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Estelionato - STF e STJ
Estelionato - STF e STJ
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momento distinto ao do delito e respeitar ao assistência judiciária gratuita, bem como forjado
envolvimento do agente nos ambientes familiar, celebração de acordo em ação de reparação de danos
profissional e social anteriormente ao crime. 4. A para levantamento de valores referentes a seguro de
expressão econômica do prejuízo imposto à vítima vida. Aduzia a impetração que, depois de ofertada e
no estelionato abriga-se nas consequências do recebida a denúncia, juízo cível homologara, por
crime e, como circunstância judicial, pode interferir sentença, o citado acordo, reputando-o válido, isento de
na fixação da pena-base. 5. A prática do estelionato qualquer ilegalidade; que os autores não teriam sofrido
não reclama, como elemento do tipo, a existência de prejuízo algum; e que os honorários advocatícios seriam
vínculo profissional entre o agente e a vítima, pelo efetivamente devidos — v. Informativo 576. Consignou-
que é viável a incidência da agravante do art. 61, II, se não haver qualquer ilegalidade ou crime no fato
g, do Código Penal. 6. Ordem denegada. de advogado pactuar com seu cliente — em contrato
(HC 109596, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, de risco — a cobrança de honorários, no caso de
Segunda Turma, julgado em 05/02/2013, PROCESSO êxito em ação judicial proposta, mesmo quando
ELETRÔNICO DJe-054 DIVULG 20-03-2013 PUBLIC gozasse do benefício da gratuidade de justiça.
21-03-2013) Frisou-se que esse entendimento estaria pacificado
no Enunciado 450 da Súmula do STF (“São devidos
honorários de advogado sempre que vencedor o
Segunda Turma beneficiário da justiça gratuita”). Vencidos os
Ministros Marco Aurélio, que denegava o writ, e Cármen
HC N. 113.261-RJ Lúcia, que o concedia parcialmente para trancar a ação
RELATORA: MIN. CÁRMEN LÚCIA penal apenas quanto à conduta referente à cobrança de
EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL. MILITAR. honorários advocatícios de parte amparada pela
FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO MILITAR E USO gratuidade da justiça, ante a falta de justa causa para o
COM O FIM DE OBTER VANTAGEM DE seu prosseguimento. Por outro lado, denegava a ordem
INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. CRIMES MEIOS DO quanto à segunda conduta imputada ao paciente ao
DELITO FIM DE ESTELIONATO. COMPETÊNCIA DA destacar que, na denúncia, teriam sido descritos
JUSTIÇA COMUM. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA comportamentos típicos quanto à forja na formalização
MILITAR. de acordo, sendo factíveis e obviados os indícios de
1. Pelos elementos dos autos, a falsificação de autoria e materialidade delitivas.
documento militar e o seu uso pelo Paciente teriam HC 95058/ES, rel. Min. Ricardo Lewandowski,
sido praticados com a finalidade de obter vantagem 4.9.2012.
indevida de instituição financeira, configurando a
prática de estelionato.
2. Dessa forma, pelo princípio da consunção, os Segunda Turma
delitos de falsidade de documento militar e uso HC N. 112.017-SC
desse documento, que isoladamente são crimes RELATOR: MIN. CEZAR PELUSO
militares, são absorvidos pelo delito de estelionato AÇÃO PENAL. Prescrição da pretensão punitiva.
contra instituição financeira, pois são crimes meio Ocorrência. Estelionato contra a Previdência Social. Art.
deste. Competência da Justiça Comum definida pela 171, § 3º, do CP. Uso de certidão falsa para percepção
vítima do crime fim de estelionato, a instituição de benefício. Crime instantâneo de efeitos permanentes.
financeira. Diferença do crime permanente. Delito consumado com
3. Ordem concedida para reconhecer a incompetência o recebimento da primeira prestação dos proventos
da Justiça Militar e determinar a remessa dos autos do indevidos. Termo inicial de contagem do prazo
inquérito policial militar para a Justiça Comum prescritivo. Inaplicabilidade do art. 111, III, do CP. HC
competente. concedido para declaração da extinção da punibilidade
Julgado em 18.09.2012. dos pacientes. Precedentes. É crime instantâneo de
efeitos permanentes o chamado estelionato contra a
Previdência Social (art. 171, § 3º, do Código Penal) e,
Primeira Turma como tal, consuma-se ao recebimento da primeira
Estelionato: assistência judiciária gratuita e prestação do benefício indevido, contando-se daí o
cobrança de honorários prazo de prescrição da pretensão punitiva.
Em conclusão, a 1ª Turma, por maioria, concedeu Julgado em 14.08.2012.
habeas corpus para trancar ação penal ao fundamento
de atipicidade de conduta (CP, art. 171, caput). Na
espécie, o paciente supostamente teria auferido Segunda Turma
vantagem para si, em prejuízo alheio, ao cobrar HC N. 113.179-ES
honorários advocatícios de cliente beneficiado pela RELATORA: MIN. CÁRMEN LÚCIA
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EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL. SENTENÇA falecido. Consignou-se que, em tema de estelionato
CONDENATÓRIA. ESTELIONATO PRATICADO previdenciário, o Supremo tem jurisprudência
CONTRA A PREVIDÊNCIA SOCIAL (ART. 171, § 3º, consolidada quanto à natureza binária, ou dual, da
DO CÓDIGO PENAL). CRIME PERMANENTE infração. Reafirmou-se que a situação de quem
QUANDO O BENEFICIÁRIO RECEBE A QUANTIA comete uma falsidade para permitir a outrem obter
INDEVIDA. PRESCRIÇÃO. NÃO-OCORRÊNCIA. vantagem indevida distingue-se da conduta daquele
1. É firme a jurisprudência deste Supremo Tribunal que, em interesse próprio, recebe o benefício
Federal no sentido de que o crime de estelionato ilicitamente. No primeiro caso, a conduta, a despeito
previdenciário praticado pelo próprio beneficiário de produzir efeitos permanentes em prol do
tem natureza permanente, e, por isso, o prazo beneficiário da indevida vantagem, materializa os
prescricional começa a fluir a partir da cessação da elementos do tipo instantaneamente. No ponto,
permanência e não do primeiro pagamento do evidenciou-se não haver que se cogitar da possibilidade
benefício. de o agente fraudador sustar, a qualquer tempo, a sua
2. Considerada a pena definitiva de 1 ano e 4 meses e conduta delituosa. Observou-se que, na segunda
13 dias-multa imposta ao Paciente, entre uma causa de hipótese — que seria a situação dos autos —, em que a
interrupção da prescrição e outra, não houve período conduta é cometida pelo próprio beneficiário e renovada
superior a quatro anos, o que afasta a ocorrência de mensalmente, tem-se entendido que o crime assume a
prescrição retroativa. natureza permanente. Neste ponto, ressaltou- se que o
3. Ordem denegada. agente tem o poder de, a qualquer tempo, fazer cessar
Julgado em 22.05.2012. a ação delitiva. Por derradeiro, registrou-se que a
mencionada distinção estaria estampada em vários
julgados das Turmas do STF.
