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UNEB-UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS, CAMPUS V

JOICE NASCIMENTO E NASCIMENTO

O PROCESSO DE CONTROLE DO FLUXO DE CAIXA COMO FERRAMENTA


PARA A TOMADA DE DECISÃO
UM ESTUDO DE CASO NA EMPRESA LABOCLIV

SANTO ANTÔNIO DE JESUS-BA


2019
JOICE NASCIMENTO E NASCIMENTO

O PROCESSO DE CONTROLE DO FLUXO DE CAIXA COMO FERRAMENTA


PARA A TOMADA DE DECISÃO
UM ESTUDO DE CASO NA EMPRESA LABOCLIV

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


como requisito parcial para obtenção de título
de bacharel em Administração de Empresas
ao Departamento de Ciências Humanas,
Campus V, aplicada na Universidade do
Estado da Bahia.

SANTO ANTÔNIO DE JESUS-BA


2019
Universidade do Estado da Bahia

Sistema de Biblioteca

Ficha Catalográfica - Produzida pela Biblioteca Edivaldo Machado Boaventura


JOICE NASCIMENTO E NASCIMENTO

O PROCESSO DE CONTROLE DO FLUXO DE CAIXA COMO FERRAMENTA


PARA A TOMADA DE DECISÃO
UM ESTUDO DE CASO NA EMPRESA LABOCLIV

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção


de título de bacharel em Administração de Empresas ao Departamento de Ciências
Humanas, Campus V, aplicada na Universidade do Estado da Bahia.

Departamento de Ciências Humanas, Campus V, Universidade do Estado da Bahia.


Aprovado em: ____ de _____________ de _____.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________
Profº. Rodrigo Luduvice da Silva
Orientador

________________________________________
Profª. Daisy Lima de Souza Santos
Examinadora

________________________________________
Roberta Carvalho Veiga
Representante da Empresa Labocliv
AGRADECIMENTOS

Antes de qualquer observação, agradeço a Deus pela força e determinação


adquirida durante toda essa árdua jornada. A todos, meus familiares, professores e
colaboradores da UNEB Campus V, em Santo Antônio de Jesus, que não se
opuseram em incentivar e me ajudar, de alguma forma, a dar continuidade a este
projeto. Agradeço, também, ao Labocliv Laboratório e Clínica Médica do Vale, em
especial, a Dra. Tatiana Schleu Barreto-CEO, por ter me concedido a oportunidade
de ingressar como observadora dentro da empresa, e tornado possível esta
pesquisa. Ao Profº. Rodrigo Luduvice, que me acompanhou e orientou durante todo
esse período, a quem devo muito por ter aprimorado meus conhecimentos.
RESUMO

O presente trabalho traz como tema geral, o processo de controle do fluxo de caixa
como ferramenta na tomada de decisão. Com o registro das entradas e saídas de
caixa é possível que o gestor possa avaliar a situação real da empresa e tomar
decisões mais seguras. O objetivo primário foi identificar como o Demonstrativo de
Fluxo de Caixa (DFC) pode influenciar na gestão de um laboratório de Análises
Clínicas, visto que a atividade laboratorial é tão burocrática no Brasil, principalmente
por se tratar de uma instituição de saúde. O Foco da pesquisa esteve associado à
avaliação dos registros de DFC entre os anos de 2014 a 2018, do Labocliv-
Laboratório e Clínica Médica do Vale, um conceituado laboratório sediado em Santo
Antônio de Jesus na Bahia, com mais de 20 unidades de atendimento espalhadas
pelas cidades circunvizinhas. A análise financeira do fluxo de caixa permite que o
gestor da empresa possa agir no momento correto, apesar das variações de
mercado onde está inserida, investindo ou recuando se necessário, e estar com
dados concretos antes de tomar uma decisão fará toda a diferença para a
organização no final desse processo. Foi possível identificar se a gerência financeira
da empresa estudada realizava o acompanhamento das entradas e saídas
monetárias, a fim de um maior controle dos seus gastos e ganhos e, ainda, verificar
se havia alguma dificuldade na elaboração do DFC. Para enfim, diagnosticar se o
houve realmente um controle dos registros de caixa e como a empresa evoluiu ao
longo dos quatro anos observados. A necessidade de entender como o Labocliv se
utiliza de tal ferramenta para gerir seu negócio foi uma das motivações da pesquisa.
A metodologia utilizada foi de pesquisa documental e o método de abordagem foi o
indutivo e estudo de campo (monográfico), mediante aplicação de um questionário,
contendo dezenove perguntas objetivas e subjetivas, destinadas á gerência
financeira da empresa com a finalidade de entender como o layout da organização
financeira se aplicou nos últimos quatro anos.

Palavras Chaves: Gestão; Fluxo de caixa; Análise financeira.


ABSTRACT

This paper presents as a general theme, the process of cash flow control as a tool in
decision making. By recording cash inflows and outflows, it is possible for the
manager to be able to assess the actual situation of the company and make safer
decisions. The primary objective was to identify how the Cash Flow Statement (CFD)
can influence the management of a Clinical Analysis laboratory, since laboratory
activity is so bureaucratic in Brazil, mainly because it is a health institution. The focus
of the research was associated with the evaluation of CFD records between 2014
and 2018, from Labocliv-Laboratory and Medical Clinic of Vale, a reputable
laboratory based in Santo Antônio de Jesus in Bahia, with more than 20 service units
spread through the surrounding cities. Financial cash flow analysis allows the
company manager to act at the right time, despite the market variations where it
operates, investing or retreating if necessary, and having hard data before making a
decision will make all the difference to organization at the end of this process. It was
possible to identify if the financial management of the studied company was
monitoring the monetary inflows and outflows, in order to better control their
expenses and earnings, and also to verify if there was any difficulty in preparing the
CFD. Finally, diagnose if there was actually a control of cash registers and how the
company evolved over the four years observed. The need to understand how
Labocliv uses such a tool to manage its business was one of the research
motivations. The methodology used was documentary research and the method of
approach was the inductive and field study (monographic), by applying a
questionnaire containing nineteen objective and subjective questions, aimed at the
company's financial management in order to understand how the layout of the
financial organization has applied in the last four years.

Keywords: Management; Cash flow; Financial analysis.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1-Quantitativo de Laboratórios por Região – Brasil.............................. 17


Figura 2-Modelo geral de fluxo de caixa........................................................... 23

Figura 3-Tabela de glosas 38-ANS................................................................... 31

Figura 4-DFC Modelo Direto............................................................................. 35

Figura 5-Planejamento de Caixa Fixo Mensal................................................... 40


LISTA DE TABELAS

Tabela 1-Modelo para valoração de serviços...................................................... 27


Tabela 2-ANÁLISE QUALITATIVA DO FLUXO DE CAIXA................................. 39
Tabela 3-DFC Consolidado 1º Trimestre 2014................................................... 44
Tabela 4-DFC Consolidado 2º Trimestre 2014.................................................... 46
Tabela 5-DFC Consolidado 1º Semestre 2015................................................... 48
Tabela 6-DFC Consolidado 2º semestre 2015.................................................... 49
Tabela 7-DFC Consolidado 1º Semestre de 2016.............................................. 51
Tabela 8-DFC Consolidado 2º Semestre 2016.................................................... 52
Tabela 9-DFC Consolidado 1º semestre 2017.................................................... 53
Tabela 10-DFC Consolidado 2º semestre 2017.................................................. 54
Tabela 11-DFC Consolidado- Ano 2018............................................................. 55
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.............................................................................................. 10
2. CONTEXTUALIZAÇÃO................................................................................ 13
2.1 GESTÕES DAS EMPRESAS DE LABORAÓRIO E ANÁLISES CLÍNICAS
(COMO ACONTECE A GESTÃO DOS LABORATÓRIOS NO BRASIL)........... 14
3. REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................ 16
3.1 O ESTABELECIMENTO DOS LABORATÓRIOS DE ANÁLISES CLÍNICAS NO
ESTADO DA BAHIA X GESTÃO DO FLUXO DE CAIXA........... 16

3.2 O FLUXO DE CAIXA COMO FERRAMENTA DEGESTÃO FINANCEIRA... 18

3.3 FLUXO DE CAIXA – ANALISANDO OS NÍVEIS DE LIQUIDEZ.................. 20

3.3.1 Liquidez Corrente................................................................................... 21


3.3.2 Liquidez Seca.......................................................................................... 21
3.3.3 Liquidez Imediata.................................................................................... 22
3.3.4 Liquidez Geral......................................................................................... 22
3.4 NÍVEIS DE LIQUIDEZ IMEDIATA NO FLUXO DE CAIXA DE UM
LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS....................................................... 22
3.5 O FLUXO DE CAIXA COMO FERRAMENTA PARA A TOMADA DE DECISÃO
EM LABORATÓRIOS DE ANÁLISES CLÍNICAS............................. 24
3.6 A QUESTÃO DO FLUXO DE CAIXA DE CONVÊNIOS EM UM LABORATÓRIO
DE ANÁLISES CLÍNICAS...................................................... 28
3.7 ESTRATÉGIAS PARA ANÁLISE DE FLUXO DE CAIXA DE UM LABORATÓRIO
DE ANÁLISES CLÍNICAS....................................................... 34
3.8 FLUXOS DE CAIXA COMO FERRAMENTA COMPETITIVA...................... 37
3.8.1 Passo 1 – A Necessidade da Pesquisa.................................................. 38

3.8.2 Passo 2 – Definir o Problema................................................................. 38

3.8.3 Passo 3 – Coleta de Dados..................................................................... 39


3.8.4 Passo 4 – Análise e Preparação de Relatório Final............................. 39
3.9 PRINCIPAIS ERROS COMETIDOS NA TOMADA DE DECISÃO SEM
ANALISAR O FLUXO DE CAIXA DE LABORATÓRIOS.................................... 40
4. METODOLOGIA............................................................................................ 41
4.1 OBJETO DA PESQUISA – A EMPRESA LABOCLIV.................................. 43
5. ANÁLISE E DISCURSÃO DOS DADOS....................................................... 43
5.1 O FLUXO DE CAIXA COMO FERRAMENTAS DE GESTÃO FINANCEIRA 44
5.2 PESQUISA DE INTERVENÇÃO – ENTREVISTA COM A GERÊNCIA
FINANCEIRA DO LABOCLIV............................................................................ 56
CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................. 60
REFERÊNCIAS................................................................................................. 62
APÊNDICE......................................................................................................... 63
1. INTRODUÇÃO

Na gestão financeira de uma organização, existem ferramentas que auxiliam no


controle de registros de movimentações anuais, mensais e diárias que permitem
avaliar o desempenho do negócio, entre elas está o fluxo de caixa, que visa orientar
e planejar os recursos disponíveis da empresa, e através desta, é possível identificar
necessidades e/ou oportunidades de se investir numa determinada área do mercado
em um momento considerado propício para a empresa.
O presente trabalho visa abordar a importância do controle do fluxo de caixa como
ferramenta de análise financeira de uma empresa, e como esse processo influencia
na tomada de decisão dentro da organização. Inicialmente, para que se atinjam
níveis de eficiência e excelência ao oferecer um produto ou serviço, é necessário
antes de tudo, planejamento, por isso, o acompanhamento para o controle do fluxo
de caixa é um dos primeiros passos para garantir a saúde financeira do negócio.
Muitas empresas acabam pulando algumas etapas desse planejamento, como
pesquisa de mercado, público alvo ou capacidade real de manutenção do capital de
giro para manter o produto ou serviço no mercado, e acabam fechando antes
mesmo de se estabelecerem no nicho escolhido.
Portanto, analisar o fluxo de caixa e tomar decisões com base nas informações de
entradas e saídas (receitas e despesas) vai muito além de organizar registros
financeiros numa planilha, em regra, empresas com experiência de mercado,
adotam medidas pertinentes para alcançar um retorno positivo na dinâmica de caixa,
priorizando acompanhar as exigências estabelecidas pelos consumidores, como
qualidade, funcionalidade, custo benefício, visibilidade, etc. Frente a esse desafio, e
considerando a complexidade da gestão financeira de uma organização, torna-se
fundamental o uso de sistemas financeiros que consigam reduzir o nível de incerteza
nos processos decisórios.
Observando num ângulo holístico, o mundo evoluiu bastante nos últimos anos, tanto
nos campos tecnológico, social e político, quanto na flexibilidade na utilização
ferramentas para a administração financeira e avaliação do desempenho
organizacional. Hoje, existem indicadores que avaliam as possíveis variações de
receita, como por exemplo, a sazonalidade na demanda de um determinado produto
ou na procura de um serviço, evitando que o gestor opte pela aplicação indevida de

10
ativos na compra de produtos ou realize investimento num serviço dentro de um
espaço de tempo incorreto (sem demanda), isso garante também, que o investidor
possa aplicar seu capital no momento correto, com retorno calculado evitando
prejuízos futuros. Essa gestão do fluxo de caixa se torna mais segura para a
empresa, porque as decisões podem ser tomadas com base em dados reais de
registros financeiros, e a margem de erro se torna mínima. Atualmente, devido à
concorrência, muitas empresas passam a buscar por uma maior eficiência na gestão
de seus recursos financeiros, planejando investimentos com embasamento
estatístico nas pesquisas de mercado, mantendo um acompanhamento permanente
dos resultados atingidos, para evitar possíveis erros na tomada de decisão. Desta
forma, o gestor pode avaliar com mais segurança sobre quais medidas adotar para o
desenvolvimento da organização, bem como a aplicação dos excedentes de caixa
(lucros) em áreas rentáveis para a empresa como aperfeiçoamento de um produto
que seja o carro-chefe do negócio, investimentos estruturais: reformas, ampliações
da rede em outros locais; otimização de sistemas de software para a prestação de
serviços garantindo agilidade no atendimento ao cliente dentre outros. Em caso de
baixo fluxo de caixa, as decisões serão embasadas na retenção de custos,
redefinição de estoque, levantamento de recursos humanos (controle da folha),
criação de promoções atrativas para o consumidor, estas são também, estratégias
pertinentes para garantir a saúde financeira da empresa. Como pontuado
anteriormente, sempre existirão desafios para que uma empresa possa manter a
competitividade, e conciliar isso a uma boa gestão do fluxo de caixa se torna ainda
mais desafiador, tanto quanto garantir a posição de liderança num determinado
segmento de mercado. Em geral, chegar na frente significa estar em constante
transformação, seja na busca da criação de um novo produto, um novo layout
organizacional, novas políticas sustentáveis – a propósito, tem sido um atrativo para
a maioria dos consumidores – e principalmente estar preparado para a volatilidade
financeira, pois, esse fenômeno econômico atinge todo e qualquer nicho de
mercado. Nessa perspectiva, o presente trabalho irá abordar as principais
estratégias utilizadas para o controle e alavancagem do fluxo de caixa na empresa
do segmento de Medicina Laboratorial (Labocliv Laboratório e Clínica Médica do
Vale Ltda.) e como esse processo interfere diretamente da tomada de decisão
observando as mudanças que ocorreram na empresa entre os anos de 2014 a 2018.

11
O tema desse projeto é justificado pela necessidade de entender o processo de
gestão organizacional embasada pelos registros de fluxo de caixa em empresas que
estão iniciando suas atividades ou até mesmo que já possuam uma experiência de
mercado, mas que não se atentam para a importância de uma boa gestão do seu
fluxo de caixa e utilizar este, como uma das ferramentas para embasar melhores
decisões para o negócio. A escolha de analisar uma empresa no ramo de Medicina
Laboratorial se deu pelo interesse em identificar rotinas financeiras do fluxo de caixa
neste segmento de saúde e entender como tais rotinas interferem na gestão de um
laboratório de análises clínicas.
Por sua vez, o Demonstrativo de Fluxo de Caixa (DFC) para empresas nessa área,
pode também auxiliar na tomada de decisões em diversos setores dessa
organização, tais como: fluxo de atendimento nos postos de coleta do laboratório,
gerência financeira, organizar recursos de materiais e atendimento, dentre outros.
Estas rotinas consequentemente geram dados nos registros de caixa que servem de
análise para o controle financeiro e para manter a estabilidade do negócio. Por isso,
o DFC é uma das ferramentas de gestão que interfere diretamente nos fluxos
operacionais de toda e qualquer organização, bem como neste caso, o de medicina
laboratorial.
Para que se haja uma compreensão mais ampla do tema em questão, entende-se
que o Demonstrativo de Fluxo de Caixa é um indicador de controle financeiro que
projeta para períodos futuros de curto ou longo prazo, todas as entradas e as saídas
(receitas e despesas) de uma empresa, indicando como será o saldo de caixa para o
período projetado, e este é um dos maiores desafios do dia a dia de uma
organização- lidar com níveis instáveis de abundância e escassez no fluxo de caixa
proveniente de um mercado volúvel.
Esse trabalho tem como objetivo geral, analisar como o processo de controle do
fluxo de caixa, numa empresa no segmento de laboratório de análises clínicas,
influencia na tomada de decisão. Sendo os objetivos específicos:
 Interpretar e comparar dados financeiros do fluxo de caixa do período
pesquisado (2014 - 2018).
 Verificar como o fluxo de caixa influencia na tomada de decisão.
 Identificar fatores que interferem no controle do fluxo de caixa.

