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Processo Legislativo

Regimental

Aula 2
Ritos Legislativos
na Câmara
Professor Senado Federal
Luciano Henrique da Silva Oliveira Complexo Arquitetônico do Senado
Consultor Legislativo do Senado Federal Federal, Via N2. Bloco de apoio nº 12.
CEP | 70165-900
Ajuste / Descrição
Cláudio Cunha de Oliveira
Júnia Cláudia Gondim Melo

Desenho Editorial (PDF)


Vinicius Soares Motinha Instituto Legislativo Brasileiro
Plataforma de Ensino a Distância Saberes
Videoaulas
Equipe Programa Saber Jurídico

Produção
Tv Justiça
TV Justiça
Saber Direito

Distribuição:
saberes.senado.leg.br
[...] Música

No Saber Direito desta semana, vamos aprender sobre


Processo Legislativo, Ritos Regimentais na Câmara e no
Senado, medidas provisórias e muito mais.
As aulas são com o professor Luciano Oliveira.

Olá meu nome é Luciano Oliveira. Essa é nossa segunda


aula do Saber Direito do Curso de Processo Legislativo Re-
gimental.

No primeiro encontro nós vimos as regras básicas do proces-


so legislativo constitucional. E agora nós vamos falar sobre
o processo legislativo, segundo o regimento da Câmara dos
Deputados

Vamos ver os principais ritos regimentais que são utilizados


nesta casa, começando com o rito ordinário ou comum. O
rito ordinário, comum é utilizado na Câmara dos Deputados
para aqueles projetos que precisam passar por uma fase de
comissões. E após isso, eles são deliberadas pelo plenário
da casa, que é composto de todos os deputados reunidos.

Quais são as matérias que tramitam no rito ordinário? Basica-


mente são os projetos de autoria, de autores extra parlamen-
tares, de outros poderes, dos tribunais do Poder Judiciário,
do Poder Executivo, Tribunal de Contas da União, Procura-
dor Geral da República. Também os projetos de autoria de
comissão e os projetos de lei complementar que, devido à
constituição, eles precisam passar pelo plenário para receber
votação da maioria absoluta.

Já os projetos de autoria de deputado, de autoria individual


de deputados, projetos de lei ordinária de autoria individual
do deputado, eles tramitam no rito chamado conclusivo.
Rito abreviado que não passa pelo plenário que nós vamos

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ver após tratarmos do rito ordinário.

E quais são as regras do rito ordinário?


O rito ordinário então ele faz com que o projeto passe por
uma fase de comissões antes de ir à deliberação do plenário.
Essas comissões seguem uma regra específica prevista no re-
gimento interno da Câmara dos Deputados. Inicialmente, o
projeto é analisado por uma ou mais comissões de mérito,
que são aquelas comissões que analisam o conteúdo do as-
sunto. Neste momento os deputados analisam a conveniência
política, a validade política dessa desse projeto, dessa matéria
para a sociedade. Então eles avaliam o conteúdo: se aquilo é
conveniente e oportuno, se é interessante para a sociedade.

A Câmara dos Deputados possui diversas comissões de mé-


rito: a Comissão de Meio Ambiente, Comissão de Agricultura,
de Economia, de Defesa do Consumidor, Comissão de Viação
e Transportes. Conforme o tema que é tratado no projeto, o
presidente despacha o projeto recém chegado à casa, recém
apresentado à casa a uma ou mais comissões de mérito. En-
tão, por exemplo, um projeto que trate de aproveitamento
econômico de florestas numa região onde tem também uma
população indígena, por exemplo, ele pode ser distribuído
na Comissão de Meio Ambiente, a Comissão de Economia,
a Comissão de Direitos Humanos para verificar os direitos
dessas minorias desses indígenas.

Depois das comissões de mérito, o projeto deve passar pelas


chamadas comissões de admissibilidade, que são aquelas
que verificam se o projeto está compatível com a Constitui-
ção e se está de acordo com as regras de finanças públicas.

Após a análise das comissões de mérito, que podem ser uma


duas ou três, então o projeto vai para a chamada Comissão
de Finanças e Tributação, que analisa a admissibilidade do
ponto de vista orçamentário e financeiro: a adequação or-

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çamentária e financeira do projeto. Se ele não controlaria
nenhuma regra de finanças públicas, não contraria a lei de
responsabilidade fiscal, não contraria a compatibilidade, a
previsão de despesas e receitas. E finalmente a última co-
missão a analisar o projeto é a Comissão de Constituição e
Justiça.

Na Comissão de Constituição e Justiça, o projeto recebe uma


análise quanto à constitucionalidade: isto é, se ele está com-
patível com a nossa constituição federal porque nenhuma lei
pode contrariar a constituição. Além disso, a Comissão de
Constituição e Justiça chamada de CCJ, ela analisa também
a regimentalidade do projeto. Se ele está de acordo com as
regras regimentais; a juridicidade, se o projeto não contraria
mais um princípio jurídico, alguma outra regra do direito. E
ainda as questões de técnica legislativa para saber se o pro-
jeto está redigido de acordo com o que mandam as normas
de redação e técnica legislativa.

Então basicamente esse é o trajeto no rito ordinário. Comis-


sões de mérito, Comissão de Finanças e Tributação e final-
mente a Comissão de Constituição e Justiça. Encerrada essa
fase de comissões, o projeto instruído com pareceres de cada
uma dessas comissões, que são comissões opinativos, elas
opinam se o projeto deve ser aprovado ou rejeitado e se
deve ser aprovado com ou sem emendas, então a matéria é
remetida ao plenário onde todos os deputados podem então
discutir e votar o projeto.

Se o projeto é aprovado pelo plenário, ele segue o seu des-


tino para a outra casa. Digamos que o projeto se iniciou na
Câmara dos Deputados como casa iniciadora. Aprovado pela
Câmara pelo plenário, ele vai então à revisão do Senado Fe-
deral. Porém se foi um projeto que começou no Senado fede-
ral, por exemplo, de autoria de um senador, ele chega agora
à Câmara, passa pelas comissões e pelo plenário da Câmara.

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Se aprovado na íntegra, pode ir diretamente à sanção do pre-
sidente da república. Se emendado pela Câmara, na condição
de casa revisora, ele retorna ao Senado para análise dessas
emendas, como nós vimos na aula anterior.

