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A mulher que sofria de um fluxo de sangue considerou em seu coração que bastava
tocar na orla das vestes de Jesus para ser curada, porém, como aproximar-se de Jesus,
sem contaminar a multidão? E o que faria a multidão se descobrisse que uma mulher
imunda havia saído no meio do povo, deliberadamente, para se esbarrar em todos,
deixando–os imundos?
“E foi com ele e seguia-o uma grande multidão, que o apertava. E certa mulher que,
havia doze anos, tinha um fluxo de sangue e que havia padecido muito, com muitos
médicos e despendido tudo quanto tinha, nada lhe aproveitando isso, antes, indo a pior;
Ouvindo falar de Jesus, veio por detrás, entre a multidão, e tocou na sua veste. Porque
dizia: – Se tão-somente tocar nas suas vestes, sararei. E logo se lhe secou a fonte do seu
sangue; e sentiu no seu corpo estar já curada daquele mal. E logo Jesus, conhecendo que
a virtude de si mesmo saíra, voltou-se para a multidão e disse: Quem tocou nas minhas
vestes? E disseram-lhe os seus discípulos: Vês que a multidão te aperta e dizes: Quem
me tocou? E ele olhava em redor, para ver quem isto fizera. Então, a mulher, que sabia
o que lhe tinha acontecido, temendo e tremendo, aproximou-se e prostrou-se diante dele
e disse-lhe toda a verdade. E ele lhe disse: Filha, a tua fé te salvou; vai em paz e sê
curada deste teu mal.” (Mc 5:24-34).
O que há de tão importante, no milagre da mulher com um fluxo de sangue, que levou
três evangelistas a narrarem o mesmo milagre? No que implicava uma mulher sofrer
hemorragia constante àquela época? Como dimensionar a fé em Cristo, daquela mulher?
Marcos e Lucas registraram que a mulher já havia gasto todos os seus bens com
médicos, porém, não puderam curá-la (Mc 5:26; Lc 8:43).
Já, os evangelistas Mateus e Marcos destacam que a mulher sofria de hemorragia, há
doze anos, e, ao ouvir falar de Jesus, passou a acreditar que, se somente tocasse em suas
vestes, haveria de ser curada: “Porque dizia consigo: Se eu tão-somente tocar a sua
roupa, ficarei sã” (Mt 9:21).
Porém, havia um entrave: a mulher, por ter um fluxo de sangue, pela lei de Moisés, era
considerada imunda: “Também a mulher, quando tiver o fluxo do seu sangue, por
muitos dias fora do tempo da sua separação ou, quando tiver fluxo de sangue, por mais
tempo do que a sua separação, todos os dias do fluxo da sua imundícia será imunda,
como nos dias da sua separação.” (Lv 15:25). Os dias de separação de uma mulher,
durante a sua menstruação mensal, era de 7 dias, conforme Lv 15.19: Mas a mulher,
quando tiver fluxo, e o seu fluxo de sangue estiver na sua carne, estará sete dias na sua
separação e qualquer que a tocar, será imundo, até à tarde.
Ela considerou, em seu coração, que bastava tocar na orla das vestes de Jesus, que seria
curada, porém, como aproximar-se de Jesus, sem contaminar a multidão? O que faria a
multidão, caso descobrisse que uma mulher imunda havia saído em meio ao povo e
tocado, deliberadamente, em todos que ela esbarrava? “Ou, quando tocar a imundícia de
um homem, seja qualquer que for a sua imundícia, com que se faça imundo e lhe for
oculto, mas, se o souber depois, será culpado” (Lv 5:3). Como aquela mulher sairia de
casa, se os vizinhos, que sabiam daquela doença, podiam recriminá-la, por causa da lei?
O que fariam os religiosos, se a descobrissem no meio da multidão?
Embora ciente dos riscos de ser surpreendida, a mulher entrou no meio da multidão e,
ao chegar por trás, tocou na orla das vestes de Cristo e, imediatamente, ficou sã. Foi
quando Jesus perguntou: “Quem é que me tocou?” (Lc 8:45).
Como deve ter ficado apreensiva a mulher, quando foi descoberto o seu ato, de tocar nas
vestes de Cristo! – Será que Jesus vai me recriminar por ter saído em meio a multidão
sendo imunda? O que dirão os seus discípulos e a multidão? Será que todos ali presentes
serão obrigados a se recolherem em casa, para cumprirem o tempo determinado na lei,
para a purificação? “Ordena aos filhos de Israel que lancem fora do arraial a todo o
leproso, a todo o que padece fluxo e a todos os imundos, por causa de contato com
algum morto” (Nm 5:2).
Jesus, porém, continuou a olhar entre a multidão para ver quem havia lhe tocado! No
verso 33, de Lucas 8, fica nítido o quanto ela considerou, antes de revelar-se, pois, sabia
que havia contrariado a lei, indo até Jesus, em meio a uma multidão.
