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TRELIÇAS DE MADEIRA PARA

COBERTURAS: NOTAS DE AULA


SUMÁRIO
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1. INTRODUÇÃO
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2. · . TIPOS DE MADEIRAS · MAIS UTILIZADAS - NO PROJETO DE


ESTRUTURAS DE MADEIRA E SUAS CARACTERÍSTICAS DE
RESISTÊNCIA E ELASTICIDADE.

3. TIPOS DE TELHAS . MAIS UTILIZADAS PARA COBERTURAS DE


ESTRUTURAS . DE MADEIRA E SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

4. AÇÕES PERMANENTES E ACIDENTAIS DETERMINAÇÃO DOS


ESFORÇOS

5. DIMENSIONAMENTO DAS TERÇAS

6. DETERMINAÇÃO DA FLECHA NA ESTRUTURA

7. LIGAÇÕES EM ESTRUTURAS DE MADEIRA

8. CONTRAVENTAMENTO EM TRELIÇAS DE MADEIRA C


I~\ V))
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t ~ \rJ \ \
9. DESENHO DAS ESTRUTURAS DE MADEtRA ~

10. DETERIORAÇÃO BIOLÓGICA DA MADEIRA


1. INTRODUÇÃO

A escolha da estrutura treliçada para a construção em madeira é provavelmente


a mais comum do que com qualquer outro material estrutural. Possivelmente isto
é devido a longa tradição no uso da madeira para este elemento de estrutura, ou
possivelmente por causa da relativa facilidade com que formas usuais treliçadas
podem ser fabricadas e montadas em madeira. Muitos dos perfis considerados
como tradicionais são ainda especificados por razões arquitetônicas, e o
engenheiro precisa estar familiar com as formas modernas e tradicionais do
projeto de treliças.

A função estrutural da treliça é receber e transferir as cargas dos pontos de


aplicação (usualmente terças) para os pontos de apoio de modo eficiente e
economico. Esta eficiência depende da escolha de um perfil adequado coerente
com as necessidades arquitetônicas e compatível com as condições de carga.
Perfis típicos idealizados para três condições de carga são mostrados na Figura 1 .

t
0.5(,\j
w
* w
t
0.5W

~ ~
tw tw
w

f
Q5w w
=iQ5w

~
0.5W

w w w

Figura 1
0.5W 0.5W

2
Com um sistema simétrico de carregamento (particularmente importante no
segundo caso da Figura 1 , que é um pórtico de quatro pinos e portanto instável)
em cada caso idealizado, a transferência do carregamento é realizado sem barras
internas, devido o perfil do banzo coincider com o momento fletor na condição
de simplesmente apoiado ou a curva de pressão das cargas aplicadas.
Infelizmente não é possível usar este perfil omitindo as barras internas, devido
as condições desbalanceadas de carga que aparecem das ações_ de vento ou
das ações permanentes. Condições desbalanceadas podem tambem ocorrer
devido as condições de construção e montagem, entretanto, o engenheiro pode
tentar usar o perfil da treliça próxima do perfil ideal (diagrama de momento),
adicionando um sistema de barras capaz de estabilizar as cargas
desbalanceadas. Desta maneira a cargas nas barra internas e as conexões são
minimizadas, com um projeto simples e econômico.

Certamente o engenheiro vai encontrar casos nos quais o perfil arquitetônico


necessário é conflitante com o perfil preferido estrutural, e portanto altas
tensões podem aparecer nas barras internas e nas conexões. A economia pode
então ser alcançada pela adoção do mais adequado sistema estrutural das
barras internas nas quais é necessário criar um balanço econômico entre
material e mão de obra. A configurõção das barras internas deve fornecer
comprimentos entre os nós das barras na treliça e banzos de tal modo a reduzir
o número de nós. Por outro lado, a relação do índice de esbeltez dos banzos
comprimidos e das diagonais internas não podem ser excessivos, a flexão local
nos banzos não pode ser muito grande e o ângulo entre diagonais e os banzos
não pode ser muito pequeno.

O engenheiro é usualmente influenciado por considerações arquitetônicas, o tipo


e comprimento das telhas, condições de apoio, vão e economia, e
provavelmente escolhe um · dos três tipos básicos de treliça: banzo inclinado
(uma ou duas águas), banzos paralelos ou treliças bowstring , Figura 2a, 2b e
2c.

uma água

duas águas

Figura 2a
~ IlporoL
....~-"JJ' . \li \li \V '\J>-__... 6 10 bowstring 2b

L____ _ _-+

1~ poro 1~
+- L -----+ belfast 2c

Banzas Paralelos

A forma mais comum para uso doméstico e industrial é a treliça de banzo


inclinado. A forma acompanha o diagrama de momento razoavelmente bem e é
compatível com materiais tradicionais de cobertura, como as telhas para uso
doméstico e chapas corrugadas para aplicações industriais. Parte da carga
aplicada é transferida diretamente através das barras dos banzas para os nós de
apoio, enquanto as barras internas transferem cargas de valores relativamente
pequenos para médio, e os nós podem usualmente ser projetados para resistir a
estas cargas com pouca dificuldade . Treliças de uma água são geralmente
adequadas para vãos de até aproximadamente 9 m. Acima deste vão a altura
vertical é usualmente muito grande por razões arquitetônicas, mesmo se a
inclinação da treliça é reduzida abaixo da inclinação necessária da telha, e
portanto necessá rio o uso de manta betuminoz_a . Treliças domésticas de duas
águas são para vãos de até 1 2 m, e treliças industriais para até 1 5 m, acima
desse vão torna-se difícil o transporte .

Para grandes vãos e uso industrial, as treliças bowstring ,figura 2b, pode ser
muito econômica. Isto pode ser considerado como uma alternativa para a
tradicional treliça toda pregada belfast, figura 2c. Com carga uniforme e
nenhuma grande carga concentrada o perfil do banzo superior resiste toda a
carga ap licada e vãos de até 30 m não são incomuns. Um perfil parabólico é a
escolha mais eficiente teoricamente para suportar cargas uniformes, mas
considerações práticas de montagens usualmente tornam-a mais conveniente ou
necessária pela adoção de um perfil circular para o banzo superior. O banzo
superior é usualmente laminado (não necessariamente com quatro ou mais
J
barras), usando ou grampos de pressão ou pregos de pressão para a montagem.
A curvatura pode ser introduzida enquanto laminando ou alternativamente o
banzo pode ser fabricado reto e então curvado para a requerida curvatura. O
projetista precisa tomar o cuidado com o método de fabricação, ou ele será

4
incapaz de dar as corretas tensões de curvaturas. As menores tensões radiais
ocorrem se a curvatura é introduzida durante a laminação.
I
Com treliças de banzos inclinados, os momentos secundários no banzo superior
devem ser evitados quando possível pela colocação de terças sobre os nós,
onde com treliças bowstring, as terças devem ser colocadas entre os nós
deliberadamente, para criar um momento secundário para zerar o momento
• causado pelo produto da carga axial tangencial e a excentricidade do banzo.

2. TIPOS DE MADEIRAS MAIS UTILIZADAS NO PROJETO DE ESTRUTURAS DE


MADEIRA E SUAS CARACTERÍSTICAS DE RESISTÊNCIA E ELASTICIDADE.

A madeira é um produto da natureza que apresenta algumas propriedades que a


fizeram desde os primórdios da humanidade até os dias de hoje ocupar um
lugar de destaque no desenvolvimento da urbanização. Resistência mecânica
elevada em relação à massa própria, facilidade de usinagem, matéria prima
renovável, baixo insumo energético e estética agradável apresentando ampla
gama de cores e texturas capazes de satisfazer os gostos mais variados, são
algumas de suas principais propriedades.

Ao lado destas características favoráveis, a madeira devido à natureza orgânica


dos seus constituintes poliméricos pode ter sua durabilidade comprometida por
uma série de agentes biológicos, físicos e ou químicos.

Faz parte do conhecimento popular que diferentes espécies de madeira podem


apresentar durabilidades bastante distintas. A classificação da durabilidade e a
utilização da madeira baseada em experiência empírica e na sua característica
para determinadas aplicações é uma prática que se confunde com a própria
história da utilização deste material pelo homem e que, ainda hoje, é muito
adotada.

Várias pesquisas tem mostrado que diversas madeiras com alta resistência
natural devem esta característica à presença em seu cerne de substâncias,
muitas vezes de natureza fenólica, que apresentam propriedades fungicidas e
inseticidas. Em algumas espécies, apenas um composto químico é o responsável
pela resistência, enquanto que em outras, vários compostos atuam de modo
sinérgico, conferindo à madeira sua resistência natural. Diante disto, fica claro
que para se obter uma estimativa fidedigna da vida útil de uma dada espécie de
madeira, in natura, é necessário conhecer o seu desempenho em condições
reais de uso. Este conhecimento pode ser obtido através da experiência prática
obtida ou a partir do uso da madeira ao longo do tempo, ou a coleta sistemática
de informações a partir de testes em serviço.

Evidentemente, quando se introduz no mercado uma nova madeira, estas


informações não são ainda disponíveis. Os testes de servico apesar de
' ./

5
fornecerem a palavra final sobre a qualidade de uma espécie de madeira,
demandam um tempo muito grande.

Atualmente o setor madeireiro, de uma forma geral, está atravessando um


período extremamente dinâmico, onde as pressões para mudanças atingem
intensidades jamais observadas e portanto a demora na obtenção de respostas é

incompatível com o dinamismo do mercado. O esgotamento das reservas
naturais de várias essências de uso tradicional aliado ao aumento na demanda
de madeira a nível mundial vem tornando imperiosa a utilização de espécies de
origem tropical ainda pouco conhecidas quanto à sua utilização tecnológica.

A Tabela 1, apresenta as principais características de resistência e elasticidade


de espécies atualmente utilizadas no mercado e suas respectivas procedências;
a Tabela 2 as bitolas usuais encontradas no mercado (por região) com a
finalidade de fornecer os subsídios para o dimensionamento de estruturas de
madeira com estas espécies.

Espécies g fc Ec fm Em fs ft,90
g/cm 3 (Kg/cm 2 ) (Kg/cm 2 ) (Kg/cm 2 ) (Kg/cm 2 ) (Kg/cm 2 ) (Kg/cm 2 )
Angelin Pedra 0.69 344 126000 626 102100 64.0 42.0
Angelin Vermelho 1.09 665 * 1017 143500 * 87
Aroeira-do-Sertão 1.19 696 109200 1351 149000 188 120
Canafístula 0.84 421 125900 852 101000 148 69
Cedrinho 0.75 330 92900 660 79000 * 71
Cumaru 1.09 605 196870 1262 189130 145 76
Cupiúba 0.87 518 174800 986 139600 124 69
Eucalipto Citriodora 0.99 611 206'700 1301 168600. 161 108
Goiabão 0.94 390 161350 860 158340 "11 o 74
lpê 0.96 690 199000 1540 165000 145 100
ltaúba 0.95 619 167100 1216 145900 123 84
)
Jacareúba 0.64 320 110200 691 81800 84 44
Jatobá 0.96 683 180400 1342 151300 178 134
Maçaranduba 1.03 596 195300 1293 150700 141 75
Peroba Rosa 0.79 424 119700 899 94300 121 83
Pinus 0.46 173 74300 417 54800 58 30
Tabela 1 - Características de resistência e elasticidade

• I

6
BIT o LAGEM
.\laddra! .\n~etlm Angetlm Arodra-do Canafhtul.a Cedrtnbo f'cdrorana Cumaru cuplúba Eucallpto Gola Mo lpê lt.aúba JacarrUba JatobA Louro ~taç:aranduba Pau-Bru.O Peroba Rou Plnus
Rt'21ao Pedra \'ermdho Ser tA o Otrlodora Gamcla

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5 Ox 10.0 50 X 10.0 _:: 5 X 10.0
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::.5 X90 3.0 X 30 0 1.5 X 20.0
3.0,'11( 15 o 5.0 X lO O "1.0 X 15.0 60 )( 1::!..0 ~ 5 X 30.0

1 íJ X '2Q 0 J.Q X 20 Ú ó0xl2.0 3.0 X 20.0 5.0 X 10.0


S 0 X 10 0 S.O x 10.0
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15.0 X 15 0 15.0 X 15.0
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SK ]"x4S" I" X 4,5'' I" x4.5" I" x4.5" I" X4.5" I" x4.5" I" x4.5" t ~X 4.5" I~ X4.5"
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=-!"x 3" )"X 3" )"X 3" )"X 3" 3" X J" 3"x 3" J" X J" 3" X 3" 3" X)"

3.0 X 50 3.0 X 5.0 1.5 X5.0 5.0 X 6.0 1.5 X7.5


) 0 X -10 5.0 X4 0 2.5 X5.0 6 0 X6.0 5.0 x6.0 5.0 X4.0 l.Ox 4.0 5.0 X6.0
50x60 50 X6.0 5.0 X6 0 6.0x 12.0 6.0 X 10.0 5.0 X6.0 5.0 X6.0 6.0 X 12.0
co 6 O x I:! O 6.0 X 1:!.0 6.0 X 12.0 6.0 X 16.0 6 0 X 12.0 6.0 X 12.0 6.0 X 12.0 6.0 X 16.0
6.0 X 16.0 6.0 X 16.0 6.0 X 16.0 7.0 X 7.0 6.0 X 16.0 6.0 X 16.0 6.0 X 16.0
; 0 X 20.0 7.0x 20.0 7.5 X 7.5 c.S X7.5 7.0x 10.0 7.0 X20.0 7.0 X 20.0
8.0 X 8 Ú 8.0 X 8.0 8.0 X8.0 8.0 X8.0 8.0 X8.0
8.0 X 12.0

Tobalo 2
3. TIPOS DE TElHAS MAIS UTiliZADAS PARA COBERTURAS DE ESTRUTURAS
DE MADEIRA E SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS.

3.1 TElHAS CERÂMICAS

A telha cerâmica é um dos componentes da construção civil de uso mais


tradicional no Brasil. Algumas características dos telhados de telhas cerâmicas
são: o conforto térmico que proporcionam no interior da edificação, as
alternativas que possibilitam ao desenho arquitetônico da cobertura, o bom
desempenho ao longo do tempo, a possibilidade de telhados curvos ("corda
bamba") e adaptabilidade a diversos tipos de edificação: habitações, escolas,
comércio etc.

Algumas telhas ceram1cas já se encontram normalizadas, facilitando


sobremaneira diversas etapas no projeto e execução de coberturas, tais como o
conhecimento prévio da distância entre ripas (galga), do peso próprio do
telhado, do número de telhas por m 2 , entre outros.