E como é que se dá o desenvolvimento dos trabalhos em


cada comissão?
Veja: o projeto é apresentado e recebe um despacho do
presidente para que tramite pelas comissões. Chegando à
primeira comissão, o presidente da comissão designou um
relator. Este relator receberá então o projeto e analisará,
fará a análise do processo e emitirá então parecer: que é
o parecer do relator, com a descrição do projeto, a análise
do ponto de vista do mérito e finalmente o seu voto: se ele
opina pela aprovação pela rejeição do projeto ou ainda pela
aprovação com emendas. O relator pode sugerir emendas
ao projeto, aperfeiçoamentos do seu texto.

No rito ordinário somente o relator oferece emendas em co-


missão. Os outros parlamentares exercerão o seu direito de
oferecer emendas apenas na fase de plenário. Isso no rito or-
dinário. Veremos que nos outros ritos, há algumas diferenças.
Então o projeto de posse do relator, ele estuda e finalmente
apresenta seu parecer na comissão. A comissão então coloca
esse parecer em pauta para que todos os deputados da co-
missão, os membros da comissão, possam deliberar sobre a
matéria. Então o turno de deliberação é composto de discus-
são e votação. Isso em cada comissão. E também depois no
plenário será assim. Inicialmente, os deputados eles discutem
a matéria, após a leitura do relatório. E depois da discussão,
quando todos falaram a favor ou contrariamente ao projeto,
o projeto é colocado em votação. A votação ela pode ser feita
então após o encerramento da discussão.

E como é feita essa votação?


Na comissão, normalmente a votação é feita pelo processo

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simbólico, que segundo o regimento, consiste no seguinte
procedimento: o presidente da comissão indaga aos pre-
sentes a seguinte frase: “aqueles que concordam, permane-
çam como estão, por gentileza”. Quem não se manifestar,
concorda com o projeto. Quem discordar, levanta a mão,
discordando do projeto. Então o presidente conta quantos
permaneceram como estão, quantos se manifestaram e pro-
clama o resultado: se o projeto está ou não aprovado na co-
missão. Na verdade, o que se aprova na comissão é o parecer
do relator e não o projeto em si. Então o parecer opinativo
àquele projeto pela aprovação ou pela rejeição é aprovado
pela comissão.

Depois o projeto segue para a próxima comissão onde ocorre


novamente esse processo: o presidente designa um relator
que apresenta seu parecer. O parecer é colocado em discus-
são, em votação. Aqueles que concordam permanecem como
estão. Normalmente o parecer é aprovado pela comissão. E
assim segue o seu caminho para as demais.

Pode acontecer eventualmente de a comissão discordar do


voto do relator. O relator ser vencido em seu parecer. Neste
caso, o presidente da comissão designa outro parlamentar
para redigir o voto vencedor que consignará a posição ma-
joritária da comissão antes de seguir para a próxima. Depois
que as comissões de mérito analisar o projeto, como nós
vimos, segue a comissão de admissibilidade. Inicialmente a
Comissão de Finanças e Tributação, a CFT. Ela vai analisar
o projeto do ponto de vista da adequação orçamentária e
financeira.

Então, por exemplo, todo o projeto que cria uma nova despe-
sa para o poder público, ele deve indicar, segundo a consti-
tuição, segundo a Lei de Responsabilidade Fiscal, deve indicar
as fontes de recursos de onde vem esse dinheiro. Vamos
supor que o projeto cria uma nova política pública que gerará

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despesa para o governo. Então ele tem que dizer de onde
este dinheiro está vindo, se de uma outra despesa que está
sendo agora cancelada, um programa de governo que, por
exemplo, esteja sendo encerrado. Ou então se está vindo de
uma nova fonte tributária, de um determinado tributo, uma
alíquota de um tributo que está sendo elevada.

Então é preciso indicar a fonte do recurso para que não haja


impacto nas contas públicas, para que o equilíbrio fiscal seja
mantido. Além disso, na adequação orçamentária e financei-
ra, a Comissão de Finanças e Tributação precisa avaliar qual
é o impacto, qual é o valor dessa despesa: quantos milhões,
quantos bilhões, quantos mil reais que o governo vai gastar
com esta nova despesa. Então da mesma maneira, o relator
ele consigna essas informações no seu parecer antes de co-
locar o seu voto à submissão da comissão.

Encerrada a fase das CFT, então o projeto chega à Comissão


de Constituição e Justiça que analisará a constitucionalidade
à juridicidade, a regimentalidade e a técnica legislativa do
projeto. Um projeto de lei não pode contrariar a Constituição.
Vamos supor, por exemplo, que se trate de uma matéria de
direito penal em que o projeto esteja querendo, digamos,
instituir a pena de morte no Brasil.

Ora a nossa constituição veda a pena de morte. Então o re-


lator fatalmente terá que dar um parecer pela inconstitucio-
nalidade. Então esse tipo de análise é necessário fazer para
que o parlamento não produza normas inconstitucionais. É o
chamado controle prévio de constitucionalidade, feito pelo
parlamento enquanto a norma ainda está sendo elaborada.
E o colegiado que faz isso, segundo a previsão regimental, é
justamente a Comissão de Constituição e Justiça.

Essa fase de comissões é muito importante porque nesses


colegiados fracionários do parlamento é que ocorre a maior

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análise, a análise mais detida sobre o projeto. E após as co-
missões de mérito se manifestarem e as comissões de ad-
missibilidade também opinarem sobre o projeto é que final-
mente a matéria pode chegar à sua fase de plenário.

Vejam que até este momento os parlamentares ainda não


puderam oferecer emendas sobre o projeto. Apenas o relator
quando elabora o seu parecer é que pode fazer essas suges-
tões de alterações do texto, se necessário. E as comissões
podem ou não acatar essas sugestões.

Na fase de plenário, surge então a possibilidade de todos


os parlamentares oferecerem emendas. E essas emendas
de plenário podem ser oferecidas por qualquer deputado
durante a discussão em plenário.

O que acontece se o projeto não recebe emendas em ple-


nário?
Ele fica pronto para votação. Então o plenário pode deliberar
sobre o projeto e votar pela aprovação ou pela rejeição.
É importante notar que o plenário não é obrigado a acatar
a posição das comissões. Se as comissões opinaram pela
aprovação, o plenário pode concordar e também votar pela
aprovação, mas pode diferentemente votar pela rejeição do
projeto. Se as comissões opinaram pela aprovação com algu-
mas emendas, o plenário pode acatar também essas emen-
das. Ou pode querer, de repente, aprovar o projeto original.
Então o plenário é que, como instância soberana na casa, dá
última palavra sobre o texto do projeto de lei.

