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NEII>ADE
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m,ão da históri:l . I:, COlllo adVlTtc José de Faria Costa, na ciência penal t'
que a si/uação hrasileira de marcante con/radi~·uo. De um lado o /ex-
pos-glol>ahzaçao cahc 1I111estlldo e uma participação estatal racional e to constitucional com os valores acima mencionados: por 011/1'0 lado o
não emotiva, sob pena de "fJc/,\sarpor cima de princípios tão (undan;es Código de Processo Penal. com seus resquícios inquisitivos".
1
como a presunção de if/o(úlcia (..,)"1 , .
A insulkiêllCl;I do 1'lIll'lldil1ll:l1to segundo o qual a Constituição Sem a pretensão de esgotar o tema, definem-se como condições
da Repüblica abarca apCII;I\ dlll'!lI/l'S a serem seguidas pelos dispositivos da ação, aquelcs elementos ou req~isitos que limitam o exercício do direi-
infraconstitucionais é 11111110 hl'lIl rl'1alaua por Jorge de Figueiredo Dias, to de ação em cada caso concreto-". Como esclarece José Antonio Paga-
quando assevera: neI1a Boschi, "sem essas trovas, denominadas condiçô(!s da açào, os
juízos e tribunais poderiam entào ser inundados de ações e processos
instrumentalizando pretensões esdníxulas e descabidas (...)"?.1.
Durante muito telllllo o III'I/,\'Illllt'lltojurídico tendeu a ver nas normas
constitucionais lllúr ill/c' 1111.\ '1111' ('olltinlUlm garantias ./imdamentais - Para aqueles que advogam uma unidade científica do processo, as
simples 'princípio,\' pl'iI,!!,fllcÍliclJ.\··,ll/('/'as directrizes dirigidos ao legis- condições da ação penal seriam as mesmas da ação de natureza civil
lador ordinário que es/e podia Ilki~'oar ti sua vontade (...) Hoje, porém, (possibilidade jurídica do pedido, legitimidade ad causam e iJltCl'l'sSL' íil-
tende por quase toda a pal'/c I'('/'-se na Constituiçào verdadeiras nor- agir), apenas com algumas modificações .. ~ .possihilidwlc jlll·;,/'nl dtl
mas jurídicas que, meSll/O (,ol/Iendo lima reserva seguI/do a qllal o di-
pedido signi ficaria que o Estado tem ~OSslbllIdade, em h:Sl" ík- nlllcl ;1
reito que asseguram será llllllllic11J.wí 'nas condiçi5es determinadas pela
lei', proíbem à lei ordinária. soh pel/a de il/constitucionalidade material, condenação do réu, nào se tratando, aSSIm. de um mero juí/o lll- lípllllb
que contenha uma regulal1lenta~'ào elimil/adora do núcleo e.l'sel/cia! da- de24. A legitimidade ael causam - ativa e passiva - rclCl'l'-SL' Ú fll'\\\';I qlll'
quele direito20 pode promover a ação pen~1, bem c~omo àquela supostalllL'll1l' I'L'\J!0Il\;1\ l"
pelo delito em tese com~1Jdo. E, ftnalme~lte, o lI~tt'r('.\·sc d(' lI,!!ir l'slalla
relacionado com a necessIdade, a adequaçao e a utIlidade da a\,iio penal.
Portanto, são concretos, e nào utópicos, os direitos e garan-
Trata-se, assim, de uma visão unitarista do direito proccssual.
tias constitucionais. A dignidade da pessoa humana (art. 1°, I1t), a
que merece desde logo ser refutada, diante da inexistêncía de uma 1('0-
legalidade (art. 5°, lI), o juiz natural (art. 5°, XXXVII e LIlI), o ria geral de processo, a qual impõe, em ültim~ análise, institutos de
devido processo legal (art. 5°, LIV) o contraditório e a ampla defe- processo civil no campo processual penal, olVidando sua autonomia
sa (art. 5", LV) são princípios reais e efetivos a balizarem qualquer legal e científíca.
aplicação de normas infraconstitucionais, possuindo aplicação ime- Neste sentido, a 1ll0dellla doutrina traça severas criticas à utiliza-
diata, nos termos do parágrafo único do art:~:5° da Constituiçào fe- ção das mesmas condiçôcs da ação civil no âmbito penal. Aury Lopes
deral de 1988. Junior, por exemplo, observa: "0 prohlema está em que, na tentativa de
adequar ao processo penal, é fedta uma verdadeira ginástica de concei-
10.1',estendendo-os para além de seus limites semânticos. O resultado é
4 AS CONDiÇÕES DA AÇÃO E A JUSTA CAUSA lima desnaturaçtlo completa, que violenta ~ matriz conceitual, sem dar
lima resposta adequada ao processo penal"-- .
Ti
Ultrapassadas as premissas teórieas iniciais do presente estudo, é Para o referido autor, são condições da ação penal a prática de/à ..
possível avançar para a análise das condições da ação e, em especial, da to aparentemente criminoso (/imlUs comissi delictiJ, a punihilidade con-
justa causa. Trata-se de um eampo fértil para discussões já que, como creta, a legitimidade da parte e a justa callsa?!>. Tal concepçào asseme-
adverte Tourinho Filho, nunca houve um entendimento pacífico acerca do lha-se, em sua maior parte, àquela, sugerida por Jacinto Nelson de Mi-
assunto, o qual ainda carece de melhor sedimentação?'.
22 GRINOVER, A. P. As condições da açào penal: uma tentativa de revisão. São Pauto:
Bushatsky. 1977 p. 127.
