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MAIS VALIA E DESENVOLVIMENTO SOCIAL: FATALIDADE OU UTOPIA?

ROBERT CARLON DE CARVALHO1

RESUMO: Quais os reflexos do desenvolvimento do capital na sociedade moderna? Os


direitos sociais, expressos na legislação nacional, estão totalmente assegurados a todos? De
que modo a sociedade e o Estado podem contribuir com o desenvolvimento social e a
efetivação dos direitos sociais? Qual o papel do Estado, da empresa, e da sociedade neste
processo de efetivação dos direitos sociais? O presente trabalho visa perquirir os processos de
mudança ocorridos no sistema capitalista econômico mundial e suas influências na efetivação
dos direitos sociais e o papel do Estado e da propriedade privada na efetivação dos direito
sociais. O trabalho ora proposto tem por objetivo geral, pois, o estudo das tendências de
transformações do sistema capitalista e sua influência na efetividade dos direitos sociais no
Brasil. Para a realização da pesquisa foi utilizado o método teórico-bibliográfico.

PALAVRAS CHAVE: desenvolvimento social, capitalismo, trabalhador, regulação,


desenvolvimento

RESUMEN: ¿Cuáles son las reflexiones de desarrollo de capital en la sociedad moderna?


Los derechos sociales, expresadas en la legislación nacional, están plenamente garantizados
para todos? ¿Cómo funciona la sociedad y el Estado pueden contribuir al desarrollo social y la
realización de los derechos sociales? ¿Cuál es el papel del Estado, la empresa y la sociedad en
el proceso de realización de los derechos sociales? El presente trabajo tiene como objetivo
hacer valer los procesos de cambio que ocurren en el sistema capitalista de la economía
mundial y su influencia en la consecución de los derechos sociales y el papel del Estado y la
propiedad privada en la consecución del derecho social. El trabajo que aquí se propone tiene

1
Advogado, Especialista em Direito e Processo do Trabalho pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUC PR,
Mestrando em Direito Empresarial e Cidadania pelo Centro Universitário Curitiba – UNICURITIBA.
como objetivo, por lo tanto, el estudio de las tendencias capitalistas transformaciones del
sistema y su influencia en la efectividad de los derechos sociales en Brasil. Para la
investigación se utilizó el método de la literatura teórica.

PALABRAS CLAVE: desarrollo social, el capitalismo, trabajador, regulación, desarrollo

INTRODUÇÃO

Da leitura de Boaventura de Souza Santos, observa-se que a economia mundial tem


sido ludibriada pela ideia de abertura irrestrita dos mercados mundiais por meio dos processos
de exportação, o qual vem sendo equivocadamente priorizado2.
O período atual é transitório, complexo e indefinido. Observa-se, cada vez com mais
frequência o surgimento de sociedades semiperiféricas e periféricas com um modelo de
desenvolvimento social caótico, cujas trocas e diferenças sociais são desiguais e excludentes.
O desenvolvimento do capital influenciou uma nova forma de organização
institucional, transacional, e com ela uma nova classe capitalista, que, por deter um terço do
produto industrial mundial, por si só já conduz às desigualdades existentes em todo o mundo.
A sociedade brasileira construiu e reproduz até hoje uma classe de abandonados e
desclassificados sem qualquer chance de participação na competição social em qualquer
esfera da vida. Existe uma luta de classes intestina e inegável que permite que toda uma classe
que não consegue, pelo abandono social e político, incorporar conhecimento útil para
participar no mercado econômico competitivo, possa ser explorada como mão de obra barata.
Esse sentido parece ser construído, em primeiro lugar na reprodução da família
desestruturada, fruto da cegueira do debate científico e público dominante e do consequente
abandono político social da classe3.
O capitalismo não tem permanecido igual a si mesmo ao longo do tempo. Há uma
evolução e crises de períodos fundamentais que tem influenciado diretamente na efetividade
dos direitos sociais.

2
SANTOS, Boaventura de Souza. Globalização, fatalidade ou utopia? . 3 ed. Edições Afrontamento. 2005
3
SOUZA, Jessé. A ralé brasileira: Quem é e como vive. 1ª Ed. Belo Horizonte. Editora UFMG, 2011.p.
Este trabalho está dividido em três capítulos. O primeiro capítulo foi dedicado ao Mais
Valia, ao estudo do desenvolvimento do Capital, seu amadurecimento e suas crises, o segundo
visa contextualizar o cenário nacional e as medidas governamentais de combate à crise
financeira que se instaurou no ano de 2008. O terceiro, tem por objetivo refletir acerca do
papel do Estado e da Sociedade na aplicação e efetivação dos direitos sociais, e, por
consequência, alcançar o desenvolvimento social.

1. MAIS VALIA - PRECEITOS ONTOLÓGICOS DO CAPITAL NO SÉCULO


XXI

A história do desenvolvimento do capital e suas crises cíclicas, como já apresentava