O que acontece todavia se na fase de plenário antes da vo-


tação há a apresentação de algumas emendas pelos parla-
mentares, pelos deputados federais?

Neste caso, o regimento prevê que o projeto antes de ser


votado em plenário deve retornar às comissões para que

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elas analisem essas emendas de plenário. As emendas são
proposições acessórias ao projeto que devem também re-
ceber um parecer das comissões. Ou seja, elas devem ser
instruídas com pareceres das comissões para que depois
então a matéria possa retornar ao plenário e os deputados,
analisando esses pareceres sobre as comissões, possam for-
mar uma melhor opinião sobre se devem ou não acatar essas
emendas ao texto original do projeto.

E então em resumo:
Quando chega ao plenário, o projeto pode ou não receber
emendas. Se não receber, fica pronto para votação em ple-
nário. Se receber ele tem que retornar à fase de comissões
para que as comissões opinem sobre as emendas. E então o
projeto, após isso, retorna ao plenário para votação.

Para maior eficiência do processo legislativo, quando as co-


missões vão opinar sobre as emendas de plenário, elas fa-
zem isso simultaneamente para ganhar tempo, de maneira
que cada comissão produzindo o seu parecer sobre essas
emendas de plenário vai enviando parecer à mesa assim que
termine a sua análise. É diferente da fase inicial em que as
comissões analisam o projeto sequencialmente: comissões
de mérito, Comissão de Finanças e Tributação e a Comissão
de Constituição e Justiça.

Uma regra muito importante que tem no regimento é a res-


peito da natureza do parecer de admissibilidade tanto da
CFT como da Comissão de Constituição Justiça e Cidadania.
Esses pareceres da CFT podem ser pela adequação orçamen-
tária e financeira ou pela inadequação orçamentária finan-
ceira. E o parecer da CCJ pode ser pela constitucionalidade
ou pela inconstitucionalidade do projeto. Quando CFT ou a
CCJ, respectivamente, dão seu parecer pela inadequação or-
çamentária e financeira ou pela inconstitucionalidade, esses
pareceres têm o poder de encerrar, de terminar o processo

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legislativo pois não adianta a casa analisar um projeto que
fatalmente não atende ao que diz a constituição e não atende
às regras de finanças públicas. Esse parecer é chamado de
terminativo por essa razão.

O parecer terminativo, no entanto, pode ser objeto de re-


curso de um décimo da casa para ir ao plenário e receber
do plenário, o que se chama de apreciação preliminar em
que o plenário decidirá se realmente o projeto é inadequado
orçamentária e financeiramente, ou se é inconstitucional. Se
o plenário concordar com essa análise, realmente o processo
é arquivado. Se discordar, a matéria retorna então às comis-
sões para continuar o seu trâmite e o projeto será votado.
Ou seja, o plenário supera o parecer terminativo.

Nas comissões de mérito, não há essa característica termi-


nativa do parecer. Ainda que uma comissão de mérito opine
pela rejeição do projeto no mérito, o processo continua e o
plenário é que decidirá se a matéria deve ou não ser apro-
vada pela Câmara dos Deputados,

Vamos ver agora uma questão de fixação no nosso QUIS. A


primeira questão. Vamos lá!

QUIZ

É matéria que não tramita pelo rito ordinário da Câmara:

A. Projeto de lei complementar de autoria do deputado


B. Projeto de lei ordinária de autoria de comissão
C. Projeto de lei ordinária de autoria de deputados, salvo
recurso
D. Projeto de lei de organização do Poder Judiciário salvo
recurso.

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Resposta: “C”.

Vejamos porquê.
Nós vimos que o projeto de lei complementar sempre tramita
pelo plenário. Por que?

Porque a constituição exige que seja aprovado pela maioria


absoluta da casa, que é que seriam então 257 deputados.

Então não há como uma comissão aprovar esse projeto por-


que somente o plenário consegue reunir 257 deputados. En-
tão não é a letra A.

A letra A sempre tramita pelo rito ordinário projeto lei com-


plementar.

A letra B. O projeto de lei ordinária de autoria de comissão.


Pela regra regimental, o projeto de lei de autoria de comissão
sempre passa pelo plenário.

Letra C. Projeto de lei ordinária de autoria de deputados, sal-


vo recurso. O padrão pessoal é que o projeto de lei ordinária
de autoria do deputado tramite no rito conclusivo que é o
rito, que nós vamos ver a seguir, que aquele que dispensa a
fase de plenário

E por que salvo recurso?


Porque nós vamos ver no rito conclusivo, que é o próximo
rito, que é possível que haja um recurso de um décimo da
casa para que a matéria deixe de ser conclusiva e vá ao ple-
nário. Por isso que a letra C está correta.

E a letra D. Projeto de lei de organização do Poder Judiciário


sempre tramita pelo rito ordinário. Por isso está errado. Por
que?

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Porque é um projeto de autoria de outro poder. Então os pro-
jetos de autoria externa sempre tramitam no rito ordinário,
ou seja, sempre vão ao plenário, ok?

Vamos falar agora desse rito conclusivo então na Câmara


dos Deputados. O rito conclusivo é o rito abreviado. Abre-
viado ou conclusivo é aquele que dispensa a fase de plená-
rio. Por isso, abreviado. A constituição federal permite que
os regimentos das casas deleguem, em algumas matérias,
a conclusão apenas de suas comissões chamada delegação
interna corporis, em oposição a delegação externa corporis
que vimos na aula anterior, quando o Congresso delega a
função legislativa ao presidente da república: delegação ex-
terna. Neste caso, delegação interna. O regimento determina
que algumas matérias vão passar apenas pelas comissões,
sem precisar ir ao plenário, o que dá eficiência e agilidade
ao processo legislativo. Como vimos o projeto por excelência
que transmita no rito conclusivo, abreviado é o projeto de lei
ordinária de autoria de deputado.

E como é que se desenvolvem os trabalhos no rito conclusivo?


