Você está na página 1de 13

ANÁLISE DA CURVATURA DA PONTA DA TIRA NA SAÍDA

DA CADEIRA DO TREM ACABADOR*


Leonardo Camilo dos Reis 1
Claudio Silva de Paulo2
Edmilson Fernandes Dadomi 3

Resumo
Na produção de tiras a quente, um dos fatores que pode afetar a produtividade é a
eventual ocorrência de falha proveniente da geometria da tira na saída dos cilindros
de laminação, pois a ponta da tira pode curvar para baixo (ponta baixa) ou para cima
(ponta alta). Este estudo teve o objetivo de avaliar o comportamento da tira ao sair
dos cilindros de trabalho, através de simulação numérica, visando conhecer as
influências das principais variáveis que governam a formação da “ponta baixa”. A
metodologia consistiu em realizar a simulação computacional da laminação da tira e
variar os parâmetros operacionais e geométricos que podem influenciar no
processo. A análise dos resultados permitiu concluir que a laminação de tiras de
material HSLA com espessura final variando na faixa de 3 a 6 mm e redução de
6,6% a 11,0% na última cadeira, possui tendência de curvar na direção do cilindro
com maior diâmetro, maior coeficiente de atrito, maior temperatura e menor limite de
escoamento do material. Foi observado que a variação no diâmetro é o fator que
mais contribui na formação da curvatura da ponta da tira. Baseando-se nesses
resultados, foram implantadas várias medidas na linha industrial, sendo observada
uma redução significativa da ocorrência de “ponta baixa ”.
Palavras-chave: Tiras a quente, Simulação computacional, Ponta baixa.

ANALYSIS FRONT-END CURVATURE IN THE HOT FINIISH ROLLING PROCESS


Abstract
In the production of hot strips, one of the factors that may affect productivity is the
possible occurrence of failure from the geometry of the strip at the exit of the rolling
rolls, since the tip of the strip can turn-down or turn- up. This study had the objective
of evaluating the behavior of the strip when leaving the working cylinders, through
numerical simulation, aiming to know the influences of the main variables that govern
the formation of the "turn-down". The methodology consisted in performing the
computational simulation of the strip lamination and to vary the operational and
geometric parameters that can influence in the process. The analysis of the results
allowed concluding that the lamination of strips of HSLA material with final thickness
varying in the range of 3 to 6 mm and a reduction of 6.6% to 11.0% in the last strip
mill, tends to bend towards the cylinder with larger diameter, higher coefficient of
friction, higher temperature and lower limit of material flow. It was observed that the
variation in diameter is the factor that contributes most to the formation of the
curvature of the strip tip. Based on these results, several measures were
implemented in the industrial line, with a significant reduction in the occurrence of
"turn-down".
Keywords: Strip mill, Computer simulation, turn-down.
1
Engenheiro Mecânico, M.Sc., Pesquisador Especialista, Centro de Pesquisa, Usiminas; Ipatinga,
MG, Brasil.
2
Gerente de Tiras a Quente, Gerência Geral Laminação a Quente; Ipatinga, MG, Brasil.
3
Assistente Técnico Industrial, Gerência Geral Laminação a Quente; Ipatinga, MG, Brasil.

Classificação*Contribuição
da informação:técnica
Restritaao 55º Seminário de Laminação e Conformação de Metais e 11th Internat ional
Rolling Conference da ABM
Grupo de Acesso: Destinatários deste e-mailWeek, realizada de 01 a 03 de outubro de 2019, São Paulo, SP, Brasil.
1 INTRODUÇÃO

