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CAPÍTULO VI
DISPOSIÇÕES CONTRUTIVAS
1. Introdução
2. Condicionantes geométricas
O Art.º 89 do REBAP apresenta considerações sobre a altura mínima de vigas, as quais sendo
adoptadas, dispensa a verificação ao estado limite de deformação (Art.º 72 e 73), no caso
corrente de vigas para edifícios.
li
≤ 20η
h
em que:
- η é um coeficiente dependente do tipo de aço: 1,4 para o A235, 1,0 para o A400 e 0,8
para o A500.
O vão equivalente é o vão de uma viga simplesmente apoiada de secção constante que
apresenta a mesma relação entre a flecha e o vão, que a viga em estudo quando sujeita a uma
carga uniformemente distribuída que lhe provoque na sua zona central uma curvatura,
M/(E.I), igual àquela que a viga real apresenta na mesma zona.
TIPO
AÇO
=1.0 =0.6 =0.8 =2.4 =0.8 =0.6
Em casos especiais, tais como vigas em betão pré–esforçado, devemos utilizar a relação l/h
com valores duplos dos definidos no quadro I para o aço A500 (ou considerar η = 1,6 ).
Se a deformação da viga afecta paredes divisórias é exigida, para além da verificação anterior,
uma limitação da flecha máxima a 1,5 cm, que corresponde á formula
li 120η
≤
h li
Em casos correntes é condicionante para a determinação da altura das vigas, a sua verificação
aos estados limites últimos de resistência, pelo que se podem seguir as regras expostas no
ponto 5 do capítulo II sobre o pré-dimensionamento de vigas rectangulares.
3. Armaduras
- limitar a fendilhação
3.2.1. Percentagem mínima e máxima de armadura (Art.º 90, 91, 92, e 93)
Pretende-se, impor uma percentagem mínima de armadura longitudinal, para dotar as vigas de
uma armadura capaz de equilibrar o momento correspondente à 1ª fissuração da secção
transversal.
L.N.
~ d/2
As Rt
bw f ctm
bw d
Rt ≈ f ctm .
4
bw d
As . f syd = f ctm
4
As f
= 0,25 ctm
bw d f syd
As
ρ= × 100
bw d
A percentagem mínima depende, quer da classe do betão, quer da classe do aço. Por aplicação
da fórmula, obtemos a percentagem mínima para os betões e aços correntes.
AÇO
A235 A400 A500
BETÃO
O Art.º 90º do REBAP apresenta as percentagens mínimas a respeitar, com o valor de tensão
de cedência do aço e independentes das classes de betão (0,25 para o aço A235, 0,15 para o
aço A400 e 0,12 para o aço A500):
As
ρ= × 100
bt d
em que,
de compressão e em que a linha neutra se situa no banzo, a largura deste, não deve
ser tida em conta para o cálculo de bt ;.
φn = ∑φ
i
i
2
agrupamento na horizontal
agrupamento na vertical
As disposições deste artigo têm por objectivo a dispensa da verificação ao estado limite de
fendilhação (Art.º 68 e 70 ).
Os valores indicados no quadro III, para o espaçamento máximo dos varões longitudinais,
foram calculados, tendo em consideração a largura das fendas em vigas, tendo-se adoptado
para σ s valores da ordem de σ s = 0,5 f syd e desprezado a contribuição do betão entre fendas.
AÇO
A235 A400 A500
AMBIENTE
QUADRO III – Espaçamento máximo dos varões da armadura longitudinal de vigas (cm).
O recobrimento mínimo deve ser adoptado de acordo com o diâmetro dos varões e o risco da
corrosão (ver quadros IV e V).
moderadamente agressivos
muito agressivos
paredes
cascas
lajes
B 35 B 50
B40 B 55
CLASSE DE BETÃO
CONDIÇÕES
B15, B20, B25 B30, B35, B40 B45, B50, B55
AMBIENTAIS
paredes paredes paredes
em geral lajes em geral lajes em geral lajes
cascas cascas cascas
ambiente pouco
agressivo 2.0 1.5 1.5 1.5 1.5 1.5
ambiente
moderadamente 3.0 2.5 2.5 2.0 2.0 1.5
agressivo
ambiente muito
agressivo 4.0 3.5 3.5 3.0 3.0 2.5
O recobrimento mínimo da armadura deve ainda ser limitado pelo diâmetro dos varões (ou
agrupamento).
< 600mm
d-x
s > 100mm
O REBAP fixa, no art.º 92, os valores da translação, que dependem do valor de cálculo e do
tipo de armadura do esforço transverso actuante, VSd .
2 2
VSd ≤ τ 2 bw d VSd > τ 2 bw d
3 3
2
A diminuição dos valores de a l , quando VSd > τ 2 bw d , resulta de termos uma grande parcela
3
de esforços transversos a ser coberta pela armadura.
