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1
Advogado, Especialista em Direito e Processo do Trabalho pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUC PR,
Mestrando em Direito Empresarial e Cidadania pelo Centro Universitário Curitiba – UNICURITIBA.
como objetivo, por lo tanto, el estudio de las tendencias capitalistas transformaciones del
sistema y su influencia en la efectividad de los derechos sociales en Brasil. Para la
investigación se utilizó el método de la literatura teórica.
INTRODUÇÃO
2
SANTOS, Boaventura de Souza. Globalização, fatalidade ou utopia? . 3 ed. Edições Afrontamento. 2005
3
SOUZA, Jessé. A ralé brasileira: Quem é e como vive. 1ª Ed. Belo Horizonte. Editora UFMG, 2011.p.
Este trabalho está dividido em três capítulos. O primeiro capítulo foi dedicado ao Mais
Valia, ao estudo do desenvolvimento do Capital, seu amadurecimento e suas crises, o segundo
visa contextualizar o cenário nacional e as medidas governamentais de combate à crise
financeira que se instaurou no ano de 2008. O terceiro, tem por objetivo refletir acerca do
papel do Estado e da Sociedade na aplicação e efetivação dos direitos sociais, e, por
consequência, alcançar o desenvolvimento social.
4
MARX, Karl, ENGELS, Friedrich. O Manifesto Comunista. São Paulo: Boitempo Editorial.
Portanto, a mediação do mercado faz com que, de tempos em tempos surja uma nova
crise da produção capitalista, tendo em vista que o mercado fica saturado de um determinado
produto, ao ponto que se preço deixa de compensar para o produtor.
A sociedade sai de um longo período histórico que as relações mercantis levavam a
produção pra frente, e tem passado por um longo momento histórico em que a produção
voltada para o mercado vem passando a ser travada por crise sucessivas. É aquilo que o Marx
chamou de crise cíclicas, as quais se arrastam por todo o séculos XIX.
Com a Revolução Industrial, o capitalismo atinge sua maturidade, e, isso traz um
entrave ao mercado de capitais. Os preços deixam de compensar, quando a oferta passa a ser
maior que a procura. A revolução Industrial marca a passagem do período de escassez para o
período de abundância, e com ela, surgem as crises do capital.
Com o advento da Revolução Industrial, pela primeira vez na historia a humanidade
passou a produzir para obter grandes lucros e não para a satisfação da necessidade humana,
deixando de ser, o capitalismo, uma mediação adequada para desenvolver as forças produtivas
e passando a ser um entrave para as forças produtivas. Como bem observou Marx no século
XIX, iniciou-se um período histórico de contradições antagônicas impossíveis de serem
mediadas entre o desenvolvimento das forças produtivas e as relações de produção capitalista,
sendo estas voltadas para reproduzir de forma ampliada o capital, ou seja, produzir o lucro e
não mais atender as necessidades humanas.
Em razão da nova produção em escala, surgiu a necessidade de intervenção do Estado,
a fim de prestar apoio a burguesia industrial, a fim de garantir a sobrevivência e o
desenvolvimento do capitalismo. Assim, o Estado, por meio da intervenção mínima, até então
inexistente, passou a conceder proteção aos novos centros onde se instalavam as manufaturas
capitalistas, desejosas de se desenvolverem, livres das restrições impostas pela organização
corporativa, à medida e ao ritmo exigido pelo mercado mundial criado pela descoberta das
rotas atlânticas. O Estado foi responsável por assegurar mercados às novas indústrias, quer
através da celebração de tratados de comércio na Europa, quer através da conquista de
territórios coloniais.
O modo de produção capitalista no século XIX, só pode se reproduzir assim, dado o
fato que o modo de reprodução capitalista, é baseado na propriedade privada, e o polo mais
dinâmico do modo de produção capitalista é o setor industrial, e que por causa disso a luta, a
concorrência entre as empresas, as industrias, leva necessariamente ao aumento da produção,
e ao mesmo tempo leva necessariamente a um investimento cada vez maior em tecnologias,
em novas maquinas, em novas formas de produzir mercadorias, para deste modo tentar vencer
a concorrência de uma empresa e outra.
Isso vai fazer que de um lado o capitalismo só pudesse se reproduzir aumentando a
produção cada vez mais. Isto significa que ele vai gerando uma abundancia cada vez maior, e
ao mesmo tempo como para produzir, para gerar esta produção cada vez maior, você tem que
desenvolver maquinários, desenvolver tecnologia e concentrar produção, desenvolver novos
métodos de gerência, precisa fazer cada vez mais investimentos para aumentar o lucro, que se
torna cada vez menor. Isto faz com que o lucro total da empresa aumente, mas a lucratividade,
a relação entre o lucro e o investimento, diminua.
Marx mostra que ao longo do século XIX, o modo de produção capitalista é assim,
apresenta crises cíclicas. Ele tem um período de desenvolvimento econômico, um momento
de crise, um de desenvolvimento econômico, outro momento de crise.
Entre os anos 1830 e os anos de 1870 mais ou menos, e Marx demonstra que única
forma de desenvolver as forças produtivas é, inicialmente, romper com a produção mercantil,
ou seja, deixar de produzir para o Capital, deixar de produzir pra gerar lucro e produzir para
atender as autêntica necessidades humanas. Vale observar que não se está que o capitalismo
não pode mais desenvolver as forças produtivas, que o capitalismo não pode mais desenvolver
a produção, que o capitalismo não pode mais desenvolver a tecnologia, ao contrário disso,
Marx aduz que é necessário que o capitalismo desenvolver a tecnologia, e por conta disso a
abundancia será tornar cada vez maior.
