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CURSO TÉCNICO EM ELETRÔNICA

PROFESSOR: Carlos Alexandre Pavonato

DISCIPLINA: Projeto de Sistemas Eletrônicos (PSE)

FONTES DE ALIMENTAÇÃO DE TENSÃO FIXA

São atualmente muito utilizadas nos ambientes industriais, sendo um dos


circuitos eletrônicos mais importantes e aplicáveis) as fontes de alimentação, as quais
estas de dividem em dois tipos: as fontes de alimentação de tensão fixa e as fontes de
alimentação de tensão variável.

Nesta apostila serão tratadas as fontes de alimentação de tensão fixa e seus


derivados, com foco nos componentes que fazem parte desta. Nas próximas apostilas
serão estudados os dimensionamentos dos seus elementos.

1 Fontes de alimentação (tensão fixa)

Uma fonte de alimentação é um circuito eletrônico responsável por gerar uma


tensão constante (fixa ou variável) para um circuito eletrônico que pode ser desde um
pequeno rádio até mesmo uma nave espacial de grande potência.

Uma fonte de alimentação de qualidade deve gerar uma tensão contínua na


saída (sendo esta estabilizada), isto significa que mesmo que a tensão de entrada
varie a tensão na saída deverá se manter constante, ou ainda, mesmo que a carga
varie aumentando a corrente resultante do circuito, a tensão na saída deverá se
manter constante, o mais ausente possível de oscilações. Na realidade estas
variações deverão ficar dentro de limites práticos (chamados de tolerâncias).

Uma fonte estabilizada é composta basicamente de uma entrada de


alimentação alternada com transformador, um circuito retificador, um filtro e mais um
estabilizador (ou regulador) para a tensão de saída (que será fornecida para a carga)
(figura 1).

Figura 1 – Diagrama de blocos de uma fonte de alimentação fixa

O circuito eletrônico é normalmente composto por transformadores, resistores,


diodos, transistores, capacitores, diodos zener, circuitos estabilizadores, ou no caso
das fontes variáveis por circuitos integrados construídos especialmente para esta
função. Resumidamente estas seriam as funções de cada um dos seus elementos
(figuras 2 e 3):

• Transformador: adapta a tensão da rede às necessidades da fonte e realiza o


isolamento galvânico entre a rede e a carga (segurança);

• Retificador: transforma a tensão alternada em contínua pulsativa. Os


retificadores de onda completa são os mais utilizados devido a seu maior rendimento;

• Filtro: reduz o conteúdo de harmônicos (oscilações) presentes na saída do


retificador, proporcionando uma tensão contínua mais pura. O filtro capacitivo é mais
utilizado;

• Estabilizador (regulador): mantém a tensão contínua de saída fixa, mesmo com


variações da corrente na carga, da tensão de linha ou da temperatura.
Figura 2 – Exemplo de diagrama de fonte de tensão fixa (12V)

Figura 3 – Exemplo de diagrama de fonte de tensão fixa simétrica (+15V / -15V)

No grupo das fontes de tensão fixas, pode-se trabalhar com as fontes simples
(apenas uma tensão de saída) ou simétricas (amplitudes iguais e polaridades
diferentes).
Para dimensionar corretamente estas fontes, antes é necessária uma
abordagem teórica dos elementos que a constituem, como mencionado nos tópicos
anteriores.

2 Tensão alternada senoidal

A forma de onda (tensão de entrada) dos circuitos das fontes de tensão de


alimentação é alternada do tipo senoidal.

A onda senoidal ou sinusoidal (figura 4) obedece a uma função seno ou


cosseno e trata-se da forma de onda mais simples, a mais presente no cotidiano. É a
forma de onda gerada nas usinas hidrelétricas e estão presentes em nosso dia a dia
nas tomadas de energia de nossas casas.

A forma da senóide se explica pela rotação da espira no gerador da


hidrelétrica, cuja geração depende da posição da espira em relação ao campo
magnético do gerador, daí a origem de seus picos positivos e negativos e de suas
passagens pela chamada “linha do zero”, que corresponde à tensão de zero volts.

A sigla RMS (Root Mean Square ou mesmo Tensão Quadrática Média) deriva
da língua inglesa e significa “eficaz”, ou seja, aquela que realmente realiza trabalho,
dissipa potência sobre a carga, podendo ser esta de diversas formas.

Figura 4 – Onda alternada senoidal e seus principais parâmetros


2.1 Parâmetros da onda senoidal

Os principais parâmetros da onda senoidal são:

Período (T): é o intervalo de tempo que denota a repetição da forma de onda em


igualdade de condições, sendo este o intervalo de tempo para descrever "um ciclo
completo" da onda, ou seja, 360º elétricos. Ele pode ser medido entre quaisquer dois
pontos que correspondem ao mesmo estado em ciclos sucessivos, sua unidade de
medida é segundos (s);

Freqüência (f): é o número de ciclos completos contidos na unidade de tempo. Como


cada ciclo se realiza no intervalo de tempo T (período), podemos dizer que a
freqüência é o número de períodos necessários para preencher a unidade de tempo. A
unidade de frequência é o hertz (Hz), onde 1 hert = 1 ciclo por segundo, dessa forma
são obtidas as fórmulas matemáticas para o período e para a frequência, que são
chamados de parâmetros inversos:

T=1/f

f=1/T

onde: T = período em segundos (s)

f = frequência em hertz (Hz)

Tensão de pico (Vp): corresponde ao valor máximo da tensão senoidal em função do


tempo. A senóide dois picos, sendo um deles de polaridade positiva (90º) e o outro
com polaridade negativa (270º). A fórmula matemática para o cálculo da tensão de
pico é:

Vp = 1.4142 . Vef
onde: Vef = tensão eficaz ou RMS em volts (V)

1.4142 = constante referente à raiz quadrada de 2

Tensão de pico-a-pico (Vpp): esta corresponde ao dobro do valor da amplitude de


pico, e trata-se da medida vertical entre os máximos valores positivo e negativo da
onda. Sua fórmula matemática é:

Vpp = 2 . Vp

onde: Vp = tensão de pico em volts (V)

Tensão eficaz (Vef): é o valor quadrático médio da função seno em relação ao tempo,
também denominado "valor nominal” da tensão elétrica, isto é, aquele que
efetivamente realiza trabalho sobre a carga do circuito. Essa é a amplitude de maior
utilidade na prática eletroeletrônica, pois é esta que o multímetro lê nas medições. Ela
se relaciona com as demais amplitudes da tensão senoidal pela seguinte relação:

Vef = Vp / 1.4142

onde: Vef = tensão eficaz ou RMS em volts (V)

1.4142 = constante referente à raiz quadrada de 2

Vp = tensão de pico em volts (V)

NOTA: A tensão RMS ou eficaz é o valor médio no qual a carga do seu circuito
“enxerga” a tensão alternada (CA) como se fosse uma tensão contínua (CC).

