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Materiais de Construção – Araujo, Rodrigues & Freitas 108

7.
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Produtos Cerâmicos

1. Introdução

Dá-se o nome de cerâmica à pedra artificial obtida por meio da moldagem, secagem e
cozedura de argila ou mistura contendo argila.

O emprego de produtos cerâmicos obtidos por processos artificiais é anterior à era


cristã. A própria Bíblia registra o uso de tijolos de adobe na construção da Torre de Babel. Os
povos antigos produziam artefatos domésticos por processos de cozimento da argila. A
necessidade de construir usando pedras artificiais surgiu em lugares onde escasseava a pedra e
eram abundantes os materiais argilosos.

A grande diversidade de argilas encontradas na superfície da Terra permite que se


obtenham produtos cerâmicos com as mais diversas características tecnológicas,
compreendendo o seguinte:

a) desde produtos rústicos, como tijolos e telhas, até produtos de fino acabamento, como os de
porcelana;

b) desde produtos permeáveis, como velas de filtros, até produtos impermeáveis, como as
louças sanitárias e de grés cerâmico;

c) desde produtos frágeis ao fogo até elementos refratários e resistentes a altas temperaturas;

d) desde produtos usados como isoladores elétricos até os supercondutores, uma das maiores
inovações tecnológicas deste final de século.

Assim, o material utilizado por nossos ancestrais, nos primórdios da civilização,


encontra ainda hoje aplicações, que vão além da construção civil, nas indústrias
automobilística, eletroeletrônica, espacial e biomédica.

2. Composição da Argila
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A indústria cerâmica requer, para o seu funcionamento, quantidades suficientes de


solo apropriado, água e combustível.

O solo de natureza argilosa apresenta características de plasticidade, isto é, ao ser


misturado à água adquire a forma desejada, a qual se mantém após secagem e cozimento. Os
constituintes do solo podem ser classificados de acordo com o tamanho de suas partículas,
conforme apresenta a Tabela 16.

TABELA 16 - Classificação do solo segundo a granulometria

Fração Dimensões (mm)


Grossa 2 - 0,6
Areia Média 0,6 - 0,2
Fina 0,2 - 0,06
Grosso 0,06 - 0,02
Silte Médio 0,02 - 0,006
Fino 0,006 - 0,002
Argila --- menor que 0,002

Na prática, o solo para fabricação da cerâmica deve conter uma fração de argila,
juntamente com silte e areia, de modo a conformar as desejáveis características de
plasticidade, bem como de não trincamento e retração, de vitrificação, etc.

Geologicamente, as argilas são solos residuais ou sedimentares que se formam em


conseqüência da ação do intemperismo físico e/ou químico sobre rochas cristalinas e
sedimentares. Dada a grande quantidade de rochas que podem originar as argilas, assim como
os processos de sua formação e seu grau de pureza, dispõe-se de materiais argilosos dotados
de diferentes características, tais como:

• cerâmica branca (caulim residual e sedimentar);


• cerâmica refratária (caulim sedimentar e argila refratária);
• cerâmica vermelha (argila de baixa plasticidade, contendo fundentes);
• cerâmica de louça (argila plástica, com fundentes e vitrificantes).

Quimicamente, dá-se o nome de argila ao conjunto de minerais compostos,


principalmente de silicatos de alumínio hidratado (2SiO2 . Al2O3 . 2H2O), denominado caulim
ou caulinita. O caulim origina-se, principalmente, da decomposição dos feldspatos pela ação
do anidrido carbônico.

Assim:

K2O . Al2O3 . 6SiO2 + 2H2O + CO2→2SiO2 . Al2O3 . 2H2O (caulim) + 4SiO2 + K2CO3.
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A análise química das argilas revela a existência de sílica (SiO2), alumina (Al2O3),
óxido férrico (Fe2O3), cal (CaO), magnésia (MgO), álcalis (Na2O e K2O), anidrido carbônico
(CO2) e anidrido sulfúrico (SO3).

A sílica compõe, em geral, 40 a 80% do total da matéria-prima; a alumina aparece


com 10 a 40%; o óxido férrico está presente em quantidades inferiores a 7%; a cal tem teores
geralmente abaixo de 10%; a magnésia, abaixo de 1%, e os álcalis apresentam teores da
ordem de 10%.

O óxido férrico não só é importante fator de coloração do produto cozido, como age
como fundente, baixando o ponto de fusão da argila. A sílica não combinada ajuda a diminuir
a retração durante a queima; associada a fundentes, forma o vitrificado interior da cerâmica.