Karl Marx, revelam a histórica exploração da classe proletária e o aumento das desigualdades.
O capitalismo tem por fundamento a separação entre os produtores (trabalhadores) e as
condições objetivas do trabalho (instrumentos de produção).
É um sistema econômico capaz de integrar uma multiplicidade de economias
concretas, que historicamente são constatadas a partir dos elementos que as distinguem.
Acredito estarmos vivendo, hoje, o desdobramento final de uma crise do capital que se
iniciou no ano de 2008. Final, não no sentido de “fim da história, mas o desdobramento final
no sentido de amadurecimento histórico do sistema capitalista exploratório, fator este que fez
com que a crise de se colocasse de uma forma muito dura e destrutiva, do ponto de vista da
humanidade, que é a essência do modo de produção capitalista.
No período neolítico, cerca de 3.000 A.C., quando do desenvolvimento da agricultura
familiar pelo homem, iniciou-se uma profunda transformação no modo de trabalho e de
produção. Com o aparecimento da agricultura pela primeira vez o homem conseguiu produzir
mais do que ele precisava para sua subsistência imediata. Esta reserva, passou a ser chamada
de excedente.
Todavia, ao longo de um período histórico que vai do período neolítico até a revolução
industrial (1776 a 1830), o trabalho excedente ainda não era suficiente para atender a
necessidade de todos os indivíduos do planeta terra.
Ao longo desse período, desenvolvem-se as sociedades de classes, como a forma mais
eficiente que a humanidade encontrou pra desenvolver as forças produtivas. Elas se
organizam de tal forma que a maioria da população passa a ter o seu trabalho excedente,
expropriado por uma minoria, que o faz pela aplicação da violência na vida cotidiana. A
maioria da população entrega o seu trabalho excedente para uma minoria, que passa, então, a
ter o excedente para melhor desenvolver o seu negocio. Possibilitando, assim, um
desenvolvimento humano genérico que só foi possível porque a maior parte da humanidade
foram excluídos desse processo e tiveram negados a possibilidade de participar, de ter acesso
a esses ganhos que a humanidade teve.
Ao longo de todo esse período histórico (3.000 A.C. a 1.830 D.C.), a sociedade vive
um período em que a produção não é suficiente para todos, havendo, pois uma carência, e
neste período que se tem a carência as classes sociais, que representam uma imediação social
muito adequada para o desenvolvimento rápido das forças produtivas, as classes sociais
devastavam as sociedades mais igualitárias que surgia. Observe-se, enquanto havia a carência,
não havia como superar as sociedades de classes. Toda vez que se fazia uma sociedade mais
igualitária quando a sociedade de classes se encontrava com essa sociedade mais igualitária a
sociedade de classes desenvolvia a as forças produtivas mais rapidamente, e com seus
exércitos destruía a sociedade mais igualitária, transformando a sociedade mais igualitária em
fonte de lucro pra si próprio. Vale lembrar o que os romanos fizeram com os bárbaros, o que
o capitalismo fez com todos os modos de produção pré-capitalista. Aonde chega a sociedade
de classes ela destrói a sociedade mais primitiva e igualitária e ela transforma os recursos
dessa sociedade em fonte de lucro pra ela, então quando chega o capitalismo, as grandes
navegações, quando surge o mercado mundial tem-se um processo final de destruição da
sociedades igualitárias anteriores que mantinham ainda essa distribuição mais igualitária,
passando, estas, a ser substituídas pela sociedade de classes.
Com o advento da revolução industrial, o período de carência é superado. Pela
primeira vez humanidade consegue produz mais do que precisa para a sua subsistência,
todavia, isto não acabou com a desigualdade e nem mesmo com a miséria.
A partir do século XVIII os produtores não dispunham mais dos meios próprios de
produção, que passaram a pertencer aos capitalistas. Inicia-se o desenvolvimento da
manufatura: a nova formar de organização da atividade produtiva, criando bases para o
desenvolvimento das fábricas, como organizações produtivas.
Concentrando os trabalhadores no mesmo local de trabalho, esta forma de organização
permitiu a padronização e divisão do processo de produção, garantindo maior rapidez e
perfeição ao produto.
Em razão da nova produção em escala, surgiu a necessidade de intervenção do Estado,
a fim de prestar apoio a burguesia industrial, a fim de garantir a sobrevivência e o
desenvolvimento do capitalismo. Assim, o Estado, por meio da intervenção mínima, até então
inexistente, passou a conceder proteção aos novos centros onde se instalavam as manufaturas
capitalistas, desejosas de se desenvolverem, livres das restrições impostas pela organização
corporativa, à medida e ao ritmo exigido pelo mercado mundial criado pela descoberta das
rotas atlânticas. O Estado foi responsável por assegurar mercados às novas indústrias, quer
através da celebração de tratados de comércio na Europa, quer através da conquista de
territórios coloniais.
A partir do século XVIII os produtores não dispunham mais dos meios próprios de
produção, que passaram a pertencer aos capitalistas. Inicia-se o desenvolvimento da
manufatura: a nova formar de organização da atividade produtiva, criando bases para o
desenvolvimento das fábricas, como organizações produtivas.
Concentrando os trabalhadores no mesmo local de trabalho, esta forma de organização
permitiu a padronização e divisão do processo de produção, garantindo maior rapidez e
perfeição ao produto.
Karl Marx, no livro “O Manifesto Comunista4” deixa clara a ideia de que no
comunismo vai de cada um, de acordo com a sua capacidade, e a cada um de acordo com a
sua necessidade. O comunismo não é distribuir igualmente para todos, o comunismo é o
reconhecimento de que as individualidades são necessariamente diferentes, portanto, tem
necessidades diferentes, e todas as necessidades humanas devem ser satisfeitas igualmente, de
uma forma plena, por que elas são humanas. Marx, no ano de 1848 levanta esta questão por
que o período histórico da abundância possibilita poder atender a todas as necessidades de
todos, e ainda possibilita que se tenha um excedente para o desenvolvimento das forças
produtivas. O mundo vivenciava, pela primeira vez, a oferta sendo maior do a procura, pela
primeira vez do ponto de vista histórico o mercado vai se tornando um mercado saturado, ou
seja, você tem uma produção maior que a necessidade, e o resultado disso é que pela primeira
vez ao longo da historia da humanidade o mercado deixa de funcionar como uma mediação
adequada para o desenvolvimento das forças produtivas, eis que, como a oferta é menor que a
procura, os preços passam a cair ao patamar de chagarem a estar abaixo do seu preço de custo.