12
A intenção final desse estudo foi de comprovar a fundamental importância do DFC
como uma das ferramentas da administração financeira, apontando informações
necessárias sobre os reais resultados das empresas para que os processos
decisórios sejam embasados com mais coerência e segurança.
Partindo desta explanação, este trabalho levanta o seguinte problema: Como o
processo de gestão do fluxo de caixa, numa empresa no segmento de laboratório de
análises clínicas, influência na tomada de decisão? Um estudo de caso na empresa
Labocliv – Laboratório e Clínica Médica do Vale.
A teoria aplicada nesse projeto buscou interpretar como controle do fluxo de caixa
numa organização de saúde pode interferir na tomada de decisão. Nesse contexto
foram inclusos diversos fatores que influenciam na gestão das rotinas de um
laboratório de análises clínicas, como por exemplo, a instabilidade no mercado de
saúde suplementar e a sazonalidade na demanda de serviços laboratoriais. Em
contra partida, é notável que os mercados modificam-se continuamente e a
exigência dos consumidores aumenta na mesma velocidade, e não conhecer o
mercado em que se atua pode levar os empresários a perderem oportunidades, e
isso implica de maneira negativa no fluxo de caixa, pois, sem conhecimento de
mercado, não se presta um bom serviço, e sem um bom serviço, não existirá
demanda de atendimento. Nesse sentido, os objetivos de aspecto financeiro devem
estar ligados à estratégia da empresa para gerir o a dinâmica de caixa, observando
não somente a obtenção de lucros, mas também focando no planejamento.

2. CONTEXTUALIZAÇÃO

A partir da implementação do fluxo de caixa como uma das ferramentas da


administração financeira, é possível obter informações que podem nortear o gestor
quanto à situação real da empresa, e esses dados auxiliam na tomada de decisão
possibilitando o alcance de resultados satisfatórios em um determinado espaço de
tempo. O controle do fluxo de caixa permite ainda, avaliar a capacidade de
financiamento do capital de giro da empresa ou se existe dependência de recursos
externos, permitindo conhecer a viabilidade de expansão do negócio com capital
próprio, gerado a partir de operações próprias, não terceirizadas, e aferir o potencial

13
efetivo da organização e tomar decisões de investimento, financiamento, distribuição
de lucros e/ou pagamento de dividendos. Ter posse dessas informações através de
uma ferramenta de uso diário como o fluxo de caixa, é importante para a boa gestão
da organização e evita o risco de má utilização dos recursos, Gazola Júnior (2004)
destaca que muitas empresas têm dificuldade em identificar a situação econômico-
financeira da sua empresa por não saber organizar e avaliar os registros financeiros,
o que dificulta no processo de tomada de decisão, pois, como saber o momento
certo de investir, realizar um empréstimo, ou captar recursos externos quando não
se conhece a situação real do próprio negócio? Portanto, mais uma vez a relevância
do DFC está ligada a segurança para a continuidade do negócio. O DFC evidencia
ainda, o confronto entre as entradas e saídas de caixa, verificando se haverá sobras
ou faltas de dinheiro. Permite à administração da empresa decidir com antecedência
se a empresa deve tomar recursos ou aplicá-los, e ainda, avalia e controla ao longo
do tempo as decisões importantes que são tomadas na empresa e seus reflexos na
rotina organizacional, bem como será analisado ao longo deste projeto.
Todos os pontos citados nesse trabalho fazem parte do planejamento administrativo
ligado à gestão do fluxo de caixa dentro de uma empresa de medicina laboratorial,
tendo os registros financeiros como uma das principais ferramentas de controle
organizacional, e alocação de recursos para o funcionamento do negócio, a saber,
na perspectiva de um laboratório de análises clínicas.

2.1 GESTÕES DAS EMPRESAS DE LABORAÓRIO E ANÁLISES CLÍNICAS


(COMO ACONTECE A GESTÃO DOS LABORATÓRIOS NO BRASIL)

Como toda e qualquer empresa, a gestão de recursos e operações de um


laboratório de análises clínicas ocorre sobre os pilares básicos da administração:
planejamento, organização, direção e controle. O objeto de pesquisa nesse projeto
está incluso o nicho de mercado de medicina laboratorial, sendo assim, a
administração dos laboratórios de análises clinicas do ramo privado no Brasil é
norteada pelos regimentos de padronização da qualidade como o CNPQ – Ministério
da Ciência, Tecnologia, isso – Inovações e Comunicações, ANS – Agencia Nacional
de Saúde Suplementar, dentre outros. De acordo com a ANVISA – Agência Nacional
de Vigilância Sanitária deve-se considerar a relevância da qualidade dos exames

14
laboratoriais para apoio ao diagnóstico eficaz. Por ser um laboratório de análises
clínicas torna-se um fornecedor de serviços bastante variados. Um grande
laboratório pode realizar até 3.000 tipos diferentes de exames. Devido à
complexidade da gestão no ramo de análises clínicas no Brasil muitos laboratórios
de pequeno porte possuem grande dificuldade em se expandir, pois, há uma gama
de documentações tributárias, normas operacionais e processos sanitários a serem
cumpridos e o custo de adequação à esses processos acaba sendo bastante alto
para os laboratórios que estão iniciando suas atividades. Portanto, é pertinente que
nesse estágio o fluxo de caixa seja a ferramenta financeira que irá nortear a maioria
das decisões tomadas a curto e longo prazo, isso vai garantir que o laboratório
possa continuar expandindo com segurança, mantendo a competitividade no
mercado. No Brasil os laboratórios de grande porte conseguem oferecer um serviço
de qualidade e exames com preços mais acessíveis aos clientes justamente pelo
volume no giro e o poder de negociação mais elevado com fornecedores externos,
como reagentes, tubos, seringas e outros materiais utilizados no processo de análise
das amostras coletadas dos pacientes no laboratório. A competitividade no preço
ofertado pelo serviço laboratorial privado se torna um grande fator de liderança
nesse mercado, pois, o SUS – Sistema Único de Saúde oferece uma tabela de
remuneração dos serviços de análises clínicas muito baixa em relação aos custos
dos exames bem como o Planserv – Fundo de Assistência à Saúde dos Servidores
Públicos Estaduais – para os laboratórios privados. Para entender essa dinâmica o
fluxo de caixa é comparado às diversas tabelas de preços pagas pelo sistema
particular e convênios de saúde suplementar (Cassi, SulAmérica, Postal Saúde,
Bradesco e etc.) os valores pagos pela tabela SUS e Planserv são claramente mais
baixos e competir com grades laboratórios nesse segmento com a grande demanda
apresentada pelo sistema SUS se torna quase inviável para os pequenos
laboratórios com custos operacionais mais altos, por isso é fundamental que se
tenha um fluxo de caixa com acompanhamento contínuo de ganhos para que se
possa adequar a estrutura do laboratório à demanda de serviço vigente no mercado
de análises clínicas. A área de saúde, em especial laboratórios de análises clínicas
não se absteve das mudanças ocorridas nas áreas da ciência e tecnologia nos
últimos anos, e a crise econômica do país dificultou ainda mais o progresso para a
maioria das áreas que abrangem esse segmento. Dessa forma, os gestores de

15
laboratórios clínicos não necessitavam apenas de especialização na área de
análises clínicas para acompanhar seus avanços tecnocientíficos, mas também se
preparar para gerir o negócio com segurança e consequentemente criar uma
estrutura organizacional sólida para melhor atender seus clientes.
Segundo Alves et. al. (2000, p.7) a maioria dos dirigentes de laboratório no Brasil
não possuem o conhecimento ou formação acadêmica na área de administração e
isso dificulta ainda mais sua permanência nesse mercado competitivo, porém, isso
não os impede de utilizar a experiência na área de saúde para agregar ainda mais
seus conhecimentos ao processo produtivo numa perspectiva operacional
agregando ciência e tecnologia, bem como utilizar ferramentas financeiras para
análise e alavancagem do seu negócio, o fluxo de caixa é, por exemplo, um dos
instrumentos mais utilizados nos processos decisórios de uma organização, sendo,
portanto, um dos artifícios mais seguros e objetivos para alcançar metas projetadas
a curto ou médio prazo.

3. REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 O ESTABELECIMENTO DOS LABORATÓRIOS DE ANÁLISES CLÍNICAS NO


ESTADO DA BAHIA X GESTÃO DO FLUXO DE CAIXA

Os Laboratórios de Análise Clínicas prestam um serviço fundamental de apoio ao


diagnóstico, tratamento e acompanhamento de uma infinidade de doenças e
condições de saúde. Para se ter uma ideia sobre o quantitativo de laboratórios de
análises clínicas existentes na Bahia foi realizado um levantamento através da base
de dados do CNESWeb – Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, em
novembro de 2016. Os dados estatísticos apresentados podem ser vistos no gráfico
a seguir:

16
Figura 1-Quantitativo de Laboratórios por Região - Brasil

Fonte: Ministério da Saúde - Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde do Brasil – CNES
(2016).

A Bahia ocupa o sexto lugar em número de laboratórios de análise clínica entre os


estados e o primeiro na região sudoeste, com 1.129 laboratórios. A maioria destes
laboratórios representa uma parcela considerável de empreendimentos de médio
porte na Bahia, porém, a pesquisa realizada pelo SEBRAE (2016) apontou que
existem fatores que dificultam a gestão inicial e a continuidade destes no mercado
de saúde:

Os Laboratórios de análises clínicas são empreendimentos que envolvem


um nível de investimento alto com a compra de equipamentos, compra do
local de atuação e adequação a exigências legais. As dificuldades iniciais
são variadas para diferentes laboratórios, mas um percentual considerável
de empreendedores de médio porte considerou o processo muito difícil, na
sua escala máxima 10. (SEBRAE, Cartilha 2016, p.37).

Nesse ponto da pesquisa SEBRAE (2016) liderada por Antônio Ricardo Alvarez
Alban, é apontada uma das maiores dificuldades na gestão de laboratórios iniciantes
de médio porte na Bahia, o custo operacional, mais precisamente dirigida à gestão
17
financeira dos recursos investidos em equipamentos para a realização dos exames,
custo da estrutura física englobando aluguéis, água, luz, bem como as exigências
legais (registro na Junta comercial, Secretaria da Receita Federal (CNPJ); regulação
sanitária, dentre outros). A importância de se ter um capital de giro para a
implantação do Laboratório nessa fase inicial é importante para garantir a
continuidade das atividades e a efetivação do negócio no mercado, e esse foi um
dos pontos considerados mais difíceis pelos gestores dos laboratórios pesquisados,
as decisões precisam ser bastante precisas e um bom planejamento financeiro, bem
como a organização do fluxo de caixa se torna um dos diferenciais para se manter
na liderança desse segmento. Os apontamentos realizados na pesquisa referente
aos laboratórios de médio porte na Bahia identificaram também, que a maioria dos
gestores, cerca de (75%), são bioquímicos formados sem um conhecimento
administrativo tão abrangente e isso dificultou bastante o estabelecimento e a
continuidade das atividades de cada laboratório, pois tiveram que recorrer à
terceiros para dar continuidade ao planejamento e organização das finanças dentre
outras rotinas administrativas pertinentes para a gestão de um empreendimento, por
isso, a importância de se delegar competências administrativas a profissionais
qualificados para uma determinada área pode ser decisivo para a efetivação do
negócio.

3.2 O FLUXO DE CAIXA COMO FERRAMENTA DEGESTÃO FINANCEIRA

Para toda e qualquer empresa, o fluxo de caixa pode ser utilizado como umas das
ferramentas de gestão financeira, através dele, algumas rotinas básicas podem ser
observadas, como: previsões de entrada e saída de recursos, registro dos
pagamentos de fornecedores, mão de obra interna e externa e recebimentos
efetivamente realizados dentro do período estipulado. Dessa forma, será possível
obter um levantamento preciso dos recursos disponíveis na empresa, fazer análise
de custos para formação dos preços dos produtos e serviços prestados, realizar
estudos de viabilidade para o lançamento de um determinado produto, e estipular
para este, o alcance público alvo dentre outras rotinas gerenciais. A gestão do DFC
(Demonstrativo de Fluxo de Caixa) pode reduzir substancialmente a necessidade de
capital de giro, isso porque, a programação correta das saídas no caixa, aliadas às

18
entradas programadas dentro de um período específico, podem garantir um lucro
médio desejável para o negócio, evitando a busca de reservas de caixa para o
pagamento de obrigações da empresa. O fluxo de caixa permite ainda, que empresa
possa identificar e reagir rapidamente a uma situação financeira desfavorável. Ao
perceber que as receitas estão caindo, o primeiro passo é identificar o problema, em
seguida, estabelecer alternativas mais precisas para reduzir as despesas a fim de
que o capital de giro seja pouco afetado, fazendo com que haja um equilíbrio no
resultado da receita mensal conforme citado por Alban (2016) na sua pesquisa:

Saldos negativos devem ser analisados com precisão no fluxo de


caixa. A primeira providência é descobrir as causas: atraso nos
recebimentos, alta taxa de inadimplência, queda repentina nas
vendas, atraso nos recebimentos dos clientes, etc. Em seguida,
devem-se buscar alternativas dentro da realidade da empresa para
sanar tais problemas. (SEBRAE, Cartilha 2016, p.37).

As baixas nas receitas registradas no fluxo de caixa como citado acima, podem ser
indicadores negativos de aceitação do produto ou serviço no mercado, na má gestão
dos recebimentos como atrasos de cobrança e/ou inadimplência dos clientes. Esse
problema também ocorre quando existem diferenças entre os prazos de pagamentos
e recebimentos, se estes não estiverem equilibrados, haverá períodos em que o
fluxo de saída será mais alto que a receita, nesse ponto, sem um capital de giro
adequando e uma boa reserva de caixa, o negócio pode ruir, e a recuperação se
torna mais difícil.
Em síntese, a atividade financeira de uma organização requer acompanhamento
contínuo dos resultados atingidos, de maneira a avaliar o desempenho da mesma,
bem como proceder com os ajustes e correções necessários no processo decisório.
Um dos objetivos básicos de gestão do DFC é prover a empresa de recursos de
caixa suficientes de modo a respeitar os vários compromissos assumidos pela
empresa e viabilizar a maximização dos lucros dentro do período estipulado. A
Importância do processo de gestão de caixa é reforçada por ALBAN (2016)
utilizando também a organização entre receitas e despesas de acordo com o centro
de custo correspondente a cada setor da empresa, segundo o autor citado, essa
organização no fluxo de caixa pode ser aplicada também à administração de
laboratórios de análises clínicas, permitindo conhecer o que cada setor pode gerar

19
de receita e/ou despesas dentro da organização, garantindo que as decisões a
serem tomadas sejam as mais precisas para o negócio:

A gestão do Fluxo de Caixa é um exercício rotineiro, mas com valor


inestimável para a empresa. Para um laboratório de análises clínicas,
ter um sistema financeiro que incorpora todas as particularidades
deste segmento é um diferencial, aliado a isso, é possível ainda fazer
a gestão de despesas e receitas de acordo com o centro de custos, o
que irá permitir conhecer o resultado de cada setor do laboratório,
permitindo gerir as áreas com assertividade. (SEBRAE, Cartilha
2016, p.40).

