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Estruturas Betão Armado

CAPÍTULO VI

DISPOSIÇÕES CONTRUTIVAS

(texto provisório – em revisão)

1. Introdução

O projecto de arquitectura, deve ser executado por engenheiros e arquitectos, em trabalho


conjunto, dependendo intimamente um do outro.

Para a realização do projecto de estrutura, a experiência é muito importante, permitindo uma


escolha adequada sob o ponto de vista técnico e económico e um sistema estrutural adequado.

A arte de projectar e construção de uma obra pressupõe o conhecimento dos materiais, do


desenvolvimento dos esforços, do dimensionamento, da execução e do comportamento, assim
como um acompanhamento constante da obra.

Para um perfeito entendimento entre proprietário, arquitecto, engenheiro e empreiteiro na


implantação de uma obra, são necessários os seguintes documentos técnicos: desenhos do
projecto, memória de cálculo com desenhos estruturais, desenhos de execução, relação de
itens e quantidades de serviço, especificações e exigências de qualidade, cronograma de
execução e verificações especiais de segurança.

2. Condicionantes geométricas

No que respeita às disposições a adoptar em vigas, temos de ter em linha de conta as


condicionantes geométricas dos elementos a estudar (vigas) e à distribuição das armaduras.

No aspecto geométrico, a dupla engenheiro/arquitecto deve ter em atenção quais são as


geometrias das peças que melhor se adaptam no aspecto funcional à estrutura em estudo,
nunca desprezando o aspecto económico.

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O Art.º 89 do REBAP apresenta considerações sobre a altura mínima de vigas, as quais sendo
adoptadas, dispensa a verificação ao estado limite de deformação (Art.º 72 e 73), no caso
corrente de vigas para edifícios.

No caso geral a altura das vigas deve ser:

li
≤ 20η
h

em que:

- h é a altura total da viga;

- l i é o vão equivalente (l i = αl , sendo α um coeficiente dependente das condições de


apoio da viga;

- η é um coeficiente dependente do tipo de aço: 1,4 para o A235, 1,0 para o A400 e 0,8
para o A500.

VIGA REAL VIGA EQUIVALENTE

Fig. 1 – Definição do vão equivalente.

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O vão equivalente é o vão de uma viga simplesmente apoiada de secção constante que
apresenta a mesma relação entre a flecha e o vão, que a viga em estudo quando sujeita a uma
carga uniformemente distribuída que lhe provoque na sua zona central uma curvatura,
M/(E.I), igual àquela que a viga real apresenta na mesma zona.

A expressão l i / h ≤ 20η , corresponde à relação flecha/vão, a / l i = 1 / 400 (Art.º 72, REBAP),

conduzindo à relação l / h apresentada no quadro I. A prática recomenda a relação


l i / h ≤ 14η .

VÃO SIMPLES VIGAS CONTÍNUAS

ESQUEMA vão extremo vão intermédio

TIPO
AÇO
=1.0 =0.6 =0.8 =2.4 =0.8 =0.6

A235 28 46.6 35 11.6 35 46.6

A400 20 33.3 25 8.3 25 33.3

A500 16 26.6 20 6.6 20 26.6

QUADRO I – Relação l/h em vigas para a definição da altura mínima.

Em casos especiais, tais como vigas em betão pré–esforçado, devemos utilizar a relação l/h
com valores duplos dos definidos no quadro I para o aço A500 (ou considerar η = 1,6 ).

Se a deformação da viga afecta paredes divisórias é exigida, para além da verificação anterior,
uma limitação da flecha máxima a 1,5 cm, que corresponde á formula

li 120η

h li

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Em casos correntes é condicionante para a determinação da altura das vigas, a sua verificação
aos estados limites últimos de resistência, pelo que se podem seguir as regras expostas no
ponto 5 do capítulo II sobre o pré-dimensionamento de vigas rectangulares.

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3. Armaduras

3.1. Armaduras principais e secundárias (Art.º 74, REBAP)

Armaduras principais são as armaduras dimensionadas de acordo com o REBAP,


nomeadamente as que se destinam a resistir a esforços de flexão simples e composta, esforços
transversos e torção.