O telhado deve ser projetado para empregar telhas com dimensões


padronizadas, com a menor incidência possível de cortes. As telhas utilizadas
não devem apresentar defeitos sistemáticos, como: fendas na superfície que
ficar exposta às intempéries, esfoliações, quebras e rebarbas. Devem ainda
atender às condições exigidas nas especificações NBR-9601 (3) (telhas de capa
e canal) e NBR-7172 (4) (telhas de encaixe) e ter som assemelhado ao de um
sino, quando suspensas por uma extremidade e devidamente percutidas (a fim
de assegurar que o produto está bem queimado). O levantamento da quantidade
de telhas necessárias é feito tomando-se por base a área definida pelas águas
do telhado; recomenda-se ainda adquirir uma quantidade 5% superior à
calculada como margem de segurança.

A seguir, é feita uma breve exposição dos tipos de telhas mais comuns:

al Telhas Cerâmicas de encaixe

As telhas cerâmicas de encaixe apresentam em suas bordas saliências e


reentrâncias que permitem o encaixe (ajuste) entre elas, quando da execução do
telhado (ver Figura 3 ) .
TIPO FRANCESA

TELHA CERÀMICA TIPO ROMANA

TELHA CERÃMICA TIPO TERMOPLAN

Figura 3- Telhas de Cerâmica de Encaixe

As principais características das telhas cerâmicas de encaixe, normalizadas


(francesa) ou em processo de normalização (romana e termoplan), encontram-se
indicadas na Tabela 3.

Tipo de Dimensões Nominais(mm) Massa Galga


Telha Compriment largura Espessura Média (g} (mm)
o
Francesa 400 240 14 2600 340
Romana 415 216 10 2600 360
Termoplan 450 214 26* 3200 380
1"1 Tomada a meus-largura da telha. consuderando-se a parede dupla da telha e a camada de ar
Tabela 3 - Características das Telhas Cerâmicas de encaixe.

b) Telhas cerâmicas Capa e Canal

São telhas com formato de meia-cana, caracterizadas por peças côncavas


(canais) que se apóiam sobre as ripas e por peças convexas (capas) que por sua
vez se apóiam sobre os canais. Os canais apresentam um ressalto na face
inferior para o apoio nas ripas, sendo que as capas possuem reentrâncias com a
finalidade de permitir o perfeito acoplamento com os canais. Dentre a família de
telhas tipo capa de canal, as telhas tipo plan, paulista e colonial ( Figura 4 ),
encontram-se já normalizadas,com as seguintes características principais,
indicadas pelo Tabela 4 .

9
TELHA CERÃMICA TIPO COLONIAL- VISTA INFERIOR E VISTA SUPERIOR

CAPA

TELHA CERÃMICA TIPO PLAIII - VISTAS INFERIOR


TEUIA CERÃMICA TIPO PAULISTA -VISTAS INFERIOR E SUPERIOR
E SUPERIOR DA_ CAPA E DO CANAL
DA CAII\l E DO CANAL

Figura 4

Tipo de Telha Compriment · largura (mm) Altura (mm) espessu massa galga
o(mm) ra(mm) média (mm)
{g)
Colonial 460 180 140 75 55 13 2250 400
Paulista capa 460 160 120 70 70 13 2000 400
canal 180 140 70 70 2150
Plan capa 460 160 120 60 60 13 2290 400
canal 180 140 45 45 2280
Tabela 4

Peças Complementares (telhas de cumeeira, espigão, etc.)

As peças complementares devem ser de preferência de material ceram1co, não


apresentando defeitos sistemáticos como fendas na superfície que ficar exposta
às intempéries, rebarbas, quebras e esfoliações. Devem ser esboçadas sobre as
telhas cerâmicas com argamassa de acordo com as especificações, de tal forma
que seja garantida a estanqueidade do telhado e a segurança contra a ação do
vento.

10
Sobrecarga proveniente do Telhado

A sobrecarga proveniente do telhado deve ser computada com base no peso


próprio das telhas e de eventuais peças complementares, podendo-se admitir o
seu valor à partir das indicações apresentadas na Tabela 5 à seguir:

2
Tipo Número Peso Próprio do Telhado (N/m )
de Telha de telhas
2
por m
Telhas Secas Telhas Saturadas
Francesa 15 450 540
Romana 16 480 580
Termoplan 15 540 650
Colonial 24 650 780
Paulista 26 690 830
Plan 26 720 860
Tabela 5

Declividade e comprimento máximo das águas

A fim de se garantir a à água dos telhados e a indesiocabilidade das telhas, os


telhados devem ser executados com as declividades e comprimentos
apresentados na Tabela 6.

As declividades podem superar os valores indicados desde que as telhas sejam


fixas à estrutura de apoio do telhado com arames, através de furos existentes
em pontos apropriados. Nas telhas de capa e canal, adicionalmente à amarração
dos canais, deve-se proceder ao emboçamento de algumas capas.

Tabela 6- Declividades e Comprimentos das Águas para Telhados de Telhas Cerâmicas


Tipo de Telha Ângulo de Recobrimento Comprimento
Inclinação (i) longitudinal Máximo da água
Declividade (d} mínimo (mm}* (m)
Francesa 18° ~ i~ 22°
32% ~ d ~ 40% -
Romana e 1 r~ i~ 25°
Termoplan 30 ~ d ~ 45% -
Colonial e Paulista 11°~i~14° 529a.{tif**
20 ~ d ~ 25% 60 I
Plan 11 o ~ i ~ 17° 60
20 ~ d ~ 30%
-
( •) Os recobnmentos laterais das telhas e os long1tudma1s das telhas de enca1xe sao fornec1dos pelos desenhos das
mesmas.
( .. )Os valores de I- (Intensidade Pluviométrica em mm/h) são aqueles estabelecidos na NB-611 (11).

11
3.2 CHAPAS ONDULADAS DE CIMENTO AMIANTO

As chapas onduladas são fabricados com cimento "Portlandn e amianto em


fibras. Essas duas matérias primas são minerais inorgânicos e, de sua
associação por meio de processos e maquinaria especial, surge o Cimento-
Amianto, que reúne, em um único material, as características próprias de seus
componentes.

Dados Técnicos sobre Cimento-Amianto


a) Peso específico: compreendido entre 1,5 e 1 ,8 g/cm 3

b} Absorção d'água: a máxima permitida pela P-EB-93 é 28% em relação ao


peso do material seco.

Para coberturas e paredes, nestas condições de saturação, teremos:

-para chapas onduladas de 6mm de espessura: 18 Kg/m 2

- para chapas onduladas de 8mm de espessura: 24 Kg/m 2

c) Dilatação por absorção:


-máxima: 2,8mm/m entre os estados seco em estufa e saturado.

- média: 1,0mm/m entre os estados "seco ao ar livre" e "molhado por chuva


prolongada" . O fenômeno é completamente reversível.
d) Módulo de ·elasticidade: 200.000 a 300.000 Kg/cm 2
\
\

e} Resistência a flexão: carga de ruptura mínima para as chapas onduladas,


obtida no ensaio MB-234R da ABNT (chapa apoiada com 1 m de vão livre, com
carga linear ao centro do vão):

- 6mm: 500 Kg/m linear de largura


- 8mm: 650 Kg/m linear de largura

f) Condutibilidade térmica: coeficiente (À} em quilocalorias por metro, por metro


quadrado, por hora, por grau centígrado.

A 20" C À = 0,35 Kcal/m.m 2 .h. o C

Sua cor clara, refletindo o calor e a luz, aumenta o poder isolante.

g) Dilatação térmica: a = 0,00001 /' C

Este valor é aproximadamente igual ao do concreto.

h) Resistência ao calor:

- com choques térmicos até 400 C o

12
- em estado seco com aquecimento lento, até 300" C , em regime contínuo

- repetidos aquecimentos até 11 O" C e resfriamentos bruscos, por imersão em


água fria, não produzem alterações na consistência ou no aspecto material.

Especificações das Chapas

As chapas onduladas de cimento-amianto são fabricadas na cor natural deste


produto, podendo, entretanto, serem pintadas. Obedecem às características e
dimensões indicadas na Tabela 7.

- - · - - -----=8-

Características

Dimensão Referência Valor Nominal


0,91 m
1,22 m
1,53 m
1,83 m
comprimento da chapa L 2,13 m
2,44 m
3,05 m
largura da chapa B 0,92 m
1,10 m
espessura da chapa e 6-8 mm
altura das ondas a 51 mm
largura das ondas b 177 mm
Peso e = 6mm 13,3
Kg/m 2
Peso e = 8mm 1 7, 7
Kg/m 2
. -
Tabela 7 - D1mensoes das Chapas
PROJETO E EXECUÇÃO DAS COBERTURAS NORMAIS

Normas para projetos e execução de coberturas

Apresentamos a seguir as condições gerais que devem ser observadas no


projeto e execução de coberturas com chapas onduladas. Essas condições, de
acordo com as normas estabelecidas pela ABNT sob o no NB-94, visam ao
emprego racional e econômico do material, garantindo segurança, perfeita
impermeabilidade e aspecto estético.

Definições

Cobertura é o revestimento de telhados com inclinação inferior a 75 o em


relação à horizontaL

Fiada é a sequência de chapas no sentido de sua largura.

Faixa é a sequência de chapas no sentido de seu comprimento. A Figura 5


indica uma fiada e uma faixa.

,-
)>
-o=
)>

Figura 5 - Fiada e Faixa

Superfícies a cobrir

As chapas onduladas são aplicadas em superfícies planas ou cilíndricas. Nas


superfícies cilíndricas o ângulo A entre duas chapas consecutivas numa mesma
faixa deve ser inferior a 6' , conforme Figura 6. No arremate da cumeeira, a
inclinação da chapa deve ser, no mínimo, de 1 O' . Se o ângulo A for superior a
6' ou a cobertura exposta a condições desfavoráveis de ventos, devem ser

14
tomadas providências espec1a1s de vedação nos recobrimentos das chapas.
Tanto nas superfícies planas como nas cilíndricas com geratrizes horizontais, a
direção das geratrizes das ondas deverá ser a do maior declive do plano da
chapa.

Figura 6

Inclinação

A inclinação de telhado, em relação à horizontal deve ser normalmente superior


a 1 O' . Para- inclinações inferiores a 1 O' cuidados especiais se fazem
necessários.

A Figura 7 nos mostra a correspondência entre graus e porcentagem para


diversas inclinações de cobertura.

INCLINAÇÃO
GRAUS PORCENTAGEM

Figura 7

15
Recobrimentos

Recobrimento longitudinal é o remonte das chapas no sentido de seu


comprimento, ou seja, no sentido da inclinação do telhado (Figura 8a) e deve
ser no mínimo de:

140 mm para inclinação de 1 5o ou mais


200 mm para inclinação de 10° a 15°

As Figuras Sb e Se mostram a posição das têrças, chapas e recobrimentos.

Recobrimento lateral é o remonte das chapas no sentido de sua largura,


conforme figura abaixo. Este recobrimento é de 50 mm aproximadamente, para
inclinações superiores a 1 oo • Para coberturas sujeitas a condições
desfavoráveis, o recobrimento lateral poderá ser, excepicionalmente, de 230 mm
-vide Figura 9.

! -n
l-ARGURA DA CHAPA •:

l-ARGURA UTII. I RECOSRIYENTO


í
1 l-ATERAL
I
I
I

- - - - }- - - ~ECOBRIMENTO
h ~ T LONGITUDINAL

I
I
I
I
I
I
I
I
I
h '-
h lf-- ....,
Sb.

ESPAÇAMENTO DAS TERÇAS


COMPRIMENTO DA CHAPA --·--
BEIRAL RECOBRihiEN!Q.
LÕNGITUDINAl-

Se.

Figuras Sa, Sb e Se


Figura 9

Beirais

Os comprimentos em balanço das chapas são:

beiras sem calha: máximo 400 mm- mínimo 250 mm

beiras com calha: máximo 250 mm - mínimo 1 00 mm

As medidas acima são consideradas a partir dos pontos de fixação das chapas.
Tratando-se de composição arquitetônica, o comprimento mínimo em balanço
dos beiras sem calha pode ser reduzido para 100 mm, devendo, neste caso, os
elementos estruturais serem devidamente protegidos. O balanço das chapas no
sentido da largura das mesmas não deverá ser superior a 1 00 mm, a partir dos
pontos de fixação. A Figura 1 O ilustra os casos.

230

Dim.cm

Figura 1 O - Beirais

17
Espaçamento das Terças

O espaçamento máximo das têrças entre eixos é de 1,69 m para as chapas de 6


mm de espessura e de 1,99 m para as chapas de 8 mm de espessura. Eventuais
têrças intermediárias devem estar no mesmo plano das adjacentes. De
preferência, as chapas de menor comprimento devem ser colocadas a partir da
cumeeira.

Apoio das Chapas

O apoio das chapas sobre as têrças é de, no mínimo, 40 mm no sentido de seu


comprimento, conforme Figura 11 a; no caso das têrças não acompanharem a
inclinação do telhado, devem ser colocados calços contínuos, conforme Figura
11b.

Figuras 11 a e 11 b

Determinação das Fiadas e Faixas

Para determinação das fiadas de uma faixa, a largura da água de um telhado é


calculada de acordo com a Tabela 8 e o esbôço, onde b = a.N.

INCliNAÇÃO N
ângulo %
10° 17,6 1,02
15° 26,8 1,04
20° 36,4 1,06
25° 46,6 111 o o
30° 57,7 1116
35° 70,0 1,22
Tabela 8

As faixas devem ser construídas do maior número possível de fiadas de chapas


de 1,83 m, complementadas por mais uma fiada de chapa de outro
comprimento, conforme Tabelas 9 e 1 O.