Aplicando essa ótica as instituições de saúde (laboratórios de análises clínicas) –


conforme afirmado por ALBAN (2016) nesta obra do SEBRAE, pode-se destacar a
importância de se atentar ao fluxo de caixa como uma das ferramentas primárias
para garantir o controle e a saúde financeira do negócio, incorporando todos os
setores da empresa, indo do almoxarifado à entrega dos exames aos pacientes. No
DFC são registradas também as entradas e saídas geradas por cada setor da
organização, assim, é possível identificar possíveis gastos desnecessários dentro de
algum processo veiculado à estes, e corrigi-los, podendo levar a um consequente
aumento do lucro. Essa rotina pode a trazer uma maior clareza aos dados de
receitas e despesas registrados no fluxo de caixa, e garantir que as decisões
administrativas sejam tomadas com objetividade.
Na maioria das vezes, esse processo pode ser ignorado por laboratórios que estão
iniciando suas atividades neste mercado, por falta de experiência administrativa ou
pouco conhecimento de mercado, ALBAN (2016) destaca ainda que “toda empresa,
mesmo tendo muitos pontos positivos, corre o risco de naufragar se não houver um
mínimo de controle sobre o fluxo de caixa”. Isso porque, toda empresa, seja de
qualquer segmento, precisa de um controle financeiro de suas atividades, pois o
impacto de uma decisão errada, ainda num momento inoportuno, pode levar o
negócio à falência, não importando se o serviço é de qualidade, se possui boa
estrutura física ou bons colaboradores, são engrenagens interdependentes, e estas
precisam estar harmoniosamente alinhadas para garantir o bom funcionamento do
todo.

3.3 FLUXO DE CAIXA – ANALISANDO OS NÍVEIS DE LIQUIDEZ

20
Outra análise que pode ser feita através do fluxo de caixa são os níveis de liquidez
no negócio em que se atua. De forma específica, os níveis de liquidez vão apontar a
capacidade de conversão do produto ou serviço ofertado em dinheiro sem perdas
significativas do seu valor, como: qual a facilidade de venda de um determinado
produto? Tem uma boa aceitação no mercado? O fluxo de vendas e alto para esse
produto?
O conceito de liquidez é normalmente aplicado à agilidade com que um investidor
consegue se desfizer de um investimento para voltar a ter dinheiro na mão sem que,
para isso, precise ter prejuízo. No fluxo de caixa os níveis de liquidez podem ser
observados alinhando os principais produtos vendidos num determinado período, o
volume de vendas de cada um destes, e a facilidade de saída dos mesmos. Com
esses dados, é possível definir qual seria o produto ou serviço mais demandado,
permitindo que o investidor possa decidir qual produto é mais lucrativo e propício
para a aplicação de um maior capital e a capacidade de retorno financeiro do
mesmo. Na área contábil os índices de liquidez são calculados para avaliar a
capacidade de pagamento da empresa frente a suas obrigações, para uma análise
holística, esses dados são dados coletados diretamente do balanço patrimonial,
sendo de grande importância para a administração da empresa, as variações destes
índices devem ser observadas pelos gestores. Atualmente estuda-se 4 índices de
liquidez:

3.3.1 Liquidez Corrente

Calculada a partir da Razão entre os direitos em curto prazo da empresa (Caixas,


bancos, estoques, clientes) e a as dívidas em curto prazo (Empréstimos,
financiamentos, impostos, fornecedores). No Balanço estas informações são
evidenciadas, respectivamente, como Ativo Circulante e Passivo Circulante, sendo a
fórmula: Liquidez Corrente = Ativo Circulante / Passivo Circulante.
A partir do resultado obtido é possível fazer a seguinte análise: Resultados maiores
que 1: demonstra folga no ativo disponível para uma possível quitação das
obrigações.

21
Resultado igual a 1: Os valores dos direitos e obrigações a curto prazo são
equivalentes.
Resultados menores que 1: Não haveria disponibilidade suficientes para quitar as
obrigações a curto prazo, caso fosse preciso.

3.3.2 Liquidez Seca

Similar à liquidez corrente a liquidez Seca não inclui os totais de estoque, por não
apresentarem liquidez compatível com o grupo patrimonial onde estão inclusos. O
resultado deste índice será permanentemente menor ao de liquidez corrente, sendo
cauteloso com relação ao estoque para a liquidação de obrigações. A fórmula geral
aplicada é: Liquidez Seca = (Ativo Circulante - Estoques) / Passivo Circulante.

3.3.3 Liquidez Imediata

Este é considerado um Índice conservador, pois, considera apenas o caixa, saldos


bancários e aplicações financeiras de liquidez imediata para quitar as obrigações.
Não incluindo, portanto, além dos estoques as contas e valores a receber. Um índice
de grande importância para análise da situação a curto-prazo da empresa: Liquidez
Imediata = Disponível / Passivo Circulante.

3.3.4 Liquidez Geral

Este índice leva em consideração a situação a longo prazo da empresa, incluindo no


cálculo os direitos e obrigações a longo prazo. Estes valores também são obtidos no
balanço patrimonial. A fórmula básica se aplica da seguinte forma: Liquidez Geral =
(Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo) / (Passivo Circulante + Passivo Não
Circulante).
Para este estudo, os níveis de liquidez foram analisados em uma perspectiva de
curto prazo, similar a liquidez imediata, pois foram embasados apenas pelos dados
do fluxo de caixa.

22
3.4 NÍVEIS DE LIQUIDEZ IMEDIATA NO FLUXO DE CAIXA DE UM
LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS

A rotina de entradas e saídas possibilita que os níveis de liquidez imediata sejam


avaliados com mais precisão no fluxo de caixa, assim fica mais simples definir qual
produto ou serviço é mais rentável para empresa. Geralmente, a liquidez imediata da
empresa está atrelada à sua capacidade de lidar com emergências financeiras.
Desse modo, um alto grau de liquidez imediata, proporciona à empresa uma boa
vazão para lidar com as incertezas do mercado de forma ágil.
Para um Laboratório de Análises Clínicas, um alto grau de liquidez imediata pode
estar atrelado a investimentos rentáveis à curto prazo, ou a vendas lucrativas de
exames com baixo custo operacional. Para descobrir a origem dos níveis de liquidez
imediata, cada entrada deve ser registrada no caixa com a devida descriminação do
produto vendido, dessa forma será possível identificar qual produto ou serviço foi
responsável pelos maiores níveis de lucro com menos despesa implicada no
processo operacional de venda. Terra (2018) exemplifica em seu estudo sobre a
importância do fluxo de caixa nas organizações, o modelo de tabela mais simples
para identificar os registros de entradas e saídas detalhadas:

Figura 2-Modelo geral de fluxo de caixa

Imagem 1º- (TERRA, Mauro. A Importância do Fluxo de Caixa- SP. 2018.)

No modelo de apresentado acima, Terra (2018) exemplifica como a planilha de fluxo


de caixa pode ser preenchida, onde, os registros das entradas são detalhados e
descriminados por produto vendido e na coluna seguinte o percentual
correspondente a cada entrada, resultante da divisão de cada venda pelo total
23
vendido, o total acumulado corresponde a divisão da receita pela despesa gerada
em cada período. Dessa forma, com a planilha apresentada, é possível saber
exatamente o grau de liquidez do negócio, qual produto possui o custo de
processamento mais acessível e consequentemente qual apresenta melhor retorno.
Por exemplo, para analisar o lançamento de um novo exame clínico no laboratório
ou medir a viabilidade de permanência deste na tabela de serviços oferecida pela
empresa, é preciso estabelecer o período de observação do caixa (semana, mês) e
coletar informações como: custo operacional para a realização do exame e a
demanda registrada para o mesmo no período estudado, com esses dados, o gestor
pode verificar se a demanda é proporcional ao valor investido na execução do
exame, se é rentável e qual a margem de lucro. Na maioria dos Laboratórios é
observado um fenômeno frequente, onde o custo de um determinado exame é não
possibilita uma margem de lucro tão elevada, porém, este apresenta um giro de
demanda maior que os demais e, no fim, acaba se tornando o carro chefe do
laboratório, e o grau de liquidez (capacidade de pagamento das obrigações geradas)
é positivo.

3.5 O FLUXO DE CAIXA COMO FERRAMENTA PARA A TOMADA DE DECISÃO


EM LABORATÓRIOS DE ANÁLISES CLÍNICAS

De forma geral, o processo decisório aliado a gestão financeira compreende num


conjunto de ações e procedimentos administrativos conciliados com o planejamento,
registro, análise e controle das movimentações da empresa, visando maximizar seus
resultados dentro da organização. Considerando que um laboratório de análises
clínicas possua um bom processo de gestão financeira, consequentemente o
fluxo de caixa do mesmo deve estar organizado; e quanto mais pacientes
atender, melhor a lucratividade. Entre as vantagens do fluxo de caixa para um
laboratório pode-se destacar a possibilidade de fazer previsões quanto à sobra ou a
falta de dinheiro, ter informações para ajustar o preço dos exames para cima ou para
baixo e confirmar quando será preciso buscar dinheiro extra. Segundo pesquisas
realizadas pela Unilab – (uma empresa de pesquisa laboratorial do Paraná criada
em 1996) em um laboratório de análises clínicas, as variações de receitas e
despesas dentre outros fatores típicos na gestão financeira, podem ocorrer de
24
acordo com demanda apresentada para cada exame incluso na tabela de serviços
prestados, estes dados podem auxiliar na tomada de decisão correta, estabelecendo
um fluxo operacional para cada período. Por exemplo, no inverno, e nas férias de
verão os laboratórios recebem uma maior demanda para execução de exames de
rotina, principalmente voltados para o público entre 05 à 18 anos, isso porque é
nesse período que os pais aproveitam para fazer exames de check-up nas crianças
e o volume nos atendimentos aumenta e consequentemente as receitas registradas
no fluxo de caixa também, no entanto os custos gerados nos atendimentos a estes
pacientes precisam ser medidos da mesma forma, caso contrário uma quebra de
caixa inesperada pode trazer prejuízos para o laboratório, essa rotina é descrita por
TERRA (2018) em um exemplo detalhado:

Se o dono do laboratório usualmente fatura R$ 70 mil, mas tem uma


semana mais movimentada em que vende R$ 80 mil em serviços, ele
teve um aumento de 12,5% no faturamento. No entanto, quando ele
vende R$ 70 mil, tem R$ 67 mil em custos e, com o aumento das
vendas, vieram mais despesas – que fizeram com que ele gastasse
R$ 78 mil. Assim, o ganho líquido foi de R$ 2 mil. Ou seja, o gestor
ainda tem um saldo positivo, mas o aumento de despesas também
foi muito pronunciado, o que pode indicar falhas nos processos
operacionais. (TERRA, Mauro. A Importância do Fluxo de Caixa, p.56
SP. 2018).

É natural que muitos jovens donos de laboratórios analisem apenas a entrada de


dinheiro ou maior demanda de clientes como fator de sucesso do negócio em
relação aos concorrentes, no entanto, isso é bastante arriscado, como foi visto no
exemplo acima, no fluxo de caixa é importante equilibrar receitas e despesas para
que se atinja um equilíbrio financeiro na organização. A tomada de decisão
pertinente no caso citado, seria de rever os processos que geraram os principais
gastos naquela semana, desde a coleta do material até a entrega dos exames para
o paciente e reduzir os custos otimizando as rotinas operacionais de cada etapa
aumentando assim, a margem de lucro.
O gestor do laboratório precisa estar continuamente atento às variações no fluxo de
caixa para que possa tomar a decisão correta e efetivar o negócio, segundo o Dr.
Mauro Terra (2018) o gestor de um laboratório deve seguir uma rotina:

25
Deve ser uma prática diária do gestor, ao chegar no laboratório e ao
sair no final do dia verificar o fluxo de caixa, analisar as previsões de
entradas e saídas para planejar ou modificar alguma coisa. Os dados
devem ser lançados de forma precisa e discriminada. Mesmo que o
gestor tenha uma pessoa responsável pelo fluxo de caixa, ele deve
estar junto, e estar inteirado, pois as decisões serão de
responsabilidade dele. (TERRA, Mauro. A Importância do Fluxo de
Caixa-SP, 2018).

Seguindo a linha de rotina citada, é importante entender que o fluxo de caixa é uma
ferramenta dinâmica, deve ser atualizada a todo o momento pelo gestor do
laboratório; isso auxiliará na aplicação das decisões e permitirá que o gestor observe
com mais clareza cada processo dentro da empresa, vendo qual deles gera maior
custo, ou em qual deles se obtém maior lucro. Assim, a empresa continuará a gerar
lucros que só tendem a aumentar.
Observar os indicadores criados no planejamento estratégico do laboratório e
enxergar sua capacidade de melhoria nas rotinas operacionais é importante para
que o sistema de gestão melhore constantemente, logo, também a saúde financeira
do laboratório. O custo e despesas geradas com fornecedores, por exemplo, no
ramo laboratorial pode variar de acordo com o dólar, pois alguns produtos são
importados, como os reagentes utilizados na manipulação dos materiais biológicos,
e isso gera também, uma variação no preço dos exames realizados pelo laboratório.
Essa gestão de custos e despesas é também citada por Terra (2018) como um fator
importante na administração financeira do laboratório e deve ser levado em conta
para a análise do fluxo de caixa:

Os custos são os gastos ligados diretamente à atividade-fim do


laboratório e as despesas são os desembolsos voltados para a
manutenção das rotinas operacionais. Se o preço estabelecido para
a venda do exame é muito baixo em relação ao que foi gasto na
realização do mesmo, o estabelecimento pode não conseguir cobrir
todos os valores despendidos, tendo assim um fluxo de caixa
desproporcional e contrair dívidas. (TERRA, Mauro. A Importância do
Fluxo de Caixa-SP, 2018).

Dessa forma, equilibrar as despesas do laboratório e reverter estas na valoração das


atividades fins (exames), auxiliará na cobrança de um preço justo para os pacientes,
e manterá um fluxo de caixa estável, o que é fundamental para o cumprimento das
obrigações da empresa. Existem alguns cálculos básicos que o gestor do laboratório

26
pode aplicar no processo de precificação dos produtos e serviços, isso evita a
prática de preços abusivos ou muito abaixo do mercado, evitando assim que o fluxo
de caixa seja prejudicado. Um dos cálculos mais simples para fazer a precificação
de qualquer produto é a separação dos custos de produção (matéria prima, mão de
obra, etc.) e somar estes à uma base de lucro pré-estabelecida. É importante
considerar os preços presentes no mercado para os serviços que o laboratório
oferece, pois, o valor dos mesmos não pode estar muito distante do que é praticado
na praça. A metodologia apontada pelo SEBRAE na valoração dos serviços de
laboratório pode ser exemplificada na tabela a seguir:

Tabela 1-Modelo para valoração de serviços


CÁLCULO DA MÃO DE OBRA DIRETA CÁLCULO DOS MATERIAIS DIRETOS
Para calcular o valor da hora de Nesse passo é preciso calcular o valor dos materiais
trabalho dos profissionais envolvidos utilizados diretamente no serviço. Considere
na tarefa, considere a fórmula a reagentes, seringas, aparelhos, entre outros. Para
seguir: Custo da hora de trabalho = que todos os custos possam ser corretamente
(valor dos salários dos profissionais repassados no preço de venda: PV.
envolvidos na tarefa + encargos
sociais) / (número de empregados x
160 horas).
CÁLCULO DO CUSTO CÁLCULO DOS CUSTOS FIXOS
UNITÁRIO DO SERVIÇO
É preciso considerar, em um mesmo período, o
Some o custo da mão de obra direta e custo fixo médio e a receita bruta média daquele
o custo do material. intervalo de tempo. Utilize esses valores na
fórmula: Percentual do custo fixo em relação à
receita bruta = (custo fixo médio / receita bruta
média) x 100.
CF% = (CFM / RBM) x 100.
DEFINIÇÃO DA MARGEM DE LUCRO CÁLCULO DO PREÇO DE VENDA (PV)
Esse passo deve ser realizado Nessa etapa os custos totais de produção são
considerando os valores do mercado e somados e em seguida divididos pelo pacote
a margem de lucro com que o gestor utilizado em cada serviço e o resultado é somado à
do laboratório deseja operar. É taxa de lucro estabelecido: (CF + CV) / (X) + % L =
importante encontrar um ponto de P.V
equilíbrio nessa demarcação.