Durante a produção de tiras a quente a simetria entre os parâmetros de laminação


nem sempre podem ser garantida. Condições assimétricas que ocorrem durante a
laminação podem causar curvatura da tira, onde sua ponta pode estar direcionada
para baixo “ponta baixa” ou para cima “ponta alta”, figura 1. Isso pode levar à
redução da produtividade e à deterioração da precisão dimensional do material
laminado. Além disso, podem ocorrer danos consideráveis ao equipamento,
especialmente quando a curvatura é severa. Este mecanismo da curvatura da tira
laminada não é simples e tem elevado grau para ser avaliado(1)(2). A ponta baixa é a
principal causa de danos sobre a mesa de rolos, causada pelo impacto contínuo
entre a ponta da tira e os rolos da mesa. Nos casos mais graves, os fragmentos da
ponta da tira se separam da extremidade e podem ser laminado junto com a tira,
resultando em baixa qualidade do produto e aumentando a perda de rendimento.
Este estudo tem o objetivo de avaliar o comportamento da tira ao sair dos cilindros
de trabalho da Cadeira F6 do Trem Acabador, através de simulação numérica, para
conhecer as influências de alguns parâmetros na formação da ponta baixa.
Trabalhos recentes(3) têm considerados os seguintes parâmetros que podem
influenciar na curvatura da ponta da tira: velocidade do cilindro de trabalho,
diferentes temperatura ao longo da espessura, passe de laminação, redução,
diferença entre os diâmetros dos cilindros de trabalho superior e inferior e diferença
entre o atrito do cilindro superior e inferior com a tira.

(a) (b)
Figura 1. Curvatura na ponta da tira: (a) ponta baixa; (b) ponta alta.
10

2 METODOLOGIA

A primeira etapa deste estudo foi a realização de revisão bibliográfica para avaliar os
principais parâmetros que influenciam na curvatura da ponta da tira. Os artigos
avaliados destacaram os seguintes parâmetros: velocidades angulares, diâmetros e
coeficiente de atrito entre os cilindros (inferior e superior), redução e taxa de redução
da tira, espessura inicial e propriedades a quente do material laminado. Muitos
autores destacam a tendência da tira em função do seu fator de forma. Este fator é
em função do grau de redução, espessura inicial e raio do cilindro.
No artigo publicado por Minton(4) foi realizada uma análise dos diversos estudos
numéricos e experimentais ao longo dos últimos anos. Nesse artigo foi verificado
que algumas conclusões das análises experimentais foram corroboradas pelos
estudos numéricos, porém, contradições foram encontradas também. Algumas
conclusões dos estudos publicados indicam a tendência da curvatura da ponta da
tira, tais como:

Classificação*Contribuição
da informação:técnica
Restritaao 55º Seminário de Laminação e Conformação de Metais e 11th Internat ional
Rolling Conference da ABM
Grupo de Acesso: Destinatários deste e-mailWeek, realizada de 01 a 03 de outubro de 2019, São Paulo, SP, Brasil.
• A curvatura da ponta pode ser direcionada para o rolo com maior ou menor
rotação. A direção da curvatura depende do fator de forma e da redução;
• A ponta da tira pode ser direcionada para o cilindro com maior ou menor diâmetro.
Novamente, a magnitude da curvatura depende do fator de forma e da redução;
• As velocidades angulares dos cilindros superior e inferior quando mantidas
constantes, porém, com cilindros de diferentes diâmetros, podem provocar
curvatura da ponta da tira. Isto também depende do fator de forma e da redução.
Tiras espessas curvam em direção do rolo mais rápido, isto é, com maior
diâmetro, e tiras finas, em direção contrária.
• A curvatura da tira tende a ser direcionada para o rolo com maior coeficiente de
atrito, porém, novamente a curvatura vai depender da redução.
• A curvatura depende, também, da propriedade do material, especificamente,
módulos de deformação menores induzem a maiores curvaturas. ~

Neste trabalho foi realizada uma simulação computacional para verificar a influencia
de alguns parâmetros na formação de curvatura na ponta da tira. Os modelos foram
desenvolvidos no software LS-DYNA e simularam a tira passando pelos cilindros de
trabalho da Cadeira F6 do Laminador de Tiras da Usiminas. Na simulação, algumas
considerações foram realizadas para simplificar a análise e reduzir o tempo de
processamento:

• O modelo simulou tira com dimensões reduzidas em relação à real. Esta redução
se fez necessária para diminuir o tempo de simulação. As dimensões da tira
considerada no modelo foram de 50 mm de largura, 1 m de comprimento e a
espessura variando de 3,2 a 6,2 mm.
• No modelo foi considerada a temperatura da tira constante, isto é, ela não variou
durante o seu contato com os cilindros.
• Como o modelo simulou somente a última cadeira de laminação, foram
desprezadas as tendências de curvatura da tira devido à sua laminação nas
cadeiras precedentes.