1R
NÚMERO DE CHAPAS POR FAIXA

Recobrimento: 140mm
b Comprimento da Chapa - m
m 0,91 1,22 1,53 1,83 2,13 2,44
2,60 1 - - - - -
2,91 - 1 - 1 - -
3,22 - - 1 1 - -
3,52 - - - 2 - -
3,82 - - - 1 1 -
4,13 - - - 1 - 1
4,29 1 - - 2 - -
4,60 - 1 - 2 - -
4,91 - - 1 2 - -
5,21 - - - 3 - -
5,51 - - - 2 1 -
5,82 - - - 2 - 1
5,98 1 - - 3 - -
6,29 - 1 - 3 - -
6,60 - - 1 3 - -
6,90 - - - 4 - -
7,20 - - - 3 1 -
7,51 - - - 3 - 1
7,67 1 - - 4 - -
7,98 - 1 - 4 - -
8,29 - - 1 4 - -
8,59 - - - 5 - -
8,89 - - - 4 1 -
9,20 - - - 4 - 1
9,36 1 - - 5 - -
9,67 - 1 - 5 - -
9,98 - - 1 5 - -
10,28 - - - 6 - -
10,58 - - - 5 1 -
10,89 - - - 5 - 1
11,05 1 - - 6 - -
11,36 - 1 - 6 - -
11,67 - - 1 6 - -
11,97 - - - 7 - -
12,27 - - - 6 1 -
12,58 - - - 6 - 1
Tabela 9

19
NÚMERO DE CHAPAS POR FAIXA
Recobrimento: 200 mm
b Comprimento da chapa - m
m 0,91 1,22 1,53 1,83 2,13 2,44
2,54 1 - 1 - -
2,85 - 1 - 1 - -
3,16 - - 1 1 - -
3,46 - - - 2 - -
3,76 - - - 1 1 -
4,07 - - - 1 - 1
4,17 1 - - 2 - -
4,48 - 1 - 2 - -
4,77 - - 1 2 - -
5,09 - - - 3 - -
5,39 - - - 2 1 -
5,70 - - - 2 - 1
5,80 1 - - 3 - -
6,11 - 1 - 3 - -
6,42 - - 1 3 - -
6,72 - - - 4 - -
7,02 - - - 3 1 -
7,33 - - - 3 - 1
7,43 1 - - 4 - -
7,74 - 1 - 4 - -
8,05 - - 1 4 - -
8,35 - - - 5 - -
8,65 - - - 4 1 -
8,96 - - - 4 - 1
9,06 1 - - 5 - -
9,37 - 1 - 5 - -
9,68 - - 1 5 - -
9,98 - - - 6 - -
10,28 - - - 5 1 -
10,59 - - - 5 - 1
10,69 1 - - 6 - -
11,00 - 1 - 6 - -
11 ,31 - - 1 6 - -
11 ,61 - - - 7 - -
11,91 - - - 6 1 -
12,22 - - - 6 - 1
Tabela 10

20
Condições de fixação das chapas

A cava e a crista da onda são contadas no sentido da montagem das chapas,


conforme Figura 1 2.

Chapas de 0,92m
de Largura

Chapas de 1,10 m
de Largura

Figura 12

FIXAÇÃO
condições B=0,92m B= 1,1 Om
CHAPAS
construções fechadas até - 2 ganchos chatos nas - 2 ganchos nas cavas da
20m ou abertas até 6m de cavas da 1 a. e 4a. ondas 1 a. e Sa. ondas ou
altura ou - 1 parafuso na crista da
- 1 parafuso na crista da 2a. onda ou
2a. onda ou - 1 gancho c/ rôsca na
- 1 gancho c/ rôsca na crista da 2a. onda
crista da 2a. onda
construções abertas de 6 - 2 parafusos na crista da - 2 parafusos nas cristas
a 20m de altura 2a. e Sa. ondas ou da 2a. e 6a. ondas ou
- 2 ganchos c/ rôsca nas - 2 ganchos c/ rôsca nas
cristas da 2a. e Sa. ondas cristas da 2a. e 6a. ondas
ou ou
- 1 gancho chato na cava - 1 gancho chato na cava
da 4a. onda e um da Sa. onda e 1 parafuso
parafuso na crista da 2a. na crista da 2a. onda ou
onda, ou ainda - 1 gancho chato na cava
- 1 gancho chato na cava da Sa. onda e 1 gancho c/
da 4a. onda e um gancho rôsca na crista da 2a.
c/ rôsca na crista da 2a. onda
onda
CUMEEIRA
em todos os casos - 1 parafuso em cada aba, - 1 parafuso em cada aba,
nas cristas da 2a. e Sa. nas cristas da 2a. e 6a.
ondas ou ondas ou
- 1 gancho c/ rôsca em - 1 gancho c/ rôsca em
cada aba, nas cristas da cada aba, nas cristas da
2a. e Sa. ondas. 2a. e 6a. ondas.
BEIRAl
- 2 parafusos nas cristas - 2 parafusos nas cristas
da 2a. e Sa. ondas ou da 2a. e 6a. ondas ou
- 2 ganchos c/ rôsca nas - 2 ganchos c/ rôsca nas
cristas da 2a. e Sa. ondas cristas da 2a. e 6a. ondas.

21
Observações: para telhados com platibanda, aplicam-se as condições
especificadas para as construções fechadas até 20m ou abertas até 6m de
altura: 2 ganchos chatos por chapa ou 1 parafuso por chapa ou 1 gancho com
rôsca por chapa. Em telhados de forte inclinaçõa, deve ser usado 1 parafuso ou
1 gancho com rôsca na crista da 2a.onda, e 1 gancho chato na cava da 4a. ou
5a. onda.

Importante: os parafusos e ganchos com rôsca não devem ser excessivamente


apertados, a fim de permitirem a dilatação normal das chapas e peças de
concordância.

Nota: construção abertá é toda aquela que tenha ou possa ter, em um dos
lados, aberturas que ocupem pelo menos a têrça parte da respectiva área
(conforme norma NB-5 da ABNT).

Peças de concordância

Essas peças, especilamente estudadas para o arremate eficiente dos telhados


executados com Chapas Onduladas de Cimento-Amianto Brasilit, são fabricadas
nos seguintes tipos:

Cumeeira universal

Para serem utilizadas em telhados com inclinações de 1 O"a 30". A sua fixação é
feita por meio de um parafuso ou um gancho com rôsca em cada aba, na crista
de 2a. e 5a. e 2a. e 6a. ondas, respectivamente, para cumeeiras de 0,92 e
1,1 Om de comprimento, conforme Figuras 13a e 13b e indicações da Tabelas
11 a e 11 b. Usar parafusos de 1 50mm em telhados cuja inclinação varie de 1 O" a
20" ; nos acima de 20" usar parafusos de 11 Omm.

Figura 13a

Dimensão Referência Valor Nominal


comprimento total L 0,92 m
1,10 m
largura da aba A 280 mm
espessura e 6mm
peso L=0,92m 8,0 Kg
L= 1,10m 9,5 Kg
Tabela 11a

22
Figura 13b

Inclinação do telhado Terças 6 x 1 2 em Terças 6 x 16 em


X X
mm mm.
10' 130 120
de 11' a 15 o 115 100
de 16 ' a 20' 100 85
de21 'a25' 90 70
de 26' a 30' 85 60
Tabela 11 b

Cumeeira normal

Fabricada nos ângulos a = 5o , 1 Oo , 1 5,' 20 o , 25 o e 30 o • Para ser utilizada


em telhados com as inclinações acima. A sua fixação é feita por meio de um
parafuso ou um gancho com rôsca em dada aba, na cirsta da 2a. e 5a. e 2a. e
6a. ondas, respectivamente, para cumeeiras de 0,92 e 1,1 Om de comprimento,
conforme Figura 14e indicações nas Tabelas 12a e 12b.

Figura 14

21
dimensão referência valor nominal
comprimento total L 0,92 m
1,10 m
largura da aba A 280 mm

espessura e 6mm
peso L=0,92 m 8,1 Kg
L= 1,10m 9,6 Kg
Tabela 12a

Inclinação do Terça Terça


Telhado 6 x 12 em 6 x 16 em
X X
mm mm
1 oo 170 160
15° 160 150
20° 145 130
25" 135 115
30° 120 100
Tabela 12b

4- AÇÕES PERMANENTES E ACIDENTAIS- DETERMINAÇÃO DOS ESFORÇOS

Ações Permanentes

Para a determinação das ações permanentes, inicialmente deve-se adotar as


seções das barras das terças, banzos, diagonais e montantes. Esta adoção deve
ser baseado pelas dimensões das peças comercias disponíveis no mercado, ou
seja peças de 6 x 1 2 em ou 6 x 16 em, no vão livre da treliça e do tipo de telha
utilizada na cobertura ( cerâmica, amianto, alumínio, etc ... ).

As terças são as primeiras peças a serem dimensionadas, pois seu comprimento


é função do tipo de telha a ser utilizada. Elas devem ser verificadas no
dimensionamento em relação à tensão de flexão, cisalhamento na flexão e
flecha. Normalmente a flecha é o fator limitante em verificações de peças
fletidas de madeira.

A prática em projetos de treliças de madeira ensina que para os casos usuais, de


até 14 metros de vão livre, telha de cimento amianto, pode ser adotado peças
únicas nos banzos (superior e inferior). Para telhas cerâmicas esta prática é
limitada em 13 metros de vão. Para vãos maiores devem ser adotadas peças
duplas nos banzos, como por exemplo, duas peças de (6 x 12) em.

24
Esta adoção inicial das seções das peças deve também levar em consideração a
ligação que se pretende fazer, dispondo as peças de tal maneira a fornecer a
melhor composição possível na ligação.

Evidentemente esta prática é válida apenas para ante-projeto. O peso próprio


avaliado depois do dimensionamento definitivo da estrutura, não deve diferir
mais de 10% do peso próprio inicialmente admitido para o cálculo (NBR 7190,
art.5).

O cálculo das cargas nos nós da treliça devidas ao peso das peças de madeira
pode ser determinado por dois processos sendo um mais exato e outro
aproximado.
O primeiro consiste em tomar a área de influência no plano de treliça de cada
nó, calculando o peso das peças nesta área de influência. Este peso é calculado
multiplicando-se os comprimentos das peças pelas suas seções e pela densidade
da madeira utilizada.

fã segundo processo consiste em tomar toda a área de influência no plano da


i treliça, calculando o peso total das peças e distribuindo este peso para cada nó
/ em função da área de influência no plano do telhado. Este processo é mais
i aproximado pois considera a área de influência na região da cumieira igual à do

I
~ beiral, o que é irreal pois na região da cumieira os montantes e as diagonais tem
grandes comprimentos enquanto na região do beiral suas dimensões são
1 pequenas .
.,____

Ações Acidentais- Vento

As ações acidentais devida ao vento são determinadas pela Norma Brasileira


NBR 6123182, "Forças devidas ao vento em edificações".

Esta mesrTia norma tem por objetivo fixar as condições que se exigem quando
da consideração das forças devidas à ação do vento, visando o cálculo das
várias partes que compõem a edificação.

Para isto é necessário o conhecimento de três parâmetros fundamentais:

- pressão de obstrução: depende essencialmente da velocidade de V do vento e


numericamente igual a:

( 1)

onde q é expresso em kgf I m e V em m I s.

- coeficiente de pressão: depende da geometria do edifício, algebricamente igual a:

Cp = Cpe- Cpi

Este coeficiente fornece a pressão numa certa zona da edificação e deve ser
multiplicado pela pressão de obstrução q.
- coeficiente de forma: o coeficiente de pressão se refere a uma certa zona,
enquanto que o coeficiente de forma fornece os valores médios em superfícies
planas.

C = Ce-Ci

As forças devidas ao vento devem ser calculadas separadamente para:

a) - elemento de vedação e suas fixações (telhas, vidros, esquadrias, painéis de


'1/edação, etc ... )

b) - partes da estrutura (telhados, paredes, etc ... )

c) - a estrutura como um todo.

As forças devidas ao vento são determinadas a partir dos seguintes parâmetros:

- velocidade básica do vento Vo: esta velocidade é adequada ao local onde a


estrutura será construída e é dada num mapa do Brasil, onde são desenhadas as
isopletas da velocidade Vo em m/s. Esta velocidade deve ser multiplicada pelos
fatores S1, S2 e S3 para ser obtida a velocidade característica do vento Vk,
sendo:

4D S 1- fator topográfico que leva em consideração as grandes variações locais


na superfície do terreno, varia de 0,9 a 1,1 e é dada na norma na tabela 1.
o S2- rugosidade do terreno, dimensões da edificação e altura sobre o terrenO
varia de 0,46 a 1,27 e é dado na norma na tabela 2.
o S3- fator estatístico baseado em conceitos estatísticos, considera o grau de
segurança requerido e vida útil da edificação, varia de 0,83 a 1,1 O, e é dado
na norma na tabela 3.

- pressão de obstrução q: determinada a partir da velocidade característica Vo,


pela fórmula ( 1 ) .
- · coeficiente de pressão e de forma: determinados experimentalmente e
disponíveis em tabelas na norma em função da permeabilidade da edificação
(pressão interna).

Com relação ao coeficiente de pressão interno, que depende da permeabilidade


das paredes relacionadas com a maior ou menor área de abertura que uma
edificação possui, a norma também permite um cálculo expedido para este
coeficiente do seguinte modo:
"-Quando houver uma probabilidade desprezível da ocorrência de abertura
dominante durante a ocorrência de ventos fortes, tomar o mais nocivo dos
seguintes valores:

Cpi = +0,2 e Cpi = -0,3


- em caso contrário tomar para Cpi 75% do valor médio de Cpe na zona de
abertura".

Obs: Para levar em conta o acréscimo da resistência da madeira a cargas


rápidas, serão divididos por dois os esforços solicitantes em peças de madeira,
devido à força do vento (ítem 11 .f da NBR 71 90 de 1 982).

A combinação das aões a ser realizada para o projeto é:

1 ,O g + 0,50 q

onde:
g = carga permanente
q = ação de vento

DETERMINAÇÃO DOS ESFORÇOS NAS BARRAS DA TRELIÇA

Após a determinação das cargas permanentes e acidentais nos nós da treliça, o


próximo passo é a determinação dos esforços nas barras, para posterior
dimensionamento ou verificação das mesmas.

Existem vários métodos para a determinação de esforços em treliças (programas


computacionais, equilíbrio de nós, RITTER, cremona, etc ... ), mas acreditamos
ser o cremona o método mais prático, pois é um método gráfico de simples
resolução, a partir das seguintes regras básicas, conforme exemplo:

a) Desenha-se em escala a treliça isostática sujeita ao carregamento total que


atua no seu plano e calcula-se as reações de apoio neste plano.

50 l
25 l 25

l
r 100 r 100

27
b) Identificam-se os espaços internos circunscritos por barras {regiões internas)
com letras minúsculas, e os espaços externos compreendidos por duas forças
(regiões externas) com letras maiúsculas. Adotar um "sentido de percurso"da
estrutura: horário ou anti-horário.

.1.

I D ~"E 1
c /
/y I • c
i
I d '
~
// I ',

c
I '
• // ' i //
B /' --ª-- ____l_ b "I/ e
A
t

c) O plano cremona começa a partir de um ponto qualquer definido na treliça,


colocado em qualquer lugar do papel (A). A partir deste ponto, traçar em escala
(que pode ser diferente da anterior) segmentos de retas representando as forças,
na direção paralela e de mesmo sentido de percurso adotado inicialmente, até
que se complete o equilíbrio externo.

