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ppppNo período de transição da Baixa Idade Média para a Idade Moderna, o Mar
Mediterrâneo continuou a principal ligação entre os países conhecidos. Esse
intercâmbio se fazia através das  , que eram monopólio das
grandes cidades italianas, como Gênova e Veneza. As mercadorias orientais (sedas,
porcelanas e principalmente condimentos, como a pimenta e a canela, indispensáveis
para a conservação dos alimentos), depois de passarem por muitos portos e
    , eram vendidas a preços altíssimos para as nações europeias, obrigando-
as a uma situação de dependência dos      .

A      pelos turcos, em , dificultou ainda mais o tráfico


de mercadorias. Dominando a maioria dos portos mediterrâneos, os turcos exigiam
elevadas taxas das caravanas comerciais, forçando assim novo aumento nos preços dos
produtos.

Era necessário descobrir    que livrassem a Europa da supremacia turca e


italiana. Os reinos ibéricos (Portugal e Espanha) foram os primeiros a reunir condições
técnicas e financeiras para explorar as novas terras.

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    !

Uma carta náutica de Fernão Vaz Dourado, da África ocidental extraída do atlas náutico
de 1571, pertencente ao Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa.

Portugal foi a primeira nação a financiar expedições marítimas. "  # 


contribuíram para esse pioneirismo: a existência de bons portos; a familiaridade
portuguesa com o mar, devido à grande atividade pesqueira desenvolvida na região;
uma   $ e disposta a investir para aumentar seus lucros; a paz
interna e a centralização do poder. Portugal foi o primeiro reino a se unificar, formando
um estado nacional.

A % &  também contribuiu grandemente, fornecendo  


  '
 # para a navegação num oceano ate então desconhecido: oAtlântico.
Bússolas e astrolábios trazidos da China, sextantes, mapas feitos pelos melhores
cartógrafos da época e, principalmente, a caravela com suas velas triangulares
possibilitaram aos navegantes resistir e atravessar o bravio "Mar Tenebroso".

A ()    iniciou-se pelo  *# , com a tomada de Ceuta, em


1415 (importante centro de especiarias). Seguiram-se as ilhas da Madeira e Açores.
Gradativamente, em expedições sucessivas, sempre contornando o continente africano,
em 1487, Bartolomeu Dias contornou o Cabo da Boa Esperança no sul da África. Em
1498, Vasco da Gama chega ao porto de Calicute, na costa ocidental da Índia.

A descoberta desse   + trouxe lucros fabulosos para os mercadores


portugueses e, ao mesmo tempo, estabelecia concorrência com os produtos trazidos
através das rotas italianas.

 + 

Provável retrato de Colombo em pormenor de "Virgen de los Navegantes" pintado por


Alejo Fernández entre 1500 e 1536, atualmente na "Sala de los Almirantes", no Reales
Alcázares de Sevilla (foto por Manuel da Silva Rosa).

Formado pela união dos reis Dom Fernando de Aragão e Dona Isabel de Castela, a
Espanha lançou-se à exploração dos mares quase um século depois dePortugal. Dois
motivos provocaram esse atraso:

´p era necessário primeiramente expulsar os mouros (muçulmanos) do território


espanhol;
´p era preciso descobrir um novo caminho para não utilizar a rota portuguesa.

A Espanha não hesitou em dar o empreendimento ao estrangeiro  ,)    .


Sua teoria da esfericidade da Terra (confirmada pouco depois pelo cientista Nicolau
Copérnico) não mereceu muito crédito na época.
Acreditando na possibilidade de          ,
Colombo dirigiu suas três caravelas nessa rota, e teria alcançado as índias caso o
continente americano não estivesse no caminho.

As naus espanholas desembarcaram na ilha de Guanaani (atual ilhasBahamas) e depois


em Cuba e São Domingos. Era o ano de 1492. Certo de que obtivera sucesso, Colombo
deu o nome de   aos habitantes encontrados na nova terra. Realizou ainda outras
viagens, sempre explorando as ilhas americanas.

