de qualquer modo, está sendo
pregado, quer por pretexto, quer por verdade, também com isto me alegrarei” (Filipenses
1.17-18). Talvez podemos ter essa atitude para com irmãos de outras localidades, mas
não podemos tolerar esse espírito entre nós.

O espírito de competição não é o espírito de Cristo. Para aquele que compete é difícil
celebrar as vitórias do outro. É fácil chorar com os que choram, mas é difícil rir com os
que riem. Aquele que compete quer sempre estar a frente dos outros. Queremos ser
considerados os melhores e não toleramos que outros recebam a glória que não temos
ainda.

Jesus e João Batista estavam desenvolvendo ministérios ao mesmo tempo. Mas ambos
tinham a postura correta no coração. A respeito de Jesus, João Batista disse: “Convém
que ele cresça e que eu diminua” (João 3:30). Por sua vez Jesus testemunhou a respeito
de João Batista: “entre os nascidos de mulher, ninguém é maior do que João” (Lucas
7:29). Jesus era nascido de mulher e ele disse que João era maior do que ele mesmo.
Ele considerou João como superior a si mesmo. Esse é o espírito de Cristo.

Jesus disse que não havia profeta maior que João, e João desejou que Jesus crescesse.
Não temos visto muitos líderes de célula com essa mesma postura, que têm a disposição
de enviar membros para fortalecer uma outra célula. Todos nós constituímos um só time
e, não adianta muito ser considerado o craque se o time perdeu o jogo. Devemos ter o
encargo para que todas as células cresçam e avancem.

Muitos argumentam que uma “competição santa” pode ajudar o Reino de Deus a crescer.
O problema é que o espírito de competição não está de acordo com o Espírito de Cristo.
Quando permitimos que esse espírito de competição entre em nosso coração, isso
contamina o ambiente espiritual e já não conseguimos edificar a Casa de Deus
apropriadamente. De nada adianta levar a igreja a crescer se as pessoas continuarem
com o espírito do mundo, e não se parecerem com Cristo. Nós queremos ganhar

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

pessoas, mas não somente isso, queremos que elas se pareçam com Jesus. Não
queremos gerar filhos que tragam esse espírito de competição.

Muitos não conseguem ver o problema dessa dita competição santa. Por meio do espírito
de competição, o diabo tem oportunidade para entrar em nosso meio. Onde existe
competição, existe o ego; e onde o ego se levanta, o diabo tem espaço para atuar. Saul
é um exemplo de alguém que se deixou levar pelo espírito de competição e o resultado
é que um espírito maligno entrou nele, conforme o relato de I Samuel 18.7-10.

As mulheres se alegravam e, cantando alternadamente, diziam: Saul feriu os seus


milhares, porém Davi, os seus dez milhares. Então, Saul se indignou muito, pois estas
palavras lhe desagradaram em extremo; e disse: Dez milhares deram elas a Davi, e a
mim somente milhares; na verdade, que lhe falta, senão o reino? Daquele dia em diante,
Saul não via a Davi com bons olhos. No dia seguinte, um espírito maligno, da parte de
Deus, se apossou de Saul, que teve uma crise de raiva em casa. I Samuel 18:7-10

Os carnais gostam dessa competição. Naquela situação o que estava em jogo era quem
feria mais, Saul ou Davi? Todas as vezes que você faz comparações, você pode incorrer
nesse erro. Quando diz que este pastor ou aquele líder é o melhor, você já ranqueou
todos os demais, e assim estabeleceu uma competição. Com qual escala você mede a
liderança? Como você chegou a essa conclusão? Quando fazemos isso não
incentivamos a edificação, mas apenas estimulamos o ego, o desejo carnal de ser melhor
que o outro.

O que levou Saul a aquele estado de opressão? O diabo usou aquelas mulheres para
instigar nele o espírito de competição. Nenhum líder está aqui para ser melhor que o
outro, ter uma célula maior que a do outro.

Os fariseus sempre competiam com Jesus. E no final das contas eles mataram a Jesus
justamente por causa dessa competição.

O resultado da competição

Você deve se perguntar: “Qual o problema de permitir o espírito de competição dentro


da igreja? O importante não são os resultados? ” Isso quem diz é o diabo. Para Deus, a
maneira como alcançamos algo é tão importante quanto os resultados. Precisamos
alcançar o alvo da maneira de Deus e não da nossa maneira.

Então qual é o problema da competição? O primeiro problema da competição é que ela


faz surgir a inveja porque o seu alvo é descobrir quem é o melhor. Toda competição gera
inveja, pois estou sempre invejando o outro que tem algo que e eu não tenho, que
consegue realizar algo que eu não consigo. A inveja produz todo tipo de pecado. O diabo
estimula a inveja, o Espírito Santo estimula a admiração e o respeito. A admiração e a
inveja estão muito perto uma da outra, mas estão separadas por um mundo de diferença.
Na admiração eu fico motivado e contente pelo sucesso do outro, mas na inveja o
sucesso do outro me irrita, ao ponto de não conseguimos nem ouvir falar daquele

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

assunto, pois não é admiração, é apenas inveja. No lugar de inveja, gere admiração na
sua vida.

A segunda consequência é que, como toda competição, a competição dita “santa” produz
sectarismo, ou seja, ela separa os irmãos em vez de uni-los. Tiago diz que onde há inveja
e sentimento faccioso, nesse lugar surgirá todo tipo de obra maligna.

Pois, onde há inveja e sentimento faccioso, aí há confusão e toda espécie de coisas


ruins. Tiago 3:16

Em terceiro lugar a competição produz o orgulho de se achar melhor. Sempre haverá um


grupo que se acha melhor que os demais e evidência que eles possuem são os
resultados superiores. Não se espera que os que vencem uma competição sejam
humildes. Eles se vangloriam em suas próprias habilidades. No meio de uma competição
não se vê generosidade ou bondade, mas cada um deve buscar intensamente seus
próprios objetivos.

O espírito de competição não produz os frutos do espírito (Gálatas 5.22). Na verdade,


os frutos do espírito são incompatíveis com a competição, pois toda competição produz
provocação, difamações, suspeitas malignas dos irmãos, dolo, engano e contendas. No
meio da competição não dá para ser paciente e longânimo com o irmão. Como não se
vangloriar depois de ser considerado o melhor? Competidores não são bondosos e nem
generosos com o adversário na competição. Já viu alguém servir o adversário ou o
competidor? Competição não combina com o espírito de servo. Toda competição traz
consigo a provocação. No futebol, no vôlei, no basquete; as torcidas se provocam, se
atacam. Isso produz difamação. Tudo isso pode fazer parte da competição no mundo,
mas não da vida da igreja do Senhor. O melhor atleta até pode se valer do dolo para
vencer, isso faz dele até um bom competidor, mas não um bom atleta. Bons atletas lutam
de acordo com as regras. No jogo há todo tipo de artimanha. Alguém um dia me
questionou se no milênio haverá olimpíadas, eu respondi que achava pouco provável,
pois para que precisaríamos descobrir quem é o melhor? Isso tem a ver com o nosso
ego, não com o espírito de Cristo.

As pessoas acham maravilhoso os jogos olímpicos, e pensam ser isso a celebração da


paz entre os povos, mas isso é mentira. Pois estão todos ali pensando quem tem o
melhor sistema e quem é o melhor. Já houve batalha entre nações por causa de uma
partida de futebol. Não há celebração genuína. Não podemos trazer isso para dentro da
igreja. Não vamos transformar nossas redes em times para competirem entre si para
descobrir qual é a melhor.

Os frutos da carne podem ser divididos em três grupos (Gl 5.18-21). Há o grupo dos
desejos sexuais, que são prostituição, impureza e lascívia. Há um segundo grupo, o
grupo da glutonaria, desejos de comer e beber, que são bebedices e glutonaria. E há o
grupo maior, dos pecados de relacionamento: idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias,
ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções e invejas. Esse grupo está ligado a
relacionamentos. Observe como esses últimos estão intimamente associados com

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

qualquer competição. Sem eles, uma competição fica sem graça, porque sem carne não
há competição.

O primeiro pecado aqui relacionado é a idolatria. Nós competimos para descobrir quem
é o ídolo, quem é o melhor, o campeão, quem as crianças irão idolatrar a partir de agora.
Não precisa ser muito observador para ver esse espírito nos torneios de futebol. Por que
precisamos definir quem são os melhores? Para idolatrá-lo. Mas isso é um fruto da carne
que não deve existir na igreja.

