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RESUMO LEGISLAÇAO ESPECÍFICA – Aula 00

LEI Nº 7.102/1983: DISPÕE SOBRE SEGURANÇA PARA ESTABELECIMENTOS FINANCEIROS E


DA OUTRAS PROVIDÊNCIAS
Estamos falando da segurança bancária e das empresas de segurança privada e de transporte
de valores.
O Ministério da Justiça é o órgão responsável pela regulamentação e aprovação dos sistemas
de segurança dos estabelecimentos financeiros. Dentro da estrutura do Ministério da Justiça
está o Departamento de Polícia Federal, que é o órgão que efetivamente exerce essas
funções.
COMPETÊNCIAS DO MINISTÉRIO DA JUSTIÇA:
a) Fiscalizar os estabelecimentos financeiros quanto ao cumprimento da lei - para
cumprir essa atribuição, o Ministério da Justiça poderá celebrar convênio com as
Secretarias de Segurança Pública dos respectivos Estados e Distrito Federal;
b) Encaminhar parecer conclusivo quanto ao prévio cumprimento da lei, pelo
estabelecimento financeiro, à autoridade que autoriza o seu funcionamento é o Banco
Central do Brasil;
c) Aplicar aos estabelecimentos financeiros as penalidades previstas nesta lei.

ESTABELECIMENTOS FINANCEIROS:
1 – Bancos oficiais ou privados
2 – Caixas Econômicas Federais
3 – Sociedades de Créditos
4 – Posto de atendimento, Subagências e Seções
5 – Cooperativas Singulares de Crédito e suas respectivas dependências.
O Poder Executivo estabelecerá, considerando a reduzida circulação financeira, requisitos
próprios de segurança para as cooperativas singulares de crédito.
IMPORTANTE - Os seguintes procedimentos:
I – Dispensa de sistema de segurança, que se situe dentro de qualquer edificação que possua
estrutura de segurança instalada;
II – Necessidade de elaboração e aprovação de apenas um único plano de segurança por
cooperativa singular de crédito, desde que detalhadas todas as suas dependências;
III – dispensa de contratação de vigilantes, caso isso inviabilize economicamente a existência
do estabelecimento.
Art. 2º - O sistema de segurança referido no artigo anterior inclui pessoas adequadamente
preparadas, assim chamadas vigilantes; alarme capaz de permitir, com segurança,
comunicação entre o estabelecimento financeiro e outro da mesma instituição, empresa de
vigilância ou órgão policial mais próximo; e, pelo menos, mais um dos seguintes dispositivos:

I - Equipamentos elétricos, eletrônicos e de filmagens que possibilitem a identificação dos


assaltantes;
II - Artefatos que retardem a ação dos criminosos, permitindo sua perseguição, identificação
ou captura; e
III - Cabina blindada com permanência ininterrupta de vigilante durante o expediente para o
público e enquanto houver movimentação de numerário no interior do estabelecimento.
O STJ decidiu que as casas lotéricas não se enquadram na definição de estabelecimentos
financeiros, e por isso não se submetem às regras da Lei nº 7.102/1983.

A propriedade e a administração das empresas especializadas em segurança privada são


vedadas a estrangeiros, mas o STJ entende que não há problema em a empresa ter capital
estrangeiro, desde que seja estabelecida no Brasil, segundo as leis brasileiras.
REQUISITOS PARA O EXERCÍCIO DA PROFISSÃO DE VIGILANTE

1. Ser brasileiro; (A lei não diferencia o brasileiro nato do naturalizado).


2. Ter pelo menos 21 anos;
3. Ter concluído a quarta série do primeiro grau (quinto ano do ensino fundamental);
4. Ter sido aprovado, em curso de formação de vigilante, realizado em estabelecimento
com funcionamento autorizado;
5. Ter sido aprovado em exame de saúde física, mental e psicotécnico;
6. Não ter antecedentes criminais registrados;
7. Estar quite com as obrigações eleitorais e militares.

É assegurado ao vigilante:

 uniforme especial; modelo deve ser aprovado pelo Ministério da Justiça.


 porte de arma, quando em serviço;
 prisão especial por ato decorrente do serviço;
 seguro de vida em grupo.

A lei autoriza expressamente o vigilante a utilizar revólver de calibre 32 ou 38 e cassetete de


madeira ou de borracha.

No transporte de valores, podem ser utilizadas também espingardas de calibre 12, 16 ou 20,
de fabricação nacional, desde que não sejam de uso restrito das Forças Armadas.

Essas armas devem ser de propriedade e responsabilidade da empresa especializada ou do


estabelecimento financeiro, quando executarem os serviços.

O estabelecimento financeiro que infringir disposição desta lei ficará sujeito às seguintes
penalidades, conforme a gravidade da infração e levando-se em conta a reincidência e a
condição econômica do infrator:

 advertência;
 multa, de mil a vinte mil Ufirs;
 interdição do estabelecimento.

As empresas especializadas e os cursos de formação de vigilantes que infringirem disposições


desta Lei ficarão sujeitos às seguintes penalidades, aplicáveis pelo Ministério da Justiça, ou,
mediante convênio, pelas Secretarias de Segurança Pública:

 advertência;
 multa, de quinhentos até cinco mil Ufirs;
 proibição temporária de funcionamento;
 cancelamento do registro para funcionar.

Cabe ao Ministério da Justiça, por intermédio do seu Órgão competente ou mediante


convênio com as Secretarias de Segurança Pública dos Estados e Distrito Federal:

I. conceder autorização para o funcionamento:


a) das empresas especializadas em serviços de vigilância;
b) das empresas especializadas em transporte de valores; e
c) dos cursos de formação de vigilantes;
II. fiscalizar as empresas e os cursos mencionados no inciso anterior:
III. aplicar às empresas e aos cursos as penalidades previstas;
IV. aprovar uniforme;
V. fixar o currículo dos cursos de formação de vigilantes
VI. fixar o número de vigilantes das empresas;
VII. fixar a natureza e a quantidade de armas de propriedade das empresas especializadas
e dos estabelecimentos financeiros;
VIII. autorizar a aquisição e a posse de armas e munições; e
IX. fiscalizar e controlar o armamento e a munição utilizados;
X. rever anualmente a autorização de funcionamento das empresas.

Essas atribuições, precisam ser desempenhadas pela Polícia Federal:

concessão de autorização pra funcionamento das empresas especializadas em transporte de


valores, e da aprovação do currículo dos cursos de formação de vigilantes.

Essas atividades não podem ser delegadas por meio de convênio.

As instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do


Brasil, que colocarem à disposição do público caixas eletrônicos, são obrigadas a instalar
equipamentos que inutilizem as cédulas de moeda corrente depositadas no interior das
máquinas em caso de arrombamento, movimento brusco ou alta temperatura.

As instituições financeiras poderão utilizar-se de qualquer tipo de tecnologia existente para


inutilizar as cédulas de moeda corrente depositadas no interior dos seus caixas eletrônicos, tais
como:

I – Tinta especial colorida;

II – Pó químico;

III – Ácidos insolventes;

IV – Pirotecnia, desde que não coloque em perigo os usuários e funcionários que utilizam os
caixas eletrônicos;
V – Qualquer outra substância, desde que não coloque em perigo os usuários dos caixas
eletrônicos.

Além disso, a lei agora determina também a obrigatoriedade da instalação de placa de alerta,
que deverá ser afixada de forma visível no caixa eletrônico, bem como na entrada da
instituição bancária que possua caixa eletrônico em seu interior, informando a existência do
referido dispositivo e seu funcionamento.

As exigências previstas neste artigo poderão ser implantadas pelas instituições financeiras de
maneira gradativa, atingindo-se, no mínimo, os seguintes percentuais, a partir da entrada em
vigor desta Lei:

I – Nos municípios com até 50.000 (cinquenta mil) habitantes, 50% (cinquenta por cento) em
nove meses e os outros 50% (cinquenta por cento) em dezoito meses;

II – Nos municípios com mais de 50.000 (cinquenta mil) até 500.000 (quinhentos mil)
habitantes, 100% (cem por cento) em até vinte e quatro meses;

III – Nos municípios com mais de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, 100% (cem por cento)
em até trinta e seis meses.

Nenhuma sociedade seguradora poderá emitir, em favor de estabelecimentos financeiros,


apólice de seguros que inclua cobertura garantindo riscos de roubo e furto qualificado de
numerário e outros valores, sem comprovação de cumprimento, pelo segurado, das exigências
previstas nesta Lei.

As seguradoras, portanto, somente poderão vender seguros para estabelecimentos financeiros


que comprovem terem cumprido os requisitos da Lei nº 7.102/1983.

E qual a punição para as seguradoras que descumprirem a regra? Simples! Elas deixam de ter
cobertura por parte do Instituto de Resseguros do Brasil.

Essas instituições, quando desejarem contratar seguros contra roubo e furto, deverão ter
descontos sobre os prêmios.