Vsd2
-
Mmáx
Vsd1 a
b a
a a
a
b
+
Mmáx
Os varões dispensados devem ser prolongados para além da secção em que o diagrama o
permita dos comprimentos de amarração definidos nos artigos 81º e 82º do REBAP.
b, mín.
b, net
-
Mmáx
a
b a
a a
a
b
+
Mmáx
b, net
As ,cal
l b, net = l b α.1
As ,ef
onde
φ f syd
lb = .
4 f bd
e em que:
proporcionalidade .
O REBAP, no art.º 93, prevê que sejam mantidos até ao apoio das vigas pelo menos ¼ da
armadura máxima de tracção, devendo esta armadura ser capaz de absorver o esforço
al
Fs = V sd
d
Fs
Vsd ⋅ a l = Fs ⋅ z
Z
Vsd al
Fs = Vsd ⋅
d
Fs
Vsd
a a
2/3 b, net b
a> 3 a> b, net
10Ø
Apoio de encastramento
Apoio de continuidade
a a
As1 As2
As,ap
2/3 b, net 2/3 b, net
a> a>
10Ø 10Ø
a
b,net a
b,net
d
b
a b,net
d
b
Apoio de continuidade
aço endurecido
aço macio
micro-fissuração
na zona de curvatura
biela comprimida
3º- garantir a não ocorrência de fendilhação com destacamento do betão no plano de um laço
de ancoragem.
PLANTA
ALÇADO
>3Ø início da ancoragem
F 2F
C1
d
Ø
F 2F
C2 C>3Ø>3cm
No caso de armaduras ordinárias, formando laços, o diâmetro de dobragem não deve ser
inferior ao dado por:
φ σ
d = (0,7 + 1,4 ). ssd .φ
α 1,5 f cd
Em que:
α – menor dos valores: distância entre o plano do laço e a face da peça e a distância
entre o plano do laço e o plano do laço vizinho.
CASO GERAL
ESTRIBO LAÇO
D2=20Ø=500mm
>50mm Ø8
Ø25
D1=8Ø=200mm
D1=5Ø=40mm D3
Ø25mm
a ) VARÕES INCLINADOS
Seria uma solução ideal, pois permitiria a utilização das barras de flexão longitudinal
dispensadas e a sua colocação perpendicular em relação à direcção das fissuras, mas apresenta
o grande inconveniente de originar a fendilhação das bielas de betão que nelas se apoiam.
fenda de esforço
transverso
Zs
Fig. 14 – Varões inclinados são pouco adequados para dar apoio às bielas de compressão inclinadas.
O regulamento recomenda que no caso da sua utilização seja atribuída aos estribos um valor
elevado do esforço transverso atribuído às armaduras (aproximadamente 2/3 do valor a
absorver por armaduras transversais).
b) ESTRIBOS VERTICAIS
c) ESTRIBOS INCLINADOS.
Teoricamente são o ideal para o esforço transverso, controlam melhor a abertura de fendas,
diminuem o valor dos esforços de compressão nas bielas de betão e o valor do deslocamento
do diagrama dos esforços de tracção.
ABERTURA DE FENDAS
0.80
a
0.70 b a
0.60
0.50 b
c
0.40
0.30 c
d
0.20
0.10 d
0
carregamento
Fig. 15 – Largura média das fendas por esforço transverso para diversos tipos de armaduras transversais.
As vigas devem ser armadas ao longo de todo o vão com estribos que abranjam a totalidade
da sua altura, os quais devem envolver a armadura longitudinal de tracção e compressão,
quando esta seja considerada como resistente.
A distância entre dois ramos consecutivos não deve exceder a altura útil da viga, nem 60cm.
que, tem por objectivo conseguir uma armadura transversal capaz de absorver o esforço de
tracção resistido pelo betão da alma, no momento da abertura das primeiras fendas.
Asw
ρw = × 100
bw s sen α
Em que:
ρ w toma os seguintes valores: 0,16 para o aço A225, 0,10 para o aço A400 e 0,08 para o aço
A500.
armaduras
transversais
a b c d
armaduras
transversais
e f g h i
Na figura 16 estão representadas formas de estribos. O estribo se for armado numa zona que
está sempre à compressão, não necessita ser fechado (caso a) e termina em gancho, podendo
terminar em cotovelo (caso b) para varões de alta aderência.
As soluções g), h) e i), são soluções que nos permitem garantir uma melhor transmissão de
momentos viga/laje.
grandes secções
A armadura mais favorável seria constituída por uma hélice com inclinação a 45º em relação
ao eixo da peça, no entanto este tipo de armadura, para além da dificuldade de execução.