A feitiçaria também tem a ver com competição. O próprio conceito de torcida é um tipo
de feitiçaria. Quando eu admito que alguma atitude minha tem o poder de levar meu time
a vencer a milhares de quilômetros de onde estou. Mas existe todo tipo de desejo ruim
para o adversário. Até nos alegramos com a calamidade alheia. Isso é remotamente
parecido com o reino de Deus? Claro que não.

Toda inimizade está ligada à competição. O meu competidor é meu adversário e até
inimigo. Não teremos como desenvolver uma amizade genuína e nem ter uma comunhão
verdadeira.

Porfia é o mesmo que briga. Mesmo em competições onde não há contato físico, existem
brigas; chingamentos e coisas parecidas. A competição evoca essas coisas do coração
do homem caído.

O que dizer do ciúme e da ira? Numa competição não há quem não fique irado. Chega-
se a pensar que a ira é a base de uma boa competição. Se for muito pacífica dirão que
os competidores estão entregando o jogo.

Em toda competição há muita discórdia. Para se descobrir quem é o melhor é preciso


discutir, se foi ou não gol, se a bola entrou ou não, se foi um pênalti ou não. Como
competir sem um forte espírito de antagonismo e discordância? Mas como colocar tudo
isso dentro do corpo de Cristo? São espírito inconciliáveis.

O último fruto da carne são as facções. Mas as facções são os times, as nossas redes
podem se tornar grupos facciosos. Não podemos deixar de servir os irmãos porque não
estão debaixo da liderança da nossa rede. Temos que servir a todos irmãos,
independentemente da célula, discipulado ou rede a que pertencem. Esse é o espírito
de Cristo.

Você consegue perceber que os frutos da carne estão ligados à competição? Por isso,
não podemos edificar a igreja com esse espírito. A competição é maneira do mundo de
construir relacionamentos, mas não é maneira de Deus de edificar Sua igreja. Essa não
pode ser a maneira de agirmos na vida da igreja.

Conta-se que nos Estados Unidos estava acontecendo uma corrida de crianças com
necessidades especiais. Na verdade, eram adolescentes, mas que tinham um
comportamento infantil. Foi dada então a largada, e quando estavam na corrida um deles
tropeçou e caiu, o outro que estava na frente voltou atrás para pegar ele, os demais que
estavam à frente também voltaram para socorrê-lo, pegaram e sua mão enquanto as

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

pessoas reprovavam a atitude daqueles competidores, eles o puxaram até a linha de


chegada. Isso nos mostra que aqueles deficientes estão muito mais perto do céu que
nós. Para eles, a graça era de chegarem juntos, não havia prazer em chegarem, se
aquele colega não pudesse chegar com eles.

Motivação encorajadora

Nossa motivação não pode ser a de querer ser o melhor entre os irmãos. Não existe
problemas em elogiar e em receber elogios, mas quando consideramos um como o
melhor de todos, estabelecemos um ranking. Há muitos irmãos que querem ter a melhor
célula, ser o melhor líder, o melhor discipulador, o melhor pastor, ter a melhor rede.
Quando desejam isso, é porque estão movidos pelo espírito de competição. Esse espírito
pode até motivar por um momento, mas não resultará em uma edificação genuína,
porque esse não é o espírito de Cristo. Nesse espírito temos sempre a intensão de ceder,
e não de reter para nós mesmos.

Você deve estar se perguntando: “como podemos motivar os irmãos sem levá-los a
competir uns com os outros?” O padrão de Deus para incentivar os santos não é a
competição, mas é a motivação encorajadora. O mundo se motiva com competição, mas
na Casa de Deus somos motivados pelo encorajamento.

O Padrão de Deus está em Filipenses 2:3-7. Nesse texto temos a descrição do Espírito
de Cristo que é completamente o posto do espírito de competição.

Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um
os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu,
senão também cada qual o que é dos outros. Tende em vós o mesmo sentimento que
houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou
como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma
de servo… Filipenses 2:3-7

No espírito de Cristo nós consideramos o irmão melhor do que nós, mas na competição,
queremos sempre provar que somos os melhores. No espírito de Cristo queremos
aprender com todos e não sobressair ao nosso irmão. Qual tem sido o espírito na sua
célula, na sua rede, no seu discipulado?

Pelo encorajamento somos motivados pelo testemunho dos irmãos. Paulo motivava
elogiando e testemunhando, como vemos em II Coríntios 8 e 9. Há aqueles que não
motivam, apenas pressionam. Ao invés de encorajar, colocam um fardo nas costas dos
irmãos. Isso não é motivar. Ganhar almas não pode ser um fardo; multiplicar células não
pode ser fardo. Alvos de crescimento não existem para ser fardo. Devemos fazer tudo
isso com alegria.

Paulo usou o exemplo dos irmãos da Acaia para encorajar os coríntios a contribuírem
com generosidade. Não fez comparações, mas os motivou a fazer como os irmãos das
igrejas da Macedônia. O padrão é caminharmos juntos.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Eu amo meus filhos pelo que eles são e não pelo que eles produzem. Antes que Jesus
tivesse realizado qualquer coisa o Pai lhe disse: “Esse é meu filho amado em quem me
comprazo”. Somente por sermos filhos de Deus, já somos o prazer d’Ele, somos amados
pelo Senhor. Muitos crentes possuem o complexo de Lia. Ela pensava que se tivesse
um filho teria o favor do marido. Muitos irmãos imaginam que só serão amados por Deus
se gerarem mais filhos, ganharem mais almas. O senhor deseja que sejamos como
Raquel, que sabia que era amada, mas que queria ter filhos porque era o encargo do
seu coração e sabia que esse era o propósito do Senhor. Lia queria ter filhos para ser
amada pelo seu esposo. Deus quer que tenhamos frutos, mas não precisamos
conquistar o amor d’Ele porque este já foi derramado em nossos corações.

O que o motiva? Se você fosse descrever em uma única frase o propósito principal e
mais sublime de sua vida, que frase seria? A coisa mais sublime que existe é viver para
fazer a vontade de Deus. Lembre-se que nós não temos sonhos, os nossos sonhos são
os de Deus. O que mais agrada a Deus? A prioridade do coração de Deus não é o que
você faz, mas quem você é (Romanos 8.28-29). O propósito não é apenas gerar filhos,
mas trabalhar para que todos os filhos sejam colocados na forma que é Jesus. Deus
deseja muitos filhos semelhantes a Jesus.

O segredo da multiplicação é a intimidade. Para que Adão cumprisse o propósito de


Deus, ele precisava comer da árvore da vida e ter comunhão com Deus na viração do
dia. Se conhecemos a graça e vivemos nela, produziremos muitos frutos. O diabo
sempre procura trazer acusações levando-nos a fazer muitas coisas e desviando-nos da
nossa relação com Deus. Ser servo de Deus não é trabalhar para Deus, mas ter Deus
sendo trabalhando em nós (Colossenses 1.23-29). Alguns se motivam pela competição
comparando-se com outros e exaltando a si mesmo um em detrimento do outro. Não use
seus liderados como trampolim para o seu sucesso motivando-os pelo espírito de
competição. Que a sua motivação seja ver seus filhos serem aprovados por Deus. Tenha
intimidade com o Senhor e você gerará muitos frutos (2 Coríntios 13.6-10).

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Décimo oitavo Dia


Quem é quem dentro da Igreja

A palavra chave da terceira carta de João é a palavra Testemunho (v. 3,6,12). Isso
significa que cada cristão é uma testemunha. Alguns possuem um bom testemunho,
outros são testemunhas ruins, mas todos os salvos são testemunhas.

Na igreja local existem diferente tipos de cristãos. Há aqueles maduros, mas há também
o bebê espiritual que ainda é neófito. Existem os crentes fieis, mas existe também o infiel.
Tem aquele que é cheio do Espírito e aquele que ainda vive na força da carne. Tem
aqueles que querem trabalhar para Deus e também aqueles que querem ficar
indiferentes, apenas observando enquanto outros fazem. A pergunta para nós hoje é
simples: você é parte de que grupo? Você é parte da solução ou você é parte do
problema?

Vamos ver cada um desses três homens.

1. Gaio, um servo – v. 1 a 8

Por três vezes João chama Gaio de homem “amado” (v. 1, 2, 5). Evidentemente João
era alguém amoroso, mas Gaio certamente era um homem especial. Creio que Gaio era
alguém fácil de ser amado. As pessoas facilmente se afeiçoavam a ele. Sua bondade,
seu amor, seu testemunho e sua vida eram como um aroma que atraía as pessoas ao
derredor.

