Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
HOMILIA DOMINICAL
Naquele tempo, Jesus contou esta parábola para alguns que confiavam na sua
própria justiça e desprezavam os outros: “Dois homens subiram ao Templo para
rezar: um era fariseu, o outro cobrador de impostos.
O fariseu, de pé, rezava assim em seu íntimo: ‘Ó Deus, eu te agradeço porque não sou
como os outros homens, ladrões, desonestos, adúlteros, nem como este cobrador de
impostos. Eu jejuo duas vezes por semana, e dou o dízimo de toda a minha renda’.
Eu vos digo: este último voltou para casa justificado, o outro não. Pois quem se eleva
será humilhado, e quem se humilha será elevado”.
https://padrepauloricardo.org/episodios/orientacoes-para-se-confessar-direito 1/4
01/02/2020 Orientações para se confessar direito
Meditação. — 1. Um fariseu e um publicano vão ao Templo para falar com Deus. O primeiro
revela-se uma figura altiva e cheia de si, que prefere não pedir perdão pelos seus pecados,
porque “confia na sua própria justiça”. O fariseu agradece ao Senhor por não ser como os
outros homens, que são ladrões. Já o publicano, tendo ciência de suas faltas, não se atreve a
levantar os olhos para o Céu e, com um gesto de humildade, bate no peito, dizendo: “Meu
Deus, tende piedade de mim que sou pecador”.
Jesus conta essa parábola para nos ensinar qual deve ser a verdadeira atitude de quem
deseja receber o perdão dos pecados. A contraposição entre a arrogância do fariseu e a
humildade do publicano mostra como precisamos recuperar uma noção há muito esquecida
sobre o que é uma boa e frutuosa Confissão. Olhando para seu interior, o publicano
identificou sua miséria e foi capaz de se apresentar sem máscara diante de Deus. E, desse
modo, ele pôde ouvir do Senhor aquelas mesmas palavras que um dia nós mesmos
desejamos ouvir: “Meu amigo, os teus pecados te são perdoados” (Lc 5, 20). No fim das
contas, ele saiu justificado, mas o outro não.
A primeira atitude de quem deseja ser justificado por Deus é, pois, acreditar na Revelação
divina. Se Deus, que não se engana nem pode enganar, revelou que determinada ação
constitui um pecado grave, nós devemos simplesmente aceitar e reconhecer a autoridade
do Senhor, ainda que não percebamos a gravidade dessa ação. Os pecados graves são
graves, em primeiro lugar, porque Deus assim revelou, e não porque eu os sinto como tais.
Trata-se, portanto, de fazer um ato de fé na Palavra de Deus.
Isso precisa estar bem para nós, sobretudo nos dias de hoje, em que se costuma considerar a
ofensa a Deus uma trivialidade.
Nesse caso, o ato de fé é ainda mais necessário, uma vez que os sentimentos da pessoa
estão desordenados, e, por isso, ela já não consegue perceber a própria malícia. Ela não
sente que é pecado. É preciso, então, recorrer a um bom e minucioso exame de consciência,
que leve em consideração toda a Revelação divina acerca das Bem-aventuranças e dos Dez
Mandamentos. Porque ninguém precisa sentir, de imediato, que uma coisa é má, mas basta
receber a notícia intelectual da Palavra de Deus, que adverte contra as obras da carne. Como
explica o padre Royo Marín, a contrição é "uma dor espiritual, da vontade, que não é
necessário que redunde na sensibilidade” (Teología moral para seglares, p. 315). Sendo
assim, a pessoa pode encaminhar-se para a confissão com um verdadeiro arrependimento e
propósito de emenda.
2. Esse arrependimento é, como já dissemos, um ato da vontade, pelo qual a pessoa detesta
os seus pecados, ainda que se sinta inclinada a eles. Como na oração do ato de contrição, a
alma deve dizer a Deus: “Eu me arrependo de todo o coração de Vos ter ofendido porque sois
bom e sumamente digno de ser amado. Com isso, eu perdi o Céu e mereci o Inferno...”.
Notemos, portanto, que essa detestação dos pecados não consiste necessariamente num
sentimento, pelo qual a pessoa chora as próprias faltas. Embora isso seja bom e agradável
aos olhos de Deus, a pessoa pode detestar os próprios pecados simplesmente manifestando
a intenção certa de nunca mais voltar a cometê-los; sem dúvida, “supõe a abominação e o
https://padrepauloricardo.org/episodios/orientacoes-para-se-confessar-direito 2/4
01/02/2020 Orientações para se confessar direito
ódio pelo pecado cometido, ou seja, uma verdadeira retratação da má vontade que se teve ao
cometê-lo” (Teología moral para seglares, p. 315). Esse é o núcleo básico do arrependimento.
3. Na Confissão, devemos pedir a Deus também a graça de um propósito cada vez mais
firme, pois o sacramento da Penitência depende disso para ser válido. Se não houver
propósito de emenda, não há absolvição. Para conseguir esse propósito, então, os santos
recomendam fazer a Confissão como se fosse a última de nossas vidas. No leito de morte, e
ciente de que deve morrer em algumas horas, qualquer um diria corajosamente: “Prometo
nunca mais pecar”. E, de fato, damos um passo rumo à morte todos os dias, porque não
sabemos nem o seu dia nem a sua hora. Daí que Nosso Senhor diga estas palavras duras no
Evangelho: “Insensato! Nesta noite ainda exigirão de ti a tua alma” (Lc 12, 20).
Eis aí os passos necessários para uma boa e frutuosa confissão. Em suma, deve-se crer no
que Deus nos revelou; aplicar-se a um sincero e diligente exame de consciência; confessar
todas as faltas graves, com os seus agravantes e os seus números; e, finalmente, ter o firme
https://padrepauloricardo.org/episodios/orientacoes-para-se-confessar-direito 3/4
01/02/2020 Orientações para se confessar direito
propósito, com a graça de Deus, de nunca mais voltar a cometê-los. Feito desse modo, o
sacramento da Penitência nos valerá a mesma justificação que o publicano da parábola
recebeu de Nosso Senhor.
Referências
Pe. Antonio Royo Marín, Teología moral para seglares. Madri: BAC, 1994, vol. 2, pp.
314s.
https://padrepauloricardo.org/episodios/orientacoes-para-se-confessar-direito 4/4