EXEMPLO: Considerando a forma de onda senoidal do cotidiano, fornecida pelas


concessionárias de energia elétrica, sendo a tensão eficaz (Vef) igual a 127V, a
frequência (f) igual a 60Hz, determinar o valor do período (T), da tensão de pico (Vp),
da tensão de pico-a-pico (Vpp).
Período (T)

T=1/f

T = 1 / 60

T = 0.0166s ou 16.66ms

Tensão de pico (Vp)

Vp = 1.4142 . Vef

Vp = 1.4142 . 127

Vp = 179.6V

Tensão de pico-a-pico (Vpp)

Vpp = 2 . Vp

Vpp = 2 . 179.6

Vpp = 359.21V

2.2 Graus elétricos

Em se tratando de uma forma de onda senoidal, pode-se dividir um ciclo da


onda em "graus" ou "radianos". Em graus elétricos, pode-se considerar que a forma de
onda senoidal possui, em um ciclo completo, 360º elétricos.

Esta forma de onda possui dois semiciclos, sendo um positivo e outro negativo.
Cada semiciclo é constituído de 180º elétricos, onde na inversão dos mesmos ocorre
uma passagem pela linha do zero volt.

Os picos positivos de tensão ocorrem em 90º e os picos de tensão negativos


ocorrem em 270º. As passagens pelo zero da rede ocorrem em 180º e 360º elétricos
(figura 5), onde se inicia um novo ciclo da onda.
Figura 5 – Graus elétricos em onda senoidal

3 Transformadores

Um transformador (figuras 6 e 7) é um dispositivo destinado a transmitir energia


elétrica ou potência elétrica de um circuito a outro (fenômeno também denominado de
indução), transformando tensões, correntes, ou mesmo emitindo impulsos para
acionamento de tiristores.

Trata-se de um dispositivo de corrente alternada que opera baseado nos


princípios eletromagnéticos da circulação de corrente em materiais condutores.

Figura 6 – Enrolamentos de um transformador Figura 7 – Transformador monofásico


O transformador consiste de duas ou mais bobinas ou enrolamentos e um
"caminho", ou circuito magnético, que "acopla" essas bobinas, proporcionado uma
condição para que o fenômeno da indução possa ocorrer.

Há uma variedade de transformadores com diferentes tipos de circuito, mas


todos operam sobre o mesmo princípio de indução eletromagnética.

O símbolo do transformador que é frequentemente utilizado em esquemas


elétricos e eletrônicos consiste em dois indutores interligados (figura 8), separados por
um núcleo.

Figura 8 – Símbolo transformador monofásico

3.1 Princípio de funcionamento

O princípio básico de funcionamento de um transformador é o fenômeno


conhecido como indução eletromagnética. Quando um circuito é submetido a um
campo magnético variável, aparece nele uma corrente elétrica cuja intensidade é
proporcional às variações do fluxo magnético.

Os transformadores, na sua forma mais simples, também chamados de


transformadores monofásicos, consistem de dois enrolamentos de fio (o primário e o
secundário), que geralmente envolvem os braços de um quadro metálico (o núcleo).

Uma corrente alternada aplicada ao primário produz um campo magnético


proporcional à intensidade dessa corrente e ao número de espiras do enrolamento
(número de voltas do fio em torno do núcleo).
Através do metal, o fluxo magnético quase não encontra resistência e, assim,
concentra-se no núcleo, em grande parte chega ao enrolamento secundário com um
mínimo de perdas. Ocorre então a indução eletromagnética, onde no secundário surge
uma corrente elétrica, que varia de acordo com a corrente do primário e com a razão
entre os números de espiras dos dois enrolamentos.

3.2 Relações entre os enrolamentos primário e secundário

A relação entre as tensões elétricas no primário e no secundário (figura 9), bem


como entre as correntes nesses enrolamentos, pode ser facilmente obtida.

Se o primário tem Np (número de espiras do enrolamento primário) e o


secundário Ns (número de espiras do enrolamento secundário), a Vp (tensão elétrica
no enrolamento primário) está relacionada à Vs (tensão elétrica no enrolamento
secundário) pela seguinte fórmula matemática:

Vp / Vs = Np / Ns

Já as correntes elétricas dos enrolamentos primário e secundário são dadas


pela relação matemática:

Ip / Is = Ns / Np

Figura 9 – Relações do transformador


4 Diodos semicondutores

Da união de um cristal tipo P e um cristal tipo N, formados a partir de materiais


semicondutores dopados, obtém-se uma junção PN, formando um dispositivo de
estado sólido simples: o diodo semicondutor de junção (figura 10).

Figura 10 - Estrutura interna do diodo

A zona de depleção (região ou camada de depleção) é uma área destituída de


portadores de carga (sem elétrons e lacunas). Considerando a temperatura de 25ºC,
teoricamente esta barreira apresenta uma queda de tensão de 0,7V para diodos de
silício e de 0,3V para diodos de germânio

A intensidade desta camada aumenta com cada elétron que atravessa a junção
até que se atinja um equilíbrio. A diferença de potencial através da camada de
depleção é chamada de barreira de potencial. Os terminais do diodo (figura 11) são
chamados de Anodo (A) e Cátodo (K).

Figura 11 – Terminais do diodo

4.1 Polarização do diodo

Polarizar um diodo significa aplicar uma diferença de potencial (tensão elétrica)


às suas extremidades. Significa colocá-lo para operar, sob determinadas condições de
tensão e corrente, direta ou reversamente polarizado, escolhendo componentes extras
(fontes, resistores limitadores) que auxiliem a determinação de seu ponto de operação.

O diodo semicondutor pode ser polarizado de duas maneiras, diretamente ou


reversamente, dependendo das polaridades da tensão aplicada aos seus terminais.

