Você está na página 1de 1

O presidente Jair Bolsonaro e o Ministro da Economia Paulo Guedes entregaram no

dia 5 de novembro ao Senado Federal um pacote econômico apelidado de "Mais


Brasil", que consiste em um conjunto de propostas econômicas bastante ousadas. O
governo tem o objetivo de desindexar o orçamento por meio de três emendas à
Constituição (PECs). Se os textos forem aprovados, haverá um ajuste das contas
públicas em razão da criação de alguns mecanismos, algo que ajudaria a contornar a
crise fiscal vivida pelo país.   

O pacote econômico apresentado contém três PECs: a PEC do Pacto Federativo, a


PEC Emergencial e a PEC dos Fundos Públicos. A primeira prevê, dentre as principais
medidas, que 33% dos recursos da cessão onerosa do pré-sal sejam compartilhados
com estados e municípios, sendo que 70% dos recebimentos promoveriam o repasse
de R$ 400 bilhões aos estados e municípios nos próximos 15 anos; haverá adequação
para gastos em saúde e educação por parte dos entes federativos, com a criação de
um piso único para tanto (hoje a percentagem vinculada com educação e saúde é
diferente); municípios com menos de 5 mil habitantes e arrecadação própria inferior a
10% da receita total serão incorporados pelo município vizinho; 

A PEC emergencial diz que haverá "estado de emergência fiscal" para a União quando
o Congresso autorizar o desenquadramento da regra de ouro, impedindo dessa forma
o financiamento de despesas por meio de emissão de dívida. Para os estados, o
estado emergencial entrará em vigor quando a despesa corrente ultrapassar 95% da
receita corrente. Nesses casos, mecanismos automáticos de ajuste serão acionados
imediatamente, sendo alguns temporários (durante 2 anos) e outros permanentes.
Haverá uma trava que impede o aumento real no salário dos funcionários públicos e a
criação de benefícios tributários, além de outras medidas que ajudem a garantir a
sustentabilidade das contas públicas. Projeta-se que essa PEC abra um espaço de R$
26 bilhões já em 2020. 

A PEC dos Fundos Públicos prevê que os 281 fundos públicos no orçamento com R$
220 bilhões em recursos parados sejam usados para abatimento da dívida pública e
que possíveis novos recursos sejam utilizados nos programas de erradicação da
pobreza. 

A extensão das alterações propostas nas PECs inviabiliza sua exposição completa
neste texto. Entretanto, é importante analisar as possibilidades de impacto de
modificações tão profundas na forma dos governos estaduais e municipais
administrarem seus orçamentos e lidarem com situações de emergência. A PEC
Emergencial tem como principal objetivo aumentar o nível de investimento, assim,
25% da economia feita com a ativação das medidas temporárias e permanentes que
afetam pensionistas, beneficiários e funcionários públicos deverá ser destinado ao
mesmo, na forma de projetos de infraestrutura. Tal proposta é positiva, mas é
importante uma discussão da sociedade sobre qual parcela da população tal custo
incidirá. Enquanto isso, a PEC do Pacto Federativo terá profundas implicações,
principalmente para os pequenos municípios, onde existe um grande número de
famílias em estado de vulnerabilidade social, assim, as regras para a extinção de
municípios pequenos devem estar bastante claras, além de bem planejadas, para que
a população não sofra com piora nos serviços públicos.

Por André Sobrinho e Leonan Ferreira. E-mail para cmc.ufjf@gmail.com

Você também pode gostar