4
MARX, Karl, ENGELS, Friedrich. O Manifesto Comunista. São Paulo: Boitempo Editorial.
Portanto, a mediação do mercado faz com que, de tempos em tempos surja uma nova
crise da produção capitalista, tendo em vista que o mercado fica saturado de um determinado
produto, ao ponto que se preço deixa de compensar para o produtor.
A sociedade sai de um longo período histórico que as relações mercantis levavam a
produção pra frente, e tem passado por um longo momento histórico em que a produção
voltada para o mercado vem passando a ser travada por crise sucessivas. É aquilo que o Marx
chamou de crise cíclicas, as quais se arrastam por todo o séculos XIX.
Com a Revolução Industrial, o capitalismo atinge sua maturidade, e, isso traz um
entrave ao mercado de capitais. Os preços deixam de compensar, quando a oferta passa a ser
maior que a procura. A revolução Industrial marca a passagem do período de escassez para o
período de abundância, e com ela, surgem as crises do capital.
Com o advento da Revolução Industrial, pela primeira vez na historia a humanidade
passou a produzir para obter grandes lucros e não para a satisfação da necessidade humana,
deixando de ser, o capitalismo, uma mediação adequada para desenvolver as forças produtivas
e passando a ser um entrave para as forças produtivas. Como bem observou Marx no século
XIX, iniciou-se um período histórico de contradições antagônicas impossíveis de serem
mediadas entre o desenvolvimento das forças produtivas e as relações de produção capitalista,
sendo estas voltadas para reproduzir de forma ampliada o capital, ou seja, produzir o lucro e
não mais atender as necessidades humanas.
Em razão da nova produção em escala, surgiu a necessidade de intervenção do Estado,
a fim de prestar apoio a burguesia industrial, a fim de garantir a sobrevivência e o
desenvolvimento do capitalismo. Assim, o Estado, por meio da intervenção mínima, até então
inexistente, passou a conceder proteção aos novos centros onde se instalavam as manufaturas
capitalistas, desejosas de se desenvolverem, livres das restrições impostas pela organização
corporativa, à medida e ao ritmo exigido pelo mercado mundial criado pela descoberta das
rotas atlânticas. O Estado foi responsável por assegurar mercados às novas indústrias, quer
através da celebração de tratados de comércio na Europa, quer através da conquista de
territórios coloniais.
O modo de produção capitalista no século XIX, só pode se reproduzir assim, dado o
fato que o modo de reprodução capitalista, é baseado na propriedade privada, e o polo mais
dinâmico do modo de produção capitalista é o setor industrial, e que por causa disso a luta, a
concorrência entre as empresas, as industrias, leva necessariamente ao aumento da produção,
e ao mesmo tempo leva necessariamente a um investimento cada vez maior em tecnologias,
em novas maquinas, em novas formas de produzir mercadorias, para deste modo tentar vencer
a concorrência de uma empresa e outra.
Isso vai fazer que de um lado o capitalismo só pudesse se reproduzir aumentando a
produção cada vez mais. Isto significa que ele vai gerando uma abundancia cada vez maior, e
ao mesmo tempo como para produzir, para gerar esta produção cada vez maior, você tem que
desenvolver maquinários, desenvolver tecnologia e concentrar produção, desenvolver novos
métodos de gerência, precisa fazer cada vez mais investimentos para aumentar o lucro, que se
torna cada vez menor. Isto faz com que o lucro total da empresa aumente, mas a lucratividade,
a relação entre o lucro e o investimento, diminua.
Marx mostra que ao longo do século XIX, o modo de produção capitalista é assim,
apresenta crises cíclicas. Ele tem um período de desenvolvimento econômico, um momento
de crise, um de desenvolvimento econômico, outro momento de crise.
Entre os anos 1830 e os anos de 1870 mais ou menos, e Marx demonstra que única
forma de desenvolver as forças produtivas é, inicialmente, romper com a produção mercantil,
ou seja, deixar de produzir para o Capital, deixar de produzir pra gerar lucro e produzir para
atender as autêntica necessidades humanas. Vale observar que não se está que o capitalismo
não pode mais desenvolver as forças produtivas, que o capitalismo não pode mais desenvolver
a produção, que o capitalismo não pode mais desenvolver a tecnologia, ao contrário disso,
Marx aduz que é necessário que o capitalismo desenvolver a tecnologia, e por conta disso a
abundancia será tornar cada vez maior.
As forças produtivas, passam a ser a capacidade humana de tirar da natureza aquilo
que a humanidade precisa pra se reproduzir, e quanto maior for essa capacidade significa que
menos tempo será preciso para transformar a natureza. Portanto, mais tempo sobrará para se
viver.
Nas proximidades do ano de 1870, o capitalismo que surgiu com a revolução
industrial, passa por uma transformação importantíssima, eis que a cada vez que se tem um
período de crise, o grande engole o pequeno, e se tem um processo dos grandes capitais que
possibilita, que a partir de 1870, o fundamental da economia industrial, e repita-se, que é o
polo mais dinâmico da reprodução do capital, passa a ser dominado por grandes monopólios e
grandes cartéis, fazendo com que a sociedade saia do período do capitalismo concorrencial
passando ao capitalismo monopolista. Neste, os grandes monopólios passam a ter interferir
sobre o Estado. O Estado deixou de ser o comitê executivo da classe dominante, passando a o
comitê executivo dos grandes monopólios dos grandes cartéis, que representavam a
burguesia, na sua totalidade.
A política externa das grandes capitais capitalista, passa a ser ditada diretamente pelos
grandes monopólios e pelos grandes cartéis, introduzindo na política externa, na relação
internacionais, na forma como o Estado se relaciona com a economia algumas novidades, mas
não altera a essência dessa relação, nem altera a essência do Estado que continua sendo o
comitê executivo da classe dominante. A partir deste momento o Estado começa a intervir
nessa economia, e isto vai alterar em parte essa dinâmica das crises cíclicas.
Nesse período de passagem do Capitalismo Concorrencial para o Capitalismo
Monopolista, nas economias centrais como Japão, Ásia, Bélgica, Inglaterra, Estados Unidos, e
Alemanha a generalização da produção industrial, fez com que ficasse mais barato para o
trabalhador comprar a roupa, o sapato, o alimento industrializado, do que produzir seu próprio
vestuário ou alimento. Com isso, a burguesia começa a ter lucro no consumo operário, e, uma
vez que o operário esta consumindo produtos de subsistências que são mais baratos. O
capitalismo entra em um período histórico em que nos países capitalistas centrais, o consumo
dos trabalhadores passa a ser fonte de lucro, e na medida que eles vão consumindo os
produtos industrializados, a burguesia passa a ter ainda mais lucro.
Uma vez que a burguesia alcançou, ou, atingiu, uma nova parcela do mercado
consumidor, agora a classe operária, essa classe passou também a ganhar forçar para
negociação com a burguesia, que tinha, por obvio, interesse no aumento da capacidade de
consumo, possibilitando assim uma convergência entre setores da classe operária e a
burguesia. Aqueles setores que estavam ganhando mais dinheiro começaram a participar do
mercado consumidor, começaram a negociar vantagens com a burguesia, o que antes era
absolutamente inimaginável.
Começa a surgir uma aristocracia operaria que passa a ter da negociação com a
burguesia a possibilidade histórica completa de melhorar o seu nível de vida. Isto divide a
classes operaria dos países centrais com os operários do restante do mundo. Surge a
aristocracia operaria.
A partir do século XX as crises cíclicas começam a ter um comportamento
diferenciado. O Estado intervém, os monopólios tem um peso muito grande nos
desenvolvimento dessas crises cíclicas, você tem lentamente o consumo dos trabalhadores
como um fator de crescimento econômico importante nos países capitalistas mais avançados,
e o resultado disso é que você deixa de ter aquelas crises cíclicas que se tinha no século XIX,
todavia, quando surgem, ocorrem de modo muito mais violento.
A primeira crise do século XX foi administrada com a primeira guerra mundial (1914).
Com as crises 1929, quando da ocorrência da superprodução, as industrias cortaram a
produção e demitiram, com isso restringiram um mercado consumidor, a superprodução não
foi consumida, gerou-se mais desemprego, e então quebrou mais indústria, a agricultura, os
banco. ele vai dizer que nos temos que fazer o inverso. A segunda grande crise ocorrida em
1929 foi então administrada com a ascensão do nazi facismo na Europa, e em seguida a
segunda guerra mundial (1939-1945). Isto deixa claro que as crises ficaram muito mais
violentas. A crise, como demonstrado, tem se dado em razão da abundância. A solução
encontrada pela burguesia para administrar estas novas crises passou a ser o consumo, e por
isso a guerra. Para destruir, gerar a escassez, e estimular o consumo, viabilizando, assim, uma
nova rodada de crescimento econômico produtiva nas forças do capital.
Vale observar que o andamento da crise no modo de produção capitalista se altera,
mas a essência da crise continua a ser o mesmo, a abundancia gera necessariamente a crise,
porque a abundancia que deveria ser a riqueza plena da humanidade, no capitalismo significa
super produção, ou seja, crise.
Em razão das medidas tomadas no ano de 1929, seguindo diretrizes de John Maynard
Keynes, os Estados Unidos passou então a adotar uma política econômica através da qual,
pela qual o Estado intervém na economia pra aumentar o consumo, saindo assim da
superprodução, e isto agora só é politicamente possível porque você tem um setor da classe
operário nos países capitalistas centrais que desde 1905, 1920 vem desenvolvendo essa
política não mais de confronto mais de burguesia para aumentar o seu poder aquisitivo.
Surge, então, o chamado de Bem Estar de Estado Social nos países capitalistas
centrais, que veio ampliando a massa salarial, os partidos sociais democratas, e os partidos
comunistas, as grandes centrais sindicais, tendo vitórias econômicas significativas na
negociação com a burguesia, e legitimando essa política de negociação, vão se desarmando as
classes operarias, e subsistindo a maquina partidária, a maquina sindical e o processo de
educação dos trabalhadores durante décadas, no qual a negociação é sempre a via principal, o
confronto é sempre um confronto parcial e pontual que na verdade é acessório a negociação.