Primeira Turma HC 104880/RJ, rel. Min. Ayres Britto, 14.9.2010.
Princípio da insignificância e programa social do
governo
A 1ª Turma denegou habeas corpus em que requerida a Estelionato Previdenciário: Natureza e Prescrição
aplicação do princípio da insignificância em favor de A Turma concedeu, em parte, habeas corpus e
acusada pela suposta prática do crime de estelionato. A reconheceu que a fraude perpetrada por terceiros no
defesa sustentava a mínima ofensividade, a ausência estelionato previdenciário consubstancia crime
de periculosidade e o reduzido grau de censura da instantâneo de efeitos permanentes. Inicialmente,
conduta. Ainda, que o montante envolvido seria da superou-se a alegada violação ao princípio da
ordem de R$ 398,38, valor menor que o salário mínimo. colegialidade, pois a decisão monocrática proferida pelo
Salientou-se não ser possível considerar pequena a STJ fora fundamentada na orientação jurisprudencial
quantia auferida pela paciente que, ao contrário do dominante naquela Corte, a permitir a atuação do relator
alegado, seria inferior ao salário mínimo à época da (CPC, art. 557, § 1º-A). Frisou-se que, ao julgar o HC
impetração, porém, acima daquele valor de referência 86467/RS (DJU de 22.6.2007), o STF alterara a
quando perpetrado o delito. Destacou-se que a paciente jurisprudência, até então consolidada, em matéria de
obtivera a vantagem em face de saques irregulares de prescrição do crime de estelionato previdenciário, ao
contas inativas vinculadas ao Fundo de Garantia por reputar que a conduta deve ser classificada como crime
Tempo de Serviço – FGTS. Ademais, por tratar-se de instantâneo de efeitos permanentes. Lembrou-se que o
fraude contra programa social do governo a beneficiar mencionado precedente estabelece como marco inicial
inúmeros trabalhadores, asseverou-se que a conduta da contagem do prazo prescricional a data em que
seria dotada de acentuado grau de desaprovação. ocorreu o pagamento indevido da primeira parcela,
HC 110845/GO, rel. Min. Dias Toffoli, 10.4.2012. ocasião em que o dano ter-se-ia aperfeiçoado.
Destacou-se que o entendimento não seria válido para o
beneficiário da fraude perpetrada, mas apenas para
Segunda Turma aquela pessoa que falsificara os dados que
Estelionato Previdenciário: Natureza e Prescrição possibilitaram ao beneficiário receber as prestações
A Turma indeferiu habeas corpus no qual se pretendia indevidas. Tendo em conta que o habeas não estaria
fosse declarada a extinção da punibilidade de instruído com cópia dos atos que demonstrariam de
condenado pelo delito descrito no art. 251 do CPM forma inequívoca os marcos interruptivos da prescrição,
(“Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em remeteu-se ao juízo competente a análise da ocorrência
prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, dela. Por fim, enfatizou-se que, na hipótese da não
mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio extinção da punibilidade, a execução da pena deverá ter
fraudulento.”). Na espécie, o paciente sacara, entre início imediato.
janeiro de 2000 e maio de 2005, os valores depositados, HC 91716/PR, rel. Min. Joaquim Barbosa, 31.8.2010.
a título de pensão, na conta-corrente de um parente
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QUINTA TURMA, julgado em 01/09/2015, DJe pela qual a consumação se dá no momento em que
09/09/2015) os valores entram na esfera de disponibilidade do
autor do crime, o que somente ocorre quando o
dinheiro ingressa efetivamente em sua conta
Quinta Turma corrente.
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO 2. Conheço do conflito para reconhecer a
ESPECIAL. ESTELIONATO PREVIDENCIÁRIO. competência do Juízo de Direito da Vara Criminal de
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA E PRIVILÉGIO. Inquéritos Policiais de Belo Horizonte/MG, o
EXPRESSIVO PREJUÍZO. INAPLICABILIDADE. suscitante.
SÚMULA 83/STJ. PENA-BASE POUCO ACIMA DO (CC 139.800/MG, Rel. Ministro REYNALDO SOARES
MÍNIMO LEGAL. PECULIARIDADES DO CASO DA FONSECA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
CONCRETO. 24/06/2015, DJe 01/07/2015)
CULPABILIDADE ACENTUADA. SÚMULA 7/STJ.
AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.
1. É inaplicável o princípio da insignificância ao Quinta Turma
crime de estelionato previdenciário, pois a conduta PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO
é altamente reprovável, ofendendo o patrimônio AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
público, a moral administrativa e a fé pública. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO. ESTELIONATO.
Precedentes do STJ. DELITO CONTRA ENTIDADE DE DIREITO PÚBLICO.
2. Inviabilidade de reconhecimento de crime ART. 171, § 3º, DO CP. GRADUAÇÃO DA PENA-
privilegiado, pois expressivo o valor do prejuízo sofrido, BASE.
muito superior ao salário mínimo vigente à época dos CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS. LIVRE
fatos. Precedentes do STJ. CONVENCIMENTO DO MAGISTRADO. SÚMULA 7
3. Estando o acórdão recorrido em consonância com a DESTE TRIBUNAL SUPERIOR. INCIDÊNCIA.
jurisprudência desta Corte, incide a Súmula 83/STJ. 1. A instância a quo fez utilização de dados
4. A pena-base foi aumentada de forma concretos contidos nos autos para estabelecer a
proporcional, em seis meses de reclusão, em razão pena-base acima do mínimo, tendo, ainda,
da elevada culpabilidade da agente, que, segundo o procedido a uma causa de aumento, em 1/3 (um
acórdão recorrido, adulterou inúmeros documentos terço), consoante a qualificadora prevista no art.
públicos e privados, iludindo inclusive terceiros em 171, § 3º, do Código Penal.
sua empreitada criminosa, a fim de obter o benefício Precedentes.
previdenciário almejado. 2. O recurso especial não é via adequada para o
5. Na hipótese dos autos não há flagrante ilegalidade reexame dos parâmetros adotados pelo juiz na
na dosimetria da pena, posto que a reprimenda foi graduação da pena-base, uma vez que a análise das
estabelecida com base em elementos concretos circunstâncias judiciais do art. 59 do Código Penal
constantes dos autos, de maneira que incide a Súmula envolve particularidades subjetivas, decorrentes do livre
7/STJ. convencimento do juiz, as quais não podem ser revistas
6. Agravo Regimental desprovido. por esta Corte de Justiça. Incidência da Súmula 7 do
(AgRg no AREsp 682.583/SP, Rel. Ministro STJ.
REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA 3. Somente em hipóteses excepcionais, o Superior
TURMA, julgado em 20/08/2015, DJe 28/08/2015) Tribunal de Justiça tem admitido a utilização do recurso
especial para o reexame da individualização da sanção
penal, notadamente quando é flagrante a ofensa a lei
PENAL E PROCESSO PENAL. CONFLITO DE federal, situação que não ocorre na espécie.
COMPETÊNCIA. 1. CRIME DE ESTELIONATO. 4. Agravo regimental desprovido.
CONSUMAÇÃO COM A OBTENÇÃO DA VANTAGEM (AgRg no AREsp 557.488/SP, Rel. Ministro GURGEL
ILÍCITA. DEPÓSITO EM CONTA CORRENTE. DE FARIA, QUINTA TURMA, julgado em 23/06/2015,
COMPETÊNCIA DO LOCAL EM QUE SITUADA A DJe 03/08/2015)]
AGÊNCIA. 2.
CONFLITO CONHECIDO PARA RECONHECER A
COMPETÊNCIA DO JUÍZO DE DIREITO DA VARA Sexta Turma
CRIMINAL DE INQUÉRITOS POLICIAIS DE BELO AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL.
HORIZONTE/MG. ESTELIONATO PREVIDENCIÁRIO.
1. O prejuízo alheio, apesar de fazer parte do tipo CIRCUNSTÂNCIAS E CONSEQUÊNCIAS DO CRIME.
penal, está relacionado à consequência do crime de BIS IN IDEM COM A CAUSA DE AUMENTO DO ART.
estelionato e não à conduta propriamente. De fato, o 171, § 3º, DO CP. INOVAÇÃO DE TESE.
núcleo do tipo penal é obter vantagem ilícita, razão
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Código Penal) foi mera consequência da redução da 30/11/2009). Contudo, em recente julgado, a Quinta
pena imposta pelo acórdão. Turma do STJ firmou o entendimento de que
3. Agravo regimental improvido. quando não é possível ao magistrado, durante o
(AgRg no REsp 1392559/RN, Rel. Ministra MARIA curso do processo, ter acesso às informações que
THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, caracterizam a fraude, é viável a configuração do
julgado em 18/12/2014, DJe 04/02/2015) crime de estelionato (AgRg no HC 248.211-RS,
Quinta Turma, DJe 25/4/2013). No caso em análise,
constata-se que fora determinada a realização de
Terceira Seção perícia na documentação acostada pelo advogado, o
CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. CRIME que revela que a suposta fraude perpetrada era
DE ESTELIONATO. CONSUMAÇÃO. passível de ser descoberta pelas vias ordinárias no
LOCAL DO EFETIVO PREJUÍZO À VÍTIMA. LOCAL curso do processo, o que afasta o crime de
DA AGÊNCIA À QUAL ESTÁ VINCULADA A CONTA estelionato. Todavia, observa-se que o agente teria
CORRENTE DA VÍTIMA. se utilizado de procurações e comprovantes de
Nos termos do que prevê o art. 70 do Código de residência falsos para ingressar com ações cíveis,
Processo Penal, a competência é, em regra, sendo certo que tais documentos são hábeis a
determinada pelo lugar em que se consuma a caracterizar o delito previsto no artigo 304 do CP,
infração penal. conforme entendimento da doutrina e da
A jurisprudência firmada nesta Corte dispõe que o jurisprudência. RHC 53.471-RJ, Rel. Min. Jorge
delito de estelionato, tipificado no art. 171 do Mussi, julgado em 4/12/2014, DJe 15/12/2014.
Código Penal, consuma-se no local onde ocorreu o
efetivo dano à vítima. No caso dos autos, em que
houve o desconto de cheque fraudado, não emitido Terceira Seção
pelo titular, na localidade da agência onde a vítima PENAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. CRIME DE
possuía a conta bancária. ESTELIONATO. VENDA DE TERRENO
Conflito conhecido para declarar competente o PERTENCENTE À RFFSA PARA PARTICULARES.
Juízo de Direito da 1ª Vara Criminal de INTERESSE DA UNIÃO.
Paranavaí/PR, o suscitado. NÃO EXISTÊNCIA. PREJUÍZO SUPORTADO PELOS
(CC 136.853/MG, Rel. Ministro ERICSON MARANHO PARTICULARES. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SP), ESTADUAL.
TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 10/12/2014, DJe 1. Conquanto os "contratos particulares de cessão
19/12/2014) de posse e transferência de direitos contratuais"
tenham por objeto imóveis de propriedade da União
(RFFSA), se dos atos tidos como delituosos a ela
Quinta Turma não resultaram prejuízo, a competência para
DIREITO PENAL. ESTELIONATO JUDICIAL E USO processar e julgar a causa é da Justiça estadual.
DE DOCUMENTO FALSO. 2. Conflito conhecido para declarar a competência
Não se adequa ao tipo penal de estelionato (art. 171, do Juízo de Direito da 4ª Vara Criminal da Comarca
§ 3º, do CP) – podendo, contudo, caracterizar o de Santa Maria/RS, ora suscitante.
crime de uso de documento falso (art. 304 do CP) – (CC 121.872/RS, Rel. Ministro NEWTON TRISOTTO
a conduta do advogado que, utilizando-se de (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SC),
procurações com assinatura falsa e comprovantes TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 26/11/2014, DJe
de residência adulterados, propôs ações 04/12/2014)
indenizatórias em nome de terceiros com objetivo
de obter para si vantagens indevidas, tendo as
irregularidades sido constadas por meio de perícia Quinta Turma
determinada na própria demanda indenizatória. De HABEAS CORPUS. PEDIDO DE EXTENSÃO.
fato, não se configura o crime de estelionato TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL.
judiciário (art. 171, § 3º, do CP) quando é possível ao ATIPICIDADE DA CONDUTA. SIMILITUDE FÁTICO-
magistrado, durante o curso do processo, ter PROCESSUAL. ACOLHIMENTO.
acesso às informações que caracterizam a fraude. 1. O art. 580 do Código de Processo Penal estabelece
Não se desconhece a existência de posicionamento que "no caso de concurso de agentes (Código Penal,
doutrinário e jurisprudencial, inclusive do STJ, no art. 25), a decisão do recurso interposto por um dos
sentido de que não se admite a prática do delito de réus, se fundado em motivos que não sejam de caráter
estelionato por meio do ajuizamento de ações exclusivamente pessoal, aproveitará aos outros".
judiciais (RHC 31.344-PR, Quinta Turma, DJe 2. Hipótese em que o acórdão que concedeu a
26/3/2012; e HC 136.038-RS, Sexta Turma, DJe ordem para trancar a ação penal por atipicidade da
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TÉCNICA DURANTE A INSTRUÇÃO CRIMINAL. defensor dativo, donde se infere a não ocorrência de
MAGISTRADO QUE TOMOU AS PROVIDÊNCIAS prejuízo, indispensável para se configurar a nulidade.