23 BOSCHI, José Antônio r. Ação penal. 3. ed. Rio de Janeiro: ArDE. 2002. p. 94.
10 FlCjUEIREDO DIAS, Jorge de. Direito processual penal. Coinlbra: Coimbra, 2004.
p.75. 24 Por exemplo: se a denúncia expôe um t~ltl1 de nítida legitima defesa, o juiz pode COR-
21 TOURIl\HO FILHO, Femando da ('osta. Processo Penal. 27. ed. São Paulo: Saraiva, c1uir ser () pedido juridicamente impossível. jú que não existe pretensão de punir quem
2005, p. 512. v. I. A discussào ~ tamanha que Denílson Feitoza. por exemplo, sequcr agiu licitamente.
enxerga as condições da a~'ào como categoria autônoma. e sim. como espécies de 2~ LOPES JLNIOR. Aury. Direito pron'ssual pl'nal e sua conformidade constitucio-
pressupostos processuais. FI 01 T()I. A , Denílson. Direito processual penal: teoria, crí- nal. 5. ed. Rio de JaneirP: I.l111ll'1I.Il1ris. 2010 I' I. p. 3'i3.
tica e pnixis. 6. ed. Nítcrúi: IllIpl·tlls, 2009. p. 233. 26 LOPES JUNIOR, Aury. [)irl'i til II 1'1Il'I'S\ 11a I 11l'11lIL. <,it. r· .152-367.
randa Coutinho, citado por Vladilllir Stasiak, em obra específica sobre o Neste sentido, justa causa nada mais é senào a demonstração dos
tema. Ele sugere COll1ocOIHIi\'lks a lil'icidade aparente - adequação do indícios de autoria e da materialidade de um tàto supostamente crimino-
tàto à norma, isto é, a desclI\';)u cuntida na denúncia deve estar prevista so. Ou seja: deve existir prova indubitávcl de um tàto hipoteticamente
num tipo penal, com todas as eklllentares~7 -; a punibilidade concreta - o delituoso, e ao menos indícios idôneos de sua autoria.
aparato jurisdieional SO/11entedeve se mobilizar diante de uma finalidade Aury Lopes Junior vai além, afirmando que dois sào os fatores a
razoávet, isto é, a possibilidade de se aplicar a sanção penal - a legitimi- serem considerados na análise da justa causa: nào apenas a já mCllc iOllada
dade ad causam e a justa Cll/I,\'ll~x. existência de indícios razoáveis de autoria e da materialidadc. mas
Penso, estreme de dúvidas, ser esta visão - dualista - a correta. lambém o controle processual do caróterfi'agmentório tia ill1<,{,I'('lIr1io
Não é possível, tecnicamente, entender a possibilidade jurídica do pedido penalH. Assim, segundo ele, é necessária uma causa de naturl'la Pl'llid
e o interesse de agir como condições da ação penal. Não se pode impor, a que possa justificar o imenso custo do processo c as di\ l:tsas 11l'II,IS
fórcep~, institutos do processo ciyil ao direito processual penal, como se processuais que ele contém. A aplicação do princípio da inslgHtlll.ll1t 1,1
'este fosse dependente daquele. E necessário atàstar, definitivamente, o seria, pOl1anto, o reconhecimento da ausência de jusla causa l'lIl .1"11'11111
. 'll
comptexo de Cmderela do processo penal- . nado caso pena I.
Por isso, afigura-se perfeito o posicionamento de Vladimir Stasiak Em complemento à posiçào do professor gaúcho, \ ak 11";',;11
que, analisando todas as concepções dualistas sob a ótica da realidade social, tar o posicionamento de Luiz Antonio C<imara, ao al"inll;1I qll\" ,I 111',1.1
reduz a duas as condições genéricas da ação: a legitimidade ad callsam e a causa possui duas feições: uma, positiva, e a olltra, I/('gll/ll"ll 1','1.,
justa causa30. É esta última que interessa ao presente estudo, eis que, como primeira - positiva - a justa causa se demonstra pela PIIl\;1 da IlIha
conceito jurídico indeterrninado, é comumente utilizado em várias acepções. ção penal e da autoria. A segunda - negativa fica l'\IIk'lIcl;lIla
Se é certo que existem doutrinadorcs que enxergam a justa quando não há causas que excluam a criminal idade da condula. A s-
causa como uma síntese das condições da ação~1 ou como o próprio sim, presentes situações que afastem a tipicidade, a ilicitutie ou a
interesse de agir na seara penal32, parece-nos correto analisá-Ia de culpabilidade, inexiste a justa causa como condição para () exercicio
forma avulsa, como uma condição atttônoma da ação penal. Segundo - pena l1'i
d a açao '-.
Pedro Henrique Demercian, a nova redaç~ dada ao art. 395 do Códi- A importância da sua análise como condição da ação é funda-
go de Processo Penal, pela Lei 11.719/08, demonstra a opção legislativa mental. O início da persecução penal em juizo sem uma causa justa im-
pela autonomia da justa causa como condição da açã03) porta em t1agrante abuso na acusação, já que submete alguém ao sofri-
mento de um processo criminal sem um substrato mínimo de conteúdo
17 Neste ponto parece residir a diferença entre os entendimentos de Aury Lopes lunior e para tanto.
Jacinto Nelson de Miranda Coutinho. A primeira condição da açào sugerida por Lopes
Junior prálica de/aIO aparel/lemell/e crimÍllO.wJ1'1é mais ampla do que a lipicidade São válidas as palavras de Waltcr Nuncs da Silva Junior:
aparenle sugerida por Coutinho, uma vez que n~o se limita à análise da tipicidade.
analisando igualmente as causas de exclusão de Ihcltude.
A imporlância da anúlise da justa causa como condiçav da açilo, de
1K STASIAK. Vladimir. As condições da ação penal: perspectiva crítica. Porto Alegre:
Séroio Antônio Fabris. 2004. p. 193.
maneira (/ ahortar a existência dI' um processo temerário. com conse-
19 Cit:mJo um breve artigo Ik Carncllllli. "('cl7cremo/a". AUlY Lllpes Junior infornla que
qiiellle comproml'timento desnecessário da imagem e da tranquili-dade
o processo penal. como a Cin,krcla. sempre foi preterido em relação à sua irmã pro- dI' uma pl'ssoa, rel'l'la o acato do dcvido destaque que IhefiJi conferido
cesso civil telldo de se cOlllclllar ,'111 utilizar as roupas velhas daquela. MaiS do que na !ei. como ./imna dI' rccomendar ao juiz, no momento da jeitura do
vestirllclltas usadas. lTam \,,'sl,'s produJ'idas para sua irmã (não para ela). LOPES JU- exame da peti(Jio inicia!. e.I/Jf:cia!atençào a esse aspecto]ú.