A matéria é também da mesma maneira distribuída às comis-
sões. Inicialmente, as comissões de mérito. Depois as comis-
sões de admissibilidade CFT e CCJ, nesta ordem. Como não
haverá, em princípio, a fase de plenário, todos os parlamen-
tares podem apresentar emendas em todas as comissões.
Porque no rito ordinário isso não acontece porque haverá de-
pois a possibilidade de em plenário os deputados oferecerem
suas emendas. Mas no rito conclusivo, que dispensa a fase
de plenário, é preciso que haja algum momento para que os
deputados exerçam a sua prerrogativa de oferecer emendas
aos projetos de lei. E isso ocorre na própria fase de comis-
sões. Então o projeto chega na primeira comissão, é aberto
um prazo para que todos os deputados possam oferecer
emendas às comissões. E não só os membros da comissão.
Todos os deputados da casa. De posse dessas emendas o

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relator analisa não só o projeto como as emendas ofereci-
das e dá o seu parecer pela aprovação ou pela rejeição do
projeto. Ou pela aprovação do projeto e mais algumas emen-
das. Quando a opinião é pela rejeição, as emendas, que são
acessórias ao projeto principal, são também por decorrência
considerada rejeitadas. Ficam prejudicadas. Se o relator opi-
na pela aprovação, ele deve se pronunciar ainda se é pela
aprovação na íntegra do texto original ou na aprovação com
algumas emendas.

O projeto então pode ser votado e a seguir o parecer, seja


pela rejeição no mérito, seja pela aprovação no mérito, é
enviado, a matéria enviada, o projeto junto com os parece-
res, para a próxima comissão. Existe a possibilidade de na
comissão ser oferecido um substitutivo pelo relator.

O que é um substitutivo?
É uma emenda que substitui inteiramente o projeto. Em vez
de ser uma emenda pontual, que altera um ou outro artigo,
ou parágrafo, o substitutivo ele altera o projeto na íntegra. O
relator resolve reescrever o projeto, incorporando muitas e
muitas sugestões do texto inteiro. Esse substitutivo, se apre-
sentado em comissão faz com que seja aberto novo prazo de
emendas para que, apenas os membros da comissão agora,
possam oferecer novas emendas ao substitutivo. Após rece-
ber essas novas emendas, o relator então faz a análise final
do substitutivo que ele mesmo propôs, com as sugestões
de seus pares na comissão para dar um parecer final sobre
o substitutivo e as emendas a ele apresentadas. E com isso
a comissão então vota o parecer. O parecer do relator, se
acatado, se transforma no parecer da comissão e a matéria
segue para as próximas comissões. E aí da mesma maneira,
que no rito ordinário, no rito conclusivo, o projeto segue esta
mesma sistemática nas demais comissões e depois na CFT
e também na CCJ.

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Agora veja. Como o projeto, em princípio não passará, pela
fase de plenários após a última análise da Comissão de Cons-
tituição e Justiça, se aprovada a matéria, ela pode ir para o
Senado Federal, como revisão, se a Câmara for à casa inicia-
dora ou à sanção do presidente da república se a Câmara já
estiver funcionando como casa revisora e aprovar na íntegra
o projeto do Senado.

Agora o que acontece se alguns parlamentares que não parti-


ciparam do processo discordarem desse parecer da comissão?

Há uma previsão de recurso na constituição que é repro-


duzida no regimento interno. O que diz a constituição e o
regimento interno?

No rito abreviado, no rito conclusivo, quando um décimo da


casa discordar da decisão das comissões, esse um décimo
da casa, que no caso da Câmara são 52 deputados, podem
apresentar um recurso para que a matéria vá ao plenário.
Esse recurso na Câmara dos Deputados deve ser votado pelo
plenário. Se o plenário acolher o recurso, a matéria deixa
de ser um projeto no rito conclusivo e o rito se transforma
no rito ordinário, ou seja, a matéria vai ser deliberada pelo
plenário da mesma maneira que nós vimos anteriormente
no rito ordinário.

E nesse caso será possível inclusive apresentar emendas de


plenário porque o rito agora terá se transformado no rito
comum ordinário. As emendas de plenário apresentadas faz
com que a matéria retorne à comissão para que as comis-
sões deem esse parecer de emendas de plenário para depois
voltar para votação. No caso de não ter havido emendas de
plenário, o projeto fica pronto diretamente para votação em
plenário.

Existe uma outra hipótese em que a matéria que, em prin-

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cípio, está no rito conclusivo, deixa de tramitar neste rito e
passa a ser submetido ao rito de plenário, o rito ordinário.
Mesmo que não haja recurso.
Quando é isso?

Na Câmara dos Deputados, isso acontece quando as comis-


sões de mérito dão pareceres divergentes sobre a matéria.
Imagine o seguinte: que o projeto passou por três comissões
de mérito. Se as três opinam pela aprovação e se depois a
CFT e à CCJ opinam, respectivamente, pela adequação orça-
mentária financeira e pela constitucionalidade, o projeto fica
pronto para ser aprovado. Ele é considerado aprovado pela
casa. Se as comissões de mérito foram unânimes pela rejei-
ção, o projeto também, mesmo que receba parecer positivo
da CFT, da CCJ será considerado rejeitado.

Mas o que acontece se as comissões de mérito são divergen-


tes? Uma opina pela rejeição. Outra opina pela aprovação. E
afinal neste caso o projeto será aprovado ou rejeitado? Neste
caso, o regimento prevê que a matéria deverá ir ao plenário.
Perde o seu caráter conclusivo para que o plenário decida,
se o projeto será aprovado ou rejeitado.

Vamos então agora ver mais uma questão de fixação sobre


esta matéria que vimos até agora.

QUIZ

No rito conclusivo na Câmara em caso de pareceres diver-


gentes das comissões de mérito sobre um projeto de lei.

A. O projeto é considerado rejeitado.


B. O projeto fica sujeito à deliberação do plenário
C. O projeto é devolvido ao autor
D. O projeto é declarado prejudicado.

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Resposta: “B”.

O processo passa a ficar sujeito à deliberação do plenário.


Nós vimos que a letra A não é correta porque o projeto não
é rejeitado em caso de pareceres divergentes. Há no caso
uma discordância entre as comissões. Então o plenário dará
a palavra final. Por isso a letra B é que é a correta.

O projeto da mesma maneira não é devolvido ao autor. Por


que também não é a letra D? O projeto é declarado preju-
dicado?

Nós vimos que a prejudicialidade é quando estamos falando


de rejeição, de precedência de matérias na aula anterior,
ocorre quando há uma outra matéria é votada sobre o mes-
mo assunto. E a próxima é considerada prejudicada. Então
não é o caso aqui. A resposta que a matéria irá ao plenário.