As propriedades do material a quente foram obtidas através da utilização de


equações (1) e (2) desenvolvidas por Shida, Misaka(5) e a modificada por Hensel e
Spittel(6)(7). Na validação dos modelos o melhor resultado, quando comparado com a
laminação na área industrial, foi o que utilizou a equação Misaka.

k m, M = 9,81exp(f (C, T).(0,21 )( 0,13 ) (1)


f (C, T) = 0,126 − 1,75C + 0,594C2 + (2851 + 2968C − 1120C2 ) /(T + 273) (2)

Onde: Km,M: resistência à deformação na equação original de Misaka (MPa);


T: temperatura do passe (°C);
C: teor de carbono do aço (%);
ε̇ : taxa de deformação (s-1).
O coeficiente de atrito foi calculado com utilização da equação (3) Geleji(8)(9). Nesta
equação o coeficiente de atrito é calculado em função temperatura e velocidade da
tira.

= 1,05 – 0,0005T – 0,056 (3)

Classificação*Contribuição
da informação:técnica
Restritaao 55º Seminário de Laminação e Conformação de Metais e 11th Internat ional
Rolling Conference da ABM
Grupo de Acesso: Destinatários deste e-mailWeek, realizada de 01 a 03 de outubro de 2019, São Paulo, SP, Brasil.
Onde:  = Coeficiente de atrito;
T = Temperatura superficial da chapa;
 = Velocidade tangencial do cilindro.

A simulação computacional foi dividida em duas etapas. Na primeira etapa foram


validados os modelos que seriam utilizados para avaliar as alterações nos
parâmetros que influenciam na formação de curvatura na ponta da tira. Para validar
a análise foi utilizada a força de laminação medida durante o processamento da tira
na área industrial com a força calculada pela simulação. A tabela 1 apresenta a lista
dos materiais processados na laminação de tiras e utilizados na validação do
modelo.

Tabela 1 – Material e parâmetros utilizados para validação dos modelos.


10

Diâmetro Diâmetro Valores Medidos


Largura Espessura Redução Cilindro Cilindro
Modelos Espessura Força de
(mm) inicial (m) (mm) Superior Inferior Força/Largura
Laminação
(m) (m) (tf/mm)
(tf)

Validação 1 6.1800 1100.0 0.0072 1.02 0.7070 0.7072 1139.8 1.036

Validação 2 5.2000 1025.0 0.0064 1.16 0.7078 0.7084 1231.4 1.201

Validação 3 4.2000 1017.0 0.0054 1.20 0.7058 0.7063 1481.5 1.457

Validação 4 3.2000 1245.0 0.0037 0.53 0.7103 0.7103 1239.2 0.995

Na segunda etapa, após validar os modelos, foi verificada a influência de alguns


parâmetros na formação de curvatura na ponta da tira. Os parâmetros avaliados
foram: diâmetros dos cilindros de trabalho superior e inferior, coeficiente de atrito,
propriedades do material, diferença de temperatura entre as superfícies superior e
inferior da tira e deslocamento (offset) de um dos cilindros de trabalho em 5 mm.
Este offset seria o recuo do cilindro superior em relação à entrada do material no
laminador. Para cada um dos parâmetros citados acima foram verificadas quatro
diferentes espessuras iniciais da tira e a sua redução. A tabela 2 apresenta os casos
simulados e seus respectivos parâmetros.

Classificação*Contribuição
da informação:técnica
Restritaao 55º Seminário de Laminação e Conformação de Metais e 11th Internat ional
Rolling Conference da ABM
Grupo de Acesso: Destinatários deste e-mailWeek, realizada de 01 a 03 de outubro de 2019, São Paulo, SP, Brasil.
Tabela 2 – Casos avaliados para verificar influências dos parâmetros de laminação.
11