B
25
c
50

251
~ D
25
A
25
E

50

F
25
G

2R
d) A partir dos pontos definidos no equilíbrio externo, traçar segmentos de reta
paralelas á direção das barras da treliça, com o sentido de percurso definido, até
que se complete o equilíbrio interno. •

---~" D

-_-_:--~~==--+------~~-A--+---
E

e) A intensidade das forças é determinado pela medida (na escala de força


adotada) do segmento de reta definido pelas regiões internas e externas.

f) Um método prático para se determinar o sinal das forças é fazer coincidir com
o menor giro, a direção da força encontrada no cremona com o das regiões da
estrutura. Quando o menor giro estiver no sentido do percurso adotado a barra
será sob tração, indicada positiva, e quando o menor giro é contrário ao adotado
a barra está comprimida, representada com sinal negativo.

g) Apresentação:
- Desenhar a treliça em escala com o valor encontrado das forças e seus sinais.
- Fazer a tabela indicando os esforços nas barras da treliça.

29
5 - DIMENSIONAMENTO DAS TERÇAS

As terças são elementos estruturais cuja finalidade principal é a transmissão das


ações permanentes e variáveis para a estrutura principal do telhado (tesoura,
pórtico, etc.)

Quando utilizando telhas de fibro-cimento, metálicas ou de alumínio, a terça tem


a função da transmissão do peso próprio das mesmas, mais as ações do vento
para a tesoura. Quando utilizando telhas de barro, a terça tem a função de
transmissão do peso próprio das telhas, ripas, caibros, mais as ações do vento
para a tesoura.

As terças são solicitadas à flexão oblíqua, por serem dispostas inclinadas,


acompanhando a inclinação do telhado. O dimensionamento deve ser realizado
de acordo com a NBR 7190/82, 'Cálculo e Execução de Estruturas de Madeira,
verificando as tensões normais, tangenciais e deslocamento. Deve também ser
considerado no dimensionamento a ação variável de uma carga de 100 daN
equivalente ao peso de uma pessoa, atuando no centro da terça.

As seções de madeira para dimensionamento podem ser de peças simples, ou


seja, vigas de 6cm x 1 2cm ou 6cm x 16cm, ou peças compostas pregadas ou
coladas de perfis T, I ou caixão (O).

30
PEÇAS COMPOSTAS DE MADEIRA SOLICITADAS À FlEXÃO

1
l bz ~

b
b, L
A 1 E 1 11

----
A 1 E 1 I, --,

]
.t::.
1-----,f-

.
0-
c.G

---- -
A2 E212
N
N
o C.G
Az Ez lz .t::. • N
.t::.

112 b2 1/2 b2

-----,
l
1
b2 l
,

Estudo das seções transversais compostas T, I e Caixão, de peças de madeira


com seções comerciais (3x12 ; 3x16 ; 6x12 ; 6x16), solidarizadas por pregos,
com a finalidade principal da utilização destas peças em vigas fletidas. Em
virtude da norma brasileira NBR 7190 não especificar um método de cálculo
para este caso, utilizou-se as seguintes normas internacionais para a elaboração
deste material : EUROCODE N.5 e DIN 1052.

11
Notações e Unidades utilizadas
E = Módulo de elasticidade ( Kgf/cm 2 ) ;
i = Momento de inércia ( cm 4 ) ;
A = Área da seção transversal ( cm 2 ) ;
K = Módulo de cisalhamento do fixador (Kgf/cm ) ;
Kdef = Fator de deformação = 0,8
V = Força cortante { Kgf ) ;
F = Força aplicada no fixador ( Kgf ) ;
Fp = Força admissivel no fixador ( Kgf ) ;
b = Base da peça da seção transversal cisalhada ( em) ;
c = Constante de cisalhamento
h = Altura da peça da seç!ao transversal cisaihada ( em ) ;
a = Distância entre centros de gravidade (em) ;
s = Espaçamento entre fixadores (em ) ;
I = Vão da viga ( em ) ;
d = Diâmetro do fixador ( mm ) ;
a. = Coeficiente de redução da rigidez da peça
y= Peso específico da madeira (Kgf/cm 3 ) ;
1: = Tensão de cisalhamento (Kgf/cm 2 ) ;
2
'tf = Tensão de cisalhamento admissível na flexão ( Kgf/cm ) ;
cr = Tensão normal (Kgf/cm ) ;2
2
crt = Tensão normal admissível na flexão (Kgf/cm ) ;

NOMENCLATURA E DIMENSÕES UTILIZADAS

Seções transversais adotadas na prática :

a) Seção I {simétrica) :
• alma : 6x12 ;
mesas : 3x12 ou 3x16
6x16; 3x12 ou 3x16

b) Seção I {assimétrica) :
• alma : 6x 1 2 ;
mesas : 3x12 e 3x8
3x 1 6 e 3x8 ou 3x 1 2

alma: 6x16;
mesas : 3x12 e 3x8
3x16 e 3x8 ou 3x12

c} Seção T :
e alma : 6x 1 2 ;
mesa : 3x12 ou 3x16
6x16, 3x12 ou 3x16

:n
d) Seção caixão :
e almas : 6x 1 2 ;
mesas : 3x16
6x16;

Considerações Gerais

O método apresentado a seguir está baseado na teoria da elasticidade linear. E


devem ser verificadas as seguintes condições :

a) Vãos de vigas :
- Vigas simplesmente apoiadas : I = I ;
- Vigas continuas: I = 4/51 ;
- Vigas em balanço : I = 21 ;

b) As ligações são feitas com fixadores metálicos que apresentam módulo de


cisalhamento K, determinado de acordo com o item 5.1. 1 ;

c) A escolha dos fixadores deve obedecer as recomendações da NBR 71 90 :


- Penetração na peça principal do lado da ponta de pelo menos 2/3 de seu
comprimento total.
- Diâmetro menor que 1/6 da espessura de tábua menos espessa ;
d) Para a consideração das deformações são utilizados nos cálculos os
conceitos de rigidez efetiva (EI)et e módulo de cisalhamento K do fixador
em conjunto com a espécie (y) da madeira utilizada.

MÉTODO DE CÁLCULO

Rigidez efetiva :

Módulo de cisalhamento :

0,5 d 'Y
k
1+Kder

OBS : Para o caso de utilização de espécies diferentes de madeira na mesa e


alma da seção transversal, deve-se utilizar : y = - ./ y1 y2

Constante de cisalhamento :

OBS : Ai = área da peça ligada na peça principal.

:n
Coeficiente de redução de rigidez da peça :
l
a=--
1+c
OBS : Para as almas adotar a. = 1 .

• Tensão normal :

a) Na alma:

(J

b) Mesa:

(J

• Tensão máxima de cisalhamento:

A verificação é feita nos pontos onde cr = O, pois, ai resulta 'tmax· Para as seções
adotadas anteriormente a 'tmax ocorre sempre na alma.

Para seções do tipo I e :

(a1 E 1A 1a 1 + 0,5E2 b 2 h 2 )V
msx
b2 (EI)er

Para seções T :

í rmx

OBS : Os valores das tensões devem ser comparados com os valores das
tensões admissíveis à flexão da madeira utilizada.

Força aplicada nos fixadores :

Os esforços admissíveis nos fixadores pode ser calculado de acordo com a NBR
7190, pela seguinte expressão :

Fp = d 312 ; onde :
f-\
f-\ = cte = 7,5 para madeiras com densidade > 0,65
= 4,5 para madeiras com densidades 0,65
d =diâmetro do prego, em em

14
Segundo a Norma Alemã DIN 1052, a força admissível dos fixadores é dada
pela expressão:

- 500d2
F=--
l+d
onde:
d = diâmetro do parafuso, em em

Para madeiras moles, havendo furação prévia, multiplicar F pelo fator 1 ,25.

Para madeiras 'mais duras', o fator é 1 ,50.

6 - DETERMINAÇÃO DA FlECHA NA ESTRUTURA

O deslocamento de estruturas triangulares resulta da combinação da diminuição


axial das barras comprimidas, do aumento das barras tensionadas e da
deformação dos nós.

6.1 - Deslocamento Elástico

O deslocamento devido a deformação axial é calculada pela fórmula da energia


de deformação:
ôe = I:PUL
AE
Sendo:
• oe = o deslocamento elástico no ponto selecionado da treliça
• P = o esforço em cada barra da treliça devido a aplicação das cargas nos nós
• U =o esforço em cada barra da treliça devido a aplicação de uma carga
unitária no ponto no qual se deseja medir o deslocamento e na direção na
qual o deslocamento deve ser calculado
• L = o comprimento entre os nós de cada barra
• A = a área de cada barra
• E = o módulo de elasticidade de cada barra

Os valores de P e U são determinados pela análise estrutural normal. Observe


se um esforço em uma barra devido à carga unitária é de mesmo sinal do
esforço na barra devido à carga aplicada, a deformação da barra aumenta o
deslocamento externo, por outro lado, se os esforços internos são de sinais
contrários, a deformação da barra reduz o deslocamento externo ..

6.2. Deformação da ligação.

A deformação na ligação ocorre nos nós de estruturas triangulares a menos que


seja utilizado adesivos, e esta deformação conduz a deslocamentos em toda a
estrutura. Por vários motivos tais como tolerâncias de montagem, furos dos
parafusos e conectores,etc., não é possível predizer exatamente o valor da
deformação em cada nó, e portanto não é possível predizer exatemente o
deslocamento total da treliça, mas a prática tem mostrado que o tipo de cálculo
apresentado a seguir dá uma boa aproximação do valor real. Valores
aproximados para a deformação dos nós são apresentados na Tabela 11, que
fornece uma precisão satisfatória para as condições normais de cargas. Onde
as ações permanentes representarem uma alta porcentagem do carregamento da
estrutura ( > 60%), é recomendado duplicar os valores tabelados.

A contribuição de cada barra para o deslocamento total da estrutura é o produto


da carga na barra devida à carga unitária situada no ponto onde se deseja
conhecer o deslocamento pela variação do comprimento da barra causado pela
deformação em cada nó final da barra devida ao esforço atuante P .

Deformação no nó = IU&
onde ós é a mudança no comprimento da barra devida à deformação do nó
(total para os dois lados).

Quando a mudança no comprimento entre conectares tem o mesmo sinal que o


esforço P na barra, ós é dado pelo mesmo sinal que U e o produto Uós para a
barra é positivo; do contrário ele é negativo.

Tipo de conectar deformação {m)


adesivo nenhuma
parafuso 0,0026
placas dentadas 0,0026
anel de 64 mm 0,0008
anel de 1 04 mm 0,0010
Tabela 13- Deformação em vários tipos de conectares

6.3. Fórmula empírica para o cálculo da flecha.

A "American lnstitute of Timber Construction Standards" fornece fórmulas


empíricas para o cálculo do deslocamento de treliças de banzos inclinados e
bowstring que são puramente empíricas, dependentes da carga e das dimensões
das barras. Estas são as seguintes:

treliças de banzos inclinados: 0t L H [f_


[76.6 +1]
4290

treliças bowstring: L [f_ ]


Ot 19000H [6 + l
sendo ot = o deslocamento total sob carga total (m)
L = o vão da treliça (m)
H = a altura (m) da treliça no meio do vão

36
6.4. Cálculo da contra flecha da estrutura.

Com o valor da flecha total calculada, ou seja a soma da flecha elástica e a da


ligação, deve-se calcular a contra flecha a ser dada na estrutura, na posição das
emendas do banzo inferior e superior. Este cálculo é realizado uma equação
parabólica do tipo:

y =a:x2 +h

e determinando o deslocamento Y nos pontos x da posição das emendas. As


constantes a e b da equação são determinadas nas seguintes condições de
contorno:
-para x = O (no apoio); Y=O e b=O
- para x = 1/2 (meio da treliça); Y = flecha total e a = {flecha total)/((1/2) -2)

OBS: "as flechas calculadas no meio dos vãos não deverão ultrapassar o
seguinte valor: L/350"- NBR 7190/82- item 69.b

7. LIGAÇÕES EM ESTRUTURAS DE MADEIRA

As peças de madeira bruta possuem o comprimento limitado principalmente


pelas dimensões das árvores e meios de transporte. As peças de madeira
serrada são de comprimentos ainda mais limitados, variando de 4 a 5 m. Para
ser possível a execução de estruturas, estas peças devem ser ligadas entre si,
de forma a transmitirem os esforços com as menores deformações possíveis.

A resistência, estabilidade e vida de uma estrutura dependem em grande parte


de resistência, rigidez e durabilidade das ligações.

De maneira geral pode-se classificar as ligações em dois grandes grupos, a


saber: ligações por aderência e ligações por penetração.

As ligações por penetração se caracterizam pela utilização de encaixes


previamente executados, ou pelo emprego de peças de ligação. As forças
transmitidas de uma peça para outra convergem geralmente para uma pequena
área (parafusos, anéis, etc), conforme Figura 14a..Ocorrendo concentração de
tensões nestes pontos, pode ocorrer comportamento elástico-plástico da
madeira

N/2 N/2 N/2 N/2

~
V\1\1
-o--e--
IV\~\

Figura 14a.. /!''


I f
f \\
I \
\t\l\1
1 I I \ TV\Ã
~
11
As ligações por aderência são estabelecidas através de uma fina película de
adesivo. Os esforços são absorvidos por superfícies relativamente grandes
formadas pelas áreas ligadas pelo adesivo, Figura 15.

l' i i
:I 1

L1nl:!_o__A_ctesivo l;:
I I!
Areo Colado
1 iI
I I
! '
1-'---'---"--.!...l ; I I
I I I

i N/2 ,N/2
Figura 15

Entre todos os tipos de ligação conhecidos na atualidade as ligações por


aderência apresentam maior rigidez e melhor distribuição dos esforços.

A Figura 16 mostra o comportamento comparativo dos vários tipos de ligações.

Forço ( KN l

20

10 DEF.mm

F/2

F/2

(o I Pregos (b) Cavilhas I c I Parafusos

F/2

F/2 ;'--------.J~ ~ Figura 16

( d l Anel Metól i co (e l Adesivo 1R


Cada um destes possíveis tipos de ligações possui suas características
particulares que lhe definirão o campo de aplicação e eficiência, normalmente
avaliada em termos de capacidade de transmitir os esforços em função de sua
deformabilidade.

Os esforços admissíveis nas ligações de estruturas de madeira, são baseados


em ensaios, adotando-se o menor dos seguintes valores:

a) 50% do limite de proporcionalidade


b) 20% do limite de resistência
c) esforço correspondente ao deslocamento relativo de 1,5 mm entre as peças
ligadas.