As forças produtivas, passam a ser a capacidade humana de tirar da natureza aquilo
que a humanidade precisa pra se reproduzir, e quanto maior for essa capacidade significa que
menos tempo será preciso para transformar a natureza. Portanto, mais tempo sobrará para se
viver.
Nas proximidades do ano de 1870, o capitalismo que surgiu com a revolução
industrial, passa por uma transformação importantíssima, eis que a cada vez que se tem um
período de crise, o grande engole o pequeno, e se tem um processo dos grandes capitais que
possibilita, que a partir de 1870, o fundamental da economia industrial, e repita-se, que é o
polo mais dinâmico da reprodução do capital, passa a ser dominado por grandes monopólios e
grandes cartéis, fazendo com que a sociedade saia do período do capitalismo concorrencial
passando ao capitalismo monopolista. Neste, os grandes monopólios passam a ter interferir
sobre o Estado. O Estado deixou de ser o comitê executivo da classe dominante, passando a o
comitê executivo dos grandes monopólios dos grandes cartéis, que representavam a
burguesia, na sua totalidade.
A política externa das grandes capitais capitalista, passa a ser ditada diretamente pelos
grandes monopólios e pelos grandes cartéis, introduzindo na política externa, na relação
internacionais, na forma como o Estado se relaciona com a economia algumas novidades, mas
não altera a essência dessa relação, nem altera a essência do Estado que continua sendo o
comitê executivo da classe dominante. A partir deste momento o Estado começa a intervir
nessa economia, e isto vai alterar em parte essa dinâmica das crises cíclicas.
Nesse período de passagem do Capitalismo Concorrencial para o Capitalismo
Monopolista, nas economias centrais como Japão, Ásia, Bélgica, Inglaterra, Estados Unidos, e
Alemanha a generalização da produção industrial, fez com que ficasse mais barato para o
trabalhador comprar a roupa, o sapato, o alimento industrializado, do que produzir seu próprio
vestuário ou alimento. Com isso, a burguesia começa a ter lucro no consumo operário, e, uma
vez que o operário esta consumindo produtos de subsistências que são mais baratos. O
capitalismo entra em um período histórico em que nos países capitalistas centrais, o consumo
dos trabalhadores passa a ser fonte de lucro, e na medida que eles vão consumindo os
produtos industrializados, a burguesia passa a ter ainda mais lucro.
Uma vez que a burguesia alcançou, ou, atingiu, uma nova parcela do mercado
consumidor, agora a classe operária, essa classe passou também a ganhar forçar para
negociação com a burguesia, que tinha, por obvio, interesse no aumento da capacidade de
consumo, possibilitando assim uma convergência entre setores da classe operária e a
burguesia. Aqueles setores que estavam ganhando mais dinheiro começaram a participar do
mercado consumidor, começaram a negociar vantagens com a burguesia, o que antes era
absolutamente inimaginável.
Começa a surgir uma aristocracia operaria que passa a ter da negociação com a
burguesia a possibilidade histórica completa de melhorar o seu nível de vida. Isto divide a
classes operaria dos países centrais com os operários do restante do mundo. Surge a
aristocracia operaria.
A partir do século XX as crises cíclicas começam a ter um comportamento
diferenciado. O Estado intervém, os monopólios tem um peso muito grande nos
desenvolvimento dessas crises cíclicas, você tem lentamente o consumo dos trabalhadores
como um fator de crescimento econômico importante nos países capitalistas mais avançados,
e o resultado disso é que você deixa de ter aquelas crises cíclicas que se tinha no século XIX,
todavia, quando surgem, ocorrem de modo muito mais violento.
A primeira crise do século XX foi administrada com a primeira guerra mundial (1914).
Com as crises 1929, quando da ocorrência da superprodução, as industrias cortaram a
produção e demitiram, com isso restringiram um mercado consumidor, a superprodução não
foi consumida, gerou-se mais desemprego, e então quebrou mais indústria, a agricultura, os
banco. ele vai dizer que nos temos que fazer o inverso. A segunda grande crise ocorrida em
1929 foi então administrada com a ascensão do nazi facismo na Europa, e em seguida a
segunda guerra mundial (1939-1945). Isto deixa claro que as crises ficaram muito mais
violentas. A crise, como demonstrado, tem se dado em razão da abundância. A solução
encontrada pela burguesia para administrar estas novas crises passou a ser o consumo, e por
isso a guerra. Para destruir, gerar a escassez, e estimular o consumo, viabilizando, assim, uma
nova rodada de crescimento econômico produtiva nas forças do capital.
Vale observar que o andamento da crise no modo de produção capitalista se altera,
mas a essência da crise continua a ser o mesmo, a abundancia gera necessariamente a crise,
porque a abundancia que deveria ser a riqueza plena da humanidade, no capitalismo significa
super produção, ou seja, crise.
Em razão das medidas tomadas no ano de 1929, seguindo diretrizes de John Maynard
Keynes, os Estados Unidos passou então a adotar uma política econômica através da qual,
pela qual o Estado intervém na economia pra aumentar o consumo, saindo assim da
superprodução, e isto agora só é politicamente possível porque você tem um setor da classe
operário nos países capitalistas centrais que desde 1905, 1920 vem desenvolvendo essa
política não mais de confronto mais de burguesia para aumentar o seu poder aquisitivo.
