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Universidade Estadual do Piauí

Possidônio Queiroz

Discente: Giuliana Valéria de Sousa


Docente: Harlon Homem de Lacerda Sousa
Disciplina: Teoria literária I

Ensaio acadêmico da obra “ A menina que roubava livros ”, de Markus Zasuk

Oeiras

23/04/2021
Felicidade Clandestina: A triste história de uma garota narrada pela morte.

 Introdução
Markus Zusak é um escritor italiano e tornou-se famoso com lançamento do livro "A
Menina que Roubava Livros" no ano de 2005. Segundo o site Wikipédia, Markus Zusak é
considerado um dos mais inovadores políticos romancistas, atualmente. Com o grande
sucesso da obra "A Menina que Roubava Livros" , Zusak ficou conhecido como um
fenômeno literário por críticos australianos e norte-americanos. Para a produção da obra,
Markus se inspirou nas histórias que sua mãe lhe contava sobre a Alemanha nazista e a
Segunda Guerra Mundial." Nós temos essas imagens das marchas em filas de garotas e dos
“Heils Hitlers” e essa ideia de que todos na Alemanha estavam nisso juntos. Mas ainda
haviam crianças rebeldes e pessoas que não seguiram as regras e pessoas que esconderam
judeus e outras pessoas em suas casas. Então, eis outro lado da Alemanha nazista". Disse
Zusak numa entrevista com o The Sydney Morning Herald. O livro tornou-se um best-seller.
A Menina que Roubava Livros é um romance que chama a atenção dos leitores, pois trata a
grande aflição e trama da Segunda Guerra Mundial como também a triste história de uma
garota que ficava feliz ao roubar livros e a realidade dos alemães. Porém, o que mais
impressiona o leitor é a questão de o livro ser totalmente narrado pela morte e o desconforto e
pena (mesmo sendo a morte) que sentia do ser humano.
A obra apresenta vários gêneros textuais distintos que possibilitou o entendimento dos leitores
acerca do livro e das cenas que aconteceram, entre eles estavam o gênero carta, charge,
gênero conto, entre outros.
O título do livro é perturbador, mas de forma positiva, "roubar" livros trouxe uma ideia de
esperança em relação à educação. Enquanto uns roubam por ganância, a garota roubava por
amor inocente, pelo grande apreço que ela tinha por livros. O autor tenta demonstrar ao leitor
que a vida, apesar de tudo, vale a pena. A narradora reflete as ações humanas no meio de uma
guerra e a relação das pessoas umas com as outras. Diante disso, esse estudo abordará os
bombardeios da Segunda Guerra Mundial e seus efeitos, a curiosa menina que roubava livros
e a exposição da Morte considerando os sentimentos que ela causa nas pessoas.

 Desenvolvimento:
 Os bombardeios da Segunda Guerra Mundial e seus efeitos.
Na obra, marca o acontecimento da Segunda Guerra Mundial (1939/1945) na época do
nazismo comandada por Adolf Hitler na Alemanha. Passa-se a história de Liesel Meminger,
seus pais adotivos, o melhor amigo, o Judeu e a mulher do prefeito relacionada ao contexto da
Segunda Guerra Mundial. Ao contrário do que a relatado nos livros de História, o autor
mostra as aflições, sofrimentos e dores suportadas pelos alemães nazistas com os judeus.
Apesar de terem alemães obcecados por Hitler, alguns alemães ajudaram e sentiram pena dos
judeus que eram torturados. Tem como exemplo Hans Hubermann e Rosa Hubermann, que
apesar de muito medo, esconderam um judeu no porão de sua casa. A violência
impossibilitava as pessoas de se sentirem livres. A situação fragilizava as pessoas.
A narradora por sua vez diz :
[...] Antes, houvera crianças pulando amarelinha ali,
na rua que lembrava páginas manchadas de gordura.
Quando cheguei, ainda era possível ouvir seu eco.
Os pés batendo no chão.
As vozes infantis rindo, e os sorrisos feito sal,
mas se estragando depressa. Depois, bombas. [...]

[...] O sangue escorreu até secar no chão e os


cadáveres ficaram presos ali, feito madeira boiando depois da enxurrada. [...]. [...]A
cidadezinha alemã fora rasgada com
violência, mais uma vez. [...]

(Zusak,2007. P.10)

Com isso, o autor reflete o desespero das pessoas mediante a Segunda Guerra Mundial.