7.1- liGAÇÕES POR ENTALHES OU ENCAIXES

Nas ligações por entalhes ou encaixes, os esforços se transmitem sempre por


compressão, pelo contato das interfaces, e portanto, utiliza-se as próprias
tensões admissíveis da madeira para absorverem os esforços atuantes. Os
encaixes deverão ser bem executados de tal modo que as faces fiquem em
contato antes do carregamento. No caso de haver folgas, a ligação deformará
até que as faces se apoiem efetivamente.

As ligações com dentes são típicas entre banzo superior e banzo inferior de
tesouras, e entre banzos e diagonais comprimidas {tesoura tipo Howe), Figuras
17A e 178.

7.1 .1 - Altura do dente (e)

e =AB ·cose

b xABxu. -;::.p
e
h x - xu. -;::.p
cos
p cose
e>---
hu

7. 1 . 2 - Cisalhamento (f)

b X{ X r líg ~p cose
p cose
f >>--=c-
brlig

Figuras 17A e 178

19
7.1.3- Recomendações NB-11

Quando se obtiverª- maior do que h/4, mantém-se o cálculo, mas constroem-se


dois dentes adotando-se sua altura como sendo e/2 e medindo-se f desde o
dente central do banzo.

Às vezes para tesouras de grandes vãos ou de pequena inclinação, essa solução


ainda não satisfaz, sendo necessária a utilização de duas cobrejuntas laterais
pregadas.

As peças ligadas por entalhes são mantidas na respectiva pos1çao por meio de
parafusos, pregos, grampos ou estribos, os quais normalmente não são levados
em consideração no cálculo da capacidade da ligação.

7.2- LIGAÇÕES COM PARAFUSOS DE AÇO

Os parafusos são instalados na madeira em furos ajustados, de modo a não


ultrapassarem a folga de 1,0 a 1,5 mm. O aperto se faz com porca,
transmitindo-se o esforço a madeira por arruelas. Devido a retração e a
deformação lenta da madeira, não se pode contar com o atrito desenvolvido
pelo aperto do parafuso.

Os parafusos trabalham essencialmente como pinos, recebendo os esforços pelo


apoio da madeira no seu plano diametral. Define-se uma tensão convencional a a
de apoio, no plano diametral do parafuso.

u. · b ·c/> =esforç o ro parafuso


Au(util)

* b

*
~

q,-')o
espessura da peça ligada

diâmetro do parafuso •llll õo

'F/2
Figura 18

A distribuição das tensões de apoio depende da deformabilidade dos materiais.

Os esforços são transmitidos de uma peça para a adjacente por flexão e


cisalhamento do eixo do parafuso - efeito pino.

As cobrejuntas podem ser de madeira ou metálicas.

7.2.1 -Critérios para Utilização de Parafusos

Na verificação de uma ligação por parafusos deve-se considerar:

40
7.2.1.1 - Resistência à flexão do Parafuso

Os parafusos serão considerados como pinos lisos, distinguindo-se apenas as


cobrejuntas que poderão ser metálicas ou de madeira.

Figura 19

7.2.1.2- Resistência ao Esmagamento da Madeira

Devido a concentração de tensões a NBR71 90/82 aconselha a usar os seguintes


valores reduzidos nas tensões admissíveis:

- Tensão básica de compressão paralela às fibras da madeira


-
(}C =Ü,J8f~

-Tensão básica de compressão normal às fibras da madeira

(J n =0,045 (J c =0,25 (J p

7.2.1.3- Resistência ao Cisalhamento da Madeira

A NBR 7190/82 contorna este problema fixando espaçamentos mínimos entre


os oarafusos e entre parafusos e bordas da madeira.

Compressão Tração

-(
Figura 20

7.2.2- Dimensionamento

A falta de experiências com madeiras brasileiras, calcula-se os esforços


admissíveis em ligações com parafusos de aço do seguinte modo:

41
7.2.2.1 - Ligações de uma peça principal de madeira com duas peças laterais
metálicas.

7 .2.2.1.1 - Força admissível paralela às fibras.


F. = u • xw xb xq;
--··
a, -=0.18a

sendo:
b = largura (em em) da peça principal de madeira, medida na direção do eixo do
parafuso.
<!> = diâmetro do parafuso (em em)

2
22,6 +D,63w' -!0,00575w'
w =---'--------'----- quando w' ::: 33,3
100

25 + 0,75 w'
w - - - ·- ~ I quando w ;;::33,3
100
(f tP 2
w =59 •
(J b2
p

7.2.2.1.2- Força admissível normal às fibras

F. =a. · w · n · h · cp (em kg)

a. =0,045 u,
S(;:ndo:

a q;'
w'=26,2 - ·
a b'

h = coeficiente fornecido pela tabela a seguir em função do diâmetro do


parafuso.
<!> = diâmetro do parafuso

7.2.2.2 - Ligação de uma peça principal de madeira com duas peças laterais
também de madeira.

7.2.2.2.1 - Força admissível paralela às fibras é igual a 80% da força calculada


de acordo com 9.2.1.1, não se considerando, no entanto, valores de b.
superiores ao dobro da largura da peça lateral menos espessa.

42
7.2.2.2.2 - Força admissível normal às fibras igual a força calculada de acordo
com 9.2.1.2 não se considerando, no entanto, valores de .b. superiores ao dobro
da largura da peça lateral menos espessa.

7.2.2.3- Esforço inclinado com relação às fibras

fp X Fn
F
Fp sen 2
e + F.coie
ângulo da direção do esforço com a direção das fibras

7.2.2.4- Recomendações NBR7190

7.2.2.4.2 - O diâmetro mínimo de parafusos será 9 mm. Deverá ser utilizado no


mínimo dois por ligação.

7.2.2.4.3 - Espaçamento dos parafusos

a) - O espaçamento mínimo entre os centros de dois parafusos situados em uma


mesma linha paralela à direção das fibras, deve ser de quatro vezes o seu
diâmetro; a distância mínima do centro do último parafuso à extremidade da
peça, deve ser de sete vezes o diâmetro em peças tracionadas e quatro vezes o
diâmetro em peças comprimidas.

b) - A distância do centro de qualquer parafuso à aresta lateral da peça, medida


perpendicularmente às fibras, será de uma e meia vezes o seu diâmetro, quando
o esforço transmitido for paralelo às fibras. Quando o esforço for normal às
fibras, este limite será elevado para o lado comprimido, para quatro vezes o seu
diâmetro.

7.2.2.5- Ensaios realizados

Segundo estudo de Stamato e outros, o esforço admissível por parafuso de aço


1 01 O (correspondente ao CA 25), pode ser calculado como segue:

7.2.2.5.1 - Compressão ou tração paralela.

a) Corpo de prova utilizado Fp

~6
+
---- -

Figura 21

I I
1/2 Fp I/2Fp ili 41
b) Esforço admissível por parafuso (usar o menor dos dois valores):

Espécie de madeira FP (kg) FP (kg)


Pinho do Paraná 34b <P 165 <P
Peroba Rosa 75b <P 450 <P
Eucalipto Citriodora 80b <P 41 o <P

OBS.: usar b e <jJ em em

7.2.2.5.2- Compressão Normal

a) - Corpo de prova utilizado:

Figura 22

b) - Esforço admissível por parafuso (usar o menor dos dois valores):

Espécie de madeira FN (Kg) FN (Kg)


Pinho do Paraná 15nb <jJ 120n <jJ
Peroba Rosa 37nb <jJ 270n <jJ
Eucalipto Citriodora 40nb <jJ 238n <jJ

OBS.: usar b e <jJ em em

O valor de n em função de <jJ, é dado pela NBR-7190, art. 67, fornecido na


tabela do ítem 7.2.2.1.2.

44
7 .3. LIGAÇÕES PREGADAS

Os pregos são fabricados com arame de aço-doce, em grande variedade de


tamanhos.
As bitolas antigas são caracterizadas pelo diâmetro em fiera francesa e o
comprimento em linhas portuguesas.A ABNT adota diâmetro e comprimento em
milímetros.

As ligações com pregos, devido estes serem um elemento metálico de pequena


secção, transmitem a madeira concentrações de tensões elevadas que tendem a
rasgá-la ou esmagá-la, advindo daí deformações.

Para contornar o problema normamente utilizamos vários pregos, número porém,


que não pode ser elevado já que a ligação depende também da distância entre
eles.

A umidade na madeira facilita a penetração do prego, diminuindo o


fendilhamento da madeira, porém ao secar pode, devido a retratibilidade,
afrouxar o prego.

Por todos estes problemas, além da mão-de-obra de execução, normalmente de


baixa qualidade, a NBR7190 no seu item 40.c limita:

"Salvo comprovação com dados experimentais obtidos de ensaios com ligações,


a ligação de peças importantes não deve ser feita com pregos, nem com
emprego de quaisquer outros meios de ligação que sejam aplicados sem
utilização de ferramentas de furar, ranhurar ou frezar, o que importaria em
destruir, na penetração, as fibras da madeira".

7 .3.1 - Dimensionamento

Na falta de experiências com madeiras brasileiras, calcula-se o esforço


admissível em ligações pregadas pela seguinte fórmula:
1
F = K<t> '

sendo:
<t> = diâmetro do prego em milímetros
K = 4,5 para madeira com o peso específico < 0,65
K = 7,5 para madeira com o peso específico > 0,65

7.3.2- Recomendações da NBR7190/ 82

a) Penetração na peça principal: 2/3 do comprimento total do prego.


b) Madeira verde usar 75% do valor calculado.
c) Estruturas provisórias aumentar 50% do valor calculado.
d) Penetração de topo usar 60% do valor calculado.

45
e) Diâmetro do prego não havendo furação prévia, não deve
exceder 1 /6 da espessura da tábua de
meno·r espessura.
f) Espaçamento mínimo 1 04> na direção das fibras
5<j>normal às fibras
5<!> e 1 2<!> das arestas.

l l l .l : s

5~
\
54+- \
)
)( )( !C )( !C )( !C !C
\

5-qrf-
I I I
)( X X X X X X )(

i
5~
-.J.-
) I
X X X X X X )( )(

I )

t 12$!10$ '!10$110$ '14


Figura 23

Tabela 15 - Pregos - Bitolas Comerciais - Características e Esforços Admissíveis,


em Corte Simples. Esforços admissíveis para pregos aplicados em madeira seca
ao ar, e ligações mantidas secas e intermitentemente molhadas (expostas ao
tempo).

Bitola Diâme- Compri N° de Espessura Penetração Esforc;o


tro <f> mente (em} (em) da admissível
pregos em
(mml (mml mínima ponta para
pacote de 1 F!Kgf)
da tábua desenvolver
Kg segundo a
(6d) esforc;o
NBR 7190
admissível
Seção Seção
Simples Mult.Sc!> F=4,5c!>"2 F=2,5<t>"'
12ct>
12 X 12 1,0 22 1070 1,0 2,0 1,3 10 17
13 X 15 2,0 28 1430 1,2 2,4 1,6 13 22
14 X 18 2,2 36 895 1,3 2,6 1,8 15 25
15 X 18 2,4 36 685 1,4 2,8 1,9 17 28
16 X 18 2,7 36 620 1,6 3,2 2,2 20 33
17 X 21 3,0 50 320 1,8 3,0 2,4 23 39
17 X 27 3,0 51 285
18 X 24 3,4 60 255 2,0 4,0 2,7 28 47
18 X 30 60 205
19 X 30 3,9 60 170 2,3 4,6 3,0 35 58
19 X 36 72 140
20 x30 4,4 60 135 2,6 5,2 3,5 42 69
20 x42 81 97
22 X 36 5,4 72 75 3,2 6,4 4,3 50 94
22x48 100 56
24x48 6,0 100 34 3,0 7,2 4,8 66 11 o
25 X 60 6,6 137 27 4,0 8,0 5,3 76 127
20 X 81 7,2 190 17 4,3 8,6 5,8 87 146

46
* Para penetração entre 50 e 1 00% dos valores tabelados, os esforços
admissíveis são reduzidos na mesma proporção. Para penetrações inferiores a
50% dos valores tabelados, esforço admissível nulo. Critérios de penetração
segundo a DIN - 1052.

Observações sobre os esforços admissíveis segundo a NB - 11 :


a) pregos aplicados em madeira verde, redução de 25%
b) ligações mantidas permanentemente molhadas, redução de 25%
c) estruturas provisórias, acréscimo de 50%
d) pregação de topo, paralela às fibras, redução de 40%

7 .4. LIGAÇÕES COM ANÉIS METÁUCOS.

Os anéis metálicos, em geral, são fabricados à base de aço carbono, aço


temperado, ferro fundido ou de liga de metal leve (AI,Si).

Mais de 60 tipos estão patenteados nos Estados Unidos, Europa e Rússia,


apresentando uma larga variedade de características, podendo ser fechados ou
abertos, lisos ou com ranhuras.

O anel é encaixado em cada uma das faces da peça de madeira, em um sulco


previamente aberto, utilizando-se ferramentas especiais. Este sulco deve ter a
espessura igual ou no máximo 0,5 mm maior que a espessura do anel, para um
perfeito ajustamento do mesmo com as peças a serem ligadas, evitando-se
assim uma eventual folga que influirá na rigidez da ligação.

Além da resistencia à cargas elevadas, o anel apresenta a vantagem de permitir


a união de mais elementos concorrentes em um mesmo ponto, como por
exemplo em um nó da treliça, com o emprego de um único parafuso de pequeno
diâmetro pequeno.

Importante pesquisa nesta área foi realizada no Laboratório de Madeiras e de


Estruturas de Madeira, utilizando-se anéis cortados de canos de água,
galvanizados, com diâmetros variando de 2" a 8". Foram estudados anéis
fechados, partidos e bipartidos, Figura 24.

LJCl D
Anel Partido Anel Bipartido Anel Inteiro
Figura 24

47
Os anéis fechados não apresentam corte lateral e sua principal desvantagem é a
dificuldade prática do ajuste dos mesmos nos sulcos realizados na madeira.

Os anéis mais comuns na literatura internacional são os partidos,pois


apresentam menor dificuldade de ajuste nos sulcos da madeira, mesmo quando
estes não tenham diâmetro rigorosamente igual aos dos anéis. Este anel deve
ser instalado no encaixe, de preferência, com a fenda normal à direção da força
atuante.

Os anéis bipartidos foram também estudados no laMEM com a finalidade de


comparação com de resultados com os anéis partidos e fechados.