Então, na década de 1960, quando o Estado de Social já não mais consegue consumir a
abundancia, porque o Estado Bem de Estar Social e as multinacionais no terceiro mundo,
fatores que, associados a ampliação do mercado consumidor do primeiro mundo, elevam a
produção ao seu mais alto nível, associados ainda a fatores históricos a derrota norte
americana no Vietnã, a Alta no Petróleo no Oriente Médio, dentre outros, tudo isso faz com
que o modo de produção capitalista entra em um novo patamar, em uma nova crise. Isso
porque agora a abundancia é tão grande que não dá pra ser consumida, portanto a crise passa a
ser uma Crise Estrutural, uma crise contínua.
Como observa Carlos Menosso5, neste período a sociedade passou a sofrer as
transformações decorrentes da revolução e do comercialismo, as desigualdades sociais se
tornaram latentes.
Não há mais período de crise, como previu Karl Marx. A Crise passa a ser contínua. A
partir daí inicia-se um novo processo de crescimento econômico. A crise se transformou num
único modo de produção capitalista tem de se reproduzir, e como ele se reproduz agora?
Através de uma intervenção do Estado, no primeiro momento da riqueza capitalista
acumulado sob a forma da propriedade Estatal Capitalista Burguesa, que privatiza essa
riqueza, ou seja, queima esta riqueza pra financiar a crise, da primeira fase do neoliberalismo,
e depois quando não dá mais conta, a economia começa a viver por meio da especulação
financeira. Da especulação de uma riqueza que ainda não foi produzida, ou seja, de uma
expectativa de produção, e, na medida em que esta pratica deixa de ser algo pontual, e passa a
ser a pratica cotidiana dos grandes grupos capitalistas, tendo em vista que não se pode mais
investir na industrias e no comercio, porque o mercado esta saturado, na medida em que isto
acontece um começa apostar no outro, criando-se, pois, uma bolha que, mais dias ou menos
dias irá estourar.
O Capital passa a se desenvolver por meio de um capital fictício, gerando crédito em
cima de uma riqueza que ainda vai ser produzida se a economia continuar funcionando, porém
sem ter a garantia de que a economia vai continuar funcionando. E isso faz com que se
aumente a quantidade de ações, de papeis, de riquezas fictícias. Uma riqueza sem produção.
E foi nesse momento, da passagem do Estado de Bem Estar Social para o Estado da
Crise Estrutural, que se fazia necessário que a sociedade se lançasse a luta, defendendo as
conquistas dos trabalhadores no Estado Social, como a Educação e o desenvolvimento Social,
mas não o fez.

5
MENOSSO, Carlos Roberto. Função Social da Propriedade e da Empresa: Crítica a um conceito egoísta.
Monografia de Mestrado – Unicuritiba – Curitiba, 2007, p.35
Como bem destaca Paulo Bonavides, o Estado Social “significa intervencionismo,
patronagem, paternalismo. Não se confunde com o Estado socialista, mas com este coexiste”.6
Quando vem o neoliberalismo, se instala a crise estrutural a classe operário tem atrás
de si um derrota histórica, porque ela não tem mais a ideologia do confronto nem mais as
organizações que poderiam leva-la ao confronto. Ela vai sendo cada vez mais educada a
negociar, e isto significa aceitar a balela que agora esta no fim do futuro do trabalho, onde
todos nós vamos nos transformar em empreendedores.
Aí começa a chamada Crise de 2008, a crise da especulação financeira, cujos efeitos
vem se alastrando até o corrente ano de 2014. Uma Crise Estrutural que gerou aumento do
desemprego, que intensificou a jornada de trabalho, e a burguesia voltou a ter em plena crise
estrutural, uma lucratividade maior que a lucratividade durante o Bem Estar do Estado Social.
Mais serio do que isso, ela intensificou a exploração dos países capitalistas periféricos, e o
resultado disso é que os países periféricos passam a vivenciar, também a crise dos países
centrais, até que se chegue em um determinado momento que nem as bolhas mais conseguem
sobreviver, e estouram.
A crise financeira, econômica e social iniciada em 2008, pôs a “nu a verdadeira face
da Europa neoliberal, a Europa do capital, a Europa que os cidadãos europeus já recusaram:
um grande mercado interno, com uma economia incapaz de crescer, um espaço sem um
mínimo de solidariedade e de coesão social, sem o mínimo sentimento de pertença, um espaço
em que alguns estados se assumiram como ‘donos da bola’ e têm imposto as ‘regras do jogo’,
humilhando os trabalhadores europeus e tratando com laivos de superioridade rácica os
‘povos do sul’.7
A história deixa claro que a crise do capital é inevitável e que a sociedade tem que
sobreviver a ela. A crise é uma Relação Social, e portanto o que determina pra onde a crise
vai é como a humanidade vai reagir a crise. A crise econômica, não está no limite do ponto
de vista da crise econômica, a quantidade de dinheiro, a quantidade de mercado, relação entre
demanda, procura, não está ai a saída da crise, a saída da crise está no Desenvolvimento
Social, na luta de classes, no desenvolvimento da sociedade e da classe proletária pelo

6
BONAVIDES, Paulo. Do Estado liberal ao estado social. 9a. ed. Malheiros: São Paulo, 2009, p.203.

7
NUNES, Antonio José Avelãs. Crise do Capitalismo, crise da Europa. In, Revista Jurídica Unicuritiba, v.2,
n.35, 2014. in: http://revista.unicuritiba.edu.br/index.php/RevJur/article/view/782/595
Capital, criando-se, pois, um desenvolvimento sustentável. E se isso não acontecer o
capitalismo vai destruir a humanidade.

2. BRASIL E DESENVOLVIMENTO SOCIAL – (DES)ORDEM E PROGRESSO

A crise financeiro global de 2008, não diferentemente dos demais países, também
afetou o Brasil, que no ano de 2009 apresentou contração do nível de produção em -0,3%
segundo o IBGE8.
Com o intuito de combater os efeitos da crise, o governo brasileiro implementou
medidas que, com efeitos de curto prazo, tenderam reduzir os impactos de um processo
recessivo que se alastrou na economia global, e consequentemente afetou o desenvolvimento
dos países.
As medidas adotadas fizeram, com efeito de curta duração, com que o país não
sofresse os efeitos imediatos da crise financeira global.
Sem um planejamento eficaz de longo prazo, o governo brasileiro adotou medidas de
aumento fictício de riquezas e desenvolvimento, úteis e de grande valia a curto prazo, porém,
sem uma prospecção eficaz a médio e longo prazo, fato este que fez com que, conforme
indicadores econômicos dos anos de 2013 e 2014 o país sofresse de forma mais drástica os
efeitos da crise global anunciada na década de 70, porém, iniciada no ano 2008.
Após a crise econômica brasileira de 1994, o Brasil buscou fortalecer seus
fundamentos macroeconômicos e melhorou seu sistema de proteção social, por meio da
introdução de um novo regime macroeconômico orientado para a redução da vulnerabilidade
externa, obtenção de superávits fiscais, estabilidade e reformas econômicas.
Com a economia mais estável, no ano de 2003 o governo iniciou uma política de
valorização do salario mínimo, em cooperação com atores de desenvolvimento social.
Tais medidas, permitiram que o governo, a curto prazo, conseguisse contornar os
efeitos da crise global, por meio de medidas anticíclicas e de aperfeiçoamento do regime de
proteção social.

8
http://www.bcb.gov.br/?INDECO, consultado em 30/09/2014.
Uma vez que a crise financeira afetou significativamente o mercado de crédito, no
plano econômico o governo reagiu à crise restaurando o fluxo de crédito no sistema bancário
reduzindo as taxas de juros em 5 pontos percentuais no período compreendido entre janeiro
(13,75%) e setembro (8,75%); introduzindo linhas de crédito para famílias e empresas
visando estimular a manutenção de setores chaves da economia, como construção civil,
automotiva, e microempresas, aumentando a concessão de crédito pelas instituições
financeiras públicas, e, por meio do Banco Central atenuando e assegurando a liquidez do
dólar para não afetar os exportadores, empresas e bancos.
Reflexo a isto, o governo buscou adotar medidas com o intuito de estimular a geração
de emprego por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (direcionado a impulsionar
os investimentos em infraestrutura e consequentemente na geração de novos empregos),
criação de programas habitacionais – Minha casa minha vida -, que objetivou estimular o
crescimento e a geração de emprego no setor da construção civil, redução do Imposto sobre o
Produto Industrializado (IPI) sobre automóveis, eletrodomésticos, eletroeletrônicos em geral.
Visando a “proteção da família”, o governo também aperfeiçoou o sistema de proteção
social também prolongou os benefícios do seguro desemprego para os trabalhadores de cujos
setores foram mais afetados pela crise, como, por exemplo, a mineração e a siderurgia, e
aumentou a cobertura e os valores dos benefícios do programa Bolsa Família.
No plano econômico as medidas adotadas pelo governo auxiliaram nos resultados da
economia relacionados ao crescimento, que, no ano de 2010 registrou um crescimento (PIB –
Produto Interno Bruto) de 7,5%, contra a retração de -0,3% do ano anterior. Nos anos
subsequente, até 2013 alcançou os percentuais de 2,7% (2011), 1% (2012) e 2,5% (2013),
respectivamente, demonstrando, apesar de significantemente inferior, um crescimento
consistente9.
Quanto a inflação, segundo indicadores do IPCA – Índice de Preços ao Consumidor
Amplo, elaborado pelo IBGE, registraram aumento significativos dentre os anos de 2006 e
2013, passando de 4,31 no ano de 2009 para 5,91 no ano de 2013
No que tange a Produtividade do Trabalho, o desempenho medido pelo IPEA pela
variação média anual da produtividade do trabalho no período de 2000 a 2009, permite
concluir que a economia brasileira apresentou um baixo dinamismo, uma vez que a