 A curiosa menina que roubava livros


A primeira vez que Liesel Meminger teve contato com um livro roubado foi quando seu
irmão foi enterrado e por descuido o coveiro, dono deste livro, o deixa cair. Liesel, muito
observadora e calculista, logo rouba o livro sem que ninguém perceba. À vista disso os
acontecimentos gerados são voltados completamente para o cotidiano da garota e o quanto
esses livros iriam fazer diferença na sua vida. A questão que fez Liesel roubar o livro é
intrigante, pois Liesel não sabia ler. Porém, ela sentia que os livros lhe dariam respostas para
todas as tragédias que aconteceram na sua vida. Com isso, percebe-se a generosidade do seu
pai adotivo de ensiná-la a ler.
Naquela época, acontecendo a Segunda Guerra Mundial, os livros não eram valorizados. A
queima de livros no mandato de Hitler representou uma violência à educação, a Literatura e
aos Escritores. Essa agressividade cometida gerou uma repercussão enorme que como afirma
o poeta alemão Heinrich Heine “onde se queimam livros, acaba-se queimando pessoas”.
Perante o exposto, é nítido o desprestígio de Hitler com os livros e a tristeza que ficou
marcada, não somente em Liesel, mas em todos os corações amantes da Leitura. Tudo que era
contrário ao regime adotado pelos nazistas eram anulados. Os livros foram queimados com o
intuito de “preservar” a cultura germânica. Dessa forma cerca de 20.000 livros foram
queimados, entre eles livros de Albert Einstein e Karl Marx, de acordo com Wikipédia. A
relação que Liesel construiu com os livros roubados era interessante. Ela, de alguma forma,
roubava os livros e os liam com a intenção de amenizar a dor pela perda do irmão e a falta da
mãe. Atualmente, esse fato é bem comum, o fato das pessoas terem livros para esconderem ou
diminuírem em sua dor. É uma forma de alívio e paz consigo mesma. A leitura permite ao ser
humano uma viagem pelo mundo com diversas imaginações e ajuda a controlar a ansiedade,
os problemas pessoais e profissionais, inclusive o Padre António Vieira revela que o “livro é
um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia e um morto que vive”

 A exposição da Morte considerando os sentimentos que ela causa nas


pessoas.
Este tópico abordará a relação da morte com os seres humanos dentro e fora do romance.
O comportamento dos seres humanos e a relação da morte com esse fato é contraditório. Com
isso na época da Segunda Guerra Mundial, os seres humanos se conformam com a
aproximação da morte, literalmente. A narradora "morte" sente- se indignada com as ações
do ser humano e com a maldade com o próximo.
Temáticas como a morte nas obras não deixam a desejar. Na obra do escritor Machado de
Assis “ Memórias Póstumas de Brás Cubas” há um envolvimento com o narrador e a morte.
Entretanto, nesta obra o narrador, de certa forma, está vivo e vai narrar a trajetória de
personagens na Segunda Guerra. A morte evidencia o verdadeiro propósito dela: "matar".
No trecho da obra, ela relata:

“Primeiro, as cores. Depois, os humanos.


Em geral, é assim que vejo as coisas.

Ou, pelo menos, é o que tento.

Eis um pequeno fato: Você vai morrer.”

(ZUSAK,2007. p.3)

A narradora se faz presente em todas as cenas, inclusive demonstra grande interesse pela
menina que roubava livros pelo fato da menina ter escapada dela três vezes em ocasiões
diferentes. A Morte indaga que o seu trabalho não é fácil como os seres humanos
pressupõem. É um trabalho que nunca há férias, mas que os culpados são os próprios seres
humanos, pois ela pode ser tudo menos “injusta” (Zusak, 2007 p. 9). A maneira que a Morte
narra a morte das pessoas que Liesel mais ama, traz uma sensação de tristeza e muita dor que
por consequência emociona a todos os leitores que leem a obra. A despedida de Liesel com o
pai adotivo, a mãe e o melhor amigo é comovente. No momento da despedida do pai, a
narradora dá um ênfase à cena.