NIOR. Aury. Uirt'iICl prut·('ssuall'enal ...• cit .. p. 33
10 STi\SIi\ K.-\-'ladilnir. As rOluJj,·t"u.~s da ução penal .... cit .. p. 356.
11 Nt J('('1. (illilhl'llul' d,' Sou/a l\1:ltIual de processo penal e execução penal. 5. ed. 34 LOPES JUNIOR. I\Ury. Direito prucessual penal..., cil., p. 364.
Sólo I'alll<. R,'vlsla dos Trlhullals. :!()(JX. p. 195. 35 CÂMARA, Luiz Antonio. Prefúcio. /1/. STASIAK. Vladimir. As condições da ação
I.'111INI'IM, hli"'oll MOUV"lIol ('urso de processo penal. 4. ed. São Paulo: Saraiva. penal: perspectiva critica. POMoAkgn:: Sérgio Antônio Fabris. 2004. p. 20.
.'009 p. I ~ll 36 SILVA JUNIOR, \Valter NIII1"Sda. I~l'furlllll '''pica do processo penal: il10vações
" I1I MII(( 1,\N, I','dlo 11"1111'1111' O regime jurídico do Ministério Público no pro- aos procedimentos ordin~'lIio l' slllll;irio. l'Ol\l o 110\'0 regime das provas e principais
,',·\\U 1"'lUd S.I" "'lU I•• Vnhalllll, 2009. p. 94. modificações do Júri. Rio ,h: .laI1'·lro. R"UIl\;I1, 200'). p. XX.
o jurista italiano e professor de direito penal E:onômic? .Vincen-
Musacchio, ao analisar a questão, esclarece as razoes da dificuldade
é a própria natureza do processo penal que leva à necessidade de dell1ol1\- "pontada:
trar li pla/lsihilidade do direito invocado, para evitar a lide temerária. ()
processo criminal represeI/ta, por si só, um dos maiores dramas para (/ En el amhito de Ia responsohifidad penal, se prodllcen prohlemas im-
pessoa humana; exige I/m sacrifício ingente dos direitos da persunalidade, portantes para Ia determinoción de Ia responsohilidad indil'idllai I'IIU/I-
e.~polialldo o indivíduo da intimidade e, .frequentemente, da dignidade du 1'1defito es cometido ell el contexto de una empresa por ias SI,!!,I/H'II-
mesma. Por isso é que UIl1mínimo de '~fillno de hom direito" há de exigir- tes características deI comportamiento: delegacÍfifl de lillll'Íollt'." tlil'i
se, para que se leve adiante o processo, at~;a solução da IideJ7. sión deI trahajo, cOl11plejización de los nexos ctll/wles, I,fllroli"tl./,i,·
,\'l!jeitos intervinientes, lodo es/o prodllce, en defll/i/il'o. 11110t!iWt'I'lclOlI
entre quienes actLÍan y qllienes re.\jJIl/1dcl1 penallllclI/c', 1'1I.ft,'11tI,'. I,', o,',
e/ peso de Ia respo/lSa!>iiidad 1'1/ /a jerarquia dc /11 or.'.!,IIIIC'll'/tI" (/I'\
ponsabi/idad dei titular de fa emprfiw) o ('1/ Ia !Jose de /0 11I1\/1111 (1,'1
A problematização ora apresentada pode ser analisada sob a ponsabilidad de los representantes) .
ótica do direito penal e aos olhos do processo penal. Neste estudo, o
limite será a análise processual, inexistindo qualquer pretensão de A dificuldade é tamanha que há aqueles que -- lal como Ol'llITl' l'tll
abordar aspectos de direito material, como a autoria e a participação relação aos crimes ambicntais (Lei 9 .605í98) - sustc.ntam a rn.:sihitid;~dl'
nos crimes eeonômieosJx. de responsabilização da pessoa jurídica no caso de cnmes economlcos .
De qualquer modo, a origem do problema é a mesma: a dificul- O obstáculo apontado - somado à expansão, repressào e con-
dade na identificação da autoria nos crimes ecollômicosJ9. Corno é sabi- trole do direito penal econômi.co - ~ermitiu que, ,no~ últim,o~ anos,
do, tais modalidades delitivas são, em sua esmagadora maioria, cometidas iniciasse uma prática que persIste ate hOJc: a dcnuncla gcnenca nos
no âmbito de uma pessoa jurídica. E a própria estrutura organizacional, a delitos societários.
descentralização na tomada de decisões ~ a divisão de funções entre os A problemática da questão é resumida na lição de Renato Martins
integrantes da soeiedade impedem uma fáeil definição dos autores dos
delitos cometidos no seio de uma empresa. .
De fato, "(. ..) Ia empresa aetual supone una estruetura que, con
arreglo a Ias características de su organi::aciólI, conllel'o dificulta/es a Ia presario. Buenos Aires: B. de •... Editorial, 2010, p. 827. Tra?ução li\Te: "(. ..) a em-
hora de Ia determinaeiún de Ias re.\jwllsahílídades, justamente a ellenta presa alual SllpÕClima esll'lllura que. em ra::iio das caraclens!lc(/s de sua orga~lI::a-
-I I . J' ,,-10
aI' anonlfna/o aI' SIlS II1tegrantes . çào, dificlllta elllando da r/etel'lnína('âo de respOlI.lahtlltlades. juSlomenle em ra::ao do
anonimalo de seus integrantes". .