4.1.1 Polarização direta do diodo

Supondo uma bateria sobre os terminais do diodo, há uma polarização direta


se o pólo positivo da bateria for colocado em contato com o material tipo P (anodo) e o
pólo negativo em contato com o material tipo N (cátodo) (figuras 12 e 13).

Desta maneira a barreira de potencial fica mais estreita (pelo princípio da


repulsão elétrica) e o diodo se comporta como uma chave fechada e sua corrente é
majoritária, isto é, flui e realiza trabalho sob a carga, em forma de potência dissipada,
por exemplo.

Figura 12 – Polarização direta Figura 13 – Corrente majoritária

4.1.2 Polarização reversa do diodo

Invertendo-se as conexões entre a bateria e a junção PN, isto é, ligando o pólo


positivo no material tipo N (cátodo) e o pólo negativo no material tipo P (anodo), a
junção fica polarizada inversamente. Pelo princípio da atração elétrica, no material tipo
N os elétrons são atraídos para o terminal positivo, afastando-se da junção.
Fato análogo ocorre com as lacunas do material do tipo P, pode-se portanto
afirmar que a bateria aumenta a camada de depleção, tornando praticamente
impossível o deslocamento de elétrons de uma camada para outra, ou seja, a barreira
de potencial torna-se mais larga e a corrente é minoritária (somente corrente de fuga)
(figuras 14 e 15), portanto praticamente não há corrente circulando na carga.

Figura 14 – Polarização reversa Figura 15 – Corrente minoritária

4.2 Curva característica do diodo

Nesta curva estão exibidos os pontos de condução na polarização direta e de


bloqueio na polarização reversa, onde são delimitados todos os pontos que são
relevantes para se entender o funcionamento do diodo.

A curva exibe o comportamento do diodo em sua forma real, quando o mesmo


está inserido em circuitos (figura 16), e portanto analisar perfeitamente em quais
condições que a corrente circula pela carga que está acoplada ao circuito.
Figura 16 – Curva característica do diodo

4.3 Características técnicas do diodo semicondutor

Características técnicas são os parâmetros que devem ser respeitados na


ligação do dispositivo para que o mesmo venha a funcionar corretamente e não ser
danificado. As principais características técnicas dos diodos semicondutores são:

• IDM (CORRENTE DIRETA MÁXIMA): A corrente máxima de cada diodo é dada


pelo fabricante em folhetos técnicos (datasheets). Este é o valor máximo admissível
para a corrente, sugere-se trabalhar com valor em torno de 20% inferiores ao máximo,
para garantir a vida útil do componente.

• VBR (TENSÃO REVERSA MÁXIMA): As tensões reversas colocam o diodo em


corte. Nesta situação toda tensão aplicada ao circuito fica sobre o diodo, pois o
mesmo se comporta como sendo um resistor com uma resistência ôhmica altíssima.
Cada diodo tem a estrutura preparada para suportar um determinado valor de tensão
reversa (também chamada tensão de breakout), que nunca deverá ser ultrapassado,
sob pena da destruição do componente, pelo aumento excessivo da corrente de fuga.

5 Circuito retificador em onda completa (ponte de diodos)

Este tipo de circuito utiliza quatro diodos configurados de uma maneira


chamada ponte retificadora (figura 17), e fornece para a carga ambos os semiciclos da
tensão alternada da entrada.

Antes de analisar as formas de onda de entrada e saída neste circuito, é


necessário explanar um conceito auxiliar chamado de oposição de fase.

Nos extremos da ponte retificadora, ou seja, na figura representados pelos


pontos A e B, enquanto o ponto A está em seu pico positivo, o ponto B está
exatamente o oposto, ou seja, passando pelo seu pico negativo.

Este fenômeno se repete ao longo da senóide. A defasagem (em graus


elétricos) do circuito é 180º, ou seja, são simetricamente opostos.

5.1 Funcionamento do circuito

Neste circuito, em ambos os semiciclos da tensão de entrada, a tensão será


fornecida à carga, portanto a corrente elétrica circulará em ambos os semiciclos da
tensão de entrada, conforme pode ser observado pelas figuras.
Figura 17 – Retificador de onda completa em ponte

Quando o ponto A é positivo em relação ao ponto B, a corrente sai de A passa


por D1 (que está polarizado diretamente), pela carga RL (neste caso representado por
um resistor), passa por D3 (que também está polarizado diretamente) e retorna pelo
ponto B, conforme a primeira Lei de Kirchhoff ou Lei dos Nós.

Quando o ponto A é negativo em relação ao ponto B, ou seja, o ponto B é


positivo, a corrente sai de B, passa por D2 (que está polarizado diretamente), pela
carga RL (neste caso representado por um resistor), passa por D4 (que também está
polarizado diretamente) e chega ao ponto A, permitindo a passagem da corrente
elétrica pela carga, conforme a primeira Lei de Kirchhoff ou Lei dos Nós.

Conduzem somente dois diodos de cada vez, e trabalham em conjunto os


diodos D1 e D3 no primeiro semiciclo e D2 e D4 no segundo semiciclo da tensão de
entrada alternada, isto é, os diodos trabalham sempre em duplas.

Quando o ponto A é positivo D1 e D3 conduzem e D2 e D4 permanecem em


corte (polarização reversa). Quando o ponto B é positivo D2 e D4 conduzem e D1 e
D3 permanecem em corte. A cada semiciclo da entrada alternada dois diodos
conduzem e dois permanecem cortados, isto é, como chaves abertas.

Para qualquer polaridade de A ou de B a corrente no resistor de carga (IL)


circula num único sentido e por isto, a corrente no mesmo é contínua. Somente os
semiciclos positivos passam para a saída. Invertendo-se a posição dos diodos a
tensão na saída passa a ser negativa.
Neste circuito considera-se a queda de tensão nos diodos como um total de
1.4V, pois trabalham sempre em duplas, sendo considerado Vd = 0.7V por diodo
(silício), somam-se as duas quedas de tensão (figura 18).

Figura 18 – Formas de onda do retificador onda completa em ponte

6 Capacitores

Os capacitores são componentes eletrônicos amplamente utilizados na prática,


por possuírem diversas aplicações, como filtros para retificadores, circuitos
osciladores, temporizadores, entre muitos outras.

