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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUÍZ DE DIREITO DA 

2ª VARA CÍVEL
COMARCA DE BELÉM – ESTADO DO PARÁ.
 
 Processo nº 2021.20.2.202120-2
 
                       CONDOMÍNIO VIVER MELHOR, por intermédio de sua advogada
JULIETTE FREIRE, OAB/PB 777, procuração anexa, vem, respeitosamente à presença de
Vossa Excelência apresentar CONTESTAÇÃO à AÇÃO DE INDENIZAÇÃO proposta por
CARLA DÉCADAS DÍAZ devidamente qualificado nos autos em epígrafe, em curso perante
esse Juízo, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos.

I. SÍNTESE PROCESSUAL
A requerente alega que transitava pela calçada nas proximidades do Condomínio, em Belém do
Pará, quando foi atingida na cabeça por um pote de vidro lançado da janela do apartamento nº
601 do edifício do Condomínio Viver Melhor, tendo a autora desmaiado com o impacto, sendo
socorrida por moradores do local que contataram o SAMU e foi levada ao Hospital Municipal.

Informa ainda, que ao chegar no Hospital, foi internada e submetida a exames e, em seguida, a
uma cirurgia para conter a hemorragia interna sofrida. Após o procedimento cirúrgico, ficou
internada por 30 dias, e em razão disso, não pôde trabalhar para executar contratos previamente
negociados, causando-lhe prejuízo de R$ 20.000,00 (vinte mil reais).

Após sua alta, ela retornou ao trabalho. Contudo, 20 dias após seu retorno, sentindo-se mal,
voltou ao Hospital Municipal e teve necessidade de realização de nova cirurgia, em decorrência
de uma infecção no crânio causada por uma gaze cirúrgica deixada em sua cabeça por ocasião da
primeira cirurgia. Permaneceu mais 30 dias internada, deixando de cumprir outros contratos
somando ao seu prejuízo R$ 10.000,00 (dez mil reais).

A autora ingressou com a ação contra o Condomínio Viver Melhor, requerendo indenização pelos
danos sofridos, alegando que esta seja totalmente pela queda do pote de vidro do condomínio, no
valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), e mais 50 salários mínimos pelos danos morais em
relação a sua integridade física. Ação esta, que, não há como ser acolhida, como se pode verificar
a seguir.

II. PRELIMINARES

Inicialmente é importante ressaltar que, conforme com o que versa o artigo 337, inciso XI,
Código de Processo Civil, o Condomínio não é legitimamente o polo passivo da ação, visto que,
foi possível identificar o local de onde o objeto caiu.
Art. 337.CPC. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:
XI - ausência de legitimidade ou de interesse processual.

E ainda, para a responsabilização civil de alguém, é necessário que o dano provocado contra
terceiro tenha sido ocasionado por quem praticou o ato ilícito, conforme os artigos 186 e 927 do
código Civil. Assim, sendo possível identificar a origem de onde o objeto caiu, deve a
responsabilidade ser do apartamento, neste caso, o apartamento nº 601, 6º andar, de acordo com o
que está disposto no artigo 938 do Código Civil:

Art. 938.CC. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano
proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido.

Portanto, o proprietário do apartamento é que deveria ser acionado para arcar com os prejuízos
sofridos pela vítima, em decorrência da lesão sofrida pelo o impacto da queda do pote de vidro
em sua cabeça.

III. DO MÉRITO

A autora ingressou com a ação, objetivando o recebimento de lucros cessantes mais indenizações
pelos danos estéticos e morais sofridos, ocasionados pela queda do pote de vidro, causando
perdas financeiras por não cumprimento de suas obrigações profissionais.

Ainda, diante do que foi relatado, é possível observar que houve falta de instrução à requerente
por parte de seu representante legal, já que a responsabilização da segunda cirurgia não deve ser
atribuída ao Condomínio Viver Melhor, e sim ao Hospital Municipal, já que foi em consequência
da gaze deixada na cabeça da autora durante a primeira cirurgia e não consequência direta do
acidente ocorrido, conforme artigo 403 do Código Civil:
Art. 403.CC. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só
incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem
prejuízo do disposto na lei processual.
Resultando, assim, na ausência do dever em indenizar do Condomínio supracitado, visto que não
há conduta, dano e nexo de causalidade, com o réu. E sim, responsabilidade objetiva atribuída ao
proprietário do apartamento, em consonância com o artigo 938 do Código Civil.

IV. DOS PEDIDOS


Ante o exposto, REQUER-SE:

a) O reconhecimento de ausência de legitimidade passiva, seguindo da


substituição do polo passivo. (art. 938, CPC).;

b) Que seja julgado improcedente o pedido, quanto ao pagamento de dano


estético, moral e lucros cessantes, pois não foi provado que o réu foi o
causador dos danos. (art. 403, CC);

c) A intimação do advogado da parte para conhecimento de tal contestação;

d) Todos os meios de prova em direito admitidos, em especial, pelos


documentos amparados à inicial, por testemunhas a serem arroladas em
momento oportuno e novos documentos que se mostrarem necessários e
que a autora seja condenada ao pagamento dos honorários devidos ao
advogado do réu e das custas processuais;

e) Caso Vossa Excelência entenda pela procedência do pedido de


indenização pleiteado, que seja minorado proporcionalmente ao grau de
extensão do dano primário, levando em consideração a média mensal de
ganhos da profissão exercida pela autora;
                   Nestes Termos,
                   Pede deferimento.
                   Belém/PA, 01 de abril de 2021.
Juliette freire
OAB/PB 777

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