[...]Nesse ponto, não pude evitar. Andei em volta dela, para


vê-la melhor, e, desde o instante em que revi seu rosto,
eu soube que aquele era o que ela mais amava.[...] (ZUSAK,2007. p.477)

A morte gera um medo inevitável nas pessoas, mas, não pelo fato de morrer, mas , sim o
medo que as pessoas têm de deixarem as pessoas indefesas no mundo, assim como o pai de
Liesel tinha um enorme medo de deixá-la no mundo sozinha, tanto que seu último
pensamento foi na menina Liesel.
É impossível finalizar esse desenvolvimento sem falar de Max Vandenburg, o Judeu que os
pais de Liesel esconderam na sua casa. Sabe-se que os judeus eram matados por Hitler. Tanto
os Judeus quanto os comunistas ou qualquer outro que não adotassem os regimes nazistas.
Max e Liesel criaram uma relação de amizade muito bonita. Max tinha certeza que iria
morrer, mas por motivos divinos, isso não ocorreu. Isso simboliza a justiça divina e a
confirmação que Deus jamais deixa seus filhos desamparados. No fim de tanta dor, angústia e
sem esperança de dias melhores, Max e Liesel se encontram. Assim diz a narradora:
[...]Por fim, em outubro de 1945, um homem de olhos alagadiços, plumas de cabelo e
rosto escanhoado entrou na loja. Aproximou-se do balcão.

— Há alguém aqui com o nome de Liesel Meminger?


— Sim, ela está lá nos fundos — disse Alex. Ficou esperançoso, mas queria ter
certeza. — Posso perguntar quem a está procurando?

Liesel saiu.
Os dois se abraçaram e choraram e desabaram no chão. [...]. (ZUSAK,2007. p.482)
Por conseguinte, a morte encerra sua narração com uma simples e assustadora frase:
“Os seres humanos me assombram.”

 Conclusão
Conclui-se, portanto que o autor da obra A Menina que Roubava Livros impõe a
importância da necessidade de Abolição das Guerras pois causam impactos irreversíveis e
incuráveis na vida do ser humano e que a realidade dos alemães não nazistas era de grande
precariedade. Torna-se explícito uma quebra de estereótipos considerando que nem todos os
alemães concordavam com as atitudes de Hitler e outros concordavam por amor à vida.
Porém, durante a trama, a obra apresenta a coragem do personagem Hans Hubermann em
esconder um judeu na sua própria casa, ou seja, a bondade e empatia pelo judeu superaram o
medo. Ademais, a protagonista da história demonstra que livros podem mudar a vida do ser
humano e que simples palavras têm um significado de esperança, uma imensidão de
sentimentos.
Além disso, apesar das dificuldades e tragédias, o autor consta que é possível ser feliz. Ser
feliz com as simples coisas e com os breves momentos que passam com os que amam.
Evidencia que deve fazer o certo sem pensar nas consequências e afirma que o ser humano é a
maior doença que há no mundo como diz na música Canção infantil do grupo Pineapple “O
ser humano é o câncer do Planeta”. A Morte, por sua vez, elegida como narradora por
Markus Zusak, na realidade humana carrega consigo uma imagem de maldade, escuridão,
porém na obra, ela mostra o quanto o ser humano é desgastante e egoísta. A narradora
transmite pensamentos sábios em relação à vida, enquanto os seres humanos tentam correr
contra o tempo e mudar o mundo. A Morte relata cada lado do ser humano e que ela também
se impressiona com as atitudes das pessoas. Portanto, a ideia que a morte repassa é que, na
maioria das vezes, é mais sábia e altruísta que os seres humanos e que não deve ser julgada
como a vilã e sim os seres humanos em relação às suas ações.

Referências Bibliográficas
ZUSAK, Markus, 1975 – A menina que roubava livros; tradução de Vera Ribeiro – Rio de
Janeiro: intrínseca, 2007.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Markus_Zusak
ZUSAK, Markus. A menina que roubava livros. Entrevista concedida a The Sydney Morning
Herald. Sidney. Austrália.
HEINE, Heinrich. Onde se queimam livros, acaba- se queimando pessoas.
VIEIRA, António. O livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia e
um morto que vive”.
MC, César. Canção infantil. Youtube; Junho;2019, 27.
A menina que roubava livros: influência da segunda guerra mundial no comportamento
feminino.Disponível em: https://revista.uniandrade.br › article › download

Uma análise filosófica da morte na obra “a menina que roubava livros” de Markus
Zusak.Disponível em:
https://editorarealize.com.br/editora/anais/join/2017/TRABALHO_EV081_MD1_SA148_ID1
21_07092017002830.pdf#zoom=92

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