Caso a autorização seja dada diretamente pelo Ministério da Justiça, será necessário
comunicar à Secretaria de Segurança Pública do local de funcionamento da instituição
financeira. Isso ocorre porque as polícias miliar e civil do local precisam ter conhecimento
acerca das empresas autorizadas a funcionar.
RESUMO LEGISLAÇAO ESPECÍFICA – Aula 01
LEI Nº 10.357/2001
Art. 1o Estão sujeitos a controle e fiscalização, na forma prevista nesta Lei, todos os produtos
químicos que possam ser utilizados como insumo na elaboração de substâncias
entorpecentes, psicotrópicas ou que determinem dependência física ou psíquica.
OBS.: A Lei nº 10.357/2001 não se aplica às substâncias entorpecentes, psicotrópicas ou que
determinem dependência física ou psíquica que estejam sob controle do Órgão competente do
Ministério da Saúde.
Considera-se produto químico as substâncias químicas e as formulações que as contenham,
nas concentrações estabelecidas em portaria.
Art. 2º O Ministro de Estado da Justiça, de ofício ou em razão de proposta do Departamento
de Polícia Federal, da Secretaria Nacional Antidrogas ou da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária, definirá, em portaria, os produtos químicos a serem controlados e, quando
necessário, promoverá sua atualização, excluindo ou incluindo produtos, bem como
estabelecerá os critérios e as formas de controle.
A portaria do Ministro da Justiça deve estabelecer quantidades mínimas de produtos químicos.
E por que isso ocorre?
O Ministério da Justiça tem competência para tratar da política antidrogas, juntamente com o
Ministério da Saúde. A Secretaria Nacional Antidrogas e a Polícia Federal são Órgãos que
compõem o Ministério da Justiça.
À Polícia Federal cabe o efetivo controle e fiscalização dos produtos químicos, bem como a
eventual aplicação das sanções administrativas decorrentes.
Art. 4º Para exercer qualquer uma das atividades sujeitas a controle e fiscalização relacionadas
no art. 1º, a pessoa física ou jurídica deverá se cadastrar e requerer licença de funcionamento
ao Departamento de Polícia Federal.
As atividades sujeitas ao controle e fiscalização quando exercidas apenas em cárter eventual, a
pessoa física ou jurídica interessada precisará providenciar seu cadastro junto ao
Departamento de Polícia Federal e requerer autorização especial para efetivar suas
operações.
A atividade fiscalizatória da Polícia Federal no que se refere aos produtos químicos é exercida
de várias maneiras, e uma das principais é a prestação de informações por parte das pessoas
jurídicas que realizam as atividades previstas na lei.
Uma observação importante: essa regra somente se aplica às pessoas jurídicas, ok? As
pessoas físicas estão desobrigadas da prestação periódica e informações.
Os documentos que consubstanciam as informações a que se refere este artigo deverão ser
arquivados pelo prazo de CINCO ANOS e apresentados a PF quando solicitados.
A lei traz ainda mais duas obrigações importantes para as pessoas físicas ou jurídicas que
exercem atividades sujeitas a controle e fiscalização:
a) Quanto uma dessas pessoas físicas ou jurídicas suspender o exercício da atividade ou
mudar de atividade controlada deverá informar à Polícia Federal no prazo máximo 30
dias a partir da data da suspensão ou da mudança de atividade;
b) Quando houver suspeita de desvio de produtos químicos controlados, a pessoa física
ou jurídica deverá informar à Polícia Federal no prazo máximo de 24h.
Art. 15. A pessoa física ou jurídica que cometer qualquer uma das infrações previstas nesta Lei
ter· prazo de trinta dias, a contar da data da fiscalização, para sanar as irregularidades
verificadas, sem prejuízo da aplicação de medidas administrativas previstas no art. 14.

Art. 19. A Taxa de Controle e Fiscalização de Produtos Químicos é devida pela prática dos
seguintes atos de controle e fiscalização:

I – No valor de R$ 500,00 (quinhentos reais) para:

a. emissão de Certificado de Registro Cadastral;

b. emissão de segunda via de Certificado de Registro Cadastral; e

c. alteração de Registro Cadastral;

II – No valor de R$ 1.000,00 (um mil reais) para:

a. emissão de Certificado de Licença de Funcionamento;

b. emissão de segunda via de Certificado de Licença de Funcionamento; e

c. renovação de Licença de Funcionamento;

III – no valor de R$ 50,00 (cinquenta reais) para:

a. emissão de Autorização Especial; e

b. emissão de segunda via de Autorização Especial.

Parágrafo único. Os valores constantes dos incisos I e II deste artigo serão reduzidos de:

I - Quarenta por cento, quando se tratar de empresa de pequeno porte;

II - Cinquenta por cento, quando se tratar de filial de empresa já cadastrada;

III - setenta por cento, quando se tratar de microempresa.

LEI Nº 10.446/2002
Trata da possibilidade de a Polícia Federal investigar o cometimento de infrações penais
quando houver repercussão interestadual ou internacional que exijam repressão uniforme.

Art. 144 - quando houver repercussão interestadual ou internacional que exija repressão
uniforme, poderá o Departamento de Polícia Federal do Ministério da justiça, sem prejuízo da
responsabilidade dos Órgãos de segurança pública em especial das Polícias Militares e Civis
dos Estados, proceder à investigação, dentre outras, das seguintes infrações penais:

I – Sequestro, cárcere privado e extorsão mediante sequestro, se o agente foi impelido por
motivação política ou quando praticado em razão da função pública exercida pela vítima;

II – Formação de cartel;

III – relativas à violação a direitos humanos, que a República Federativa do Brasil se


comprometeu a reprimir em decorrência de tratados internacionais de que seja parte; e

IV – Furto, roubo ou receptação de cargas, inclusive bens e valores, transportadas em


operação interestadual ou internacional, quando houver indícios da atuação de quadrilha ou
bando em mais de um Estado da Federação.

V - Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins


terapêuticos ou medicinais e venda, inclusive pela internet, depósito ou distribuição do
produto falsificado, corrompido, adulterado ou alterado;

VI - Furto, roubo ou dano contra instituições financeiras, incluindo agências bancárias ou caixas
eletrônicos, quando houver indícios da atuação de associação criminosa em mais de um
Estado da Federação.

VII – quaisquer crimes praticados por meio da rede mundial de computadores que difundam
conteúdo misógino, definidos como aqueles que propagam o Ódio ou a aversão às mulheres.
RESUMO LEGISLAÇAO ESPECÍFICA – Aula 02
LEI Nº. 11.343/06 (DROGAS)
Esta lei contém tipos penais em branco.
Art. 1o Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad;
prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e
dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao
tráfico ilícito de drogas e define crimes.

DROGAS são quaisquer substâncias ou produtos capazes de causar dependência. É necessário


ainda que as substâncias estejam relacionadas em lei específica ou em ato do Poder Executivo.
Hoje essa regulamentação é feita pela (Anvisa).

DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE DROGAS (Sisnad)

São princípios do Sisnad:

I - O respeito aos direitos fundamentais da pessoa humana, especialmente quanto à sua


autonomia e à sua liberdade;

II - O respeito à diversidade e às especificidades populacionais existentes;


III - a promoção dos valores éticos, culturais e de cidadania do povo brasileiro, reconhecendo-
os como fatores de proteção para o uso indevido de drogas e outros comportamentos
correlacionados;

IV - a promoção de consensos nacionais, de ampla participação social, para o estabelecimento


dos fundamentos e estratégias do Sisnad;

V - a promoção da responsabilidade compartilhada entre Estado e Sociedade, reconhecendo a


importância da participação social nas atividades do Sisnad;

VI - o reconhecimento da intersetorialidade dos fatores correlacionados com o uso indevido de


drogas, com a sua produção não autorizada e o seu tráfico ilícito;

VII - a integração das estratégias nacionais e internacionais de prevenção do uso indevido,


atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua
produção não autorizada e ao seu tráfico ilícito;

VIII - a articulação com os órgãos do Ministério Público e dos Poderes Legislativo e Judiciário
visando à cooperação mútua nas atividades do Sisnad;

X - a observância do equilíbrio entre as atividades de prevenção do uso indevido, atenção e


reinserção social de usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua produção não
autorizada e ao seu tráfico ilícito, visando a garantir a estabilidade e o bem-estar social;

XI - a observância às orientações e normas emanadas do Conselho Nacional Antidrogas -


Conad.

Art. 5o O Sisnad tem os seguintes objetivos:

I - contribuir para a inclusão social do cidadão, visando a torná-lo menos vulnerável a assumir
comportamentos de risco para o uso indevido de drogas, seu tráfico ilícito e outros
comportamentos correlacionados;

II - promover a construção e a socialização do conhecimento sobre drogas no país;

III - promover a integração entre as políticas de prevenção do uso indevido, atenção e


reinserção social de usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua produção não
autorizada e ao tráfico ilícito e as políticas públicas setoriais dos órgãos do Poder Executivo da
União, Distrito Federal, Estados e Municípios;

Instituições de atenção à saúde e assistência social devem prestar informações aos órgãos do
sistema municipal de saúde acerca dos atendimentos e das mortes que ocorrerem nos
respectivos estabelecimentos em decorrência do uso de drogas. Os dados devem integrar
sistema de informação do Poder Executivo, a identidade das pessoas deve ser preservada.

DAS ATIVIDADES DE PREVENÇÃO DO USO INDEVIDO, ATENÇÃO E REINSERÇÃO SOCIAL DE


USUÁRIOS E DEPENDENTES DE DROGAS
A Lei de Drogas tem, portanto, duplo objetivo:
um relacionado à prevenção, atenção e reinserção social dos usuários e dependentes, e outro
relacionado à repressão à produção e tráfico de drogas.

ATENÇÃO!!!
O Cespe já elaborou questão considerando que o SISNAD não tem competência para
determinar a internação compulsória de usuários e dependentes.

DOS CRIMES E DAS PENAS


Art. 27. As penas previstas poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como
substituídas a qualquer tempo, ouvidos o Ministério Público e o defensor.
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para
consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar será submetido às seguintes penas:

I - advertência sobre os efeitos das drogas;


II - prestação de serviços à comunidade;
III - medida educativa de comparecimento à programa ou curso educativo.
Art. 28, §3º em relação às penas previstas nos incisos II e III, que é de 5 meses, ou de 10
meses, quando houver reincidência. Tanto a imposição quanto a execução da pena
prescrevem em 2 anos.
Se o agente se recursar injustificadamente a cumprir as medidas previstas no art. 28, o juiz
deve submetê-lo, sucessivamente, a admoestação verbal e multa.
O STF despenalizou a posse de drogas para uso pessoal. As condutas não deixaram de ser
criminosas.
DA REPRESSÃO À PRODUÇÃO NÃO AUTORIZADA E AO TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS

Art. 32. As plantações ilícitas serão imediatamente destruídas pelo delegado de polícia na
forma do art. 50-A, que recolherá quantidade suficiente para exame pericial, de tudo lavrando
auto de levantamento das condições encontradas, com a delimitação do local, asseguradas as
medidas necessárias para a preservação da prova.