Surge, então, o chamado de Bem Estar de Estado Social nos países capitalistas
centrais, que veio ampliando a massa salarial, os partidos sociais democratas, e os partidos
comunistas, as grandes centrais sindicais, tendo vitórias econômicas significativas na
negociação com a burguesia, e legitimando essa política de negociação, vão se desarmando as
classes operarias, e subsistindo a maquina partidária, a maquina sindical e o processo de
educação dos trabalhadores durante décadas, no qual a negociação é sempre a via principal, o
confronto é sempre um confronto parcial e pontual que na verdade é acessório a negociação.
Então, na década de 1960, quando o Estado de Social já não mais consegue consumir a
abundancia, porque o Estado Bem de Estar Social e as multinacionais no terceiro mundo,
fatores que, associados a ampliação do mercado consumidor do primeiro mundo, elevam a
produção ao seu mais alto nível, associados ainda a fatores históricos a derrota norte
americana no Vietnã, a Alta no Petróleo no Oriente Médio, dentre outros, tudo isso faz com
que o modo de produção capitalista entra em um novo patamar, em uma nova crise. Isso
porque agora a abundancia é tão grande que não dá pra ser consumida, portanto a crise passa a
ser uma Crise Estrutural, uma crise contínua.
Como observa Carlos Menosso5, neste período a sociedade passou a sofrer as
transformações decorrentes da revolução e do comercialismo, as desigualdades sociais se
tornaram latentes.
Não há mais período de crise, como previu Karl Marx. A Crise passa a ser contínua. A
partir daí inicia-se um novo processo de crescimento econômico. A crise se transformou num
único modo de produção capitalista tem de se reproduzir, e como ele se reproduz agora?
Através de uma intervenção do Estado, no primeiro momento da riqueza capitalista
acumulado sob a forma da propriedade Estatal Capitalista Burguesa, que privatiza essa
riqueza, ou seja, queima esta riqueza pra financiar a crise, da primeira fase do neoliberalismo,
e depois quando não dá mais conta, a economia começa a viver por meio da especulação
financeira. Da especulação de uma riqueza que ainda não foi produzida, ou seja, de uma
expectativa de produção, e, na medida em que esta pratica deixa de ser algo pontual, e passa a
ser a pratica cotidiana dos grandes grupos capitalistas, tendo em vista que não se pode mais
investir na industrias e no comercio, porque o mercado esta saturado, na medida em que isto
acontece um começa apostar no outro, criando-se, pois, uma bolha que, mais dias ou menos
dias irá estourar.
O Capital passa a se desenvolver por meio de um capital fictício, gerando crédito em
cima de uma riqueza que ainda vai ser produzida se a economia continuar funcionando, porém
sem ter a garantia de que a economia vai continuar funcionando. E isso faz com que se
aumente a quantidade de ações, de papeis, de riquezas fictícias. Uma riqueza sem produção.
E foi nesse momento, da passagem do Estado de Bem Estar Social para o Estado da
Crise Estrutural, que se fazia necessário que a sociedade se lançasse a luta, defendendo as
conquistas dos trabalhadores no Estado Social, como a Educação e o desenvolvimento Social,
mas não o fez.
5
MENOSSO, Carlos Roberto. Função Social da Propriedade e da Empresa: Crítica a um conceito egoísta.
Monografia de Mestrado – Unicuritiba – Curitiba, 2007, p.35
Como bem destaca Paulo Bonavides, o Estado Social “significa intervencionismo,
patronagem, paternalismo. Não se confunde com o Estado socialista, mas com este coexiste”.6
Quando vem o neoliberalismo, se instala a crise estrutural a classe operário tem atrás
de si um derrota histórica, porque ela não tem mais a ideologia do confronto nem mais as
organizações que poderiam leva-la ao confronto. Ela vai sendo cada vez mais educada a
negociar, e isto significa aceitar a balela que agora esta no fim do futuro do trabalho, onde
todos nós vamos nos transformar em empreendedores.
Aí começa a chamada Crise de 2008, a crise da especulação financeira, cujos efeitos
vem se alastrando até o corrente ano de 2014. Uma Crise Estrutural que gerou aumento do
desemprego, que intensificou a jornada de trabalho, e a burguesia voltou a ter em plena crise
estrutural, uma lucratividade maior que a lucratividade durante o Bem Estar do Estado Social.
Mais serio do que isso, ela intensificou a exploração dos países capitalistas periféricos, e o
resultado disso é que os países periféricos passam a vivenciar, também a crise dos países
centrais, até que se chegue em um determinado momento que nem as bolhas mais conseguem
sobreviver, e estouram.
A crise financeira, econômica e social iniciada em 2008, pôs a “nu a verdadeira face
da Europa neoliberal, a Europa do capital, a Europa que os cidadãos europeus já recusaram:
um grande mercado interno, com uma economia incapaz de crescer, um espaço sem um
mínimo de solidariedade e de coesão social, sem o mínimo sentimento de pertença, um espaço
em que alguns estados se assumiram como ‘donos da bola’ e têm imposto as ‘regras do jogo’,
humilhando os trabalhadores europeus e tratando com laivos de superioridade rácica os
‘povos do sul’.7
A história deixa claro que a crise do capital é inevitável e que a sociedade tem que
sobreviver a ela. A crise é uma Relação Social, e portanto o que determina pra onde a crise
vai é como a humanidade vai reagir a crise. A crise econômica, não está no limite do ponto
de vista da crise econômica, a quantidade de dinheiro, a quantidade de mercado, relação entre
demanda, procura, não está ai a saída da crise, a saída da crise está no Desenvolvimento
Social, na luta de classes, no desenvolvimento da sociedade e da classe proletária pelo
6
BONAVIDES, Paulo. Do Estado liberal ao estado social. 9a. ed. Malheiros: São Paulo, 2009, p.203.
