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HISTOLOGIA E EMBRIOLOGIA

2020/21
05/05

Dora Brites
dbrites@ff.ulisboa.pt

Hipocampo

Neurónios
imaturos
EMBRIOLOGIA GERAL HUMANA

SUMÁRIO III - Embriologia. 3ª semana de desenvolvimento e


reprogramação delular

Terceira semana de desenvolvimento - Gastrulação. Formação da linha primitiva.


Significado de teratoma. Nó de Hensen. Ectoblasto, mesoblasto e endoblasto.
Notocorda. Formação do tubo neural. Cristas neurais. Angiogénese e sistema
cardiovascular primitivo. Vilosidades coriónicas (primárias, secundárias, terciárias).
Formação dos 3 folhetos definitivos: ectoderme, mesoderme (para-axial, intermédia
e lateral) e endoderme. Seus derivados. Somitos e idade do embrião. Potência
celular: ESCs e iPSCs. Reprogramação celular e edição de genes. Transdiferenciação.
Nichos neurogénicos. Neural stem cells. Modelos de doença com iPSCs e iNPCs e
estudos pré-clínicos.
INÍCIO DO PERÍODO EMBRIONÁRIO - GASTRULAÇÃO
- 3ª SEMANA DE DESENVOLVIMENTO-
O período embrionário inicia-se
na 3ª semana e finaliza na 8ª
Chama-se de gastrulação, o
processo pelo qual o disco
didérmico se converte em
tridérmico ou gástrula e
corresponde ao início da
morfogénese
O processo começa com a    
formação da linha primitiva

As células do epiblasto
proliferam e originam uma
faixa espessa – linha
primitiva - a partir da zona
caudal até à linha média
dorsal para formar o nó
primitivo ou nó de
Hensen
3ª SEMANA DE DESENVOLVIMENTO – linha primitiva
Nalguns casos a linha primitiva não desaparece
totalmente e pode dar origem a um tumor
conhecido como teratoma sacrococcígeo. Como
são derivados de células pluripotentes da linha
primitiva, esses tumores contêm elementos das 3
camadas germinativas em estádios diferentes de
diferenciação. Aparece com uma incidência de 1
em 35 000 recém-nascidos. O mesmo acontece
com as células germinativas primordiais.

Teratoma do ovário
3ª SEMANA DE DESENVOLVIMENTO – linha primitiva
A migração das células do epiblasto para o interior origina o sulco primitivo e a
fosseta primitiva (ou nó primitivo) e dá origem ao mesoblasto. Algumas células da
linha primitiva deslocam o hipoblasto e dão origem ao endoblasto. O epiblasto passa a
designar-se de ectoblasto

Assim, as células do epiblasto, através da gastrulação, estão na origem das 3 camadas


germinativas do embrião que constituem o primórdio de todos os tecidos e órgãos. A linha
primitiva regride e desaparece.
3ª SEMANA DE DESENVOLVIMENTO – processo notocordal

Algumas das células com características mesenquimais migram


em sentido cefálico a partir do nó primitivo e vão formar um cordão
celular mediano conhecido como processo notocordal. Este tubo
oco e em forma de bastão pára na região buco-faríngea, localizada
no futuro sítio da boca, que irá permanecer com 2 camadas apenas,
ou seja didérmico. Algumas células da linha primitiva migram
lateralmente entre o ectoblasto e o endoblasto, atingem as margens
do disco embrionário e contactam com a mesoderme extra-
embrionária que reveste o âmnio (somatopleura) e o saco vitelino
(esplancnopleura). Algumas células migram ainda para a área
cardiogénica, onde o coração se irá desenvolver

somatopleura

esplancnopleura
3ª SEMANA DE DESENVOLVIMENTO – notocorda
As células da porção inferior do processo notocordal fundem-se com o endoblasto e umas
partes degeneram dando lugar a aberturas que estabelecem comunicação com o saco
vitelino. Os remanescentes do canal notocordal formam uma placa achatada e com sulcos
conhecida como placa notocordal. As células proliferam a partir do extremo cefálico e a
placa notocordal dobra-se para formar a notocorda. Esta destaca-se do endoblasto que
forma novamente uma camada contínua e tecto do saco vitelino. O canal neuroentérico
conecta temporariamente as duas cavidades