Fonte: (SEBRAE, Estudo sobre Laboratórios Baianos de Análises Clínicas. 2016).

27
Essa tabela do SEBRAE exemplifica cada etapa do processo de precificação de
qualquer serviço fornecido por um laboratório e pode ser utilizado também para
valorar qualquer produto, desde que as margens de lucro sejam inseridas de acordo
com a demanda existente para o mesmo no mercado. Tendo os valores dos serviços
definidos, o laboratório inicia a etapa de vendas, e em seguida avalia o desempenho
de acordo com o fluxo de caixa apresentado, a partir daí são tomadas as decisões
que podem definir a continuidade do serviço prestado como: adicionar melhorias,
reduzir custos ou investir no segmento com novas tecnologias para alcançar
melhores resultados garantindo a satisfação do cliente. Outro ponto pertinente na
gestão do fluxo de caixa após a análise das vendas é a organização e a
programação de pagamento das obrigações (custo com fornecedores, contas de
água, luz, internet, dentre outros), segundo Terra (2018) o laboratório pode organizar
o pagamento das faturas junto aos fornecedores de forma mais flexível para ambas
as partes:

É mais seguro que se adote um sistema de pulverização das faturas


junto a fornecedores; ao invés de adotar o sistema de 30 dias para
pagamento, o laboratório pode procurar trabalhar dividindo a
duplicata em 7, 14, 21 e 30 dias. Este simples movimento permite
uma pulverização do desembolso de caixa e evita atrasos com
consequente multa e juros e ainda é bom para o fornecedor. Outro
cuidado é sempre atentar para não sobrepor datas de vencimento
das notas. (TERRA, Mauro. A Importância do Fluxo de Caixa-SP,
2018).

Esse controle no fluxo caixa para a quitação das obrigações do laboratório é


fundamental para conciliar uma dinâmica saudável ao fundo financeiro da empresa.
Em outras situações, é muito comum principalmente em pequenos laboratórios, que
o gestor acabe negociando com vários fornecedores, e os mesmos geram faturas
fixas para 15 ou 30 dias, sem um plano de pagamentos, esse pode ser um fator de
risco para o caixa, pois, quando se tem mais de um fornecedor e o vencimento das
faturas pode coincidir com a mesma data e gerar um acúmulo de obrigações e pode
ser prejudicial para um caixa com fluxo baixo ou sazonal porque as despesas serão
maiores que a receita. Como foi citado acima, se houver uma divisão concisa das
obrigações junto aos fornecedores em períodos de pagamento mais abertos ao
invés de gerar pagamentos fixos de uma só vez, será benéfico tanto para o
laboratório, que terá as faturas divididas em parcelas menores, quanto para o
28
fornecedor que receberá dentro do espaço de tempo acordado sem atrasos e
consequentemente um cliente fidelizado.

3.6 A QUESTÃO DO FLUXO DE CAIXA DE CONVÊNIOS EM UM LABORATÓRIO


DE ANÁLISES CLÍNICAS

Os laboratórios de pequeno porte possuem ainda o desafio de estar à frente de um


nicho de mercado competitivo no que tange ao custo dos serviços prestados à
beneficiários de convênios de saúde suplementar, pois, a maioria do giro monetário
para este segmento está voltada para exames básicos como hemograma, sumário
de urina, parasitológico, glicose e etc. Estes exames possuem um baixo valor de
negociação frente aos custos gerados para a entrega dos mesmos (luvas, seringas,
reagentes, água, luz, recursos humanos, dentre outros) como exemplo, o Sistema
Único de Saúde (SUS) fornece este serviço gratuitamente, enquanto laboratórios
particulares alteram constantemente as tabelas de preço para estar à frente da
concorrência e atingir a maior parcela do público alvo pagador por este serviço, e o
público credenciado ao Sistema Nacional de Saúde Suplementar, representado
pelos pacientes usuários de convênios como: Planserv, Cassi, SulAmérica, Saúde
Bradesco, Postal Saúde, dentre tantos outros que estão integrados nesse mercado
da saúde suplementar. A maioria desses convênios paga um valor irrisório pelos
exames clínicos se comparado às tabelas particulares e ao real custo para a
realização desses exames, o lucro gerado é considerável quando há um maior giro
desses exames, e para um laboratório que está iniciando é preferível que se tenha
um percentual de pagadores de nível particular maior do que associados a estes
planos de saúde, isso porque, os custos fixos do laboratório precisam ser quitados
em prazos pré-estabelecidos, então é necessário possuir um capital de giro
saudável, e o fluxo de caixa referente aos atendimentos particulares estar em dia,
pois, os planos de saúde só quitam os atendimentos gerados após 60 ou 90 dias,
contados da data de realização dos exames pelos pacientes. O fluxo de caixa
referente às entradas diárias de um laboratório de análises clínicas se divide em
atendimentos particulares (espécie, cartão, cheque) e atendimentos de convênio –
Operadoras de Saúde Suplementar. Os caixas com entradas em espécie e cartão
podem gerar projeções semanais e mensais para tomadas de decisão, portanto,

29
entre 07 e 30 dias o gestor terá um caixa seguro e real para gerir pagamentos de
fornecedores, funcionários e outros custos gerais do laboratório. Para o caixa
referente as entradas de convênios no entanto, o planejamento deve ser feito numa
projeção compatível ao calendário de pagamento fornecido pelas operadoras de
saúde, pois, os pagamentos são efetuados entre 60 e 90 dias após os atendimento
dos pacientes. O risco de uma quebra de caixa nessas circunstâncias é muito maior
porque na maioria das vezes os convênios não quitam as faturas na data prevista,
geralmente alegam a insuficiência de caixa, com a crise econômica e o desemprego,
muitos beneficiários perderam o plano de saúde e o descredenciamento desses
pacientes, consequentemente afeta o fundo monetário dos planos de saúde. Os
caixas referentes às entradas de convênios não são considerados seguros para se
fazer planejamentos a curto prazo, de qualquer forma, quando os pacientes são
atendidos no laboratório, já foram gastos materiais de manipulação (tubos, seringas,
agulhas, luvas), água, luz, ar condicionado, recursos humanos, etc. Portanto, é
pertinente que a empresa possua um capital de giro seguro para a manutenção da
estrutura física e das rotinas laboratoriais. Esses e outros fatores demonstram a
importância de que o gestor da organização tenha pleno conhecimento do seu fluxo
de caixa como complemento de análise das rotinas financeiras, reafirmando assim, a
importância do equilíbrio financeiro no fluxo de caixa do laboratório, essa pode ser,
portanto, umas das estratégias para a continuidade dos atendimentos à pacientes
credenciados aos planos de saúde, pois, o laboratório manterá as atividades, e as
despesas geradas precisam ser quitadas num período fixo, enquanto os
recebimentos laborais só serão ressarcidos após o período estabelecidos pelos
convênios. A gestão do fluxo de caixa neste segmento de saúde, especificamente o
caixa referente aos recebimentos dos convênios bem como a importância da tomada
de decisão correta é destacada por ALBAN (2016) quando o mesmo, fala sobre gerir
os recebimentos das faturas de convênio, pois, estas são quitadas em períodos mais
longos, diferente do pagamento à vista, em espécie ou cartão realizado por
pacientes particulares. Atender pacientes de convênio exige um planejamento
financeiro minucioso, desde o credenciamento do laboratório junto ao convênio (Os
laboratórios precisam firmar um contrato com os convênios para poder atender
pacientes referenciados à estes) até o recebimento final, quando as faturas são
liberadas e analisadas no site da operadora para emissão da nota fiscal. O

30
planejamento do fluxo de caixa com a previsão dos recebíveis de convênios é
importante porque dessa forma o laboratório poderá gerir as saídas de caixa e
concilia-las com as entradas efetuadas pelas operadoras de saúde. Se, por
exemplo, a fatura de um convênio foi enviada na primeira semana de Janeiro, o
recebimento desta, ocorrerá na primeira semana de Março, dessa forma, algumas
saídas de caixa como o pagamento de reagentes, seringas, luvas ou outros custos
gerados na atividade laboratorial daquela fatura enviada em Janeiro para o convênio
podem ser quitados na primeira semana de Março. Esse planejamento evita que a
receita gerada no caixa dentro de um determinado período seja destinada de forma
indevida para outro fim.
O agravante nesse processo de recebimento junto aos convênios além do longo
prazo de recebimento das faturas de atendimento são as chamadas “glosas” – é o
termo que se refere ao não pagamento por parte dos planos de saúde, de valores
referentes a atendimentos, medicamentos e materiais de coleta de exames cobrados
pelos prestadores (hospitais, clínicas e laboratórios) na guia do paciente – quando o
convênio aplica uma glosa na fatura enviada pelo laboratório ele identifica a guia do
paciente e justifica o motivo do não pagamento. Os motivos de glosa mais comuns
são: carteira do paciente informada incorretamente, senha de autorização incorreta,
falta de autorização de exames, ausência de carimbo médico no pedido de exames
dentre outros. Existe uma tabela regulamentada pela ANS (Agência Nacional de
Saúde Suplementar) com códigos padrões que justificam cada tipo de glosa das
quais os convênios podem aplicar nas faturas enviadas pelos prestadores e esses
códigos de glosa facilitam a análise de recebimento das contas pelos prestadores e
permitem identificar possíveis erros no faturamento e que podem ser corrigidos no
recurso para evitar uma perda financeira das contas enviadas aos convênios. Na
imagem abaixo, segue um modelo da tabela de glosas regulamentada pela ANS
atualmente a tabela possui cerca de 525 códigos:

Figura 3-Tabela de glosas 38-ANS.

31
Fonte: ANS, Tabela de Glosas. 2018.

Para evitar as glosas e os consequentes prejuízos das mesmas na baixa das faturas
enviadas aos convênios, a gestão do laboratório pode intervir diretamente nos
setores da recepção – onde os pacientes recebem o primeiro atendimento – e do
faturamento, onde as contas são efetivamente processadas gerando as faturas
enviadas aos convênios. O laboratório pode providenciar um treinamento para
recepcionistas e faturistas sobre adequação às normas de atendimento à pacientes
de convênio e faturamento destes estabelecidas pela ANS, dessa forma, as glosas
poderão ser evitadas garantindo o recebimento integral da fatura pelo convênio sem
prejuízos ao fluxo de caixa do laboratório. ALBAN (2016) cita em sua pesquisa pelo
SEBRAE, que a gestão do fluxo de caixa referente aos atendimentos de convênios
está ligada não apenas ao gerenciamento das glosas aplicadas, mas também à
atenção por parte do prestador para realizar recurso destas junto às operadoras de
saúde para tentar recuperar essas perdas de caixa:

Ligadas ao fluxo de caixa estão as questões ligadas ao recurso para


recuperar as glosas. O recurso de glosa deve ser feito de forma
assídua para tentar recuperar dos convênios essas perdas de
faturamento, alguns prestadores de saúde ainda ignoram tal
atividade como um dos pontos importantes na gestão das perdas de
caixa do laboratório. (SEBRAE, Cartilha 2016, p.48).

Como foi citado, o recurso de glosa pode ajudar na recuperação das perdas junto
aos convênios possibilitando ao prestador o recebimento de valores que foram
glosados nas primeiras faturas enviadas às operadoras de saúde, por isso, a
importância de acompanhar os relatórios de caixa e concilia-los aos recebimentos

32
dos convênios. Portanto, os laboratórios de análises clínicas que possuem
credenciamento junto às operados de saúde precisam se atentar de forma
cuidadosa ao fluxo de caixa como um todo, pois, seja em sua fase inicial ou já
estabelecida no mercado, todo laboratório possui uma carteira fixa de pacientes
beneficiários de algum plano de saúde, e o atendimento à esses pacientes pode
gerar lucro ou prejuízo para o negócio se as faturas não forem acompanhadas pelo
gestor financeiro.
Os atendimentos particulares (pagamento à vista) gerados nos laboratórios são
ainda a segurança da saúde financeira da empresa nesse ramo de negócio porque
os custos fixos da organização precisam ser sanados em tempo hábil, e os
convênios não garantem esse prazo. Em geral, os laboratórios são dependentes
desta relação com os administradores de planos de saúde. Analistas financeiros da
área de gestão em saúde afirmam que o ponto ideal de dependência dos convênios
seria de 15 a 20%, pois, segundo a pesquisa citada pelo SEBRAE, para que as
empresas no segmento de saúde atinjam um nível financeiro saudável, seu
faturamento não pode depender de um retorno dos convênios superior a 20%, ou
seja, a empresa deve ter um faturamento particular predominante de 80 a 85%; isso
porque o ramo de Saúde Suplementar tem se tornado muito instável com a crise
vivida no Brasil entre 2017 e 2018, as empresas que contrataram um plano de saúde
para os colaboradores, com a crise, tiveram que demitir funcionários acabaram
tendo que e esse fato fez com que muitos trabalhadores perdessem o plano de
saúde. O Sistema de Saúde Suplementar é visto atualmente como ponto de risco,
não apenas para os laboratórios de análises clínicas, mas para a maioria das
empresas no ramo de saúde, pois parte da receita gerada está veiculada à demanda
de atendimento aos pacientes com carteira de convênio, são inclusos nessa área,
beneficiários do sistema de saúde suplementar que possuem um plano coletivo pago
em parte ou totalmente pelo empregador, e com o desemprego, esses beneficiários
perdem o convênio recorrendo consequentemente ao SUS, isso gera uma demanda
desenfreada no sistema público de saúde, enquanto pequenos hospitais e
laboratórios privados sofrem com a falta de demanda gerada pela crise econômica
desencadeada nesse processo. A cartilha do SEBRAE (2016) cita esse fato
justificando o impacto que a crise econômica gera especificamente com a redução

33
dos usuários de convênios subsidiados por empregadores e como isso afeta a
demanda dos atendimentos em laboratórios, clínicas e hospitais:

Atualmente 65% a 70% dos 42 milhões de beneficiários do sistema


suplementar têm um plano coletivo de saúde pago integralmente ou
majoritariamente pelo empregador. No caso dos planos pagos
integralmente pelo empregador, como advento da crise econômica
vivida pelo país, ao perder o emprego, o empregado perde o
benefício e consequentemente busca pelo atendimento no SUS,
afetando consequentemente a demanda de atendimentos fornecida
em laboratórios, hospitais e clínicas privadas. (SEBRAE, Cartilha
2016, p. 34).

Esse desligamento dos planos empresariais diminui consequentemente a procura de


atendimento nos hospitais, clínicas e laboratórios por beneficiários desses planos
por não possuírem mais a carteira de saúde e os mesmos acabam recorrendo ao
SUS. Por isso, a importância de desenvolver um método onde se reduza a
dependência no faturamento dos laboratórios em relação aos planos de saúde para
que o fluxo de caixa particular possa corresponder de 80 à 85% e evitar possíveis
quebras de caixa em momentos de crise como o que foi citado.