41 MUSACCHIO, Vincenzo. Derecho penal eeonomico. eriminalidad organizada y
37 GRINOVER, A. P. As condições da ação penal..., cit., p. 127. Não obstante o correto Union Europea. Re\'ista Brasileira de Ciências criminais, v. 60, p. 221. Tradução
posieionamento da ilustre professora 4uanto à necessidade de indícios mínimos para a livn:: "No âmhi/o da re"jJonsohilidode penal. existem prohlemas relcl'em/es para a de-
pcrsecução penal, a utilizaçào dc tl'nnos como "lidc" c "fumo de bom direito" remon- /erminaçiio da responsahilidade indÍl'iduol quando o delito é camc1ido no c~ntexto de
tam à visão do processo civil. môo peta qual tais refcrenciais devem ser afastados da lima empresa pc/as seguintes coracleríslicas de comportamento:. delegaçao de ./un-
seara penal, e substituídos por aç<ioJwnal e justa causa, respectivamente. çàes, dÍl'isiio do tl'llhall1o. complexidade das nexos cause.J/s.plur~lidade de sUJellos m-
3X Sobre o assunto. é esclarccl.'dora a II\ào dl~Cartos GÓlnez-Jara Diéz. ResponsabiJidad ten'enienles. I1Ido isso produ::. d.'linilil'amel11e, uma dlssocwçao entre qllem atlla e
penal de Ios direetivos de ell1prl'sa l'll \'irtlld de su dominio de Ia organización'l AIgunas qllem responde penalmellle, podoulo recair o peso da responsahilidade na hierarqUia
consideraciones eriticas. Re\'j\ta nnl\ileira de Ciências criminais, v. 68, p. 141-181. A da organi::açiio (resptJl1.whilidClCkdo lilulor da em/llYw) 011 na Iwse da mesma Ires-
4uestão da autoria nos ernllC' l'l'Oillllllil'OSé igualmcnte objeto de análise em inúmeros
artigos de recentissima ohra dl'l!llllllna,la Uerecho Penal Empresario, coordenada por pO/1Sahilidade dos reprcsetll.lll1n·" ."
Mario H. Laporta e NíClll;i, 1>.tblillll'l (BUCIlOSAires: B. de F. Editorial. 2010). 42 PEREIRA. Flavia Ciolllart. (), nilll\." 1'l'lIIlCllllieosna soclcdade de riSco. ReVista
39 FRANCO, Albcr!o Silva. (ilohatl/a\·.ill e criminalidadc dos podcrosos. Revista Brasi- Brasileira de Ciências crimin;li,. \ ~ I. p. tO:'·1 J I e CALDAS. Luís Filipe. Territó-
leira de Ciências crimill'li" \ \ I, li I02-13ó. rio e espaço cm direito penal L'COII"I11Il'ONllVO' lcma, c ~o\'~)s aZl.mutcs. In: FARIA
COSTA. José de (C\lord.). Tema, 11"lIin'itu p"IIHI "CUllomlCO. Cllunbra: COImbra.
40 CICCIARO. Jllan Fstd';1II t l·~'ltl!l!al'iúl! pasiva en Ia persona juridiea!: de Ia dogmá-
tiea ai procesl1 pcn;d. 11/ t\l'( 11<1.'\, Mario H. el a/ii (Coorels.). Derecho Penal Em- 2005 p. ó5-145.
De U11/lado, predomina a preocupaçào com a pllnihilidade dos cri- (I/lese verijica -- Fiade regra - quando houver participay'âo di/i/sa ou mlll-
mes praticados na intimidade das empresas, CO/1/a repressão à ('ri- tili.íria.Nesse caso. neio elucidando a peça injimnativa a participaçeio de
minalidade econômica: de outro, verijica-se uma prf!ocupaçâo l/1(/is cada um no crime cO/1/etidoe niio logrando ela. com o pedido de diligên-
acentuada COI/1 a efictÍcia das garantias constitucionais. elll especial cias. ostentar o devido esc!arecimellfo. olltra solllção não há senào admitir
C011/os princípios da ampla delesa. do contraditório e do devido o ojerecimento da exordial CO/1/impllta\'iio genérica. Isso porque a açào
processo legar3. . penal não deve .ficar pre;lIdicada. no aguardo do cumprimenta do lapso
prescricional, pela impossibWdade de elucidaçào da atllaçào de cada par-
ticipe. Nâo cahe exigir. de outra parte. proceda o representallte do !IfillÍs/(;-
A questão não é simples, já que a própria expressão "denúncia rio Público confimne lhe ~ impossível (ad imp(}.~sibilial1emo te1letlll'/ 011
genérica" é abstrata e de dil1cil conceituação, como observa Andreas que, para lima deseriçiio da .forma pela qual despontou (/ CI)-(IlI!ori" "11
cumplicidade, dê asas à imaginaçào. em detrimellto de seu prcsl~l.!.io(' ('111
Eiscle quando diz que "o conceito de imputação genérica. Oli a adjetiva-
.fi-clllcodivórcio - porjàlta de lastro injórmativo - com os C!c'III/'lIlm1'tI1'I/'li
çào de seu instrumento (denúncia), pertence à categoria designada como dos na peça em qlle apóia slIa delllíncitt6
conceitosjurídicus vagos,,44.
De qualquer sorte, é possível elenear, com base na doutrina e na
jurisprudência, quatro posicionamentos a respeito do tema.
Este entendimento foi predominante no Superior Trihullallk
e no Supremo Tribunal Federal4x na década de 90. A parlir 110 ;ltlO
UÇIl'17
,"t~
2tlOO houve uma diminuição desta tendência, existindo Ilolícia de poucos
Julgados admitindo, de fonna absoluta, a denúncia genérica nos mHles
4lJ
*4x:ietários •
A primeira corrente entende ser perfeitamente possível a de- Por todos, vale referir o Recurso em Haheas Corpus 2862/SC
núncia genérica nos crimes societários. Segundo este entendimento, em (ReI. Min, Pedro Acioli), segundo o qual,
razão da já apontada dificuldade de individualizar as condutas de sócios
de pessoas jurídicas, não pode existir limitação da acusação, já que cabe- Nestes crimes, não é sempre que o Alinis({'rio PlÍhlico dispàe, no Ii-
ria à instrução criminal em juízo a análise detalhada das circunstâncias do miar da a~'âo penal, de elementos prohatórios (/1Ie lhe permitam dis-
crime, Para esta orientação, posicionamento contrário violaria flagrante- criminar a parricifl(/~'iio qlle cado sócio lel'e no delilo sl/cierÚrio.
mente o princípio da obrigatoriedade. --:
•. Nem por isso estará impedido de oti'recer denlÍncia contra todos os
Em consonância com tal postura, vale a advertência de Jorge responsáveis pelajirma. Constitui condição impossível de sa exig i-
Sampaio, ex-presidente de Portugal, em colóquio realizado na Faculdade
de Direito de Coimbra, em 1999, quanto ao "... prohlema de el'itar que I. PEDROSO. Fernandu de Almeida. Processo Penal. O direito de defesa: repercussão,
garantias processuais inadeLIlIudus redundem. na prática, em meros me- amplitude e limites. 3. ed. São Paulo: Revista dos Trihunais, 200 I. p. 12R.
canismos de salvaguarda dos mais ricos. dos mais poderosos ou dos mais i1 Veja-se, por exemplo: RlfC 90úíRJ (Rei. Min. João Cândido, DJU 18.02.1991); RHC
háheis em eles/avor da rea!i:arclo c!a justiça e,""consequememente, dos 1961/RJ (ReI. Min. Adhemar Maeiel. RSTJ 42iX4); RI/C 2862iSC (ReI. Min. Pedro
Aeioli, RSTJ 65/157); RflC 3.129/SP (ReI. l\1in. Anselmo Santiago, RSTJ (31103);
direitosjíll7e1amcfltais ele olltms cic!adcJos,,45.