3. Cozimento da Argila

As argilas possuem água de absorção ou de plasticidade, aderente à superfície das


partículas, e água de constituição, que compõem a rede cristalina do mineral. Algumas argilas
possuem água zeolítica, com suas moléculas intercaladas nos vazios da rede cristalina.

O calor fornecido pelo forno durante o processo de cozimento elimina todo tipo de
água presente nas argilas. A água de absorção é eliminada a temperaturas entre 100 e 110 0C;
a zeolítica, entre 300 e 400 0C. Esse fenômeno é reversível, já que a estrutura cristalina ainda
não foi quebrada e o material pode novamente hidratar-se. A água de constituição é eliminada
a temperaturas entre 400 e 700 0C, dependendo do tipo de argila (caulinítica,
montmorilonítica ou micácea), destruindo a estrutura cristalina do material.

Entre 900 e 1000 0C, a estrutura cristalina transforma-se em massa amorfa, quando
então a sílica e a alumina se recombinam e cristalizam, formando novos minerais.

A formação de vidro no interior da cerâmica, pela fusão da sílica livre (1200 0C) com
posterior solidificação, também contribui para a estabilidade estrutural das cerâmicas,
principalmente as de alta vitrificação.

4. Produtos Cerâmicos para Construção

A indústria fabrica e coloca no mercado da construção uma gama enorme de produtos


cerâmicos, os quais podem ser classificados de acordo com o seguinte esquema:

• materiais cerâmicos comuns


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materiais de louça
• materiais cerâmicos de alta vitrificação 
materiais de grés cerâmico

• materiais de cerâmica refratária

4.1. Materiais Cerâmicos Comuns

São os materiais de argila propriamente ditos ou cerâmica vermelha. São assim


denominados porque seu principal componente é a argila, a qual geralmente contém óxido de
ferro, elemento responsável pela coloração avermelhada que é a característica principal desse
tipo de cerâmica. Dentre os materiais de argila destacam-se os porosos (tijolos, telhas,
tijoleiras, etc.) e os vidrados ou gresificados (tijolos e telhas especiais, ladrilhos, etc.). O
vidrado refere-se ao corpo do material e não apenas à sua superfície.

Os materiais de argila mais comuns são:

4. 1. 1. Tijolos e Blocos

São materiais que servem para dividir compartimentos ou vedá-los. Quando


sobrepostos e rejuntados formam o que se chama de alvenaria ou, vulgarmente, paredes. Os
blocos também podem desempenhar função estrutural, formando alvenarias portantes. Assim,
existem no mercado blocos para uso de vedação e para uso portante.

No recebimento dos tijolos na obra é preciso atentar para as seguintes particularidades:

- as partidas com grande quantidade de quebra indicam material fraco, não devendo
ser aceitas;

- as cores desmaiadas ou os miolos escuros indicam material cru;

- as cores muito carregadas indicam excesso de vitrificação.

Os tijolos e blocos variam conforme a forma e a dimensão. Podem ser classificados


em:

• Tijolo maciço: Apresentado na Figura 39, tem a forma de paralelepípedo. São


especificados pela NBR-7170 e padronizados pela NBR-8041, com dimensões que variam
segundo a Tabela 17.

TABELA 17 - Classificação e dimensões do tijolo maciço.


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Tipo Dimensões (mm)


1 190 x 90 x 57
2 190 x 90 x 90

FIGURA 39 - Tijolo maciço.

Seu principal emprego é feito em alvenaria externa e fundação.

Um tijolo maciço deve apresentar como principais características de qualidade:

- regularidade de forma e dimensão;

- arestas vivas e cantos resistentes;

- cozimento uniforme (produz som metálico quando percutido com martelo);

- resistência à compressão dentro dos limites da NBR-7170/83;

- massa específica aparente de 1,80 kg/dm3;

- absorção de água em torno de 15%.

A NBR-7170/83 estabelece que, de acordo com a resistência, os tijolos maciços


podem ser de categoria A, B ou C. A resistência à compressão é determinada pelo ensaio
descrito na NBR-6460. Seus valores mínimos são apresentados na Tabela 18.

TABELA 18 - Resistência dos tijolos maciços à compressão.

Tipo Resistência à compressão (MPa)


A 1,5
B 2,5
C 4,0
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• Bloco furado: Apresentado na Figura 40, tem a forma prismática. Tanto suas medidas
como o número e a forma dos furos variam. Os furos podem ser prismáticos, com base
quadrada, ou cilíndricos.