6.1 Estrutura física

O capacitor é um componente capaz de armazenar cargas elétricas. Ele se


compõe basicamente de duas placas de material condutor, denominadas de
armaduras. A energia armazenada pelos capacitores está diretamente ligada às
características físicas destas armaduras, pois é nelas que a energia fica armazenada.

Essas placas são separadas eletricamente entre si por um material isolante


chamado dielétrico, que tem a função de isolar as armaduras uma em relação à outra
(figura 19).

Figura 19 – Estrutura física do capacitor

Em seu estado natural, as armaduras do capacitor estão em estado neutro, ou


seja, a diferença de potencial entre elas é de 0V (figura 20). Quando o capacitor se
encontra neste estado pode-se afirmar que o mesmo está descarregado.

Figura 20 – Capacitor em seu estado neutro


Fisicamente, o tipo de dielétrico determina qual o tipo de capacitor. Existem
diversos tipos aplicados nos ambientes industriais, cada qual possuindo as suas
aplicações particulares.

6.2 Símbolos

Em circuitos eletrônicos existem diversos símbolos que podem representar os


capacitores (figura 21). Existem tipos de capacitores que podem ser utilizados em
tensões alternadas, que são chamados de capacitores despolarizados, pois permitem
a inversão de polaridade em suas armaduras.

Além destes existem também os capacitores que podem ser utilizados em


tensões contínuas, que são chamados de capacitores polarizados ou eletrolíticos,
representado na figura abaixo pela letra F, onde não é permitida a inversão de
polaridade nas suas armaduras, pelas características construtivas de seu dielétrico.

Figura 21 – Símbolos dos capacitores

6.3 Capacitância e tensão de isolação

A capacitância de um capacitor indica o quanto de energia ele é capaz de


armazenar. Quanto maior a capacitância, maior será a carga armazenada e
consequentemente maior o tempo que a carga acoplada ao capacitor permanecerá
energizada.

A unidade de medida de capacitância é o Farad, representado pela letra F. Por


ser uma unidade muito "grande", apenas seus submúltiplos são usados (figura 22).
Figura 22 – Submúltiplos (Farad)

Em relação a estes submúltiplos, os mais comuns são o microfarad (µF),


nanofarad (nF) e picofarad (pF).

Para dimensionar corretamente os capacitores, além do valor da capacitância,


é preciso especificar o valor limite de tensão a ser aplicada entre seus terminais.

Esse valor é denominado tensão de isolação e varia conforme o tipo de


capacitor. Se for aplicada uma tensão no capacitor que seja maior que sua tensão de
isolação, o dielétrico (isolante) se rompe e o capacitor estoura (“transborda”), podendo
ocasionar um curto-circuito permanente.

6.4 Tipos de capacitores

Na prática existem vários tipos de capacitores com aplicações específicas,


dependendo de aspectos construtivos, como material utilizado como dielétrico, tipo de
armadura e encapsulamento. Dentro dos diversos tipos, pode-se destacar os que
possuem maiores aplicações práticas:

• Capacitor de plástico;

• Capacitor eletrolítico (ou polarizado);

• Capacitor de cerâmica.
6.4.1 Capacitor de plástico

Os capacitores plásticos (poliestileno, poliéster ou polipropileno) consistem em


duas folhas de alumínio separadas pelo dielétrico de material plástico. Sendo os
terminais ligados às folhas de alumínio.

O conjunto é bobinado e encapsulado, formando um sistema compacto. Uma


outra técnica construtiva é a de vaporizar alumínio em ambas as faces do dielétrico,
formando o capacitor.

Essa técnica é denominada metalização e traz como vantagem, maior


capacidade de compactação, comparando com os de mesmas dimensões dos não
metalizados.

Pode ser observado abaixo (figura 23) alguns tipos de encapsulamentos em


suas formas físicas reais. As aplicações mais difundidas para este tipo de capacitor
são os circuitos que trabalham em altas frequências, como por exemplo os osciladores
e circuitos de transmissão de dados.

Figura 23 – Capacitores (poliestireno e poliéster)

6.4.2 Capacitor eletrolítico

Estes consistem em uma folha de alumínio anodizada como armadura positiva,


onde por um processo eletrolítico forma-se uma camada de óxido de alumínio que
serve como dielétrico.

Um fluído condutor (o eletrólito) que impregnado em um papel poroso, é


colocado em contato com outra folha de alumínio de maneira a formar a armadura
negativa.

Os capacitores eletrolíticos (figura 24), por apresentarem o dielétrico como uma


fina camada de óxido de alumínio e em uma das armaduras um fluído, constituem uma
série de altos valores de capacitância, mas com valores limitados de tensão de
isolação e terminais polarizados (podem ser utilizados em tensões contínuas).

Estes capacitores não permitem a inversão de polaridade aos seus terminais,


caso isso venha a ocorrer o dielétrico irá ferver e as armaduras fecharão em curto-
circuito. Suas principais aplicações consistem em filtros, acoplamentos em circuitos de
baixa frequência ou em circuitos temporizadores.

Figura 24 – Capacitores (eletrolíticos)

6.4.3 Capacitor cerâmico

Apresentam como dielétrico um material cerâmico, que é revertido por uma


camada de tinta, que contêm elemento condutor, formando as armaduras (figura 25).
O conjunto recebe um revestimento isolante.

São caracterizados por possuírem baixos valores de capacitância e altas


tensões de isolação, tornando-se muito comuns em aplicações de potência.

Figura 25 – Capacitores (cerâmicos)


7 Filtros para circuitos retificadores em onda completa

A filtragem para o retificador de onda completa é mais eficiente que para o


retificador de meia onda. Em onda completa o capacitor será recarregado 120 vezes
por segundo.

O capacitor descarrega durante um tempo menor e com isto a sua tensão


permanece próxima de Vp até que seja novamente recarregado, tornando a forma de
onda mais próxima da onda contínua pura, conforme os gráficos (figura 26).

Da mesma forma que os retificadores de meia onda, na onda completa a


função do filtro também é diminuir as oscilações da onda pulsante, tornando-a mais
próxima da onda contínua pura, que não possui oscilações.

Figura 26 – Filtro capacitivo para retificador de onda completa

Quando a carga RL solicita uma alta corrente é necessário que o retificador


seja de onda completa, por apresentar maior eficiência do que o retificador de meia
onda, ou seja, uma tensão contínua maior na sua saída (figura 27) podendo ser
mantido um capacitor de menor valor de capacitância.