Em caso de ser utilizada a queimada para destruir a plantação, observar-se-á, além das
cautelas necessárias à proteção ao meio ambiente, dispensada a autorização prévia do órgão
próprio do Sistema Nacional do Meio Ambiente – Sisnama e de autorização judicial.

O STJ já entendeu também que a simples conduta de negociar a aquisição de droga, mesmo
que por telefone, já é suficiente para a configuração do crime em sua forma consumada, e não
apenas tentada.

Este tipo penal pune o agente que não pratica o tráfico diretamente, mas o admite em local da
qual tem a posse, propriedade, administração, guarda ou vigilância.

Caso uma pessoa ceda imóvel de sua propriedade ou seu barco para seus amigos consumirem
drogas, não incorrerá em crime.

Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para
juntos a consumirem:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil
e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28.
Para que esteja configurado o crime de uso compartilhado, ou tráfico de menor potencial
ofensivo, é necessária a concomitância de alguns elementos: o oferecimento da droga de
forma eventual para pessoa do seu relacionamento, a ausência do objetivo de lucro, e o
consumo conjunto.

Caso algum dos elementos destacados não esteja presente, o agente responderá pelo crime
comum de tráfico ilícito de drogas.

Tráfico privilegiado. Esta causa de diminuição de pena exige que o agente seja primário,
tenha bons antecedentes, e não integre organizações nem se dedique a atividades criminosas.
Atenção!
As atividades criminosas mencionadas não precisam necessariamente ter relação com o tráfico
de drogas.

A vedação da conversão da pena do tráfico privilegiado em penas restritivas de direitos foi


declarada inconstitucional pelo STF em sede de controle difuso, e teve sua eficácia suspensa.

O STF também entendeu que a atuação da pessoa como “mula“ (agente transportador de
drogas) não significa necessariamente que ela faça parte de organização criminosa.

Segundo o STF, o tráfico privilegiado não deve ser mais considerado como crime hediondo.

Responderá pelo crime de tráfico de drogas – art. 33 da Lei 11.343/2006 – em concurso com
o crime de posse de objetos e maquinário para a fabricação de drogas – art. 34 da Lei
11.343/2006 – o agente que, além de ter em depósito certa quantidade de drogas ilícitas em
sua residência para fins de mercancia, possuir, no mesmo local e em grande escala, objetos,
maquinário e utensílios que constituam laboratório utilizado para a produção, preparo,
fabricação e transformação de drogas ilícitas em grandes quantidades.

Posicionamento do STJ, o crime de associação para o tráfico não é considerado equiparado a


hediondo.
Se o agente financiar ou custear o tráfico e ainda for coautor desses crimes, estará sujeito ao
aumento de pena, a conduta neste crime precisa ser DOLOSA.

ATENÇÃO!

ESTE É O ÚNICO CRIME CULPOSO DA LEI DE DROGAS.


A conduta tipificada é a daquele que prescreve (autoriza o uso, concede a prescrição), ou
ministra (entrega para o consumo) drogas. Este é um CRIME PRÓPRIO, pois só poderia ser
praticado por profissionais da área de saúde.
Se as condutas forem praticadas de forma dolosa, o crime será o de tráfico ilícito de drogas.

ATENÇÃO!

As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são AUMENTADAS de UM SEXTO A DOIS
TERÇOS, se:

I - a natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e as circunstâncias do


fato evidenciarem a transnacionalidade do delito;

II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou no desempenho de missão


de educação, poder familiar, guarda ou vigilância;

III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações de estabelecimentos


prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais,
recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde se
realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de serviços de tratamento de
dependentes de drogas ou de reinserção social, de unidades militares ou policiais ou em
transportes públicos;

IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma de fogo, ou
qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva;

V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito Federal;

VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem tenha, por
qualquer motivo, diminuída ou suprimida a capacidade de entendimento e determinação;

VII - o agente financiar ou custear a prática do crime.

Na hipótese de tráfico internacional (inciso I), basta que o agente tenha a intenção de praticar
o delito com caráter transnacional, não sendo necessário que ele efetivamente consiga entrar
no país ou dele sair com a droga. É DESNECESSÁRIA a transposição de fronteira para que incida
a majorante (aumento de pena).
O agente que exerce função pública ou social (inciso II) tem obrigações especiais com relação
à sociedade, e por isso deve ser punido mais severamente quando se envolver com tráfico de
drogas.

A lista EXAUSTIVA dos locais onde ocorre a causa de aumento de pena é a seguinte:
a) Estabelecimentos prisionais;
b) Estabelecimentos de ensino;
c) Estabelecimentos hospitalares;
d) Sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas ou beneficentes;
e) Locais de trabalho coletivo;
f) Recintos onde se realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza;
g) Estabelecimento de serviços de tratamento de dependentes de drogas ou de reinserção
social;
h) Unidades militares ou policiais;
i) Transportes públicos.
o STF assumiu posicionamento no sentido de que “O mero transporte de drogas em
transportes coletivo não implica o aumento de pena. O aumento aplica-se apenas quando a
comercialização da droga é feita dentro do próprio transporte público”.

Quando o agente cometer crime de tráfico de drogas junto com criança ou adolescente,
devem ser aplicadas penas para os dois crimes autonomamente, ou deve ser aplicada a pena
para o tráfico de drogas com a majorante prevista para o envolvimento de criança ou
adolescente?

A resposta do STJ foi no sentido de que, em respeito ao princípio da especialidade, se o crime


praticado estiver tipificado entre os arts. 33 e 37 da Lei de Drogas, há de ser aplicada a pena
para o tráfico aumentada de um sexto a dois terços. Por outro lado, se o crime cometido não
está tipificado na Lei de Drogas, o agente poderá ser condenado por Corrupção de Menores.

O agente que envolve menor de idade no crime de tráfico de drogas pode ser condenado por
Corrupção de Menores? NÃO.

O dispositivo proíbe a concessão da suspensão condicional da pena (sursis) ao agente dos


crimes relacionados ao tráfico de drogas, bem como a graça, indulto e anistia.

ATENÇÃO!

O STF já firmou a inconstitucionalidade da proibição da concessão de liberdade provisória ao


acusado de crimes relacionados tráfico de drogas.

Da pena privativa de liberdade em pena restritiva de direitos, oi declarada inconstitucional


pelo STF e teve sua execução suspensa pelo Senado Federal.

O livramento condicional não pode ser concedido quando houver reincidência específica.

Essa regra, porém, encontra algumas exceções. Uma delas foi recentemente explicitada em
julgado do STJ que considerou a Justiça Federal competente para julgar caso em que as drogas
foram enviadas por via postal.
Não haverá prisão em flagrante do usuário de drogas. Será lavrado termo circunstanciado,
após o que o usuário será encaminhado ao juízo competente.

A comunicação imediata ao juiz quando houver prisão em flagrante é determinada pela


própria Constituição. Os autos do flagrante devem ser encaminhados ao juiz no prazo de 24h.

Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e estabelecimento da materialidade do


delito, é suficiente o laudo de constatação da natureza e quantidade da droga, firmado por
perito oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea.

ATENÇÃO!

O perito que subscrever o laudo a que se refere o § 1o deste artigo não ficará impedido de
participar da elaboração do laudo definitivo.

Recebida cópia do auto de prisão em flagrante, o juiz, no prazo de 10 (dez) dias, certificará a
regularidade formal do laudo de constatação e determinará a destruição das drogas
apreendidas.

A destruição das drogas será executada pelo delegado de polícia competente no prazo de 15
(quinze) dias na presença do Ministério Público e da autoridade sanitária.

A destruição de drogas apreendidas sem a ocorrência de prisão em flagrante será feita por
incineração, no prazo máximo de 30 (trinta) dias contado da data da apreensão.

O inquérito policial será concluído no prazo de 30 (trinta) dias, se o indiciado estiver preso, e
de 90 (noventa) dias, quando solto.

Os prazos podem ser duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério Público, mediante pedido
justificado da autoridade de polícia judiciária.

Art. 53 - Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes previstos nesta Lei, são
permitidos, além dos previstos em lei, mediante autorização judicial e ouvido o Ministério
Público, os seguintes procedimentos investigatórios:

I - A infiltração por agentes de polícia;


II - A não-atuação policial sobre os portadores de drogas, com a finalidade de identificar e
responsabilizar maior número de integrantes de operações de tráfico e distribuição, sem
prejuízo da ação penal cabível.
Art. 54. Recebidos em juízo os autos do inquérito policial, CPI ou peças de informação, dar-se-á
vista ao MINISTÉRIO PÚBLICO para, no prazo de 10 (dez) dias, ADOTAR UMA DAS SEGUINTES
PROVIDÊNCIAS:

I - requerer o arquivamento;
II - requisitar as diligências que entender necessárias;
III - oferecer denúncia, arrolar até 5 (cinco) testemunhas e requerer as demais provas que
entender pertinentes.

Art. 55. Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a notificação do acusado para oferecer defesa
prévia, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. Caso o Juiz entenda que a denúncia é
improcedente, poderá rejeitá-la.
Se a defesa prévia não for apresentada, caberá ao juiz nomear defensor
para fazê-lo em 10 dias.

Recebida a defesa, o juiz decidirá no prazo de 5 dias se aceita a denúncia ou a rejeita, ou,
ainda, se determina novas diligências.

Art. 56 – O juiz, ao receber a denúncia, poderá decretar o afastamento cautelar


do denunciado de suas atividades, se for funcionário público, comunicando ao órgão
respectivo.

ATENÇÃO!
Não há recurso, e nem se aceita habeas corpus ou mandado de segurança contra a decisão
que afasta o servidor público de suas atividades, pois este afastamento é apenas cautelar, não
trazendo nenhum juízo de valor.

O magistrado (Juiz) pode decretar, tanto na fase inquisitorial (IP) quanto na fase
processual, a apreensão ou outras medidas relacionadas a bens móveis, imóveis ou valores.