(a) (b)

(c)

FIGURA 40 - Blocos furados para vedação 10x20x20 (a), 10x20x30 (b) e blocos furados
portantes da família 20x20x40 (c).

Os blocos furados são especificados pela NBR-7171 e padronizados pela NBR-8042.


Suas dimensões são apresentadas na Tabela 19.

A resistência à compressão é determinada por ensaios, devendo apresentar os valores


mínimos indicados na Tabela 20, conforme os blocos sejam de vedação ou portantes.

As principais vantagens dos tijolos furados sobre os tijolos maciços são estas:
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- menor peso por unidade de volume;

- aspecto mais uniforme, arestas e cantos mais fortes;

- menor propagação da umidade;

- melhor isolante térmico e acústico.

TABELA 19 - Classificação e dimensões dos blocos furados

Tipo Dimensões nominais (mm)


(L x H x C, cm) Largura (L) Altura (H) Comprimento (C)
10x20x10 90 190 90
10x20x20 90 190 190
10x20x30 90 190 290
10x20x40 90 190 390
15x20x10 140 190 90
15x20x20 140 190 190
15x20x30 140 190 290
15x20x40 140 190 390
20x20x10 190 190 90
20x20x20 190 190 190
20x20x30 190 190 290
20x20x40 190 190 390

TABELA 20 - Resistência dos blocos furados à compressão.

Tipo Resistência à compressão


na área bruta (MPa)
De vedação A 1,5
B 2,5
C 4,0
Portante D 7,0
E 10,0

• Bloco especial furado: Apresentado na Figura 41, possui diferentes dimensões e formas. É
utilizado na confecção de lajes mistas (pré-moldadas).
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(a) (b)

(a)

(b)

FIGURA 41 - Bloco especial furado. Laje pré-moldada (a) e nervurada (b).


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4.1.2. Telhas

São os materiais cerâmicos usados na confecção de coberturas. Na fabricação das


telhas são usados o mesmo processo e a mesma matéria-prima dos tijolos comuns. A
diferença está na argila, que deve ser fina e homogênea, não só por ser a telha um material
mais impermeável, dada a sua condição de uso, mas também para não provocar grandes
deformações na peça durante o cozimento.

As telhas devem apresentar bom acabamento, com superfície pouco rugosa, sem
deformações e defeitos (fissuras, esfoliações, quebras e rebarbas) que dificultem o
acoplamento entre elas e prejudiquem a estanqueidade do telhado. Tampouco devem possuir
manchas (por exemplo, de bolor), eflorescência (superfície esbranquiçada com sais) ou
nódulos de cal. Na avaliação da efetividade da queima e da eventual presença de fissuras, as
telhas devem emitir som metálico, semelhante ao de um sino, quando suspensas por uma
extremidade e devidamente percutidas, conforme se vê na Figura 42.

FIGURA 42 - Percussão da telha cerâmica.

Além das características mencionadas, o conjunto de normas técnicas brasileiras


estabelece para as telhas cerâmicas as seguintes condições específicas:

• impermeabilidade - as telhas cerâmicas submetidas a uma coluna de água com 25 cm de


altura, durante 24 horas consecutivas, não devem apresentar vazamentos ou formação de
gotas na face oposta à da ação da água;

• absorção de água - o nível deve ser inferior a 20%;

• resistência à flexão - a carga de ruptura à flexão das telhas cerâmicas de encaixe deve ser
igual ou superior a 70 kgf, elevando-se para 100 kgf nas telhas de capa e canal;

• tolerâncias dimensionais - dimensões ≥ 50 mm ⇒ tolerância ± 2%


dimensões < 50 mm ⇒ tolerância ± 1 mm
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espessura ⇒ tolerância ± 2 mm

empenamento - em relação ao plano de apoio, as telhas não devem apresentar empenamento


superior a 5 mm.

São dois basicamente, os tipos de telhas existentes, com uma variedade bastante
grande de formas. Das telhas de encaixe encontradas no comércio, as mais comuns são a
telha francesa, a romana e a termoplan. Das telhas de capa e canal, as mais comuns são a
telha colonial, a paulista e a plan.

As telhas cerâmicas de encaixe apresentam em suas bordas saliências e reentrâncias


que permitem o encaixe (acoplamento) entre as mesmas, quando da execução do telhado.