No verso dois João diz que Gaio era um homem cheio de saúde e vitalidade espiritual

Amado, acima de tudo, faço votos por tua prosperidade e saúde, assim como é próspera
a tua alma.v. 2

Você pode orar pela sua prosperidade com convicção. Você só vai ter aquilo que você
abençoa. Enquanto você falar mal de quem é próspero, você não prosperará. Enquanto
você disser coisas negativas daqueles que prosperam, você próprio não terá o que eles
têm. Fale bem daquele que é abençoado e você experimentará fé para ser abençoado
também.

Outro dia alguém me entregou um folheto onde eles revelavam o segredo de uma boa
saúde. Eles falavam de saúde física, mas que creio que também se aplica a saúde
espiritual.

Eles diziam que o segredo é boa alimentação, exercício regular, boa higiene, descanso
e vida disciplinada! É incrível que as mesmas coisas que nos dão saúde física, também
nos dão saúde espiritual. Pense comigo! O primeiro item é boa alimentação. Nós
sabemos que nem só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de
Deus. Se você quiser ter saúde espiritual precisa comer diariamente a Palavra de Deus,
o pão do céu.
89
O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Depois eles diziam que exercício é muito importante. A Palavra de Deus nos manda
exercitar-nos na prática da piedade. Orar é um exercício espiritual, assim como
meditação, a adoração ou o jejum.

O terceiro item que eles mencionam para ter uma boa saúde é ter uma boa higiene.
Sabemos que o diabo é imundo assim como são as suas obras. Precisamos eliminar em
nossa vida tudo aquilo que é alimento para os insetos demoníacos. Temos de guardar-
nos de toda sujeira desse mundo, pois isso será saúde para você.

A terceira coisa que João diz a respeito de Gaio é que ele andava na verdade.

Pois fiquei sobremodo alegre pela vinda de irmãos e pelo seu testemunho da tua
verdade, como tu andas na verdade. Não tenho maior alegria do que esta, a de ouvir que
meus filhos andam na verdade (3 e 4).

O testemunho dos irmãos a respeito de Gaio é que ele andava na verdade. Era alguém
coerente, que tinha realidade espiritual. Não tinha apenas nome de que vivia, mas
realmente expressava uma genuína vida espiritual.

Eu sempre brinco quando eu ouço um certo cântico que diz: “quando estou em tua
presença, dá vontade de pular, dá vontade de gritar, dá vontade de correr…” Mas é
curioso que não dá vontade de orar, não dá vontade de jejuar, de ser fiel, de ofertar. Aí
eu fico pensando que não estou muito na presença de Deus, pois eu não estou com a
menor vontade de correr agora. Nada de errado em correr, saltar e pular! Pode pular o
quanto você quiser, o único problema é que tem muito pouco efeito no seu testemunho.
Alguém pode até dizer: “você viu aqueles crentes? São muito bons para pula! Como
dançam bem! Mas de que adianta isso?

Precisamos ter o bom testemunho da verdade a nosso respeito. Você pode ter certeza
que alguém está observando você! Alguém está olhando seu comportamento! Mas não
é apenas os homens, mas os olhos do Senhor repousam sobre nós.

Um tempo um casal da nossa igreja estava me contando o tanto que é bom ter um
enviado de Deus em nossa casa. Eles tinham contratado uma irmã como empregada,
eles, porém, tinham um mal costume de tratar um ao outro com indelicadeza. Mas agora
eles tinham uma irmã da igreja dentro de casa. Mas o surpreendente é que depois que
a irmã chegou lá, a vida deles mudou. Agora quando queriam falar de maneira áspera
um com outro, eles logo diziam: “fulano muda o tom de voz porque a irmã chegou! ”
“Não diga isso porque a irmã está aqui e vai ouvir! ” Eles estavam um pouco incomodados
com isso, mas creio que isso é bênção. A empregada é um anjo de Deus na vida deles.
Você deveria dizer o tempo todo: “fulano cuidado com a palavras porque o Espírito Santo
está ouvindo. “Fulano não fala isso porque o Espírito Santo está nos vendo”.

Mas como o Espírito Santo para você é algo muito vago, então Deus colocou uma irmã
na sua casa. Pelo menos durante 8 horas por dia, essa irmã é uma benção na sua vida.

90
O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

O que levou Gaio a dar um bom testemunho foi a Verdade de Deus! A verdade estava
nele. Gaio leu a Palavra, meditou na Palavra, deleitou-se na Palavra e praticou a Palavra
em sua vida diária.

Por fim João diz que Gaio era um homem que servia com seu tempo e recursos (v. 5-8).
Ele era um cooperador da verdade – Ou seja, ele ajudava as pessoas a fazerem a obra
de Deus. Hoje estamos desafiando você a ser um cooperador da verdade. Você pode
fazer a obra indo; contribuindo; falando e orando. Gaio abriu seu coração, seu bolso e
seu lar para sustentar os pregadores da Palavra de Deus.

Gaio não abriu apenas seu lar, mas ele também abriu seu coração e seu bolso para dar
ajuda financeira aos que pregavam a Palavra de Deus. Ele dava suporte financeiro para
que outras pessoas fizessem a obra de Deus (1 Coríntios 16:6; Tito 3:13).

João diz a respeito de Gaio: Eu sei que você faz isso. Você é fiel, você se dispõe a servir
e a receber esses irmãos. Qual é a motivação para essa prática de amor de Gaio?

Dar sustento aos servos de Deus honra a Deus (v. 6). Nós nos assemelhamos a Deus
quando nos sacrificamos a nós mesmos para servir aos outros. Servir aos servos de
Cristo é servir a Cristo (Mateus 10:40; 25:34-40).

Dar sustento aos servos de Deus é um testemunho aos perdidos (v. 7) – Jesus ensinou
claramente que os servos de Deus merecem suporte financeiro (Lucas 10:7), mas esse
suporte não dever vir dos incrédulos, mas do povo de Deus. O argumento de João é que
os missionários não deveriam receber dinheiro dos pagãos.

Dar sustento aos servos de Deus é servir a Deus (v. 8a) – O ministério da hospitalidade
e do suporte à obra de Deus não é somente um privilégio, mas uma obrigação (Gl 6:6-
10; 1 Co 9:7-11; 2 Co 11:8-9; 12:13). Os missionários que saem para pregar em nome
de Cristo e não têm como se sustentar, devem ser sustentados pela igreja.

Dar sustento aos servos de Deus é tornar-se cooperador da verdade (v. 8b) – Gaio
também se tornou cooperador para que a verdade chegasse a lugares mais distantes.
João havia dito anteriormente que Gaio era próspero, mas agora ele declara qual o
propósito da prosperidade. Você sabe qual é o propósito da prosperidade? É para que
você possa ser cooperador da Verdade. O alvo de prosperar é para contribuir com o
Reino de Deus! Você tem recebido mais para que possa contribuir com generosidade.

2. Diótrefes, um ditador – v. 9 a 10

O segundo personagem que João menciona no texto é Diótrefes, no verso 9.

Escrevi alguma coisa à igreja; mas Diótrefes, que gosta de exercer a primazia entre eles,
não nos dá acolhida. 10 Por isso, se eu for aí, far-lhe-ei lembradas as obras que ele
pratica, proferindo contra nós palavras maliciosas. E, não satisfeito com estas coisas,
nem ele mesmo acolhe os irmãos, como impede os que querem recebê-los e os expulsa
da igreja. III João 1:9
91
O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

No verso 9 João diz que Diótrefes era orgulhoso e gostava de ter a primazia. É aquele
sujeito apaixonado por si mesmo. O Senhor Jesus não ocupa o primeiro lugar na vida
dele, por isso ele não acolhia nem mesmo o apóstolo João. A rejeição possivelmente
não era doutrinária, mas pessoal.

Diótrefes queria ser o centro das atenções. Ele olhava para João como um rival e não
como um apóstolo de Cristo. Satanás estava trabalhando na igreja através de Diófrefes,
porque ele estava operando sobre a base do orgulho e da autoglorificação, as duas
principais armas do diabo.

Esse é Diótrefes, ele deveria ser conhecido como “Idiótrefes”. Em todo lugar podemos
encontrar algum Diótrefes. São aqueles que se preocupam mais consigo mesmo do que
com o corpo de Cristo. São ávidos por posição, por título, por poder, por ser centro de
atenção, cheios de orgulhos, de autoglorificação. Essas são exatamente as
características do inferno, os motivos da queda do inimigo.

