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Resumo
Na produção de tiras a quente, um dos fatores que pode afetar a produtividade é a
eventual ocorrência de falha proveniente da geometria da tira na saída dos cilindros
de laminação, pois a ponta da tira pode curvar para baixo (ponta baixa) ou para cima
(ponta alta). Este estudo teve o objetivo de avaliar o comportamento da tira ao sair
dos cilindros de trabalho, através de simulação numérica, visando conhecer as
influências das principais variáveis que governam a formação da “ponta baixa”. A
metodologia consistiu em realizar a simulação computacional da laminação da tira e
variar os parâmetros operacionais e geométricos que podem influenciar no
processo. A análise dos resultados permitiu concluir que a laminação de tiras de
material HSLA com espessura final variando na faixa de 3 a 6 mm e redução de
6,6% a 11,0% na última cadeira, possui tendência de curvar na direção do cilindro
com maior diâmetro, maior coeficiente de atrito, maior temperatura e menor limite de
escoamento do material. Foi observado que a variação no diâmetro é o fator que
mais contribui na formação da curvatura da ponta da tira. Baseando-se nesses
resultados, foram implantadas várias medidas na linha industrial, sendo observada
uma redução significativa da ocorrência de “ponta baixa ”.
Palavras-chave: Tiras a quente, Simulação computacional, Ponta baixa.
Classificação*Contribuição
da informação:técnica
Restritaao 55º Seminário de Laminação e Conformação de Metais e 11th Internat ional
Rolling Conference da ABM
Grupo de Acesso: Destinatários deste e-mailWeek, realizada de 01 a 03 de outubro de 2019, São Paulo, SP, Brasil.
1 INTRODUÇÃO
(a) (b)
Figura 1. Curvatura na ponta da tira: (a) ponta baixa; (b) ponta alta.
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2 METODOLOGIA
A primeira etapa deste estudo foi a realização de revisão bibliográfica para avaliar os
principais parâmetros que influenciam na curvatura da ponta da tira. Os artigos
avaliados destacaram os seguintes parâmetros: velocidades angulares, diâmetros e
coeficiente de atrito entre os cilindros (inferior e superior), redução e taxa de redução
da tira, espessura inicial e propriedades a quente do material laminado. Muitos
autores destacam a tendência da tira em função do seu fator de forma. Este fator é
em função do grau de redução, espessura inicial e raio do cilindro.
No artigo publicado por Minton(4) foi realizada uma análise dos diversos estudos
numéricos e experimentais ao longo dos últimos anos. Nesse artigo foi verificado
que algumas conclusões das análises experimentais foram corroboradas pelos
estudos numéricos, porém, contradições foram encontradas também. Algumas
conclusões dos estudos publicados indicam a tendência da curvatura da ponta da
tira, tais como:
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• A curvatura da ponta pode ser direcionada para o rolo com maior ou menor
rotação. A direção da curvatura depende do fator de forma e da redução;
• A ponta da tira pode ser direcionada para o cilindro com maior ou menor diâmetro.
Novamente, a magnitude da curvatura depende do fator de forma e da redução;
• As velocidades angulares dos cilindros superior e inferior quando mantidas
constantes, porém, com cilindros de diferentes diâmetros, podem provocar
curvatura da ponta da tira. Isto também depende do fator de forma e da redução.
Tiras espessas curvam em direção do rolo mais rápido, isto é, com maior
diâmetro, e tiras finas, em direção contrária.
• A curvatura da tira tende a ser direcionada para o rolo com maior coeficiente de
atrito, porém, novamente a curvatura vai depender da redução.
• A curvatura depende, também, da propriedade do material, especificamente,
módulos de deformação menores induzem a maiores curvaturas. ~
Neste trabalho foi realizada uma simulação computacional para verificar a influencia
de alguns parâmetros na formação de curvatura na ponta da tira. Os modelos foram
desenvolvidos no software LS-DYNA e simularam a tira passando pelos cilindros de
trabalho da Cadeira F6 do Laminador de Tiras da Usiminas. Na simulação, algumas
considerações foram realizadas para simplificar a análise e reduzir o tempo de
processamento:
• O modelo simulou tira com dimensões reduzidas em relação à real. Esta redução
se fez necessária para diminuir o tempo de simulação. As dimensões da tira
considerada no modelo foram de 50 mm de largura, 1 m de comprimento e a
espessura variando de 3,2 a 6,2 mm.
• No modelo foi considerada a temperatura da tira constante, isto é, ela não variou
durante o seu contato com os cilindros.
• Como o modelo simulou somente a última cadeira de laminação, foram
desprezadas as tendências de curvatura da tira devido à sua laminação nas
cadeiras precedentes.
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Onde: = Coeficiente de atrito;
T = Temperatura superficial da chapa;
= Velocidade tangencial do cilindro.
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Tabela 2 – Casos avaliados para verificar influências dos parâmetros de laminação.