JURISPRUDÊNCIA APLICÁVEL

CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA. ART. 33, § 4o, DA LEI 11.343/06. DEDICAÇÃO À ATIVIDADE
CRIMINOSA. UTILIZAÇÃO DE INQUÉRITOS E/OU AÇÕES PENAIS. POSSIBILIDADE.
É possível a utilização de inquéritos policiais e/ou ações penais em curso para formação da
convicção de que o réu se dedica a atividades criminosas, de modo a afastar o benefício legal
previsto no artigo 33, § 4o, da Lei 11.343/06.

Súmula 528 do STJ


Compete ao juiz federal do local da apreensão da droga remetida do exterior pela via postal
processar e julgar o crime de tráfico internacional.

PC-CE - Inspetor de Polícia - 2012 - Cespe.


As atividades de prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e
dependentes de drogas a serem desenvolvidas pelo SISNAD incluem a adoção de estratégias
preventivas diferenciadas e adequadas às especificidades socioculturais das diversas
populações, como a internação compulsória.
Comentários
Nos dispositivos que tratam dos princípios que norteiam as ações do SISNAD não se menciona
a internação compulsória. Lembre-se deste posicionamento, ok?
MPU - Analista Processual - 2010 - Cespe.
Em relação ao crime de tráfico de drogas, considera-se, tráfico privilegiado o praticado por
agente primário, com bons antecedentes criminais, que não se dedica a atividades criminosas
nem integra organização criminosa, sendo-lhe aplicada a redução de pena de um sexto a dois
terços, independentemente de o tráfico ser nacional ou internacional e da quantidade ou
espécie de droga apreendida, ainda que a pena mínima fique aquém do mínimo legal.
GABARITO: CERTO
OBS.:
Exige-se estabilidade e permanência para configuração do crime de associação para o tráfico.

Diante do reconhecimento da causa de diminuição do artigo 33, §4º da Lei nº 11.343/06, o


tráfico perde a natureza de crime equiparado ao hediondo.

Em caso de concurso de crimes, as multas serão impostas cumulativamente.

Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois
terços, se:
II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou no desempenho de missão
de educação, poder familiar, guarda ou vigilância.

O reincidente específico no crime de tráfico de drogas não poderá ser beneficiado com
livramento condicional, conforme art. 44, parágrafo único.

PC-AL - Delegado de Polícia - 2012 - Cespe.


Para a fixação da pena de multa nos casos de crime de tráfico de entorpecentes, o juiz deverá
obedecer aos critérios fixados na parte especial do Código Penal, que determina que o número
de dias-multa será, no mínimo, de 10 e, no máximo, de 360.
Comentários
O Código Penal é aplicável de forma subsidiária. Há crimes tipificados pela Lei de Drogas cuja
pena cominada é maior que 360 dias-multa, a exemplo do próprio art. 33, que prevê diversas
modalidades do crime de tráfico.

GABARITO: ERRADO

Segundo a posição do STJ, é possível a utilização de inquéritos policiais e/ou ações penais em
curso para formação da convicção de que o réu se dedica à atividades criminosas, de modo a
afastar o benefício do art. 33, §4º.

O crime de associação para o tráfico, caracterizado pela associação de duas ou mais pessoas
para a prática de alguns dos crimes previstos na Lei Antidrogas, é delito equiparado a crime
hediondo.

O STJ entende que o crime de associação para o tráfico não é considerado equiparado a
hediondo.

RESUMO LEGISLAÇAO ESPECÍFICA – Aula 03

ABUSO DE AUTORIDADE (LEI Nº 4.898/1965)


INTRODUÇÃO E ASPECTOS GERAIS
Pode ser considerado autoridade o servidor público, o membro do Poder Legislativo (Senador,
Deputado, Vereador), o magistrado, o membro do Ministério Público (Promotor de Justiça,
Procurador da República), bem como o militar das Forças Armadas, o Policial, o Bombeiro,
etc.

Para fins de apuração do abuso de autoridade, considera-se autoridade quem exerce cargo,
emprego ou função pública, de natureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem
remuneração.

O crime de abuso de autoridade é, via de regra, um atentado contra as liberdades e garantias


do cidadão.

Art. 2º O direito de representação será exercido por meio de petição:

a) dirigida à autoridade superior que tiver competência legal para aplicar, à autoridade
civil ou militar culpada, a respectiva sanção;

b) dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver competência para iniciar processo-
crime contra a autoridade culpada.

Já vimos que o direito de representação contra o abuso de autoridade pode ser exercido por
qualquer pessoa. Além disso, não é necessária a assistência de advogado.

A Lei n° 5.249/1967 deixa claro que o abuso de autoridade é crime de ação penal pública
incondicionada e, portanto, não é necessário que haja a representação para que o Ministério
Público aja.

CRIMES EM ESPÉCIE
Os crimes de abuso de autoridade em geral obedecem a um formato específico: o atentado
aos direitos fundamentais. São, portanto, crimes de perigo.

SANÇÕES
PROCESSO PENAL

Como regra geral, os crimes de abuso de autoridade são considerados de menor potencial
ofensivo, sendo processados perante os Juizados Especiais Criminais, por meio do
procedimento sumaríssimo.

Lembre-se de que a ação penal é pública incondicionada, não sendo necessário que haja
inquérito policial e nem representação da vítima.

Caso haja representação da vítima, a denúncia deve ser apresentada no prazo de 48h.

Art. 14. Se a ato ou fato constitutivo do abuso de autoridade houver deixado vestígios o
ofendido ou o acusado poderá:

a) promover a comprovação da existência de tais vestígios, por meio de duas


testemunhas qualificadas;

b) requerer ao Juiz, até setenta e duas horas antes da audiência de instrução e


julgamento, a designação de um perito para fazer as verificações necessárias.

Art. 17. Recebidos os autos, o Juiz, dentro do prazo de quarenta e oito horas, proferirá
despacho, recebendo ou rejeitando a denúncia.
§ 1º No despacho em que receber a denúncia, o Juiz designará, desde logo, dia e hora para a
audiência de instrução e julgamento, que deverá ser realizada, improrrogavelmente, dentro de
cinco dias.

São apenas 48h para que o magistrado decida pelo aceitação ou rejeição da denúncia. Caso
haja a aceitação, no despacho já deve constar a data e hora da audiência, que deve ser
realizada em no máximo 5 dias.

Art. 22. Aberta a audiência o Juiz fará a qualificação e o interrogatório do réu, se estiver
presente.

Não comparecendo o réu nem seu advogado, o Juiz nomeará imediatamente defensor para
funcionar na audiência e nos ulteriores termos do processo.

Art. 24. Encerrado o debate, o Juiz proferirá imediatamente a sentença.

CRIMES DE TORTURA (LEI Nº 9.455/1997)


A Constituição determina que o crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou
anistia, mas não é imprescritível.

O STF também já decidiu que o condenado por crime de tortura também não pode ser
beneficiado com indulto.

Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando lhe sofrimento
físico ou mental:

a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira


pessoa;
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
c) em razão de discriminação racial ou religiosa;

A tortura, em qualquer de suas modalidades, é crime material, pois só há consumação com o


próprio resultado: o sofrimento da vítima. Pela mesma razão, podemos dizer que é possível a
tentativa e a desistência voluntária.

Além disso, não se admite o arrependimento eficaz e nem o arrependimento posterior. O


crime de tortura é de ação penal pública incondicionada.

Podemos concluir, portanto que a TORTURA-CASTIGO é um crime próprio, pois somente pode
ser praticado por quem tenha o dever de guarda ou exerça poder ou autoridade sobre a
vítima.

As demais modalidades de tortura são crimes comuns, pois não se exige nenhuma qualidade
especial do agente ou da vítima.

Apenas responde por OMISSÃO PERANTE A TORTURA aquele que tinha o dever de agir para
evitar o ato de tortura e não o faz.
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro
a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.

Estas são as hipóteses de TORTURA QUALIFICADA. Apenas chamo sua atenção para as
qualificadoras, que são o resultado lesão corporal grave ou gravíssima, ou morte. A lesão
corporal leve não é qualificadora do crime de tortura.

§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:

I - se o crime é cometido por agente público;


II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou
maior de 60 (sessenta) anos;
III - se o crime é cometido mediante sequestro.

Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, são consideradas crianças as pessoas que


tenham menos de 12 anos, enquanto adolescentes são aqueles que têm mais de 12 e menos
de 18.

Este é um efeito extrapenal administrativo da condenação. Caso o agente do crime de tortura


seja funcionário público, perderá seu cargo, função ou emprego e ficará interditado para seu
exercício pelo período equivalente ao dobro da pena.

O STF e o STJ já decidiram que esse efeito decore automaticamente da condenação.

§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o
cumprimento da pena em regime fechado.

Em 2007 a Lei dos Crimes Hediondos foi alterada, e hoje todos os crimes hediondos e
equiparados devem ter suas penas cumpridas inicialmente em regime fechado, mas é
possível a progressão de regime.

Em algumas situações, a Lei de Tortura pode ser aplicada mesmo fora do território nacional:
 Quando a vítima do crime for brasileira;
 Quando o agente se encontre em local em que a lei brasileira seja, em geral, aplicável.

ATENÇÃO!
O Cespe costuma considerar certas as assertivas incompletas.

DEPEN Agente Penitenciário 2013 Cespe.


Joaquim, agente penitenciário federal, foi condenado, definitivamente, a uma pena de três
anos de reclusão, por crime disposto na Lei n.º 9.455/1997. Nos termos da referida lei,
Joaquim ficará impedido de exercer a referida função pelo prazo de seis anos.

Comentários
A condenação por crime de tortura acarreta a perda do cargo, função ou emprego público e a
interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.

A tortura por omissão (§2º) tem como pena cominada a detenção. Caso você ainda não esteja
familiarizado com essas regras, a detenção é cumprida em regime semi-aberto ou aberto, e
por isso não pode haver cumprimento em regime inicial fechado. Por isso foi dada redação
específica ao §7º da lei.
RESUMO LEGISLAÇAO ESPECÍFICA – Aula 04
A divulgação da imagem ou de informações de criança ou adolescente que tenha cometido ato
infracional não é permitida. Quem o faz comete infração administrativa, prevista no art. 247
do ECA.