Diótrefes também era um líder ditador. Ele impunha sua liderança pela força e pela
intimidação. Sua vontade era lei. Ninguém podia ocupar o seu espaço. Cada pessoa que
chegava na igreja era uma ameaça à sua liderança. Por isso, ele não dava acolhida a
João. Gente como ele se acha dono do espaço, dono de ministérios, sempre chateado
porque não é devidamente reconhecido e ninguém os aplaude. Diótrefes bem que
poderia ser chamado de um líder ditador.

Uma segunda característica de Diótrefes é que ele gostava de se projetar falando mal
dos outros (10a). Ele chegou até a mentir sobre o apóstolo João. Ele trazia falsas e
vazias acusações contra João. Seu prazer era atentar contra a honra daqueles que eram
ameaça ao seu orgulho e à sua posição de liderança. Ele espalhava intriga entre os
irmãos (Pv 6:16-19).

Nós precisamos ter cuidado para não dar crédito a tudo o que ouvimos e lemos sobre
boatos espalhados contra os servos de Deus. Eles podem estar sendo espalhados por
membros de igreja como Diótrefes.

João diz que Diótrefes era alguém que se recusava a reconhecer autoridade espiritual
(10b).

Ele não apenas não acolhia João, mas também não acolhia as pessoas ligadas a João
e além disso, ele impedia que os outros membros da igreja acolhessem os enviados pelo
apóstolo João. Ele exerce a sua autoridade de forma doentia, usando a arma da
intimidação. Ele era um líder controlador, manipulador e ditador. Ele quer controlar a vida
das pessoas e impor a elas sua vontade autoritária.

Tristemente a disciplina bíblica pode se tornar uma arma nas mãos de um ditador que
procura proteger-se a si mesmo. Mas para uma liderança fiel a disciplina é uma
ferramenta para promover a pureza na igreja e glorificar a Deus.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Diótrefes difamou a João, tratou com pouco caso os missionários e excluiu os crentes
leais porque o seu alvo era ter a preeminência.

Esse é o pensamento de Diótrefes! Será que existe algum Diótrefes entre nós?
Infelizmente eles estão por toda parte. Mas tenha discernimento quando algum desse
tipo chegar perto de você, pois ele vai tentar excluir você da comunhão com os demais
irmãos. Ele quer excluir você do mover que está sobre toda a igreja.

3. Demétrio, um bom exemplo – v. 11 a 15

Quanto a Demétrio, todos lhe dão testemunho, até a própria verdade, e nós também
damos testemunho; e sabes que o nosso testemunho é verdadeiro. III João 1:12

A respeito de Demétrio, o que João diz é que ele é um bom exemplo. Há irmãos que não
são líderes, como Gaio, são irmãos que não têm proeminência e nem projeção, são
apenas irmãos no meio da comunidade. Mas mesmo sem ocupar nenhuma posição você
pode e deve ser um exemplo.

João declara um testemunho tríplice a respeito de Demétrio. Em primeiro lugar ele tinha
um bom testemunho dentro e fora da igreja (v. 12). Todos os membros da igreja
conheciam Demétrio, amavam Demétrio e agradeciam a Deus pela sua vida. Sua vida
era exemplo para os membros da igreja. Os de fora da igreja também lhe davam bom
testemunho. Sua vida era coerente. Sua vida familiar, financeira, profissional era
coerente com o seu testemunho.

Em segundo lugar João diz que “a própria verdade dá testemunho de Demétrio” (v. 12).
Como é que a própria verdade dá testemunha de alguém? Isso significa que a
genuinidade cristã de Demétrio não precisava da prova dos homens; provava-se por si
mesma. A verdade que ele professa estava encarnada nele. Isso não significa que era
perfeito, mas significa que foram consistentes, buscando em tudo glorificar a Deus.

Aquele que é genuinamente fiel, as bênçãos de Deus o alcançam. Você é abençoado


quando entra e quando sai. Você é uma bênção em casa, na igreja e no seu trabalho.
Você é abençoado onde põe a mão. Você é abençoado como “como árvore plantada
junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não
murcha; e tudo quanto faz é bem-sucedido em Deus”. Esse é o testemunho da Verdade,
porque ela testemunha a seu respeito.

Demétrio não tinha apenas um bom testemunho das pessoas de fora, mas a própria
verdade testemunhada a respeito dele.

Por fim, Demétrio tinha um bom testemunho também do apóstolo João (v. 12). Demétrio
tinha o testemunho dos de fora e dos de dentro, tinha o testemunho da verdade e também
tinha o testemunho de sua liderança. Você também precisa ter o testemunho de quem
anda com você, seu discipulador e seu líder precisam ver isso na sua vida.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

João encontra na igreja Gaio e Demétrio que estão prontos a acolhê-lo a despeito da
oposição de Diótrefes. Era um homem que estava disposto a correr riscos para defender
a verdade. Ele tinha coragem de assumir posições definidas na igreja.

Amado, não imites o que é mau, senão o que é bom. Aquele que pratica o bem procede
de Deus; aquele que pratica o mal jamais viu a Deus. III João 1:11

Diótrefes pode até falar bem, ser um bom pregador, mas não o imite o que é mau, imite
o que é bom, pois aquele que pratica o bem procede de Deus; aquele que pratica o mal
jamais viu a Deus, não passa de um religioso praticando obras.

A pergunta hoje é: Quem é quem na casa de Deus? Quem é você na casa de Deus? É
Gaio, Diótrefes ou Demétrio?

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Decimo nono dia

Somente Deus pode levar uma célula a se tornar saudável. Nós semeamos a semente
e cultivamos o solo, mas confiamos nele para o crescimento. O Senhor Jesus disse em
Marcos 4 que a terra por si mesma frutifica.

Disse ainda: O reino de Deus é assim como se um homem lançasse a semente à terra;
depois, dormisse e se levantasse, de noite e de dia, e a semente germinasse e
crescesse, não sabendo ele como. A terra por si mesma frutifica: primeiro a erva, depois,
a espiga, e, por fim, o grão cheio na espiga. E, quando o fruto já está maduro, logo se
lhe mete a foice, porque é chegada a ceifa. Mc. 4:26-29

O lavrador prudente sabe que ele não faz a planta crescer, mas ele sabe que o tamanho
de sua colheita depende da generosidade de sua semeadura: “E isto afirmo: aquele que
semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia com fartura com abundância
também ceifará” (2Co 9.6).

Ele também percebe que a lavoura não é algo natural. É Deus quem dá o crescimento
da semente, mas nada acontecerá sem a sua cooperação e trabalho. Em Gênesis 2
lemos que Deus não havia feito chover porque ainda não havia o homem para cultivar a
terra. O propósito de Deus somente pode ser alcançado por meio do homem.

É verdade que o crescimento vem de Deus, mas o quanto uma semente poderá produzir
depende do homem que a cultiva. O pleno potencial da semente é alcançado pelo
trabalho de Deus com a cooperação do homem. Se Deus tem um homem, Ele realizará
seu propósito, mas se Deus não encontra tal homem, o seu plano fica adiado. Deus
planejou ter o homem para cumprir o seu propósito.

O lavrador diligente sabe que há um tempo certo de semear e de começar a colheita.


Sabe que se passar o tempo de plantar não haverá colheita, e se passar o tempo de
colher a plantação se perderá. Vivemos em dias de colheita, mas muitos lavradores ainda
não perceberam isso.

Não dizeis vós que ainda há quatro meses até à ceifa? Eu, porém, vos digo: erguei os
olhos e vede os campos, pois já branquejam para a ceifa. (Jo 4.35)

Paulo diz que a Igreja é a lavoura de Deus e nós somos os lavradores (1Co 3.9).
Devemos ser bons lavradores que, pacientemente, aguardam os frutos.
O crescimento de uma célula é algo espiritual e certamente acontece de forma
espontânea. Não fazemos uma célula crescer, apenas identificamos aquilo que está
impedindo o seu crescimento. Se uma célula ou uma igreja não está crescendo isso
95
O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

certamente é o sintoma de que algo está errado. A falta de crescimento é apenas um


sintoma, não é a doença propriamente dita. É preciso dizer que a última coisa que uma
igreja deveria fazer quando não está crescendo é fazer uma campanha de evangelismo.
Se ela faz uma campanha de crescimento quando está doente vai apenas aumentar a
doença e ainda vai inserir mais novos convertidos num ambiente adoecido onde
certamente serão contagiados.

Quando o crescimento cessa precisamos parar e fazer uma santa investigação para
descobrirmos as causas. Depois de descobrirmos o que está impedindo o crescimento
e curarmos a enfermidade então podemos fazer uma campanha ou usarmos qualquer
outra estratégia que o crescimento virá naturalmente.