Vamos falar agora um pouco sobre o rito sumário, que não


deve ser com confundido com o rito abreviado. O rito sumá-
rio é adotado para os projetos de autoria do Poder Executivo
para os quais o presidente da república solicita a chamada
urgência constitucional. A constituição federal diz no seu
artigo 64 que o presidente da república pode solicitar ao
Congresso Nacional urgência para os projetos de sua auto-
ria. E não apenas de autoria privativa, matérias do próprio
executivo, mas de autoria geral porque o presidente tem
iniciativa geral ou concorrente sobre projetos de lei. Então
se o presidente solicita essa urgência, o Congresso Nacional,
na verdade, deve acatar a constituição não dá a opção de o
congresso não aceitar essa urgência. Por isso que embora,
diga solicitação, na verdade, a requisição ao congresso que
deve apreciar de forma urgente esse projeto.

Quando o presidente da república solicita urgência consti-

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tucional para os projetos de sua autoria, cada casa terá 45
dias para apreciar o projeto. O projeto sempre começa pela
Câmara por ser de autoria do presidente. Câmara 45 dias.
Senado 45 dias. Se o Senado na condição de casa revisora
emendar o projeto, essas emendas retornam para a análi-
se da casa iniciadora que tem apenas 10 dias para decidir,
se acata ou não as emendas, antes de remeter o projeto à
sanção.

Em função desses prazos constitucionais exíguos, a Câmara


e o Senado colocam em seus regimentos regras de agilidade
e eficiência legislativa. Basicamente quais são elas?

No rito sumário, na Câmara dos Deputados, o projeto quan-


do chega à casa com urgência constitucional do presidente,
recebe um prazo inicial de emendas por todos os parlamen-
tares antes mesmo de começar a fase de comissões. Porque
aí os deputados já podem, desde logo, dar as suas sugestões
de emendas aos projetos, as suas emendas aos projetos,
suas sugestões de alteração do texto, para que as comissões
já analisem essas emendas. Isso dá eficiência porque no rito
ordinário, as emendas são apresentadas apenas em plenário,
depois que o projeto passou pelas comissões, e isso faz com
que o projeto retorne à fase de comissões. No rito sumário
que tem que ser mais ágil, as emendas são apresentadas por
todos os deputados desde logo. As comissões já analisam, o
que faz com que o projeto ganhe agilidade. Ganha agilidade e
não precisa e depois retornar às comissões porque provavel-
mente os deputados que já apresentaram suas emendas não
apresentarão novamente em plenário. Então a ideia é essa.

Uma outra forma de agilizar o projeto no rito sumário é fazer


a análise de todas as comissões simultaneamente. Então en-
quanto no rito ordinário as comissões analisam o projeto em
sequência, no rito sumário, os projetos de lei de autoria do
presidente com urgência constitucional, as comissões anali-

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sam projetos simultaneamente e conforme vão votando seus
pareceres, vão enviando à mesa, para poder ser a matéria
posteriormente incluída em plenário.

Então nesse momento, quando o projeto vai a plenário, ele


já está instruída com os pareceres de todas as comissões, os
deputados já tiveram a possibilidade de apresentar as suas
emendas de maneira que, provavelmente não apresentarão
agora novamente essas emendas. Todavia ainda é possível
que haja emendas de plenário, mas com uma iniciativa mais
restrita: apenas se for de autoria de comissão, ou de um
quinto de senadores, um quinto da casa. É possível ainda
que líderes que representam um quinto da casa apresentem
emenda de plenário, ou seja, a iniciativa é mais restrita. Não
apenas não podendo ser por qualquer deputado.

O que são os líderes?


A casa é dividida em partidos porque cada parlamentar é
eleito por um partido. Esses partidos se organizam em gru-
pos de partidos ou de blocos parlamentares que a junção
de partidos na casa. Dois ou mais partidos podem formar
um bloco. O partido, seja isolado, ou seja, um bloco, ele tem
um líder que é eleito pelos seus pares. Esse líder representa
a bancada do partido ou do bloco parlamentar na casa e
tem algumas prerrogativas regimentais. O líder tem algumas
prerrogativas regimentais. E nesse caso, a prerrogativa dele
é representar a assinatura dos seus liderados.

Vamos supor que um líder tem uma bancada de um quinto


da casa. Então ele apenas assinando representa um quinto
da casa com a sua assinatura.

Se houver emendas de plenário, as comissões terão que ana-


lisar essas emendas, mas o usual nos projetos de autoria do
presidente da república com urgência constitucional é que
não haja essas emendas de plenário porque todos já pude-

Saber Direito
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Processo Legislativo Regimental
ram apresentar no prazo inicial essas emendas. A matéria
então é votada pela casa e pode dessa maneira, após isso
ser remetida ao Senado Federal porque a Câmara sempre
é a casa iniciadora nos projetos do presidente da república.
Certo?

Muito bem. Vamos falar agora sobre o rito especial da pro-


posta de emenda à constituição. Nós vimos que o presidente
da república ou um terço da Câmara dos Deputados pode
apresentar uma proposta de emenda à constituição. Casos
em que normalmente a PEC começa a tramitar pela Câmara
dos Deputados. A Câmara analisa isso segundo o rito consti-
tucional, complementado pelas regras regimentais. A Câmara
dos Deputados assim como o Senado deve apreciar a PEC
obrigatoriamente em plenário. Mas isso após a fase de co-
missões, mas obrigatoriamente em plenário em dois turnos
de discussão e votação e em cada turno ela deve aprovar a
PEC pelo quórum qualificado de três quintos da casa de 60%
da casa. Essa maior dificuldade para se aprovar uma emenda
à constituição se deve ao fato de se tratar de uma modifica-
ção à nossa carta magna, à nossa carta da república, que é
onde estão as matérias mais importantes, mais sensíveis e
que orientam a elaboração de todas as demais leis no país.
Então isso acontece dessa maneira, em função da previsão
do artigo 60 da constituição.