7
NUNES, Antonio José Avelãs. Crise do Capitalismo, crise da Europa. In, Revista Jurídica Unicuritiba, v.2,
n.35, 2014. in: http://revista.unicuritiba.edu.br/index.php/RevJur/article/view/782/595
Capital, criando-se, pois, um desenvolvimento sustentável. E se isso não acontecer o
capitalismo vai destruir a humanidade.
A crise financeiro global de 2008, não diferentemente dos demais países, também
afetou o Brasil, que no ano de 2009 apresentou contração do nível de produção em -0,3%
segundo o IBGE8.
Com o intuito de combater os efeitos da crise, o governo brasileiro implementou
medidas que, com efeitos de curto prazo, tenderam reduzir os impactos de um processo
recessivo que se alastrou na economia global, e consequentemente afetou o desenvolvimento
dos países.
As medidas adotadas fizeram, com efeito de curta duração, com que o país não
sofresse os efeitos imediatos da crise financeira global.
Sem um planejamento eficaz de longo prazo, o governo brasileiro adotou medidas de
aumento fictício de riquezas e desenvolvimento, úteis e de grande valia a curto prazo, porém,
sem uma prospecção eficaz a médio e longo prazo, fato este que fez com que, conforme
indicadores econômicos dos anos de 2013 e 2014 o país sofresse de forma mais drástica os
efeitos da crise global anunciada na década de 70, porém, iniciada no ano 2008.
Após a crise econômica brasileira de 1994, o Brasil buscou fortalecer seus
fundamentos macroeconômicos e melhorou seu sistema de proteção social, por meio da
introdução de um novo regime macroeconômico orientado para a redução da vulnerabilidade
externa, obtenção de superávits fiscais, estabilidade e reformas econômicas.
Com a economia mais estável, no ano de 2003 o governo iniciou uma política de
valorização do salario mínimo, em cooperação com atores de desenvolvimento social.
Tais medidas, permitiram que o governo, a curto prazo, conseguisse contornar os
efeitos da crise global, por meio de medidas anticíclicas e de aperfeiçoamento do regime de
proteção social.
8
http://www.bcb.gov.br/?INDECO, consultado em 30/09/2014.
Uma vez que a crise financeira afetou significativamente o mercado de crédito, no
plano econômico o governo reagiu à crise restaurando o fluxo de crédito no sistema bancário
reduzindo as taxas de juros em 5 pontos percentuais no período compreendido entre janeiro
(13,75%) e setembro (8,75%); introduzindo linhas de crédito para famílias e empresas
visando estimular a manutenção de setores chaves da economia, como construção civil,
automotiva, e microempresas, aumentando a concessão de crédito pelas instituições
financeiras públicas, e, por meio do Banco Central atenuando e assegurando a liquidez do
dólar para não afetar os exportadores, empresas e bancos.
Reflexo a isto, o governo buscou adotar medidas com o intuito de estimular a geração
de emprego por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (direcionado a impulsionar
os investimentos em infraestrutura e consequentemente na geração de novos empregos),
criação de programas habitacionais – Minha casa minha vida -, que objetivou estimular o
crescimento e a geração de emprego no setor da construção civil, redução do Imposto sobre o
Produto Industrializado (IPI) sobre automóveis, eletrodomésticos, eletroeletrônicos em geral.
Visando a “proteção da família”, o governo também aperfeiçoou o sistema de proteção
social também prolongou os benefícios do seguro desemprego para os trabalhadores de cujos
setores foram mais afetados pela crise, como, por exemplo, a mineração e a siderurgia, e
aumentou a cobertura e os valores dos benefícios do programa Bolsa Família.
No plano econômico as medidas adotadas pelo governo auxiliaram nos resultados da
economia relacionados ao crescimento, que, no ano de 2010 registrou um crescimento (PIB –
Produto Interno Bruto) de 7,5%, contra a retração de -0,3% do ano anterior. Nos anos
subsequente, até 2013 alcançou os percentuais de 2,7% (2011), 1% (2012) e 2,5% (2013),
respectivamente, demonstrando, apesar de significantemente inferior, um crescimento
consistente9.
Quanto a inflação, segundo indicadores do IPCA – Índice de Preços ao Consumidor
Amplo, elaborado pelo IBGE, registraram aumento significativos dentre os anos de 2006 e
2013, passando de 4,31 no ano de 2009 para 5,91 no ano de 2013
No que tange a Produtividade do Trabalho, o desempenho medido pelo IPEA pela
variação média anual da produtividade do trabalho no período de 2000 a 2009, permite
concluir que a economia brasileira apresentou um baixo dinamismo, uma vez que a
9
In, http://www.bcb.gov.br/?INDECO, consultado em 30/09/2014.
produtividade para o conjunto das atividades da economia cresceu apenas 0,9 ao ano, em
média.