A conduta de quem expõe criança ou adolescente a vexame ou constrangimento constitui


crime, tipificado pelo art. 232.

Pena - detenção de seis meses a dois anos.

A condenação criminal do pai ou da mãe não implicará a destituição do poder familiar, exceto
na hipótese de condenação por crime doloso, sujeito à pena de reclusão, contra o próprio filho
ou filha.

A discussão aqui gira em torno da competência para o processo e julgamento do crime de


divulgação de imagem pornográfica de adolescente por meio de “watsapp” chat no
“facebook”.

A competência para o processo e julgamento neste caso é, em regra, da Justiça comum


estadual, só havendo competência da Justiça Federal nas hipóteses em que restar evidenciada
a transnacionalidade do delito, conforme entendimento do STF.

Não é permitida a entrada de crianças e adolescentes nos estabelecimentos que explorem


bilhar, sinuca ou congêneres ou casas de jogos, mesmo que acompanhadas dos pais, tutores
ou guardiões.

A venda de armas, munições e explosivos para crianças e adolescentes é definida pelo ECA
como crime, previsto no art. 242.

A venda a criança ou adolescente de bebidas alcoólicas e produtos que possam causar


dependência também é conduta tipificada pelo ECA.
A desobediência às regras acerca de viagem de criança ou adolescente importa em infração
administrativa e multa.

DA PRÁTICA DO ATO INFRACIONAL


Para fins de apuração da imputabilidade penal, deve ser considerada a idade do agente à
época do fato.

Qualquer ato tipificado como crime ou contravenção penal deve ser considerado ato
infracional quando cometido por menor de idade.

A internação do adolescente, antes da sentença, só pode durar no máximo quarenta e cinco


dias (45).

Ao adolescente infrator não se aplicam penas, caso seja comprovada o ato infracional, devem
ser aplicadas as chamadas medidas socioeducativas ou medidas de proteção.
A entidade na qual se dará o cumprimento da medida de internação não pode se dedicar a
outras atividades: ela deve ser exclusiva para o acolhimento de adolescentes infratores.

Antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de ato infracional, o representante


do Ministério Público poderá conceder a remissão, como forma de exclusão do processo,
atendendo às circunstâncias e consequências do fato, ao contexto social, bem como à
personalidade do adolescente e sua maior ou menor participação no ato infracional.
Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da remissão pela autoridade judiciária
importará na suspensão ou extinção do processo.

Remissão significa perdão. Aqui estamos diante de duas possibilidades diferentes de remissão.
A primeira, prevista no caput, é chamada de remissão parajudicial: por meio dela, o
representante do Ministério Público decide não provocar o Poder Judiciário.

A medida aplicada por força da remissão poderá ser revista judicialmente, a qualquer tempo,
podendo requerer esse benefício o próprio adolescente, seus pais, o tutor ou guardião, o
advogado constituído ou Defensor Público.

DO ACESSO À JUSTIÇA
As ações judiciais da competência da Justiça da Infância e da Juventude são isentas de custas e
emolumentos, ressalvada a hipótese de litigância de má-fé.

Qualquer notícia a respeito do fato não poderá identificar a criança ou adolescente, vedando-
se fotografia, referência a nome, apelido, filiação, parentesco, residência e, inclusive, iniciais
do nome e sobrenome. Não permitindo nem mesmo que o juiz autorize a divulgação dessas
informações.

Em causas que envolvam outros temas que não infrações, devem ser aplicadas as regras do
caput, primeiramente a do inciso I (domicílio dos pais e responsáveis) e, na falta dos pais, a
regra do inciso II (local onde se encontre a criança ou adolescente).

As regras processuais gerais, previstas no Código de Processo Civil, são aplicáveis


subsidiariamente, quando o ECA não regulamentar especificamente a situação. Em se tratando
da apuração de infrações e da aplicação de medidas de privação de liberdade, devem ser
aplicadas subsidiariamente as normas do Código de Processo Penal.

Nos casos de ato infracional cometido com violência ou grave ameaça, a autoridade policial
deverá então lavrar auto de apreensão, ouvir as testemunhas e o adolescente, apreender o
produto ou instrumentos da infração, e requisitar exames ou perícias que eventualmente
sejam necessários.

Nos demais casos (quando não houver violência ou grave ameaça), a lavratura do auto pode
ser substituída por boletim de ocorrência. Esses documentos (auto de apreensão ou boletim
de ocorrência) deverão ser encaminhados ao Ministério Público.

Sendo impossível a apresentação imediata, a autoridade policial encaminhará o adolescente à


entidade de atendimento, que fará a apresentação ao representante do Ministério Público no
prazo de vinte e quatro horas.

Se o ato infracional cometido for de natureza grave, punível com internação ou imposição de
regime de semiliberdade, e o adolescente não tiver advogado constituído, o juiz nomeará
defensor. O advogado ou defensor constituído terá 3 dias para apresentar defesa prévia e rol
de testemunhas, a partir da audiência de apresentação.

A ação penal para os crimes tipificados pelo ECA é sempre pública incondicionada, o que
significa que o Ministério Público é o titular da ação penal e detém a prerrogativa de oferecer a
denúncia para provocar o Poder Judiciário.
Súmula 500 do STJ
A configuração do crime previsto no artigo 244-B (corrupção de menores) do Estatuto da
Criança e do Adolescente independe da prova da efetiva corrupção do menor, por se tratar de
delito formal.

A internação do adolescente, antes da sentença, só pode durar no máximo quarenta e cinco


dias.

MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS APLICÁVEIS AO ADOLESCENTE INFRATOR


internação em estabelecimento educacional:

 É uma medida privativa de liberdade e, portanto, deve ser aplicada excepcionalmente,


e por período breve;
 Não comporta prazo determinado, devendo haver reavaliação a cada 6 meses, mas só
pode ser aplicada por no máximo 3 anos;
 A liberação é obrigatória aos 21 anos de idade.

É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do


adolescente.

As revistas e publicações destinadas ao público infanto-juvenil não poderão conter ilustrações,


fotografias, legendas, crônicas ou anúncios de bebidas alcoólicas, tabaco, armas e munições, e
deverão respeitar os valores éticos e sociais da pessoa e da família.

Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante de ato infracional ou
por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente.

A internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo prazo máximo de quarenta e
cinco dias.

A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo a qualquer tempo
ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério
Público e o defensor.

O regime de semiliberdade pode ser determinado desde o início, ou como forma de transição
para o meio aberto, possibilitada a realização de atividades externas, independentemente de
autorização judicial.

A internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita aos princípios de brevidade,


excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.

Em nenhuma hipótese o período máximo de internação excederá a três anos.

A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade.

A medida de internação só poderá ser aplicada quando:

 tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência a pessoa;


 por reiteração no cometimento de outras infrações graves;

 por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta.


Iniciado o procedimento, a concessão da remissão pela autoridade judiciária importará na
suspensão ou extinção do processo.

Art. 207. Nenhum adolescente a quem se atribua a prática de ato infracional, ainda que
ausente ou foragido, será processado sem defensor.

§ 2º Os autos do inquérito civil ou as peças de informação arquivados serão remetidos, sob


pena de se incorrer em falta grave, no prazo de três dias, ao Conselho Superior do Ministério
Público.

Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele
praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.

§ 1º Incorre nas penas previstas no caput deste artigo quem pratica as condutas ali tipificadas
utilizando-se de quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da internet.

TJ-AP Juiz de Direito 2014 FCC.


Com relação ao crime de corrupção de menor, hoje tipificado no Estatuto da Criança e do
Adolescente, é correto afirmar que, no atual entendimento do:

Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal, trata-se de crime formal que,
portanto, prescinde de prova da concreta contaminação moral da vítima.

Comentários
Já deu para perceber que esse tema em específico foi muito cobrado recentemente por mais
de uma banca examinadora, não é mesmo? Fique atento! O crime de corrupção de menores é
crime formal, e, portanto, não exige prova da efetiva corrupção do menor para sua
consumação. Esse entendimento já está pacificado tanto no STJ quanto no STF.

Tanto as condutas previstas como crimes quanto aquelas consideradas contravenções penais
são consideradas atos infracionais quando cometidas por menor de idade.

Segundo dispõe o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n.º 8.069/90), constitui efeito
obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de funcionamento do
estabelecimento em que se verifique a submissão de criança ou adolescente à prostituição ou
à exploração sexual.

Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais definidos no caput do art. 2º desta Lei,
à prostituição ou à exploração sexual:

Pena - reclusão de quatro a dez anos e multa, além da perda de bens e valores utilizados na
prática criminosa em favor do Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente da unidade da
Federação (Estado ou Distrito Federal) em que foi cometido o crime, ressalvado o direito de
terceiro de boa-fé.

§ 1º Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que
se verifique a submissão de criança ou adolescente às práticas referidas no caput deste artigo.
§ 2º Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de
funcionamento do estabelecimento.

Art. 127. A remissão não implica necessariamente o reconhecimento ou comprovação da


responsabilidade, nem prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir eventualmente
a aplicação de qualquer das medidas previstas em lei, exceto a colocação em regime de
semiliberdade e a internação.

A medida aplicada por força da remissão poderá ser revista judicialmente, a qualquer tempo,
mediante pedido expresso do adolescente ou de seu representante legal ou do Ministério
Público, uma vez que não se trata de medida definitiva, estando sujeita a revisões, de acordo
com o comportamento do menor.

Não ocorre violação dos princípios do contraditório e da ampla defesa quando a proposta de
remissão oferecida pelo Ministério Público é homologada antes da oitiva do adolescente.
A remissão como forma de exclusão do Processo cabe ao Ministério Público e, a remissão
enquanto a suspensão ou extinção do processo compete à autoridade judiciária

A Justiça da Infância e da Juventude é competente para conceder a remissão como forma de


suspensão ou extinção do processo, tão somente (nada de exclusão).

A colocação em família substituta far-se-á mediante guarda, tutela ou adoção,


independentemente da situação jurídica da criança ou adolescente.