RHC 4.117/SP (ReI. Min Edson Vidigal. DJU 06.02.1995); RHC 4251/SP (ReI. Min.
Fcrnando de Almeida Pl:droso, neste ponto, é enfático ao dispor: Jesus Costa Lima, D.lU OÚ03.1995); RHC 4.828iSP. (ReI. Min. Cid Flaquer SC<lrIO-
zini, DJU 09.10.1995): RHC 5.701/RS (ReI. Min. Fernando Gonçalves, DJU
03.03.1997); HC 4.72I!RJ (Rd. Min. William Patterson, DJU 28.04.1997): RHC
NII /'m/II/tll, /I{'/II \l'1I//I/'(' d/'VI(II/tapossível conhecer. desde logo, na aher- 6.889/SP (ReI. Min. Ansdmo Santiago, DJU IlJ 1219(7) e RHC fd77iSP (ReI. \1in.
tlll'il dll (/\";11 1'/'1/111, (/11111//\,1/0 especílica de cada co-autor ou partícípe, o Cid Flaquer Scarlczzini. DJl' I 'iOlJ.199X).
,1M Contlra-se. exempliticativ<lmenle. o IIC' 73.4 IlJíRJ (Rei. Min. limar Galvão, DJU
Ii PN i\ II ", 1(~·f1••hl
fv1utlfll' ,,\(Ou\a-:àu 2cnérica em crimes societários. Belo Horizon- 26.04.1996) c o flC 73.903;1'(.' (Rl" Min. Fram:isl'll Rezek, DJU 25.04.1997).
Il' 11"1 Il.'\. /11011 I' S" ~~ No STJ: HC 12666íPE (Rei. Mill. "amihon ('arvalhido, DJU 25.06.2(01); IlC
11 1'I~f-11 \Itlltl'il~. l\ dt~lnllh'I.1~~ncrica e os crinles contra a ordem tributária. Boletinl 3 I 294!PR (ReI. \lin. "amilton (·arl'alllldo. D.lt J 09.10.2006); HC 27225íSC (Rei.
{lu IU\III1I111 "1'11'11&'11'0 dt' ('i~m'ias Criminais, n. 7X. São Paulo: maioil999. Min. Paulo Gallotti. D.ll 1-l.OX:Of)t.) No STI'· 11(' RIX28/RS (ReI. Min. Morcira
1- \i\~II' \1. J, Jt'Il{" «) I)Ul;llp lO ti Jusliça. In: FAR1A COSTA. José de (Coord.). Pers- Alves, j. em 10.09.2002 ); I f(' X.:'..'·lhltl (Hl'l ~Iin. Fllen Gracie. j. em 15.10.20(2);
I"'''"'u li••dlr!'lI11 nlllllldo do século XXI. Coimbra: Coimbra. 1999. p. 190. HC 8629~íSP (Rei. \1in. (iilnl:n !\l"lltb. 1l'ln 27 Oll.200'i).
da o pIeI/o (,ol/h, '<'III/l 'I/lo tias deliheraç'ôes tomadas na privacidade É de se criticar a duvidosa expressão "mais ou menos genérica",
dos órgãos de adll/illl.\·lr(/~'Úo. que conduz à insegurança jurídica inviável em sede de defesa das garantias
fundamentais. Daí por que Adauto Suannes assevera:
Tem-se, assim, que este primeiro enfoque privilegia a atuação esta-
tal para a reprimenda dos crimes econômicos, deixando em segundo plano Se a Constituição Federal assegura aos acusados o direito a uma (kfe-
a preocupação processual e a obediência aos brocardos da ampla de./esa e sa ampla, como entender que isso seja ladeado com a utilização de evi-
do contraditório. Com tal orientação, é possivcl vislumbrar a ocorrência de dentes sofismas? De fi1to, ou algo é amplo ou é restrito. Uma mesa é
uma ação penal desprovida de justa callsa, eis que é possível uma ação larga ou é estreita. O contrário de mesa larga nào é, até onde o bom
penal contra alguém pelo simples fato de compor o quadro socictário de senso permite afirmar, mesa inexistcnte. Logo, () contrário de defesa
ampla é delesa restrita, reduzida, parca, escassa. Se a Constituü;ào Fe-
uma empresa, ainda que inexistam indícios mínimos de autoria e material i-
deral exige que a defesa seja ampla, pena de nulidade, tem-se que- a
dade de um erime ocorrido no interior da pessoa jurídica.
menos que se revoguem os dicionários - uma defesa escassa, parca, re-
duzida, restrita, deverá levar à nulidade do processo~3.
20.03.200h): RHC 19.219/R.J (ReI. pi aeórdào Min. Arnaldo [steves Lima. DJll
~o STJ· REsp. 236.548iRJ Rei. Min. Gilson Dipp DJU 04.12.2000. Ih.06.100R); HC 65.46.tPR (RL'I". Min". Maria Thereza de Assis Moura. DJU
,I IlC 1l.831/MG (ReI. Min. Gilson Dipp, DJU II.OLJ.20()()); ({!:sp. 236.548/RJ 25.05.2(09); RHC 15.277/1\(' (Rei Min. Laurila Vazo dju OR.II.2004); HC
(ReI. :Ylin. Gilson Dipp, DJU 04.12.2000); flC 15X52!I{S (RL'1. Min. Edson Vi- 27215iSC {ReI. Min. Paulo (ialllltti, D.JU 14.0H.20(6); HC 65463/PR (Rcl". Mina.
diga I, DJU 13.08.2001); RHC 11611/SP (ReI. Min. Femando Cionl,:alves, DJU Maria Thereza de Assis Moma. DJI : ]5.05.2(09).