Placa notocordal
www.forp.usp.br/mef/embriologia/geral.htm
3ª SEMANA DE DESENVOLVIMENTO – neurulação
A neurulação corresponde a um conjunto de processos que envolvem a formação da
placa neural, sulco neural, das cristas neurais, das pregas e o encerramento para
formar o tubo neural. A notocorda define o eixo primitivo do embrião
e dá-lhe uma certa rigidez, sendo em torno dela
que se formam os sómitos e mais tarde a coluna
vertebral. Vai da membrana buco-faríngea até à
fosseta primitiva. A notocorda irá degenerar e
persistir como o núcleo pulposo dos discos
intervertebrais. A notocorda funciona também
como estrutura indutora no sentido de levar o
ectoblasto suprajacente a espessar-se para
formar a placa neural, o primórdio do sistema
nervoso central.
No 18º dia a placa neural sofre uma invaginação
ao longo do seu eixo central para formar o
sulco neural, que tem pregas neurais de cada
lado. No final da 3ª semana as pregas neurais
aproximam-se e fundem dando origem ao tubo
neural.
4ª SEMANA
A coluna vertebral forma-se à volta da notocorda e esta torna-se o
núcleo pulposo dos discos intervetebrais
3ª SEMANA DE DESENVOLVIMENTO – neurulação
Placa neural

Sulco neural
Prega neural
3ª SEMANA DE DESENVOLVIMENTO – cristas neurais

Com a fusão das pregas


neurais para formar o tubo
neural algumas células da
placa neural ao longo da crista
de cada prega neural perdem a
sua ligação às células vizinhas
e migram em sentido ventro-
lateral de cada lado do tubo
neural. Designam-se como
células da crista neural e
formam, inicialmente uma
massa achatada entre o tubo
neural e a ectoderme. Depois
existe divisão em porção
esquerda e direita e segmenta-
se, já em posição dorso-
lateral, dando origem aos
gânglios dos nervos
cranianos e espinhais,
células de Schwann, pia-
máter e aracnóide. Algumas
desta células irão originar os
melanócitos.
3ª SEMANA DE DESENVOLVIMENTO –sómitos
O tubo neural apresenta aberturas nas
extremidades cefálica e caudal designadas
de neuroporo anterior e neuroporo
posterior.
Quando a notocorda e o tubo neural se Fecha ao 25º dia
formam, a mesoderme intra-embrionária
prolifera, em ambos os lados, para formar
uma espessa coluna longitudinal de
mesoderme para-axial. Esta mesoderme
contacta com a mesodeme intermédia e
Fecha ao 27º dia
com uma porção mais delgada de
mesoderme lateral que se continua com a
mesoderme extra-embrionária que reveste o
saco vitelino (esplancnopleura) e o âmnio
(somatopleura)
No final da 3ª semana, a mesoderme para-
axial diferencia-se e divide-se em porções
de morfologia cúbica designadas de
sómitos. Estes localizam-se lateralmente à
notocorda, aos pares, e são usados para
estimar a idade do embrião

3ª SEMANA
SEMANA DE
DE DESENVOLVIMENTO
DESENVOLVIMENTO
Celoma intra-embrionário
Espaços isolados na mesoderme lateral vão coalescer e originar o celoma intra-
embrionário. Este irá originar: 1 cavidade pericárdica, 2 pleurais e 2 peritoneais que se
transformarão numa única aquando do dobramento do embrião.