7 .4. 1 . Dimensionamento

Na falta de experiências com madeiras brasileiras, calcula-se os esforços


admissíveis em ligações com anéis metálicos de aço do seguinte modo:

7 .4. 1 . 1 . Carga admissível paralelas às fibras:

7rt/>2
F =-7
• 4

7 .4. 1 . 2. Carga admissível normal às fibras

F90 =0.6P.

7.4.1.3. Carga admissível inclinada em relação às fibras

F,

7 .4.2. Distâncias recomendadas.

7.4.2.1. ligações de compressão.

- espaçamento das bordas = 1 ,0$


- espaçamento entre anéis = 1 , 5$

7.4.2.2. ligações por tração.

- espaçamento das bordas = 1 , 5 $


- espaçamento entre anéis = 1 , 5 cp

7 .4.3. Recomendações construtivas.

- o diâmetro do anel não deve utrapassar 0,9 da largura da menor peça da


ligação,

4R
- nas peças tracionadas é recomendado a colocação de 1 a 2 parafusos de 6
mm nas extremidadas das cobrejuntas para evitar a ocorrência de aberturas nas
extremidades das peças de ligação,
- a penetração do anel não deve ultrapassar a metade da espessura da menor
ligação, tendo em vista garantir a sua resistência, mesmo após a colocação do
anel.

7 .4.4. Ensaios realizados.

Os ensaios realizados no laMEM com anéis cortados de canos galvanizados,


com diâmetros de 3", 4" e 5" com três espécies de madeiras, pinho do Paraná,
peroba rosa e eucalipto citriodora, apresentaram as seguintes cargas admissíveis
na direção paralela às fibras:

Espécie de Madeira Diâmetro interno Carga admissível Diâmetro do


do anel("} por anel (KN) parafuso
pinho do Paraná 3 14 5/16
4 19 5/16
5 24 5/16
peroba rosa 3 20 5/16
4 26 5/16
5 34 3/8
eucalipto citriodora 3 23 5/16
4 30 3/8
5 37 3/8

Para a carga admissível na direção normal às fibras, os resultados obtidos foram


os seguintes:

Espécie de Madeira Diâmetro interno Carga admissivel Diâmetro do


do anel{") por anei(KN) parafuso
Pinho do Paraná 3 8 5/16
4 12 5/16
5 14 5/16
Peroba rosa 3 12 5/16
4 16 5!16
5 18 3/8
Eucalipto Citriodora 3 14 5/16
4 21 3/8
5 23 3/8

Para a determinação das cargas admissíveis nas direções inclinadas às fibras


pode-se utilizar a equação de Hankinson do ítem 7.4.1.3.

49
Estes resultados correspondem a intensiva experimentação e podem ser usados
para o dimensionamento das ligações com anéis metálicos quando utilizando as
espécies de madeiras ensaiadas. Para outras espécies de madeira não estudadas
ou outros diâmetros pode-se utilizar as fórmulas apresentadas no item 7 .4. 1 .
que são conservativas.

8. CONTRAVENTAMENTO PARA PEÇAS E ESTRUTURAS

Nas estruturas em que se empregam tesouras, necessitamos de um


contraventamento para resistir às forças laterais e para mantê-las alinhadas e a
prumo. Existem dois tipos de contraventamento, o temporário e o permanente,
ambos se aplicam em cada obra. O contraventamento temporário é aquele que é
colocado durante a montagem, para menter as tesouras em posição segura, até
se executar um contraventamento permanente que oferecerá então uma
completa estabilidade.

As tesouras não podem ser carregadas antes de ser colocado todo o


contraventamento permanente. Este último forma uma parte integral da
estrutura completa e necessita uma atenção especial no projeto e durante a
montagem.

No projeto de tesouras, se considera que estas são verticais. Uma tesoura é


uma estrutura rígida no seu próprio plano, devido a sua configuração triangular,
porém é muito flexível no outro sentido. Como todas as cargas mortas causam
uma componente de força na direção flexível, esta força pode rapidamente,
fazer com que a tesoura se desvie de sua posição, causando, portanto, altas
forças de flexão lateral não consideradas no projeto.

Se uma cobertura não é adequadamente contraventada, as tesouras podem


mover-se fora do plano vertical ou do alinhamento, o que causará tensões
laterais progressivas. Portanto, este contraventamento permanente não deve ser
subestimado já que as tesouras perderiam toda a sua resistência ao serem mal
contraventadas.

O contraventamento fixa tanto as peças individuais das tesouras como tdoa a


estrutura, de maneira que a armação completa forma uma construção estável.
Vista a dupla utilidade, dividiremos o assunto em contraventamento de peças e
contraventamento da estrutura, ainda que uma divisão exata seja impossível e
alguns cumpram ambas as funções.

8.1 Contraventamento de Peças

Estes são requeridos em peças cuja relação de esbeltez (L'/ b) exceda o máximo
admissível (50 para membros em compressão e 80 para os de tração).

50
onde: L' = comprimento da peça
b = largura da seção de madeira.

Para cumprir esta condição, podem ser necessários um ou mais


contraventamentos por peças, evitando que estas flambem. Este
contraventamento deve ser colocado sobre todo o comprimento do edifício e
descansar em seus extremos em ponto fixo, que pode ser uma parede ou uma
treliça paralela. Se estes pontos fixos não são previstos, todas as peças
flambam na mesma direção e o contraventamento não surtirá nenhum efeito.

Tesouros Tesouros

Sem Ponto Fixo


Com Ponto Fixo, Comprimento
Sem Resultado
de Flambogem Reduzido à Me-
to de

Figura 25

Ao evitar a flambagem lateral da peça comprimida, desta surgirá uma força no


contraventamento que será ao redor de 1/50 da força axial da peça (C), que
pode ser tomada em uma só peça de contraventamento subdividida em várias.
No ponto fixo, esta forca horizontal se acumulará a NC , onde N representa o
. 50
número de tesouras contraventadas. O Sistema de contraventamento e detalhes
de conexão a esse ponto devem ser projetados para resistir essa força.

~c

2c 3c (n- 1) nc
} 50 } 50 } Ponto Fixo
50 } 50 ~

Figura 26

')]
A conexão com o ponto fixo deve ser considerado cuidadosamente, se este é
uma tesoura de oitão. Por outro lado, no caso de uma parede de oitão, é
suficiente ajustar as peças de contraventamento entre as duas paredes, com
uma pequena conexão; a peça de contraventamento ficará, neste caso, em
compressão. A execução do contraventamento da peça depende da
disponibilidade do ponto fixo, ou seja:

a - com paredes de oitão não existe problemas. Como se escreveu acima, as


peças de contraventamento correm ao longo do comprimento do edifício e se
ajustam entre as paredes.

~I
r::
i' ~
i' ~
i'
i' i'
i'
\ \ i'
i'

I I
\ 2 Pregos

Figura '2.7

b - no caso de uma tesoura de oitão se deve executar em ambos os extremos


um contraventamento em "X " , que desvie as forças para uma viga ou parede.

o l,5"x 2"
•o
....
o

Figura '2.8

52
c - o contraventamento de uma só peça não é possível, quando isto ocorre,
deve-se pregar uma peça a mais, lateralmente à peça a ser pregada, com pregos
que sejam mais compridos do que a soma das larguras das peças a serem
pregadas, e devem ser espaçados de 1 5 em.

Figura 29

Todo o exposto anteriormente é válido para todas as peças de compressão,


sejam diagonais ou banzos. No banzo superior, os caibros ou ripas, ainda que
adequadamente fixados, não previnem o movimento lateral das tesouras, se não
são conectados a um ponto fixo. Por tal motivo, quando existe uma tesoura de
oitão, se deve providenciar um contraventamento em "X"debaixo do banzo
superior, Figura 30.

51
Flombogem dos Tesouros

Figura 30

Também o banzo inferior pode estar em compressão, no caso da ação do vento


em sucção, ou alguns tramos de tesouras em balanço. Se o forro é aplicado em
barroteamentos cravados no banzo inferior e se tem suficiente resistência e está
adequadamente unido ao banzo, não é necessário um contraventamento
adicional no plano do banzo inferior. Para construções abertas, sem forro, se
deve executar um contraventamento em "X" no banzo inferior, em ângulos
aproximados de 45 · , junto com alguns contraventamentos lineares.

Ilustração de contraventamento em "X" no plano do Banzo Superior para evitar


a Flambagem.

Figura 31

54
O contraventamento lateral manterá o espaçamento, porém permite flambar o
Banzo Inferior, se este está em compressão.
I
I
I I I I
I \
I I I I
I I I I \
I I
I I I I I
I
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I I I ..,y
I I I
I I . I
I I I I
I f
I I I f
I I f
I I I
I f I
I. I f

Figura 32

Contraventamento em "X" no plano do Banzo lnfeiro, que previne a Flambagem.

Figura 33
8.2 Contraventamentos da estrutura do telhado

A forma do contraventamento depende principalmente das paredes, que


sustentam as tesouras, possuírem ou não resistência. Se a edificação resiste ,
somente à cobertura, necessita ser contraventada e em uma só direção, já que
como as forças horizontais, atuando no teto sobre a largura da construção, são
transferidas diretamente através dos pilares e vigas.

Já em uma construção tipo galpão, se entende que as paredes não são


disponíveis, ou não oferecem reistência lateral. Nestas condições o teto
necessitará ser contraventado em ambas as direções e as forças horizontais
devem ser dirigidas a uma parte resistente da construção, através de um
sistema de contraventamento.

8.2.1 - Edifício sólido com oitões em alvenaria

Se entende por edifício sólido toda construção com paredes que suportam as
tesouras. Os contraventamentos apontados são para alturas de até 1 2 m.
Deve -se fazer uma distinção dependendo da possibilidade de um oitão estável.

Neste caso, deve-se executar dois contraventamentos, como se mostra na


Figura 34.

Figura 34

56
O contraventamento (a) nas diagonais maiores se faz com peças de 1 "x 3"
unidas a cada diagonal com dois pregos. As duas peças de contraventamento
em uma tesoura devem correr em direções opostas.

O contraventamento (b) consiste de duas peças de 1 ,5" x 2"correndo ao longo


do comprimento da construção e apoiando-se nos oitões.

Devem ser fixados com dois pregos por tesouras.

As peças devem ser emendadas por superposição, ou através de conectores


adequados.

8.2.2 - Edifícios sólidos com tesouras de oitão

Em cada extremo da cobertura, se deve utilizar o contraventamento em"X" pelo


menos em quatro tesouras como se mostra na figura. Nessa zona cada diagonal
da tesoura deve ser contraventada com peças de 2,5 x 5,0 em. Se necessita,
além disso, uma peça de 11 /2" x 3" descendo diagonalmente da cumieira da
tesoura de oitão até encontrar o frechai, formando com este um ângulo de
+45'. Este contraventamento, se fixa na parte inferior do banzo superior.

Para o resto ou a parte interna se faz um contraventamento normal indicado nos


manuais de tesoura e a cada 6 m de comprimento de um edifício deve-se fazer
um contraventamento idêntico ao início e ao final de cobertura, normalmente em
quatro tesouras.

Figura 35

57
8.2.3- Edifícios sólidos com quatro águas

~ A parte final do telhado sistema quatro águas é auto suficiente em


contraventamento. A resistência lateral dos extremos da cobertura é dado neste
caso pela colocação de cavaletes e caibros conforme Figura 36.
Na zona central, entre as terminações, se deve utilizar o contraventamento
normal apontado no item 8.2.1.

Figura 36

8.2.4 - Ediffcio tipo galpão

Por isto se entende toda construção sem paredes, ou unicamente paredes sem
resistência lateral. Geralmente as construções rurais, depósitos, etc ...
O contraventamento nestes galpões é mais importante que nas construções
sólidas e as forças que deve suportar são mais altas. Portanto, em geral, o
contraventamento é uma parte custosa nestas construções.

Este contraventamento se realiza no plano do banzo superior das tesouras com


os quais forma uma treliça plana que se extende em obra ou a treliça plana
inteira pode ser pré-fabricada com treliça e ser instalada na obra de uma vez. As
diagonais cruzadas tem a a vantagem de trabalhar sempre em tração, podendo
ser utilizada uma espessura de 2,5 em. Para obter estabilidade em ambas
direções, as treliças planas deverão correr em torno do perímetro da construção.
No comprimento do edifício é bom manter a distância entre contraventamentos
transversais, menos que 1O m, portanto para construções de grande
comprimento é necessário três ou mais destes contraventamentos.

Se as treliças plans são colocadas no plano do banzo inferior, deve-se colocar


contraventamentos em "X"para grarantir a estabilidade do banzo superior.

Nos galpões abertos existe a possibilidade da inversão de esforços, portanto


deve ser previsto contraventamentos que evitam a flambagem do banzo inferior,
quando este estiver submetido a esforços de compressão.

58
q

Parede de Extremo

R R

w3 w,

-R
' '..... ,,, ,'
,
R

'", ,..--' f'


W4
;7 ' ,, ,. Wz.

"';._" \\
R R

H
(w 1 + wJ H! + (wz + w4) ~-

2
q = 2
qL
R = 2 /
/

Parede de Extremo

Figura 37 /

59
A treliça plana suporta uma carga uniforme igual a carga total de vento na
cobertura, mais a carga de vento sobre a metade da altura das paredes laterais,
se existirem. Esta treliça plana está sustentada pelas paredes dos extremos,
onde a reação é transferida aos pilares. O mesmo procedimento pode tomar-se
para o contraventamento transversal, carregado pela ação do vento nos oitões e
nas paredes frontal e de fundo.

Conforme já explicado que esta treliça transversal horizontal pode atuar como
ponto fixo para o contraventamento contra a flambagem das diagonais e será
NC
carregada por uma forca - .
. 50

Neste caso, a treliça plana deve ser projetada para a carga de vento ou para a
metade da carga de vento mais a força contra a flambagem, pegando-se a maior
das duas, porém em geral a carga de vento será crítica.

~
~
Acima
-~~Abaixo

-L_J l J

~ v [) K/ K/
" " "<
C>K~ <C>KC>K' ~
E
o
N

I)Kf'.v / C> K[>VI'. A

"" ...J

K"K1"-v <1"-v K
1'-..
l/ /
C>KD<~K>K,_~

Figura 38

óO
A estrutura inferior que transfere estas reações laterais podem ser de um dos
seguintes tipos:

1 - Colunas chumbadas em concreto. Neste caso se deve utilizar unicamente,


madeiras duras ou tratadas. Na base deve ser colocado um perfil de aço que
absorverá os momentos fletores (cantoneiras, perfil "H").

Figura 39

2 - Mãos francesas: oferecem uma forma de assegurar a conexão das tesouras


com os pilares e é realizado pregando-se uma peça de cada lado da tesoura.
Este método é particularmente utilizado quando o vão livre é bem maior que a
altura do galpão.