O trabalho principal do líder é observar constantemente a saúde da célula. Não podemos


fazer a célula crescer, mas podemos mantê-la saudável para que ela experimente
crescimento constante. A maneira mais simples de você checar a saúde uma célula é
observando os três níveis de relacionamento.
No final das contas tudo se resume a três tipos fundamentais de relacionamentos:
oração, evangelismo e discipulado. Esses são os três relacionamentos básicos que
desenvolvemos. Toda célula, toda igreja e cada crente individualmente precisa de
oração, discipulado e evangelismo. A oração evidentemente é o nosso relacionamento
com Deus, o evangelismo é o nosso relacionamento com o incrédulo e o discipulado
nosso relacionamento com os irmãos tanto sendo como fazendo discípulo.

A matemática espiritual da célula

Da mesma forma que os alunos do curso fundamental aprendem as quatro operações


básicas: somar, subtrair, multiplicar e dividir, os líderes de célula precisam entender que
existe também uma matemática fundamental nas células.

a. A Adição

A Palavra de Deus nos diz que nos dias da igreja primitiva o Senhor acrescentava todos
os dias pessoas que iam sendo salvas. Isso é adição.

Louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso,


acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos. At. 2:47

Tenha a expectativa de que pessoas sejam adicionadas a sua célula. Fale disso sempre
com o seu grupo e seus discípulos. Ore e jejue junto com a célula para que isso aconteça.
O Senhor nos chamou para sermos pescadores de homens (Mc. 1:17). Assim devemos
nos preparar apropriadamente para a pescaria em que estamos envolvidos. A vontade
de Deus é que a sua célula cresça.

Em nenhum momento duvide de que esta é a vontade de Deus. Nossa fé está


intimamente relacionada ao conhecimento da vontade de Deus. Assim tenha completa

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

convicção de que Deus deseja o crescimento da sua célula. Lembre-se que sem fé é
impossível agradar a Deus (Hb. 11:6).

Quem o Senhor deseja adicionar à sua célula? Ele deseja adicionar pessoas de pelo
menos cinco grupos diferentes.

1. Em primeiro lugar ele deseja adicionar novos convertidos. A vontade de Deus é


que todo homem seja salvo e chegue ao pleno conhecimento da verdade (I Tm. 2:4).

2. Em segundo lugar Deus deseja adicionar à sua célula pessoas já convertidas que
se mudaram recentemente para perto de sua célula vindas de outras cidades.

3. O terceiro grupo de pessoas que o Senhor vai adicionar são aqueles que se
converteram, mas que ainda não possuem uma igreja, não se vincularam a uma
igreja local.

4. O quarto tipo de pessoa que o Senhor adicionará são aqueles que estão
deslocados no corpo de Cristo. Algumas pessoas estão na célula errada e outras
estão na igreja local errada. Muitos irmãos têm sido virtualmente expelidos de suas
igrejas por causa de uma visão ou experiência espiritual diferente daquela de seus
líderes. Precisamos ter uma atitude amorosa para receber tais pessoas e envolvê-
las na vida da Igreja.

Lembre-se porém de nunca trabalhar para trazer pessoas já convertidas. Nós apenas
as aceitamos quando elas vêm a nós. E quando isso acontecer ajude tais pessoas a
saírem em paz com seus antigos líderes.

5. O quinto tipo de pessoa que o Senhor nos acrescenta é o menos valorizado em


nosso meio, mas é muito importante: são os nossos filhos naturais. A igreja precisa
crescer todos os tipos de crescimento. Precisamos crescer por evangelismo, mas
precisamos ter também o crescimento vegetativo, ou seja, gerando filhos naturais.
Nossa igreja possui quase três mil crianças que são filhos dos membros da igreja.
Elas constituem uma grande congregação e são uma parte importante de nosso
futuro como igreja. Precisamos ganhar essa geração, mas precisamos guardar a
próxima geração que são os nossos filhos.

b. A Subtração

De acordo com II Timóteo 4:10-12 houve muitas pessoas que deixaram a célula de Paulo
por várias razões.

Porque Demas, tendo amado o presente século, me abandonou e se foi para


Tessalônica; Crescente foi para a Galácia, Tito, para a Dalmácia. Somente Lucas está

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

comigo. Toma contigo Marcos e traze-o, pois me é útil para o ministério. Quanto a
Tíquico, mandei-o até Éfeso. II Tm. 4:10-12

É inevitável que as pessoas nos deixem. Elas farão isso por diferentes razões. Paulo
disse que alguém o deixou porque se desviou, outro mudou de cidade e ainda outro foi
enviado como missionário. Todas essas situações podem ocorrer em nossa célula.

Podemos distinguir pelo menos cinco tipos de pessoas que nos deixarão.

O primeiro tipo é aquele que é enviado para outra cidade. Alguns são enviados como
obreiros, outros são enviados como líderes de célula. Evidentemente essas pessoas
podem ainda manter um vínculo de amizade e comunhão espiritual, mas já não serão
parte da célula no dia-a-dia.

Uma coisa que sempre fazemos é enviar e comissionar os membros da igreja quando
eles partem para outro lugar do país. Muitas de nossas igrejas nasceram como fruto do
trabalho de tais irmãos.

O segundo grupo de pessoas que nos deixa são aqueles que vão para outras células de
nossa igreja ou aqueles que mudam de igreja. Tenha cuidado para não se deixar
melindrar por esse tipo de situação. Não tome como algo pessoal. Deixe que o Senhor
coloque as pessoas encaixando-as no lugar certo.

Evidentemente não queremos perder ninguém e nem tão pouco passar para outros o
cuidado daqueles que o Senhor nos deu. Você deve se empenhar ao máximo para que
isso não aconteça, mas é um fato que isso em algum momento acontecerá. E quando
acontecer tenha uma atitude amorosa e deixe a porta aberta para o caso de a pessoa
querer voltar.

O terceiro tipo de pessoa que nos deixa é aquele que simplesmente partiu ou
desapareceu. Não sabemos se ele foi para outra igreja ou mudou de cidade,
simplesmente cortam o relacionamento.

O quarto tipo são aqueles que desviam da fé. Paulo menciona Demas que amou o
presente século e Tiago 5:19 diz que alguns podem se desviar da verdade. Em situações
assim não fique presumindo as possíveis razões da pessoa, apenas entre em contato
com ela, descubra as causas e comunique os demais membros do grupo.

O quinto tipo de pessoa não é propriamente alguém que nos deixa, mas é alguém que
nós mesmos não queremos na comunhão. Como já disse anteriormente, na equação da
multiplicação não podemos ignorar a subtração. Ela é tão importante quanto a
multiplicação. O banheiro é tão necessário quanto a cozinha numa casa. Remover
pessoas erradas é tão importante quanto estabelecer as pessoas certas. Provérbios diz:
“Lança fora o escarnecedor, e com ele se irá a contenda; cessarão as demandas e a
ignomínia” (Pv 22.10).

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Evidentemente o presbitério da igreja é o responsável pela disciplina daqueles que vivem


no pecado e não se arrependeram. Mas cada crente é um ministro guardando a vida da
igreja em sua célula e ele deve comunicar a liderança quando o pecado se manifestar
entre nós.

c. A Multiplicação

Em Marcos 4:20 o Senhor Jesus falou a respeito da semente que frutifica a 30, 60 e 100
por um.

Os que foram semeados em boa terra são aqueles que ouvem a palavra e a recebem,
frutificando a trinta, a sessenta e a cem por um. Mc. 4:20

A vontade de Deus é a multiplicação. Tudo o que Deus fez se multiplica por isso nós
vivemos numa mentalidade de multiplicação: multiplicamos células, líderes, ministérios,
discípulos e também igrejas. Nós precisamos esperar a multiplicação de nossa célula.
Atos 9:31 diz que os primeiros discípulos andavam no temor do Senhor, no conforto do
Espírito Santo e as igrej

Assim, pois, as igrejas em toda a Judéia, e Galiléia, e Samaria tinham paz e eram
edificadas; e se multiplicavam, andando no temor do Senhor e na consolação do Espírito
Santo. Mc. 9:31 RC

Cada ministro precisa olhar para a sua célula com um olhar de fé. Esse olhar de fé é um
dos grandes segredos da multiplicação. O maior segredo é reconhecermos o valor do
que temos em nossas mãos.

Certa vez uma viúva foi ter com Eliseu pedindo ajuda por causa de uma imensa dívida.
A situação era realmente difícil. Eliseu então lhe pergunta o que ela tinha em casa, quais
recursos ela dispunha para resolver o problema. A resposta da viúva é emblemática:
“Não tenho nada a não ser uma botija de azeite” (II Rs 4:2). Para ela, uma botija de azeite
e nada eram a mesma coisa.