04.02.2002); HC 22587/CE {ReI. Min. Gilson Dipp. ()J1 J .1().OX.2004); REsp. 52 HC 92.246/DF {ReI. Min. ('arlos Ilritlll, j. em 11.11.20(8) e Inq. 2584 (ReI. Min.
412886!RS, (ReI. Min. Laurila Vazo DJU 15.09.20(3); !I(',lI1125/SP (ReI. Min. Cartos Brino. j. em 07.05.,O()l)I.
José Arnaldo da Fonseca. dju 12.0420(4); HC 332~]MS (Rl'l. Min. Paulo 53 SUI\NNES, Adauto. Os rUlldallll'lIlllS C:'lklls dll dcv'idll processo legal. 2. ed. São
Ciallo11i. DJU :W.09.2004l: RHC Ih.I73!SP (Rd 1\111\ I amita Vaz, DJU Paulo: Revista dos Trihull;IIS. ~OO·I I' t'l?
genérica. Para ele, se a peça acusatória imputa-se a todos os SOCIOS o A prevalecer cste entendimento, ter-se-ia duas situações distintas:
mesmo fato delituoso, ter-se-ia uma denúncia geral e, portanto, válida, já a primeira, entendendo como válida uma denúncia por sonegação fiscal,
que é claro o fàto de que se defende o acusado. Será genérica - e, portan- por exemplo, contra todos os sócios de determinada empresa, que não reco-
to, inepta - quando vários sào os fatos típicos c sócios da pessoa jurídica, lheu tributos em dctenninado período. A segunda, entendendo como inepta
sem se esclarecer qual a conduta de cada um. a peça acusatória, quando todos os sócios fossem denunciados pela mencio-
Confira-se: nada sonegação, bem como pela falsificação de um documento contábil, a
qual, com potencial idade lesiva autônoma, facilitou o crime tributário.
[. ..} quando o órgão da acusação imputa a todos, indistintamente, o Não obstante o esforço doutrinário da referida distinção, o pro-
mesmo falO delituoso, independentemente das funções exercidas por blema persiste. Em verdade, tal concepção não destoa, na essência, do
eles na empresa ou sociedade (e, assim, o poder de gerenciamento ou
de decisão sobre a matéria), a hipótese nelo será nunca de inépcia da
primeiro posicionamento referido, eis que delega para a fase instrutória a
inicial, desde que seja certo e induvidoso o .fáto a eles atrihuido. A verificação da autoria. Ncste sentido, ainda que se adote a distinçào teóri-
questão relativa à eletiva comprovação de terem etes agido da mesma ca sugeri da - entre denúncia geral e denúncia genérica - o ideal seria que
maneira é, como logo se percehe, matéria de prova, e não pressuposto ambas fossem consideradas ineptas eis que, igualmente, carecedoras de
de desenvolvimento válido e regular do processo. [. ..} A hipátese não justa causa.
seria de acusação genérica, mas geral. Acaso seja provado que um ou
outro jamais teriam exercido ljualql/er./illll,:ão de gerência ou adminis-
tração na sociedade, 01/ ljl/e cumpriam./ill1çúo sem qualquer poder de-
cisório, a solução será de ahsolviç'ôo, mas nunca de inépcia (. .. !Ques-
tão diversa poderá ocorrer lJl/ando a aCll.wçL1o,depois de narrar a exis-
Por todo o exposto, afigura-se correto o quarto posiciona-
tência de vários fátos típicos, ou mesmo de Fárias condlltas ljue contri-
huam 011 estão ahrangidas pelo núcleo de U/llIÍnico tipo penal, imputâ- mento, que conduz à absoluta impossibilidade de acusação genérica
Ias, genericamente, a lodos os integrantes da sociedade, sem que se nos delitos econômicos. Segundo essa orientação, tal modalidade de
possa saber, eletivamente, ljuem teria,agido de lal 01/ qllal maneira (...) denúncia importa em violação de princípios constitucionais e do di s-
A hipótese seria de inépcia da inicial, por alfsencia de especilicaçiio da posto no Pacto de San José da Costa Rica, já que nào ficam delimita-
medida da autoria Olf participação, por ítit'erleztl ljl/anto àrl'alizaç-iio dos os limites subjetivos das ações humanas. A individualização das
dos/átos'4
condutas deve sempre ocorrer, cahendo ú investigação preliminar efe-
Na jurisprudência, há julgados isolados - em ambos os tribunais tuar as diligências necessárias para tanto. Posicionamento contrário
superiores - entendendo ser essa a posição correta') e, na doutrina, este é importaria em inversão do ônus da prova no processo penal e violaria
igualmente o posicionamento de Mirabete: a garantia irrestrita da ampla dell:sa.
-n Assim, em primeiro lugar, ll'1ll-Sl' como equivocado o entendi-
Entretanto. pela prtJ/>ria natureza da conduta criminosa, cumo nos mento segundo o qual nào hú necessidade de individualização das condu-
crimes .wcietúrios, c/,, tll/toria coletiva ou mllltitl/dinários, mio se
tas pois caberá à instrução tal (areI:•. 1111/ ':I:'lvio Gomes adverte que
pode exigir ,/ue a dClllinria !li.H'rimine os atos específicos de cada
11m. lf(/\'cndo a c/,'scri\'úo única, mas homogenea, da condllta dos
agentes ({UI' ntill tenllalll praticado atos isolados e distintos, é de ser mio é possivel ("(J/II/)I'IISar tI,:/;,'1/ 11I1"',lligatríriocom t1 quebra de ga-
(I
recehit!a f', rantias fillldal11elltoil, / '.11"I1 \(' 1II\I',I~/llIn (/ eficácia do processo, nào
cmlstitl;i meio Fá/ic/o(/ 1//1'-/"" ti,' 1:./1.11/11/1,1 nel'/'mos sempre respeitar
o interesse púhlil"l' ri,' /'/1///\ ti" ,/,,' ,/..t,II'I. 11111.1IItl atividade persecutó-
ria mio é liciTOigllol'tI,.", 1,,,.tll/l,,,, ./" ",tll./l/o () ('(luilíhrio é impres-
'-I (li I\' 1'"11(\; I 'H~\~Il'O 1·,1\:1.'"111 d,,: ('urso de Processo Penal. 10. cd. Rio de Janeiro:
cindíve{'7.