As mãos francesas são usadas em conjunto com contraventamento em"X" nos


painéis laterais do comprimento do galpão.

Figura 40

ól
3 - Um método prático e comumente utilizado em construções de madeira, é o
de considerar a estrutura como um pórtico de duas articulações e dar uma forma
de meias tesouras às colunas.

As tesouras devem encaixar-se entre duas destas meias tesouras e no


comprimento do edifício deverá ser utilizado contraventamento em "X" nos
pórticos.

+ 2 X

Figura 41

ó2
4- O método mais econômico é o de fazer contraventamento em "X" em ambas
as direções do galpão entre colunas adjacentes. Tem esta forma a desvantagem
de complicar o acesso à construção.

Estes contraventamentos podem ser repetidos várias vezes no comprimento do


edifício e se executa com peça de madeira de 2,5 em de espessura e para
estruturas mais importantes poderão ser utilizados vergalhões ou cabos de aço.

No caso em que se utilizam painéis pré-fabricados, este contraventamento pode


ser incorporado aos painéis.

Figura 42

Em todos estes métodos de contraventamento, se deve prestar especial atenção


a conexão tesoura contraventamento e coluna contraventamento e se utilizam
pregos, parafusos atarrachantes e parafusos com porcas.

Uma boa prática de engenharia é a de prover sempre colunas .de aço chumbadas
em blocos de concreto nos quatro cantos do galpão.

É lógico que um galpão fechado com paredes, sem resistência lateral, resultará
forças mais altas no contraventamento; que se o edifício estiver aberto.
Portanto, se o dono tem intenção de fechar o galpão no futuro, é necessário
projetar-se a estrutura de acordo com este fato. Caso contrário, o fechamento
deverá ser feito com paredes que possuam resistencia lateral.

ól
9. DESENHO DAS ESTRUTURAS DE MADEIRA

Este projeto de proposto pelo LaMEM com base nas pesquisas


desenvolvidas pelo Arq José Valdemar Gonçalves de Souza Dissertação
de Mestrado ·A Lmguagem Gráfica das Estruturas de Madeira' EESC/USP.
determina princípios a serem aplicados aos desenhos de execução de
estruturas de madeira.

Os desenhos de estruturas de madeira podem ser assumidos em três


categorias:

- Desenhos de Conjuntos
- Desenhos de Detalhes
- Desenhos de Montagem

Além dos símbolos gráficos, as representações aqui referidas dizem


respeito às linhas convencionais e aos códigos de designações,
constituídos de letras e algarismos. Também podem ser entendidas como
representações gráficas, todas as convenções e recursos gráficos aqui
recomendados.

O sistema de cotagem a ser adotado nos desenhos de Estruturas de


Madeira deverá seguir as recomendações da Norma Brasileira NBR 5984.

A unidade linear de medida fixada por esta Norma para os referidos


desenhos é o centímetro. Sempre que outra unidade for usada, deve-se
fazer a devida exceção, expressando-a pela abreviatura correspondente.

As escalas especificadas para essa prática deverão ser adotadas em função


dos tipos de desenhos e de acordo com cada caso. Deste modo,
recomenda-se o emprego das escalas seguintes:

-Desenho de Conjuntos: 1:50,1:10,1:100


-Desenhos de Detalhes: 1:1, 1:5, 1:10, 1:20
- Desenhos de Montagem (esquemas): sem escala, ou em escala
conveniente de acordo com a complexidade do problema.

DEFINIÇÕES

Para este trabalho, são adotadas as seguintes definições:

- Desenho de Conjunto: Usado para mostrar a estrutura no seu todo,


determinando como seus componentes se reunem entre si. Pode incluir
plantas, elevações e perfis, em vistas e seções ou cortes.

ó4
- Desenho de Detalhe: Usado para transmitir todas as informações
necessárias à execução e disposição de componentes. Pode incluir plantas,
elevações e perfis em vistas e seções ou cortes.

- Desenho de Montagem: Também chamado de Diagrma de Montagem, é


usado para mostrar a posição relativa de cada um dos componentes do
conjunto, de modo a permitir sua montagem. Inclui um esquema geral do
conjunto.

- Estrutura de Madeira: Conjunto das partes de uma construção de madeira


arranjadas e interligadas de forma a resistir ao peso próprio e às outras
solicitações externas.

- Repertório: Espécie de vocabulário. Todos os recursos de linguagem


conhecidos e utilizados pelo desenhista na confecção da mensagem, o
desenho.

REPERTÓRIO GRÁFICO UNEAR

As linhas deste repertório são identificados essencialmente por dois


aspéctos: a espessura e a forma.

As espessuras constam de três tipos de traços: o traço grosso, o traço


médio e o traço fino. Eas formas apresentam-se sob os seguintes tipos:

Linha Cheia

Linha Tracejada

Linha Traço-ponto --· --·--


Linha Traço-2 pontos --··--··--
Linha à mão livre

Linha em zig-zag

As diferentes espessuras das linhas atuam como fatores de grande


influência para a clareza do desenho.

A adoção de determinadas espessuras de linhas vai depender sempre e


principalmente das seguintes considerações: o propósito do desenho, seu
tamanho, a escala utilizada, o método de reprodução e o instrumento de
traçado, se à lápis ou à tinta. Uma vez escolhidas as espessuras, estas
devem ser mantidas para todos os desenhos de uma prancha.

ó5
Essas considerações, de acordo com experiências e resultados que se têm
observado, apresentam melhor efeito quando mantém entre si uma
progressão aritmética de razão 0,2. Para a maioria dos casos, duas séries
de traços têm sido suficientes ao esclarecimento dos desenhos:

O, 1 : 0,3 : 0,5 e 0,3 : 0,5 : O, 7 - quando feitos à tinta


0,3 (H) : 0,5 (HB) : O, 7 (8) e 0,5 (F) : 0,7 (HB) : 0,9 (B) - quando feitos à
lápis

Quanto às aplicações das linhas, segundo suas formas e espessuras,


recomenda-se adoção da Tabela 16, em acordo com a ISO 1 28.1982 {E), a
DIN 1356 - 744 e a NBR 5984, conforme referências.

NORMAS TIPOS DE LINHAS APLICAÇOES MAIS IMPORTANTES


DIN linha cheia grossa Contorno de superfícies cortadas

DIN Arestas visíveis, contorno de superfícies


linha cheia média cortadas estreitas ou pequenas, setas,
números de cotas, designações e
observações.
ISO linha cheia fina Linhas de cota e de chamadas, linhas de
--- referência, hachuras, seções traçadas na
própria vista e linha de centro
DIN/ISO linha tracejada média
Linha de aresta invisível

ISO linha traço-ponto Fina Linha de centro e eixo de simetria e


-- ·--·-- trajetórias
ISO linha traço-ponto fina, grossa nos
terminais e nas mudan~----
~-----
de direções
I
I
Caracterização de planos de cortes
--------

ISO Contorno de partes adjacentes,


linha traço dois pontos (fina) posições extrema e alternativa de
partes móveis, linha centroidal ou
linha de trabalho, contorno
--··--··-- original (planificado) de partes
dobradas, projeções de partes
situadas sobre ou antes do plano
de cortes.
ABNT linha em zig-zag (fina)
---~v
t --- Linha de grandes rupturas

Linha de pequenas rupturas e


ABNT
linha à mão livre (média) limites de vistas e seções parciais
-----...- ou interrompidas, se estes não
coincidirem com a linha traço-
ponto.
Tabela 16 - Repertório Gráfico Linear

óó
REPERTÓRIO GRÁFICO SiMBÓLICO

Os símbolos constantes deste repertório foram divididos em três partes, quais sejam:

- Símbolos para peças de madeira


- Símbolos para elementos de ligação
- Símbolos complementares

Símbolos para peças de Madeira

Os símbolos aqui apresentados foram ordenados de modo a satisfazerem as principais


formas de representação de uma peça de madeira ( uma viga, por exemplo). Essas
formas dizem respeito às representações em 'vistas'e em seções, ou cortes - em
elevação, planta e perfil - e nas direções transversal e longitudinal e longitudinal,
Figura 43.

MADEIRA REPRESENTAÇÕES

VISTAS CORTES E SECÇÕES

ELEVA<tÃO E OU PLANTA PERFIL !TÔPO) TRANSVERSAL LONGITUDINAL

I (1)
~ ( 2)
~( 3)
Wd~ ( 4)

Figura 43

Símbolos para elementos de ligação

Neste repertório, os símbolos foram organizados segundo as Figuras 44 e 45, onde se


resumem os principais elementos de ligação.

Como indispensáveis à utilização deste repertório, devem ser observadas as seguintes


considerações:

- quando as designações, especificações e referências forem indicadas sobre os


símbolos em elevação, ou em perfil não se deve repeti-las sobre os símbolos em
planta, e vice-versa.

ó7
- os símbolos indicados em planta, elevação e perfil não devem ser utilizados
necessariamente como apresentados. Estes vão depender também de suas posições na
ligação e não só da projeção desta. Assim, numa projeção horizontal da ligação, o
elemento de ligação poderá estar tanto em elevação como em planta, dependendo de
sua posição nesta.

- estes símbolos, por serem parte das ligações, devem ser usados também nos
desenhos de detalhes e não somente nos desenhos de escalas pequenas (como os
desenhos de conjunto e de montagem), mesmo que sejam filiformes, como os
símbolos de parafusos, cavilhas e pregos, por exemplo.
EM ELEVAÇÃO E PERFIL EM PLANTA OBSERVAÇOES

UGAÇOES COM PREGOS


' I
•O SIMBOLO DEVERA TER

:-t+-+-r
SEU COMPRIMENTO

7 ~ APROX. EM ESCALA

:-t++, Pg- PREGO


PB- 58= ESPECIFIC.
DE NORMA (ABNT l

:tt -t+
tU'~-" I i++++
IDEM OBS. ACIMA

Ii
8Pg55x34 PB-58/

:+-t t-t
;+++f-
IDEM OBS. ACIMA

B Pg 55x34 PB-58/

11 11
LIGAÇOES COM PARAFUSOS TIREFOND E DE ROSCA SOBERBA

T3,5x 30 OIN 95- MS Pf T3,5x30 DIN 95- MS • O SÍMBOLO DEVERÁ TER


I

t f t~~~
SEU COMPRIMENTO
APROX. EM ESCALA
Pf T- PARAF. TIREFOND

I------17 PfS- PARA F ROSCA


SOBERBA
DIN 95 MS= ESPECIFIC.

S3x20 OIN 95- St / DE NORMA.


Pf 53 x20 OIN 95- SI

LIGAÇOES COM PARAFUSOS PASSANTE


M 12 • 130 DIN 933 M 12 xl30 DIN 933 PfP,I\hl30 DIN S33 PfP,Mx130 DIN 933 o O SÍMBOLO DEVERÁ TER

/ / I SEU COMPRIMENTO
APROX. EM ESCALA

Pf P- PARAF PASSANTE
M -ROSCA MÉTRICA
LP- LADO POSTERIOR
DIN933, DIN 934 t 433 =
I '\M 12 DIN 934 ( LP) (Lf'l
13 DIN 433
Lê_ OIN 433 M 12 DIN 934 M 12 DIN934
ESPECIFIC. NORMA

UGAÇOES COM PARAFUSOS PRISIONEIRO


M 12 x 130 DIN 932 Pf Pr M 12xl50 DIN 933
./ ·""- IDEM OBS. ACIMA

+ ~ \
-+- Pf Pr-PARAF PASSANTE

-~~13 DIN 433 ( LP )\


13 DIN 433
Al2 DIN S34
M 12 DIN 934

Figura 44

1)9
EM ELEVAÇÃO E PERFIL EM PLANTA O BSERVAÇOES

LIGAÇÕES COM CAVILHAS


10ai20-PR 10a50-PR 10ai20-PR 10x50-PR eO SÍMBOLO DEVERÁ

EB 3Q [!} TER SEU COMPR1114ENTO

~
;!'"" \ t APROX. EM ESCALA

•O C014PR. REF,ERIOO

,_.•• .•.•• ·-'1


IMEIOl
.•. ,•.. j
ILP)
DA CAVILHA E O UTIL.
LA LADO ANTERIOR
PR-PEROBA ROSA

LIGAÇÕES COM TARUGOS


40aaOai20-EC 40 • ao • 120- EC

(I) I3l
:" -r ~ -~-3-l- "'OS Sii.IBOLOS SÃO
DESENHADOS EM
ESCALA

1-H-1-lW /
foo+50l 40ai20-Ip R ~OaaOai20-PR
lpR-IPÊ ROXO
EC-EUCALIPTO
PR- PEROBA ROSA

LIGAÇÕES COM ADESIVOS


120al60- Res. Epoxl
o 120 :.160: ÁREA DE
120 • 160 - Res. Epo:.l
COLA I ADESIVO l

I
f[J [IJ1 t j I f • SÍMBOLOS DESENHADOS
EM ESCALA

LIGAÇÕES COM ANÉIS


I I) ANEL COMUM

.lE --0
li) (2) I3I li I (2I ( 3)
I 1 121 ANEL PARTIDO

~ -w~ ~
13) ANEL TIPO"BULLDOG'
;.-
~ ~.
• SIM BOLOS DESENHADOS
EM ESCALA APROX.

kal~
Sh- SCHEDULE
;{.155 Sh 40 Sh 40 BULLDOG a" 'J..xl55 Sh40 x.~l55 X S h 40 /euLLDOG e" ANSI 8.36.10 -
ANSU!1.36.10 ANSI.8.36. 10 ANS1.8. 36.10 ANSI. 8.36. 10 ESPECIFIC. MATERIAL

LIGAÇÕES COM CHAPII\S- PREGOS


o A AREA DA CHAPA
1,23 a 107 • 238 - TIPO I, 23 xl07x 238- TIPO
SERÁ DESENHADA EM
\ I

f IFiiiliilli t ESCALA, NAS OS


PREGOS NÃO
• A QUANT. DE PREGOS
A INDICA'R É APENAS
SIMIIÓLICA

I VISTA SUPERIOR I

1r_____.l~l~!l~l~l,wr~'•'•'----+~ !tt:tt:
+++I+++
IDEIII OBS. ACIIIIA

/1,23• 107a23B-TiPO
).23• 107x 23a- TIPO

1f---~::~:::1: :~:::____,f
IDEM OBS. ACIMA

\ 1,23ai07•23B- TiPO 1,23xl07• 23a- TIPO

Figura 45

70
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64
4 ~
Pf2 I §
: IIP I! I :
"'
~~ -
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Q
Q.
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I !13- =
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-++-+ -t + ,. ~
I!o .js~si 10 .1 32
-+
i "'I ~.
Q

DET. A e B EMENDA DOS BANZOS SUPERIOR E INFRIOR


1
~~=-~~~2o~o ____~~--~2~oo~--~~~-----~2~2~~--~-1-
~--------~4~=o------------~------~so~o~--------
1600

NÓ 8
ESQUEMA GERAL DA TRELIÇA t

~NÓ9 SEÇÁO A
I

41A
DETALHES DOS NÓS DE LIGAÇAO DA TESOURA
PIZ /~
~I
I
I

c I
~
SEÇÃO BB

::;1
~
j;l ..!.. z
T
3
T
4
T T
5
r~ T
7 8

T T
9 11

T DET. CONTRAVENTAMENTO VERTICAL


""'
-...1

c CVVZ·X c
---

c CvVI·X c

+ I
~
IQ X 300 : 30,00
1-
ESQUEMA GERAL DOS CONTRAVENTAMENTOS VERTICAIS DET EMENDAS DAS TERÇAS
APOIO APOIO
MÓVEL FIXO
•.