9
In, http://www.bcb.gov.br/?INDECO, consultado em 30/09/2014.
produtividade para o conjunto das atividades da economia cresceu apenas 0,9 ao ano, em
média.
Mais, em publicação recente para a BBC Brasil, a jornalista e economista Ruth Costas
aponta que estudos recentes demonstram que a produtividade do trabalho foi de 0,4% e 0,8%,
nos anos de 2012 e 2013, respectivamente10. Vejamos:

Dados da entidade americana de pesquisas Conference Board mostram que os


funcionários de empresas brasileiras produziram em 2013 uma média de US$ 10,8
por hora trabalhada.
Trata-se da menor média entre países latino-americanos.
A chilena foi de US$ 20,8, a mexicana, de US$ 16,8, e a argentina, de US$ 13,9.
Empresas grandes têm de empregar centenas de funcionários só para pagar imposto.
Além disso, a mesma entidade registrou um crescimento no índice de produtividade
brasileiro de apenas 0,8% no ano passado, após uma queda de 0,4% em 2012.

Tratando-se do tema, é importante destacar que, segundo a Organização Internacional


do Trabalho – OIT – a produtividade do trabalho é uma “representação da quantidade de
produto obtido por unidade do fator trabalho.
As diversas performance dos setores de produção do país são influenciados por um
conjunto de fatores, entre os quais destacam-se as melhorias na educação e na formação
profissional, melhorias na infraestrutura, o nível de integração econômica do país aos
mercados mundiais, a inovação, a capacidade de absorção de novas tecnologias, além da
eficiência na gestão empresarial, objetivando aumentos na escala de produção de maneira
sustentável. Estes fatores, podem propiciar acréscimos reais do PIB, resultando em ampliação
da produtividade do trabalho, da melhoria da qualidade de vida, da estabilidade da economia,
e redução das desigualdades.
Com base nos dados apresentados, pode-se observar que a estagnação dos
desempenhos setoriais no que tange à produtividade do fator trabalho no Brasil, não decorrem
da crise econômica mundial, mas sim da falta de preparo do trabalhador brasileiro, treinado
para reduzir de modo aparente as estatísticas de desemprego, e educado por meio de
programas como PRONATEC, PROJOVEM, e outros de desenvolvimento operacional.

10
In: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/05/140519_produtividade_porque_ru
Utilizando-se os coeficientes IDH – Índice de Desenvolvimento Humano11 publicados
pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no final do ano de 2011,
tem-se que dentre os anos de 1980 e 2011 o IDH Brasil saiu de 0,54 para 0,718 representando
um avanço de praticamente 31 pontos percentuais.
O relatório demonstra que este desempenho foi puxado pelo aumento na expectativa
de vida no país (11 anos no período), pela melhora na média de anos de escolaridade (4,6 anos
a mais) e pelo crescimento também da renda nacional bruta (RNB) per capita, que foi de
quase 40% dentre os anos de 1980 e 2011.
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)12 do Brasil avançou de 0,715 em 2010
para 0,718 em 2011, todavia, esta evolução do IDH contou com um impulso maior da

11
O objetivo da criação do Índice de Desenvolvimento Humano foi o de oferecer um contraponto a outro indicador muito
utilizado, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita, que considera apenas a dimensão econômica do desenvolvimento. Criado
por Mahbub ul Haq com a colaboração do economista indiano Amartya Sen, ganhador do Prêmio Nobel de Economia de
1998, o IDH pretende ser uma medida geral, sintética, do desenvolvimento humano. Apesar de ampliar a perspectiva sobre o
desenvolvimento humano, o IDH não abrange todos os aspectos de desenvolvimento e não é uma representação da
"felicidade" das pessoas, nem indica "o melhor lugar no mundo para se viver". Democracia, participação, equidade,
sustentabilidade são outros dos muitos aspectos do desenvolvimento humano que não são contemplados no IDH. O IDH tem
o grande mérito de sintetizar a compreensão do tema e ampliar e fomentar o debate. Atualmente, os três pilares que
constituem o IDH (saúde, educação e renda) são mensurados da seguinte forma: Uma vida longa e saudável (saúde) é medida
pela expectativa de vida; O acesso ao conhecimento (educação) é medido por: i) média de anos de educação de adultos, que é
o número médio de anos de educação recebidos durante a vida por pessoas a partir de 25 anos; e ii) a expectativa de anos de
escolaridade para crianças na idade de iniciar a vida escolar, que é o número total de anos de escolaridade que um criança na
idade de iniciar a vida escolar pode esperar receber se os padrões prevalecentes de taxas de matrículas específicas por idade
permanecerem os mesmos durante a vida da criança; E o padrão de vida (renda) é medido pela Renda Nacional Bruta (RNB)
per capita expressa em poder de paridade de compra (PPP) constante, em dólar, tendo 2005 como ano de referência. É um
índice-chave dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio das Nações Unidas e, no Brasil, tem sido utilizado pelo governo
federal e por administrações regionais através do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M). O IDH é uma
medida média das conquistas de desenvolvimento humano básico em um país. Como todas as médias, o IDH mascara a
desigualdade na distribuição do desenvolvimento humano entre a população no nível de país. O IDH 2010 introduziu o IDH
Ajustado à Desigualdade (IDHAD), que leva em consideração a desigualdade em todas as três dimensões do IDH
“descontando” o valor médio de cada dimensão de acordo com seu nível de desigualdade. Com a introdução do IDHAD, o
IDH tradicional pode ser visto como um índice de desenvolvimento humano “potencial” e o IDHAD como um índice do
desenvolvimento humano “real”. A “perda” no desenvolvimento humano potencial devido à desigualdade é dada pela
diferença entre o IDH e o IDHAD e pode ser expressa por um percentual.