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Limite
Diamentro do
Espessura (mm) Temperatura (ºC) Escoamento Atrito superficial
Cilindro (mm)
(MPa) Shape
Parâmetros
Tira Tira Factor
Redução Metade Metade Superficie Superficie
Inicial Final superfície superfície Superior Inferior
(%) superior Inferior superior inferior
superior inferior
Caso 1 7.2 6.2 6.6% 900 900 147.6 147.6 707.0 707.6 0.306 0.306 4.09
Caso 2 6.4 5.2 8.7% 900 900 147.6 147.6 708.0 708.6 0.306 0.306 5.11
Diâmetro
Caso 3 5.4 4.2 10.9% 900 900 147.6 147.6 706.0 706.6 0.306 0.306 6.31
Caso 4 3.7 3.2 6.6% 900 900 147.6 147.6 710.0 710.6 0.306 0.306 5.72
Caso 5 7.2 6.2 6.6% 900 900 147.6 147.6 707.0 707.0 0.306 0.356 4.09
Caso 6 6.4 5.2 8.7% 900 900 147.6 147.6 708.0 708.0 0.306 0.356 5.10
Atrito
Caso 7 5.4 4.2 10.9% 900 900 147.6 147.6 706.0 706.0 0.306 0.356 6.31
Caso 8 3.7 3.2 6.6% 900 900 147.6 147.6 710.0 710.0 0.306 0.356 5.72
Caso 9 7.2 6.2 6.6% 900 900 147.6 151.5 707.0 707.0 0.306 0.306 4.09
Caso 10 6.4 5.2 8.7% 900 900 147.6 151.5 708.0 708.0 0.306 0.306 5.10
Material
Caso 11 5.4 4.2 10.9% 900 900 147.6 151.5 706.0 706.0 0.306 0.306 6.31
Caso 12 3.7 3.2 6.6% 900 900 147.6 151.5 710.0 710.0 0.306 0.306 5.72
Caso 13 7.2 6.2 6.6% 900 890 147.6 151.5 707.0 707.0 0.306 0.311 4.09
Caso 14 Temperatura 6.4 5.2 8.7% 900 890 147.6 151.5 708.0 708.0 0.306 0.311 5.10
Caso 15 10 °C 5.4 4.2 10.9% 900 890 147.6 151.5 706.0 706.0 0.306 0.311 6.31
Caso 16 3.7 3.2 6.6% 900 890 147.6 151.5 710.0 710.0 0.306 0.311 5.72
Caso 17 7.2 6.2 6.6% 900 900 147.6 147.6 707.0 707.0 0.306 0.306 4.09
Caso 18 6.4 5.2 8.7% 900 900 147.6 147.6 708.0 708.0 0.306 0.306 5.10
Offset 5 mm
Caso 19 5.4 4.2 10.9% 900 900 147.6 147.6 706.0 706.0 0.306 0.306 6.31
Caso 20 3.7 3.2 6.6% 900 900 147.6 147.6 710.0 710.0 0.306 0.306 5.72
Figura 2 – Modelo típico desenvolvido para validação e avaliação dos parâmetros de laminação.
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2.2 Propriedades do Material
200
180
160
140
Tensão (MPa)
120
100
Temperatura =
80
900°C
60
40
20
00
0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4
Deformação (mm/mm)
Figura 3 – Curva tensão x deformação.
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Figura 4 – Malha de elementos finitos típica utilizada nos modelos.
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Nos modelos analisados foi aplicada velocidade angular nos cilindros superior e
inferior de 3,6 rad/s e na tira a ser laminada foi considerada a velocidade inicial de
5.250 mm/s. A figura 5 apresenta as condições de contorno aplicadas.
𝜔= 3,6 rad/s
v = 5.250 mm/s
𝜔= 3,6 rad/s
3 RESULTADOS
3.1 Validações
Para validar os modelos foram avaliadas quatro laminações diferentes, e, para cada
situação, extraiu-se a carga de laminação. Nestas validações a simulação calculou a
força de laminação de uma tira com 50 mm de largura, 1 m de comprimento e sua
espessura conforme definido na tabela 1. As figuras 6 a 9 apresentam os resultados
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da força de laminação calculada pela simulação computacional dos materiais
indicados também na tabela 1.
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Figura 9 – Força de laminação (N) – Validação 4.
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Tabela 3 – Comparação das força de laminação em função da largura da tira laminada na área
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Pela tabela 3 verifica-se um erro máximo de 18% entre a simulação e o real. Este
erro é aceitável, pois durante a laminação da Cadeira F6 não se tem o valor da
temperatura do material antes de ser laminado, pois a temperatura é medida
aproximadamente 1 s após sua laminação na Cadeira F6 . Desta forma, este modelo
é recomendado para avaliar a influencias dos parâmetros de laminação na curvatura
da ponta da tira.
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19 Figura 10 – Curvatura da tira – Caso 1 – Parâmetro: Diâmetro.
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Figura 14 – Curvatura da tira – Caso 17 – Parâmetro: Offset em 5 mm.
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Tabela 4 – Valores da flecha e raio de curvatura da tira em função dos parâmetros avalidos.
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De acordo com os resultados apresentados na tabela 4 foi verificado que a tira teve
sua curvatura direcionada para o cilindro com maior diâmetro, maior coeficiente de
atrito, menor valor do limite de escoamento, maior temperatura superficial e na
direção do offset do cilindro. Como no modelo não foi simulada a variação dos
parâmetros, foi realizada uma verificação linear dos mesmos que mais contribuiu
para a curvatura do tira, para isto, dividiu-se a flecha da tira pelo percentual do valor
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alterado em cada parâmetro. A tabela 5 apresenta os resultados obtidos da
linearização.
Tabela 5 – Linearização da flecha em função da alteração percentual de cada parâmetro.
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4 CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
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of a Hot Strip Mill - Techno. Metal Miner – São Paulo, v. 9. N2. P. 103-108, abril
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9. TIEU, A. K., LI, H. – Friction in the Roll Bite under Various Hot Rolling Conditions
– University of Wollongong, Australia.
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