NECESSÁRIAS PARA EVITAR OFENSA À AMPLA 7. Este Superior Tribunal entende que a ausência da
DEFESA E OCORRÊNCIA DA NULIDADE. defesa prévia prevista no modificado art. 395 do Código
PREJUÍZO. AUSÊNCIA. PENA-BASE EXASPERADA de Processo Penal pela Lei n. 11.719/2008 não
A TÍTULO DE CONSEQUÊNCIAS DO CRIME. configura nulidade, sendo dispensável.
MENÇÃO A CIRCUNSTÂNCIAS QUE DESBORDAM 8. Alcançar conclusão no sentido da insuficiência de
DO CRIME DE ESTELIONATO. DEMISSÃO DE provas, aptas a consubstanciar a condenação dos
SERVIDORES. COAÇÃO ILEGAL. AUSÊNCIA. acusados, demanda a análise do conjunto fático-
1. É inadmissível o emprego do habeas corpus em probatório dos autos, inviável na via estreita do habeas
substituição a recurso ordinariamente previsto na corpus, carente de dilação probatória.
legislação processual penal ou, especialmente, no texto 9. Não se vislumbra ausência de fundamentação na
constitucional (precedentes do STJ e do STF). exasperação da pena-base, a título de
2. Apesar de se ter solidificado o entendimento no consequências do crime, quando evidenciado que o
sentido da impossibilidade de utilização do habeas magistrado singular, corroborado pelo Tribunal de
corpus como substitutivo do recurso cabível, este origem, fez menção a circunstâncias que
Superior Tribunal analisa, com a devida atenção e caso desbordam do próprio tipo penal de estelionato, ao
a caso, a existência de coação manifesta à liberdade de afirmar que, além de causar prejuízo à Caixa
locomoção, não tendo sido aplicado o referido Econômica Federal, prejudicaram também os
entendimento de forma irrestrita, de modo a prejudicar servidores da FEBEM, pessoas simples e humildes,
eventual vítima de coação ilegal ou abuso de poder e vítimas secundárias do delito, que foram
convalidar ofensa à liberdade ambulatorial. enganados, na ilusão de que receberiam o que lhes
3. Busca a impetração a anulação da ação penal que era devido e acabaram, em sua grande maioria,
imputou aos pacientes o crime de estelionato majorado, sendo demitidos da Instituição, fato que também
ao argumento de incompetência do Juízo processante, justifica a elevação da pena.
de nulidade decorrente da deficiência da defesa técnica 10. Writ não conhecido, devendo ser cassada a
durante a instrução e da insuficiência de provas a liminar anteriormente deferida.
justificarem a condenação, ou, subsidiariamente, a (HC 200.726/SP, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS
redução da reprimenda definitiva, como consequência JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 08/04/2014, DJe
do afastamento da causa especial de aumento 25/04/2014)
decorrente de o crime ter sido cometido contra entidade
de direito público, bem como da fixação da reprimenda-
base no mínimo legal. Terceira Seção
4. Firmou-se no âmbito da Terceira Seção deste CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA ENTRE
Superior Tribunal a compreensão de que a utilização JUÍZOS FEDERAIS. CRIME DE ESTELIONATO.
de documentos falsos para a liberação da cota do CONSUMAÇÃO. LOCAL DO EFETIVO PREJUÍZO À
PIS e do FGTS na Caixa Econômica Federal - CEF VÍTIMA. BANCO SACADO.
indica eventual ofensa a interesses e serviços da Conforme disposição do art. 70 do Código de
União, sobressaindo-se a competência da Justiça Processo Penal, a competência é, de regra,
Federal para o processamento do delito. determinada pelo lugar em que consumada a
5. Evidenciado que este Superior Tribunal, em caso infração.
semelhante ao dos autos, consolidou o O delito de estelionato, tipificado no art. 171 do
entendimento de que a utilização de documento Código Penal, consuma-se onde ocorreu o efetivo
falso para fins de obtenção de saque indevido do dano à vítima, ou seja, no caso dos autos, na
FGTS, em detrimento da CEF configura eventual localidade da agência onde a vítima possuía a conta
ofensa a interesses e serviços da União, a bancária, na cidade de Maringá/PR. É competente,
consequência lógica seria a aplicação da majorante portanto, o juízo onde se encontra o banco sacado.
decorrente da prática do crime de estelionato contra Conflito conhecido para declarar competente o
entidade de direito público (art. 171, § 3º, do CP). Juízo Federal da Subseção Judiciária Federal de
6. Ainda que o defensor constituído pelos pacientes Maringá-PR, o suscitado.
tenha-se mostrado inerte durante a instrução criminal, o (CC 130.490/CE, Rel. Ministra MARILZA MAYNARD
que poderia causar eventual ofensa à ampla defesa, tal (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/SE),
não ocorreu, porque o magistrado singular tomou as TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 26/02/2014, DJe
providências cabíveis para evitar a ocorrência da 13/03/2014)
nulidade, tendo nomeado a Defensoria Pública e, ante a
sua inércia por causa de uma greve à época, indicado
Quinta Turma
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o Banco. A fraude, de fato, foi usada para burlar o 1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça
sistema de proteção e de vigilância do Banco sobre firmou-se no sentido da inaplicabilidade do princípio
os valores mantidos sob sua guarda, configurando da insignificância à conduta delituosa tipificada no
o delito de furto qualificado. art. 171, § 3.º, do Código Penal.
4. O Recorrente não possui interesse jurídico no Precedentes.
recurso quanto à aplicação da atenuante da 2. "No delito previsto no art. 171, § 3º, do Código
confissão espontânea, pois não ocorreu a alegada Penal, não se aplica o princípio da insignificância
exclusão da minorante. para o trancamento da ação penal, uma vez que a
5. A pretensão de modificar o entendimento firmado conduta ofende o patrimônio público, a moral
pelas instâncias ordinárias acerca da autoria e da administrativa e a fé pública, bem como é altamente
materialidade do delito demandaria amplo reexame reprovável." (RHC 21.670/PR, Quinta Turma, Rel.
de provas, o que se sabe vedado na via estreita do Min. ARNALDO ESTEVES LIMA.) 3. Não é
recurso especial, a teor do disposto no enunciado insignificante a prática de estelionato contra
sumular n.º 07 desta Corte. entidade de direito público que resulta no
6. Recurso especial parcialmente conhecido e, recebimento indevido de R$ 2.050,15 (dois mil e
nessa extensão, desprovido. cinquenta reais e quinze centavos).
(REsp 1412971/PE, Rel. Ministra LAURITA VAZ, 4. Agravo regimental desprovido.
QUINTA TURMA, julgado em 07/11/2013, DJe (AgRg no REsp 1357329/DF, Rel. Ministra LAURITA
25/11/2013) VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 10/09/2013, DJe
19/09/2013)
Quinta Turma
HABEAS CORPUS. ESTELIONATO CONTRA A Quinta Turma
PREVIDÊNCIA SOCIAL. PRESCRIÇÃO. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. 1.