Armaduras secundárias são armaduras com função de:

- garantir a eficiência das armaduras principais

- ligar os blocos de betão com tendência a destacar-se

- limitar a fendilhação

3.2. Armadura longitudinal de flexão

3.2.1. Percentagem mínima e máxima de armadura (Art.º 90, 91, 92, e 93)

Pretende-se, impor uma percentagem mínima de armadura longitudinal, para dotar as vigas de
uma armadura capaz de equilibrar o momento correspondente à 1ª fissuração da secção
transversal.

L.N.

~ d/2
As Rt

bw f ctm

Fig. 2 – Esquema de secção rectangular e diagrama de tensões.

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A resultante das tensões no betão, que a armadura terá de absorver no momento da 1ª


fissuração pode, de forma aproximada considerar-se, supondo a linha neutra a d/2,

bw d
Rt ≈ f ctm .
4

o qual se traduz numa área de aço

bw d
As . f syd = f ctm
4

As f
= 0,25 ctm
bw d f syd

ou, em percentagem e representando por ρ a percentagem mínima,

As
ρ= × 100
bw d

A percentagem mínima depende, quer da classe do betão, quer da classe do aço. Por aplicação
da fórmula, obtemos a percentagem mínima para os betões e aços correntes.

AÇO
A235 A400 A500
BETÃO

B15 0.20% 0.12% 0.09%

B20 0.23% 0.13% 0.11%

B25 0.27% 0.16% 0.13%

B30 0.31% 0.18% 0.15%

QUADRO II – Percentagem mínima para os betões e aços correntes.

O Art.º 90º do REBAP apresenta as percentagens mínimas a respeitar, com o valor de tensão
de cedência do aço e independentes das classes de betão (0,25 para o aço A235, 0,15 para o
aço A400 e 0,12 para o aço A500):

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As
ρ= × 100
bt d

em que,

- As é a área da secção da armadura;

- bt é a largura média da zona traccionada da secção; no caso de vigas com banzo

de compressão e em que a linha neutra se situa no banzo, a largura deste, não deve
ser tida em conta para o cálculo de bt ;.

- d é a altura útil da viga.

O REBAP, fixa a percentagem máxima da armadura longitudinal de tracção ou de


compressão em 4% da área total da secção da viga, para impedir grande concentração de
armadura e permitir a betonagem em boas condições.

3.2.2. Agrupamento de varões (Art.º 76, REBAP)

O diâmetro equivalente de um agrupamento de varões é dado pela expressão:

φn = ∑φ
i
i
2

não devendo ultrapassar 55 mm.

agrupamento na horizontal

agrupamento na vertical

agrupamento de três varões com o

máximo de dois em cada direcção

agrupamento de quatro varões só permitida


em armaduras verticais sempre comprimidas

Fig. 3 – Agrupamentos possíveis de varões.

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3.2.3. Espaçamento máximo da armadura longitudinal (Art.º 91, REBAP)

As disposições deste artigo têm por objectivo a dispensa da verificação ao estado limite de
fendilhação (Art.º 68 e 70 ).

Os valores indicados no quadro III, para o espaçamento máximo dos varões longitudinais,
foram calculados, tendo em consideração a largura das fendas em vigas, tendo-se adoptado
para σ s valores da ordem de σ s = 0,5 f syd e desprezado a contribuição do betão entre fendas.

AÇO
A235 A400 A500
AMBIENTE

pouco agressivo(w=0.3mm) - 12.5 10

moderadamente agressivo(w=0.2mm) - 7.5 5

QUADRO III – Espaçamento máximo dos varões da armadura longitudinal de vigas (cm).

Para ambientes muito agressivos, ou tratando-se de armaduras de pré-esforço, a limitação


entre varões, não garante por si só, o controle da fissuração, havendo nestes casos que limitar
as tensões nas armaduras ordinárias ou variação de tensões nas armaduras pré-esforçadas.

3.2.4. Recobrimento mínimo da armadura (Art. º 78, REBAP)

O recobrimento mínimo deve ser adoptado de acordo com o diâmetro dos varões e o risco da
corrosão (ver quadros IV e V).