Mesoderme lateral Mesoderme para-axial

somatopleura
esplancnopleura

3ª SEMANA
SEMANA DE
DE DESENVOLVIMENTO
DESENVOLVIMENTO
Celoma intra-embrionário
Espaços isolados na mesoderme lateral vão coalescer e originar o celoma intra-
embrionário. Este irá originar: 1 cavidade pericárdica, 2 pleurais e 2 peritoneais que se
transformarão numa única aquando do dobramento do embrião.

Mesoderme lateral Mesoderme para-axial

somatopleura
esplancnopleura
SISTEMA CARDIOVASCULAR PRIMITIVO
A angiogénese, ou formação dos vasos
sanguíneos, inicia-se na mesoderme extra-
embrionária do saco vitelino, pedículo do
embrião e córion no início da 3ª semana. Os
vasos sanguíneos iniciam o seu
desenvolvimento 2 dias depois. O coração
forma-se a partir das células mesenquimais
da área cardiogénica. Desenvolvem-se
então dois tubos endocárdicos
DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA CARDIOVASCULAR PRIMITIVO

Células mesenquimais
designadas de
hemoangioblastos agregam-
Células da se para constituir os ilhéus
mesoderme hemoangioblastos sanguíneos. Aparecem
depois pequenas cavidades
nestes ilhéus que confluem
para dar origem aos vasos e
as células passam a constituir
o endotélio primitivo. Este irá
angiogénese
dar origem ao plasma e às
células sanguíneas – os
hemoangioblastos hemocitoblastos

hemocitoblastos
SISTEMA CARDIOVASCULAR PRIMITIVO
No embrião com cerca de 20 dias (3ª semana) existem dois tubos endocárdicos que
se continuam pelas duas aortas dorsais. Estas originam as artérias umbilicais que
estabelecem ligação com os vasos do córion, as artérias vitelinas e as artérias
intersegmentares. A veia umbilical traz o sangue do córion e divide-se em ramos
direito e esquerdo a partir dos quais se formam as veias vitelinas que confluem nos
tubos endocárdicos. As veias cardinais anteriores trazem o sangue da cabeça do
embrião.
VILOSIDADES CORIÓNICAS – 3ª Semana

As vilosidades coriónicas primárias


ramificam-se e no início da 3ª semana,
o mesênquima cresce no interior das
vilosidades primárias e estas passam a
ser designadas de secundárias,
cobrindo toda a superfície do saco
coriónico. As células mesenquimais dão
origem a capilares originando então as
vilosidades coriónicas terciárias.

No fim da 3ª semana o sangue começa a circular pelos capilares das vilosidades coriónicas. O oxigénio
e nutrientes do sangue materno nos espaços intervilosos difundem-se pelas paredes das vilosidades e
penetram nos capilares fetais. O contrário se passa relativamente ao CO 2 e metabolitos do embrião. Por fim as
células do citrofoblasto crescem e formam um revestimento externo que prende o saco coriónico ao
endométrio.
VILOSIDADES CORIÓNICAS TERCIÁRIAS

Vilosidade coriónica no início da gravidez, coberta por uma camada de células cúbicas
constituindo o citotrofoblasto (C) e uma camada externa de sinciciotrofoblasto (S).
VC, capilares da vilosidade; FRC, glóbulos vermelhos fetais nucleados (hemocitoblastos).
PRINCIPAIS ESTRUTURAS RESULTANTES DAS TRÊS CAMADAS
GERMINATIVAS

Sistema nervoso
central e periférico;
melanócitos e
epitélio de
revestimento

ectoderm Mesoderme Mesoderme para-


intermédia – axial – ossos,
sistema músculo, tecido
m urogenital conjuntivo
der Mesoderme lateral –
o
es membranas serosas da
m cavidade pericárdica,
erm pleural e peritoneal;
sangue e células
d od Multipotent linfóides, baço, sistema
en cardiovascular e
linfático
Epitélio do tracto gastro-
intestinal e respiratório,
fígado, pâncreas, bexiga
Cell potenty
Pluripotency (Lat. pluripotentia, "ability for
Blastocyst Zona many [things]") refers to a stem cell that has
pellucida
the potential to differentiate into any of the
three germ layers: endoderm (interior
Trophoblast
stomach lining, gastrointestinal tract, the
Blastocoele
lungs), mesoderm (muscle, bone, blood,
urogenital), or ectoderm (epidermal tissues
and nervous system)
Inner cell
mass
Embryoblas
(Pluripotent
t embryonic
stem cells - ESCs)