A telha tipo FRANCESA, fabricada por prensagem, é uma telha de encaixe, conforme
a Figura 43 (a) ilustra. Além dos encaixes laterais, possui um ressalto na face inferior, para
apoio na ripa, e outro, denominado orelha de aramar, que serve para sua eventual fixação na
ripa. A telha ROMANA também é uma telha de encaixe, fabricada por prensagem. Possui
uma capa e um canal interligados, conforme ilustrado na Figura 43 (b). A telha
TERMOPLAN, apresentada na Figura 43 (c), é o tipo de telha de encaixe mais recentemente
lançado no mercado. É fabricada por processo de extrusão, que permite uma camada interna
de ar, e projetada com o intuito de otimizar o desempenho térmico da telha.

(a)

(b) (c)

FIGURA 43 - Telha cerâmica tipo francesa (a), romana (b) e termoplan (c).
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As principais características geométricas das telhas cerâmicas de encaixe,


normalizadas ou em processo de normalização, são indicadas na Tabela 21.

TABELA 21 - Característica das telhas cerâmicas de encaixe.

Tipo de Dimensões Nominais (mm) Massa Galga*


Telha Comprimento Largura Espessura Média (g) (mm)
Francesa 400 240 14 2600 340
Romana 415 216 10 2600 360
Termoplan 450 214 26** 3200 380
* Galga é o espaçamento entre eixos de duas ripas consecutivas.
** Medida a meia largura da telha, considerando-se a parede dupla da telha e a camada
interna de ar.

As telhas cerâmicas de capa e canal são telhas com formato de meia-cana fabricadas
pelo processo de prensagem e caracterizadas por peças côncavas (canais), que se apoiam
sobre as ripas, e por peças convexas (capas), que apoiam sobre os canais. Os canais
apresentam um ressalto na face inferior, para apoio nas ripas, e as capas geralmente possuem
reentrâncias a fim de permitir o perfeito acoplamento com os canais. Tanto as capas como os
canais apresentam detalhes que visam a impedir o deslizamento das capas em relação aos
canais.

A telha tipo COLONIAL é a primeira versão da telha tipo capa e canal fabricada no
país e oriunda das telhas cerâmicas que os portugueses trouxeram para o Brasil Colônia. Esta
telha, apresentada na Figura 44 (a), caracteriza-se por possuir um único tipo de peça,
destinada tanto para os canais como para as capas. A partir do desenho da telha colonial,
diversas outras formas surgiram. Firmaram-se no mercado as telhas paulista e a plan. A telha
PAULISTA apresenta a capa com largura ligeiramente inferior à largura do canal, conforme
representado na Figura 44 (b), o que confere ao telhado um movimento plástico bastante
diferente do que se tem no telhado construído com telhas coloniais. A telha PLAN apresenta
formas acentuadamente retas, conforme indicado na Figura 44 (c), o que confere ao telhado
uma aparência totalmente distinta da que é dada pelas telhas curvas.

(a) (b) (c)


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FIGURA 44 - Telha cerâmica tipo colonial (a), paulista (b) e plan (c).
A normalização estabelecida para as telhas de capa e canal é apresentada na Tabela 22.

TABELA 22 - Característica das telhas cerâmicas de capa e canal.

Tipo Dimensões Nominais (mm) Massa Galga


De Comp. Largura Altura Espessura Média (g) (mm)
Telha > < > <
Colonial 460 180 140 75 55 13 2250 400
Paulista Capa 460 160 120 70 70 13 2000 400
Canal 180 140 70 55 2150
Plan Capa 460 160 120 60 60 13 2290 400
Canal 180 140 45 45 2280

A Tabela 23 ilustra alguns padrões comparativos entre os diferentes tipos de telhas


abordados.

TABELA 23 - Padrões comparativos entre as diferentes telhas.

Peso por m2 de
Número de cobertura (kg) Inclinação do telhado (%)
Tipo de telha telhas por m2
(unidade) telha telha Mínima Máxima
seca saturada
Francesa 15 45 54 32 40
Romana 16 48 58 30 45
Termoplan 15 54 65 30 45
Colonial 24 65 78 20 25
Paulista 26 69 83 20 25
Plan 26 72 86 20 30

4.1.3. Tijoleiras

São tijolos de pequena espessura, em torno de 2 cm, empregados em pavimentação,


revestimento de pisos e crista de muros. As tijoleiras são fabricadas em diversos tamanhos e
formas. As mais comuns no mercado são retangulares. Existem ainda as que se destinam a
arremates, tais como degrau, peitoril e pingadeira.
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4.1.4. Tijolos e Telhas Especiais

São materiais de melhor qualidade usados quando se tem em vista a boa aparência,
sobretudo nos casos em que não se pretende fazer revestimento posterior. Apresentam
uniformidade de tamanho e cor e maior resistência à abrasão. São materiais moldados por
meio de prensagem e dotados de certo grau de vitrificação.