A mulher, ciente do que havia ocorrido, com medo e tremendo, aproximou-se, prostrou-
se diante de Cristo e disse toda a verdade.
Foi quando Jesus a acalmou, ao dizer: “Filha, a tua fé te salvou; vai em paz e sê curada
deste teu mal” (Lc 8:48).
Por causa da fidelidade de Cristo Jesus, que honra aqueles que n’Ele confiam, a mulher
foi salva, recebida por filha, curada do fluxo de sangue e despedida em paz. Toda a
confiança surgiu quando a mulher, simplesmente, ouviu falar de Jesus: “Ouvindo falar
de Jesus, veio por detrás, entre a multidão, e tocou na sua veste. Porque dizia: Se tão-
somente tocar nas suas vestes, sararei.” (Mc 5:27-28).
A confiança dessa mulher nos ensina que Jesus é a água viva, fonte inesgotável, pois,
qualquer imundo que tocá-lo é limpo da sua imundície. “Porém a fonte ou, cisterna, em
que se recolhem águas, será limpa…” (Lv 11:36).
Através dela, somos ensinados que Cristo é a semente incorruptível, o Verbo encarnado,
pois, até mesmo os ‘cadáveres’ que sobre Ele caírem tornam-se limpos: “E se, dos seus
cadáveres, cair alguma coisa, sobre alguma semente que se vai semear, será limpa.” (Lv
11:37)
A confiança não surge do sofrimento ou, das mazelas diárias, antes, tem origem na
palavra da verdade. Ela passou a confiar, a partir do momento que ouviu acerca de
Cristo (v. 27). Quando ela ouviu acerca d’Ele e refletiu (v. 28), foi tomada de confiança,
que superou todos os medos (v. 33).
Se ela não tivesse ouvido acerca do Cristo, jamais teria confiança, pois, a fé vem pelo
ouvir e o ouvir a palavra de Deus (Rm 10:17). Ao ouvir, acerca daquele homem, ela foi
invadida por uma confiança tal que considerou que, se tão somente tocasse nas suas
vestes, ela seria curada.
A confiança que ela depositou em Cristo era diferente da confiança que tivera nos
médicos. A confiança nos médicos levou-a a gastar tudo o que possuía, mas, a confiança
em Cristo, levou-a a desafiar as suas próprias crendices, as disposições da lei e a
religiosidade: aquele homem tinha poder para sará-la daquele mal.
Após apresentar-se prostrada, aos pés de Cristo, diante da multidão, e tendo declarado a
sua intenção e confiança, Jesus lhe disse: “Filha, a tua fé te salvou; vai em paz e sê
curada deste teu mal.” (Mc 5:34) Por crer que Jesus podia purificá-la daquele mal, a
mulher foi salva por Cristo e, em seguida, curada do fluxo de sangue.
O que salvou a mulher? A ‘confiança’ dela ou, a ‘fé que se tornou manifesta’?
Ora, sabemos que quem salvou a mulher foi Cristo, pois, ele é a fé que havia de se
manifestar. “Mas, antes que a fé viesse, estávamos guardados debaixo da lei e
encerrados para aquela fé que se havia de manifestar.” (Gl 3:23) Antes de Cristo ser
anunciado. ela confiava na lei e a confiança dela não podia salvá-la, nem do pecado e
nem da enfermidade, porém, quando ela confiou em Cristo, o dom de Deus, ela foi salva
da condenação herdada de Adão e foi curada da enfermidade física. “Porque, pela graça
sois salvos, por meio da fé e isso não vem de vós, é dom de Deus.” (Ef 2:8); “Jesus
respondeu e disse-lhe: Se tu conheceras o dom de Deus e quem é o que te diz: Dá-me de
beber, tu lhe pedirias e ele te daria água viva.” (Jo 4:10)
Uma coisa é certa: ‘confiança’, à parte da fé, que é Cristo, não salva. Confiar nos
médicos, na lei, na religiosidade, etc., nada produz, mas, diante da fé manifesta, que é
dom de Deus, se o homem confiar, será salvo.
O homem é justificado por Cristo, a fé que havia de se manifestar, a fé que uma vez foi
dada aos santos, “Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso
Senhor Jesus Cristo,” (Rm 5:1); “Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé,
sem as obras da lei” (Rm 3:28).
Aquele que confia no Verbo que se fez carne, o autor e consumador da fé, tem a vida
eterna, pois, a confiança advém da palavra de Deus, que é firme e permanece para
sempre, “Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas, aquele que não crê no Filho,
não verá a vida, mas, a ira de Deus sobre ele permanece.” (Jo 3:36)
A crença da mulher a salvou, porque ela creu naquele que tem poder para justificar o
ímpio ou, seja, a crença dela lhe foi imputada como justiça, assim, como ocorreu com
Abraão. “Mas, aquele que não pratica e crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é
imputada como justiça.” (Rm 4:5 ); “E creu ele no SENHOR e imputou-lhe isto por
justiça” (Gn 15:6).