Mais, em publicação recente para a BBC Brasil, a jornalista e economista Ruth Costas
aponta que estudos recentes demonstram que a produtividade do trabalho foi de 0,4% e 0,8%,
nos anos de 2012 e 2013, respectivamente10. Vejamos:
10
In: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/05/140519_produtividade_porque_ru
Utilizando-se os coeficientes IDH – Índice de Desenvolvimento Humano11 publicados
pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no final do ano de 2011,
tem-se que dentre os anos de 1980 e 2011 o IDH Brasil saiu de 0,54 para 0,718 representando
um avanço de praticamente 31 pontos percentuais.
O relatório demonstra que este desempenho foi puxado pelo aumento na expectativa
de vida no país (11 anos no período), pela melhora na média de anos de escolaridade (4,6 anos
a mais) e pelo crescimento também da renda nacional bruta (RNB) per capita, que foi de
quase 40% dentre os anos de 1980 e 2011.
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)12 do Brasil avançou de 0,715 em 2010
para 0,718 em 2011, todavia, esta evolução do IDH contou com um impulso maior da
11
O objetivo da criação do Índice de Desenvolvimento Humano foi o de oferecer um contraponto a outro indicador muito
utilizado, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita, que considera apenas a dimensão econômica do desenvolvimento. Criado
por Mahbub ul Haq com a colaboração do economista indiano Amartya Sen, ganhador do Prêmio Nobel de Economia de
1998, o IDH pretende ser uma medida geral, sintética, do desenvolvimento humano. Apesar de ampliar a perspectiva sobre o
desenvolvimento humano, o IDH não abrange todos os aspectos de desenvolvimento e não é uma representação da
"felicidade" das pessoas, nem indica "o melhor lugar no mundo para se viver". Democracia, participação, equidade,
sustentabilidade são outros dos muitos aspectos do desenvolvimento humano que não são contemplados no IDH. O IDH tem
o grande mérito de sintetizar a compreensão do tema e ampliar e fomentar o debate. Atualmente, os três pilares que
constituem o IDH (saúde, educação e renda) são mensurados da seguinte forma: Uma vida longa e saudável (saúde) é medida
pela expectativa de vida; O acesso ao conhecimento (educação) é medido por: i) média de anos de educação de adultos, que é
o número médio de anos de educação recebidos durante a vida por pessoas a partir de 25 anos; e ii) a expectativa de anos de
escolaridade para crianças na idade de iniciar a vida escolar, que é o número total de anos de escolaridade que um criança na
idade de iniciar a vida escolar pode esperar receber se os padrões prevalecentes de taxas de matrículas específicas por idade
permanecerem os mesmos durante a vida da criança; E o padrão de vida (renda) é medido pela Renda Nacional Bruta (RNB)
per capita expressa em poder de paridade de compra (PPP) constante, em dólar, tendo 2005 como ano de referência. É um
índice-chave dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio das Nações Unidas e, no Brasil, tem sido utilizado pelo governo
federal e por administrações regionais através do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M). O IDH é uma
medida média das conquistas de desenvolvimento humano básico em um país. Como todas as médias, o IDH mascara a
desigualdade na distribuição do desenvolvimento humano entre a população no nível de país. O IDH 2010 introduziu o IDH
Ajustado à Desigualdade (IDHAD), que leva em consideração a desigualdade em todas as três dimensões do IDH
“descontando” o valor médio de cada dimensão de acordo com seu nível de desigualdade. Com a introdução do IDHAD, o
IDH tradicional pode ser visto como um índice de desenvolvimento humano “potencial” e o IDHAD como um índice do
desenvolvimento humano “real”. A “perda” no desenvolvimento humano potencial devido à desigualdade é dada pela
diferença entre o IDH e o IDHAD e pode ser expressa por um percentual.
In: http://www.pnud.org.br/IDH/IDH.aspx?indiceAccordion=0&li=li_IDH
12
O IDH é uma medida resumida para avaliar o progresso a longo prazo em três dimensões básicas do desenvolvimento
humano: uma vida longa e saudável, acesso ao conhecimento e um padrão decente de vida. Como no Relatório de
Desenvolvimento Humano de 2010, uma vida longa e saudável é medida pela expectativa de vida; o acesso ao conhecimento
dimensão saúde – medida pela expectativa de vida –, responsável por 40% da alta. As outras
duas dimensões que compõem o IDH, educação e renda, responderam, cada uma, por cerca de
30% desta evolução.
Além do IDH calculado, o Relatório 2011 traz também três outros importantes
indicadores complementares introduzidos em 2010 e de importante avaliação para o estudo
em questão, qual seja o IDH Ajustado à Desigualdade (IDHAD), o Índice de Desigualdade de
Gênero (IDG) e o Índice de Pobreza Multidimensional (IPM).
O IDH é uma medida média das conquistas de desenvolvimento humano básico em
um país. Como todas as médias, o IDH mascara a desigualdade na distribuição do
desenvolvimento humano entre a população no nível de país. O IDH 2010 introduziu o IDH
Ajustado à Desigualdade (IDHAD), que leva em consideração a desigualdade em todas as três
dimensões do IDH “descontando” o valor médio de cada dimensão de acordo com seu nível
de desigualdade.
Com a introdução do IDHAD, o IDH tradicional pode ser visto como um índice de
desenvolvimento humano “potencial” e o IDHAD como um índice do desenvolvimento
humano “real”. A “perda” no desenvolvimento humano potencial devido à desigualdade é
dada pela diferença entre o IDH e o IDHAD e pode ser expressa por um percentual.
