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Patrícia Graziela Gonçalves

Docente
Faculdade Pitágoras – Campus Londrina

CRIMINOLOGIA

Justiça Restaurativa
JUSTIÇA CRIMINAL

ESPAÇO DE CONSENSO ESPAÇO DE CONFLITO

NEGOCIAÇÃO

MEDIAÇÃO CONCILIAÇÃO

JUSTIÇA RESTAURTIVA

FORA DO SISTEMA DENTRO DO


PENAL SISTEMA PENAL
RELEMBRANDO...
 MODELOS DE RESPOSTA AO CRIME:
 Dissuasório: dura resposta punitiva estatal, que seria
suficiente para a reprovação e prevenção de futuros
delitos; a pena teria a finalidade puramente retributiva.
 Ressocializador: atribui à pena a finalidade de
ressocialização do infrator (prevenção especial positiva). O
Direito penal poderia intervir na pessoa do delinquente,
sobretudo quando estivesse preso, para melhorá-lo e
reintegrá-lo à sociedade.
 Integrador ou consensual: fundado na reparação do dano,
conciliação e pacificação das relações sociais.
ESPAÇO DE CONSENSO E ESPAÇO DE CONFLITO

 NO ÂMBITO DA JUSTIÇA CRIMINAL:


 Espaço de conflito: não admite qualquer forma de
acordo; exige o devido processo penal (denúncia,
processo, provas, ampla defesa, contraditório, sentença,
duplo grau de jurisdição etc.).
 Modelos dissuasório e ressocializador.

 Espaço de consenso: resolve o conflito penal mediante


conciliação, transação, acordo, mediação ou negociação.
 Modelo integrador ou consensual.
ESPAÇO DE CONSENSO E ESPAÇO DE CONFLITO

 ESPAÇO DE CONSENSO:

Múltiplas formas de resolução dos conflitos penais:

 Negociação
 Conciliação
 Mediação
ESPAÇO DE CONSENSO E ESPAÇO DE CONFLITO
 Negociação:
 Marca registrada do modelo norte-americano de Justiça
criminal; conhecido como plea bargaining (barganha).
 Mais de 90% dos delitos (nos EUA) são resolvidos por esse
sistema, que permite acordo sobre todos os aspectos
penais (sobre pena, sobre a definição do delito, perda de
bens, forma de execução da pena etc.).
 O acusado assume responsabilidade pelo injusto
cometido (ou seja: aceita sua culpabilidade) e a negociação
se faz entre ele, seu defensor e o representante do
Ministério Público.
ESPAÇO DE CONSENSO E ESPAÇO DE CONFLITO

 Conciliação:
 Típica dos juizados especiais criminais no nosso país.
 Ela é dirigida pelo juiz (ou conciliador) e visa,
sobretudo, à reparação dos danos em favor da vítima.
 Busca-se pela conciliação (que é um gênero) tanto a
reparação ou composição civil como a transação
penal (que são suas espécies).
ESPAÇO DE CONSENSO E ESPAÇO DE CONFLITO

 Conciliação:
 Essa forma de resolução de conflitos só é apropriada
para as infrações penais menos graves, que se
denominam no nosso país “infrações penais de menor
potencial ofensivo”:
 Legalmente são as infrações punidas com pena
máxima não superior a dois anos, nos termos das Leis
9.099/1995 e 11.313/2006.
ESPAÇO DE CONSENSO E ESPAÇO DE CONFLITO

 Conciliação:

 Lei 9.099/1995:
Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais
Art. 2º O processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade,
simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade,
buscando, sempre que possível, a conciliação ou a transação.
ESPAÇO DE CONSENSO E ESPAÇO DE CONFLITO

 Conciliação:

 Lei 11.313/2006 :
Altera os arts. 60 e 61 da Lei no 9.099, de 26 de setembro
de 1995, e o art. 2o da Lei no 10.259, de 12 de julho de
2001, pertinentes à competência dos Juizados Especiais
Criminais, no âmbito da Justiça Estadual e da Justiça
Federal.
ESPAÇO DE CONSENSO E ESPAÇO DE CONFLITO
 Conciliação:
 Lei 11.313/2006 :
Art. 1o Os arts. 60 e 61 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de
1995, passam a vigorar com as seguintes alterações:
- Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados
ou togados e leigos, tem competência para a conciliação, o
julgamento e a execução das infrações penais de menor potencial
ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência.
- Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial
ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os
crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois)
anos, cumulada ou não com multa.
ESPAÇO DE CONSENSO E ESPAÇO DE CONFLITO

 Mediação:
 É, na atualidade, a forma predileta de resolução de conflitos
da chamada JUSTIÇA RESTAURATIVA, que também inclui a
conciliação.
 É dirigida por terceiros imparciais (mediadores
profissionais), e objetiva-se a integração social de todos os
envolvidos no problema, a preservação da liberdade, a
ampliação dos espaços democráticos dentro da Justiça
penal, redução do sentido aflitivo e retributivo da pena,
superação da filosofia do castigo a todo preço, restauração
do valor da norma violada, da paz jurídica e social etc.
JUSTIÇA RESTAURATIVA