Mas antes de ser votada pelo plenário a PEC passa também


pela fase de comissões, mas de uma maneira diferenciada.
Inicialmente ela passa pela Comissão de Constituição e Jus-
tiça, ou seja, na PEC, a CCJ em vez de ser a última como nos
projetos, ela é a primeira para dar um parecer sobre a cons-
titucionalidade da matéria. É preciso verificar se a emenda
constitucional não fere uma cláusula pétrea, alguma garantia
individual, direito individual, a forma federativa do estado,
a tripartição dos poderes, etc. Feita essa análise de consti-
tucionalidade, o relator então dá um parecer pela constitu-

Saber Direito
20
Processo Legislativo Regimental
cionalidade ou pela inconstitucionalidade. O parecer pela
inconstitucionalidade da CCJ, neste caso, é terminativo ou
seja, tem o poder de encerrar o processo legislativo, salvo
recurso de um terço dos deputados para que a matéria seja
apreciada pelo plenário e o plenário diga se realmente é in-
constitucional ou não.

Normalmente o parecer da CCJ é pela constitucionalidade.


Nesta fase, os parlamentares ainda não apresentam emen-
das. Apenas na próxima fase é que eles poderão apresentar
emendas à PEC.

E qual é essa fase?


Após a CCJ, é constituída uma comissão especial de mérito.
Uma comissão especial. Uma comissão temporária é cons-
tituída apenas para analisar aquela proposta de emenda à
constituição. Neste momento, o relator recebe então do pre-
sidente da comissão especial a relatoria da PEC e todos os
deputados podem oferecer emendas à PEC nesta comissão
especial. Agora um detalhe como a PEC exige uma autoria
qualificada de um terço dos deputados, essa mesma regra
é aplicada para as emendas à PEC. Tem que haver a autoria
de um terço, 171 deputados, para apresentar uma emenda
à proposta de emenda à constituição neste caso Certo?

Se a comissão especial emie um parecer pela aprovação da PEC,


ou pela rejeição, é um parecer opinativo. De qualquer maneira,
a matéria tem que ir ao plenário para passar então pelos dois
turnos de votação. Discussão e votação. Vota uma vez. Depois
há um interstício, o intervalo regimental para que haja depois
uma nova sessão, com uma nova discussão, em uma nova vota-
ção. Se aprovada em dois turnos, a matéria em cada turno, por
três quintos da casa, então essa PEC pode ir à próxima casa, ao
Senado, para que sofra o mesmo processo que nós vamos ver
depois na aula do rito regimental do Senado como é que isso
acontece. A PEC sendo aprovada pelas duas casas pode então

Saber Direito
21
Processo Legislativo Regimental
ser promulgada pelo presidente da república.

Essa comissão especial de mérito, que é composta para a


PEC, recebe preferencialmente parlamentares que são espe-
cializados na matéria de que trata a proposição. Se ela trata
muito de economia, muito de meio ambiente, há uma prefe-
rência, que não é obrigatória, mas é mais uma praxe de que
deputados, por exemplo, da comissão de meio ambiente, da
comissão de economia componham esta comissão especial.
Assim como toda a comissão, os membros, que vão compor
essa comissão, são indicados pelos líderes dos partidos ou
blocos parlamentares. Indicados ao presidente. O presidente
designa formalmente os nomes deles para compor a comis-
são especial que analisa a PEC.

Uma coisa que não foi falada, mas vamos aproveitar agora
que estamos falando de comissão especial, é que no rito or-
dinário de projetos e no rito conclusivo de projetos também
e também no rito sumário, na verdade, no rito do projeto,
nós falamos que a casa analisa. Primeiro as comissões de
mérito analisam e depois as comissões de admissibilidade.
No entanto, há uma regra regimental para os projetos que:
se mais de três comissões de mérito são designadas pelo
presidente para analisar o projeto de lei, então é preciso
constituir uma comissão especial para substituir essas co-
missões e englobando neste caso também a CFT e à CCJ. Isso
para dar agilidade ao processo legislativo.

Imagine que o presidente designou quatro comissões de mé-


rito. Ainda vai ter a CFT e à CCJ. Ficariam seis comissões para
analisar um projeto que ia fazer demorar mais. Todo esse
trâmite. Então havendo mais de três, quatro, cinco ou seis
comissões de mérito designadas, há a opção regimental de
se designar uma comissão especial para analisar o mérito e
a admissibilidade dos projetos. Isso no rito ordinário, no rito
sumário, no rito abreviado.

Saber Direito
22
Processo Legislativo Regimental
A PEC já é diferente. Sempre haverá após a CCJ, a constitui-
ção da comissão especial e aí apenas para o mérito. Na dos
projetos, a comissão especial analisa o mérito e os projetos
de maneira global.

No rito sumário inclusive nós falamos que há um prazo de


45 dias para que cada casa analise o projeto. Certo?

E qual é a consequência?
Se nesse rito sumário dos projetos de autoria do presiden-
te da república com urgência constitucional, se a casa não
aprecia em 45 dias a matéria?

Ocorre o trancamento da pauta dos assuntos no plenário da


casa respectiva. Então sem 45 dias, a casa não aprecia o pro-
jeto de urgência constitucional, ela não pode votar mais ne-
nhuma matéria até votar esse projeto, salvo as que tiverem
prazo constitucional, que no caso são representadas pelas
medidas provisórias. Então apenas as medidas provisórias
não ficam trancadas pelo projeto de urgência constitucional,
aquele do rito sumário.

E esse rito sumário, a constituição diz que não se aplica aos


projetos de código. Porque os projetos de código, por exem-
plo, uma ampla reforma do código civil, o código penal, ou
até um projeto que vai substituir um código em vigor, é uma
matéria muito complexa e que por isso não deve tramitar
num rito tão célere. Porque isso impediria uma análise mais
profunda detida e detalhada do projeto. No rito sumário não
é possível aprecia os projetos de código.

E no rito das PEC´s, no rito especial da PEC, da proposta


de emenda à constituição, um outro detalhe também é que
não há emendas de plenário porque os parlamentares já
apresentaram as suas emendas na comissão especial. En-
tão por isso não haverá, em princípio, emendas de plenário

Saber Direito
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Processo Legislativo Regimental
para que haja também agilidade na votação do plenário da
casa. Então nem do primeiro turno e nem no segundo turno,
haverá emendas de plenário no rito especial da proposta de
emenda à constituição.

Existe apenas uma pequena exceção que é a chamada emen-


da aglutinativa que é uma emenda de plenário no rito, em
todos os ritos legislativos regimentais da Câmara dos De-
putados, que consiste na fusão de duas emendas pré-exis-
tentes numa nova, na fusão, na aglutinação que pode ser
apresentada em plenário. Esta é a única emenda que pode
ser apresentada no plenário da Câmara na tramitação da
PEC. Outras não podem ser apresentadas.