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VALORES BÁSICOS CORRECÇÃO PARA

condições de exposição classe de betão

moderadamente agressivos

(muito sensívies à corrosão)


armadura de pré-esforço
B30 B 45
pouco agressivos

muito agressivos

paredes

cascas
lajes
B 35 B 50

B40 B 55

2.0 3.0 4.0 +1.0 -0.5 -0.5 -1.0

QUADRO IV – Recobrimento mínimo da armadura, em cm.

ARMADURAS ORDINÁRIAS cmin.(cm) > ∅

CLASSE DE BETÃO

CONDIÇÕES
B15, B20, B25 B30, B35, B40 B45, B50, B55
AMBIENTAIS
paredes paredes paredes
em geral lajes em geral lajes em geral lajes
cascas cascas cascas

ambiente pouco
agressivo 2.0 1.5 1.5 1.5 1.5 1.5

ambiente
moderadamente 3.0 2.5 2.5 2.0 2.0 1.5
agressivo

ambiente muito
agressivo 4.0 3.5 3.5 3.0 3.0 2.5

QUADRO V – Recobrimento mínimo da armadura, em cm.

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O recobrimento mínimo da armadura deve ainda ser limitado pelo diâmetro dos varões (ou
agrupamento).

Quando o recobrimento é superior a 5 cm, recomenda-se a armadura de pele, não sendo


necessário o seu cálculo da largura de fendas.

< 600mm
d-x

s > 100mm

Fig. 4 – Armadura de pele.

3.2.5. Interrupção da armadura longitudinal

O REBAP fixa, no art.º 92, os valores da translação, que dependem do valor de cálculo e do
tipo de armadura do esforço transverso actuante, VSd .

2 2
VSd ≤ τ 2 bw d VSd > τ 2 bw d
3 3

Estribos verticais d 0,75d

Estribos verticais mais


0,75d 0,5d
varões a 45º

Estribos inclinados a 45º 0,5d 0,25d

QUADRO VI - Valores de a l (Art.º 92º)

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2
A diminuição dos valores de a l , quando VSd > τ 2 bw d , resulta de termos uma grande parcela
3
de esforços transversos a ser coberta pela armadura.

Vsd2

-
Mmáx

Vsd1 a

b a

a a
a
b

+
Mmáx

a - diagrama Msd/z (Msd - valor de cálculo do momento flector actuante)

b - diagrama das forças de tracção a absorver pela armadura

Fig. 5 – Translação do diagrama de momentos flectores.

Os varões dispensados devem ser prolongados para além da secção em que o diagrama o
permita dos comprimentos de amarração definidos nos artigos 81º e 82º do REBAP.

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b, mín.

b, net

-
Mmáx
a

b a

a a
a
b

+
Mmáx

b, net

Fig. 6 – Escalonamento dos varões longitudinais.

Os comprimentos de amarração, l b, net , são definidos pela expressão

As ,cal
l b, net = l b α.1
As ,ef

onde

φ f syd
lb = .
4 f bd

e em que:

As ,cal – secção da armadura de cálculo

As ,ef – secção da armadura adoptada

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α .1 – coeficiente que toma o valor de 0.7 no caso de amarrações curvas em tracção e


1.0 nos restantes casos.

φ – diâmetro do varão, ou diâmetro equivalente do agrupamento.

f syd – valor de cálculo de cedência ou da tensão limite convencional de

proporcionalidade .

f cd – valor de cálculo da tensão de rotura da aderência definida no Art.º 80.

No Art.º 81 é apresentado um quadro correspondente aos comprimentos de amarração ( l b, net ),

tendo em linha de conta, a qualidade de betões, aços e a sua aderência.

3.2.6. Armadura longitudinal nos apoios

O REBAP, no art.º 93, prevê que sejam mantidos até ao apoio das vigas pelo menos ¼ da
armadura máxima de tracção, devendo esta armadura ser capaz de absorver o esforço

al
Fs = V sd
d

em que Vsd é o valor de cálculo do esforço transverso no apoio, a l é a translação do momento

(Art.º 92) e d é a altura útil da viga. Deve ser f s ≥ 0,5V sd (CEB).