In: http://www.pnud.org.br/IDH/IDH.aspx?indiceAccordion=0&li=li_IDH

12
O IDH é uma medida resumida para avaliar o progresso a longo prazo em três dimensões básicas do desenvolvimento
humano: uma vida longa e saudável, acesso ao conhecimento e um padrão decente de vida. Como no Relatório de
Desenvolvimento Humano de 2010, uma vida longa e saudável é medida pela expectativa de vida; o acesso ao conhecimento
dimensão saúde – medida pela expectativa de vida –, responsável por 40% da alta. As outras
duas dimensões que compõem o IDH, educação e renda, responderam, cada uma, por cerca de
30% desta evolução.
Além do IDH calculado, o Relatório 2011 traz também três outros importantes
indicadores complementares introduzidos em 2010 e de importante avaliação para o estudo
em questão, qual seja o IDH Ajustado à Desigualdade (IDHAD), o Índice de Desigualdade de
Gênero (IDG) e o Índice de Pobreza Multidimensional (IPM).
O IDH é uma medida média das conquistas de desenvolvimento humano básico em
um país. Como todas as médias, o IDH mascara a desigualdade na distribuição do
desenvolvimento humano entre a população no nível de país. O IDH 2010 introduziu o IDH
Ajustado à Desigualdade (IDHAD), que leva em consideração a desigualdade em todas as três
dimensões do IDH “descontando” o valor médio de cada dimensão de acordo com seu nível
de desigualdade.
Com a introdução do IDHAD, o IDH tradicional pode ser visto como um índice de
desenvolvimento humano “potencial” e o IDHAD como um índice do desenvolvimento
humano “real”. A “perda” no desenvolvimento humano potencial devido à desigualdade é
dada pela diferença entre o IDH e o IDHAD e pode ser expressa por um percentual.
O IDH do Brasil para 2011 foi de 0,718. No entanto, quando é descontada a
desigualdade do valor, o IDH cai para 0,519, uma perda de 27,7% devido à desigualdade na
distribuição dos índices de dimensão. O IDHAD, que vem complementar a leitura feita pelo
IDH, mostra que o cidadão brasileiro médio teria quase 30% de risco de não conseguir
alcançar o desenvolvimento humano potencial que o país tem para lhe oferecer em função dos
obstáculos que as desigualdades podem lhe impor.
Os programas governamentais para promoção social e enfrentamento da crise
financeiro, no que tange a redução da desigualdade e distribuição de renda, a curto prazo, tem
trazido avanços nos números apontados. Isso se dá, em especial, aos programas de
transferência de renda, como o “Bolsa Família”.

é medido por: i) média de anos de educação de adultos, que é o número médio de anos de educação recebidos durante a vida
por pessoas a partir de 25 anos; e ii) a expectativa de anos de escolaridade para crianças na idade de iniciar a vida escolar, que
é o número total de anos de escolaridade que uma criança na idade de iniciar a vida escolar pode esperar receber se os
padrões prevalecentes de taxas de matrículas específicas por idade permanecerem os mesmos durante a vida da criança; e o
padrão de vida é medido pela Renda Nacional Bruta (RNB) per capita expressa em PPP$ 2005 constante.
O Índice de Desigualdade de Gênero (IDG) reflete desigualdades com base no gênero
em três dimensões – saúde reprodutiva, autonomia e atividade econômica. A saúde
reprodutiva é medida pelas taxas de mortalidade materna e de fertilidade entre as
adolescentes; a autonomia é medida pela proporção de assentos parlamentares ocupados por
cada gênero e a obtenção de educação secundária ou superior por cada gênero; e a atividade
econômica é medida pela taxa de participação no mercado de trabalho para cada gênero.
O IDG substitui os anteriores Índice de Desenvolvimento relacionado ao Gênero e
Índice de Autonomia de Gênero. Ele mostra a perda no desenvolvimento humano devido à
desigualdade entre as conquistas femininas e masculinas nas três dimensões do IDG.
O Brasil teve um valor de IDG de 0,449 no ano de 2011. No Brasil, 9,6% dos assentos
parlamentares são ocupados por mulheres e 48,8% das mulheres adultas têm alcançado um
nível de educação secundário ou superior, em comparação com 46,3% de suas contrapartes
masculinas. Para cada 100.000 nascidos vivos, 58 mulheres morrem de causas relacionadas à
gravidez; e a taxa de fertilidade entre as adolescentes é de 75,6 nascimentos por 1000
nascidos vivos. A participação feminina no mercado de trabalho é de 60,1%, em comparação
com 81,9% para os homens.
O IDH 2010 introduziu o Índice de Pobreza Multidimensional (IPM), que identifica
privações múltiplas em educação, saúde e padrão de vida nos mesmos domicílios. As
dimensões de educação e saúde se baseiam em dois indicadores cada, enquanto a dimensão do
padrão de vida se baseia em seis indicadores. Todos os indicadores necessários para elaborar
o IPM para um domicílio são obtidos pela mesma pesquisa domiciliar.
Os indicadores são ponderados e os níveis de privação são computados para cada
domicílio na pesquisa. Um corte de 33,3%, que equivale a um terço dos indicadores
ponderados, é usado para distinguir entre os pobres e os não pobres. Se o nível de privação
domiciliar for 33,3% ou maior, esse domicílio (e todos nele) é multidimensionalmente pobre.
Os domicílios com um nível de privação maior que ou igual a 20%, mas menor que 33,3%,
são vulneráveis ou estão em risco de se tornarem multidimensionalmente pobres.
Os dados da pesquisa para a estimativa do IPM do Brasil se referem a 2006. No Brasil,
2,7% da população sofrem de múltiplas privações, enquanto outros 7,0% estão vulneráveis a
múltiplas privações. A amplitude da privação (intensidade) no Brasil, que é o percentual
médio de privação vivenciado pelas pessoas na pobreza multidimensional, é de 39,3%. O
IPM, que á a parcela da população multidimensionalmente pobre, ajustado pela intensidade
das privações, é de 0,011.
O IPM é um indicador complementar de acompanhamento do desenvolvimento
humano e tem como objetivo acompanhar a pobreza que vai além da pobreza de renda,
medida pelo percentual da população que vive abaixo de PPP US$1,25 por dia. Ela mostra
que a pobreza de renda relata apenas uma parte da história. No caso do Brasil, a contagem de
pobreza multidimensional é 1,1 ponto percentual menor que a pobreza de renda. Isso implica
que indivíduos que vivem abaixo da linha da pobreza de renda talvez tenham acesso a
recursos de não renda.
No que atina a escolaridade da população e dos trabalhadores, o cenário é
insatisfatório.
Segundo indicadores do IBGE – PNAD tem-se que, dentre os anos de 2009 e 2013,
91,1% das crianças com idade entre 6 e 14 anos frequentavam a escola no ensino
fundamental. Porém, a taxa de frequência entre os adolescentes com idade dentre 15 e 17
demonstra a ineficiência do sistema educacional e de promoção da educação no Brasil,
quando o índice caiu, no mesmo ano, para 50,9% dentre os jovens desta idade.
A baixa taxa de escolarização entre os adolescentes é reflexo do atraso escolar entre os
egressos do ensino fundamental, muitas vezes da baixa taxa de escolarização familiar e da
falta de políticas de captação e retenção de capital estudantil e acadêmico.
É importante destacar que esse contundente atraso escolar compromete o futuro
laboral dessas gerações, inibem a formação profissional qualificada, a capacidade de absorção
de novas tecnologias, o consumo consciente, a formação de uma economia sólida e
consequentemente o desenvolvimento sustentável.
Os indicadores demonstram ainda outros fatores de desigualdade. O educacional
decorrente de raça. A proporção de alfabetizados no período fora ligeiramente maior entre
brancos (94,1%) e negros (86,6%). Tal fator é agravado se avaliados a região de residência.
Os níveis de alfabetização refletem de modo contundente as desigualdades regionais no
Brasil, variando de 81,3% no nordeste, até 94,5% nas regiões sul e sudeste.
É importante, ainda, apontar a chamada “Taxa de Analfabetismo Funcional” da
população ativa. Referida taxa representa, no Brasil, segundo a UNESCO, considera os
indivíduos com 15 anos ou mais de idade que possuem menos de quatro anos completos de
estudo.
Segundo estes indicadores, no período em questão a taxa de analfabetismo funcional
fora de 20,3%, sendo 40,7% na zona Rural e 16,7% na zona urbana.
A análise histórica do capitalismo, aliada aos dados em questão nos permite aferir que,
ao longo de todo esse período a sociedade do capital no Brasil se preocupou com o
desenvolvimento e crescimento econômico, sem observar que tais fatores não se fazem
suficientes ao desenvolvimento da humanidade como um todo. É certo que o
desenvolvimento econômico influi diretamente no modo e na qualidade de vida do ser
humano, e este deve ser o objetivo final do desenvolvimento. Caso contrário, permanecerão
em evidência no país a distribuição desigual dos recursos básicos para a população, tais como
saúde, esgoto, habitação, renda, educação.