Figura 27 – Forma de onda para retificador de onda completa


8 Diodo zener

Um diodo zener é constituído por uma junção PN de material semicondutor


(silício ou germânio) e por dois terminais, o Anodo (A) e o Cátodo (K) (figura 28). Sua
diferença física se comparado ao diodo semicondutor é a intensidade e tipo de
dopagem realizada (inserção de “impurezas” na estrutura cristalina do material).

Fisicamente o mesmo é muito parecido com os diodos semicondutores, sendo


somente possível, às vezes, identificá-lo por datasheets ou pela verificação do
funcionamento.

Figura 28 - Constituição e símbolo do diodo zener

8.1 Polarizações possíveis

Assim como o diodo semicondutor, o diodo zener também pode ser polarizado
de duas maneiras, polarização direta e polarização reversa.

8.1.1 Polarização direta

Quando polarizado diretamente, o diodo zener se comporta da mesma forma


que um diodo semicondutor, entrando em condução e assumindo uma queda de
tensão de 0,7V para o silício e 0,3V para o germânio (figura 29).
Figura 29 – Diodo zener polarizado diretamente

8.1.2 Polarização reversa

Nesta polarização, enquanto o diodo semicondutor bloqueia a circulação de


corrente, o zener atua como regulador de tensão, ao atingir a região de avalanche, a
tensão sobre os terminais do zener permanece praticamente constante, fazendo o
mesmo entrar em condução (figura 30).

Figura 30 – Diodo zener polarizado reversamente

8.2 Características do diodo zener

As características técnicas que devem ser respeitadas para que o diodo zener
não queime e ocorra um curto-circuito ou abertura da junção são:

• TENSÃO ZENER (Vz): É o valor de tensão no qual o diodo zener entra em


condução, quando polarizado reversamente. Os valores de tensão são padronizados
pelos fabricantes.
POTÊNCIA ZENER (Pz): É a potência que o diodo zener pode dissipar, quando
percorrido pela corrente reversa. Seu valor é expresso pela fórmula Pz = Iz.Vz, No
mercado são comuns diodos zener com potências zener entre 400mW e 1W.

COEFICIENTE DE TEMPERATURA: A tensão zener se modifica pela ação da


temperatura, a tensão pode subir ou descer com o aumento da temperatura, porém
em faixas de valores pequenos.

TOLERÂNCIA: É o valor da tensão zener em relação à tensão zener


especificada pelos fabricantes.

CORRENTE ZENER MÁXIMA (Izmáx): Máximo valor de corrente que o diodo


zener suporta, quando em condução na polarização reversa. Izmáx = Pz/Vz. É
aconselhável que se utilize 70% do seu valor máximo.

CORRENTE ZENER MÍNIMA (Izmín): Mínimo valor de corrente que o diodo


zener necessita para que ele mantenha estável (ausente de oscilações) a tensão nos
seus terminais. Izmín = Izmáx/10.

8.3 Curva característica

A curva característica do diodo zener é da seguinte forma, e através dela é


possível o estudo das diferentes regiões de operação do mesmo. Ela exibe o
comportamento do dispositivo nas regiões direta e reversa e os valores de tensão e
corrente para cada ponto da faixa de operação (figura 31).

Figura 31 – Curva característica do diodo zener


NOTA 1: Os diodos zener são definidos pela sua tensão de zener (Vz) mas para que
possa existir regulação/estabilização de tensão aos seus terminais a corrente que
circula pelo díodo zener (Iz) deve manter-se entre os valores de corrente zener
definidos como máximo e mínimo, pois se é menor que o valor mínimo, não permite a
regulação da tensão e, se é maior, pode romper a junção PN por excesso de corrente.

NOTA 2: Quando um díodo zener está a trabalhar na zona de ruptura, um aumento na


corrente produz um ligeiro aumento na tensão. Isto significa que o díodo zener tem
uma pequena resistência que também é denominada impedância zener (Zz).

8.4 Aplicações

Se é necessário se alimentar uma carga qualquer com uma tensão constante,


perfeitamente isenta de qualquer variação ou flutuação, nada mais há do que montar o
sistema constituído pelo díodo zener (polarizado inversamente) e a resistência
limitadora (representada neste circuito por R), de tal modo que o diodo fique em
paralelo com a carga, ou seja, ele estabiliza a tensão na carga (figura 32).

Figura 32 – Circuito estabilizador com diodo zener

O diodo zener quando polarizado inversamente (ânodo a um potencial negativo


em relação ao cátodo) permite manter uma tensão constante aos seus terminais (VZ)
sendo por isso muito utilizado na estabilização/regulação da tensão nos circuitos. Este
fenômeno pode ser visualizado pelo circuito abaixo (figura 33).
Figura 33 – Diodo zener estabilizando tensão na carga

Para que este tipo de circuito funcione de maneira adequada, são necessárias
algumas regras, que garantes o bom funcionamento e eficiência da estabilização do
dispositivo, ou seja, da tensão estabilizada corretamente. (figura 34).

Figura 34 – Regras para o circuito estabilizador


Para que ocorra o efeito estabilizador de tensão é necessário que o diodo
zener trabalhe dentro da zona de ruptura, respeitando-se as especificações da
corrente máxima e de corrente mínima, para que a tensão não sofra variações nos
seus terminais.

Para isto é utilizada um resistor limitador (figura 35), que garante as limitações
de corrente e absorção da tensão não estabilizada proveniente da fonte geradora.

Figura 35 – Resistor limitador de corrente

9 Reguladores monolíticos

Existem vários tipos de reguladores de tensão, no entanto existem aqueles


tipos mais usados, como os reguladores com diodo zener e com circuitos integrados.

Quanto à aplicação existem dois tipos de circuitos integrados reguladores de


tensão: regulador com saída fixa e regulador com saída ajustável. Quanto a tensão de
saída também existem dois tipos: reguladores para tensões positivas e reguladores
para tensões negativas.

Os reguladores com tensão fixa são mais baratos e apresentam uma aplicação
maior. A série 78XX e 79XX são os mais comuns destes tipos onde as letras “XX”
devem ser preenchidas com a tensão fixa da saída onde as mais comuns são: 5V, 9V,
12V, 15V e 24V.

