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Escola superior de Tecnologia e Gestão

Engenharia Civil – 2ºano

Métodos e Tecnologias da Construção

Reabilitação de Coberturas: Utilização de Subtelha

Docente: Eng.º José Miguel Cardoso

Paulo Almeida Nº 6864

João Pedro Silveira Nº 12616

Janeiro-2011
Índice

Introdução

Principais termos/conceitos relacionados com as coberturas inclinadas

Componentes da estrutura principal e secundária da cobertura

Conhecimentos a ter antes de intervir

Aplicação

Acessórios

Vantagens e desvantagens

Conclusão
Introdução

A reabilitação de edifícios antigos tem vindo a crescer nos últimos anos, pelo que novos
materiais, técnicas de construção e melhoramento das condições de recuperação dos
mesmos têm vindo a ser desenvolvidos.
Um desses materiais que tem ganho posição no campo das reabilitações é a subtelha,
não só pelas suas diversificadas aplicações mas também por vários outros motivos, um
dos quais, o custo não muito elevado.
Neste trabalho iremos abordar diversos aspectos relativos à subtelha, desde as suas
características, aplicações, diferentes tipos e quais as suas vantagens e desvantagens.
Principais termos/conceitos relacionados com as coberturas inclinadas

Definição dos termos:

1. Empena: Superfície triangular de parede que limita lateralmente uma


cobertura
2. Beiral: Beira no final da vertente saliente da parede exterior, executada
com a própria telha
3. Beirado: Beira no final da vertente saliente da parede exterior, executada
com peças acessórias, capa e bica
4. Laró: Intersecção lateral de duas vertentes, formando um ângulo
reentrante
5. Rincão: Intersecção lateral de duas vertentes, formando um ângulo saliente
6. Cumeeira: Intersecção superior, geralmente horizontal, de duas vertentes
opostas, formando um ângulo saliente
7. Tacaniça: Vertente secundária, triangular, numa cobertura de quatro águas
8. Água mestra: Vertente Principal, geralmente trapezoidal, numa cobertura
de 4 águas
9. Remate de parede ou bordo superior: Aresta que limita superiormente
uma vertente, correspondendo no geral à intersecção com uma parede
emergente (remate) ou não (bordo)
10. Remate, empena ou bordo lateral: Aresta que limita lateralmente uma
vertente, correspondendo no geral, à intersecção com uma parede ou não
11. Remate de chaminé: Encontro com uma estrutura saliente (chaminé)
12. Chaminé de ventilação: Encontro com tubos de ventilação
13. Clarabóia: Zona translúcida da cobertura ou janela de sótão
14. Quebra (mansarda): Aresta de intersecção, geralmente horizontal, de duas
vertentes do mesmo sentido e diferentes inclinações, formando um ângulo
saliente de uma ou duas águas

15. Quebra (contrapeito): Aresta de intersecção, geralmente horizontal, de


duas vertentes do mesmo sentido e diferentes inclinações, formando um
ângulo reentrante
16. Cimalha: Espaço exterior e inferior da vertente, saliente em relação ao
coroamento de uma parede.

Componentes da estrutura principal e secundária da cobertura

Asna: Treliça de madeira, metálica ou mista, que serve de apoio à estrutura


secundária.
Madre: Peça da estrutura principal da cobertura, disposta perpendicularmente
à linha de maior declive da vertente, em que apoia directamente o varedo e
que transmite o esforço à estrutura principal da cobertura.
Varas: Peça da estrutura secundária da cobertura, disposta segundo a linha de
maior declive da vertente em que geralmente apoia o ripado.
Forro: Elemento contínuo que forra interiormente a cobertura, acompanhando
a vertente, colocado entre a estrutura principal e secundária da cobertura, ou
imediatamente abaixo desta.
Contra-ripado: Peça da estrutura secundária, disposta sob o ripado, segundo a
linha de maior declive da vertente, em que se apoiam os elementos do
revestimento.
Ripado: Conjunto das ripas de uma cobertura.
7. Tábua de barbate: Peça da estrutura secundária da cobertura, que substitui o
ripado na beira da cobertura, para manter a pendente da fiada de telhas da
beira. A tábua de barbate é muitas vezes substituída por uma ripa dupla.
8. Frechal: Peça da estrutura secundária da cobertura, correspondente a uma
madre que apoia na parede resistente e recebe e distribui esforços
transmitidos pelo varedo.

Conhecimentos a ter antes de intervir

Depois de mencionar alguns dos principais termos a ter em mente quando falamos de
coberturas inclinadas passamos agora a abordar outro assunto tambem muito
importante, os conhecimentos a ter antes de aplicar a nossa solução.