3. OS DESAFIOS DO NOVO CAPITALISMO – O PAPEL DO ESTADO NA


ALIANÇA DA MAIS VALIA E DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL

Desde sua criação, no ano de 1945 a ONU “está empenhada em promover o


crescimento e melhorar a qualidade de vida em conformidade com uma liberdade maior”,
buscando a cooperação internacional para a solução de problemas internacionais de ordem
econômica, social, cultural ou de caráter humanitário, promover e estimular o respeito aos
direitos humanos e às liberdades fundamentais de toda a população do globo, sem distinção
de raça, credo, sexo, idioma ou cor13.
A análise histórica do capitalismo nos permite aferir que, ao longo de todo esse
período a sociedade do capital se preocupou com o desenvolvimento e crescimento
econômico, sem observar que tais fatores não se fazem suficientes ao desenvolvimento da
humanidade como um todo. É certo que o desenvolvimento econômico influi diretamente no
modo e na qualidade de vida do ser humano, e este deve ser o objetivo final do
desenvolvimento.
É latente, no Brasil, a distribuição desigual dos recursos básicos para a população, tais
como saúde, esgoto, habitação, renda, educação.
Enquanto o país pautar seu desenvolvimento em medidas paliativas com resultados
apenas em curto prazo, sem um investimento maciço na educação, os benefícios do
desenvolvimento não beneficiarão a todos.

13
SOUZA-LIMA, José Edmilson de. OLIVEIRA, Gilson Batista de Oliveira. O Desenvolvimento Sustentável em
Foco. São Paulo: Anna Blume, 2006, p.17.
A distribuição dos frutos do crescimento econômico precisa ser regida pelos princípios
da necessidade e da justiça social e não apenas pelos desígnios das forças econômicas
dominantes e das relações de poder político e dos processos de decisão que, geralmente
favorecem algumas regiões e grupos em detrimento das regiões mais carentes e das camadas
marginalizadas da população14.
A inobservância pelo Estado de que o financiamento realizado pela sociedade volta-se
à concretização do desenvolvimento humano e à expansão das Liberdades15 traz o
esvaziamento do erário de modo a não permitir a concretização do desenvolvimento
necessário à garantir o mínimo existencial.
A sociedade brasileira construiu e reproduz até hoje uma classe de abandonados e
desclassificados sem qualquer chance de participação na competição social em qualquer
esfera da vida. Existe uma luta de classes intestina e inegável que permite que toda uma classe
que não consegue, pelo abandono social e político, incorporar conhecimento útil para
participar no mercado econômico competitivo, possa ser explorada como mão de obra barata.
Esse sentido parece ser construído, em primeiro lugar na reprodução da família
desestruturada, fruto da cegueira do debate científico e público dominante e do consequente
abandono político social da classe16.
É preciso que a sociedade e o Estado, em conjunto, se organizem para pensar e
implementar um novo cenário de desenvolvimento social. É preciso transformar os impulsos
do crescimento econômico em desenvolvimento, em favor da melhoria da qualidade de vida
de toda uma população, e não apenas de pequenos grupos sociais. A relação estabelecida entre
o dever de pagar tributos e a concretização dos direitos sociais tem se mostrado ineficiente,
eis que não alcança todas as camadas da sociedade de forma igualitária. Necessário, pois,
repensar o modo que se busca alcançar o desenvolvimento social, visando o acesso de todos à
ordem econômica, social, cultural, humanitária, e às liberdades fundamentais. Faz-se
necessário, o controle dos atos administrativos sobre políticas públicas de concretização de
direitos sociais.

14
Idem, p.29.
15
SEN, Amartya. Desenvolvimento como liberdade. Tradução L. Teixeira Motta. São Paulo: Cia das Letras,
2007, p.17.
16
SOUZA, Jessé. A ralé brasileira: Quem é e como vive. 1ª Ed. Belo Horizonte. Editora UFMG, 2011, p.
Como bem destaca Salomão Calixto, o desenvolvimento é, antes que um valor
econômico de crescimento, é um processo de autoconhecimento da sociedade que ela passa a
descobrir seus próprios valores aplicados ao campo econômico17. Sem educação, não há como
se falar, ou melhor, efetivar, o auto conhecimento, e portanto, não há como se falar em
estabilidade econômica, em pleno emprego, em acesso à saúde, ao saneamento. As crises do
desenvolvimento do capital, associadas à falta de educação sólida, continuarão resultando em
desemprego em massa, e, consequentemente, em menor acesso à saúde, saneamento, lazer,
qualidade de vida.
O segredo para o desenvolvimento, pois, é descobrir um método para eliminar
imperfeições estruturais (concentração de poder e conhecimento econômico) por meio da
difusão do conhecimento18. É necessário estimular o processo de formação do conhecimento
devendo o Estado regulamentar e fomentar a educação, e, a propriedade privada, contribuir
para o desenvolvimento. Cabe à sociedade, em cooperação com o Estado, criar meios de se
promover o desenvolvimento pela educação. Deve-se, pois, destacar, e ter em foco, princípios
constitucionais que permitam a difusão do conhecimento, quais sejam a redistribuição (CF/88,
Art. 170) e difusão da cooperação (CF/88, Art. 114). Eis a grande função do novo Estado.
Basear sua administração em valores, e não em objetivos econômicos.
Com melhorias na qualidade da educação, e o acesso da população a um conhecimento
mais sólido, poder-se-á garantir a diluição do poder econômico dos particulares, estando,
portanto, o fundamento jurídico da regulação na procedimentalização do acesso a educação e
do conhecimento, para com isso criar uma igualdade jurídica material entre todos os agentes
econômicos, e garantir a correção de seu procedimento de mercado19.

3.1.DO SERVIÇO PUBLICO EM PROL DO DESENVOLVIMENTO

17
CALIXTO, Salomão Filho. Regulação e desenvolvimento. In: SALOMÃO FILHO, Calixto (coord).
Regulação e Desenvolvimento. São Paulo: Malheiros, 2002, p.33
18
idem, p.38.
19
idem, p.46.
3.2.DOS MEIOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS – MUDANÇAS NECESSÁRIAS EM
PROL DO DESENVOLVIMENTO

Da leitura de Diogo de Figueiredo Moreira Neto20 , entendemos que a Administração