Apresenta a desvantagem de só trabalhar num sentido de torção, por esse motivo é normal que
a armadura de torção seja constituída por cintas fechadas e varões longitudinais.
O REBAP, define para espaçamento entre cintas, um valor que não deve exceder 1/8 uef, nem
30 cm, sendo uef, o perímetro da linha média da secção oca eficaz, definida no Art.º 55. Por
outro lado os varões da armadura longitudinal de torção devem ser colocados ao longo do
contorno interior das cintas, com um espaçamento máximo de 35 cm, devendo em cada
vértice do contorno existir pelo menos um varão.
(recomendável 10 a 20 cm)
<35cm
t<30cm
>1
0
Ø
O REBAP, no art. 96º, impõe nas vigas de altura superior a 1 m, seja disposta uma armadura
na alma, constituída por varões colocados junto às faces laterais da viga e distribuídas ao
longo da altura da secção transversal, na sua zona traccionada, a qual deve ter em cada face,
uma área total não inferior a 4% da área da secção da armadura longitudinal.
hw (mm)
800
mm mm mm
600 =0.1 =0.2 =0.4
k k k
W W W
400
200
x2
L. N.
h-x2
hw
A armadura principal deve ser colocada numa zona com cerca de 0,2 d.
Em vigas com banzo é necessário assegurar a ligação banzo/alma, (quer se trate de uma zona
à tracção ou à compressão), com armaduras horizontais perpendiculares ao plano de flexão.
Estas armaduras, deverão absorver as forças de corte que se desenvolvem na ligação da aba ao
banzo (e deverão ser dimensionadas pela “regra das costuras”).
No caso de não existir uma junta de betonagem na zona de corte, pode dispensar-se o
dimensionamento, desde que a área da sua secção não seja inferior a metade da área total da
secção dos estribos e tenha o mesmo espaçamento destes.
80
HS 5 Fe=10.3 cm2
60
40
Abertura das fendas
[1/100mm]
20
HQ 2
Fe=10.2 cm2
0
0 10 20 30 40 50
P P
Carga 2P [Mp]
No apoio de uma viga secundária numa viga principal, a transmissão das acções faz-se na
parte inferior, através de bielas de compressão, o que se torna necessário a utilização de uma
armadura de suspensão que transmita a reacção aos membros comprimidos da viga principal.
Esta armadura de suspensão deve ser realizada por estribos adicionais na viga principal, cuja
secção seja suficiente para absorver a força de reacção de apoio da viga secundária, ou seja:
Rsd
As, est =
f syd
1 2
esquema estático
1/2R
1
R R
1 2 2
1/2R
Fig. 22 – Transmissão de carga da viga secundária à viga principal é feita na parte inferior desta.
Estes estribos devem ser distribuídos na zona de intersecção das duas vigas, zona que pode
estender-se ao longo da viga principal, para um e para outro lado da viga secundária, de um
comprimento igual ao maior dos valores b2/2 e h1/2, sendo b2 a largura da viga secundária e h1
a altura da viga principal. No caso de vigas de alturas diferentes, a área da secção dos estribos
de suspensão pode ser reduzida na relação h2/h1, no caso de as vigas terem as faces superiores
ao mesmo nível.
h1/2>b2/2 h1/2>b2/2
viga 1
b1
h2/2>b1/2
zona de cruzamento V1, V2
viga 2
h1, h2 - altura de V1, V2
b2
As armaduras longitudinais da viga secundária que termina na viga principal, devem ser
amarradas nesta, segundo as regras do art.º 93.
2 2
esquema estático
corte a-a1
a
h2
2 1 2 1 2
h1
a1
estribos de suspensão
esquema estático
corte a-a1
a
h2
1 2 1 2
h1
a1
estribos de suspensão
No caso de cargas aplicadas à parte inferior das vigas ( por exemplo, quando a nervura está
para a parte de cima da laje, deve dispor-se uma armadura de suspensão ligando a zona de
aplicação da carga à parte superior da viga, onde deve ser amarrada.
armadura de
suspensão
laje
A área da armadura de suspensão deve ser dimensionada para absorver a totalidade da carga
em causa.
No caso de uma viga invertida, com laje inferior, esta deve ser tratada como suspensa.
a)
Db
U
b) U Db
secção transversal
Db Db
estribos para
M U=2.Db.sen. /2
Z Z
A solução de pormenor a adoptar na absorção das forças de desvio, que se formam em barras
traccionadas de cantos reentrantes, depende da intensidade dessas forças e da geometria do
problema. As figuras ilustram várias soluções usuais em vigas.
Fc
b,net
Fs
h>50cm
estribos de canto
dispostos em leque
Fc Fs
Fig. 28 – Armadura de nós de pórticos com grandes dimensões, sob acção de momento positivo.
Fc
Fc Fs
Fs