3.7 ESTRATÉGIAS PARA ANÁLISE DE FLUXO DE CAIXA DE UM LABORATÓRIO


DE ANÁLISES CLÍNICAS

Geralmente a estratégia utilizada para fazer a análise financeira do fluxo de caixa é


a de observar os índices de liquidez da empresa, através disso, será possível avaliar
a capacidade atual que o laboratório tem de quitar suas obrigações (passivos) e
manter a saúde do negócio.
A análise de demonstrações financeiras como o fluxo de caixa, por exemplo, de um
laboratório de análises clínicas ou empresas de qualquer ramo de atividade, ajuda a
identificar os pontos fortes e fracos da dinâmica operacional e financeira dentro de
um determinado período. O fluxo de caixa não deve ser uma preocupação apenas
do departamento financeiro, mas das áreas de produção, vendas e marketing e
outras áreas que de forma coordenada devem se preocupar com prazos, políticas de
34
vendas e cobranças, promoções e etc. Conhecer a ferramenta utilizada para analisar
o desempenho da empresa, neste caso um laboratório de análises clínicas, seria o
primeiro passo para assegurar a segurança dos dados gerados dentro do período
pesquisado. Tendo como base os estudos de Cavalcante (2012) foi possível
identificar que para elaborar um Demonstrativo do Fluxo de Caixa (DFC) é preciso
seguir algumas rotinas básicas, tais como:
I. Conhecer com detalhes o ciclo financeiro da empresa (prazos de pagamentos
e recebimento);
II. Manter os Controles Auxiliares em dia, tais como: Controle Bancário, Controle
de Recebimento de Clientes, Controle de Pagamento de Fornecedores, Controle
de Pagamento de Despesas e o Controle de Movimento de Caixa;
III. Todos os valores lançados no Fluxo de Caixa deverão ser realistas, ou seja,
manter os valores das estimavas das entradas e saídas caixa sempre atualizados.
As informações de uma análise financeira do DFC podem ser utilizadas para
melhorar o desempenho da organização, seja a nível operacional quanto financeiro,
além disso, os dados coletados nas demonstrações financeiras podem ser usados
para prever como as decisões estratégicas podem ser aplicadas, e qual o melhor
momento para a expansão das atividades da empresa. Caso não haja um controle
dessa dinâmica no fluxo de caixa, uma decisão tomada no momento errado pode
afetar o desempenho operacional e financeiro de toda a organização. Para evitar tais
erros, segundo Terra (2018), foram desenvolvidas diversas estratégias de análise do
fluxo de caixa, dentre elas estão o Método Direto e Indireto do DFC, estes são,
portanto os mais utilizados por laboratórios de análises clínicas pela facilidade no
manuseio dos dados que facilitarão a tomada de decisão, por exemplo: o Método
Direto para um laboratório é bem simples, consiste em apresentar os fluxos de caixa
diretamente associados a cada setor com demonstração dos custos de atividades
operacionais, bem como entradas e saídas também associadas a cada área
específica da empresa. No fluxo de caixa direto primeiro é apresentado o plano de
contas com receitas e despesas operacionais, como: vendas de exames e serviços
de saúde em geral, salários e encargos sociais, impostos e outros. Tudo isso
separado por setores, dessa forma será possível identificar a receita, o que foi gasto
no período estudado e o quando de lucro/prejuízo foi gerado em cada área. Segue
abaixo um modelo do DFC Direto:

35
Figura 4-DFC Modelo Direto

Fonte: Folha de Orçamento Empresarial. SP. 2018

No método direto a vantagem é a apresentação de valores de forma mais clara e


evidente de recursos financeiros e as operações financeiras são priorizadas. Para
um laboratório isso pode ser o diferencial que agrega um planejamento mais preciso
dos recursos, visto que, cada área descriminada no fluxo de caixa representará um
percentual objetivo que gerou receita e/ou despesa dentro de um determinado
período, consequentemente com a análise desses dados, o gestor poderá tomar
medidas de restrição para contenção de gastos em uma determinada atividade, ou a
liberação de recursos para atender alguma demanda pertinente no setor observado.
As análises financeiras do SEBRAE apontam outro fator determinante na capitação
de pacientes que buscam o serviço de laboratórios clínicos, o que pode ser um
diferencial para atingir esse público particular:

O cliente particular normalmente não tem consciência completa


sobre todos os aspectos técnicos e científicos que envolvem os
exames laboratoriais como os de plano de saúde e acaba
valorizando aspectos não técnicos como prazo de entrega, facilidade
de acesso aos resultados, manutenção de histórico de exames,
coletas domiciliares, dentre outros. (SEBRAE, Cartilha 2016, p.28).

Portanto, no faturamento médico hospitalar e principalmente no segmento de


laboratório, as rotinas para tomadas de decisão devem ser norteadas por um fluxo
de caixa equilibrado junto à essas informações em particular que fazem toda a
diferença, para que os custos fixos possam ser sanados por entradas à vista
mantendo uma margem de lucro saudável para a empresa. Nesse ponto de vista
destacou-se que o Labocliv mantém um fluxo de caixa contínuo no estágio inicial da
36
pesquisa (2016), por conta do grande volume na dependência de convênios
faturados e um índice um pouco retraído de atendimentos particulares. Esse período
é relacionado à um ponto citado na cartilha do SEBRAE 2016, também apresentado
como risco neste relatório: A crescente adesão da população a planos de saúde
privados acarreta uma ampliação da demanda por exames laboratoriais, todavia o
atendimento particular não chega a 50% do volume de exames realizados no
Labocliv.
E desse modo, se observa que para a resolução de todo e qualquer problema
relacionado a saúde financeira da empresa depende de uma amostra clara dos
resultados obtidos na análise da alavancagem da mesma, pois a tomada de decisão
dependerá desses dados. Após auditoria fiscal interna e decisões de deslocamento
de corpo técnico de análises patológicas e alocação de atendimentos particulares
em maior fluxo, o Labocliv adiciona ao demonstrativo financeiro as devidas
deduções fiscais com redução de 9,5% sobre o lucro operacional.
Para fazer um comparativo na área financeira da saúde podem-se observar dois
pontos no cenário econômico atual e no segmento de laboratório: A ascensão das
classes sociais e a concorrência de mercado. No ponto de vista da gestão financeira
do Labocliv, apesar do momento de crise na economia vivida pelos cidadãos
brasileiros, o aumento da renda da população ocorrida nos últimos dez anos fez
crescer a procura por serviços médicos de forma geral segundo dados do IBGE
2014. No entanto, o fator preço também foi um forte determinante. Não apenas as
famílias melhoraram de vida, mas tanto os serviços de saúde quanto os
medicamentos ficaram mais caros. Por outro lado, os laboratórios de análises
clínicas são bastante numerosos no Brasil, e a concorrência acaba afetando os
empreendedores de pequeno porte, além da concentração entre os grandes nomes
já existentes no país (DASA, Fleury, LPC, LEME, LABCHECAP) entre outros. É,
portanto, um grande desafio estar concorrendo uma posição mais privilegiada nesse
mercado, porém, nada que não se possa assegurar com uma boa estratégia.
As informações citadas acima irão nortear como o setor financeiro deve se
comportar para uma tomada de decisão mais apropriada conivente com o cenário
atual. Essa pesquisa terá como referência um estudo feito pelo SEBRAE em 2016,
onde se realizou um levantamento dos Laboratórios existentes na Bahia e como os

37
mesmos se comportam no segmento de saúde tendo como vetores: estrutura física,
abrangência de mercado, tecnologia e desafios financeiros.

3.8 FLUXOS DE CAIXA COMO FERRAMENTA COMPETITIVA

Para estabelecer um nível de competitividade não basta apenas comparar o volume


de vendas em relação à concorrência, existem outros fatores que podem interferir na
estabilidade financeira da empresa, pois, cada negócio, por mais semelhante que
seja o nicho de mercado, tem suas particularidades: aspectos estruturais podem se
distinguir, contas como água e luz, diferenciais nos serviços prestados, etc. Por mais
similar que sejam os negócios, estes se distinguem em pequenos detalhes e, por
isso, para conhecer melhor a empresa financeiramente, é preciso saber fazer o fluxo
de caixa. Com a alta competitividade, as empresas estão se tornando cada dia mais
conscientes em matéria de organização. É, portanto, indispensável que se gerencie
com competência todos os recursos financeiros disponíveis na empresa. O fluxo de
caixa é uma das ferramentas indispensáveis à boa gestão das organizações. De
acordo com Maximiano (1995, p. 85), “todo problema exige uma decisão para ser
resolvida, mas as decisões nem sempre nascem de problemas. Muitas decisões
originam-se de oportunidades, objetivos e interesses”. Desse modo, nem toda
tomada de decisão pode surgir de um momento crítico na empresa. Tomando base
no objeto dessa pesquisa, a gestão do fluxo de caixa depende de um conhecimento
minucioso do mercado em que se atua, neste caso como o objeto de pesquisa está
inserido no ramo de medicina laboratorial (Labocliv). As medidas tomadas para
alcançar o aumento no fluxo de caixa do laboratório priorizam uma análise muito
mais detalhada do que as entradas de caixas diários, os custos para estabelecer
uma rotina de qualidade dentro da estrutura de um laboratório devem ser aplicados
como contrapartida às receitas registradas, portanto, tomar a decisão correta após
observar os fluxos financeiros dentro de um determinado período é crucial para
evitar prejuízos futuros.
Segundo o módulo de pesquisa do SEBRAE 2016 sobre os Laboratórios de Análises
Clínicas na Bahia, existem quatro passos para se obter uma análise precisa sobre a
situação real da empresa podendo promover uma tomada de decisão mais precisa:

38
3.8.1 Passo 1 – A Necessidade da Pesquisa

Nesse primeiro ponto, o SEBRAE orienta que o “desenvolvimento de estudos de


mercado está alinhado ao eixo de atuação de inteligência de mercado”. É como uma
alavanca, a pesquisa de mercado é necessária para que se consiga visualizar o
território onde o objeto (produto ou serviço) será “lançado”. Muitas empresas
fracassam por iniciar o negócio sem nenhuma perspectiva ou conhecimento dos
riscos e oportunidades existentes do campo de atuação escolhido. Nesse estágio
inicial, a dinâmica do fluxo de caixa será apenas uma amostra utilizada a fim de
determinar a efetivação ou descarte da estratégia aplicada para a venda do produto
ou serviço prestado.

3.8.2 Passo 2 – Definir o Problema

No segundo ponto, são definidos os pontos negativos observados na estratégia de


venda com base nos registros do fluxo de caixa dentro da semana, mês ou
semestre. É importante lembrar que identificar as fragilidades na estratégia de venda
é de suma importância nesse estágio inicial, pois, isso vai preparar a empresa para
evitar garfes futuras, não basta apenas apontar os erros, é preciso saber o porquê
ocorreram e trabalhar em cima disso. Muitos clientes recusam um produto/serviço
não por ter qualidade ruim, mas pela forma como o mesmo é apresentado.
3.8.3 Passo 3 – Coleta de Dados

Após analisar os resultados do projeto e identificar os problemas ocorridos, o passo


seguinte é reunir esses dados desenvolver estratégias de correção dos mesmos, se
necessário uma nova experiência curta com o produto/serviço sendo lançado
novamente num curto espaço de tempo, como no PDCA (Planejar, Fazer; Verificar e
Agir) para entrar num novo ciclo experimental. Para os Laboratórios de Análises
Clínicas essa fase do projeto pode significar a criação de novas promoções sazonais
apresentando exames clínicos com valores reduzidos ou a criação de combos
destinados um público específico como idosos; check-up para crianças no período
de férias escolares; etc. Todas essas medidas podem impactar diretamente no

39
volume de atendimento e consequentemente num aumento significativo do fluxo de
caixa.

3.8.4 Passo 4 – Análise e Preparação de Relatório Final

Por fim, a análise dos dados é feita com referência aos objetivos pretendidos no
projeto e serão aplicadas a partir daí estratégias seguras para efetividade de
negócio. Segue abaixo a planilha detalhada para ilustração dos passos citados
acima, as divisões de espaço para a decisão estão dispostas na horizontal eixo (x) e
os níveis de segurança para garantir uma tomada de decisão mais segura sendo 0%
(insegurança) a 70% (segurança confiável) eixo (Y), não existe 100% de segurança
quando se aplica um projeto, pois, as probabilidades na aplicação são imprecisas:

Tabela 2-ANÁLISE QUALITATIVA DO FLUXO DE CAIXA

70
60 Passo 1 – A necessidade de
pesquisa
50
40 Passo 2 – Definir o
30 problema
20
Passo 3 – Coleta de dados
10
0
1º PASSO 2º PASSO 3º PASSO 4º PASSO

Fonte: Estudo sobre Laboratórios Baianos de Análises Clínicas- SEBRAE / Salvador-Ba 2016

Como visto no gráfico acima, estruturar corretamente o fluxo de caixa é uma das
premissas para o bom funcionamento de qualquer empresa, o que não difere dos
laboratórios de análises clínicas, e facilitará no processo de tomada de decisão.

3.9 PRINCIPAIS ERROS COMETIDOS NA TOMADA DE DECISÃO SEM


ANALISAR O FLUXO DE CAIXA DE LABORATÓRIOS

40
Na pesquisa realizada pelo SEBRAE em 2016, precisamente nos laboratórios de
análises clínicas da região do estado da Bahia, os principais erros na gestão do fluxo
de caixa ocorrem em pequenos laboratórios. Geralmente são jovens gestores e/ou
Bioquímicos iniciando uma carreira na área, e estes, por falta de experiência ou
prática de mercado acabam deixando de se atentar para pequenas premissas na
gestão financeira do negócio como averiguar as projeções futuras do fluxo de caixa.
Um exemplo seria o planejamento de férias de colaboradores, onde muitas vezes
antecipar a data de forma a não permitir o desembolso das mesmas ocorrer dia 20,
por exemplo, já que é uma data base para recolhimento de encargos federais.
Segundo a pesquisa do SEBRAE, o dia do pagamento da folha é um dos principais
motivos da quebra de caixa do laboratório, isso porque a maioria dos custos fixos da
empresa se acumulam justamente no início do mês entre a primeira e a segunda
semana, sendo esse o período de volume desproporcional no caixa no que tange as
receitas e despesas, por isso, TERRA 2018 reafirma a necessidade básica da
empresa possuir um capital de giro proporcional ao corpo operacional do laboratório,
essa dinâmica pode ser observada no gráfico a seguir:

Figura 5-Planejamento de Caixa Fixo Mensal

Fonte: TERRA, Mauro. A Importância do Fluxo de Caixa- SP. 2018

Na imagem acima Terra (2018) detalha como o caixa fixo mensal pode ser
plansejado, consiliando o fundo emergencial – aconselhavel para toda e qualquer
empresa – mais a divisão de receitas e despesas planejadas dentro de cada
semana. Pode ser observado que na primeira semana o fundo emergencial está
quase compatível às despesas, isso porque, segundo Terra 2018, é o nível aceitável
dentro do fluxo de caixa, já que na primeira semana do mês as empresas possuem

41
obrigações como: folha de pagamento dos colaboradores, contas de água, luz,
internet, dentre outros custos fixos. Na segunda semana, a empresa pode continuar
alimentando o fundo emergencial com as receitas, e negociar as datas de
pagamento das obrigações com os fornecedores, condensando as saídas de caixa
nas semanas seguintes, isso permitirá que o caixa não fique negativo. Na terceira
semanda o fundo emergencial poderá estar equilibrado novamente, as despesas
menores, pois o planejamento de gastos estará funcionando conforme esperado e
as receitas podem ser preservadas evitando a quebra de caixa. Por fim, na quarta
semana, a empresa estará novamente o fundo emergencial preparado para as
obrigaçoes do mês seguinte, os fornecedores já terão as datas de recebimento pré-
estabelecidas e as receitas podem ser utilizadas em investimentos internos como
reserva de caixa, aplicações bancárias, etc.

4. METODOLOGIA

O trabalho foi embasado numa perspectiva qualitativa à luz das teorias de Antônio
Ricardo Alvarez Alban (2016) – Presidente do Conselho Deliberativo Estadual do
SEBRAE, na obra: “Estudo sobre Laboratórios Baianos de Análises Clínicas”. O
material discute sobre o estabelecimento dos laboratórios de análises clínicas no
estado da Bahia, onde são colocadas as principais dificuldades de crescimento e
expansão enfrentadas pelos mesmos, sejam eles de pequeno ou médio porte, frente
aos grandes laboratórios já estabelecidos nesse ambiente de mercado, bem como a
competitividade estabelecida pelas grandes operadoras de saúde suplementar que
por sua vez, representam uma parte dos ganhos financeiros de um laboratório o que
reflete diretamente na dinâmica do fluxo de caixa.
A estrutura conceitual do fluxo de caixa foi embasada na obra do Dr. Mauro Terra
(2018) – Diretor dos Laboratórios Terra Pereira, Diagnotest e Labmeg, Biomédico de
formação primária, Servidor Público Estadual e Federal; em seu artigo: “A
Importância do Fluxo de Caixa na Organização”. Para intercalar as citações deste
autor, foi inserido um tópico sobre liquidez financeira tendo como base o fluxo de
caixa para avaliar níveis de liquidez a curto prazo dentro de uma organização.