E que outras emendas são essas? Vamos aproveitar para


falar um pouco sobre os tipos de emendas que os parlamen-
tares podem apresentar?

As emendas podem ser supressivas, suprimindo algum as-


sunto que esteja no projeto, uma palavra, um artigo ou todo
um capítulo até.

Podem ser modificadas, dando nova redação, modificando


a redação de um dispositivo existente.

Podem ser substitutivas, substituindo integralmente um


texto que já existe. E se ela substitui todo o projeto, que é
normalmente apresentado pelo relator. é o chamado subs-
titutivo.

E existem ainda as emendas aditivas, que são aquelas que


acrescentam o texto novo ao projeto: um novo artigo, um
novo parágrafo, um novo inciso. Elas então incluem um novo
dispositivo ao projeto.

Então são os principais ritos legislativos na casa: o ordinário

Saber Direito
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Processo Legislativo Regimental
o abreviado; o sumário, aplicado aos projetos e depois o rito
especial da PEC.

E quando nós falamos de rito de projeto, rito ordinário, rito


sumário e rito abreviado, é preciso relembrar quais são as
matérias submetidas a esses assuntos.

• O rito abreviado, o conclusivo é para projetos de lei de au-


toria de deputados.

• O rito sumário, aquele que tem urgência constitucional, é


para os projetos de lei de autoria do chefe do Poder Execu-
tivo, quando o presidente da república solicita a urgência
constitucional.

• E os projetos de lei no rito ordinário são os projetos de lei


complementar e os projetos de lei ordinária de autoria de
outros poderes ou de autoria de comissão parlamentar.

• Além disso nós temos também os projetos de decreto le-


gislativo e os projetos de resolução da Câmara.

Vimos na primeira aula que são também espécies legislati-


vas: o decreto legislativo e a resolução. O projeto de decreto
legislativo, com raríssimas exceções, tramita sempre no rito
ordinário.

E os projetos de resolução da Câmara também no rito ordiná-


rio, ou seja, após a fase de comissão, eles vão à deliberação
do plenário.

Saber Direito
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Processo Legislativo Regimental
QUIZ

As comissões da Câmara que analisam uma PEC são nesta


ordem:

A. Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania e Co-


missão Especial da PEC
B. Comissão de Finanças e Tributação e Comissão de Cons-
tituição e Justiça e de cidadania
C. Comissão de Finanças e Tributação e Comissão Especial
da PEC
D. Comissão especial da PEC e Comissão de Constituição e
Justiça e da Cidadania

Resposta: “A”.

Veja: Comissão de Constituição e Justiça da cidadania e Co-


missão especial da PEC.
A CCJ é a primeira comissão que analisa uma PEC como vi-
mos. Ela vai analisar a constitucionalidade da matéria. Após
isso, a matéria vai então à comissão especial de mérito que
analisará, como o nome já diz, o mérito, o conteúdo, a conve-
niência política, oportunidade para a sociedade de se aprovar
esta matéria.

Uma dúvida que pode surgir é: qual a comissão que analisa


a adequação orçamentária e financeira de uma PEC na Câ-
mara?

Esse papel acabará sendo cumprido também pela CCJ porque


a CCJ analisa a constitucionalidade, a juridicidade e a regi-
mentalidade, a técnica legislativa. Então a compatibilidade
de uma matéria com as leis orçamentárias, com as leis de
finanças públicas, com a constituição, nos dispositivos consti-

Saber Direito
26
Processo Legislativo Regimental
tucionais que tratam de finanças públicas, acaba sendo uma
matéria de legalidade, juridicidade que também apreciada
pela CCJ, que então dessa maneira analisa a admissibilidade
como um todo.

Um detalhe que, não foi falado ainda, é aplicado especifica-


mente ao rito da lei complementar, ou melhor dizendo, do
projeto de lei complementar. Como nós vimos, ele tramita
pelo rito ordinário porque exige a aprovação da maioria ab-
soluta da casa, que no caso da Câmara são 257 deputados.
Agora há um detalhe muito interessante que consta do regi-
mento da Câmara. É o seguinte: quando a casa iniciadora de
um projeto de lei complementar é a Câmara dos Deputados,
este projeto deve passar por dois turnos em plenário. Justa-
mente porque o projeto de lei complementar, em regra, trata
de matérias mais sensíveis, mais detalhadas.

É bom lembrar que a constituição exige que uma matéria seja


tratada por lei complementar, quando ela expressamente
prevê e normalmente isso é para um assunto mais delicado,
como, por exemplo, regras tributárias, regras eleitorais re-
gras de proteção do empregado contra despedida arbitrária
ou sem justa causa. Esses são alguns exemplos de matérias
que são tratadas por lei complementar. Então quando um
projeto de lei complementar tramita na Câmara e a Câmara
é a casa iniciadora, após a fase de comissões, esse projeto
deve passar por dois turnos em plenário. Então é um outro
exemplo de matéria que é sujeita a dois turnos na Câmara:
um é a PEC, que nós vimos, que por determinação constitu-
cional, passa por dois turnos em plenário; outra é o projeto
de lei complementar, quando a Câmara é a casa iniciadora.
E aí neste caso, as emendas de plenário podem ser apresen-
tadas no primeiro e no segundo turno.

No primeiro turno de um projeto de lei complementar em


plenário, qualquer deputado pode apresentar a sua emen-

Saber Direito
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Processo Legislativo Regimental
da como no rito ordinário dos demais projetos que vão a
plenário. Mas no segundo turno, há uma limitação maior:
apenas comissão ou um quinto da casa é que podem apre-
sentar as emendas de segundo turno a um projeto de lei
complementar.

Um outro detalhe muito interessante que podemos recor-


dar agora é o chamado princípio da irredutibilidade que se
aplica às duas casas, mas na Câmara há uma característica.
Por que? O que diz o princípio da irredutibilidade para os
projetos - artigo 167 da constituição?

Quando um projeto é rejeitado pela casa, a matéria daque-


le projeto não pode ser objeto de um novo projeto numa
mesma sessão legislativa, ou seja, naquele ano grosso modo
falando. Na sessão legislativa, que vai de fevereiro a julho no
seu primeiro período e de agosto a dezembro, no segundo
período. Então rejeitado um projeto de lei ordinária, ou de
lei complementar, ele não pode ser reapresentado naque-
la mesma sessão legislativa só, em geral, no ano seguinte.
Porém a constituição da válvula de escape, dizendo que, se
a maioria absoluta da casa apresentar o projeto, então ele
pode, sim, tramitar na mesma sessão legislativa.