  
)  ,

Detalhe do mapa "[ p" (Atlas Miller, 1519), actualmente na Biblioteca


Nacional de França.

A descoberta da América por Colombo provocou disputa entre os reinos ibéricos,


interessados na posse de terras. Portugal preocupou-se em firmar um tratado que lhe
assegurasse o domínio das terras existentes a leste do oceano Atlântico.

O acordo entre os dois países foi julgado pelo papa Alexandre VI, que confirmou um
novo tratado. Partindo-se de uma linha imaginária traçada a partir do pólo (37°), o
[   [ + estabeleceu que as terras encontradas a oeste dessa linha
pertenceriam à Espanha e aquelas situadas a leste seriam de Portugal.

Por esse motivo, a esquadra de Pedro Álvares Cabral, que se dirigia às Índias, fez um
     para oeste para garantir ao rei português a posse das terras do Brasil.

Os outros países europeus desconsideraram esse tratado, que os excluía, e procuraram


se estabelecer e explorar o novo continente.

      -
)  

As novas conquistas não ofereceram interesse imediato a Portugal. O comércio de


especiarias estava no auge: o aumento de consumo e sua falta no mercado europeu.
faziam com que as cargas dos navios que retomavam das índias fossem disputadas e as
mercadorias alcançassem preços elevados na revenda. Por esse motivo, Port al
limitou-se a estabelecer     nas novas terras, para desenvolver atividades
extrativas. Com a demarcação de terras entre Espanha e Portugal e a posterior ocupação
europeia das terras, os indígenas ficaram expostos diante estas duas frentes de expansão
como pelas frentes missionárias e de g   . Tais frentes não eram movimentos
pacíficos e pretendiam incorporar o mesmo territ rio e os mesmos indivíduos
(SCHM TZ, 1991, p. 49).[1] Utili ava-se da mão-de-obra indígena, onde poderia ocorrer
o  , troca de utensílios europeus por outros materias, serviços ou mesmo
indígenas destinados ao escravismo. No sul do Brasil, por volta de 1600, acontecem as
"descidas", escravi ação sistemática dos índios. Eram promovidas pelos moradores de
São Vicente que aportavam em Laguna, Araranguá, Mampituba e Lagoa dos Patos,
onde na costa existiam feitorias para negociar os indígenas. Segundo Schmit (1991,
p. 50), [2] este comércio tinha como mentores pajés e mestiços, que quando os navios
chegaram à barra, eram enviados emissários ao sertão pelos chefes chama-dos Tubarões
para avisar que havia utensílios para trocar por gente.

Mas a exclusividade da rota marítima durou pouco. 


  ,   e  ,
ignorando propositadamente o tratado que dividia a América entre as duas nações,
passaram a utili ar-se dos caminhos recém-descobertos para suas próprias transações
comerciais. O aumento da oferta de produtos provocou a queda dos preços e, portanto,
dos lucros obtidos. Os reinos ibéricos tentaram, então, nova atividade lucrativa, através
do povoamento e exploração colonial.

   
 

Fez-se ao longo do litoral atl ntico, insistindo-se no cultivo de produtos raros na


Europa. Um deles, a   , encontrou condições de solo e clima propícios no
    , tornando-se a base da      na época.

A necessidade de homens para a lavoura, homens que trabalhassem para donatários e


não para seu próprio enriquecimento, alterou a relação inicial entre brancos e índios. "½

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  g    g      g  " (Décio
Freitas). Livres, com valores culturais e estrutura social e econômica bem diversos dos
colonizadores, os índios não se sujeitavam às imposições dos brancos. As lutas entre
colonizadores e índios condenaram ao desaparecimento inúmeras nações indígenas, ao
mesmo tempo que instituíam a mais abominável exploração humana: o regime escravo.

    

Os conquistadores espanhóis encontraram impérios indígenas ricos e evoluídos, como


os dos maias, astecas e incas. Esses povos possuíam noções de astronomia e geometria,
cultivavam a terra utilizando o sistema de irrigação, além de terem um artesanato e uma
arquitetura evoluídos.