Fs

Vsd ⋅ a l = Fs ⋅ z
Z

Vsd al
Fs = Vsd ⋅
d
Fs

Vsd

Fig. 7 – Esforço de tracção em apoio com liberdade de rotação.

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A distribuição de armadura longitudinal, ao longo do vão deve obedecer às prescrições


indicadas na figura, onde se apresenta os comprimentos de amarrações para apoios directos e
indirectos, de encastramento e de continuidade.

Apoios directos Apoios indirectos

a a

2/3 b, net b
a> 3 a> b, net
10Ø

Apoio de encastramento
Apoio de continuidade

a a

As1 As2
As,ap
2/3 b, net 2/3 b, net
a> a>
10Ø 10Ø

Fig. 8 – Amarração das armaduras longitudinais em diferentes tipos de apoio.

As amarrações das armaduras de cobertura a momentos de encastramentos e continuidade,


devem efectuar-se tendo em atenção os Art.º 81 e 82 e ser contados a partir de uma secção, S,
situada a uma distância da face interior do apoio igual ao menor dos valores: largura do apoio
(b), ou duas vezes a altura útil da viga (d).

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a
b,net a

b,net
d
b

Consola Ligação viga - pilar

a b,net

d
b
Apoio de continuidade

Fig. 9 – Amarração de armaduras de cobertura a momento de encastramento ou continuidade.

3.2.7. Curvatura máxima da armadura

A curvatura máxima da armadura deve:

1º - não afectar a resistência da armadura, devendo o diâmetro mínimo respeitar o quadro X


do Art.º 79 do REBAP;

aço endurecido

aço macio

micro-fissuração

Fig. 10 – Curvatura de varões.

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2º- não leve ao esmagamento e á fendilhação e destacamento do recobrimento de betão por


efeito da pressão exercida na zona da curva (quadro X do Art.º 79 do REBAP).

na zona de curvatura

biela comprimida

pressões localizadas que podem


levar ao esmagamento do betão

Fig. 11 – Curvatura de varões.

3º- garantir a não ocorrência de fendilhação com destacamento do betão no plano de um laço
de ancoragem.

PLANTA

ALÇADO
>3Ø início da ancoragem

F 2F

C1
d

Ø
F 2F
C2 C>3Ø>3cm

Fig. 12 – Curvatura de varões.

No caso de armaduras ordinárias, formando laços, o diâmetro de dobragem não deve ser
inferior ao dado por:

φ σ
d = (0,7 + 1,4 ). ssd .φ
α 1,5 f cd

Em que:

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σ ssd – tensão da armadura no inicio da dobra, corresponde ao valor de cálculo do


esforço actuante;

α – menor dos valores: distância entre o plano do laço e a face da peça e a distância
entre o plano do laço e o plano do laço vizinho.

CASO GERAL
ESTRIBO LAÇO
D2=20Ø=500mm

>50mm Ø8
Ø25

D1=8Ø=200mm
D1=5Ø=40mm D3

Ø25mm

Fig. 13 – Diâmetros interiores mínimos de dobragem de varões de armadura ordinária (A400).

3.3. Armadura transversal de esforço transverso

3.3.1. Tipos de varões

As armaduras transversais de absorção de esforços transversos devem ligar com eficiência,


através da alma, os banzos comprimidos e traccionados, pelo que deve garantir uma eficiente
amarração.

Com armaduras transversais, poderemos utilizar:

a ) VARÕES INCLINADOS

Seria uma solução ideal, pois permitiria a utilização das barras de flexão longitudinal
dispensadas e a sua colocação perpendicular em relação à direcção das fissuras, mas apresenta
o grande inconveniente de originar a fendilhação das bielas de betão que nelas se apoiam.

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fenda de esforço
transverso

Zs

Fig. 14 – Varões inclinados são pouco adequados para dar apoio às bielas de compressão inclinadas.