 Princípios fundamentais:
 O primeiro grande princípio trazido pela abordagem
restaurativa à intervenção estatal é o compromisso com a
reparação do dano.
 O segundo princípio consiste em garantir que vítima,
infrator e membros da comunidade participem do processo
de justiça.
 O terceiro princípio apresenta a convicção de que há limites
ao papel desempenhado pelo governo na resposta ao
crime e aos problemas sociais.
JUSTIÇA RESTAURATIVA
 Desse modo, a justiça restaurativa possui uma base
comunitária e se propõe a intervir no problema criminal
construtiva e solidariamente.
 Confia na capacidade dos implicados, para encontrar
fórmulas de compromisso, de negociação, de pacto, de
conciliação, de pacificação.
 Confia também na poderosa influência positiva dos
grupos e instituições primárias: na educação, na
comunicação, na reconstrução dos vínculos informais do
indivíduo como garantia do acatamento sincero das
normas comunitárias, assim como na prevenção do delito.
JUSTIÇA RESTAURATIVA

 A justiça restaurativa reclama uma sincera mudança de


atitudes, mediante o processo de comunicação e
interação com a vítima.
 Não basta o cumprimento do castigo, nem a reparação
do dano causado.
 Pretende-se uma mudança qualitativa do infrator, de
tal modo a implicá-lo ativamente na solução do conflito
que ele ocasionou.
A IDEIA DE JUSTIÇA RESTAURATIVA DA INFÂNCIA
E DA ADOLESCÊNCIA

 Em relação à justiça juvenil, os discursos sobre a


responsabilidade penal tornam-se cada vez mais o
centro de reclamações e propostas de reforma
legislativa.
 A justiça criminal juvenil está sendo permeada pelo
sistema de pensamento da justiça criminal dos adultos.
A IDEIA DE JUSTIÇA RESTAURATIVA DA INFÂNCIA
E DA ADOLESCÊNCIA

 O promotor de justiça e o juiz não pensam em agir no


âmbito de um direito específico para o menor e, sim,
no âmbito do direito clássico.
 A garantia do afastamento da teoria da dissuasão da
justiça juvenil foi perdida nos últimos tempos no Brasil.
 A justiça juvenil deve ser pensada sem o esquema hostil
da proteção da sociedade contra o inimigo de todos.
A IDEIA DE JUSTIÇA RESTAURATIVA DA INFÂNCIA
E DA ADOLESCÊNCIA

 Para adolescentes em conflito com a lei, o modelo da


Justiça Restaurativa é uma alternativa capaz de produz
efeitos muito positivos.
 A mediação restaurativa deve ser realizada dentro de
uma abordagem sistêmica, permitindo ao jovem entrar
na teia social e se libertar da dupla estigmatizacão a
que é submetido: a familiar e a social.
A IDEIA DE JUSTIÇA RESTAURATIVA DA INFÂNCIA
E DA ADOLESCÊNCIA

 Tal composição deve ser efetivada posteriormente ao


cometimento do delito, possibilitando que o
adolescente em conflito com a lei possa realizar mais
prontamente a sua reparação, restituindo, assim, a sua
imagem prejudicada pelo ato infracional.
A IDEIA DE JUSTIÇA RESTAURATIVA DA INFÂNCIA
E DA ADOLESCÊNCIA

 Devido à importância das dimensões jurídica, social,


institucional, familiar e pessoal do adolescente em
conflito com a Lei, é necessário evidenciar a Doutrina
da Proteção Integral (CF/88) agregada à proposta do
ECA, adequando às demandas do adolescente, da
família e da comunidade que pertence para que o
acompanhamento reparador da medida socioeducativa
tenha efeito.
A IDEIA DE JUSTIÇA RESTAURATIVA DA INFÂNCIA
E DA ADOLESCÊNCIA

 Doutrina da Proteção Integral:


 Procura combater toda e qualquer forma de
negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão, passando a considerar a criança
e o adolescente como pessoas de direito e em
condições peculiares de desenvolvimento.
A IDEIA DE JUSTIÇA RESTAURATIVA DA INFÂNCIA
E DA ADOLESCÊNCIA

 Doutrina da Proteção Integral:


 Constituição Federal de 1988:
 Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado
assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com
absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a
salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão.
A IDEIA DE JUSTIÇA RESTAURATIVA DA INFÂNCIA
E DA ADOLESCÊNCIA

 Doutrina da Proteção Integral:


 Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº.
8069/90):
 Art. 4. É dever da família, da comunidade, da sociedade em
geral e do poder público assegurar, com absoluta
prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à
saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
liberdade e à convivência familiar e comunitária.
A IDEIA DE JUSTIÇA RESTAURATIVA DA INFÂNCIA
E DA ADOLESCÊNCIA

 A Lei nº. 8.069/90 (ECA) destaca-se por possibilitar a


implementação da Justiça Restaurativa, uma vez que
recepciona o modelo em apreço com o instituto da
remissão, com previsão legal no Art. 126, oportunidade
em que o processo judicial pode ser excluído, suspenso
ou extinto, desde que a composição do conflito seja
perfectibilizada entre as partes, de forma livre e
consensual.
A IDEIA DE JUSTIÇA RESTAURATIVA DA INFÂNCIA
E DA ADOLESCÊNCIA

 Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº. 8069/90):


 Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para
apuração de ato infracional, o representante do Ministério
Público poderá conceder a remissão, como forma de
exclusão do processo, atendendo às circunstâncias e
conseqüências do fato, ao contexto social, bem como à
personalidade do adolescente e sua maior ou menor
participação no ato infracional.
A IDEIA DE JUSTIÇA RESTAURATIVA DA INFÂNCIA
E DA ADOLESCÊNCIA

 Neste contexto, compreende-se que o Estatuto da


Criança e do Adolescente representa uma esfera
natural para que a Justiça Restaurativa possa se
desenvolver, eis que as melhores experiências deste
modelo de justiça surgiram nos tribunais de menores e,
posteriormente, expandiram-se para a justiça comum.

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