I IIl1lm 11111'" ,'DO!; p I ~ I 1 ~·l,
~rocesso p{'lIal acusatório, Obrigação de o Ministério Público As acusações penais não se presumem provadas: O ônus da pro-
formular denúncia juridicamente apta. - O sistemu jurídico vi- va incumbe, exclusivamente, a quem acusa. - Nenhuma acusaçôu
g~n~e I~l:.Bra.,:" .. tel/c/o presente a natureza dialógica do processo penal penal se presume prol'ada. Não compete, ao réu, demonstrar a sua
al usatOllO,hlJfe Impregnado. em sua e,·tmtura formal, de caráter essencial- inocência. Cahe, ao contrário, ao Ministério Público. comprovar, de
m~nte demoatÍtico- impôe, ao A1inistério Púhlico, notadamente no deno- forma inequívoca. para além de qualquer dúvida razoável, a culpa-
mma.do "re'!tl~societario". a obrigação de expor, na denúncia. de maneiru bilidade do acusado. Já mio mais prevalece, em nosso sistema de di-
preCisa, o,bjetiVll~ individuafizuda, a participação de cadu acusado nu su- reito positivo. a regra, que, em dado momento histórico do processo
posta praticu de!Jtuosa. - O ordenamento positivo brasileiro - cujos jim- político brasileiro (Estado Novo). criou. para o réu, com a falta de
da!n.entos repousam, dentre outrus expressivos vetores condiciunantes da pudor que caracteriza os regimes autoritários, a obrigação de o
atividade de pers.ecução estatal, no postulado essenciul do direito penal da acusado provar a sua própria inocência (Dec. -lei 88, de 20.12.1 CJ37.
culpa e ?o.prmCiplO constitucional do "due proce.\·s o/law" (com todus os art. 20, n. 5). Precedentes. - Pora o acusado exercer, em plenitude.
l:Of~sect~nosque dele res!tftam) - repudia as impwaçi5es criminais genéri- a garantia do contraditório, torna-se indispensável (/lie o órgtlo da
U1S e n~o tolera, porque meptas. as acusaçôes que não individualizam nem
aCllsaçâo descreva, de l1lodo preciso, os elementos estruturais (es-
especificam, de maneira concreta, a conduta penal atribuída ao denuncia-
sentialia delicti) que cOI1l/Jl'"n!m
o tipo penal. sob pena de se deml-
do. Precedentes.
ver, ilegitimamente, ao réu, o ônus (que sobre ell! mio inciâd de
* provar que é inocente. - Em maléria de responsahilidade penal. ntlo
A pessoa sob investigação penal tem o direito de não ser acusada se registra. no l/1odelo constitucional brasileiro. qualquer possihili-
com base ~m denúnci~ inepta. _. A denúncia deve conter a exposição dade de o Judiciário, por simples presunçâo ou com jimdllmenl0 elll
do fato delituoso, descnto em toda a sua essêllcia e narrado com todas meras suspeitas, reconlre('('r a culpa do réu. Os princípios democrú-
C:S s~as circunstâncias/imdamentais. Essa narral,:ão, ainda que sucinta, ticos que injórmam o sistema juridico nacional repelem qualquer
If~poe-se ao acusador como exigência derÍl'ada do postulado constitll- ato eslatal que transgrida () dogma de que não hm'erá culpa penal
(:lOnalque,assegura, au. réu. o exercício, em plenitude, do direito de de-
por presllllçâo nem responsahilidade criminal por mera suspeita
j~sa. De~un~'i,! que delJ:a de estabelecer a necessária vinculação da
(Onduta lf~dH:ld~lGlde cada agente aos eventos delituosus qualifica-se
como demmcll/ mepta. Precedentes. . Finalmente, destaca-se que a necessidade de individualização
* das condutas nos crimes econômicos é defendida igualmente em ou-
D~litos contra o Sistema Fi?anceíro Na.cio~al: Peça acusatória que tros países, Os juristas uruguaios Raul Cervini e Gabriel Adriasola
nao descreve, quan!o aos dlreto~es d~:'mstltulção financeira, qual- IIdentram a problemática ora proposta c caminham para esta última
qu~r conduta .es~eclfica q~e o.s \'Incule, concretamente, aos eventos
d~htuosos. Inepcla da denunCia. -- A mera invocação da (,()l1diçâode
corrente, asseverando que, quanto aos crimes soeietários, "[. ..) son, a
diretor ou deadmll1istra~or de illStituiçãofinanceira, sem a correspOfl- l1uestro juicio, de aplicociáll los crilerios de imputacilÍn tradicionoles
d~flte e objetiva descrlçao de dett'l'mll1ado comportamento típico que o dei Derecl10 penal, ya que como hemos expressado 1'1Derecho penal,
Vincule. concretamente, à prática criminosa. não constitui/àtor suficiente alln en estas cirClll1sfoncias de especial so/isficación, no puede sacri-
t1P~(~a legltl1~l~ratormulw;âo de aCl!s~lÇ.ã~ estatal ou a autorizar a pro- ficar Sl/S paradigmas sllstantil'os l' adjetivos clásicos por meras dili-
lal,ao. de deo eto JudiCIal condenalor/(). 0 A circunstânl'ia ohjetiva de
c:lgl~en!~lerl!ment~ exerc('/' cargo de direção ou de administração el1l eullades probafarias "r.".