O regulamento recomenda que no caso da sua utilização seja atribuída aos estribos um valor
elevado do esforço transverso atribuído às armaduras (aproximadamente 2/3 do valor a
absorver por armaduras transversais).

b) ESTRIBOS VERTICAIS

Estes estribos, envolvem as armaduras longitudinais de compressão e como se encontram


junto às faces dos elementos de viga, têm a vantagem de controlar aí a abertura de fendas.

c) ESTRIBOS INCLINADOS.

Teoricamente são o ideal para o esforço transverso, controlam melhor a abertura de fendas,
diminuem o valor dos esforços de compressão nas bielas de betão e o valor do deslocamento
do diagrama dos esforços de tracção.

Da leitura do gráfico da figura 15, os varões inclinados aparentemente seriam a melhor


solução mas se por um lado são de difícil aplicação em obra, por outro lado só trabalham para
um sinal do esforço transverso,(não respondem, por exemplo, à acção dos sismos), por outro
lado os estribos verticais, apesar da sua menor eficiência na absorção de esforços transversos
num determinado sinal, têm a vantagem de serem igualmente eficazes para esforços de sinais
contrários (caso das acções sísmicas), assim é aconselhável a utilização de estribos verticais.

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ABERTURA DE FENDAS

0.80
a
0.70 b a
0.60

0.50 b
c
0.40

0.30 c
d
0.20

0.10 d

0
carregamento

a sem armadura transversal


b varões inclinados
c estribos verticais
d estribos inclinados

Fig. 15 – Largura média das fendas por esforço transverso para diversos tipos de armaduras transversais.

3.3.2. Disposições regulamentares

As vigas devem ser armadas ao longo de todo o vão com estribos que abranjam a totalidade
da sua altura, os quais devem envolver a armadura longitudinal de tracção e compressão,
quando esta seja considerada como resistente.

Os estribos, devem terminar em ganchos ou cotovelos no caso de varões de alta aderência


(Art.º 81).

A distância entre dois ramos consecutivos não deve exceder a altura útil da viga, nem 60cm.

O REBAP define, como já vimos, uma percentagem mínima de armadura transversal, ρ w ,

que, tem por objectivo conseguir uma armadura transversal capaz de absorver o esforço de
tracção resistido pelo betão da alma, no momento da abertura das primeiras fendas.

Assim o REBAP, fixa para ρ w o seguinte valor:

Asw
ρw = × 100
bw s sen α

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Em que:

Asw – área total da secção transversal dos vários ramos de estribos

bw – largura da alma da secção (Art.º 53).

s – espaçamento dos estribos.

α – ângulo formado pelos estribos com o eixo da viga (45º ≤ α ≤ 90º).

ρ w toma os seguintes valores: 0,16 para o aço A225, 0,10 para o aço A400 e 0,08 para o aço

A500.

armaduras
transversais
a b c d

armaduras
transversais
e f g h i

Fig. 16 – Formas de executar os estribos.

Na figura 16 estão representadas formas de estribos. O estribo se for armado numa zona que
está sempre à compressão, não necessita ser fechado (caso a) e termina em gancho, podendo
terminar em cotovelo (caso b) para varões de alta aderência.

No caso de haver necessidade de realizar ganchos ou cotovelos voltados para fora, é


necessário dispor de uma armadura transversal para absorver os esforços introduzidos no
banzo da viga.

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A disposição indicada na letra e), estribos fechados, é a mais usual e aconselhável em


situações comuns, pois garante o conveniente funcionamento de treliça, quer para momentos
negativos, quer para momentos positivos.

Na solução f) estribos abertos com armadura transversal com continuidade, é aceitável,


mesmo para momentos negativos.

As soluções g), h) e i), são soluções que nos permitem garantir uma melhor transmissão de
momentos viga/laje.

pequenas secções grandes secções

grandes secções

Fig. 17 - Alguns arranjos de armaduras transversais a adoptar em vigas T.