E qual é o detalhe interessante? O detalhe é para os pro-


jetos de autoria externa porque como vamos superar essa
limitação da repetibilidade do projeto, quando o projeto é
de autoria externa? Não seria possível a maioria absoluta
da Câmara apresentar esse projeto porque a autoria é do
presidente da república, ou do tribunal do judiciário. Então
neste caso, a Câmara dos Deputados no seu regimento diz o
seguinte: se um projeto é rejeitado e outro poder quer rea-
presentar, a maioria absoluta da Câmara inicialmente aprova
a admissibilidade desse projeto. E aí se a maioria absoluta
admitir a tramitação do projeto, aí ele segue para o seu rito
ordinário normal pelas comissões e pelo plenário para a sua

Saber Direito
28
Processo Legislativo Regimental
aprovação, segundo quórum determinado.

Vamos lembrar que os quóruns de aprovação em plenário


de um projeto varia: se ele é um projeto de lei ordinária ou
um projeto de lei complementar. O projeto de lei ordinária
é aprovado por maioria simples, ou seja, a maioria dos pre-
sentes desde que presente a maioria absoluta da casa. E o
projeto de lei complementar pela maioria absoluta, ou seja,
mais da metade da casa. Já a proposta de emenda à consti-
tuição tem que ser aprovada por 60% da casa, em cada turno.

Nós temos vários exemplos de projetos que tramitam: seja


um projeto de lei ordinária, seja um projeto de lei comple-
mentar, seja uma PEC. A PEC que tem sido muito comentada
pela mídia, por exemplo, é a reforma da previdência social,
que é uma proposta de emenda à constituição, que foi apre-
sentada pelo presidente da república. Começou a sua trami-
tação na Câmara dos Deputados passou pela CCJ passou pela
comissão especial foi ao plenário da Câmara em dois turnos
e depois seguiu para o Senado e lá no Senado está seguindo
também o rito regimental, previsto no regimento interno que
nós vamos ver na aula própria de regimento do Senado.
Os projetos de lei ordinária que tem sido muito debatidos
são projetos de reforma política, projetos de aperfeiçoamen-
to da legislação penal e outras matérias que não exigem lei
complementar pela constituição.

E quando o projeto é submetido ao regime de urgência


constitucional, que é aquele solicitado pelo presidente da
república, é importante notar que pode ser um projeto de
lei ordinária ou um projeto de lei complementar porque o
presidente da república também pode apresentar projetos
de lei complementar.

E um detalhe: o rito sumário ele pode surgir durante a trami-


tação de um projeto e não só desde o início. Por exemplo, o

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Processo Legislativo Regimental
projeto pode ser apresentado pelo presidente da república,
sem o pedido de urgência constitucional e durante a tramita-
ção, o presidente passa a entender que aquele projeto deve
ter uma tramitação mais célere e então solicita, manda uma
mensagem ao Congresso dizendo que aquele projeto que ele
apresentou anteriormente deve, a partir de agora, passar a
tramitar no rito sumário com urgência constitucional. Neste
caso, aqueles 45 dias que a casa tem para analisar a matéria
passam a correr, a correr, a partir do pedido do presidente
de urgência sobre aquele projeto.

Por falar em urgência existe um procedimento chamado


de urgência regimental na casa no regimento da Câmara.
Também tem no regimento do Senado que não se confun-
de com a urgência constitucional que aquela solicitada pelo
presidente para os seus projetos tramitarem no rito sumário.
A urgência é regimental é um pedido de urgência, ou seja,
de aceleração do processo feita pelos próprios parlamenta-
res segundo as regras regimentais. Quando isso acontece,
o projeto vai direto à deliberação do plenário ainda que as
comissões não tenham encerrado o seu processo. O projeto
continua tramitando pelas comissões, mas ele já pode ser,
desde logo, apreciado pelo plenário, o que dará mais cele-
ridade.

Então não confunda: a urgência regimental, com urgência


constitucional. A urgência regimental é solicitada pelos pró-
prios parlamentares para que o projeto vá diretamente ao
plenário. Isso pode acontecer num projeto qualquer apresen-
tado, seja pelo presidente, seja pelo próprio parlamentar. E a
urgência constitucional é aquela que somente o presidente
pode solicitar para os projetos de sua autoria.

Vamos então fazer agora um pequeno resumo do que foi


visto nesta aula.

Saber Direito
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Processo Legislativo Regimental
• Nós vimos os ritos regimentais na Câmara dos Deputados.
O rito ordinário aplicado aos projetos que passam pelas fases
de comissões e depois são deliberadas pelo plenário.

• O rito abreviado chamado de rito conclusivo na Câmara


dos Deputados que aquele em que o projeto passa apenas
pela fase de comissões e ao final se as comissões de mérito
deram pareceres divergentes então ele vai ao plenário se
converte em rito ordinário. Ou então ainda que não tenha
havido pareceres divergentes, pode haver recurso por um
décimo dos deputados, no caso 52 deputados, para que a
matéria também perca o caráter conclusivo e roda delibera-
ção do plenário.

• Vimos também o rito sumário em que os projetos de lei de


autoria do presidente da república podem tramitar nesse
rito mais célere, se o presidente solicita para os projetos de
sua autoria a chamada urgência constitucional que não é
aplicável aos projetos de código. O presidente pode solicitar
desde o início ou durante a tramitação de um projeto de sua
autoria. Neste caso a casa tem 45 dias para deliberar sobre
projetos ou a pauta do plenário é trancada, salvo para me-
didas provisórias.

• E o rito da PEC que é muito especial em que é composta:


primeira análise da Comissão de Constituição e Justiça e de-
pois a uma análise por uma comissão especial de mérito
para a PEC.

• Dessa maneira vimos os principais ritso ordinário, abrevia-


do, chamada de conclusivo, sumário e o rito especial da PEC.

É isso espero então que tenham gostado. Esse foi o nosso


segundo encontro do nosso curso aqui do Saber Direito de
Processo Legislativo Regimental.

Saber Direito
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Processo Legislativo Regimental
Na primeira aula vimos processo legislativo constitucional.
Nesta segunda, vimos o processo regimental na Câmara dos
Deputados.
No próximo encontro, vamos falar sobre o processo legisla-
tivo regimental no Senado Federal .
Espero que tenha gostado e até lá.

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