Para dominar esses povos, os espanhóis aproveitaram-se de  armas e 


(desconhecidos para os nativos) e também das     , aliando-se às
menores para conquistar os maiores impérios. Com suas tradições destruídas e cidades
arrasadas, foram forçados a aceitar o trabalho obrigatório (| | ). Cada
comunidade indígena estava sob supervisão de brancos (| | |), determinando
também a (mita), o trabalho forçado dos aldeões na realização das obras públicas e
outros serviços ao governo.

Considerar o elemento nativo como inferior foi o traço comum na colonização dos
países ibéricos. Desrespeitaram e baniram a cultura local, provocando desaparecimento
de muitas nações indígenas em nome da "civilização" que Ocidente trouxe como
"legado" que deveria ser incorporado às terras conquistadas. Em menos de cem anos,
vitimaram-se três quartos da população americana. Tornou-se imperiosa a vinda de
escravos africanos.

Ñ  

O objetivo da colonização foi primordialmente explorar da forma mais lucrativa


possível seus domínios coloniais. Não havia nenhuma intenção de povoamento:
trabalhadores livres, em grande número, buscariam seu próprio enriquecimento e
dificultariam a fiscalização e taxação de impostos.

Estabeleceram-se novos princípios econômicos para as relações entre metrópole e


colônia. As principais leis mercantilistas foram:

´p   : acreditava-se que a riqueza de uma nação era medida pela quantia
de metais preciosos que possuísse. As colônias espanholas ricas em minérios,
tornaram essa nação a mais poderosa da época.
´p Ñ  : definia as relações entre metrópole/colônia. A colônia vendia
seus produtos exclusivamente para a metrópole e dela comprava tudo de que
necessitasse. Essa    influiu negativamente no
desenvolvimento da colônia. Sua margem de lucro era determinada pela
metrópole, que reservava para si a revenda dos produtos coloniais a preços bem
mais elevados no mercado europeu. Na importação colonial, a  

   , comprando os produtos de outros países para vendê-los
com lucros de comerciante na colônia.
Esse comércio desvantajoso, aliado à proibição de instalar manufaturas próprias
e produzir artigos semelhantes aos da metrópole, gerou uma situação de total
dependência econômica, que posteriormente prejudicou a independência política
e financeira dos países dominados.
´p    : países como Inglaterra e França, que não
puderam contar com o afluxo de metais preciosos, desenvolveram uma política
de contenção de importações, enquanto      . Dessa
forma, o dinheiro arrecadado no comércio externo era bastante superior àquele
gasto na compra de produtos estrangeiros, deixando um saldo financeiro
favorável ao país. Para isso, os governos tomaram medidas      :
estimulava-se a produção agrícola e manufatureira do país; impunham-se altas
taxas alfandegárias aos produtos importados, forçando a redução de consumo
dos mesmos; não se permitia a importação de produtos que concorressem com
os de fabricação nacional; proibia-se a exportação de matérias-primas que
pudessem desenvolver mercadorias semelhantes às fabricadas pelo país.
´p   : a comercialização era permitida a grupos de mercadores
escolhidos pelo rei. Esses grupos tinham seus locais de compra e venda
predeterminados, não podendo operar fora de suas regiões. Os monopólios
permitiam ao soberano um eficaz controle das transações efetuadas nos diversos
países.

No início do século XVII, a prática provou que o equilíbrio da balança comercial e os


monopólios contribuíram decisivamente para a supremacia anglo-francesa no conjunto
das nações européias. O ouro em quantidade, sem aplicação sólida, não garantia o
progresso de um Estado. A Espanha, que não aplicou seus lucros na melhoria das
técnicas agrícolas e tampouco na instalação de manufaturas, perdeu sua posição para os
países que desenvolveram a produção interna e fortaleceram o comércio nos dois níveis:
externo e interno.

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