Você pode caminhar na unção de multiplicação. Mas, para isso, você precisa reconhecer
e valorizar aquilo que Deus tem lhe dado. Para haver multiplicação, precisamos ter algo
em nossas mãos. Você sabe, a única coisa que não pode ser multiplicada é o zero. Zero
multiplicado por qualquer coisa é sempre igual a zero. Graças a Deus que sempre temos
algo em nossas mãos com que trabalhar.

Talvez você pense que os membros de sua célula são o mesmo que zero, ou que seus
recursos são tão insignificantes que são o mesmo que zero. Mas, os seus olhos se
abrirão para enxergar o potencial dos recursos que Deus lhe tem concedido.
A pergunta de Eliseu para a viúva é a mesma que Deus está lhe fazendo: “O que você
tem em sua célula?”. Deus sempre pergunta pelo que temos e não pelo que não temos.
É interessante como é exatamente inversa a nossa atitude, estamos sempre olhando
para aquilo que não temos. Pensamos que não temos a melhor formação, os melhores
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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

membros, um bom anfitrião, líderes-em-treinamento ou recursos financeiros suficientes,


mas Deus sempre toma o que consideramos insignificante e faz disso uma solução.
Ter um olhar profético significa reconhecer o que nos é dado por Deus. Tudo o que
precisamos para sermos bem-sucedidos já nos foi dado. Deus jamais chama alguém
sem lhe dar a capacidade, as ferramentas e os recursos necessários. Você já tem a
unção que precisa e o poder que será necessário para desempenhar a sua função como
sacerdote em sua célula.

O problema algumas vezes é que não reconhecemos o que temos como sendo
suprimento de Deus. Algumas vezes somos como aquela viúva para quem uma botija de
azeite é nada. Ela não tinha um olhar profético para reconhecer o suprimento de Deus.
A unção de multiplicação está reservada para viúvas endividadas e crentes
desacorçoados que resolveram acreditar. Sempre haverá alguém com cinco pães e dois
peixinhos disposto a colaborar com o milagre do Senhor em seu ministério e na sua vida.

Acredite nas pessoas e nas coisas que Deus tem lhe confiado. Desenvolva um olhar
profético.

De vez em quando, alguns irmãos me reclamam que suas células estão fracas,
decadentes. No meu interior, eu rejeito essas palavras e declaro que as células são
fortes, santificadas e que irão se multiplicar, em nome de Jesus. Alguém dirá que é
loucura agir dessa forma dizendo que “não é a verdade”. Mas a verdade não é o que
vemos ou dizemos, mas o que Deus vê e diz, e Deus tem nos dito que esta igreja é
abençoada. Nunca vi um pastor que prosperasse vendo a igreja de maneira negativa. O
líder que prospera e cresce é o que dá graças pela célula que possui.
Assim veja a cada irmão com olhar de fé. Samuel viu a Davi com os olhos da fé. Barnabé
viu Saulo através dos olhos da fé. O Senhor Jesus viu seus discípulos com um olhar de
fé. Creia que Deus tem lhe enviado exatamente aqueles de que você necessita.

d. A Divisão

Divisão é a maior estratégia do inimigo contra a igreja. Provavelmente toda nação,


sociedade, igreja e família que foram destruídas, o foram de dentro para fora por meio
da divisão. A sua principal oração deve ser a favor da unidade da igreja e contra todo
espírito de divisão.

A unidade é a principal chave para garantir força espiritual contra as trevas e levar a
célula à multiplicação. Por isso seja muito cuidadoso para não receber acusação contra
ninguém a menos que haja duas ou três testemunhas.

Não aceites denúncia contra presbítero, senão exclusivamente sob o depoimento de


duas ou três testemunhas. Quanto aos que vivem no pecado, repreende-os na presença
de todos, para que também os demais temam. I Tm. 5:19

100
O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Além disso você deve rejeitar aquele irmão divisivo depois de exortá-lo por duas ou três
vezes.

Evita o homem faccioso, depois de admoestá-lo primeira e segunda vez, pois sabes que
tal pessoa está pervertida, e vive pecando, e por si mesma está condenada. Tt. 3:10-11

Palavras divisivas são sementes de dúvida lançadas no coração dos irmãos pelo
maligno. Cada ministro precisa estar constantemente vigilante contra as palavras
desleais e maliciosas de pessoas divisivas.

Tenha muito cuidado com pessoas com as seguintes atitudes:

 Aqueles que lançam dúvidas sobre a visão da igreja, a vida dos pastores e até do
líder da célula.
 Pessoas que lançam fofocas e produzem contenda entre irmãos.
 Pessoas que são cheias de opinião e são sempre discordantes da liderança da
igreja.
 Aqueles que são estranhos no ninho e nunca se misturam com os irmãos.
Irmãos que se dizem decepcionados com todo tipo de liderança.

Evidentemente esses são apenas alguns sinais de alguém potencialmente divisivo que
pode destruir a comunhão e a unidade da célula. É claro não esperamos que as pessoas
concordem a respeito de cada mínimo detalhe dentro da célula. Mas existem coisas que
são fundamentais e nessas há a necessidade de haver unanimidade. Os antigos irmãos
morávios tinham o seguinte pensamento: “No essencial: unidade; nas coisas não
essenciais: diversidade, e em todas as coisas: o amor

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Vigésimo Dia
A célula é um organismo vivo

A célula precisa ser parte de um organismo e não de uma mera organização. Para que
a célula funcione apropriadamente precisamos percebê-la como algo vivo. Segundo a
biologia existem sete características que definem um ser vivo:

• Alimento
• Movimento
• Respiração
• Excreção
• Crescimento
• Sensibilidade e
• Reprodução

Creio que todas essas características podem se aplicar à célula.

1. Alimento

Todo ser vivo necessita de substâncias do seu meio ambiente para obter energia, crescer
e se manter saudável. A célula também precisa de alimento. Na verdade, tudo o que se
move precisa de combustível. A célula precisa ser suprida com abundante alimento
espiritual.

Depois que somos salvos e nascidos de novo, a nossa necessidade mais imediata é que
aprendamos a comer do Senhor como nosso leite e alimento espiritual. Sem esse
alimento espiritual nós também não temos o crescimento normal e em pouco tempo
estaremos espiritualmente mortos.

Nos Evangelhos, o Senhor Jesus Se apresenta como um banquete para nós bebermos
e comermos. Ele diz no quarto capítulo de João que Ele é “a água viva” para nós
bebermos. No sexto capítulo do mesmo livro, Ele diz que Ele é “o pão da vida” para ser
comido. Depois, a Bíblia diz em 1 Coríntios 12: “E a todos nós foi dado beber de um só
Espírito”. Nós O bebemos e comemos, e, em consequência disso, O recebemos como o
nosso alimento espiritual.

O modo pelo qual o Senhor alimenta o Seu Corpo é pela Sua Palavra. Se desejamos ser
alimentados por Ele, precisamos vir à Palavra para provar do Senhor. Mas além da
Palavra somos alimentados com a água do Espírito. Tudo o que Deus faz em nós ele o
faz pela Palavra e pelo Espírito. Esse é o alimento de uma célula saudável.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

2. Movimento

Todo organismo vivo demonstra algum tipo de movimento, seja interno ou externo. Isso
significa que tudo o que está vivo segue o mover de Deus. Quando falamos de mover de
Deus estamos também falando de movimento. O mover de Deus no meio de seu povo
resulta em que esse povo se movimentará para segui-lo.

Todavia quando uma célula se move ela precisa estar atento a alguns princípios naturais
do movimento. Em primeiro lugar é preciso lembrar que tudo o que se move produz
tensão. Tensão não significa que algo está errado, mas que algo está acontecendo.
Sempre que estruturarmos e nos organizamos veremos algum tipo de atrito. Se os atritos
forem tratados apropriadamente ele permitirá que a estrutura se torne ainda mais
eficiente.

A segunda característica é que tudo que se move produz calor. O resultado natural da
tensão é o calor. Existe o fogo do Espírito, mas também existe o calor da fricção. É
preciso o óleo do Espírito como combustível do mover, mas também precisamos do óleo
da unção para refrigerar a estrutura. É a unção que permite que nos relacionemos de
forma harmoniosa na obra de Deus.