O CI da linha 78xx é para saídas positivas e o CI da linha 79xx é para saídas


negativas. O CI regulador para fontes de 5V é muito usado em fontes para
alimentação de micro-controladores e microprocessadores, já os CI’s 7815 e 7915 ou
7812 e 7912 são muito usados em fontes de alimentação para amplificadores
operacionais que necessitam de uma fonte simétrica. O CI 7824 é muito usado em
fontes de alimentação para o circuito de controle usando CLP na indústria.

9.1 O encapsulamento dos CI’s 78XX e 79XX

O encapsulamento do CI regulador de tensão (figura 36) é similar a um


transistor, desta forma é muito comum a confusão deste tipo de componente com um
transistor, deve-se estar atento para identificar que este componente não tem nada a
ver com um transistor. Outro detalhe importante é que a pinagem do CI da família
78XX e do 79XX são diferentes, a figura abaixo mostra a pinagem dos dois tipos de
CI’s.

Figura 36 – Pinagem e encapsulamento do CI regulador de tensão

9.2 Aplicação do CI regulador 78XX e 79XX

A aplicação deste tipo de CI é simples, ele deve ser colocado na saída do


circuito retificador, entre a carga e o capacitor eletrolítico, o capacitor de filtro (figura
37). O circuito também possui dois capacitores de baixo valor que são recomendados
pelo fabricante para deixar o circuito mais estável, estes capacitores são do tipo
plástico ou de cerâmica.

Deve-se cuidar que a tensão de entrada seja pelo menos 3V mais alta do que a
tensão de saída, quanto mais alta a tensão de entrada em relação a tensão de saída
tanto maior será a potência dissipada no regulador, mais o CI vai esquentar. Se a
tensão de saída deve ser 5V a tensão de entrada deve ficar acima de 8V.

Figura 37 – Esquema de ligações para reguladores de tensão

9.3 Circuito com CI regulador usado em uma fonte simétrica

Pode-se usar dois reguladores de tensão fixa para gerar duas saídas simétrica
em relação ao terra (figura 38). A saída +VCC é igual a +12V em relação ao terra e a
saída –VCC é igual a -12V em relação ao terra, entre as saídas +12V e -12V você terá
uma tensão de 24V.

Para outras tensões basta substituir o CI pelo valor apropriado. Para maior
estabilidade deve-se usar capacitores de tântalo ou plástico, se for usado capacitor
eletrolítico de alumínio deve-se ajustar os valores dos capacitores para mais dez
vezes do valor marcado. Para aumentar a resposta a variações rápidas de corrente o
diodo 1N4001 deve ser empregado se o CI estiver situado longe da carga.

Figura 38 – Fonte simétrica usando CI’s reguladores de tensão


10 Transistor bipolar

O termo “transistor” resulta da aglutinação dos termos ingleses TRANsfer +


reSISTOR (resistência de transferência).

O termo bipolar refere-se ao fato dos portadores elétrons e lacunas


participarem no processo do fluxo de corrente. Trata-se de um componente muito
utilizado atualmente, podendo servir tanto como dispositivo de controle quanto
participar efetivamente do processo de distribuição de potência.

Este pode ter diversos formatos e ser encapsulado em diferentes invólucros


(figura 39). Cronologicamente, o transistor veio em substituição à válvula, que
realizava praticamente as mesmas funções, porém com dissipações de potência e
calor muito maiores.

Figura 39 – Transistores em diferentes invólucros

10.1 Estrutura física

Um transistor bipolar (com polaridade NPN ou PNP) é constituído por duas


junções PN (junção base-emissor e junção base-coletor) de material semicondutor
(silício ou germânio) e por três terminais designados por emissor (E), base (B) e
coletor (C) (figura 40). Cada terminal possui suas características particulares.

A base, por exemplo, é muito estreita e possui uma dopagem leve, sua
polaridade é sempre oposta à do emissor e do coletor.
O emissor possui uma largura intermediária entre a base e a do coletor, porém
possui uma dopagem muito intensa, pois é este terminar que vai “emitir” os elétrons
que dão origem à corrente de coletor.

Já o coletor é o mais largo dos três terminais, porém sua dopagem não se
compara á do emissor e é maior que da base, ele possui largura maior porque é neste
terminal que ocorre a maior dissipação de potência no transistor.

Figura 40 – Terminais internos do transistor bipolar

NOTA:

N – Material semicondutor com excesso de elétrons livres

P – Material semicondutor com excesso de lacunas, ou seja, falta de elétrons

Internamente, o transistor bipolar pode ser comparado a duas junções PN, ou


seja, dois diodos semicondutores em um mesmo invólucro (figura 41). Porém, este
possui uma característica que o diodo semicondutor não possui, o chamado ganho,
representado pela letra grega beta ( ), por este motivo o transistor pode ser
considerado um amplificador de corrente.

Pode-se representar o transistor como um circuito T equivalente com diodos,


ligados de tal forma a permitir a identificação da polarização das junções.

Observa-se que no transistor PNP a junção dos dois catodos do diodo forma a
base, que é negativa, sendo o emissor e o coletor positivos, enquanto que no
transistor NPN a junção dos dois anodos forma a base que é positiva, sendo o emissor
e o coletor negativos.

Podem ser considerados dois diodos, exceto pela existência do ganho beta ( ).

Junção PN Junção PN Junção PN Junção PN


base - emissor base - colector base - emissor base - colector

Figura 41 – Junções internas do transistor bipolar

10.2 Princípios de funcionamento

Para que o transistor bipolar conduza é necessária que seja aplicada na base
uma tensão mínima (VBE 0,7V), caso contrário não haverá passagem de corrente
entre o emissor e o coletor (figura 42).

Figura 42 – Transistor não conduzindo (chave aberta)


Se for aplicada uma pequena corrente na base o transistor conduz e irá
amplificar a corrente que passa do emissor para o coletor (figura 43). A relação de
amplificação se dá pelo ganho beta ( ), que multiplica a corrente de base e dá-se
origem à corrente de coletor.

Figura 43 – Transistor conduzindo (chave fechada)

Polarizando diretamente a junção base-emissor e inversamente a junção base-


coletor, a corrente de coletor (IC) passa a ser controlada pela corrente de base (IB).

Um ligeiro aumento na corrente de base IB provoca um aumento significativo na


corrente de coletor IC e vice-versa.