MATÉRIA JÁ JULGADA POR ESTA TURMA. CRIME DE ESTELIONATO.
DOSIMETRIA DA PENA. INADIMPLEMENTO DE DÍVIDA. CONTRATO DE
CONSEQUÊNCIAS DO DELITO QUE JUSTIFICAM O PROMESSA DE COMPRA E VENDA DE BEM
AUMENTO DA PENA-BASE. ORDEM DE HABEAS IMÓVEL. PAGAMENTO POR MEIO DE CHEQUES
CORPUS PARCIALMENTE CONHECIDA E, NESSE PÓS-DATADOS. EMISSÃO DE CONTRAORDEM.
PONTO, DENEGADA. AUSÊNCIA DE ORDEM DE PAGAMENTO À VISTA.
1. Não pode ser conhecido habeas corpus quanto a GARANTIA DE DÍVIDA. DESCARACTERIZAÇÃO DO
matéria já decidida por esta Corte. É o que ocorre no ESTELIONATO. JURISPRUDÊNCIA DO SUPERIOR
caso quanto à alegação de prescrição, já apreciada por TRIBUNAL DE JUSTIÇA. ENTENDIMENTO QUE
esta Turma no julgamento do AgRg no REsp PODE SER AFASTADO.
1.200.401/ES, Rel. Ministra LAURITA VAZ. PARTICULARIDADES DO CASO CONCRETO.
2. Há fundamentação válida para a fixação da pena- NECESSIDADE DE ANÁLISE INDIVIDUALIZADA. 2.
base acima do mínimo legal, pois foram FATO NARRADO NA DENÚNCIA. TRANSFERÊNCIA
consideradas, concretamente, consequencias que DO IMÓVEL. INEXISTÊNCIA DE ERRO. EMISSÃO DE
extrapolam o tipo previsto no art. 173, § 3.º, do CONTRAORDEM. PREVISÃO NA LEI DO CHEQUE.
Código Penal, pois, além do prejuízo causado pelo ART. 35 DA LEI Nº 7.357/1985. AUSÊNCIA DE MEIO
recebimento ilegal de auxílio-doença entre 05/04/95 FRAUDULENTO. ELEMENTOS TÍPICOS NÃO
a 05/05/97, não agiu o Paciente no sentido de DESCRITOS. ATIPICIDADE DA CONDUTA. 3. ART.
ressarcir a Previdência. 171, § 2º, VI, DO CP. AUSÊNCIA DE FRAUDE.
3. Ordem de habeas corpus parcialmente conhecida SÚMULA 246/STF. PAGAMENTO DOS CHEQUES
e, nesse ponto, denegada. ANTES DO RECEBIMENTO DA DENÚNCIA.
(HC 222.790/ES, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA ÓBICE AO PROSSEGUIMENTO DA AÇÃO PENAL.
TURMA, julgado em 17/09/2013, DJe 25/09/2013) SÚMULA 554/STF. 4.
NECESSIDADE DO DIREITO PENAL QUE DEVE SER
AVALIADA. RESTRIÇÃO DA LIBERDADE. PRINCÍPIO
Quinta Turma DA INTERVENÇÃO MÍNIMA. POSSIBILIDADE DE
AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. SOLUÇÃO POR MEIO DE OUTRAS INSTÂNCIAS DE
PENAL. CRIME DE ESTELIONATO. CONTROLE. PRINCÍPIO DA FRAGMENTARIEDADE.
ART. 171, § 3.º, DO CÓDIGO PENAL. PRINCÍPIO DA BENS DE MAIOR IMPORTÂNCIA. AGRESSÕES
INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE. INTOLERÁVEIS.
PRECEDENTES. DECISÃO MANTIDA POR SEUS NÃO VERIFICAÇÃO. 5. RECURSO ORDINÁRIO EM
PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. AGRAVO HABEAS CORPUS PROVIDO.
DESPROVIDO.
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fundos (art. 171, § 2º, VI, do CP) é o do local da específica, não se confundindo, assim, com mútuo
recusa do pagamento pelo sacado (Súmula 244/STJ obtido a título pessoal, conduta que caracteriza o
e Súmula 521/STF). crime de estelionato. Tendo em vista que os autos
2. Conflito conhecido para reconhecer a descrevem a ocorrência de mero empréstimo
competência do Juízo de Direito da 2ª Vara Criminal fraudulento, sem destinação específica, certa é a
de Ourinhos/SP, o suscitado. competência da Justiça Estadual para processar e
(CC 116.295/PR, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO julgar os fatos objeto dos presentes autos" (STJ, CC
BELLIZZE, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 122.257/SP, Rel. Ministra ALDERITA RAMOS DE
12/06/2013, DJe 25/06/2013) OLIVEIRA (Desembargadora Convocada do TJ/PE),
TERCEIRA SEÇÃO, DJe de 12/12/2012). Em igual
sentido: STJ, CC 112.244/SP, Rel. Ministro OG
Terceira Seção FERNANDES, TERCEIRA SEÇÃO, DJe de
PENAL E PROCESSUAL PENAL. CONFLITO 16/09/2010; CC 119.304/SE, Rel.
NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA
INQUÉRITO POLICIAL. CRIME DE ESTELIONATO. SEÇÃO, DJe de 04/12/2012.
ART. 171 DO CÓDIGO PENAL. IV. Conflito conhecido, para declarar competente o
OBTENÇÃO FRAUDULENTA DE EMPRÉSTIMO Juízo de Direito da Vara Criminal de Inquéritos
CONSIGNADO, PARA DESCONTO NA FOLHA DE Policiais da Comarca de Belo Horizonte/MG, o
PAGAMENTO DE SEGURADO DA PREVIDÊNCIA suscitado.
SOCIAL. INOCORRÊNCIA DE VINCULAÇÃO A (CC 125.061/MG, Rel. Ministra ASSUSETE
DESTINAÇÃO ESPECÍFICA. INEXISTÊNCIA DE MAGALHÃES, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
CRIME CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO 08/05/2013, DJe 17/05/2013)
NACIONAL. AFASTAMENTO DA TIPO PREVISTO NO
ART.
19 DA LEI 7.492/86. PRECEDENTES DO STJ. Terceira Seção
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. DELITO DE
I. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, ESTELIONATO POR MEIO DA INTERNET.
no que tange ao art. 19 da Lei 7.492/86, tem NÃO INCIDÊNCIA DOS INCISOS IV E V DA
advertido que, "(...) a mera obtenção fraudulenta de CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
empréstimo pessoal junto a instituição financeira COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL.
não caracteriza crime contra o Sistema Financeiro PRECEDENTES DO STJ.