Limite
Diamentro do
Espessura (mm) Temperatura (ºC) Escoamento Atrito superficial
Cilindro (mm)
(MPa) Shape
Parâmetros
Tira Tira Factor
Redução Metade Metade Superficie Superficie
Inicial Final superfície superfície Superior Inferior
(%) superior Inferior superior inferior
superior inferior
Caso 1 7.2 6.2 6.6% 900 900 147.6 147.6 707.0 707.6 0.306 0.306 4.09
Caso 2 6.4 5.2 8.7% 900 900 147.6 147.6 708.0 708.6 0.306 0.306 5.11
Diâmetro
Caso 3 5.4 4.2 10.9% 900 900 147.6 147.6 706.0 706.6 0.306 0.306 6.31
Caso 4 3.7 3.2 6.6% 900 900 147.6 147.6 710.0 710.6 0.306 0.306 5.72
Caso 5 7.2 6.2 6.6% 900 900 147.6 147.6 707.0 707.0 0.306 0.356 4.09
Caso 6 6.4 5.2 8.7% 900 900 147.6 147.6 708.0 708.0 0.306 0.356 5.10
Atrito
Caso 7 5.4 4.2 10.9% 900 900 147.6 147.6 706.0 706.0 0.306 0.356 6.31
Caso 8 3.7 3.2 6.6% 900 900 147.6 147.6 710.0 710.0 0.306 0.356 5.72
Caso 9 7.2 6.2 6.6% 900 900 147.6 151.5 707.0 707.0 0.306 0.306 4.09
Caso 10 6.4 5.2 8.7% 900 900 147.6 151.5 708.0 708.0 0.306 0.306 5.10
Material
Caso 11 5.4 4.2 10.9% 900 900 147.6 151.5 706.0 706.0 0.306 0.306 6.31
Caso 12 3.7 3.2 6.6% 900 900 147.6 151.5 710.0 710.0 0.306 0.306 5.72
Caso 13 7.2 6.2 6.6% 900 890 147.6 151.5 707.0 707.0 0.306 0.311 4.09
Caso 14 Temperatura 6.4 5.2 8.7% 900 890 147.6 151.5 708.0 708.0 0.306 0.311 5.10
Caso 15 10 °C 5.4 4.2 10.9% 900 890 147.6 151.5 706.0 706.0 0.306 0.311 6.31
Caso 16 3.7 3.2 6.6% 900 890 147.6 151.5 710.0 710.0 0.306 0.311 5.72
Caso 17 7.2 6.2 6.6% 900 900 147.6 147.6 707.0 707.0 0.306 0.306 4.09
Caso 18 6.4 5.2 8.7% 900 900 147.6 147.6 708.0 708.0 0.306 0.306 5.10
Offset 5 mm
Caso 19 5.4 4.2 10.9% 900 900 147.6 147.6 706.0 706.0 0.306 0.306 6.31
Caso 20 3.7 3.2 6.6% 900 900 147.6 147.6 710.0 710.0 0.306 0.306 5.72

Para todos os modelos dos casos acima foram consideradas as mesmas


velocidades da tira e sua geometria. A figura 2 apresenta um modelo típico utilizado
para validação e estudo dos parâmetros de validação.

Figura 2 – Modelo típico desenvolvido para validação e avaliação dos parâmetros de laminação.
11

2.1 Modelagem Tridimensional

Os modelos 3D CAD gerados para as análises realizadas foram desenvolvidos no


software Ansys 16.1. Para facilitar o processo de simulação e reduzir o tempo de
estudo, sem prejuízo da qualidade dos resultados, foi simulada uma tira com
dimensões reduzidas com largura de 50 mm e comprimento de 1000 m.

Classificação*Contribuição
da informação:técnica
Restritaao 55º Seminário de Laminação e Conformação de Metais e 11th Internat ional
Rolling Conference da ABM
Grupo de Acesso: Destinatários deste e-mailWeek, realizada de 01 a 03 de outubro de 2019, São Paulo, SP, Brasil.
2.2 Propriedades do Material

Os materiais utilizados nos cilindros foram considerados corpos rígidos e as


propriedades da tira laminada a quente foram extraídas da equação de Misaka,
conforme apresentado nas equações 1 e 2. Para determinar a curva tensão x
deformações da tira laminada, utilizada na validação do modelo, foram consideradas
as seguintes condições do material:

• Temperatura de laminação (T) = 890°C e 900°C;


• Teor de carbono do aço (%C) = 0,09%;
• Taxa de deformação = 24,5 s-1.

A figura 3 apresenta o gráfico da curva tensão x deformação calculada através da
equação de Misaka para a condição descrita acima.