PILAR ..
/

DET. liGAÇÃO DA TRELIÇA NO PILAR

Figura 48
Lista de Material

SÍWBOLOS E ABREVIATURAS
~

)I( !---- - PIII!GO @ - A CACA

+ t-- - NJIIAI'USO DI! ROSCA 50611!11!!lA e - CORRENTE

+ 1---+ - I>AIIAFUSO II'IIIISIONEIRD COI.I PORCA


C vil - CONTRAIIENTAYENTO VERTICAL

D - OIAIIONAL
+·--t- - liXO DE SIWIETIIIIA
-
i" f I>AIIIAII'USO

~=~ - "' -
I>IIIEGO
WAOI!IRA EM COIIITE
I' - TESOURA

UNIDADE DE MEDI DA .LINEAR CONVENCIONADA MILÍMETRO


C· CORRENTES
-- - ----
DIAiõONAIS IDI + 021

AIIIRUEI.A LISA AÇO


.
PEROI!A/SII41LAR

CARBONO
.
SO zi<!Oa 3000

60 &120 1.3700+3100)

e 1
111

24

2048
."
M
0.42

0.1111

PORCA SIEXTAII. • ,. -e 2048


"
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OIAEITOS AUTORAIS
PROJETO RESERVADOS AO
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COBERTURA
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LABORATOR!ODE MADEIRAS E DE ESTRUTURAS DE MADEIRA
ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS- USP
PROJETO N9 DESENHO N9

ALMOXARIFADO Cb. -USP/04-83 c, o- 03


CLIENTE. DES. J.W.G.S '~-~/83
FUNDUSP
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DESENHO: VERIF. zo '1zLe3
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APROV i~0/12 '83
CONJUNTO E DETALHES
ESCALAS:
INDICADAS

74
1 O. DETERIORAÇÃO BIOLÓGICA DA MADEIRA

A madeira é constituída principalmente por celulose, hemicelulose e lignina.

Há diversos organismos que destroem a madeira como alimentação e ou abrigo.


São eles:

1-fungos apodrecedores
2-insetos xilófagos
3-furadores marinhos

1-Fungos apodrecedores e apodrecimento

O apodrecimento é o processo de decomposição da madeira pelo ataque de


fungos apodrecedores.

Os fungos apodrecedores são vegetais microscop1cos desprovidos de clorofila,


são parasitas e incapazes de sintetizar seu próprio alimento devendo ter material
orgânico já preparado para sua disposição, que encontram, nos produtos
armazenados nas cavidades celulares da madeira ou nas substâncias que
compõem as paredes da célula.

Para ocorrer apodrecimento é preciso que haja as seguintes condições: umidade,


oxigênio e temperatura.

A umidade é de grande importância para as reações químicas características ao


metabolismo do fungo. Os fungos desenvolvem a celulose e a lignina, que em
solução são absorvidos diretamente por eles e para que se processe esta
absorção é necessário que haja umidade na madeira. O teor de umidade deve
ser superior a 20%, sem chegar a saturação por imersão.A quantidade
necessária de oxigênio é de pelo menos 20% de ar nas cavidades celulares para
sua respiração. Saturando-se a madeira com água, o ar sai, desaparecendo as
condições de desenvolvimento de fungos.A temperatura influi nas reações
químicas, e sua faixa ideal para desenvolvimento é de 25o C a 30o C .

Existem cinco tipos de fungos apodrecedores, a saber:

a) Fungos de podridão branca: atacam principalmente a iignina, deixando a


madeira esbranquiçada, perdendo peso e resistência, e fazem parte dos
basidiomicetos.

b) Fungos de podridão parda: atacam celulose e hemicelulose deixando a


madeira parda com rachaduras perpendiculares ao longo das fibras, perdendo
peso e resistência, e fazem parte dos basidiomicetos.

c) Fungos de podridão mole: atacam a superfície da madeira até uma


profundidade de 20mm deixando a madeira , quando úmida, mole, e ao secar

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apresenta cor escura, com várias fissuras, perdendo peso e resistência, e fazem
parte dos ascomicetos.

d) Fungos manchadores: atacam o amido e açúcares presentes no lúmen das


células deixando manchas na madeira devidas aos pigmentos liberados pelo
fungo, não perdendo peso nem resistência, e fazem partem dos ascomicetos.

e) Fungos emboloradores: embolaram a superfície da madeira devido à produção


de esporos, possuem aspecto algodoado, cuja coloração varia de branco ao
preto, e fazem parte dos ascomicetos.

2 - Insetos xilófagos

Os tipos de insetos xilófagos são: cupins ou térmites, formigas e brocas ou


carunchos.

a) - Os cupins são insetos de ordem dos isópteros, vivem em colônias e são


insetos sociais, são lucífagos, isto é, vivem em locais sem luz, e atacam a
madeira internamente.

Só efetuam a digestão da madeira com auxílio de protozoários que vivem nos


seus intestinos . Podem ser dividas em três grupos, a saber:

- Cupins de solo ou subterrâneo: vivem em zonas de clima temperado, fazendo


sua residência no solo e então constroem galerias até o local onde está a
madeira, necessitam de elevada umidade para viver, pois seu corpo não possui
revestimento de quintina e perde água quando exposto ao ar seco. Podem
construir caminhos de argila em forma de tubo nos quais as condições de
umidade são mantidas e assim atacarem estruturas de madeira que não se
encontram em contato com o solo.

- Cupins de madeira úmida: atacam a madeira úmida com IniCIO de


apodrecimento; depois podem estender para peças não atacadas por fungos.

- Cupim de madeira seca: vivem em regiões de clima quente, áreas sub-tropicais


e tropicais. Agem sobre a madeira seca, pois suas necessidades de água são
extremamente baixas. Encontram-se também em madeira com baixo teor de
umidade 6 a 20% (móveis, portas, etc).

b) - Formigas: atacam escavando as partes apodrecidas e então estendem-se


para outras áreas. Buscam abrigo e não se alimentam de madeira. Com o
aumento da colônia, aumenta o ataque e após alguns anos a peça se torna
inutilizada.

c) - Brocas ou Carunchos: são nomes genéricos dados a uma quantidade muito


grande de larvas e insetos adultos da ordem dos coleópteros que atacam
madeira verde ou seca.


3 - Furadores Marinhos - Xilófagos Marinhos

Há vários moluscos e crustáceos que atacam madeira em contato com a água


do mar ou salgada. O Brasil está muito pouco desenvolvido na tecnologia de
preservação de madeiras contra os xilófagos marinhos; há atualmente em vários
países intensa pesquisa para desenvolver tratamentos resistentes a estes
organismos.

TRATAMENTO PRESERVATIVO

Preservativos são substâncias qU1m1cas que aplicadas à madeira tornam-a


resistente ao ataque de fungos, insetos e brocas marinhas. Devem possuir as
seguintes características: boa toxidez, alta permanência, não se decompor nem
se alterar, não ter ação corrosiva, não alterar as propriedades físicas e
mecânicas da madeira e ser inodoro e inofensivo ao homem e aos animais.

Os preservativos classificam-se em dois tipos, a saber:

a) Oleosos: o veículo usado para impregnação, é um óleo com ação preservativa


(subprodutos da hulha e algumas frações de petróleo).

b) Hidrossolúveis: são sais preservativos, e o veículo usado para impregnação é


a água.

Os fatores que afetam o tratamento são o tipo de preservativo e o modo de


aplicação (pressão, temperatura e tempo de impregnação).

a) pressão: quanto maior a pressão, maior impregnação (mais profunda). No


máximo 18 kgf/cm2 (médio de 13 kgf/cm2).

b} temperatura: esta diminue a viscosidade do óleo e altera a permeabilidade da


madeira. Deve ser de 1 00 o C a 11 Oo C para preservativos oleosos.

c) tempo: quanto maior o tempo, maior a retenção do preservativo.


Métodos de tratamento: difusão, substituição de seiva, banho quente-frio e
pressão (células cheia e células vazias).

a) Difusão: é o deslocamento espontâneo de uma substância através de um


determinado meio, de uma zona de potencial químico elevado para uma de
potencial químico mais baixo, ocorre a migração de íons da solução para o
interior da madeira, até que se estabeleça o equilíbrio das concentrações dentro
e fora da madeira. Necessita de elevado teor de umidade (até 3 dias após o
corte).

Aplica-se a difusão das seguintes formas:

- com broxas: faz-se a retirada da casca e do câmbio, aplica-se o preservativo


com broxas, empilha-se as peças tratadas e empacota-se com lona ou plástico.

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- por imersão: faz-se a imersão das peças na solução preservativa e empilha-se
as peças tratadas.

- com bandagens: recomendada para recuperação de pilares cuja base junto ao


solo, foi atacada por fungos: deve-se escavar o solo em volta da coluna, até 90
em de profundidade. Limpar e remover a madeira deteriorada, aplica-se o
preservativo na faixa de 1 5 em acima e 50 em abaixo da linha de afloramento,
envolver a faixa tratada com bandagem e pregar a extremidade final da
bandagem à coluna, reaterrando a escavação e compactando firmemente o solo.

b) Substituição de Seiva (Hidrossolúvel): o processo se realiza por difusão e


capilaridade, tomando-se peças roliças, descascadas e com elevado teor de
umidade. Provoca-se a substituição de seiva por uma solução preservativa
hidrossolúvel, colocando-se em solução de 5% em peso, até altura de 40cm. As
peças são colocadas na posição vertical, base imersa na solução, em local
abrigado de chuva e de boa ventilação. A medida que evapora a água da seiva,
a solução penetra por difusão e capilaridade.

c) Processo Banho Quente-Frio: a madeira deve ser seca e o preservativo


utilizado deve ser do tipo oleoso. São necessários dois recipientes, sendo um
para banho quente (90 a 11QoC) e um para banho frio (temperatura ambiente).
Inicia-se o processo primeiro com o banho quente, até a madeira entrar em
equilíbrio térmico com a solução, causa expulsão e expulsão parcial do ar das
células da madeira, alé.m de baixa a viscosidade do óleo, o segundo processo é
o banho frio. O ar remanescente se contrai, e ocorre a absorção do líquido
preservativo.

d) Processos sob Pressão (Auto-Claves): utilizado em duas circunstâncias

- Célula Cheia: provoca-se um vácuo inicial com a retirada de ar das células


(600 a 630 mm Hg - 30 a 60'), e a pressão de 9300 mm Hg (180 psi = 12,6
Kgf/cm 2 ) sendo o tempo, função da permeabilidade da madeira, realiza um
vácuo final de curta duração, para retirar o excesso de preservativo.

-Célula Cheia (sem vácuo).

Pressão (mm Hg) Pressão (mmHg)

Aplicação do Preservativo

tempo(h) tempo(h)
760
retirada do ar retirada do excesso
de preservativo

7R
Tabela de preservativos

Preserv11tivo Classificação Veículos Nomes Comerciais Tratamentos Combates


Creosoto Frações de Pressão,processo de Fungos, cupins e
oleoso Petróleo Creosoto célula cheia ou célula Brocas marinhas
. vazia
G az liquefeito Pressão, processo de Fungos, cupins e
Alcatrão e Hulha oleoso de petróleo Celon célula cheia ou vazia Brocas marinhas
Solvente
Pentacloro Peno I oleoso orgânico, Gilopen- 01 Banho quente-frio Difusão Fungos e insetos
petróleo bruto Doncido- 7 (imersão)
ou óleo diesel
Solvente
Pentacloro feno! orgânico, lmpreghatol Banho quente-frio -
com adição de oleoso petróleo bruto Perfox Difusão (imersão ou Fungos e insetos
fixadores e ou oleo diesel Xylophene broxas)
repelentes a água Xilotox
Pressão, células cheias e
vazia
Quinolinolato de derivados de Osmose K-8 Difusão (imersão ou Fungos
cobre solubilizado oleoso petróleo broxas)
Banho quente-frio
Pressão, células cheias e
Cromato de Hidrossolúvel Água vazia Fungos e insetos
cobre ácido Banho quente-frio
(ACC)

Arseniato de Pressão, célula cheia e Fungos e insetos


cobre cromatado Hidrossolúvel Água Erdalíth vazia
tipo A Difusão (imersão)
Arseniato de~ Pressão, célula cheia e
cobre cromatad Hidrossolúvel Água Boliden vazia Fungos e insetos
tipo B Difusão (imersão)
Arseniato de Pressão, célula cheia e
cobre cromatado Hidrossolúvel Água Tanalith vazia Fungos e insetos
tipo C Difusão (imersão)
Feno! arseniato Pressão, célua cheia e
de Flúor - cromo - Hidrossolúvel Água Osmosar vazia Fungos e insetos
tipo B Difusão (imersão ou
broxas)
Pentaclorofe-nato Pressão, célula cheia e Fungos
de sódio Hidrossolúvel Água vazia manchadores e
Difusão (imersão ou bolores
broxas)
Pentaclorofe-nol Hidrossolúvel Agua Osmose AP Difusão (imersão) Fungos
e fluoreto
Pentaclorofe-nol,
sais osmose e Hidrossolúvel Água Osmocreo Difusão (bandagem) Fungos e cupim
creosotado subterrâneo
Creosoto Difusão (broxa ou
reforçado com Hidrossolúvel Água Carbolineum imersão) Fungos e insetos
outros inseticidas osmose reforçado Banho quente-frio

Aditivo do
Osmotox para Hidrossolúvel Água Osmose L-20 Pressão, célula cheia e Fungos, insetos
combate a brocas vazia e brocas
marinhas Difusão (imersão) marinhas

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