Sempre que pretendermos intervir numa cobertura, para podermos escolher a solução
mais adequada para o nosso caso, torna-se muito importante fazer o levantamento
exaustivo do que já existe ou do que se pretende realizar (em caso de necessidade de
remoção do existente ou de reabilitação do mesmo) na cobertura.

Para tal é necessário saber: o tipo de estrutura de apoio (madeira, metálica ou de betão);
continuidade ou descontinuidade da mesma (base contínua e base descontínua); tipo de
telha (fibrobetuminosa, fibrocimento e cerâmica) e seu estado de conservação (telha de
canudo, telha lusa e telha marselha); verificação da necessidade de isolamento térmico,
tipo e respectiva espessura do mesmo (de acordo com o RCCTE – Regulamento das
Características de Comportamento Térmico dos Edifícios).

Só depois de efectuado este levantamento, será possível


quantificar detalhadamente os materiais e respectivos acessórios necessários. A não
quantificação ou quantificação incorrecta desses acessórios, poderá inviabilizar a
correcta aplicação dos sistemas ou seu adequado funcionamento futuro, levando
muitas vezes a gastos em material desnecessários, dado que não sendo bem aplicados,
os sistemas pura e simplesmente não funcionam.

Observação: Sempre que se pretender obter um orçamento para a reabilitação de uma


determinada cobertura, devemos certificar-nos que a empresa que consultamos, é
qualificada para o trabalho em causa e que equacionou um sistema completo
(incluindo todos os acessórios recomendados) e não apenas parte dele. Infelizmente, é
muito frequente, adjudicarem-se obras, apenas pelo valor mais baixo, não olhando
para as mais-valias das diferentes soluções técnicas apresentadas.

Algumas imagens dos conhecimentos a ter em atenção.

(base descontínua) (telha de canudo)

(telha marselha) (telha lusa nova e usada)


(colocação de barreira para vápor + isolamento térmico)

Aplicação da Subtelha

A aplicação da subtelha depende de fabricante para fabricante e deve aplicar-se de


acordo com as regras dos mesmos. Apresentamos aqui a aplicação da subtelha
onduline. As placas de subtelha Onduline são fibrobetuminosas. Estas placas, têm como
principal objectivo garantir a total estanquidade às infiltrações de água em coberturas
inclinadas tradicionais. Como qualquer outro sistema, o sistema de subtelha, quando
correctamente aplicado, será, por si só, um sistema durável e capaz de impedir toda e
qualquer infiltração na cobertura. Podem ser aplicadas sobre qualquer tipo de estrutura
sejam elas de madeira, metálicas, betão, contínuas ou descontínuas. No entanto como
são placas fléxiveis, estas são sempre consideradas como elementos não estruturais.
Como tal, caso se trate de uma estrutura descontínua, a distância entre eixos das ripas
que irão servir de apoio às placas de subtelha, deverão estar à mesma bitola da telha
cerâmica que irá ser colocada por cima daquelas. Para facilitar a deslocação dos
operários sobre as placas, recomenda-se a colocação de estrados de madeira ou
poliestireno sobre as mesmas, de forma a permitir uma maior distribuição do peso.
Disposição das placas de subtelha ao longo da cobertura

As placas deverão ser aplicadas do beirado para o cume, com junta desencontrada. A
face vermelha virada para cima e a face negra para baixo. A sobreposição das placas
deverá ser pelo menos de 15 cm no sentido da pendente e de 1 onda lateralmente. No
caso de se tratar de uma zona muito ventosa ou exposta deverá sobrepor-se 2 ondas.
As placas aceitam inclinações muito reduzidas, não podendo ser nunca inferiores a 10 %
(Aprox. 5.7 o). Para inclinações compreendidas entre os 10 e os 15 %, deverão
sobrepor-se 2 ondas lateralmente e 20 cm lngitudinalmente. Para inclinações superiores,
bastará uma sobreposição de 15 cm e 1 onda lateral.

Fixação das placas


Como foi referido anteriormente as placas de subtelha são flexíveis. Esta
característica é fundamental para permitir a adaptação das placas de subtelha às
estruturas, muito em particular em obras de reabilitação. Caso as placas fossem muito
rígidas, não se conseguiria esta fácil adaptação, tendo mesmo de se alterar a estrutura
da cobertura, de forma a retirar todos os eventuais empenos da mesma.
É importante fixar as placas de forma conveniente, de maneira a
permitir que estas não se deformem, não deslizem ao longo da cobertura quando
sujeitas ao peso da telha ou outros esforços (como vento, chuva e neve) e facilitem a
deslocação de operários sobre as mesmas. Quantas mais fixações tiverem as placas,
maior será a resistência das mesmas ao esmagamento. As fixações mais correntes para
aplicar em subtelha são: prego autofixante para o betão, parafuso standard para madeira,
prego espiral para madeira, grampos de alumínio, entre outros.
Acessórios de subtelha

- Placas de Poliéster
As placas de poliéster aplicam-se em conjunto com as placas de subtelha e servem para
realizar entradas de luz.