200
180
160
140
Tensão (MPa)

120
100
Temperatura =
80
900°C
60
40
20
00
0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4
Deformação (mm/mm)
Figura 3 – Curva tensão x deformação.
12

2.3 Malha de Elementos Finitos

A malha de elementos finitos é a subdivisão dos modelos a serem analisados, de


geometria complexa, em vários pequenos elementos que tem a geometria simples e
conhecida, o que facilita o processo de cálculo. A malha de elementos finitos para os
dois modelos estudados vista é apresentada na figura 4.

Classificação*Contribuição
da informação:técnica
Restritaao 55º Seminário de Laminação e Conformação de Metais e 11th Internat ional
Rolling Conference da ABM
Grupo de Acesso: Destinatários deste e-mailWeek, realizada de 01 a 03 de outubro de 2019, São Paulo, SP, Brasil.
Figura 4 – Malha de elementos finitos típica utilizada nos modelos.
13

2.4 Condições de Contorno

Nos modelos analisados foi aplicada velocidade angular nos cilindros superior e
inferior de 3,6 rad/s e na tira a ser laminada foi considerada a velocidade inicial de
5.250 mm/s. A figura 5 apresenta as condições de contorno aplicadas.

𝜔= 3,6 rad/s

v = 5.250 mm/s

𝜔= 3,6 rad/s

Figura 5 – Condições de contorno aplicadas aos modelos.


14

3 RESULTADOS

3.1 Validações

Para validar os modelos foram avaliadas quatro laminações diferentes, e, para cada
situação, extraiu-se a carga de laminação. Nestas validações a simulação calculou a
força de laminação de uma tira com 50 mm de largura, 1 m de comprimento e sua
espessura conforme definido na tabela 1. As figuras 6 a 9 apresentam os resultados

Classificação*Contribuição
da informação:técnica
Restritaao 55º Seminário de Laminação e Conformação de Metais e 11th Internat ional
Rolling Conference da ABM
Grupo de Acesso: Destinatários deste e-mailWeek, realizada de 01 a 03 de outubro de 2019, São Paulo, SP, Brasil.
da força de laminação calculada pela simulação computacional dos materiais
indicados também na tabela 1.

Figura 6 – Força de laminação (N) – Validação 1.


15

Figura 7 – Força de laminação (N) – Validação 2.


16

Figura 8 – Força de laminação (N) – Validação 3.


17

Classificação*Contribuição
da informação:técnica
Restritaao 55º Seminário de Laminação e Conformação de Metais e 11th Internat ional
Rolling Conference da ABM
Grupo de Acesso: Destinatários deste e-mailWeek, realizada de 01 a 03 de outubro de 2019, São Paulo, SP, Brasil.
Figura 9 – Força de laminação (N) – Validação 4.
18

Os resultados da força de laminação medidos e simulados foram divididos pela


largura da tira laminada. A tabela 3 apresenta e compara os resultados do modelo
com o real.

Tabela 3 – Comparação das força de laminação em função da largura da tira laminada na área
12

industrial e do processo simulado.


Valores Medidos Simulação
Largura
Modelos Espessura Força de Força Força de Força/ Erro
(mm)
Laminação /Largura Laminação Largura
(tf) (tf/mm) (tf) (tf/mm)

Validação 1 6.1800 1100.0 1139.8 1.036 42.87 0.857 17.3%

Validação 2 5.2000 1025.0 1231.4 1.201 58.96 1.179 1.8%

Validação 3 4.2000 1017.0 1481.5 1.457 77.80 1.556 -6.8%

Validação 4 3.2000 1245.0 1239.2 0.995 40.733 0.815 18.2%

Pela tabela 3 verifica-se um erro máximo de 18% entre a simulação e o real. Este
erro é aceitável, pois durante a laminação da Cadeira F6 não se tem o valor da
temperatura do material antes de ser laminado, pois a temperatura é medida
aproximadamente 1 s após sua laminação na Cadeira F6 . Desta forma, este modelo
é recomendado para avaliar a influencias dos parâmetros de laminação na curvatura
da ponta da tira.

3.2 Avaliação dos Parâmetros

As figuras 9 a 14 apresentam a curvatura da tira na saída da cadeira F6 em função


dos parâmetros: diâmetro do cilindro, coeficiente de atrito, propriedades do material,
temperatura e offset do cilindro de trabalho em 5 mm.