Pública deve mudar porque o Estado está se transformando, por sua vez, pressionado pelas
mudanças da sociedade. Trata-se de um fenômeno global, mas com intensidades e ritmos
diferentes, ditados pela inserção de cada país no fluxo da civilização ocidental. Sendo então,
de extrema necessidade conhecer as tendências em curso para a boa escolha de alternativas de
adaptação, a fim de encontrar respostas eficientes. “Neste último quartel do século, no quadro
da transformação das sociedades, delineia-se um polígono de mobilidades.”21 A mobilidade de
informação altera o tempo e a distância, facilitando a comunicação com pessoas de todos os
lugares do mundo, influenciando na mobilidade de produção, uma vez que acaba por
internacionalizar a economia, favorecendo a mobilidade financeira, mudando o fluxo de
capitais no mundo, originando o terceiro capitalismo e a moeda eletrônica,
internacionalizando assim o sistema monetário. Isso tudo reflete na mobilidade social, que
passa a diversificar as relações interpessoais na sociedade.
Afirma Moreira Neto22 que: “o Estado contemporâneo não está hoje limitado a editar
sempre normas gerais e abstratas e, por isso, hierarquizáveis, passando-se a admitir a
possibilidade de negociar o melhor modo de realizar concretamente o interesse público, o
que abre espaços para a edição de normas mais adequadas a essa realização, revestida da
legitimação também concreta, como hoje permitem os modernos instrumentos da publicidade,
da visibilidade e da participação. E é em razão dessa quebra do "absolutismo jurídico" da lei,
que eclode com força e viço a ideia de que na pluralidade do ordenamento jurídico é que se
apoia a vitalidade do direito e da democracia.
Segundo Eduardo Talamini23, o Poder Judiciário vem estudando a possibilidade dos
conflitos, em que há atuação da própria entidade estatal ou das entidades controladas pelo

20
, NETO, Diogo de Figueiredo Moreira. Mutações do Direito Administrativo. Administração
Pública Consensual. Rio de Janeiro: Renovar, 2000 p. 37.
21
NETO, Diogo de Figueiredo Moreira. Mutações do Direito Administrativo. Administração
Pública Consensual. Rio de Janeiro: Renovar, 2000 p. 38.
22
NETO, Diogo de Figueiredo Moreira. Mutações do Direito Administrativo. Administração
Pública Consensual. Rio de Janeiro: Renovar, 2000.
23
TALAMINI, Eduardo. Arbitragem e Poder Público. São Paulo: Saraiva, 2010 p. 58
Estado, porém com natureza jurídica de direito privado, serem resolvidos pela arbitragem. As
agências reguladoras também podem resolver os conflitos surgidos da sua atuação através da
via arbitral, desde que sejam observados e respeitados determinados limites e requisitos.
Já Daniel Ferreira24 ensina que sanção administrativa é uma maneira imediata e direta
de repreender uma conduta juridicamente proibida, comissiva ou permissiva, restringindo
direitos, e ainda, desestimulando tais condutas, alcançando outros sujeitos. Entretanto,
atualmente, a ordem jurídica brasileira permite inovar nesse sentido, e não mais apenas punir
ou desestimular, como também analisar o caso concreto e aplicar a medida mais cabível a ele,
sendo que nos casos em que não se faz necessário o poder coercitivo, é muito mais vantajoso
adotar a consensualidade do que a imperatividade, levando em conta inclusive, as funções
fundamentais do Estado.
Neste mesmo sentido, ensina Moreira Neto25 que a participação e a consensualidade
foram decisivas para a democracia contemporânea, uma vez que contribuíram para aprimorar
a governabilidade, propiciando mais freios contra o abuso, garantindo atenção a todos os
interesses, proporcionando a tomada de uma decisão mais sábia e fundamentada,
desenvolvendo a responsabilidade das pessoas, tornando os comandos estatais mais aceitáveis
e facilmente obedecidos.
Em sua outra obra26 o autor ensina ainda que os conflitos podem ser resolvidos através
de acordos nos recursos administrativos, podendo a Lei dispor sobre a substituição de um
recurso de apelação por outros procedimentos de impugnação, reclamação, conciliação,
mediação e arbitragem. Assim, podemos dizer que cabe à Lei prever, em cada caso, a
substituição do recurso administrativo por outras formas de resolver o conflito.
Por fim, pode-se concluir que os meios atuais de resolução de conflitos permitem que
haja uma maior participação dos cidadãos e uma maior efetivação do exercício da

24
FERREIRA, Daniel. Teoria Geral da Infração Administrativa a partir da Constituição Federal de
1988. Alternativas à Sanção Administrativa: novas tendências. Belo Horizonte: Fórum, 2009 p. 331.

25
NETO, Diogo de Figueiredo Moreira. Mutações do Direito Administrativo. Administração
Pública Consensual. Rio de Janeiro: Renovar, 2000 p. 40/41
26
NETO, Diogo de Figueiredo Moreira. Uma avaliação das tendências contemporâneas do direito
administrativo / Una evaluación de las tendências del derechos administrativo / Diogo de Figueiredo Moreira
Neto (coord.). Desarrollo Reciente de Los Instrumentos de La Adminstración Consensual em España. Rio de
Janeiro: Renovar, 2003 p. 379.
democracia, justificando ainda a utilização na área administrativa, tanto na prevenção quanto
na composição de conflitos, em prol do desenvolvimento social.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O homem sempre viveu em meio a constantes transformações decorrentes do


desenvolvimento e transformações econômicas, políticas, científicas e tecnológicas, as quais,
ao longo da história, tem impactado diretamente nas relações de trabalho.
Compreende-se, também, que a sobrevivência do homem depende da satisfação de
necessidades básicas, hoje constitucionalmente garantidas, mas não necessariamente
efetivadas, de alimentação, educação, vestimenta, saúde, habitação, cultura, lazer, dentre
outras. Para garantir tal satisfação, necessário, pois, numa sociedade capitalista, que o homem
tenha acesso ao trabalho e à recursos financeiros mínimos.
As crises demonstram a existência de um certo desequilíbrio entre a relação de
produção e consumo, acarretando em redução de operações comerciais, paralização de
produção, falências, desempregos, empobrecimento da classe trabalhadora, porém também
representam a restauração do capitalismo e dos meios de acumulação de capital em níveis
mais complexos, assegurando assim a continuidade do sistema. A crise não representa
necessariamente o fim do capitalismo, mas sim sua transformação.
De 3.000 A.C. a 2013 D.C., ocorreram mudanças significativas no meio ambiente do
trabalho, nos processos de produção, nas ações do Estado, e nas instituições privadas.
Mudanças positivas, e, mudanças negativas.
Os impactos negativos da crise capitalista são vistos de forma diferente pelos
trabalhadores, que tem sua submissão intensificada pelas condições do mercado de trabalho, o
enfraquecimento da classe trabalhadora, as reduções salariais, dentre outros, e pelos
capitalistas que tem seu poder ameaçado.
Da análise histórica do Capitalismo vê-se que a crise do capitalismo implica
diretamente na mudança das relações sociais, sendo necessário, então, a intervenção do
Estado a fim de garantir o equilíbrio social, em especial a manutenção e efetivação dos
direitos das classes hipossuficientes, em especial a trabalhadora.
Necessário, não apenas a intervenção do Estado, mas da sociedade como um todo, a
fim de proteger e educar o trabalhador, implementando políticas sociais e ideológicas para
assegurar a formação cultura, educacional e social do trabalhador brasileiro. Faz-se,
necessário uma reforma moral e intelectual.
Espera-se, que em um futuro próximo, Estado, Empresas e sociedade possam se unir
para cada vez mais transformar as garantias sociais e, de forma específica aquelas voltadas a
proteção e educação do trabalhador, em realidade concreta, em certeza de vida, ultrapassando
as fronteiras do texto impresso no papel e da realidade abstrata.
Do presente trabalho, conclui-se, em relação à busca da concretização constitucional, a
transformação necessária da maioria da população pátria para que a realidade de vida alcance
os objetivos da República. A implementação de políticas governamentais, parcerias entre os
setores público e privado e fixação de marcos regulatórios que visem a efetiva educação de
base para o trabalhador, e para sociedade brasileira como um todo, deixando de reproduzir
mão de obra barata, e passando, pois, a construir cabeças pensantes, que juntas desenvolverão
um país melhor e mais próspero.

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