4.1.5. Ladrilhos

São materiais cerâmicos prensados a seco e cozidos a 1300 0C, com certo grau de
vitrificação e espessura em torno de 5 a 7 mm. São empregados no revestimento de pisos e
paredes, sendo encontrados no mercado nos mais variados formatos, destacando-se o
quadrado, o retangular e o sextavado.

4.2. Materiais Cerâmicos de Alta Vitrificação

Os materiais cerâmicos de alta vitrificação podem ser divididos em materiais de louça


e materiais de grés cerâmico.

4.2.1. Materiais de Louça

Os materiais de louça caracterizam-se por sua matéria-prima quase isenta de óxido de


ferro, ou seja, as “argilas brancas” (caulim quase puro), com granulometria fina e uniforme e
com alto grau de compacidade e vitrificação da superfície, cujo resultado é um material que
tem como característica principal a impermeabilização (absorção de água em torno de 2%).

Os principais materiais de louça são os azulejos, os aparelhos sanitários e as pastilhas.

• Azulejos - São placas de louça de pouca espessura, vidradas numa das faces. Podem levar
corantes e possuir padrão liso ou decorado. A face posterior e as arestas são porosas, a fim
de garantir melhor aderência das placas ao paramento. O azulejo comum mede, em geral,
15 cm x 15 cm. São usados para revestimento e requerem, neste caso, 45 unidades para
cobrir 1 m2 de parede.

• Louça sanitária - Os aparelhos sanitários (lavatórios, vasos, bidês) são feitos por
moldagem. Seu vidrado é obtido pela pintura da peça com esmalte de bórax com feldspato.
Existe louça branca e colorida (a cor é obtida pelo uso de pigmentos), bem como vários
elementos decorativos, tais como saboneteiras, papeleiras, etc.

• Pastilhas - As pastilhas são fabricadas pelo mesmo processo dos azulejos e têm,
normalmente, forma quadrada ou sextavada. Quando quadradas, as pastilhas medem 2,5
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cm x 2,5 cm. São usadas para fins de revestimento; para facilitar sua colocação, vêm
coladas em folha de papel, que depois é retirada por lavagem.

4.2.2. Material de Grés Cerâmico

Os materiais de grés cerâmico são fabricados com argila bastante fusível, ou seja, com
muita mica ou com 15% de óxido de ferro, e passam por um processo de alta vitrificação. A
vitrificação dos materiais de argila é feita por dois processos: o primeiro consiste na sua
imersão, após a primeira cozedura, em um banho de água com areia silicosa fina e zarcão. No
recozimento essa mistura vitrifica-se. O segundo processo, mais comum, consiste em lançar
ao forno, a grande temperatura, cloreto de sódio. Este se volatiliza, formando uma película
vidrada de silicato de sódio.

Dentre os materiais de grés cerâmico destacam-se as manilhas.

• Manilhas - São tubos cerâmicos de seção circular destinados à condução de águas


residuais (esgotos sanitários, despejos industriais e canalizações de águas pluviais). São
produtos vidrados interna e externamente, ou apenas internamente, na superfície que está
em contato com o líquido. A Norma Brasileira fixa o comprimento e as características de
qualidade das manilhas, bem como o seu diâmetro nominal, que varia de 75 mm, 100 mm,
150 mm, 200 mm, 250 mm, 300 mm, 375 mm, 450 mm, 525 mm, 550 mm a 600 mm. As
manilhas devem apresentar uma resistência mínima à compressão diametral, que varia em
função do diâmetro, entre 1400 e 3500 kgf/m. Devem, ainda, suportar uma pressão
instantânea de 2 kgf/cm2. O limite de absorção deve ficar em torno de 10%.

4.3. Materiais de Cerâmica Refratários

São materiais que possuem ponto de fusão elevado e, consequentemente, não se


deformam quando expostos a altas temperaturas. São feitos com argila refratária, que é uma
argila mais pura, rica em silicatos de alumínio e pobre em óxido de cálcio (material
expansivo) e óxido de ferro (fundente).

Os materiais refratários mais comuns são os tijolos maciços de 50 mm x 100 mm x


200 mm, próprios para a execução de fornos, lareiras, chaminés, etc. É importante ressaltar
que o assentamento dos tijolos deve ser feito com argamassa também refratária, obtida com a
mesma argila do tijolo.

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