Classificação*Contribuição
da informação:técnica
Restritaao 55º Seminário de Laminação e Conformação de Metais e 11th Internat ional
Rolling Conference da ABM
Grupo de Acesso: Destinatários deste e-mailWeek, realizada de 01 a 03 de outubro de 2019, São Paulo, SP, Brasil.
19 Figura 10 – Curvatura da tira – Caso 1 – Parâmetro: Diâmetro.

Figura 11 – Curvatura da tira – Caso 5 – Parâmetro: Atrito.


20

Figura 12 – Curvatura da tira – Caso 9 – Parâmetro: Material.


21

Figura 13 – Curvatura da tira – Caso 13 – Parâmetro: Temperatura.


22

Classificação*Contribuição
da informação:técnica
Restritaao 55º Seminário de Laminação e Conformação de Metais e 11th Internat ional
Rolling Conference da ABM
Grupo de Acesso: Destinatários deste e-mailWeek, realizada de 01 a 03 de outubro de 2019, São Paulo, SP, Brasil.
Figura 14 – Curvatura da tira – Caso 17 – Parâmetro: Offset em 5 mm.
23

A tabela 4 apresenta os valores da flecha e o raio de curvatura da ponta da tira após


0,1 s de laminação para todos os casos simulados. Esta tabela apresenta também o
raio de curvatura da ponta da tira.

Tabela 4 – Valores da flecha e raio de curvatura da tira em função dos parâmetros avalidos.
13

Espessura (mm) Deslocamento (mm) Curvatura


Redução Shape
Casos Parâmetros
(%) Factor
Final Flecha Total Flecha Real Raio (mm)

Caso 1 6.2 6.6% 4.09 -3.311 -2.80 40.27

Caso 2 5.2 8.7% 5.11 -3.442 -2.86 39.43


Diâmetro
Caso 3 4.2 10.9% 6.31 -3.788 -3.19 35.41

Caso 4 3.2 6.6% 5.72 -7.634 -7.37 15.31

Caso 5 6.2 6.6% 4.09 -17.863 -17.35 6.51

Caso 6 5.2 8.7% 5.10 -13.888 -13.31 8.48


Atrito
Caso 7 4.2 10.9% 6.31 -12.768 -12.17 9.28

Caso 8 3.2 6.6% 5.72 -14.089 -13.83 8.17

Caso 9 6.2 6.6% 4.09 4.526 5.04 22.41

Caso 10 5.2 8.7% 5.10 3.141 3.72 30.31


Material
Caso 11 4.2 10.9% 6.31 2.475 3.08 36.67

Caso 12 3.2 6.6% 5.72 4.091 4.35 25.91

Caso 13 6.2 6.6% 4.09 0.745 1.25 89.92

Caso 14 5.2 8.7% 5.10 1.854 2.43 46.34


Temperatura
10 °C
Caso 15 4.2 10.9% 6.31 1.243 1.85 61.14

Caso 16 3.2 6.6% 5.72 2.302 2.57 43.97

Caso 17 6.2 6.6% 4.09 0.921 1.43 78.86

Caso 18 5.2 8.7% 5.10 1.279 1.86 60.65


Offset 5 mm
Caso 19 4.2 10.9% 6.31 5.239 5.84 19.32

Caso 20 3.2 6.6% 5.72 2.030 2.29 49.18

De acordo com os resultados apresentados na tabela 4 foi verificado que a tira teve
sua curvatura direcionada para o cilindro com maior diâmetro, maior coeficiente de
atrito, menor valor do limite de escoamento, maior temperatura superficial e na
direção do offset do cilindro. Como no modelo não foi simulada a variação dos
parâmetros, foi realizada uma verificação linear dos mesmos que mais contribuiu
para a curvatura do tira, para isto, dividiu-se a flecha da tira pelo percentual do valor

Classificação*Contribuição
da informação:técnica
Restritaao 55º Seminário de Laminação e Conformação de Metais e 11th Internat ional
Rolling Conference da ABM
Grupo de Acesso: Destinatários deste e-mailWeek, realizada de 01 a 03 de outubro de 2019, São Paulo, SP, Brasil.
alterado em cada parâmetro. A tabela 5 apresenta os resultados obtidos da
linearização.
Tabela 5 – Linearização da flecha em função da alteração percentual de cada parâmetro.
14