Lembre-se também que tudo que se move se desgasta. Toda faca depois de algum
tempo de uso precisa ser amolada, todo violão depois de tocado precisa ser afinado. A
sua célula também precisará de reciclagens e de tempos em tempos precisamos parar
a renovar a visão e a prática pois tudo se gasta com a rotina e o uso. Isso não é algo
negativo. Faz parte da vida, as células com o tempo precisam ser novamente ajustadas.
E por último lembre-se que tudo que se move tende à inércia. As coisas nunca tendem
a acelerar, mas sempre tendem a parar por causa das resistências no caminho. A grande
ilusão é presumir que uma vez que nossa célula esteja indo bem ela irá bem para sempre
e que não precisaremos fazer coisa alguma e as coisas vão acontecer espontaneamente.

Tudo o que está em movimento tende a parar, por isso há necessidade de


frequentemente darmos novos impulsos para mantermos o ritmo da célula.

3. Respiração

Todas as coisas vivas necessitam de respirar. A respiração da célula é o sopro de vida.


Quando respiramos estamos fazendo uma troca de gases. Estamos aspirando o oxigênio
e expelindo outros gases tóxicos. Isso faz com que a corrente sanguínea seja renovada.

Assim a respiração é a expressão mais básica de vida.

Mas quando falamos de respiração estamos nos referindo à atmosfera e isso aponta
para o ambiente da célula. Um ambiente cheio de amor e hospitalidade permite ao
visitante respirar aliviado num mundo cheio da poluição do pecado e do egoísmo.
O ambiente da célula deve estar permeado pelo amor de Deus. A força da célula está
nos vínculos de amor. São esses vínculos que favorecem o crescimento.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Decida amar os irmãos. Decida andar com eles. Decida abençoar e falar coisas boas de
sua igreja e de sua célula. Você não pode amar aquilo que você não abençoa. Se suas
palavras são sempre negativas em relação aos irmãos, em relação à sua célula e à igreja,
você nunca será capaz de amá-los.

A unção só flui através do amor. Para que eu possa ministrar na sua vida, eu preciso
amá-lo; caso contrário, a unção não fluirá. Mas o inverso também é verdadeiro. Se você
não me ama, não pode receber da unção que está sobre mim. O amor é o meio, o
caminho pelo qual a fé e unção fluem.

Mude suas palavras, comece a abençoar a fonte que o nutre.

4. Sensibilidade

Todos os seres vivos reagem a mudanças ao redor deles, como o toque, luz, calor, frio
e som. É a sensibilidade na célula que permite a vida em comunidade.
Todos precisam saber que é bom chorar juntos. Precisamos entender que, quando
enfrentamos uma crise juntos, não precisamos ser estoicos. Não precisamos fazer de
conta que não sentimos nada.

Todas as emoções humanas são válidas em Deus! Deus não quis que suprimíssemos
nossas emoções – elas têm a sua manifestação legítima. A igreja e a célula como sua
expressão é o lugar onde expressamos nossos sentimentos em liberdade e os nossos
irmãos são aqueles que são sensíveis e solidários com a nossa dor e com a nossa
alegria.

Uma célula que é sensível à dor e à aflição e que dá uma resposta de amor e cuidado é
um lugar cheio de vida. Essa vida certamente vai se expressar em algum momento no
crescimento e na multiplicação.

5. Excreção

Quando um organismo está expelindo o lixo do seu corpo nós chamamos isso de
excreção. Se esse lixo continuasse dentro do corpo ele se tornaria venenoso, por isso o
organismo precisa eliminar esses resíduos. A excreção nada mais é que a subtração. A
subtração precede a multiplicação.

Algo que qualquer agricultor sabe é que toda árvore precisa ser podada para que possa
dar frutos. Jesus disse que antes da frutificação é preciso haver a poda: “Todo ramo que,
estando em mim, não der fruto, ele o corta; e todo o que dá fruto limpa, para que produza
mais fruto ainda” (João 15.2). Até mesmo a célula que está dando fruto eventualmente

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

será podada. Eu sei que nós não queremos perder ninguém, mas infelizmente existem
aqueles que não podem avançar conosco.

Na equação da multiplicação não podemos ignorar a subtração. Ela é tão importante


quanto a multiplicação. O banheiro é tão necessário quanto a cozinha numa casa.
Remover pessoas erradas é tão importante quanto estabelecer as pessoas certas.
Provérbios diz: “Lança fora o escarnecedor, e com ele se irá a contenda; cessarão as
demandas e a ignomínia” (Prov 22.10).

6. Crescimento

Quando organismos vivos se alimentam eles ganham energia. Uma parte dessa energia
é usada no processo de crescimento. Seres vivos se tornam maiores e mais complexos
na medida em que crescem.

Em nossa experiência como igreja temos observado que o crescimento de uma célula
acontece de duas formas: podemos ter um crescimento constante ainda que pequeno e
podemos ter explosões eventuais. No Livro de Atos vemos que a igreja primitiva também
experimentava esses dois lados do crescimento. Por um lado Atos 2:47 diz que
“acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos”. Esse crescimento
diário não era explosivo, mas eventualmente eles experimentavam essas explosões.

Atos 2:41 diz que houve um acréscimo num dia de quase três mil pessoas.
Na vida de uma igreja em células saudável sempre vemos esses dois lados do
crescimento.

Como sacerdotes na Casa do Senhor precisamos observar constantemente a saúde da


célula. Não podemos fazer a célula crescer, mas podemos mantê-la saudável para que
ela experimente crescimento constante.

7. Reprodução

Uma célula pode crescer e nem por isso estará pronta para se multiplicar. Para que uma
célula se multiplique primeiro precisamos multiplicar a liderança.

As células surgem e desaparecem, começam e terminam, a menos que os membros de


grupos se transformem em líderes de célula, os frutos não serão duradouros. Assim a
prioridade máxima de um líder de célula é identificar líderes em potencial e iniciar o
processo de discipulado. A primeira condição para a multiplicação de uma célula é que
o próprio líder tenha gerado outro. Cada semente gera de acordo com a sua espécie.

Ovelhas geram ovelhas, mas líderes geram líderes.

O objetivo principal do líder não é simplesmente sustentar e cuidar da célula.


Evidentemente, ele fará isso, mas seu trabalho principal é encontrar, treinar e enviar
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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

novos líderes. A célula não é uma estratégia de organização, mas de liderança. Nosso
alvo não é ter membros, mas discípulos. E cada discípulo deve ser treinado para liderar
uma célula.

Nós não multiplicamos células, nós multiplicamos liderança. Se você não está
reproduzindo liderança na célula, você não compreendeu a visão apropriadamente.

Nós temos muitos cursos em nossa igreja, mas os cursos não substituem o discipulado.
Curso não forma líderes e nem gera discípulos. A única maneira de se tornar um líder é
sendo treinado por outro líder. Se você não anda com um líder, você não se torna líder.

E se você não tem ninguém andando com você como discípulo o processo reprodutivo
da célula está interrompido. A célula pode até crescer, mas não se multiplicará.

Não pense que o nosso trabalho é simplesmente mandar alunos para o curso de
treinamento da Igreja. Assim como evangelizar não é só mandar alguém para o encontro.
Cada ministro precisa perceber o espírito da obra de Deus e ter o encargo devido.
A ordem de Jesus foi muito clara: “Ide, portanto, fazei discípulos […] ensinando-os a
guardar todas as coisas que vos tenho ordenado” (Mt. 28:19-20).

A ordem do Senhor é para fazermos discípulos. Como é que os discipulamos?


Ensinando-os a guardar. Ensinar a guardar não é ensinar usando curso de treinamento.
Não é só ensinar de maneira teórica, é ensinar fazendo, ensinar a guardar é você fazer
junto. Você não vai só ensinar ele a orar, você vai orar junto com ele. Você vai ensinar
ele a pregar, sim, mas vai pregar junto com ele. Isso é se reproduzir. O avanço da obra
hoje depende da sua seriedade como ministro na Casa de Deus.

O seu principal encargo deve ser se reproduzir gerando discípulos.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Vigésimo primeiro dia


Mulheres que discipulam mulheres e pastoreiam crianças

Em nossa igreja, é função das mulheres e discipular outras mulheres e pastorear as


crianças para que todos possam ser inseridos na vida da igreja.

1. O discipulado de Mulheres

Cremos que as mulheres têm o chamado de Deus para gerar filhos naturais e espirituais
também. Geramos filhos espirituais através do discipulado.

A. Discipulado é diferente de acompanhamento.

Muitas pessoas confundem discipulado com acompanhamento. Acompanhamento é


algo esporádico e sem compromisso. Discipulado é um relacionamento de vida que visa
levar o discípulo à maturidade espiritual.