42
Foi aplicado também, um questionário que norteou a entrevista com os gestores do
Labocliv, onde foram pontuadas quais as principais mudanças ocorridas na empresa
no período pesquisado (2014 a 2018) e como a gestão do fluxo de caixa influenciou
na tomada de decisão para o laboratório em questão. A pesquisa documental teve
como base os registros do fluxo de caixa do Labocliv entre os anos de 2014 à 2018
fornecidos pela Diretoria Financeira da empresa. Para tanto, o material base do
trabalho e os esboços do fluxo de caixa foram comparados apenas de forma
estatística, preservando os percentuais reais dos documentos fornecidos pelos
gestores da empresa, onde a matriz original do DFC foi enviada com escala em
reais (R$). As comparações foram construídas com gráficos estatísticos,
obedecendo a uma ordem cronológica das mudanças ocorridas no Labocliv, aliado
ao período específico de cada fluxo de caixa. A análise exploratória contou também
com uma entrevista específica junto à gerência financeira da empresa, onde se
discutiu como o DFC do Labocliv foi avaliado em 2014 e quais medidas foram
tomadas pela administração do laboratório para o avanço da mesma nos anos
seguintes. A análise qualitativa constituiu-se com base nos dados coletados na
entrevista norteada com dezenove questões objetivas e subjetivas com a gerência
administrativa da empresa em questão, e um gráfico foi montado para ilustrar a
evolução da mesma nesse período. Essa entrevista foi pertinente para o projeto,
pois, a análise dos dados registrados no fluxo de caixa nos anos de 2014 a 2018
puderam ser comparados às questões respondidas pela gerência financeira da
empresa. Nessa perspectiva, foi possível observar efetivamente como os níveis de
resultado financeiro apresentados no fluxo de caixa dentro do período pesquisado
(no qual houve mudanças significativas no quadro operacional da empresa),
interferiram na postura dos gestores na empresa Labocliv para a tomada de decisão
e como o Laboratório evoluiu ao longo desses quatro anos.

4.1 OBJETO DA PESQUISA – A EMPRESA LABOCLIV

Em 1995 começava, na cidade de Laje, Estado da Bahia, berço do Vale do Jiquiriçá,


a trajetória de um laboratório que viria a ser referência para toda a região de Santo

43
Antônio de Jesus, baixo sul e Vale no recôncavo baiano, nascia, ali, o Labocliv. Já
conceituado na região por seus serviços na área de medicina laboratorial, o Labocliv
buscou disponibilizar consultas e procedimentos médicos em diversas
especialidades, visando satisfazer as necessidades da população que, até então,
tinha que se deslocar muitos quilômetros em busca de atendimento médico. Tendo
sempre como objetivo prestar um serviço de qualidade e um atendimento de
excelência na área de Medicina Diagnóstica, o Labocliv dispõe em 2018, de uma
rede com 20 Unidades de Atendimento e mais de 100 colaboradores, estando
presentes nos municípios de Amargosa, Laje, Mutuípe, Jiquiriçá, Ubaíra, Santa Inês,
São Miguel das Matas, Nazaré, Tancredo Neves e Valença, Jaguaquara,
Wenceslau, Teolândia, além de Santo Antônio de Jesus, onde funciona a Central
Técnico-Administrativa e o maior e mais bem equipado Centro Médico Laboratorial
de todo o Recôncavo. O Labocliv é, também, membro da Sociedade Brasileira de
Análises Clínicas, participando do Programa de Controle de Qualidade PNCQ-
SBAC, tendo obtido a classificação Excelente desde a sua inscrição.

5. ANÁLISE E DISCURSÃO DOS DADOS

Na primeira etapa dessa pesquisa, a dinâmica do fluxo de caixa no Labocliv foi


analisada entre os períodos de 2014 a 2018, sendo pontuadas nesse espaço de
tempo, a principais mudanças ocorridas na empresa e, quais destas, serviram de
base ou não para a tomada de decisão na organização.
Em de 2014, o cenário econômico do país se encontava em recessão, segundo
Comitê de Datação do Ciclo Econômico (Codace) da Fundação Getulio Vargas. O
produto per capita brasileiro caiu cerca de 9% a partir do segundo trimestre de 2014.
Nesse, período o Labocliv estava entre os 1.129 laboratórios existentes na Bahia
segundo a pesquisa do SEBRAE (2016). Esse foi um dos períodos mais difíceis para
os laboratórios de pequeno e médio porte existentes na Bahia, o país estava em
recessão e o custo para a manutenção e funcionamento dos laboratórios
continuavam muito altos se comparados a baixa demanda na venda de exames
laboratoriais.

44
5.1 O FLUXO DE CAIXA COMO FERRAMENTAS DE GESTÃO FINANCEIRA

O labocliv possuía em 2014, cerca de 15 unidades de atendimento nas regiões


circunvizinhas à Santo Antônio de Jesus, Valença, e o Vale do Jiquiriçá , com um
total de 70 colaboradores . Nessas condições, o demonstrativo de fluxo de caixa
entre Janeiro e Março de 2014 apresentou um baixo nível de liquidez , girando em
torno de menos de -3%, pois, as obrigações foram maiores que a receita prevista no
período. Na pesquisa, a gestão financeira e o acompanhamento do fluxo de caixa já
existia, porém, o Labocliv ainda estava caminhando, e os custos de investimentos
para a expansão das unidades foram mais expressivos do que a receita captada em
2014. Segue abaixo um resumo do fluxo de caixa consolidado, referente ao primeiro
trimestre de 2014 com escala percentual:

Tabela 3-DFC Consolidado 1º Trimestre 2014


DFC - CONSOLIDADO - LABOCLIV 1º TRIMESTRE 2014
RECEITAS VALOR OBS.
LABOATÓRIO CARTÃO 25,00%
LABORATÓRIO ESPÉCIE 35,00%
LABORATÓRIO CONVÊNIOS 25,00% CASSI, BRADESCO,PLANSERV..ETC
PARCERIA LOCAL 15,00%
TOTAL 100,00%
DESPESAS VALOR OBS.
FOLHA CORPORATIVA 53,00%
MATERIAIS 17,30% LUVAS, SERING,TUBOS,LÂMINAS
MED.REAGENTES 2,70% IMPORTADO- AUTERAÇÃO DÓLAR
CUSTOS FIXOS 13,00%
GLOSAS 17,00% JAN.FEV.MAR
TOTAL 103,00%
RESULTADO SALDO ACUMULADO (R-D) -3,00% liquidez (-) 1%
Fonte: DFC Labocliv 2014-Arquivo interno

Analisando os dados do DFC acima, é possível observar que as entradas referentes


a pagamentos com cartão correspondem a 25% da receita no primeiro trimestre de
2014, e as entradas em espécie a 35%, isso porque, em Santo Antônio de Jesus e
nas regiões do Vale, os pacientes são, em parte, de zona rual, ou ainda não
possuem cartão de crédito e preferem realizar os pagamentos em espécie. Esse tipo
de público particular é positivo, pois, as entradas são à vista, e garantem um caixa
positivo se comparados as entradas de cartão de crédito que só podem ser

45
creditadas em 30 ou 60 dias, similar ao que acontece com os convênios de saúde,
responsáveis por uma receita com recebimentos de médio prazo entre 60 a 90 dias.
Somando os valores referentes a receita do DFC (cartão, espécie, parceria local) o
Labocliv captou 75% da receita particular, tendo 25% da receita comprometida aos
convênios, foi, portanto, um percentual um pouco acima da média esperada, porque,
segundo a pesquisa citada pelo SEBRAE (2016), para que as empresas no
segmento de saúde atinjam um nível financeiro saudável, seu faturamento não pode
depender de um retorno dos convênios superior a 20%, pois, o crédito é demorado e
não possui garantia de 100% do recebimento.
Continuando a análise no primeiro trimestre de 2014, no que tange as saídas de
caixa, a folha de colaboradores do Labocliv correspondeu a 53%, esse percentual é
justificado pelo custo de manuntenção das 15 unidades ativas do Labocliv, no
entanto, as glosas de convênio corresponderam a 17% gerando uma quebra de
caixa inesperada, o que gerou um saldo negativo de -3% no final do exercício.
Conforme citado por Alban (2016) “Saldos negativos devem ser analisados com
precisão no fluxo de caixa. A primeira providência é descobrir as causas [...]”. Esse
ponto não foi analisado pela diretoria no primeiro trismestre de 2014, pois, no
exercício seguinte, a situação se repetiu, como pode ser visto no DFC consolidado
do segundo trimestre de 2014:

Tabela 4-DFC Consolidado 2º Trimestre 2014


DFC -CONSOLIDADO -LABOCLIV 2º TRIMESTRE 2014
RECEITAS VALOR OBS.
LABOATÓRIO CARTÃO 15,00%
LABORATÓRIO ESPÉCIE 41,00%

46
LABORATÓRIO CONVÊNIOS 27,00% CASSI, BRADESCO, PLANSERV.. ETC
PARCERIA LOCAL 17,00%
TOTAL 100,00%
DESPESAS VALOR OBS.
FOLHA CORPORATIVA 53,00%
MATERIAIS 17,30% LUVAS, SERING, TUBOS, LÂMINAS.
MED.REAGENTES 3,70% IMPORTADO- AUTERAÇÃO DÓLAR
CUSTOS FIXOS 13,00%
GLOSAS 18,00%
TOTAL 105,00%
RESULTADO SALDO ACUMULADO (R-D) -5,00% liquidez (-) 1%

Fonte: DFC Labocliv 2014-Arquivo interno

Analisando o DFC do 2º trimestre de 2014, a receita correspondente a vendas com


cartão de crédito foi de 15%, sendo 10% menor que no primeiro trimestre do
corrente ano, porém, as vendas em especie aumentaram 6% em relação ao
exercício anterior, pois, o Labocliv realizou nesse periodo algumas promoções com
pacotes de exames à vista como:
A. Pacote de exames básicos (Hemograma, Glicemia, Colesterol, etc) com
descontos de até 10%;
B. Pacotes de exames com cartão de desconto (Lojas parceiras da região).
Essa foi uma iniciativa nova para o abocliv no ano de 2014, porém, a crise ainda foi
um fator predominante, e o giro dos exames não foi o suficiente para diminuir o
custo gerado,como pode ser visto na análise das saídas de caixa:
No segundo segundo semestre de 2014, a economia do país entrava em recessão,
os produtos importados como reagentes (utilizados na preparação e análise das
amostras biológicas) sofreram alta por causa do dólar, frente a isso, o custo com
reagentes subiu 1% (3,7%) em relação ao 1º trimestre de 2014 (2,7%), e como
faram aplicadas promoçoes, esse aumento não foi repassado no preço de venda
dos exames. Esse é um dos fatores importantes a serem analisados na formação do
preço de venda, como foi citado na tabela de formação de preço do Sebrae (2016) –
Tabela 1-Modelo para valoração de serviços, anexada à esta pesquisa, onde, no
campo 2 da tabela:
A. Nesse passo é preciso calcular o valor dos materiais utilizados diretamente
no serviço. Considere reagentes, seringas, aparelhos, entre outros. Para

47
que todos os custos possam ser corretamente repassados no preço de
venda: PV.
A realização de promoções pode ser atrativa, e é um das estratégias na captação de
clientes, no entanto, os custos envolvidos precisam ser cuidadosamente calculados,
pois, o aumento no volume de vendas significa também aumento proporcional de
custos e despesas como foi citado por Terra (2018) quando ele fala sobre utilizar o
flux de caixa como uma ferramenta para a tomada de decisão no âmbito de vendas.
Seguindo a análise do DFC no 2º trimestre de 2014, A receita correspondente às
operadoras de convênios girou em torno de 27% , porém, o Labocliv ainda estava
em fase de adaptação na implatação das tabelas de cobranças no sitema interno da
empresa, e os valores cobrados ainda estavam sendo ajustados, isso causou um
pouco de desequilíbrio entre os valores faturados de convênio , por exemplo:
A. De Abril a Junho de 2014, foram faturados 100% das contas de convênio
para Laboratório;
B. Em Abril de 2014 foi recebido dos convênios 82% desse total.
O motivo da diferença de 18% gerada nessa quebra de caixa, foram as glosas
aplicadas pelos convênios, finalizando o exercício com -5% de saldo total, o gau de
liquidez foi reduzido em -2 %. Por conta disso, no segundo semestre de 2014 a
gestão financeira do Labocliv estudou melhorias para reparar os erros que gerarm
as quebras de caixa, principamente do que tange ao controle das contas de
convênio, o fluxo no atendimento de convênios era relativamente bom, no entanto,
neste período, o Labocliv não fazia o acompanhamento das glosas, e os prejuízos
foram observados nos meses seguintes. No fim de 2014, o exercício geral foi
fechado com uma média de saldo geral -1% do lucro esperado, isso significa que,
apesar das primeiras médias de saldo (-3%) no primeiro trismestre e (-5%) no
sugundo trismestre, o Labocliv se policiou para reduzir os custos de despesas
operaconais, fechando com saldo de lucros abaixo do esperado, porém recuperando
as perdas do primeiro semestre do corrente ano.
A partir daí, em 2015, com base nesses dados, a tomda de decisão foi embasada
nas seguintes pontos:
A. Criação do setor de Recurso de Glosa, para que as diferenças fossem
acompanhadas e recuparadas continuamente junto aos convênios;
B. Renegociação de preços com os fornecedores;

48
C. Fidelização de clientes com o cartão fidelidade, junto com lojas parceiras
da região onde eram situadas as unidades Labocliv;
D. Criação do setor de Imagem e Atendimento ambulatorial.
Com a implantação dessas mudanças, o DFC do Labocliv foi acompanhado pela
gestão da empresa com mais atenção e cuidado, principalmente pois, a implantação
de um novo serviço como o Ambulatório e Imagem. No primeiro semestre de 2015 o
DFC foi consolidado com um resultado positivo como pode ser visto na tabela a
seguir:

Tabela 5-DFC Consolidado 1º Semestre 2015


DFC -CONSOLIDADO -LABOCLIV 1º SEMESTRE 2015
RECEITAS VALOR OBS.
LABOATÓRIO CARTÃO 12,00%
LABORATÓRIO ESPÉCIE 39,50%
IMAGEM+ AMBULATÓRIO 8,50%
LABORATÓRIO CONVÊNIOS 19,50% CASSI, BRADESCO,PLANSERV..ETC
PARCERIA LOCAL 13,00%
RECUPERAÇÃO DE GLOSAS 7,50%
TOTAL 100,00%
DESPESAS VALOR OBS.
FOLHA CORPORATIVA 52,00%
MATERIAIS 12,50% LUVAS, SERING,TUBOS,LÂMINAS
MED.REAGENTES 3,80% IMPORTADO- AUTERAÇÃO DÓLAR
CUSTOS FIXOS 13,00%
GLOSAS 8,60%
TOTAL 89,90%
RESULTADO SALDO ACUMULADO (R-D) 10,10% liquidez + 10%

Fonte: DFC Labocliv 2015-Arquivo interno

A primeira percepção neste DFC é o resultado da criação dos novos setores de


Ambulatório e Imagem, estes, foram o diferencial na receita apesar de representar
apenas 8,5% no primeiro semestre de 2015. Com a criação do ambulatório, o giro de
exames clínicos aumentou proporcionalmente, porque os atendimentos médicos
geram requisição dentro da clínica, e os pacientes realizam todos esses exames
dentro do labocliv, havendo 60% de receira particular nesse período. A carteira de
convênios representou 19,5% nesse período, é relativamente positivo como já foi
visto, pois a dependência da receita de convênios não pode ser superior a 20% por
conta dos recebimentos a longo prazo, enquanto as despesas geradas nesses
atendiementos (água, luz, materiais, etc) precisam ser quitados em até 30 dias. O
49
setor de recurso de Glosa também foi decisivo nessa etapa, representando 7,5% da
receita gerada em recuperação das perdas de 8,6% dentro do período.
Como planejado, o Labocliv reduziu o gasto com materiais no processo de produção
desde a recepção até a entrega dos exames, isso representou uma redução 4,7%
em relação ao ano de 2014. Isso motra claramente como a citação de Terra (2018)
se faz eficaz na prática quando se têm um acompanhamento assíduo do fluxo de
caixa, e como pequenas mudanças podem fazer toda a diferença, apesar da crise
ainda vivida pelo país em 2015, o planejamento com base no DFC permitiu que o
Labocliv completasse o exercício com um saldo lucrativo positivo de 10,1% e 1,1%
de liquidez imediata.
Tabela 6-DFC Consolidado 2º semestre 2015
DFC -CONSOLIDADO -LABOCLIV 2º SEMESTRE 2015
RECEITAS VALOR OBS.
LABOATÓRIO CARTÃO 11,50%
LABORATÓRIO ESPÉCIE 39,00%
IMAGEM+ AMBULATÓRIO 10,50%
LABORATÓRIO CONVÊNIOS 18,50% CASSI, BRADESCO,PLANSERV..ETC
PARCERIA LOCAL 13,50%
RECUPERAÇÃO DE GLOSAS 7,00%
TOTAL 100,00%
DESPESAS VALOR OBS.
FOLHA CORPORATIVA 52,00%
MATERIAIS 12,00% LUVAS, SERING,TUBOS,LÂMINAS
MED.REAGENTES 3,50% IMPORTADO- AUTERAÇÃO DÓLAR
CUSTOS FIXOS 13,00%
GLOSAS 7,30%
TOTAL 87,80%
RESULTADO SALDO ACUMULADO (R-D) 12,20% liquidez + 12%