Flecha média Flecha/Variação


Parâmetro Variação
(mm) (mm/%)

Diâmetro 0.1% -4.1 -40.5


Atrito 14.0% -14.2 -1.0
Material 2.6% 4.0 1.6

Offset 5 mm 0.4% 2.9 8.1

Os resultados obtidos na tabela 5 determinam que entre todos os parâmetros


avaliados, a alteração no diâmetro do cilindro é o fator que mais contribuiu na
formação da curvatura da ponta da tira. Deve-se salientar que nas simulações foram
consideradas velocidades angulares iguais para os dois cilindros.

4 CONCLUSÕES

A análise dos resultados determinou que a laminação de tiras na Cadeira F6 dos


materiais de qualidade HSLA, espessura final variando na faixa de 3 a 6 mm e
redução de 6,6% a 11,0% possuem tendência de curvar na direção do cilindro com
maior diâmetro, maior coeficiente de atrito, maior temperatura e menor limite de
escoamento do material. Foi observado que o offset do cilindro superior em 5 mm no
sentido da entrada da tira tende a provocar uma curvatura da ponta para cima.
Foi observado, também, que a variação no diâmetro é o fator que mais contribuiu na
formação da curvatura da ponta da tira, seguido pelo "offset" do cilindro. Os
parâmetros coeficiente de atrito e propriedade do material necessitam de variações
elevadas para contribuir na curvatura da ponta da tira. Quanto ao "offset", antes de
realizar qualquer alteração, deve-se avaliar se a estrutura da Cadeira F6 resiste a
esta modificação.
Baseando-se nesses resultados, foram implantadas várias medidas na linha
industrial, sendo observada uma redução significativa da ocorrência de “ponta
baixa”.

REFERÊNCIAS

1. KO, D. C – Prediction and Control of Front-End Curvature in Hot Finish Rolling


Process – Advances in Mechanical Engineering – November 2015.
2. KULDIWAR, A. A – Finite Element Modeling of Strip Curvature During Hot Rolling
– 9th International LS-DYNA Users Conference – 2006.
3. HARRER, O., PHILIPP, M – Numerical Simulation of Asymmetric Effects in Plate
Rolling – Acts Metallurgical Slovak, 9, 2003 (306-313).
4. MINTO, J., BRAMBLEY, E – Meta-Analysis of Curvature Trends in Asymmetric
Rolling – Procedia Engineering (2017).
5. MISAKA, Y., YOSHIMOTO, T. Formularization of mean resistance to deformation
of plain carbon steels at elevated temperatures. JSTP, Vol. 8, N° 79, 1967, pg
414-422.

Classificação*Contribuição
da informação:técnica
Restritaao 55º Seminário de Laminação e Conformação de Metais e 11th Internat ional
Rolling Conference da ABM
Grupo de Acesso: Destinatários deste e-mailWeek, realizada de 01 a 03 de outubro de 2019, São Paulo, SP, Brasil.
6. HARRER, O. K., at all – Analyses of the bending off the rolling material in
asymmetrical sheet rolling. International Journal of Mechanical Sciences 42(2000)
49-61.
7. HUSSIEN, O. E – Adjusting Hot Strip Mill Leve2 Setup Using Tribological
Approach to Eliminate Biting Refusal – Institute of Graduate Studies and
Research.
8. GORNI, A. A. – Characterization of the Friction Conditions in the Finishing Stands
of a Hot Strip Mill - Techno. Metal Miner – São Paulo, v. 9. N2. P. 103-108, abril
2012.
9. TIEU, A. K., LI, H. – Friction in the Roll Bite under Various Hot Rolling Conditions
– University of Wollongong, Australia.

Classificação*Contribuição
da informação:técnica
Restritaao 55º Seminário de Laminação e Conformação de Metais e 11th Internat ional
Rolling Conference da ABM
Grupo de Acesso: Destinatários deste e-mailWeek, realizada de 01 a 03 de outubro de 2019, São Paulo, SP, Brasil.

Você também pode gostar