Nacional, mas sim, delito de estelionato, porquanto 1. O fato de o suposto crime de estelionato ter sido
não se trata de contrato de financiamento, visto que cometido por meio da rede mundial de
não se exige destinação específica, tampouco computadores (internet) não atrai, necessariamente,
comprovação da aplicação dos recursos" (STJ, CC a competência da Justiça Federal para o
119.304/SE, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO processamento do feito.
BELLIZZE, TERCEIRA SEÇÃO, DJe de 04/12/2012). 2. Para se firmar a competência da Justiça Federal,
II. No caso concreto, a conduta em apuração, no além da transnacionalidade do delito, deve-se
Inquérito Policial, refere-se a obtenção fraudulenta demonstrar lesão a bens, serviços e interesses da
de contrato de empréstimo consignado (e não União e que o País é signatário de acordos e
financiamento, em que há vinculação quanto ao tratados internacionais, a teor dos incisos IV e V do
objeto), com o Banco BMG S/A, no qual individuo, art. 109 da CF.
que se apresentou como o segurado da Previdência 3. A hipótese dos autos, não há lesão aos incisos IV
Social, tomou o valor de R$ 4.000,00 (quatro mil e V da Constituição Federal, uma vez que o
reais), autorizando o desconto voluntário, pelo INSS particular foi vítima direta do delito de estelionato
(consignante), em folha de pagamento (proventos em investigação, e, apesar de os bens terem sido
da aposentadoria por invalidez), de 60 (sessenta) enviados para a Nigéria por meio de transação feita
parcelas, mensais e consecutivas. pela internet, o próprio dispositivo constitucional
Trata-se de empréstimo fraudulento, sem destinação exige, para o reconhecimento da competência da
específica dos recursos obtidos junto à instituição Justiça Federal, que o crime praticado nesse
financeira, caracterizando-se o delito de estelionato, contexto transnacional tenha sido previsto em
de competência da Justiça Estadual. tratado ou convenção internacional, o que não é o
III. Com efeito, "esta Corte Superior de Justiça já caso dos autos, já que o Brasil não ratificou a
firmou posicionamento de que só há a conduta Convenção de Budapeste de Repressão à
descrita no art. 19 da Lei nº 7.492/86 Cibercriminalidade, nem qualquer tratado através do
("financiamento") quando os recursos obtidos junto qual tenha se obrigado a reprimir o delito de
à instituição financeira possuem destinação estelionato.
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PROVISÃO DE FUNDOS. INCIDÊNCIA DO princípio da legalidade estrita, previsto no art. 5º, XXXIX,
ENTENDIMENTO SEDIMENTADO NAS SÚMULA N.º da CF e art. 1º do CP, a tutela penal se limita apenas
521, DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, E N.º 244, àquelas condutas previamente definidas em lei. Por fim,
DESTA CORTE. CONFLITO CONHECIDO, PARA ressalta-se que a Lei n. 12.550/2011 acrescentou ao CP
DECLARAR A COMPETÊNCIA DO JUÍZO DE uma nova figura típica com o fim de punir quem utiliza
DIREITO DA COMARCA DA SÃO BENEDITO/CE. ou divulga informação sigilosa para lograr aprovação em
1. Nos termos da Súmula n.º 521, do Supremo concurso público. Precedentes citados do STF: Inq
Tribunal Federal, "[o] foro competente para o 1.145-PB, DJe 4/4/2008; do STJ: HC 39.592-PI, DJe
processo e julgamento dos crimes de estelionato, 14/12/2009, e RHC 22.898-RS, DJe 4/8/2008. HC
sob a modalidade da emissão dolosa de cheque 245.039-CE, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado
sem provisão de fundos, é o do local onde se deu a em 9/10/2012.
recusa do pagamento pelo sacado".
2. O art. 1.º, inciso III, da Lei n.º 7.357/85 (lei do
cheque), define como sacado o banco ou a Quinta Turma
instituição financeira que deve pagar a quantia ESTELIONATO PREVIDENCIÁRIO. NATUREZA
constante da cártula. Prevê o art. 4.º, do mesmo JURÍDICA. PRESCRIÇÃO.
dispositivo, que "[o] emitente deve ter fundos A Seção, por maioria, fixou o entendimento de que é
disponíveis em poder do sacado e estar autorizado crime permanente o estelionato praticado contra a
a sobre eles emitir cheque, em virtude de contrato Previdência Social. Portanto, inicia-se a contagem
expresso ou tácito." Infere-se que a provisão de do prazo prescricional no momento em que cessa o
fundos a que se refere a Lei é aquela em poder da pagamento indevido do benefício, e não quando
agência em que o emitente abriu conta, até porque recebida a primeira parcela da prestação
foi lá onde ocorreu a autorização para emissão dos previdenciária, ou seja, a conduta delituosa é
cheques. reiterada com cada pagamento efetuado, pois gera
3. Tal entendimento também foi sedimentado no nova lesão à Previdência. Assim, não é necessário
âmbito desta Corte (Súmula n.º 244: "compete ao que o meio fraudulento empregado seja renovado a
foro do local da recusa processar e julgar o crime de cada mês para verificar a permanência do delito.
estelionato mediante cheque sem provisão de Ademais, nos crimes instantâneos de efeitos
fundos"). permanentes, o agente não possui o poder de cessar os
4. Conflito conhecido, para declarar a competência efeitos da sua conduta; já nos crimes permanentes,
do Juízo de Direito da Comarca da São Benedito/CE. pode interromper a fraude a qualquer momento.
(CC 122.646/PE, Rel. Ministra LAURITA VAZ, Precedentes citados dos STF: RHC 105.761-PA, DJe
TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 28/11/2012, DJe 1º/2/2011, e HC 102.774-RS, DJe 7/2/2011; do STJ: HC
04/12/2012) 139.737-ES, DJe 6/12/2010. REsp 1.206.105-RJ, Rel.
Min. Gilson Dipp, julgado em 27/6/2012.
Quinta Turma
DIREITO PENAL. COLA ELETRÔNICA. ATIPICIDADE Sexta Turma
DA CONDUTA. ESTELIONATO JUDICIAL (JUDICIÁRIO).
A “cola eletrônica”, antes do advento da Lei n. TIPICIDADE.