O acompanhamento visa o aperfeiçoamento e tratamento de alguém, enquanto o


discipulado visa gerar filhos para Deus.

Nosso alvo como igreja não é apenas abençoar os membros, mas formar discípulos. Não
somos um shopping espiritual, somos uma família que cresce.

B. Como acontece o discipulado com mulheres.

A esposa do pastor da igreja local é a pastora responsável pela rede de crianças e ela
encabeça o discipulado de mulheres nessa rede. A esposa do pastor discipula as
esposas dos discipuladores e estas discipulam as esposas dos líderes. As esposas dos
líderes são estimuladas a liderarem uma célula de criança, que, em sua maioria, são
paralelas ás células de adultos.

As reuniões de discipulado com as mulheres acontecem separadamente das reuniões


de seus maridos, para que seja melhor conhecida a realidade das células, resolver
problemas de cada uma, estabelecer alvos e ministrar na vida de cada discípulo com
mais liberdade.

C. O discipulado nos conecta ao corpo

O alvo do discipulado é nos conectar ao corpo, pois estamos debaixo de uma mesma
palavra de Jesus: fazer discípulos.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Temos que tomar cuidado para que o estilo de vida moderno afete nosso conceito de
igreja. Antigamente as pessoas viviam mais em comunidade e havia mais
comprometimento uns com os outros. Era comum as mulheres fazerem suas atividades
juntas (ir ao mercado, lavar roupas em lugares públicos, criar seus filhos). A vida era
mais compartilhada, o que facilitava o aprendizado mútuo e em grupo.

Hoje, a mulher moderna não precisa se relacionar para suprir suas necessidades
básicas. Todavia, na vida da igreja não pode ser assim. Precisamos nos conectar uns
aos outros. É o discipulado que torna esse tipo de relacionamento possível. O discipulado
nos conecta.

Jesus chamou Seus discípulos para um relacionamento próximo e com propósito, e não
ocasional.

Quando estamos conectados podemos expressar a Deus como corpo. Membros


desconectados não expressam a igreja.

O discipulado forma a identidade espiritual em cada membro, cujo alvo é uma igreja que
expressa Cristo.

Cuidado, facebook não faz discípulos, faz desviados.

D. O discipulado leva cada um a exercer sua função no corpo.

Deus criou o homem e a mulher para o mesmo propósito, porém, com funções diferentes.

Gênesis 2:18 “Disse mais o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-
ei uma auxiliadora que lhe seja idônea.”

É importante que a mulher casada entenda que ela deve auxiliar, e não fazer a obra de
Deus no lugar do marido. Embora algumas esposas gostem mais de liderar do que
auxiliar, isso não condiz com os ensinamentos bíblicos.

A função da esposa como auxiliar diz respeito a dois aspectos:

1. Discipular as esposas dos discípulos do marido

Quando isso acontece, o desempenho deles como casal é muito melhor. No discipulado
das esposas, o alvo não é a multiplicação, e sim a edificação da família do liderado.
Quando esse discipulado funciona, o casamento melhora e muitos conflitos são evitados,
o que afeta diretamente a liderança do marido.

O discipulado das mulheres implica em ensinar a fazer a obra de Deus. Cabe a esposa
do líder a responsabilidade de ensinar as irmãs e investir no potencial delas.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

2. Formar discípulos desde a infância

Por que a esposa do líder deve liderar a célula de crianças? Porque as crianças fazem
parte do rebanho do líder. O líder de adultos lidera famílias e não apenas adultos.

Jesus morreu pelas crianças da mesma maneira que morreu pelos adultos. Fazer
discípulos de todas as nações incluem as crianças também.

E. O papel do líder em treinamento como auxiliar do líder de adultos

O líder não deve confundir a função da sua esposa com a dos seus discípulos, pois eles
exercem papéis distintos na obra de Deus.

O marido não deve delegar à esposa o que é função dos discípulos, para não prejudicar
o crescimento da igreja e a multiplicação da liderança.

O líder deve dividir o cuidado com os membros da célula com seus líderes em
treinamento. Quando o líder multiplicar a célula, a esposa ficará ao lado do marido.

É fato que há muitas mulheres talentosas e excelentes lideres, porém, não é uma
questão de quem faz melhor, e sim de investir na pessoa de acordo com sua função.

A expansão do reino depende de levantar líderes, multiplicar células, formar pastores e


abrir novas igrejas. Para isso é preciso investir na formação de discípulos, isso significa
investir em líderes, nas esposas dos líderes, na formação de novos líderes de crianças.

3. O pastoreamento de crianças

Devemos ensinar a criança que ela é um sacerdote diante de Deus. As mulheres que
pastoreiam crianças estão preparando uma nova geração de líderes.

A. Compreendendo a ordenação de Deus para o homem e para a mulher.

Deus estabeleceu: Deus-Pai, Deus-Filho, Deus-Espirito Santo, o homem e a mulher.

1 Coríntios 11:3 “Quero, entretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de todo homem, e o
homem, o cabeça da mulher, e Deus, o cabeça de Cristo.”

Cremos que a mulher é tão capaz quanto o homem e recebeu os mesmos dons da graça
que os homens receberam, mas, por uma ordenação bíblica, os homens devem
encabeçar o governo da igreja.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

Todo homem recebeu a habilidade para liderar

É inadmissível que exista um homem incapaz de liderar, pois, os homens foram criados
para dominar e sujeitar toda a criação. Quando o marido assume a liderança da célula,
não é por que ele é o melhor, mas por uma designação divina.

Toda mulher recebeu a habilidade de ser mãe

1 Timóteo 2:12-15 “12 E não permito que a mulher ensine, nem exerça autoridade de
homem; esteja, porém, em silêncio. 13 Porque, primeiro, foi formado Adão, depois, Eva.
14 E Adão não foi iludido, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão. 15
Todavia, será preservada através de sua missão de mãe, se ela permanecer em fé, e
amor, e santificação, com bom senso.”

Deus deixou claro essa função para a mulher ao dar-lhe um útero, cujo objetivo é gerar.

Se ser mãe é uma missão, ser mãe espiritual é um propósito de vida. Por isso, as
mulheres devem enxergar o seu chamado de gerar filhos através do ministério com
mulheres e crianças.

B. Três razões porque devemos investir nas crianças.

1. Por que Deus trabalha de geração em geração.

Salmos 146:10 “O SENHOR reina para sempre; o teu Deus, ó Sião, reina de geração em
geração. Aleluia!”

O reino é como uma corrida de bastão onde cada corredor representa uma geração.
Precisamos nos conectar com a próxima geração e prepará-la para que a corrida possa
ser ganha.

Moisés é um exemplo de líder que entendeu esse princípio:

Êxodo 10:10 “Replicou-lhes Faraó: Seja o SENHOR convosco, caso eu vos deixe ir e as
crianças. Vede, pois tendes conosco más intenções.”

Êxodo 10:26 “E também os nossos rebanhos irão conosco, nem uma unha ficará; porque
deles havemos de tomar, para servir ao SENHOR, nosso Deus, e não sabemos com que
havemos de servir ao SENHOR, até que cheguemos lá.”

Negociamos quando deixamos de pregar a Palavra de Deus às crianças e preferimos


ficar sentados a cada domingo nos deliciando com as palavras ministradas e
esquecemos que muitas crianças sobrem de inanição espiritual. Negociamos quando
deixamos nossos filhos em casa ou em outros lugares ao invés de trazê-las ao culto ou
à célula junto conosco.

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O Templo, o Sacerdote e o Sacrifício – 21 dias para entender o seu lugar na visão

2. A criança é membro do corpo

João 1:12 “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos
de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome;”

As crianças estão entre os que creem.

Mateus 18:5 “E quem receber uma criança, tal como esta, em meu nome, a mim me
recebe.”

Se queremos a presença de Jesus, devemos receber as crianças como se fosse Ele


próprio. As crianças dependem de nós para serem conduzidas a Jesus.

Uma criança é um grande potencial para ganhar sua família. São excelentes
semeadores.

3. Estamos formando uma geração de vencedores

Somos pais da geração seguinte e temos de treiná-los para serem vencedores também.
Temos que formar neles uma mentalidade de vencedor desde a infância.

Nossa visão é edificar uma igreja de vencedores. Estamos proclamando isso para a
próxima geração, mas são eles que viverão plenamente essa visão, porque essa verdade
já faz parte da sua mentalidade.

Quando isso acontece desde a infância, a semente tem o poder de produzir cem por
cento.

Esse é o nosso legado a próxima geração, não podemos abrir mão dele.

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