O espaçamento dos varões inclinados s, deve ser:

Se VSd ≤ τ 2 bw d , s < 0,9d (1 + cotgα )


2
3

Se VSd > τ 2 bw d , s < 0,9d (1 + cotgα )


2 1
3 2

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3.4. Armadura de torção

A armadura mais favorável seria constituída por uma hélice com inclinação a 45º em relação
ao eixo da peça, no entanto este tipo de armadura, para além da dificuldade de execução.
Apresenta a desvantagem de só trabalhar num sentido de torção, por esse motivo é normal que
a armadura de torção seja constituída por cintas fechadas e varões longitudinais.

O REBAP, define para espaçamento entre cintas, um valor que não deve exceder 1/8 uef, nem
30 cm, sendo uef, o perímetro da linha média da secção oca eficaz, definida no Art.º 55. Por
outro lado os varões da armadura longitudinal de torção devem ser colocados ao longo do
contorno interior das cintas, com um espaçamento máximo de 35 cm, devendo em cada
vértice do contorno existir pelo menos um varão.

(recomendável 10 a 20 cm)
<35cm

t<30cm

>1
0
Ø

Fig. 18 – Disposição da armadura de torção.

É recomendável utilizar menores espaçamentos entre varões longitudinais (aproximadamente


10 cm a 15 cm), para controle de fendilhação.

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3.5. Casos especiais

3.5.1. Armadura de alma

O REBAP, no art. 96º, impõe nas vigas de altura superior a 1 m, seja disposta uma armadura
na alma, constituída por varões colocados junto às faces laterais da viga e distribuídas ao
longo da altura da secção transversal, na sua zona traccionada, a qual deve ter em cada face,
uma área total não inferior a 4% da área da secção da armadura longitudinal.

O C. E. B. apresenta o gráfico, que em função da posição do eixo neutro e da largura


características das fendas, permite determinar a altura hw da alma onde deve ser colocada a
armadura da alma.

hw (mm)

800

mm mm mm
600 =0.1 =0.2 =0.4
k k k
W W W

400

200

200 400 600 800 1000 1200 1400 h-x2 (mm)

x2
L. N.

h-x2

hw

Fig. 19 – Altura hw onde deve ser colocada a armadura de alma.

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É sugerido a utilização de varões com espaçamento na ordem de 15 a 25 cm, espaçamento


este que deve aumentar gradualmente a partir da armadura principal até ao eixo neutro,
sempre que h ≥0,70m.

O regulamento impõe uma área de 4% da área da secção da armadura longitudinal, note-se


que para vigas fortemente armadas essa percentagem pode ser insuficiente.

A armadura principal deve ser colocada numa zona com cerca de 0,2 d.

Fig. 20 – Armadura de alma (h ≥ 1,00 m ) .

3.5.2. Armadura de ligação dos banzos à alma

Em vigas com banzo é necessário assegurar a ligação banzo/alma, (quer se trate de uma zona
à tracção ou à compressão), com armaduras horizontais perpendiculares ao plano de flexão.
Estas armaduras, deverão absorver as forças de corte que se desenvolvem na ligação da aba ao
banzo (e deverão ser dimensionadas pela “regra das costuras”).

No caso de não existir uma junta de betonagem na zona de corte, pode dispensar-se o
dimensionamento, desde que a área da sua secção não seja inferior a metade da área total da
secção dos estribos e tenha o mesmo espaçamento destes.

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Distribuição das armaduras longitudinais em banzos traccionados:

Nas vigas em T, nas zonas em que o banzo se encontra traccionado, a armadura


longitudinal, deve ser distribuída uniformemente numa largura de cerca de 0,5bef,
devendo sempre ter 2 varões na largura da alma, (tendo em atenção o espaçamento
entre varões imposto pelo art.º 91).

80

HS 5 Fe=10.3 cm2
60

40
Abertura das fendas
[1/100mm]

20
HQ 2
Fe=10.2 cm2

0
0 10 20 30 40 50
P P
Carga 2P [Mp]

Fig. 21 – Abertura de fendas no banzo traccionado de vigas em T, em função da distribuição, na secção da


armadura longitudinal.