O IDH do Brasil para 2011 foi de 0,718. No entanto, quando é descontada a
desigualdade do valor, o IDH cai para 0,519, uma perda de 27,7% devido à desigualdade na
distribuição dos índices de dimensão. O IDHAD, que vem complementar a leitura feita pelo
IDH, mostra que o cidadão brasileiro médio teria quase 30% de risco de não conseguir
alcançar o desenvolvimento humano potencial que o país tem para lhe oferecer em função dos
obstáculos que as desigualdades podem lhe impor.
Os programas governamentais para promoção social e enfrentamento da crise
financeiro, no que tange a redução da desigualdade e distribuição de renda, a curto prazo, tem
trazido avanços nos números apontados. Isso se dá, em especial, aos programas de
transferência de renda, como o “Bolsa Família”.
é medido por: i) média de anos de educação de adultos, que é o número médio de anos de educação recebidos durante a vida
por pessoas a partir de 25 anos; e ii) a expectativa de anos de escolaridade para crianças na idade de iniciar a vida escolar, que
é o número total de anos de escolaridade que uma criança na idade de iniciar a vida escolar pode esperar receber se os
padrões prevalecentes de taxas de matrículas específicas por idade permanecerem os mesmos durante a vida da criança; e o
padrão de vida é medido pela Renda Nacional Bruta (RNB) per capita expressa em PPP$ 2005 constante.
O Índice de Desigualdade de Gênero (IDG) reflete desigualdades com base no gênero
em três dimensões – saúde reprodutiva, autonomia e atividade econômica. A saúde
reprodutiva é medida pelas taxas de mortalidade materna e de fertilidade entre as
adolescentes; a autonomia é medida pela proporção de assentos parlamentares ocupados por
cada gênero e a obtenção de educação secundária ou superior por cada gênero; e a atividade
econômica é medida pela taxa de participação no mercado de trabalho para cada gênero.
O IDG substitui os anteriores Índice de Desenvolvimento relacionado ao Gênero e
Índice de Autonomia de Gênero. Ele mostra a perda no desenvolvimento humano devido à
desigualdade entre as conquistas femininas e masculinas nas três dimensões do IDG.
O Brasil teve um valor de IDG de 0,449 no ano de 2011. No Brasil, 9,6% dos assentos
parlamentares são ocupados por mulheres e 48,8% das mulheres adultas têm alcançado um
nível de educação secundário ou superior, em comparação com 46,3% de suas contrapartes
masculinas. Para cada 100.000 nascidos vivos, 58 mulheres morrem de causas relacionadas à
gravidez; e a taxa de fertilidade entre as adolescentes é de 75,6 nascimentos por 1000
nascidos vivos. A participação feminina no mercado de trabalho é de 60,1%, em comparação
com 81,9% para os homens.
O IDH 2010 introduziu o Índice de Pobreza Multidimensional (IPM), que identifica
privações múltiplas em educação, saúde e padrão de vida nos mesmos domicílios. As
dimensões de educação e saúde se baseiam em dois indicadores cada, enquanto a dimensão do
padrão de vida se baseia em seis indicadores. Todos os indicadores necessários para elaborar
o IPM para um domicílio são obtidos pela mesma pesquisa domiciliar.
Os indicadores são ponderados e os níveis de privação são computados para cada
domicílio na pesquisa. Um corte de 33,3%, que equivale a um terço dos indicadores
ponderados, é usado para distinguir entre os pobres e os não pobres. Se o nível de privação
domiciliar for 33,3% ou maior, esse domicílio (e todos nele) é multidimensionalmente pobre.
Os domicílios com um nível de privação maior que ou igual a 20%, mas menor que 33,3%,
são vulneráveis ou estão em risco de se tornarem multidimensionalmente pobres.
Os dados da pesquisa para a estimativa do IPM do Brasil se referem a 2006. No Brasil,
2,7% da população sofrem de múltiplas privações, enquanto outros 7,0% estão vulneráveis a
múltiplas privações. A amplitude da privação (intensidade) no Brasil, que é o percentual
médio de privação vivenciado pelas pessoas na pobreza multidimensional, é de 39,3%. O
IPM, que á a parcela da população multidimensionalmente pobre, ajustado pela intensidade
das privações, é de 0,011.
O IPM é um indicador complementar de acompanhamento do desenvolvimento
humano e tem como objetivo acompanhar a pobreza que vai além da pobreza de renda,
medida pelo percentual da população que vive abaixo de PPP US$1,25 por dia. Ela mostra
que a pobreza de renda relata apenas uma parte da história. No caso do Brasil, a contagem de
pobreza multidimensional é 1,1 ponto percentual menor que a pobreza de renda. Isso implica
que indivíduos que vivem abaixo da linha da pobreza de renda talvez tenham acesso a
recursos de não renda.
No que atina a escolaridade da população e dos trabalhadores, o cenário é
insatisfatório.
Segundo indicadores do IBGE – PNAD tem-se que, dentre os anos de 2009 e 2013,
91,1% das crianças com idade entre 6 e 14 anos frequentavam a escola no ensino
fundamental. Porém, a taxa de frequência entre os adolescentes com idade dentre 15 e 17
demonstra a ineficiência do sistema educacional e de promoção da educação no Brasil,
quando o índice caiu, no mesmo ano, para 50,9% dentre os jovens desta idade.
A baixa taxa de escolarização entre os adolescentes é reflexo do atraso escolar entre os
egressos do ensino fundamental, muitas vezes da baixa taxa de escolarização familiar e da
falta de políticas de captação e retenção de capital estudantil e acadêmico.