Quem exibe, sem autorização, fotografia de adolescente envolvido em ato infracional, ou


qualquer ilustração que lhe diga respeito ou se refira a atos que lhe sejam atribuídos, de forma
a permitir sua identificação, direta ou indiretamente, pratica infração administrativa prevista
no ECA.

O ECA NÃO prevê expressamente os prazos de prescrição das medidas socioeducativas. Se


aplicam por analogia os prazos do Código Penal.

A medida de internação deve ser aplicada apenas quando for indispensável, diante de
infrações cometidas com violência, ameaça, reincidência, etc.

A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um) acompanhante de sua preferência durante o


período do pré-natal, do trabalho de parto e do pós-parto imediato.

RESUMO LEGISLAÇAO ESPECÍFICA – Aula 05

ESTATUTO DO DESARMAMENTO (LEI N. 10.826/03)


SISTEMA NACIONAL DE ARMAS (SINARM)
Instituído pelo Estatuto do Desarmamento (Ministério da Justiça) no âmbito da Polícia Federal,
com circunscrição em todo o território nacional.
O Comando do Exército, é o órgão responsável pela gestão do Sigma.

As armas de fogo utilizadas pelas Forças Armadas, Forças Auxiliares (PM e CORPO DE
BOMBEIROS), ABIN e do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República,
são sujeitas a regramento próprio, relacionado ao Sistema de Gerenciamento Militar de
Armas - Sigma.

No Sinarm, serão cadastradas as armas de fogo da PF, PRF, PC, órgãos policiais da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal, integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas
prisionais, integrantes das escolas de presos, das Guardas Portuárias, das Guardas Municipais
e dos órgãos públicos cujos servidores tenham autorização legal para portar arma de fogo em
serviço.
DO REGISTRO
As armas de fogo de uso restrito serão registradas no Comando do Exército.

O certificado de registro será expedido pela Polícia Federal e será precedido de autorização do
Sinarm.

Art. 4o Para adquirir arma de fogo de uso permitido o interessado deverá, além de declarar a
efetiva necessidade, atender aos seguintes requisitos:

1. comprovação de idoneidade, com a apresentação de certidões negativas de


antecedentes criminais fornecidas pela Justiça Federal, Estadual, Militar e Eleitoral e
de não estar respondendo a inquérito policial ou a processo criminal, que poderão ser
fornecidas por meios eletrônicos;

2. apresentação de documento comprobatório de ocupação lícita e de residência certa;

3. comprovação de capacidade técnica e de aptidão psicológica para o manuseio de arma


de fogo, atestadas na forma disposta no regulamento desta Lei.

4. ter pelo menos 25 anos;

5. cópia autenticada do RG.

DO PORTE
Integrantes das guardas municipais das capitais dos Estados e dos Municípios com mais de
500.000 (quinhentos mil) habitantes, poderão portar arma de fogo de propriedade particular
ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição, mesmo fora de serviço.

ATENÇÃO!
Agentes operacionais da ABIN e os agentes do Departamento de Segurança do Gabinete de
Segurança Institucional da Presidência da República, Polícia do Senado Federal e a Polícia da
Câmara dos Deputados, agentes
e guardas prisionais, guardas portuárias, Auditor-Fiscal da Receita Federal, Analista
Tributário da Receita Federal e Auditor-Fiscal do Trabalho poderão portar arma de fogo de
propriedade particular ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição, mesmo fora de
serviço. Devem comprovar capacidade técnica e de aptidão psicológica.

O Ministério Público e o Poder Judiciário (Tribunais do Poder Judiciário) – servidores que


estejam no exercício de funções de segurança - nesse caso eles também podem portar arma
de fogo, de acordo com regulamento próprio. As armas de fogo utilizadas pelos servidores
serão de propriedade, responsabilidade e guarda das respectivas instituições, somente
podendo ser utilizadas quando em serviço, devendo estas observar as condições de uso e de
armazenagem estabelecidas pelo órgão competente, sendo o certificado de registro e a
autorização de porte expedidos pela Polícia Federal em nome da instituição.

Integrantes do quadro efetivo de agentes e guardas prisionais poderão portar arma de fogo
de propriedade particular ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição, mesmo fora
de serviço, desde que estejam:

 submetidos a regime de dedicação exclusiva;


 sujeitos à formação funcional, nos termos do regulamento; e
 subordinados a mecanismos de fiscalização e de controle interno.
OBS.:
A autorização de porte de arma de fogo, prevista neste artigo, perderá automaticamente sua
eficácia caso o portador dela seja detido ou abordado em estado de embriaguez ou sob efeito
de substâncias químicas ou alucinógenas.

Aos residentes em áreas rurais, maiores de 25(vinte e cinco) anos que comprovem depender
do emprego de arma de fogo para prover sua subsistência alimentar familiar será concedido
pela Polícia Federal o porte de arma de fogo, na categoria caçador para subsistência, de uma
arma de uso permitido, de tiro simples, com 1 (um) ou 2 (dois) canos, de alma lisa e de calibre
igual ou inferior a 16 (dezesseis), desde que o interessado comprove a efetiva necessidade em
requerimento ao qual deverão ser anexados os seguintes documentos:

I - documento de identificação pessoal;


II - comprovante de residência em área rural; e
III - atestado de bons antecedentes.

O caçador de subsistência também depende de registro e de licença expedida pelo IBAMA


para que possa desempenhar a atividade.

DOS CRIMES E DAS PENAS


Devemos lembrar também que a partir da Lei n. 13.491/2017 o crime de posse ou porte
ilegal de arma de fogo de uso restrito passou a ser considerado crime hediondo, tendo sido
incluído no rol da Lei n. 8.072/1990. Por essa razão também o crime passou a ser
considerado inafiançável.

O estabelecimento que comercializar arma de fogo de uso permitido é obrigado a comunicar à


Polícia Federal, mensalmente, as vendas e a quantidade de armas em estoque.

RESUMO LEGISLAÇAO ESPECÍFICA – Aula 06


LEI Nº 9.605/1998: LEI DOS CRIMES AMBIENTAIS
DISPOSIÇÕES GERAIS
É importante dizer que a Lei nº 9.605/1998 é aplicável juntamente com outras leis que tratem
do mesmo tema. Nada impede que outras leis tipifiquem crimes ambientais ou imponham
sanções administrativas, além, é claro, da aplicação subsidiária do próprio Código Penal.

“Conduta e atividades lesivas ao meio ambiente são punidas com sanções administrativas,
civis e penais, na forma estabelecida nesta Lei”.

É possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos ambientais


independentemente da responsabilização da pessoa física que agia em seu nome.

DA APLICAÇÃO DA PENA
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE → Consiste na execução de tarefas gratuitas junto
a parques e jardins públicos e unidades de conservação.

INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA DE DIREITOS → Previstas especificamente na Lei nº 9.605/1998,


são a proibição de contratar com o Poder Público, de receber incentivos fiscais ou quaisquer
outros benefícios, bem como de participar de licitações, pelo prazo de cinco anos (crimes
dolosos) ou de três anos (crimes culposos).

SUSPENSÃO TOTAL OU PARCIAL DE ATIVIDADES → Será aplicada quando as atividades não


obedecerem às prescrições legais.

PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA → Pagamento à vítima ou à entidade pública ou privada com fim


social, de importância, fixada pelo juiz, não inferior a um salário mínimo nem superior a
trezentos e sessenta salários mínimos.

RECOLHIMENTO DOMICILIAR → O condenado deve, sem vigilância, trabalhar, frequentar


curso ou exercer atividade autorizada, permanecendo recolhido em sua residência nos dias e
horários de folga.

Esta lista deve ser relida algumas vezes


Nos crimes ambientais, o sursis pode ser aplicado a penas privativas de liberdade de até 3
anos, enquanto a regra geral do Código Penal é a aplicação do instituto a penas de até 2 anos.

O art. 24 da Lei nº 9.605/1998 prevê também a possibilidade de liquidação forçada de pessoa


jurídica, nos casos em que ela tenha sido constituída ou utilizada preponderantemente para
facilitar, ocultar ou permitir a prática de crime ambiental. O patrimônio da liquidanda será
considerado instrumento do crime e perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional.

DA AÇÃO E DO PROCESSO PENAL


Nos crimes ambientais, a ação penal é pública incondicionada, a persecução/perseguição
penal deve ser promovida pelo Poder Público, sem necessidade da intervenção ou requisição
de qualquer outra pessoa.

É necessário que você relembre que infrações penais de menor potencial ofensivo são
aquelas cuja pena máxima prevista é de até 2 anos, cumulada ou não com multa.
Esses crimes em regra são processados perante os Juizados Especiais Criminais por meio de um
procedimento simplificado, em que é permitido ao Ministério Público propor em audiência
preliminar a aplicação de pena restritiva de direitos ou de multa. Esta possibilidade é chamada
de transação penal.
Somente pode ser proposta a transação penal quando tiver havido a composição
(ressarcimento) do dano ambiental causado.

As infrações ao meio ambiente são de caráter continuado, motivo pelo qual as ações de
pretensão de cessação dos danos ambientais são imprescritíveis/não
caduca/irrevogável/incancelável.

DOS CRIMES CONTRA A FAUNA

Caso o crime contra a fauna seja praticado em período de caça proibida, a pena será
aumentada de metade. Entretanto, independentemente do período, se o caçador desenvolver
a atividade profissionalmente, ou seja, com o intento de lucro, deve ser aplicada a segunda
hipótese de aumento de pena (até o triplo).

Há possibilidade da aplicação do princípio da insignificância pelo STF à crime


Ambiental. REQUISITOS:

a) Mínima ofensividade da conduta;


b) Ausência de periculosidade social da ação;
c) Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; e
d) Inexpressividade da lesão jurídica.

Caso o agente haja pescado irregularmente um único peixe, e, logo após o ato, devolveu o
animal ainda VIVO ao seu habitat. O STJ reconheceu que a conduta preenchia os requisitos
para a aplicação do princípio da insignificância.
DOS CRIMES CONTRA A FLORA
O crime de edificação proibida absorve o crime de destruição de vegetação quando a conduta
do agente se realiza com o único intento de construir em local
não edificável.