mstitlllçao /lIlancelra 11110 sc /'('I'clo suficiente, só por si, para autorizar Tem-se, assim, que a busca pcla necessária justa callsa para a
qualquer preslll1('ão de culpa (int'xisleHte em nosso sistema jttrídico- ação penal nos crimes econômicos encontra guarida e segurança neste
-penal) e, men.0s ainda, pal'Cljusti/icur, como efeito derivado dessa par- último modelo apresentado. alin:n;ado cm princípios e garantias constitu-
tl~~ular9ualificaçao jormal, a mrrespondente persecuçôo criminal. --
Na~).eXiste, n~1ordenllllwnto positil'O brasileiro, ainda que se trate de
cionais, que repelem dcnúncias gcnl:rÍl:as a qualquer título e em todos os
praticas conflgurodoras d•. I//ocl"lldelinquência ou caracterizadoras de casos de persecução penal Clll.iuím
delinquência econ(;lIIiol. a po.uihilidade constitucional de incidência
da responsabfli~(Jde /h'l/li/ ohjctil'a. Prevalece, sempre. em sede crimi- h" CERVINI. Rau!; ADR IAS( li :\ (,;lhll\'1 1-:1th'n'dlll Ill'nal de Ia empresa desde una
nal. COl~I~) pr/llClplO dOl/llnoli/(' do sistema normativo, o dogma da res- visión garantista. Montl'\Hk" 1111",('''.aI I ;lIfa. ~I)()~.p. jjO. Tradução livre: "S<1o.
f.!0nsabJ!{(.Iade(,()III nJ!llo (lIII/lIInr crinren sine culpa), ahsolutamente em nossa opiniiio. de 0/'/'111\·';" 'li , ,,1.·"'" 11""" '''1ft/i, c/ti ÍlIII"lloçiio do direi/o pe-
ll1compatll'el com a \'('/l/,/ "ol/l'el1ção medieval do versar; in re i1/icita nal. jú 411e ('O/riO nt.Ís /<'1110\ (I 1"/"1-\\111/ ••. " I 'u.'II" 1'1'1101, "/(~,\·"'() nesfu'i circunstân-
banida do domínio do tlin'lto penal da clilpa. Precedentes. ' cias de sojislicoçiio ".'1",.·j,,/ """/,,,,/,. \.1.111".11 ,.'11' /,tll',,,ligmas suhslanlivos (' ad-
* jelivos clássicos por menl' .!'/1, /1/.1"./. \ 1""/','1." ,.,,"
Crimes Contra a Ordem Econômica
o cotidiano forense tem demonstrado que algumas denúncias, regular o bom andamento do processo' .
sobretudo quando se trata de criminalidade econômica, desprezam não Não se trata, em hipótese alguma, de defender a impunidade ou
apenas o elemento subjetivo da culpabilidade, mas igualmente, questões dificultar a ação estatal relativamente aos delitos econômicos. Trata-se,
objetivas, tais como a individualização das condutas a fim de se definir a sim, de erigir direitos e garantias fundamentais a patamares intocáveis por
participação material do acusado na prática delitiva 70. construções eficientistas e de ocasião. Com efeito,
Os defensores desta prática arvoram-se em argumentos que pas-
muitos incorrem no equívoco de supor que o approach garantista
sam desde a impossibilidade fática de se individualizar condutas nos cri- expressa unia opçâo pela impunidade. Em I't:rdade. o garantismo penal
mes cometidos no seio das pcssoas jurídicas, até a necessária reprimenda exige que o jus puniendi se e/di\'(' ohedientemente ao devido processo
penal relativamente à macrocriminalidade, que não pode ficar sem a ime- lega! e a todos os princípios (,ollstifl/cionais e legais dele decorrentes,
diata resposta estatal. Para tanto, sugerem uma vcrdadeira inversão pro- que veiculam os valores limdamentais do Estado Democrático de Dirt:Í-
4
cessual, delegando para a instrução em juizo a verificação de participação to. nomeadamente. o da dignidade da pessoa humana. Nada l1/ai/ .
dos denunciados.
Trata-se de grave equívoco. Ao assim proceder, o Ministério Com tal orientação, certamente inexistirão processos tais como
Público olvida o necessário preenchimento da justa causa, condição da Kafka imaginou, e Jose!" K. nào será nada além de um personagem da
ação penal de inegável importância e indispensável para a persecução obra de um maiores escritores que o mundo já conheceu.
penal em juizo. Suprime, outrossim, dos acusados, o seu direito inques-
tionável à ampla defesa, abalando inclusive a sua dignidade, amparada
constitucionalmente.
A submissão de alguém às agruras de um processo penal não po-
BINDER, A. M. O descumprimento das formas processuais - Eleml'nlus para
de ser banalizada ou operada sem quaisquer baJTeiras,inclusive processuais. uma crítica da teoria unitária das nulidades no processo penal. RIO de .tanl·1I0:
A pura e simples estigmatização de alguélR::como réu já acarreta inco- Lumen Juris, 2003.
mensuráveis prejuízos a quem quer que seja. Com efeito, BONFIM, E. M. Curso de processo penal. 4. ed. São Paulo: Saraiva. 200<).
BOSCHI, J. A. P. Ação Penal. 3. ed. Rio de Janeiro: AIDE. 2002 .
. O devido prucesso legal: escudu de proteção 00 acusado e a prhis pletonana.
o atual panorama constitucional, que assenta-se //(/ dignidade da pes- Revista Brasileira de Ciências criminais, v. Si(
soa humana e na conseetária presunçào de inocência. mio se pode olvi- CALDAS, L. F. Territóriu e espaço em dircilo pClwl econômico -- Novos lemas e
dar que o recehimento de uma denúnci(l carreia para o acusado diver- novos azill1utcs. 11/: FARIA COSTA, José de (Coord.). Temas de direito penal
sas conseqüências, como. l'.g .. a estigmaMaçào social e juridica e o so- econômico. Coimbíd: Cuimbra Edilora, 2005.
ji-imento psíquico. (J constrangimento inerente à .I'ulJ/lliss·àoao exercício CALLEGARI, A. L. Direito penal Econômico e lavagem de dinheiro: aspectos
do poder e.\~~tal, o tormento da incerteza e as limitw,.ôes profissionais ----:---eriminológicos. Porto Alegre: Livraria do Advugado, 2003.
decorrentes . CÂMARA, Luiz Antonio. Prefácio. In: STASIAK. Vladimir. As condições da ação
penal: perspcdiva crítica. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris, 2004.
Na tensão entre eficiência e garantias do processo penal, correto
está o posicionamento segundo o qual, a verdadeira eficiência é aquela 72 GOMES, Mariângelü Gama de Magalhães. Devido processo legal e direito ao proce-
que também engloba o reconhecimento e a observância das garantias dimenlo adequado. Revista Brasileira de Ciências criminais, v. 55. p. 293-3 13.
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