É importante destacar que esse contundente atraso escolar compromete o futuro
laboral dessas gerações, inibem a formação profissional qualificada, a capacidade de absorção
de novas tecnologias, o consumo consciente, a formação de uma economia sólida e
consequentemente o desenvolvimento sustentável.
Os indicadores demonstram ainda outros fatores de desigualdade. O educacional
decorrente de raça. A proporção de alfabetizados no período fora ligeiramente maior entre
brancos (94,1%) e negros (86,6%). Tal fator é agravado se avaliados a região de residência.
Os níveis de alfabetização refletem de modo contundente as desigualdades regionais no
Brasil, variando de 81,3% no nordeste, até 94,5% nas regiões sul e sudeste.
É importante, ainda, apontar a chamada “Taxa de Analfabetismo Funcional” da
população ativa. Referida taxa representa, no Brasil, segundo a UNESCO, considera os
indivíduos com 15 anos ou mais de idade que possuem menos de quatro anos completos de
estudo.
Segundo estes indicadores, no período em questão a taxa de analfabetismo funcional
fora de 20,3%, sendo 40,7% na zona Rural e 16,7% na zona urbana.
A análise histórica do capitalismo, aliada aos dados em questão nos permite aferir que,
ao longo de todo esse período a sociedade do capital no Brasil se preocupou com o
desenvolvimento e crescimento econômico, sem observar que tais fatores não se fazem
suficientes ao desenvolvimento da humanidade como um todo. É certo que o
desenvolvimento econômico influi diretamente no modo e na qualidade de vida do ser
humano, e este deve ser o objetivo final do desenvolvimento. Caso contrário, permanecerão
em evidência no país a distribuição desigual dos recursos básicos para a população, tais como
saúde, esgoto, habitação, renda, educação.
13
SOUZA-LIMA, José Edmilson de. OLIVEIRA, Gilson Batista de Oliveira. O Desenvolvimento Sustentável em
Foco. São Paulo: Anna Blume, 2006, p.17.
A distribuição dos frutos do crescimento econômico precisa ser regida pelos princípios
da necessidade e da justiça social e não apenas pelos desígnios das forças econômicas
dominantes e das relações de poder político e dos processos de decisão que, geralmente
favorecem algumas regiões e grupos em detrimento das regiões mais carentes e das camadas
marginalizadas da população14.
A inobservância pelo Estado de que o financiamento realizado pela sociedade volta-se
à concretização do desenvolvimento humano e à expansão das Liberdades15 traz o
esvaziamento do erário de modo a não permitir a concretização do desenvolvimento
necessário à garantir o mínimo existencial.
A sociedade brasileira construiu e reproduz até hoje uma classe de abandonados e
desclassificados sem qualquer chance de participação na competição social em qualquer
esfera da vida. Existe uma luta de classes intestina e inegável que permite que toda uma classe
que não consegue, pelo abandono social e político, incorporar conhecimento útil para
participar no mercado econômico competitivo, possa ser explorada como mão de obra barata.
Esse sentido parece ser construído, em primeiro lugar na reprodução da família
desestruturada, fruto da cegueira do debate científico e público dominante e do consequente
abandono político social da classe16.
É preciso que a sociedade e o Estado, em conjunto, se organizem para pensar e
implementar um novo cenário de desenvolvimento social. É preciso transformar os impulsos
do crescimento econômico em desenvolvimento, em favor da melhoria da qualidade de vida
de toda uma população, e não apenas de pequenos grupos sociais. A relação estabelecida entre
o dever de pagar tributos e a concretização dos direitos sociais tem se mostrado ineficiente,
eis que não alcança todas as camadas da sociedade de forma igualitária. Necessário, pois,
repensar o modo que se busca alcançar o desenvolvimento social, visando o acesso de todos à
ordem econômica, social, cultural, humanitária, e às liberdades fundamentais. Faz-se
necessário, o controle dos atos administrativos sobre políticas públicas de concretização de
direitos sociais.
14
Idem, p.29.
15
SEN, Amartya. Desenvolvimento como liberdade. Tradução L. Teixeira Motta. São Paulo: Cia das Letras,
2007, p.17.
16
SOUZA, Jessé. A ralé brasileira: Quem é e como vive. 1ª Ed. Belo Horizonte. Editora UFMG, 2011, p.
Como bem destaca Salomão Calixto, o desenvolvimento é, antes que um valor
econômico de crescimento, é um processo de autoconhecimento da sociedade que ela passa a
descobrir seus próprios valores aplicados ao campo econômico17. Sem educação, não há como
se falar, ou melhor, efetivar, o auto conhecimento, e portanto, não há como se falar em
estabilidade econômica, em pleno emprego, em acesso à saúde, ao saneamento. As crises do
desenvolvimento do capital, associadas à falta de educação sólida, continuarão resultando em
desemprego em massa, e, consequentemente, em menor acesso à saúde, saneamento, lazer,
qualidade de vida.
O segredo para o desenvolvimento, pois, é descobrir um método para eliminar
imperfeições estruturais (concentração de poder e conhecimento econômico) por meio da
difusão do conhecimento18. É necessário estimular o processo de formação do conhecimento
devendo o Estado regulamentar e fomentar a educação, e, a propriedade privada, contribuir
para o desenvolvimento. Cabe à sociedade, em cooperação com o Estado, criar meios de se
promover o desenvolvimento pela educação. Deve-se, pois, destacar, e ter em foco, princípios
constitucionais que permitam a difusão do conhecimento, quais sejam a redistribuição (CF/88,
Art. 170) e difusão da cooperação (CF/88, Art. 114). Eis a grande função do novo Estado.