A corrente de base sendo bem menor que a corrente de coletor, uma pequena
variação de IB provoca uma grande variação de IC, isto significa que a variação de
corrente de coletor é um reflexo amplificado da variação da corrente na base e a
relação é dada pelo ganho beta, onde IC = beta * IB . Quanto maior o ganho, maior a
amplificação.

As principais aplicações do transistor bipolar são:

• Como interruptor eletrônico, ou seja, como chave aberta ou fechada, nas


regiões de saturação e corte, respectivamente;

• Na amplificação de sinais, trabalhando na região ativa, onde se pode ter uma


variação na corrente de base, e a corrente de coletor acompanha esta variação;

• Como oscilador, principalmente para a amplificação dos impulsos de disparo de


tiristores como SCR’s, IGBT’s, TRIACS, entre outros.
10.3 Representação das tensões e correntes

Para que se possa entender a polarização do transistor em suas diferentes


regiões de operação, antes é necessário um estudo sobre as diferentes correntes e
tensões que estão presentes na polarização do mesmo.

Neste componente, existem várias tensões e correntes que devem ser


conhecidos para que as polarizações possam ser realizadas de formas corretas, as
tensões de base-emissor (VBE) e coletor-emissor (VCE).

As correntes que são mais importantes são a corrente de base (IB) e a corrente
de coletor (IC), esta última é a corrente de carga, que o transistor oferece à carga
(figuras 44 e 45).

Figuras 44 e 45 – Tensões e correntes do transistor

10.4 Características técnicas

Utilizando o código alfanumérico do transistor podem-se obter as suas


características técnicas por consulta de um data book ou de um data sheet do
fabricante.
• ICmáx: é a máxima corrente de coletor que o transistor pode suportar. Se este
parâmetro for excedido o componente poderá queimar, pois as junções podem ser
abertas por excesso de corrente;

• VCEOmáx: tensão máxima coletor-emissor com a base aberta, ou seja, quando


o transistor está em corte, quando VBE<0,7V e portanto IB = 0A;

• hFE ou β (beta): ganho ou fator de amplificação do transistor (hFE = IC / IB);

• Pd: potência máxima de dissipação;

• fT: frequência de transição (frequência para a qual o ganho do transistor é 1 ou


seja, o transistor não amplifica mais a corrente).

10.5 Regiões de trabalho

Para o funcionamento, o transistor bipolar pode ser polarizado em três regiões


de funcionamento:

• A região de corte (ou seja, funcionam como sendo uma chave aberta, não
permitindo a circulação de corrente, neste caso a corrente de coletor IC é zero);

• A região de saturação (ou seja, funcionam como uma chave fechada,


permitindo a circulação de corrente elétrica, neste caso a corrente de coletor IC é
máxima, pois a tensão sobre a carga é a máxima fornecida pela fonte);

• A região ativa, onde o mesmo trabalha como amplificador, variando a


passagem de corrente elétrica no coletor analogicamente, neste caso a tensão na
carga varia pela variação da tensão coletor-emissor (VCE).

Para o transistor bipolar poder ser utilizado com interruptor, como amplificador
ou como oscilador o mesmo deve estar devidamente polarizado através de uma fonte
de corrente contínua.

Para que o mesmo esteja polarizado (na região ativa) a junção PN base-
emissor deve ser polarizada diretamente e a junção base-coletor deve ser polarizada
inversamente.
NOTA:

O emissor é polarizado com a mesma polaridade que o semicondutor que o constitui;

A base é polarizada com a mesma polaridade que o semicondutor que a constitui;

O coletor é polarizado com polaridade contrária à do semicondutor que o constitui.

10.5.1 Região de corte

Nesta polarização, o transistor está desligado, se comportando como uma


chave aberta, ou seja, ou a corrente de base (IB) não é grande o suficiente para ligá-lo
e as junções estão reversamente polarizadas.

Neste ponto, a corrente de coletor é zero (apenas ocorre a circulação da


corrente de fuga). Porém, a tensão entre coletor e emissor é o total, ou seja, a tensão
da malha de coletor, pois o transistor é considerado uma chave aberta, portanto a
queda de tensão entre seus terminais é o máximo fornecido pela fonte, e a tensão
fornecida à carga (resistência de coletor) é praticamente zero Volts.

Na região de corte, pode-se considerar VCC = VCE . Ou seja, a tensão de


alimentação do circuito é igual à tensão entre coletor e emissor.

10.5.2 Região de saturação

A corrente de base (IB) é suficientemente grande, fazendo com que a tensão de


coletor à emissor (VCE) seja muito baixa, próxima de zero, por volta de 0,1V. Assim, o
transistor opera como chave fechada, permitindo a circulação da máxima corrente de
coletor, por que a tensão na carga (resistência de coletor) é máxima. Ambas as
junções estão diretamente polarizadas.

Neste ponto, a corrente de coletor é dada pela corrente de base multiplicada


pelo ganho beta, ou seja, é o máximo de corrente, o transistor está saturado. Portanto,
a tensão entre coletor e emissor é o mínimo, ou seja, a tensão da malha de coletor
está totalmente aplicada à carga, pois o transistor é considerado uma chave fechada.
Na região de saturação, pode-se considerar IC = ICmáx = (VCC – 0.1) / RC . Ou
seja, a corrente de coletor é a máxima possível, sendo que a tensão de alimentação
do circuito fica quase totalmente sobre a carga, obtendo-se uma corrente elevada.

10.5.3 Região ativa

O transistor funciona como um amplificador onde a corrente de coletor (IC) é


amplificada pelo ganho de corrente beta ( ) e há diminuição da queda VCE, conforme
se aumenta a corrente de base (IB). A junção coletor-base está reversamente
polarizada e a junção base-emissor, diretamente polarizada.

Nesta região, a corrente de coletor e a tensão entre coletor e emissor podem


variar conforme se varia a corrente de base, pois a mesma não é suficientemente
grande para saturar o transistor e nem é baixa o suficiente para que o mesmo assuma
o estado de corte.

Dependendo da aplicação necessária, uma das três regiões de operação


(figuras 46 e 47) pode ser utilizada.

Figura 46 – Regiões de operação do transistor


Figura 47 – Curvas características do transistor

Pode-se perceber pelas regiões da curva característica do transistor os valores


de corrente de coletor (IC) e tensão de coletor a emissor (VCE) para cada região de
operação.