Fonte: DFC Labocliv 2015-Arquivo interno

No segundo semestre de 2015, o DFC do labocliv apresentou pequenas mudanças


operacionais que reseltaram na captação do fluxo particular de atendimento em
74,5%, isso, somado ao percentual de abulatório e imagem com 10,5% deste total,
representando um volume de 2% a mais em relação ao primeiro semestre de 2015.
Foi uma amostra positiva, o volume de convênios se manteve regular em 18,5%, e a
recuperação das glosas (7%) foi proporcional ao que foi aplicado pelos convênios
nas faturas deste exercício (7,5%) admitindo portanto, apenas 5% de perda. Com
base nesses dados de receita, o Labocliv resolveu preparar o setor de faturamento
50
de contas médicas realizando treinamentos para evitar que as glosas se tornassem
constantes, aplicando esses treinamentos também na recepção, onde existe o
primeiro contato com o paciente usuário do plano de saúde, para verificar:
A. Elegibilidade;
B. Cobertura do plano para determinados exames;
C. Validade das carteiras;
D. Cadastro correto da paciente no sistema para envio ao convênio.
Essas medidas foram o diferencial para a redução das glosas no Labocliv. Em
relação a isso, Terra (2018) afirma que conhecer o processo detalhado de produção
e aprimopar este a realidade da empresa ajuda a evitar falhas e desperdícios que
geram prejuízos para a organização.
No final do segundo semestre de 2015 o saldo foi positivo com um percentual de
12,2% do lucro estipulado para o período. A administração do Labocliv, decidiu
realizar projeções para o ano de 2016, apesar da crise, grandes laboratórios como
Sabin e Hermes Paridini estavam chegando à praça no recôncavo bahiano, e, por
serem concorrentes de grande porte, com um giro maior de exames, os preços
conseguem ser mais acessíveis ao cliente. Nessa fase, conhecer o mercado em que
se atua pode ser um dos fatores determinantes antes de decidir qual a melhor
alternativa para o negócio. Por isso, o ano de 2016 foi de constante plansejamento
no Labocliv:

Tabela 7-DFC Consolidado 1º Semestre de 2016


DFC -CONSOLIDADO -LABOCLIV 1º SEMESTRE 2016
RECEITAS VALOR OBS.
LABOATÓRIO CARTÃO 11,50%
LABORATÓRIO ESPÉCIE 39,00%
IMAGEM+ AMBULATÓRIO 10,50%

51
LABORATÓRIO CONVÊNIOS 18,50% CASSI, BRADESCO,PLANSERV..ETC
PARCERIA LOCAL 13,50%
INVESTIMENTO EXTERNO 50,00%
RECUPERAÇÃO DE GLOSAS 7,00%
TOTAL 150,00%
DESPESAS VALOR OBS.
FOLHA CORPORATIVA 52,00%
MATERIAIS 11,50% LUVAS, SERINGA, TUBOS, LÂMINAS.
MED. REAGENTES 3,20% IMPORTADO- AUTERAÇÃO DÓLAR
CUSTOS FIXOS 13,50%
INVESTIMENTO CONSTRUÇÃO 64,00%
GLOSAS 6,30%
TOTAL 150,50%
RESULTADO SALDO ACUMULADO (R-D) -0,50% Liquidez -1%

Fonte: DFC Labocliv 2016-Arquivo interno

No primeiro semestre de 2016 o Labocliv adicionou no fluxo de caixa a conta


Investimento Construção, nesta, foram registrados todos os gastos com a expansão
das unidades Labocliv, houve o início da reforma em Tancredo Neves, Muniz
Ferreira e Amargosa. Conforme os registros nesse período, o investimento externo
correspondeu a 50% dos rendimentos gerados em aplicações bancárias nos anos
de 2014 e 2015, no tentanto, os valores gastos nas reformas do primeiro semestre
excederam em 14% o valor investido, fechando o caixa do 1º exercício em -5%
negativo. Esse problema pode ocorrer quando as saídas de caixa sofrem alterações
sem um planejamento ou projeção estimada, segundo a pesquisa do Sebrae (2016)
os Laboratórios de Análises Clínicas são empreendimentos que envolvem um nível
de investimento alto com a compra de equipamentos, compra do local de atuação e
adequação sanitária. Com isso, o plano de caixa do Labocliv para o segundo
semestre de 2016 foi executado com mais restrições:

Tabela 8-DFC Consolidado 2º Semestre 2016


DFC -CONSOLIDADO -LABOCLIV 2º SEMESTRE 2016
RECEITAS VALOR OBS.
LABOATÓRIO CARTÃO 12,30%
LABORATÓRIO ESPÉCIE 40,00%

52
IMAGEM+ AMBULATÓRIO 12,50%
LABORATÓRIO CONVÊNIOS 19,70% CASSI, BRADESCO,PLANSERV..ETC
PARCERIA LOCAL 12,80%
INVESTIMENTO EXTERNO 35,00%
RECUPERAÇÃO DE GLOSAS 6,00%
TOTAL 138,30%
DESPESAS VALOR OBS.
FOLHA CORPORATIVA 52,00%
MATERIAIS 12,70% LUVAS, SERING,TUBOS,LÂMINAS
MED.REAGENTES 3,10% IMPORTADO- AUTERAÇÃO DÓLAR
CUSTOS FIXOS 13,50%
INVESTIMENTO CONSTRUÇÃO 41,70%
GLOSAS 6,50%
TOTAL 129,50%
RESULTADO SALDO ACUMULADO (R-D) 8,80% Liquidez + 8%
Fonte: DFC Labocliv 2016-Arquivo interno

No segundo semestre de 2016, as obras foram concluídas, o investimento nesse


periodo foi de 35% do capital externo, totalizando uma aplicação no caixa do ano em
exercício de 85% dos rendimentos gerados em aplicações bancárias nos anos de
2014 e 2015. Em resumo, o ano de 2016 foi de investimentos para a expansão das
unidades Labocliv, o retorno foi projetado para até dois anos, portanto, o
crescimento foi estimado até 2018. O Resultado do exercício de 2016 foi de 8,8%
positivo, isso porque, apesar de os gastos com as obras excederem 6,7% do
esperado no segundo semestre, a receita teve um crescimento de 3,13% em relação
ao primeiro exercício de 2016.
Esse tipo de análise na dinâmica de caixa é citado por Terra (2018) como sendo
uma das bases para realizar uma projeção de receita x despesas, às vezes a
empresa não tem um capital suficiente para realizar um investimento, porém, se os
retorno for a curto prazo, em até dois anos, a empresa pode tomar um empréstimo
bancário e diluir as parcelas adequando-as a realidade da empresa.
O ano de 2017 foi marcado pela redução considerável no faturamento na carteira de
convênios do Labocliv, enquanto os custos continuavam altos por conta dos
investimentos realizados em 2016 e o retorno na receita ainda era brando como
pode ser visto no primeiro semestre do ano em questão:
Tabela 9-DFC Consolidado 1º semestre 2017
DFC -CONSOLIDADO -LABOCLIV 1º SEMESTRE 2017
RECEITAS VALOR OBS.
LABOATÓRIO CARTÃO 13,50%

53
LABORATÓRIO ESPÉCIE 41,00%
IMAGEM+ AMBULATÓRIO 18,50%
LABORATÓRIO CONVÊNIOS 10,50% CASSI, BRADESCO,PLANSERV..ETC
PARCERIA LOCAL 11,50%
RECUPERAÇÃO DE GLOSAS 5,00%
TOTAL 100,00%
DESPESAS VALOR OBS.
FOLHA CORPORATIVA 53,00%
MATERIAIS 11,50% LUVAS, SERING,TUBOS,LÂMINAS
MED.REAGENTES 3,40% IMPORTADO- AUTERAÇÃO DÓLAR
CUSTOS FIXOS 13,00%
RATEIO PARCELAMENTO DAS OBRAS 2016 15,00%
GLOSAS 6,10%
TOTAL 102,00%
RESULTADO SALDO ACUMULADO (R-D) -2,00% Liquidez -2%

Fonte: DFC Labocliv 2017-Arquivo interno

Nesse exercício, a carteira de convênios teve um faturamento de 10,5%, sendo


portanto, 9% menor que o ano de 2015, onde o faturamento correspondeu a 19,5%.
Esse fato pode ser justificado com a queda no setor industrial e construção civil no
país, segundo a pesquisa do IBGE no corrente ano. Muitos dos beneficiários de
plano de saúde possuía o convênio pago em parte ou integralmente pela empresa
onde trabalhava, e, com o desemprego, o colaborador perde o plano de saúde,
recorendo portanto, ao Sistema Único de Saúde (SUS). Esse fato impactou na
receita do primeiro semestre de 2017, mas em compensação, o caixa de laboratório
particular se manteve em 41% e no setor de imagem e ambulatório houve um
aumento de 6% em relação ao ano anterior. A folha corporativa no entanto, teve um
aumento de 2% por conta da expansão de novas unidades, parece um aumento de
pouco impacto, mas faz toda a diferença ao longo do período. Por fim, o primeiro
semestre de 2017 fechou com um saldo negativo de -2%. Isso porque, as reservas
de caixa existentes não foram suficientes para suprir as demandas de custo fixo no
início do ano, o pagamento de impostos corporativos e a folha de colaboradores
também impactou nas saídas de caixa.
Terra (2018) detalha em sua pesquisa – “A Importância do Fluxo de Caixa” – que toda
organização precisa ter um plano de investimento no caixa fixo mensal, ou um fundo
emergencial, pois, o mercado como um todo e instável, e as projeções financeiras
estão sujeitas a esta instabilidade. O caixa fixo mensal pode ser plansejado com
pequenos depósitos do lucro, consiliando o fundo emergencial para uso anual, onde

54
as obrigações como 13º salário, e carga tributária trimestral e anual, isso evitará
surpresas na dinâmica do fluxo de caixa.
No segundo semestre de 2017, a baixa no faturamento de convênios se manteve, no
entanto, para evitar um desequilíbrio na receita e aumentar a carteira particular o
Labocliv investiu mais uma vez em promoções sazonais como pacote de exames no
Outubro Rosa, Chek-up infantil e Novembro azul, desta vez, o cuidado com o
consumo de materiais esteve mais controlado, e o resutado foi positivo:

Tabela 10-DFC Consolidado 2º semestre 2017


DFC -CONSOLIDADO -LABOCLIV 2º SEMESTRE 2017
RECEITAS VALOR OBS.
LABOATÓRIO CARTÃO 14,00%
LABORATÓRIO ESPÉCIE 51,00%
IMAGEM+ AMBULATÓRIO 15,50%
LABORATÓRIO CONVÊNIOS 8,00% CASSI, BRADESCO,PLANSERV..ETC
PARCERIA LOCAL 9,50%
RECUPERAÇÃO DE GLOSAS 2,00%
TOTAL 100,00%
DESPESAS VALOR OBS.
FOLHA CORPORATIVA 53,00%
MATERIAIS 10,50% LUVAS, SERING,TUBOS,LÂMINAS
MED.REAGENTES 3,40% IMPORTADO- AUTERAÇÃO DÓLAR
CUSTOS FIXOS 13,00%
RATEIO PARCELAMENTO DAS OBRAS 2016 9,00%
GLOSAS 2,01%
TOTAL 90,91%
RESULTADO SALDO ACUMULADO (R-D) 9,09% Liquidez + 9%

Fonte: DFC Labocliv 2017-Arquivo interno

O segundo semestre de 2017 foi positivo, as promoções aplicadas geraram um


volume particular de 51% na receita, o faturamento de convênios foi calculado em
8% apenas, mas o total de receita à vista foi o suficiente para equilibrar o fluxo de
caixa, com isso, o Labocliv obteve um resultado acumulado em 9,09% no final do
exercício.
O ano de conclusão desta pesquisa foi 2018, este foi um ano de muitas mudanças
no Labocliv:
A. Início nas obras para a abertura de uma nova unidade em Valença;
B. Realocação dos setores internos da empresa para otimização das rotinas
laborais e redução dos custos de produção;

55
C. Negociação com novos fornecedores;
D. Prospecção para implantação de um sitema interno mais completo e com
custos reduzidos;
E. Retorno sobre o investimento implantado em 2016.
Para que a análise dos dados acima fosse mais completa, o fluxo de caixa do ano
de 2018 foi consolidado em uma única planilha, dessa forma, pode-se obter uma
ideia clara dos resultados obtidos com a implantação dessas mudanças:

Tabela 11-DFC Consolidado- Ano 2018


DFC -CONSOLIDADO -LABOCLIV ANO 2018
RECEITAS VALOR OBS.
LABOATÓRIO CARTÃO 13,50%
LABORATÓRIO ESPÉCIE 55,00%
IMAGEM+ AMBULATÓRIO 15,50%
LABORATÓRIO CONVÊNIOS 10,00% CASSI, BRADESCO,PLANSERV..ETC
PARCERIA LOCAL 14,50%
INVESTIMENTO EXTERNO- UNIDADE VALENÇA 50,00%
RECUPERAÇÃO DE GLOSAS 2,90%
TOTAL 161,40%
DESPESAS VALOR OBS.
FOLHA CORPORATIVA 52,00%
MATERIAIS 10,30% LUVAS, SERING,TUBOS,LÂMINAS
MED.REAGENTES 2,50% IMPORTADO- AUTERAÇÃO DÓLAR
INVESTIMENTO-SISTEMA INTERNO 15,00%
CUSTOS FIXOS 9,00%
PARCELAMENTO GERAL COM FORNECEDORES 5,00%
OBRAS- INVESTIMENTO-VALENÇA 52,00%
GLOSAS 3,00%
TOTAL 148,80%
RESULTADO SALDO ACUMULADO (R-D) 12,60% Liquidez + 12%
Fonte: DFC Labocliv 2018-Arquivo interno

Como foi dito, 2018 foi um ano de muitas mudanças para o Labocliv, o DFC
apresentou um aumento significativo na receita, se comparado aos anos anteriores,
isso porque apesar da crise, a empresa optou por explorar novas praças e agregar
novos serviços. Os investimentos bancários fizeram toda a diferença, porque os
rendimentos do capital aplicado puderam subisidiar em grande parte as obras de
expansão da unidades. A baixa na carteira de convênios desencadeada pela crise
econômica no país iniciada em 2014, foi relativamente positiva, pois, reduziu

56
adependência da receita ligada a estes convênios que creditavam as faturas após
60 e 90 dias. O total de receita realizável (crédito até 30 dias) do labocliv resultou em
98,5% em 2018, o resgate de investimento bancário foi aplicado em 50% para o
início das obras na nova unidade de Valença, cerca de 15% desses lucros foram
investidos no novo sitema interno do Labocliv, este, foi implantado para compilar as
informações de todas as unidades em uma central de processamento na sede da
empresa em Santo Antônio de Jesus, anteriomente, o Labocliv possuia dois
sistemas distintos, operando em poucas unidades, e o custo de manutenção para os
dois sistemas acabava se tornando mais caro para a organização. O parcelamento
negociado com os fornecedores ajudou a diluir o custo fixo dos materiais básicos
utilizados na realização dos exames. Por fim, o DFC de 2018 fechou com um saldo
positivo de 12,6%, sendo este, um resultado prospectado com sucesso em relação
ao investimento também aplicado em 2016.