Basear sua administração em valores, e não em objetivos econômicos.
Com melhorias na qualidade da educação, e o acesso da população a um conhecimento
mais sólido, poder-se-á garantir a diluição do poder econômico dos particulares, estando,
portanto, o fundamento jurídico da regulação na procedimentalização do acesso a educação e
do conhecimento, para com isso criar uma igualdade jurídica material entre todos os agentes
econômicos, e garantir a correção de seu procedimento de mercado19.
17
CALIXTO, Salomão Filho. Regulação e desenvolvimento. In: SALOMÃO FILHO, Calixto (coord).
Regulação e Desenvolvimento. São Paulo: Malheiros, 2002, p.33
18
idem, p.38.
19
idem, p.46.
3.2.DOS MEIOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS – MUDANÇAS NECESSÁRIAS EM
PROL DO DESENVOLVIMENTO
20
, NETO, Diogo de Figueiredo Moreira. Mutações do Direito Administrativo. Administração
Pública Consensual. Rio de Janeiro: Renovar, 2000 p. 37.
21
NETO, Diogo de Figueiredo Moreira. Mutações do Direito Administrativo. Administração
Pública Consensual. Rio de Janeiro: Renovar, 2000 p. 38.
22
NETO, Diogo de Figueiredo Moreira. Mutações do Direito Administrativo. Administração
Pública Consensual. Rio de Janeiro: Renovar, 2000.
23
TALAMINI, Eduardo. Arbitragem e Poder Público. São Paulo: Saraiva, 2010 p. 58
Estado, porém com natureza jurídica de direito privado, serem resolvidos pela arbitragem. As
agências reguladoras também podem resolver os conflitos surgidos da sua atuação através da
via arbitral, desde que sejam observados e respeitados determinados limites e requisitos.
Já Daniel Ferreira24 ensina que sanção administrativa é uma maneira imediata e direta
de repreender uma conduta juridicamente proibida, comissiva ou permissiva, restringindo
direitos, e ainda, desestimulando tais condutas, alcançando outros sujeitos. Entretanto,
atualmente, a ordem jurídica brasileira permite inovar nesse sentido, e não mais apenas punir
ou desestimular, como também analisar o caso concreto e aplicar a medida mais cabível a ele,
sendo que nos casos em que não se faz necessário o poder coercitivo, é muito mais vantajoso
adotar a consensualidade do que a imperatividade, levando em conta inclusive, as funções
fundamentais do Estado.
Neste mesmo sentido, ensina Moreira Neto25 que a participação e a consensualidade
foram decisivas para a democracia contemporânea, uma vez que contribuíram para aprimorar
a governabilidade, propiciando mais freios contra o abuso, garantindo atenção a todos os
interesses, proporcionando a tomada de uma decisão mais sábia e fundamentada,
desenvolvendo a responsabilidade das pessoas, tornando os comandos estatais mais aceitáveis
e facilmente obedecidos.
Em sua outra obra26 o autor ensina ainda que os conflitos podem ser resolvidos através
de acordos nos recursos administrativos, podendo a Lei dispor sobre a substituição de um
recurso de apelação por outros procedimentos de impugnação, reclamação, conciliação,
mediação e arbitragem. Assim, podemos dizer que cabe à Lei prever, em cada caso, a
substituição do recurso administrativo por outras formas de resolver o conflito.
Por fim, pode-se concluir que os meios atuais de resolução de conflitos permitem que
haja uma maior participação dos cidadãos e uma maior efetivação do exercício da
24
FERREIRA, Daniel. Teoria Geral da Infração Administrativa a partir da Constituição Federal de
1988. Alternativas à Sanção Administrativa: novas tendências. Belo Horizonte: Fórum, 2009 p. 331.
25
NETO, Diogo de Figueiredo Moreira. Mutações do Direito Administrativo. Administração
Pública Consensual. Rio de Janeiro: Renovar, 2000 p. 40/41
26
NETO, Diogo de Figueiredo Moreira. Uma avaliação das tendências contemporâneas do direito
administrativo / Una evaluación de las tendências del derechos administrativo / Diogo de Figueiredo Moreira
Neto (coord.). Desarrollo Reciente de Los Instrumentos de La Adminstración Consensual em España. Rio de
Janeiro: Renovar, 2003 p. 379.
democracia, justificando ainda a utilização na área administrativa, tanto na prevenção quanto
na composição de conflitos, em prol do desenvolvimento social.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
BIBLIOGRAFIA
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MAZZUCCHELLI, Frederico. A crise em perspectiva: 1929 e 2008. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-33002008000300003>.
Acesso em 24 nov. 2012.
MENOSSO, Carlos Roberto. Função Social da Propriedade e da Empresa: Crítica a um
conceito egoísta. Monografia de Mestrado – Unicuritiba – Curitiba, 2007
MIRANDA, Jorge. Teoria do Estado e da Constituição. 1.ed. Rio de Janeiro: Editora
Forense, 2005.
MOREIRA, Vital. A ordem Jurídica do Capitalismo. 3.ed. Coimbra: editora Centelha, 1978.
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/05/140519_produtividade_porque_ru
http://www.bcb.gov.br/?INDECO, consultado em 30/09/2014.
http://www.pnud.org.br/IDH/IDH.aspx?indiceAccordion=0&li=li_IDH