3.5.3. Armaduras de suspensão

3.5.3.1. Ligação entre uma viga secundária e uma viga principal

No apoio de uma viga secundária numa viga principal, a transmissão das acções faz-se na
parte inferior, através de bielas de compressão, o que se torna necessário a utilização de uma
armadura de suspensão que transmita a reacção aos membros comprimidos da viga principal.

Esta armadura de suspensão deve ser realizada por estribos adicionais na viga principal, cuja
secção seja suficiente para absorver a força de reacção de apoio da viga secundária, ou seja:

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Rsd
As, est =
f syd

1 2

esquema estático

a) hipótese errada a) hipótese correcta

1/2R
1
R R
1 2 2

1/2R

Fig. 22 – Transmissão de carga da viga secundária à viga principal é feita na parte inferior desta.

Estes estribos devem ser distribuídos na zona de intersecção das duas vigas, zona que pode
estender-se ao longo da viga principal, para um e para outro lado da viga secundária, de um
comprimento igual ao maior dos valores b2/2 e h1/2, sendo b2 a largura da viga secundária e h1
a altura da viga principal. No caso de vigas de alturas diferentes, a área da secção dos estribos
de suspensão pode ser reduzida na relação h2/h1, no caso de as vigas terem as faces superiores
ao mesmo nível.

h1/2>b2/2 h1/2>b2/2
viga 1

b1
h2/2>b1/2
zona de cruzamento V1, V2
viga 2
h1, h2 - altura de V1, V2
b2

Fig. 23 – A armadura de suspensão deve ser distribuída na zona tracejada.

Vigas / Disposições Construtivas Capítulo VI – 26/ 30


Estruturas Betão Armado

As armaduras longitudinais da viga secundária que termina na viga principal, devem ser
amarradas nesta, segundo as regras do art.º 93.

2 2

esquema estático

corte a-a1
a

h2
2 1 2 1 2

h1
a1

estribos de suspensão

esquema estático

corte a-a1
a
h2

1 2 1 2
h1

a1

estribos de suspensão

Fig. 24 – Estribos de suspensão na viga 1 para a viga 2 apoiada indirectamente.

3.5.3.2. Cargas Suspensas

No caso de cargas aplicadas à parte inferior das vigas ( por exemplo, quando a nervura está
para a parte de cima da laje, deve dispor-se uma armadura de suspensão ligando a zona de
aplicação da carga à parte superior da viga, onde deve ser amarrada.

Vigas / Disposições Construtivas Capítulo VI – 27/ 30


Estruturas Betão Armado

armadura de
suspensão

laje

Fig. 25 – Laje apoiada na parte inferior da viga.

A área da armadura de suspensão deve ser dimensionada para absorver a totalidade da carga
em causa.

No caso de uma viga invertida, com laje inferior, esta deve ser tratada como suspensa.

laje em consola pendurada

Fig. 26 – Suspensão de uma consola.

3.5.3.3. Armadura de absorção de forças de desvio

Sempre que ocorrem mudanças de direcção em barras de armaduras traccionadas,


comprimidas ou de forças de compressão no betão, surgem forças de desvio.

Vigas / Disposições Construtivas Capítulo VI – 28/ 30


Estruturas Betão Armado

a)

Db
U
b) U Db
secção transversal

Db Db

estribos para
M U=2.Db.sen. /2

Z Z

Fig. 27 – Forças de desvio de compressão: a) exemplo de uma ruptura; b) dimensionamento de armaduras.

A solução de pormenor a adoptar na absorção das forças de desvio, que se formam em barras
traccionadas de cantos reentrantes, depende da intensidade dessas forças e da geometria do
problema. As figuras ilustram várias soluções usuais em vigas.

Fc

b,net
Fs
h>50cm

estribos de canto
dispostos em leque

Fc Fs

Fig. 28 – Armadura de nós de pórticos com grandes dimensões, sob acção de momento positivo.

Vigas / Disposições Construtivas Capítulo VI – 29/ 30


Estruturas Betão Armado

Fc
Fc Fs
Fs

Fig. 29 – Hipótese de solução adequada à absorção das forças de desvio.

Vigas / Disposições Construtivas Capítulo VI – 30/ 30

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