12.550/2011, era uma conduta atípica, não A Turma deu provimento ao recurso especial para
configurando o crime de estelionato. Fraudar absolver as recorrentes – condenadas como
concurso público ou vestibular através de cola incursas nas sanções do art. 171, § 3º, do CP – por
eletrônica não se enquadra na conduta do art. 171 entender que a conduta a elas atribuída –
do CP (crime de estelionato), pois não há como levantamento indevido de valores por meio de tutela
definir se esta conduta seria apta a significar algum antecipada, no bojo de ação civil – não configura o
prejuízo de ordem patrimonial, nem reconhecer denominado “estelionato judicial”. A Min. Relatora
quem teria suportado o revés. Assim, caso ocorresse asseverou que admitir tal conduta como ilícita violaria o
uma aprovação mediante a fraude, os únicos direito de acesso à justiça, constitucionalmente
prejudicados seriam os demais candidatos ao cargo, já assegurado a todos os indivíduos nos termos do
que a remuneração é devida pelo efetivo exercício da disposto no art. 5º, XXXV, da CF. Sustentou-se não se
função, ou seja, trata-se de uma contraprestação pela poder punir aquele que, a despeito de formular pedido
mão de obra empregada, não se podendo falar em descabido ou estapafúrdio, obtém a tutela pleiteada.
prejuízo patrimonial para a administração pública ou Destacou-se, ademais, a natureza dialética do
para a organizadora do certame. Ademais, não é processo, possibilitando o controle pela parte contrária,
permitido o emprego da analogia para ampliar o âmbito através do exercício de defesa e do contraditório, bem
de incidência da norma incriminadora; pois, conforme o como a interposição dos recursos previstos no
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ordenamento jurídico. Observou-se, inclusive, que o aposentadoria, mas também passou a receber
magistrado não estaria obrigado a atender os pleitos indevidamente os valores respectivos. Assim, sendo a
formulados na inicial. Dessa forma, diante de tais paciente beneficiária da aposentadoria indevida, que
circunstâncias, seria incompatível a ideia de ardil ou não apenas induziu, mas manteve a vítima (Previdência
indução em erro do julgador, uma das elementares para Social) em erro, o delito possui natureza permanente,
a caracterização do delito de estelionato. Acrescentou- consumando-se na data da cessação da permanência,
se que eventual ilicitude na documentação apresentada no caso, 12/2006. Dessa forma, não há falar em
juntamente com o pedido judicial poderia, em tese, prescrição retroativa, pois não transcorreu o lapso
constituir crime autônomo, que não se confunde com a prescricional devido (quatro anos) entre a data da
imputação de “estelionato judicial” e, in casu, não foi consumação do delito (12/2006) e o recebimento da
descrito na denúncia. Ponderou-se, ainda, que, em uma denúncia (27/6/2008). Com essas, entre outras
análise mais detida sobre os elementos do delito de considerações, a Turma, prosseguindo o julgamento,
estelionato, não se poderia considerar a própria por maioria, denegou a ordem. Precedentes citados do
sentença judicial como a vantagem ilicitamente obtida STF: HC 85.601-SP, DJ 30/11/2007, e HC 102.049-RJ,
pelo agente, uma vez que resultante do exercício DJe 12/12/2011. HC 216.986-AC, Rel. originário Min.
constitucional do direito de ação. Por sua vez, concluiu- Vasco Della Giustina (Desembargador convocado
se que o Direito Penal, como ultima ratio, não deve do TJ-RS), Rel. para acórdão Min. Maria Thereza de
ocupar-se de questões que encontram resposta no Assis Moura, julgado em 1º/3/2012.
âmbito extrapenal, como na hipótese dos autos. A
deslealdade processual pode ser combatida com as
regras dispostas no CPC, por meio da imposição de Sexta Turma
multa ao litigante de má-fé, além da possibilidade de ESTELIONATO. PRINCÍPIO. INSIGNIFICÂNCIA.
punição disciplinar no âmbito do Estatuto da Policial rodoviário da reserva remunerada (ora
Advocacia. REsp 1.101.914-RJ, Rel. Min. Maria paciente) utilizou-se de documento falso (passe
Thereza de Assis Moura, julgado em 6/3/2012. conferido aos policiais da ativa) para comprar
passagem de ônibus intermunicipal no valor de R$
48,00. Por esse motivo, foi denunciado pela suposta
Sexta Turma prática do crime de estelionato previsto no art. 171
ESTELIONATO PREVIDENCIÁRIO. PRAZO do CP. Sucede que a sentença o absolveu
PRESCRICIONAL. sumariamente em razão do princípio da
A quaestio juris está em saber se o delito pelo qual insignificância, mas o MP estadual interpôs
foi condenada a paciente, de estelionato apelação e o TJ determinou o prosseguimento da
previdenciário (art. 171, § 3º, do CP), possui ação penal. Agora, no habeas corpus, busca a
natureza permanente ou instantânea, a fim de impetração seja restabelecida a decisão de primeiro
verificar a prescrição da pretensão punitiva. Na grau devido à aplicação do referido princípio. Para o
espécie, a paciente foi condenada, pelo delito Min. Relator, a conduta do paciente não preenche os
mencionado, à pena de um ano, nove meses e dez dias requisitos necessários para a concessão da
de reclusão em regime fechado, além de vinte dias- benesse pretendida. Explica que, embora o valor da
multa, por ter omitido o óbito de sua filha, portadora de vantagem patrimonial seja de apenas R$ 48,00 (valor
deficiência, ocorrido em 1º/5/2001, data a partir da qual da passagem), as circunstâncias que levam à
começou a receber indevidamente o benefício de denegação da ordem consistem em ser o paciente
aposentadoria pertencente ao de cujus, tendo a conduta policial da reserva, profissão da qual se espera
perdurado até 12/2006. No writ, busca a declaração da outro tipo de comportamento; ter falsificado
extinção da punibilidade devido à prescrição retroativa documento para parecer que ainda estava na ativa;
da pretensão punitiva, sustentando que o crime de além de, ao ser surpreendido pelos agentes, portar a
estelionato contra a Previdência Social é delito quantia de R$ 600,00 no bolso, a demonstrar que
instantâneo de efeitos permanentes. Nesse contexto, teria plena condição de adquirir a passagem. Assim,
destacou-se que, no julgamento do HC 85.601-SP, o tais condutas do paciente não se afiguram como um
STF distinguiu duas situações para a configuração da irrelevante penal, nem podem ensejar
natureza jurídica do delito em comento. Para aquele que constrangimento ilegal. Por fim, assevera que não
comete a fraude contra a Previdência e não se torna caberia também, na via estreita do habeas corpus, o
beneficiário da aposentadoria, o crime é instantâneo, exame da alegação da defesa quanto a eventuais
ainda que de efeitos permanentes. Contudo, para o dificuldades financeiras do paciente. Esclarece ainda
beneficiário, o delito continua sendo permanente, que, de acordo com a jurisprudência do STF, para a
consumando-se com a cessação da permanência. In incidência do princípio da insignificância, são
casu, a paciente não apenas omitiu da Previdência necessários a mínima ofensividade da conduta do
Social o óbito da verdadeira beneficiária da agente, nenhuma periculosidade social da ação, o
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seu marido. A ação foi, ao final, julgada procedente em de importação proibida. Para garantir a continuidade
parte; porém, iniciada a execução, o INSS, após sete da exploração desses jogos de azar proibidos,
anos de lide, informou ao juízo que inexistia a praticavam outros crimes: de estelionato –
concessão do benefício cuja revisão se buscava, o que configuravam os caça-níqueis para gerar mais
culminou com a denúncia dos acusados pela suposta lucros pela redução de chances de acerto dos
prática de estelionato contra o INSS. Os pacientes, por usuários, e simulavam premiações inexistentes, por
sua vez, alegam a inépcia da denúncia dada a meio dessas fraudes, aumentando o lucro da
atipicidade da conduta a eles atribuída. Quanto a isso, organização em prejuízo dos jogadores –; de
anote-se, primeiramente, que, tal como aduziu o MP em violação de lacre – quando a polícia flagrava a
seu parecer, o direito subjetivo de buscar o Poder atividade ilícita, eles rompiam os lacres, voltando a
Judiciário, um dos mais relevantes pilares do Estado utilizá-los ou substituíam as máquinas por outras
democrático de direito, é inalienável. Daí que almejar a com defeito, colocando os lacres sobre elas –; de
prestação da tutela jurisdicional, em si mesma, corrupção ativa – muitas vezes, esses
ainda que mediante pedido absurdo ou procedimentos eram realizados com ajuda de
manifestamente improcedente, não pode ser policiais corrompidos –; por fim, contrabando e
equiparado a tentar induzir a erro o réu ou o próprio descaminho das máquinas e peças de reposição.