Se a vontade do agente estiver orientada a outros resultados (em razão de seu valor
paisagístico, ecológico, artístico, turístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico,
etnográfico ou monumental), provavelmente teremos concurso de crimes.

DA POLUIÇÃO E OUTROS CRIMES AMBIENTAIS


Nos crimes de perigo concreto, é preciso comprovar que a conduta perpetrada pelo agente
efetivamente causou perigo, enquanto nos crimes de perigo abstrato isso não é necessário.

DOS CRIMES CONTRA O ORDENAMENTO URBANO E O PATRIMÔNIO CULTURAL

Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados


individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória
dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:

 as formas de expressão;
 os modos de criar, fazer e viver;
 as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
 as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às
manifestações artístico-culturais;
 os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico,
paleontológico, ecológico e científico.
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO AMBIENTAL
...
DA INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA
Os autos de infração ambiental podem ser lavrados pelos funcionários de órgãos ambientais
integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), designados para as atividades
de fiscalização, bem como os agentes das Capitanias dos Portos.
O órgão central do sistema é o Ministério do Meio Ambiente, e o órgão executor é o Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).
Essas pessoas têm a responsabilidade de apurar infrações, e se tiverem conhecimento do
ocorrido e se omitirem nesse dever, serão consideradas corresponsáveis.

Os funcionários dos órgãos integrantes do SISNAMA, designados para atividades de


fiscalização, bem como os agentes das Capitanias dos Portos, são autoridades competentes
para lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo administrativo.

Importante saber que essas sanções são cumulativas, ou seja, se o agente cometer mais de
uma infração, sofrerá as sanções correspondentes a cada uma.

As infrações administrativas são punidas com as seguintes sanções:

I - advertência;
II - multa simples;
III - multa diária;
IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos,
equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração;
V - destruição ou inutilização do produto;
VI - suspensão de venda e fabricação do produto;
VII - embargo de obra ou atividade;
VIII - demolição de obra;
IX - suspensão parcial ou total de atividades;
X – (VETADO)
XI - restritiva de direitos.

DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL A PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE

Por meio da Lei nº 9.605/1998, o governo brasileiro se compromete a prestar a cooperação


necessária a outros países no que concerne ao meio ambiente, sem qualquer ônus, desde que
seja respeitada a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes.
1o Entende-se por Unidades de Conservação de Proteção Integral as Estações Ecológicas, as
Reservas Biológicas, os Parques Nacionais, os Monumentos Naturais e os Refúgios de Vida
Silvestre.

2o A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de extinção no interior das Unidades


de Conservação de Proteção Integral será considerada circunstância agravante para a fixação
da pena.

São autoridades competentes para lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo
administrativo os funcionários de órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional de Meio
Ambiente - SISNAMA, designados para as atividades de fiscalização, bem como os agentes das
Capitanias dos Portos, do Ministério da Marinha.

A autoridade ambiental que tiver conhecimento de infração ambiental é obrigada a promover


a sua apuração imediata, mediante processo administrativo próprio, sob pena de
coresponsabilidade.

Se o infrator cometer, simultaneamente, duas ou mais infrações, ser-lhe-ão aplicadas,


cumulativamente, as sanções a elas cominadas.

As infrações ao meio ambiente são de caráter continuado, motivo pelo qual as ações de
pretensão de cessação dos danos ambientais são imprescritíveis.

TRF 2ª Região Juiz Federal 2013 Cespe (adaptada)


Se ao crime ambiental for aplicada pena privativa de liberdade inferior a quatro anos, deverá
ocorrer sua substituição por pena restritiva de direito.
GABARITO: CERTO

Não há bis in idem quando a pessoa jurídica e a pessoa física diretamente envolvida na
conduta são responsabilizadas ao mesmo tempo.

RESUMO LEGISLAÇAO ESPECÍFICA – Aula 07


LEI N. 13.445/2017 (LEI DE MIGRAÇÃO)
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Disposições Gerais
Esta Lei dispõe sobre os direitos e os deveres do migrante e do visitante, regula a sua entrada e
estada no País e estabelece princípios e diretrizes para as políticas públicas para o emigrante.

A Lei de Migração substituiu o antigo Estatuto do Estrangeiro, que foi por ela inteiramente
revogado.

A Lei de Migração não prejudica a aplicação de normas internas e internacionais específicas


sobre refugiados, asilados, agentes e pessoal diplomático ou consular, funcionários de
organização internacional e seus familiares.

IMIGRANTE - Pessoa de outro país ou apátrida que trabalha ou reside e se estabelece


temporária ou definitivamente no Brasil.

EMIGRANTE - Brasileiro que se estabelece temporária ou definitivamente no exterior.

RESIDENTE FRONTEIRIÇO - Pessoa de país limítrofe ou apátrida que conserva a sua residência
habitual em município fronteiriço de país vizinho.

VISITANTE - Pessoa de outro país ou apátrida que vem ao Brasil para estadas de curta duração,
sem pretensão de se estabelecer temporária ou definitivamente no território nacional.

APÁTRIDA - Pessoa que não seja considerada como nacional por nenhum Estado.

Dos Princípios e das Garantias


Os direitos e garantias previstos na lei são exercidos independentemente da situação
migratória. Isso significa que os direitos aqui mencionados devem ser assegurados mesmo a
migrantes que estejam em situação irregular, e não excluem outros decorrentes de tratado de
que o Brasil seja parte.
DA SITUAÇÃO DOCUMENTAL DO MIGRANTE E DO VISITANTE

Dos Documentos de Viagem

São documentos de viagem:

1. passaporte;
2. laissez-passer;
3. autorização de retorno;
4. salvo-conduto;
5. carteira de identidade de marítimo;
6. carteira de matrícula consular;
7. documento de identidade civil ou documento estrangeiro equivalente, quando
admitidos em tratado;
8. certificado de membro de tripulação de transporte aéreo; e
9. outros que vierem a ser reconhecidos pelo Estado brasileiro em regulamento.

ATENÇÃO!
Os documentos que estão marcados em azul, quando emitidos pelo Estado brasileiro, são de
propriedade da União, cabendo a seu titular a posse direta e o uso regular.

Dos Vistos
É o documento que dá a seu titular expectativa de ingresso em território nacional.

A lei prevê cinco modalidades diferentes de vistos:


Em regra, esses vistos são concedidos no exterior, mas os vistos diplomático, oficial e de
cortesia podem ser excepcionalmente concedidos no Brasil.

ATENÇÃO!
Em regra, os órgãos competentes para conceder vistos são as embaixadas, os consulados-
gerais, consulados, vice-consulados e, quando habilitados pelo órgão competente do Poder
Executivo, os escritórios comerciais e de representação do Brasil no exterior.

A lei prevê expressamente a cobrança de taxas e emolumentos consulares pelo


processamento do visto.

OBS.:

Não se concederá visto:

1. a quem não preencher os requisitos para o tipo de visto pleiteado;


2. a quem ocultar condição impeditiva de concessão de visto ou de ingresso no País; ou
3. a menor de 18 anos desacompanhado ou sem autorização de viagem por escrito dos
responsáveis legais ou de autoridade competente.

Poderá ser impedida de ingressar no País, após entrevista individual e mediante ato
fundamentado, a pessoa:

anteriormente expulsa do País, enquanto os efeitos da expulsão vigorarem;

condenada ou respondendo a processo por ato de terrorismo ou por crime de genocídio, crime
contra a humanidade, crime de guerra ou crime de agressão;

condenada ou respondendo a processo em outro país por crime doloso passível de extradição
segundo a lei brasileira;

que tenha o nome incluído em lista de restrições por ordem judicial ou por compromisso
assumido pelo Brasil perante organismo internacional;

que apresente documento de viagem que:

1. não seja válido para o Brasil;


2. esteja com o prazo de validade vencido; ou
3. esteja com rasura ou indício de falsificação;
4. que não apresente documento de viagem ou documento de identidade, quando
admitido;
5. cuja razão da viagem não seja condizente com o visto ou com o motivo alegado para a
isenção de visto;
6. que tenha, comprovadamente, fraudado documentação ou prestado informação falsa
por ocasião da solicitação de visto; ou
7. que tenha praticado ato contrário aos princípios e objetivos na CF.

OBS.:
Ninguém será impedido de ingressar no País por motivo de raça, religião, nacionalidade,
pertinência a grupo social ou opinião política.
Do Registro de Identificação Civil do Imigrante e dos Detentores de Vistos Diplomático,
Oficial e de Cortesia

Consiste na identificação civil por dados biográficos e biométricos, e é obrigatório a todo


imigrante detentor de visto temporário ou de autorização de residência. Esse procedimento
é de competência da Polícia Federal.

A identificação civil de solicitante de refúgio, de asilo, de reconhecimento de apatridia e de


acolhimento humanitário poderá ser realizada com a apresentação dos documentos de que o
imigrante dispuser.

DA CONDIÇÃO JURÍDICA DO MIGRANTE E DO VISITANTE


Do Residente Fronteiriço

A autorização para o fronteiriço, deverá indicar o município de fronteira no qual o residente


estará autorizado a exercer os direitos a ele atribuídos pela lei.
O espaço geográfico de abrangência e de validade da autorização será especificado no
documento de residente fronteiriço.

O documento de residente fronteiriço será cancelado se o titular tiver feito algo descrito pelo
art. 25:

a) tiver fraudado documento ou utilizado documento falso para obtê-lo;


b) obtiver outra condição migratória;
c) sofrer condenação penal; ou
d) exercer direito fora dos limites previstos na autorização.

Da Proteção do Apátrida e da Redução da Apatridia

Aplicam-se ao apátrida residente todos os direitos atribuídos ao migrante.


Caso o apátrida opte por adquirir a naturalização brasileira, isso ocorrerá no prazo de 30 dias.

Do Asilado
É um ato discricionário do Estado, poderá ser diplomático ou territorial e será outorgado
como instrumento de proteção à pessoa.

