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- Medo da prole: quanto podemos sofrer para perceber que podemos amar, arrepender e
temer os filhos
- O filho pode me destruir, pode me matar, o filho é aquele que engole os pais = mito de
chronos, jupter
- Eros e Tânatos : criação e destruição, afetos fundamentais que vão fazer o impulso da ação
- Trilogia de Sófocles:
1) Édipo rei:
- Laio e Jocasta : percebem que os oráculos ( repetição) vão dizer “ vcs vao ter um filho
e este filho vai matar o pai”, Jocasta então tem um filho mas o coloca fora = operação
de recalque: o que foi colocado fora um dia retorna. Jocasta então fica viúva pois o
marido foi assassinado. O forasteiro salva a cidade, desposando a rainha - Quantas
vezes a gente entra no circuito da repetição, ou de tânatos, ou de chronos, e a gente
mata o antigo ou repete sem ter consciência = repetição ics
- Quem primeiro percebe tudo é a mulher (Jocasta) – ela vai rapidamente se dar conta
do drama da situação
- O feminino, o trágico e o saber: A tragédia sempre lida com o vir a saber algo,
descobrir algo. Para a mulher não foi dado o não saber, ela sabe que o filho é dela, na
barriga que cresce, no corpo que sangra, no peito que amamenta. A posição de
alienação e ignorância é muito mais masculino – o homem pode se despreender :
Ulisses pode ficar 10 anos na guerra de tróia e passar mais dez anos para voltar, ele
pode ficar longe do filho, porém Jocasta não pode não saber, ela vai se confrontar com
a realidade e perceber que era duplamente culpada, que havia casado com o filho e
tido com ele 4 filhos – neste momento ela pega um fio do vestido e se asfixia: ela tira a
vida por não poder tirar a consciência. Edipo por sua vez diz “ qd eu tinha olhos para
ver eu não vi” e quando ele vê a realidade, frente a morte de Jocasta, ele fura seus
próprios olhos e vaga pelo mundo cego.
2) Édipo em Colona:
3) Antígona:
- Antígona: algo do feminino que sempre é referenciado a algum parentesco = cultura
patriarcal
- A vida é mais complexa do que a primeira versão que vc ouviu : como na clínica,
existem sempre muitas camadas
- Dois irmãos que estão brigando pelo poder na cidade e acabam por se matar e um
parece ser o traidor pois vai se aliar ao extrangeiro contra a própria cidade (Tebas), o
rei dirá que ele se uniu contra o inimigo da cidade então terá que ser morto e não
enterrado, merece padecer e apodrecer no alto da montanha, ter suas vísceras
devoradas pelas aves de rapina, enquanto o outro, que lutou por sua cidade, deve ser
enterrado com todas as honras = conflito entre Etéocles e Polinice : dois filhos de
Édipo, detentores do poder patriarcal que lutam entre si (as filhas são Ismênia e
Antígona)
- Ismênia é a que se recolhe, fica em cima do muro e não quer saber, insenta
- Antígona é a que diz que a lei não faz sentido, o irmão não deve deixar de ser
enterrado, não pode se deixar um corpo apodrecer, se contrapões à lei da pólis, e luta
por uma outra lei da cidade dizendo que foi o outro irmão que não quis fazer o rodízio
de poder
- Havia uma disputa onde um lado não foi honrado por não ter aceitado passar o poder
- Antígona também diz não ao governo, é heroína desde o século XIX e está na matriz
da desobediência civil, ou na afirmação da liberdade individual, ou na colocação em
cena de si mesmo como sujeito e que vai dizer “ este governo não é legítimo, então a
luta contra ele é legítima”
- Antígona é a afirmação radical do desejo puro, aquela que vai dizer “se eu não puder
fazer aquilo que eu eu acho certo, que eu acho bem, então eu prefiro a morte” – este é
o desejo puro, o desejo decidido : não vou recuar diante daquele que diz “eu não sei,
eu temo”
- Antígona está na linhagem, na casa e quase no trágico, no fio trágico de sua própria
origem
- Antígona é aquela que vê e carrega seu pai cego, aquela que vê e que
sustenta o seu desejo até o fim, e que não cede diante dele, mesmo que isso
custe a vida
- Rei Creonte cego pela Ramartia – vontade, ganância de poder, orgulho – tudo
ao seu redor foi sendo destruído, sobra ele vendo a devastação e sem ter
compreendido nada
- era apaixonada pelo seu pai, um grande herói (Agamenon que está na
origem da guerra de Tróia)
- Cliteminestra matou aquele que matou sua filha – ela não havia um
pouco de razão?
- Sec XIX: o peso do trágico era muito pouco transformável na tragédia grega = destino
- Sistema patriarcal: a mulher é primeiro filha de, para depois se tornar mulher de, e
posteriormente mãe de . Ser objeto de. Estar atrelada ao outro masculino.
- Julieta :
- Julieta é aquela que tem o desejo decidido, é também uma mulher desejante, ela
sabe, ela vai e ela convoca Romeu e o pede em casamento. Julieta é ativa
- Ofélia:
- Ofélia é a amada de Hamlet – herói trágico que é a hesitação (ser ou não ser, heis a
questão) – sujeito moderno é aquele que duvida, que questiona o sistema cartesiano
- Eu escrevo meu destino, eu invento a mim mesma : essa é a matriz liberal, liberdade
individual que é questionar ser ou não ser, não obedecer a tradição a família Capuleto
ser inimiga dos Montéquio, não precisar ser a mulher de Hamlet e segui-lo
- Medéia:
- É apaixonada por Jasão e ele se apaixona por outra, por uma princesa bela e jovem e
Medéia fica enlouquecida e mata seus filhos para atingi-lo
- Medéia x Electra : conceito de instinto materno, o que nos choca em Medéia é o fato
de abrir mão dos filhos, o apaixonamento pelo homem pode cegar levar ao abrir mão
do laço materno: Medéia mata os filhos, Electra mata a mãe.
- Píramo e Tisbe:
- roma, séc I – 2 jovens que são pegos na armadilha do equívoco : enquanto Tisbe, que
era caçadora vai beber água e perde seu lenço que acidentalmente se suja no sangue
da leoa, Píramo ao ver o lenço de Tisbe sujo de sangue deduz, é pego pelo equívoco –
o lugar do masculino talvez seja sempre o lugar do equívoco ( que é o que acontece
também com Romeu) e pensa que Tisbe morreu e então ele se mata e diante do corpo
de Píramo morto, Tisbe também se mata
- Ofélia:
- Hamlet sem saber colocar seu lugar de homem, de sujeito, de filho que não sabe
vingar a morte do pai, de filho que se perde
- Ofélia: menos filha e mais mulher, mas um lugar porém de estreitamento que vai
tirar seus contornos, outra forma de ir rompendo os limites, e Ofélia o fez na dôr e no
sofrimento
- Uma mulher que muitas vezes é lida como ambiciosa, como manipuladora – ardilosa
diretriz da cena