Durante a operação na região de corte, pode-se observar que a corrente de


coletor é praticamente zero e a tensão de coletor a emissor é máxima, dependendo
dos valores estabelecidos pelo circuito em operação. Operando na região de
saturação, pode-se observar que a corrente de coletor é a máxima, dependendo da
carga ligada ao mesmo e a tensão de coletor a emissor é mínima, podendo ser
considerada nula.

Já na região ativa, pode-se observar que os valores de corrente de coletor e de


tensão de coletor a emissor varia, dependendo da curva de corrente de base (IB)
adotada para o circuito, ou seja, o transistor não está nem cortado nem saturado, está
entre um meio termo dos estados citados.
10.6 Reta de carga

A reta de carga (figura 48) é um artifício utilizado para que seja determinado o
ponto de operação do transistor (ponto Q ou ponto quiescente), em seus limites tem-
se o corte e a saturação do dispositivo, ou seja, durante o corte a malha de coletor
está aberta, portanto a VCE é a máxima (dependendo da tensão fornecida pela fonte).

Já durante a saturação a corrente de coletor é máxima, porque a tensão VCE é


zero, a malha de coletor está fechada e a carga recebe a tensão máxima da fonte.
Unindo-se estes dois pontos têm-se a reta de carga, e pode-se determinar o ponto Q,
ponto quiescente (trabalho), que é o ponto sob o qual o transistor irá operar no circuito.

Figura 48 – Reta de carga do transistor

A reta de carga define as possíveis tensões e correntes que o transistor pode


assumir em função das correntes de base fornecidas na curva do fabricante, pois a
corrente de coletor (IC) e a tensão coletor-emissor (VCE) são dependentes da corrente
de base (IB).

Os pontos de ICq (corrente de coletor quiescente) e VCEq (tensão de coletor à


emissor quiescente), são determinados traçando-se eixos horizontais aos dois eixos,
partindo de uma das curvas de corrente de base.

Quando forem necessários meios-termos, como variação de corrente de coletor


ao se variar a corrente de base, ou seja, o transistor como amplificador, é utilizada a
configuração em polarização por divisor de tensão na base.
11 Exercícios

NOTA: Esta lista de exercícios faz parte da avaliação da disciplina, deve ser entregue
ao professor.

1) Citar os principais parâmetros da onda senoidal e explicar detalhadamente dois


deles.

2) Considerando uma senóide de tensão de pico a pico (Vpp) igual a 1074.79V, a


frequência (f) igual a 60Hz, determinar o valor do período (T), da tensão de pico (Vp),
e a tensão eficaz (Vef). Desenhar esta forma de onda com suas principais
características.

3) Classifique a afirmação em verdadeira ou falsa e justifique: “Os picos positivos e


negativos nas senóides ocorrem respectivamente em 90º e 270º, suas amplitudes
(valores máximos) e polaridades são equivalentes, ou seja, idênticas entre si”.

4) Explicar com suas palavras qual seria o conceito de tensão eficaz de uma onda
senoidal.

5) O que é um transformador? Qual sua principal finalidade?

6) Quais são as partes de um transformador? Explicar cada uma delas.

7) Classifique a afirmação em verdadeira ou falsa e justifique: “Em um transformador,


pode-se sempre afirmar que a quantidade de espiras no enrolamento primário e
secundário são sempre as mesmas”.

8) Qual a constituição interna de um diodo retificador? Desenhar o símbolo do diodo e


identificar seus terminais.

9) Quais são os tipos de polarização possíveis no diodo semicondutor? Explicar cada


uma delas detalhadamente.

10) Quais são as características técnicas que devem ser respeitadas ao se polarizar
um diodo semicondutor?

11) Analisar a afirmação como correto ou incorreto e justificar: “Na análise de um


defeito ocorrido em uma placa eletrônica, um técnico apresentou um laudo contendo a
queima de um diodo, onde ele afirmou que o mesmo queimou polarizado diretamente
por excesso de tensão”.
12) Pode-se afirmar que, quando o diodo retificador está polarizado reversamente, que
a corrente circulante é absolutamente zero Ampères? Por quê?

13) Identifique no circuito abaixo as lâmpadas que irão acender e as lâmpadas que
não irão acender. No caso das lâmpadas que irão acender, citar qual a tensão
aproximada que irá ficar sobre a mesma (OBS: As lâmpadas são iguais).

14) O que é um circuito retificador?

15) Explicar com suas palavras o funcionamento de um circuito retificador de onda


completa em ponte de diodos.

16) Desenhar as formas de onda de entrada e saída e desenhar o circuito retificador


de onda completa com ponte retificadora de diodos.

17) Classifique a afirmação em verdadeira ou falsa e justifique: “Um técnico em


manutenção disse ao seu supervisor: Troquei cinco diodos queimados naquele
retificador em ponte de diodos, e a placa eletrônica passou a funcionar corretamente”.

18) Explicar com suas palavras a estrutura física do capacitor e suas principais
aplicações.

19) Analisar a seguinte afirmação em verdadeiro ou falso e justificar: “Pode-se afirmar


que o que difere os capacitores de um tipo para outro é o material que constitui as
armaduras dos mesmos, pois o material do dielétrico é sempre o mesmo”.

20) O que é capacitância de um capacitor? Qual a relação da capacitância com a


quantidade de cargas armazenadas neste componente?

21) Analisar a seguinte afirmação em verdadeiro ou falso e justificar: “Sendo que a


tensão de isolação de um capacitor seja 63V, então este capacitor sempre vai carregar
com essa tensão, independentemente do circuito ao qual esteja conectado”.
22) Qual a principal finalidade de se utilizar um filtro capacitivo para a saída dos
circuitos retificadores em meia onda?

23) Classifique a afirmação em verdadeira ou falsa e justifique: “O rendimento dos


circuitos retificadores de onda completa com filtro capacitivo é menor que o
rendimento dos circuitos retificadores sem filtragem nenhuma”.

24) O que é um transistor e quantas junções o mesmo possui?

25) Quais são os terminais do transistor e quais são suas particularidades?

26) Desenhar o símbolo de um transistor NPN e um PNP e explicar a diferença entre


ambos.

27) Dentre as características técnicas do transistor, explicar o que é ICmáx,


VCEOmáx, e beta ( )?

28) Quais são as três regiões de trabalho que o transistor pode operar? Definir as
mesmas.

29) Em quais regiões o transistor trabalha como chave eletrônica? E em qual região o
mesmo trabalha como amplificador analógico?

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