5.2 PESQUISA DE INTERVENÇÃO – ENTREVISTA COM A GERÊNCIA


FINANCEIRA DO LABOCLIV

A entrevista foi aplicada jundo a administração financeira do Labocliv, na pessoa de


Dra.Tatiana Schleu Barretto, também advogada especialista em Direito Público,Civil
e Processo Civil. As que perguntas nortearam a entrevista tiveram a finalidade de
identificar o layout de controle sobre o fluxo de caixa da empresa, onde, com base
na tomada de decisão, foram pontuadas as principais mudanças ocorridas na
empresa no período pesquisado (2014 a 2018).
A entrevista foi dividida em quatro blocos com um total de 19 perguntas,
subdivididas em objetivas e subjetivas:
1º- O primeiro bloco abordou o tema Planejamento Financeiro, onde a diretoria
financeira foi questionada sobre como o Labocliv organizava os lançamentos do
fluxo de caixa: Livro Caixa ou sistema interno?
Em resposta, foi justificado que a empresa utiliza um sitema interno que facilita o
lançamento dos dados de entrada e saída, sendo este, unificado, pois, o labocliv
possui 20 unidades de atendimento, e para que os dados sejam consolidados numa
única matriz, optou-se pela utilização desse sitema eletônico.

57
A segunda pergunta pergunta do primeiro bloco indaga qual frequência em que
dinâmica do fluxo de caixa é acompanhada pelo gestor financeiro da empresa? Essa
pergunta faz alusão a necessidade gerencial do DFC sinalizada por Terra (2018)
quando o mesmo afirma a necessidade de um acompanhamento diário do DFC pelo
gestor da empresa. Essa questão foi justificada pela gestão financeira com sendo o
acompanhamento diário, porém, com análises mensais para tomada de decisão das
rotinas no mês subsequente.
Na terceira pergunta do primeiro bloco questionou-se: quais informações, além das
entradas e saídas do DFC, são observadas no demonstrativo consolidado do fluxo
de caixa do Labocliv? Em resposta, foi argumentado pela gestão financeira da
empresa que são ponderadas informações como:
1. Origem de cada despesa (consumo setorial) – dessa forma é possível evitar
desperdícios ou escassez dentro do processo produtivo.
2. Volume de vendas por unidade e por período específico, determinando a cultura
ou sazonalidade na demanda por exames em cada região. Essa análise é feita para
determinar quando é lucrativo ou não manter uma determinada carteira de exames
em uma unidade, separando o produto “estrela” ou “abacaxi” como visto numa
matriz BCG¹.
A quarta pergunta do primeiro bloco enfatiza questão do uso do DFC como
ferramenta para tomada de decisão. Nessa etapa, a gestão do Labocliv afirma que
sim, utiliza o DFC para embasar as decisões e/ ou startar algum projeto, assim
evitam possíveis prejuízos ou mau uso dos recursos da empresa.
Na quinta pergunta, concluindo o primeiro bloco, com base nas ferramentas de
controle citadas por Terra (2018), foi questionado quais destas ferramentas eram
utilizadas pelo Labocliv para garantir o giro saudável do fluxo de caixa:
A. Investimentos de capital interno;
B. 2. Projeções de entrada e saída;
C. 3. Negociação fixa de contas a pagar (Notas fiscais, Boletos, O.S, etc);
D. 4. Controle e projeção de Custos fixos.
Das ferramentas acima, o Labocliv realiza investimentos do capital interno em títulos
bancários com retornos a curto prazo, projeções financeiras para quitar faturas
periódicas, e sim, faz negociação com os prazos de pagamento com fornecedores,
assim, consegue diluir as contas e aliviar as saídas de caixa.

58
O segundo bloco foi associado ao Gerenciamento das Despesas, quando Alban
(2016) cita a importância sobre o gerenciamento das contas a pagar, sendo a folha
de pagamento corporativa um dos principais motivos que geram a quebra de caixa
em empresas sem planejamento financeiro.
A primeira questão do segundo bloco indaga sobra a existência de um planejamento
junto ao setor de compras para controlar gastos com matéria prima e materiais de
produção intern. Nessa questão a direção fiananceira do labocliv afirma que ainda
não possui um planejamento claro junto ao setor de compras, mas possui uma
média estimada mensalmente para os gastos em geral, e quando esta excede, é
realizada uma reunião para combinar retenções cabíveis. O ideal seria manter um
planejamento prévio de gastos, dessa forma, pode-se evitar desperdícios, volume de
estoque ocioso e garantir um giro de caixa mais saudável para a empresa.
A segunda e terceira questões do segundo bloco, se referem a escolha dos
fornecedores, outro fator importante de controle no setor comercial da empresa, a
direção afirmou que o Labocliv possui uma carteira fixa de fornecedores isso
aumenta o poder de negociação, porém, na compra de produtos exporádicos
(reagentes, tonner de impressão) ou máquinas para análise de amostras, a
negociação é feita com quem ofertar o melhor preço. Quanto as reservas de
estoque, o Labocliv procura não manter um estoque avulso, os produtos e
medicamentos são comprados de acordo com a média de produção estipulada para
o período, isso garante também a redução do capital imobilizado, fazendo com que
os gastos sejam proporcionais ao que é produzido e vendido. Na quarta questão da
entrevista discutida a forma de pagamento que melhor se adequa ao modelo de
caixa do Labocliv, como é um laboratório, e a demanda é bastante variável, a
empresa opta geralmente por pagamentos de 15 e 30 dias, a depender do
fornecedor, porém, o plano de pagamento é feito semanalmente para evitar
surpresas e uma quebra de caixa. A quinta questão foi relacionada ao repasse às
variações de preço no mercado laboratorial quando a matéria prima excede o custo
normal, nesse ponto, o labocliv ainda não consegue repassar 100% dos custos no
valor final dos exames, isso por sua vez, diminui a margem de lucro esperada, o
motivo principal é alta concorrência existente em Santo Antônio de Jesus, as tabelas
de preço são bastante concorridas, porém, o custo percebido pelo cliente deve ser
um diferencial, e o labocliv pode apostar nisso, com uma boa estrutura, salas

59
climatizadas, segurança no resultado dos exames, bem como agiliade na entrega
dos mesmos. Isso garante a cobrança de um preço justo e com o retorno esperado
pela empresa. O sexto e último pondo do segundo bloco, aborda o controle de
despesas citado por Alban (2016) na pesquisa realizada pelo SEBRAE
especificamente sobre a folha de pagamento dos colaboradores, sobre isso, a
gestão do labocliv ainta tenta gerar um caixa fixo para quitar a folha, ainda é uma
parte da gestão financeira que está sendo organizada.
O terceiro bloco da entrevista abrange o gerenciamento da receita do Labocliv, a
primeira e segunda questões falam sobre o tema discutido por Terra (2018) no
referencial deste trabalho, no que tange a projeção de fluxo de caixa, nessas
questões, o a direção do Labocliv afirmou que sim, realiza projeções de caixa para
organização prévia de todo e qualquer investimento, como ocorreu na abertura da
nova unidade em Valença-Ba, a obra já era almejada, mas, para que esta ocorresse,
a empresa realizou uma projeção de caixa para quitação das despesas da obra em
até dois anos. Houveram algumas estrapolações que fugiram do orçamento, mas
puderam ser corrigidas dentro do prazo.
Na terceira questão do terceiro bloco, foi questionada a existênciade uma carteira
fixa de atendimento a convênios de saúde suplementar, a resposta foi afirmativa, e o
percentual desses convênios na receita do Labocliv não excede 20%, o que é
positivo para o laboratório, visto que a instabilidade existente no mercado de saúde
suplementar pode prejudicar o equilíbrio no fluxo de caixa. Na sequência, a quarta
,quinta e sexta questões, abordam a forma de controle dos recebimentos de contas
faturadas para os convênios, e como o Labocliv realiza essse processo. Em
resposta, a direção afirmou que depois de receber muitas glosas no período de
2014, foi criado um setor de recurso, para que o faturamento pudesse fazer um
balanço do que foi faturado para os convênios, baixar as faturas e conciliar-las
depois de 45 e 60 dias, emitir nota fiscal de recebimento e fazer a recuperação das
perdas aplicadas pelos convênios. O sistema interno do Labocliv faclitou esse
processo e houve uma diminuição significativa de até 95% nas glosas.
No quarto e último bloco da entrevista,baseada na afirmação de Terra (2018), onde
o mesmo fala sobre a sazonalidade no mercado de medicina laboratorial e a
importância de manter um fundo de caixa planejado para esses períodos, foi
questionado como o labocliv lida com tal sazonalidade e se o laboratório possui

60
algum fundo de caixa para esses períodos. Em resposta a direção afirmou que sim,
tenta mater um fundo de caixa para estes períodos de baixa, como solução, mantém
pacotes promocionais de exames laboratoriais para aumentar o fluxo de vendas,
bem como nos meses de outubro (outubro rosa), novembro azul, e janeiro quando
as crianças estão de férias (check-up kids). Isso mantêm o volume de caixa
equilibrado, e se tornou uma política anual da empresa.
A entrevisa foi concluída com o questionamento de quais estratégias foram
utilizadas pelo Labocliv entre os anos de 2014 e 2018 que foram o diferencial de
sucesso para maximização da receita. Foram elas:
A. Criação do setor de recurso de glosa para recuperação das perdas
aplicadas pelos convênios;
B. Ampliação de Laboratório com os setores de imagem e ambulatório com
atendimento clínico para o giro de exames;
C. Criação do Unidade Kids;
D. Ampliação das unidades de Amargosa, Gandu e Valença;
E. Renegociação com fornecedores e a criação de parcerias locais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Num contexto de um mercado altamente competitivo como o da saúde, assim como


ocorre em outros nichos, as empresas tendem a buscar por ferramentas que
auxiliem no planejamento e controle dos recursos monetários. Nesse estudo foi
observado que o DFC é uma ferramenta estratégica para as empresas de qualquer
segmento, aplicando isso ao objeto de estudo, o Labocliv, assim como muitos
laboratórios que começaram pequenos e se tornam médio de grande porte,
necessitaram de planejamento, e os registros de fluxo de caixa são a base inicial
para que essa organização possa se estabelecer com segurança financeira e
consequentemente tomar decisões mais seguras e garantir o futuro da organização.
Quanto a organização do DFC, o Labocliv evoluiu bastante entre os anos de 2014 e
2018, a maturidade no mercado ajudou nesse processo, apesar de enfrentar
momentos de baixa em 2014 e 2017, a direção soube organizar investimentos para
manter a sobrevivência do laboratório e tomar decisões também embasadas no

61
DFC, ampliando a praça com a abertura de novas unidades, e agregando
especialidades que pudessem gerar volume para o produto carro chefe da empresa :
Laboratório.
Após análise dos dados apresentados nesta pesquisa, e sugestível que o laboratório
em questão crie um fundo fixo de caixa (depósitos periódicos dos percentuais de
lucro, e ou aplicação bancárias dos dividendos) para suprir obrigações em períodos
de baixa, e despesas tributárias, bem como a folha de colaboradores, isso porque,
tais saídas geram consequentes quebras de caixa quando o fluxo de receita não é
proporcional num dado período, esse fundo fixo facilitaria a gestão dos recursos da
empresa sem prejuízos futuros. Por fim, considera-se nessa pesquisa que o fluxo de
caixa sim, seja uma ferrmenta financeira de grande influência no processo desisório
de toda e qualquer organização.

62
REFERÊNCIAS

ALBAN, José Carlos. Estudo Sobre Laboratórios Baianos de Análises Clínicas.


Cartilha Sebrae, vol. 1: São Paulo: Sebrae, 2012.

FILHO, Fernando de Holanda Barbosa. A crise econômica de 2014 e 2017. 2017


Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
40142017000100051. Acesso em: 01/06/2019.

MAXIMIANO, Antônio César Amaru. Teoria geral de administração: da escola


cientifica à competitividade na economia globalizada. 2ª. ed. São Paulo: Atlas, 2000.
p. 51-69.

TERRA, Mauro. Fluxo de caixa para Laboratórios, 2018.

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APÊNDICE

O PROCESSO DE CONTROLE DO FLUXO DE CAIXA, NUMA EMPRESA NO


SEGMENTO DE LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS, E COMO ESTE
INFLUÊNCIA NA TOMADA DE DECISÃO.

QUANTO AO PLANEJAMENTO FINANCEIRO:

1. De que maneira o fluxo de caixa é registrado pelo Labocliv?


A. Livro caixa
B. Sistema Interno

2. Com que frequência a dinâmica do fluxo de caixa é acompanhada pelo gestor


financeiro da empresa?
A. Diariamente
B. Semanalmente
C. Mensalmente

3. Além das informações de entrada e saída fornecidas pelos registros de do


fluxo de caixa, quais pontos são observados pela empresa Labocliv ao analisar tais
registros?

4. O Demonstrativo de Fluxo de caixa do Labocliv é utilizado para auxiliar na


tomada de decisões? De que forma?

5. Segundo Terra (2018) existem algumas ferramentas básicas que podem


garantir o giro saudável do fluxo de caixa num laboratório de analises clínicas. Quais
das ferramentas abaixo são utilizadas pelo Labocliv?
E. Investimentos de capital interno
F. 2. Projeções de entrada e saída
G. 3. Negociação fixa de contas a pagar (Notas fiscais, Boletos, O.S etc)
H. 4. Controle e projeção de Custos fixos

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QUANTO AO GERENCIAMENTO DAS DESPESAS:
1. No que tange ao controle de despesas, o Labocliv executa algum
planejamento junto ao setor de compras? Caso sim, este como funciona?
2. Os fornecedores de produtos, materiais e medicamentos do Labocliv são
fixos, ou a empresa adota a estratégia de compra por oportunidade? Justifique.
3. O Labocliv mantém estoque planejado de acordo com o fluxo de execução
dos exames laboratoriais? Caso afirmativo, como isso ajuda no processo interno?
4. Quando ao pagamento das obrigações junto aos fornecedores, o Labocliv
utiliza qual modalidade de pagamento?
A. Pagamento à vista
B. Pagamento semanal
C. Quinzenal
D. Mensal
E. Varia de acordo com o fornecedor

5. Quando há uma variação no custo da matéria prima utilizada para a


realização dos exames laboratoriais (reagentes, tubo, seringas, luvas etc.) o Labocliv
consegue repassar essa variação na tabela de exames ou ainda tem sido um tabu
por conta a concorrência? Por quê?

6. Outro ponto sobre o controle de despesas discutido por Alban (2016) na


pesquisa realizada pelo SEBRAE é a folha de pagamento dos funcionários, citada
como um dos principais fatores que podem gerar a quebra de caixa, caso a empresa
não possua um planejamento ou fundo de caixa fixo. Como o Labocliv realiza esse
controle?

QUANTO AO GERENCIAMENTO DA RECEITA:


1. Como citado por Terra (2018), o fluxo de caixa também permite realizar
projeções futuras de receita, e assim, garantir que o laboratório possa tomar
decisões mais seguras. O Labocliv costuma fazer tais projeções antes de tomar
alguma decisão, realizar um investimento ou algo do tipo? Caso sim, como funciona
esse planejamento?

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2. O Labocliv possui um planejamento para manutenção do capital de giro?
Como é executado?

3. O Labocliv mantém uma carteira fixa de atendimento a Convênios de Saúde


Suplementar? Em caso afirmativo, qual percentual esses convênios representam de
receita no fluxo de caixa mensal do Labocliv?

4. Como acontece o controle dos recebimentos de contas faturadas para os


convênios?
5. Existe acompanhamento para detecção e controle de glosas? Qual?

6. ALBAN (2016) afirma a importância de conciliar o recebimento das faturas de


convênios ao pagamento das despesas geradas na realização dos exames para
estes convênios específicos. O Labocliv consegue fazer essa conciliação? Caso
não, o que está dificultando esse processo?

QUANTO A PRODUÇÃO LABORATORIAL:


1. Terra (2018) fala sobre a sazonalidade no mercado de medicina laboratorial e
a importância de manter um fundo de caixa planejado para esses períodos, diante
disso, como o Labocliv projeta o fluxo operacional do laboratório nesses períodos?

2. Cite algumas estratégias utilizadas pelo Labocliv entre os anos de 2014 e


2018 que foram o diferencial de sucesso para maximização da receita.

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