Human embryonic stem cells


(cell colonies that are not yet
differentiated)
https://en.wikipedia.org/wiki/Cell_potency
Cell potenty
Células estaminais: ESCs e iPSCs

ESCs, células estaminais


embrionárias do polo
embrionário de um blastocisto
iPSCs, células induzisas
pluripotentes provenientes das
células mesenquimais ou
fibroblastos

•Totipotente, capacidade para formar qualquer célula do corpo, bem como a


placenta
•Pluripotente – capacidade para se diferenciar em praticamente todas as
células que resultam do disco tridérmico
•Multipotente – capacidade para produzir um número limitado de células de
uma linhagem adequada ao local
•Unipotente – capacidade para gerar um único tipo celular (espermatogónia)
Reprogramação celular

Due to their great similarity to ESCs, iPSCs have been of


great interest, circumventing the embryo origin of using
embryonic stem cells. However, they were found to be
potentially tumorigenic.
Reprogramação celular

Cell reprogramming
Four transcription
factors (Oct4, Sox2,
Dead of cells that failed Klf4 and c-Myc) are
to (fully) reprogram
delivered into a
nucleus of a
differentiated cell
leading to proliferation
(iPSCs generation) and
dead of not fully
Proliferati
on
reprogrammed cells

Yamanaka, 2006
Nobel prize in Physiology
or Medicine in 2012

Cieślar-Pobuda et al BBA 2017


Human iPSC-based
disease modeling

Shi et al Nature Reviews 2017

This gene editing technology enables researchers to introduce disease-causing mutations into wild-type
iPSCs and to eliminate such mutations in patient induced pluripotent stem cells (iPSCs) to create isogenic
controls for iPSC-based disease modelling for several disorders, including neurodegenerative diseases
Reprogramação celular e transdiferenciação
Instead of using transcription
factors important in maintaining
pluripotency, lineage-specific
transcription factors are
introduced into the cell. It
combines gene expression data
with regulatory network
information to predict the
transdifferentiation factors
necessary to induce cell
conversion.

Cieślar-Pobuda et al BBA 2017


Anatomical landmarks related to neurogenic niches in adult
human brain

Despite doubts last year


about human adult
neurogenesis, a study
shows even 80-year-olds
develop new cells in the
hippocampus, but such
growth is diminished in
patients with Alzheimer’s
disease

Kumar et al Innov Clin neurosci 2019


iPSC-derived neuronal and glia cell generation from
fibroblasts

Neurospheres/
Spheroids
Three-dimensional (3D) neural organoid from IPSCs

A criticism of the use


of two-dimensional
(2D) human cultures
is that they do not
reproduce the
structure and
hierarchical
connectivity that is
seen in three-
dimensional (3D)
tissue

Organoids and
spheroids have been
shown to recapitulate
early development of
the human cortex

Grainger et al Front Neurosci 2018


Immunostaining of protocol and
forebrain organoids X isample phase
100 μm mages X 200 μm

Qian et al Cell 2016


SpinΩ Bioreactor-based Forebrain Organoid Culture System
Transdifferentiation or direct conversion into iNPCs

Fibroblasts EGF+FGF2+heparin FGF2

iNPCs
NPC markers: Pax6 and Nestin
MBP, oligodendrocytes
Tuj1, neurons
S100β, astrocytes
Reprogramação celular como modelo de doença de Alzheimer

Peney et al Mol Psych 2019


Advanced models for disease
modeling

Pre-clinical studies consist of in


silico, in vitro, and in vivo
animal and cell-based assays

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