juízo, quanto mais se acostados documentos que Para o Min. Relator, a denúncia atende aos requisitos
comprovariam o suposto direito. Mostra-se evidente do art. 41 do CPP e, ao menos em tese, merece
que induzir alguém a erro com o objetivo de obter apuração do fato típico. Observa que, ao contrário do
vantagem pessoal é conduta típica, mas trazer a que alegam os impetrantes, a falta da identificação na
juízo pretensões infundadas não o é. Consta, denúncia do policial ou agente público corrompido não
também, da própria exordial acusatória que aquela descaracteriza o crime de corrupção ativa se há provas
autarquia, já ao tempo da contestação, tinha da oferta e promessa de vantagem, uma vez que a
condições de informar o juízo da inexistência do corrupção ativa é delito formal que independe da
benefício e, se ela, a detentora dos competentes aceitação do funcionário público para sua
registros, desconhecia esse fato, só se dando conta caracterização, sendo o sujeito passivo direto o Estado.
disso anos depois de ajuizada a ação, não é de se Além de que, na denúncia, há indicação de seis policiais
exigir, tal como a denúncia, que os pacientes civis como corréus na atividade delitiva, todos como
tivessem conhecimento prévio dele, diante mesmo prováveis agentes corrompidos, embora sem vinculá-los
dos parcos documentos utilizados na ação. à oferta de vantagem a este ou aquele policial. Com
Outrossim, consta dos autos que o INSS chegou a essas considerações, entre outras, a Turma denegou a
atestar a existência do respectivo processo de ordem. HC 112.019-RS, Rel. Min. Napoleão Nunes
pensão em seu banco de dados, mas, só após um Maia Filho, julgado em 24/3/2009.
ano, deu-se conta de seu indeferimento por motivo
de perda da qualidade do segurado. Por isso tudo,
atribui-se a prática de crime aos pacientes por Sexta Turma
ajuizar ação de revisão de benefício previdenciário, ESTELIONATO. PROMESSA. COMPRA E VENDA.
quando deveriam ter promovido ação de concessão, O paciente, mediante procuração que não lhe
o que não pode prevalecer. Com esses conferia poderes para alienar imóvel, firmou
fundamentos, a Turma concedeu a ordem para promessa de compra e venda com a vítima, que lhe
trancar a ação penal. HC 28.694-SP, Rel. Min. Paulo pagou a importância avençada no contrato sem,
Gallotti, julgado em 18/6/2009. contudo, ser investida na posse. Mesmo diante da
discussão a respeito de o contrato de promessa de
compra e venda poder configurar o tipo do art. 171,
Quinta Turma § 2º, I, do CP, o acórdão impugnado mostrou-se
ESTELIONATO. IDENTIFICAÇÃO. claro em afirmar que o paciente efetivamente
SUJEITO PASSIVO. alienou o imóvel que não era de sua propriedade
Trata-se de pacientes incursos nas penas dos arts. 171, mediante essa venda mascarada, da qual obteve
288, 333, parágrafo único, e 334, § 1º, c, todos do CP. lucro sem efetuar sua contraprestação por absoluta
Um deles também foi denunciado pelo art. 205, também impossibilidade de fazê-la, visto que não era o
do CP. Buscam o trancamento da ação penal ao proprietário do lote que, de fato, vendeu. Daí ser, no
argumento de inépcia da exordial acusatória por não se caso, inequívoca a tipicidade da conduta, mesmo
ter especificado o sujeito passivo do estelionato nem se que perpetrado o crime mediante a feitura de
ter identificado quem teria sido corrompido. Descreve a promessa, não se podendo falar, assim, em
denúncia que a quadrilha explorava diversas máquinas trancamento da ação penal. Precedente citado: HC
caça-níqueis. Todos tinham conhecimento de que 68.685-SP, DJ 10/9/2007. HC 54.353-MG, Rel. Min. Og
elas possuíam equipamentos de origem estrangeira, Fernandes, julgado em 25/8/2009.
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Quarta Turma
RECURSO ESPECIAL Nº 672.987 - MT
(2004/0083646-3)
RELATOR : MINISTRO JORGE SCARTEZZINI
RECORRENTE : ROSARIA MARIA SOARES ALVIM
ADVOGADO : OTÁVIO PINHEIRO DE FREITAS
RECORRIDO : ITAÚ SEGUROS S/A ADVOGADO :
ALESSANDRA CORSINO GONÇALVES E OUTROS
EMENTA DIREITOS CIVIL E PENAL - SEGURO DE
AUTOMÓVEL - FURTO QUALIFICADO - SEGURADO
VÍTIMA DE TERCEIRO QUE, A PRETEXTO DE
TESTAR VEÍCULO POSTO A VENDA, SUBTRAI A
COISA - INDENIZAÇÃO PREVISTA NA APÓLICE -
PERDA TOTAL DO BEM. INDENIZAÇÃO -
PAGAMENTO DO VALOR AJUSTADO NO
CONTRATO (APÓLICE) - RECURSO PROVIDO. 5 I -
Segundo entendimento desta Corte, para fins de
pagamento de seguro, ocorre furto mediante fraude,
e não estelionato, o agente que, a pretexto de testar
veículo posto à venda, o subtrai (v.g. REsp
226.222/RJ, DJ 17/12/99, HC 8.179-GO, DJ de
17.5.99).
III - Sendo o segurado vítima de furto, é devido o
pagamento da indenização pela perda do veículo, nos
termos previstos na apólice de seguro. III - Recurso
conhecido e provido para julgar procedente o pedido,
condenando a recorrida ao pagamento do valor
segurado, devidamente corrigido desde a data da
citação, invertendo-se os ônus sucumbenciais.
Julgado em 23.10.2007