- Ventilador
O ventilador se subtelha serve para realizar a ventilação do telhado. Deve ser utilizado
um ventilador por cada 30m2 e aplicados em W.

- Pente Ventilador
Colocado no beirado entre a subtelha e a telha cerâmica, tem como objectivo evitar a
entrada de animais.
-Fita asfáltica auto-adesiva
Poderá ser utilizada em todos os remates necessários e em pontos singulares das
coberturas.
As superfícies deverão estar secas e desprovidas de pó ou outro tipo de sujidade. Em
situações em que a aplicação tenha de ser efectuada a temperaturas baixas (<10⁰ C) ou
quando for colada a superfícies não betuminosas a sua adesão poderá ser menor, pelo
que deverá ser utilizado um primário betuminoso, isto para as placas de subtelha
fibrobetuminosas.

-Fita metálica
Esta fita foi especificamente desenvolvida para rematar as placas de subtelha na zona do
beirado. A sua utilização permite ocultar a subtelha, sem no entanto retirar a eficácia do
sistema, dado que toda a água proveniente da subtelha, escoará naturalmente pela telha
cerâmica de beirado. Tem ainda a particularidade de ser metálica, sendo bastante
resistente mecanicamente, conta ainda com pré-dobras que facilitam a adaptação da fita
aos vários planos de inclinação da cobertura e ao desenvolvimento da telha de beirado.
Vantagens da Subtelha

- Não são necessárias inclinações elevadas

As coberturas revestidas a telha podem ser projectadas com inclinações bastante


reduzidas (desde 10%). A utilização de uma subtelha eficaz permite reduzir a inclinação
da cobertura, pois a água que possa ultrapassar o revestimento cerâmico nas suas
sobreposições, com a conjugação do vento e da chuva, será canalizada pela subtelha
para a rede de águas pluviais.
Esta solução permite em alguns casos, que no edifício, se ganhe mais um piso habitável.

- Impermeabilização

Serve de protecção para quando as telhas se movem ou se partem, também


impermeabiliza a cobertura contra a água que forçada pelos ventos se possa infiltrar
pelas telhas.
- Ventilação

Permite a circulação de ar contínuo entre os vários elementos do telhado evitando as


condensações e assegurando maior durabilidade dos materiais.

- Flexibilidade

Adaptável a todo o tipo de estruturas, a flexibilidade das placas de subtelha permite a


absorção das dilatações e contrações transmitidas pela estrutura.

- Poupança de mão-de-obra

No assentamento das telhas de canudo a ondulação da placa de subtelha predetermina a


distância exacta entre as telhas, reduzindo o tempo de aplicação das mesmas.
- Leveza
Não adiciona peso relevante à cobertura e à estrutura. Fácil de armazenar, transportar e
aplicar.

- Aplicação sob qualquer tipo de estrutura


As placas de subtelha podem ser aplicadas sobre qualquer tipo de estrutura, seja ela de
madeira, metálica ou betão, contínua ou descontínua.

Estrutura de madeira Estrutura metálica Estrutura de betão

Estrutura contínua Estrutura descontínua


- Compatibilidade
Devido à existência de diferentes modelos de subtelha, estas são compatíveis com os
diversos tipos de telhas, isto é um importante facto quando se pretende manter um traço
antigo em reparações de edifícios históricos, dado que se poderá aproveitar as telhas que
apresentem condições razoáveis.
Desvantagens da subtelha

- Necessidade de dois ripados


Exceptuando a telha de canudo, caso se opte pela subtelha, existe a necessidade de um
segundo ripado, o normal onde irá assentar a placa de subtelha e um outro sobre esta
que servirá para apoiar as telhas.

- Incremento de custos
Esta solução construtiva irá aumentar o custo da obra, devido ao material, mão-de-obra
especializada e duração da obra adicional.
Conclusão

Ao elaborar este trabalho verificámos que a subtelha é uma solução contrutiva muito
versátil, pois pode aplicar-se em diversos tipos de estrutura assim como com todos os
tipos de telhas. É um método que requer mão-de-obra especializada (expecialmente na
circulação dos operários sobre ela e na execução dos remates) pois quando bem
aplicado é um sistema durável que garante por si só a estanquidade da cobertura e
facilita também o arejamento da mesma.
Existem actualmente no mercado soluções de subtelha que incorporam o isolamento
térmico, assim como diversos acessórios para o seu melhor funcionamento e
durabilidade.
Esta solução apresenta muitas vantagens e poucas desvantagens, sendo por isso uma
clara opção na reabilitação de coberturas.

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