Não se concederá asilo a quem tenha cometido crime de genocídio, crime contra a
humanidade, crime de guerra ou crime de agressão.

Se o asilado sair do País sem prévia comunicação, isso implicará em renúncia ao asilo.

Da Autorização da Residência

Poderá ser autorizada, mediante registro (inclusive com o pagamento de taxas), em alguns
casos específicos.

Não se concederá a autorização de residência a pessoa condenada criminalmente no Brasil ou


no exterior por sentença transitada em julgado, desde que a conduta esteja tipificada na
legislação penal brasileira, ressalvados os casos em que:

 a conduta caracterize infração de menor potencial ofensivo;

 a pessoa se enquadre nas hipóteses previstas nas alíneas “b”, “c” e “i” do inciso I e na
alínea “a” do inciso II do caput deste artigo.

inciso I:
b. tratamento de saúde;
c. acolhida humanitária;
i. reunião familiar.

inciso II, alínea “a”:


a. seja beneficiária de tratado em matéria de residência e livre circulação.
O disposto no § 1º não obsta progressão de regime de cumprimento de pena.

A posse ou a propriedade de bem no Brasil não confere o direito de obter visto ou autorização
de residência em território nacional.

O visto de visita ou de cortesia poderá ser transformado em autorização de residência,


mediante requerimento e registro, desde que satisfeitos os requisitos previstos em
regulamento.

Poderá ser impedida de ingressar no País, após entrevista individual e mediante ato
fundamentado, a pessoa:

I. anteriormente expulsa do País...;

II. condenada ou respondendo a processo por ato de terrorismo ou por crime de


genocídio, crime contra a humanidade, crime de guerra ou crime de agressão;

III. condenada ou respondendo a processo em outro país por crime doloso passível de
extradição segundo a lei brasileira;

IV. que tenha o nome incluído em lista de restrições por ordem judicial ou por
compromisso assumido pelo Brasil perante organismo internacional;

IX. que tenha praticado ato contrário aos princípios e objetivos dispostos na
Constituição Federal.

Da Reunião Familiar

O visto ou a autorização de residência para fins de reunião familiar será concedido ao


imigrante:
I - cônjuge ou companheiro, sem discriminação alguma;
II - filho de imigrante beneficiário de autorização de residência, ou que tenha filho brasileiro ou
imigrante beneficiário de autorização de residência;
III - ascendente, descendente até o segundo grau ou irmão de brasileiro ou de imigrante
beneficiário de autorização de residência; ou
IV - que tenha brasileiro sob sua tutela ou guarda.

DA ENTRADA E DA SAÍDA DO TERRITÓRIO NACIONAL

Da Fiscalização Marítima, Aeroportuária e de Fronteira


Serão realizadas pela Polícia Federal.

É dispensável a fiscalização de passageiro, tripulante e estafe de navio em passagem inocente,


exceto quando houver necessidade de descida de pessoa a terra ou de subida a bordo do
navio.

Poderá ser autorizada a admissão excepcional no País de pessoa que se encontre em uma das
seguintes condições, desde que esteja de posse de documento de viagem válido:

I. não possua visto;

II. seja titular de visto emitido com erro ou omissão;


III. tenha perdido a condição de residente por ter permanecido ausente do País na forma
especificada em regulamento e detenha as condições objetivas para a concessão de
nova autorização de residência;

IV. seja criança ou adolescente desacompanhado de responsável legal e sem autorização


expressa para viajar desacompanhado, independentemente do documento de viagem
que portar, hipótese em que haverá imediato encaminhamento ao Conselho Tutelar
ou a instituição indicada pela autoridade competente.

Do Impedimento de Ingresso
art. 45, já foi mencionado nesta aula.

DAS MEDIDAS DE RETIRADA COMPULSÓRIA

A repatriação, a deportação e a expulsão serão feitas para o país de nacionalidade ou de


procedência do migrante ou do visitante, ou para outro que o aceite, em observância aos
tratados dos quais o Brasil seja parte.

A repatriação consiste em medida administrativa de devolução de pessoa em situação de


impedimento ao país de procedência ou de nacionalidade.

A deportação é medida decorrente de procedimento administrativo que consiste na retirada


compulsória de pessoa que se encontre em situação migratória irregular em território
nacional.

 A deportação será precedida de notificação pessoal ao deportando, da qual constem,


expressamente, as irregularidades verificadas e prazo para a regularização não
inferior a 60 dias (o prazo previsto de 60 dias poderá ser reduzido), podendo ser
prorrogado, por igual período, por despacho fundamentado e mediante compromisso
de a pessoa manter atualizadas suas informações domiciliares.

 A deportação não exclui eventuais direitos adquiridos em relações contratuais ou


decorrentes da lei brasileira.

 A saída voluntária de pessoa notificada para deixar o País equivale ao cumprimento da


notificação de deportação para todos os fins.

 A Defensoria Pública da União deverá ser notificada, preferencialmente por meio


eletrônico. Se não houver defensor constituído, caberá pedido de reconsideração da
decisão sobre a expulsão no prazo de 10 dias

 Em se tratando de apátrida, o procedimento de deportação dependerá de prévia


autorização da autoridade competente.

A expulsão consiste em medida administrativa de retirada compulsória de migrante ou


visitante do território nacional, conjugada com o impedimento de reingresso por prazo
determinado.

OBS.:
O processamento da expulsão em caso de crime comum não prejudicará a progressão de
regime, o cumprimento da pena, a suspensão condicional do processo, a comutação da pena
ou a concessão de pena alternativa, de indulto coletivo ou individual, de anistia ou de
quaisquer benefícios concedidos em igualdade de condições ao nacional brasileiro.

Não se procederá à expulsão quando:


O expulsando:

 tiver filho brasileiro que esteja sob sua guarda ou dependência econômica ou
socioafetiva ou tiver pessoa brasileira sob sua tutela;

 tiver cônjuge ou companheiro residente no Brasil;

 tiver ingressado no Brasil até os 12 anos de idade, residindo desde então no País;

 for pessoa com mais de 70 anos que resida no País há mais de 10 anos;

 dentre outros (as).

DA OPÇÃO DE NACIONALIDADE E DA NATURALIZAÇÃO


Da Opção de Nacionalidade

O filho de pai ou de mãe brasileiro nascido no exterior e que não tenha sido registrado em
repartição consular poderá, a qualquer tempo, promover ação de opção de nacionalidade.

Das Condições da Naturalização


É a aquisição derivada da nacionalidade brasileira.
Pode ocorrer em quatro modalidades diferentes:

1. Ordinária;
2. Extraordinária;
3. Especial; e
4. Provisória.

Condições:
Ordinária
I. ter capacidade civil, segundo a lei brasileira;
II. ter residência em território nacional, pelo prazo mínimo de 4 anos;
III. comunicar-se em língua portuguesa;
IV. não possuir condenação penal ou estiver reabilitado;

O prazo mínimo de residência de 4 anos será reduzido para, no mínimo, 1 ano se o


naturalizando preencher quaisquer das seguintes condições:

I. ter filho brasileiro;


II. ter cônjuge ou companheiro brasileiro e não estar dele separado legalmente;
III. haver prestado ou poder prestar serviço relevante ao Brasil;
IV. recomendar-se por sua capacidade profissional, científica ou artística.

Extraordinária
Pessoa fixada no Brasil há mais de 15 anos ininterruptos e sem condenação penal.

Especial
situações:
I. seja cônjuge ou companheiro, há mais de 5 anos, de integrante do Serviço Exterior
Brasileiro em atividade ou de pessoa a serviço do Estado brasileiro no exterior; ou

II. seja ou tenha sido empregado em missão diplomática ou em repartição consular do


Brasil por mais de 10 anos ininterruptos.

Provisória
I. Poderá ser concedida ao migrante criança ou adolescente que tenha fixado residência
em território nacional antes de completar 10 anos de idade e deverá ser requerida
por intermédio de seu representante legal.

II. Será convertida em definitiva se o naturalizando expressamente assim o requerer no


prazo de 2 anos após atingir a maioridade.

Dos Efeitos da Naturalização


Produz efeitos após a publicação no Diário Oficial do ato de naturalização.

Da Perda da Nacionalidade
Por decisão judicial condenatória transitada em julgado, em razão de atividade nociva ao
interesse nacional.

Da Reaquisição da Nacionalidade
O brasileiro que, houver perdido a nacionalidade, uma vez cessada a causa, poderá readquiri-la
ou ter o ato que declarou a perda revogado, na forma definida pelo órgão competente do
Poder Executivo.

DO EMIGRANTE
Das Políticas Públicas para os Emigrantes
Emigrante é o brasileiro que vai morar em outro país.

Dos Direitos do Emigrante


Poderá entrar no país com seus bens (a mudança), desde que não fique caracterizada a
finalidade comercial ou industrial desses bens.

DAS MEDIDAS DE COOPERAÇÃO


ATENÇÃO! Este é um dos temas mais importantes da Lei de Migração.

Da Extradição
É uma medida por meio da qual o Brasil entrega a outro país um indivíduo que cometeu um
crime que é punido segundo as leis daquele país (e também do Brasil) a fim de que lá ele seja
processado ou cumpra a pena por esse ilícito.
TOME NOTA!
Em caso de urgência, o Estado interessado poderá requerer, juntamente com o pedido de
extradição ou antes, a prisão cautelar do extraditando, de forma a assegurar o cumprimento
da extradição.

Uma vez efetivada a prisão do extraditando, o pedido de extradição será encaminhado à


autoridade judiciária competente. Na ausência de regra específica em tratado, o Estado
estrangeiro deverá formalizar o pedido de extradição no prazo de 60 dias, contado da data em
que tiver sido cientificado da prisão do extraditando. A prisão cautelar poderá ser prorrogada
até o julgamento final da autoridade judiciária competente quanto à legalidade do pedido de
extradição.

Quando mais de um Estado requerer a extradição da mesma pessoa, pelo mesmo fato, terá
preferência o pedido daquele em cujo território a infração foi cometida.

Nos casos não previstos nesta Lei, o órgão competente do Poder Executivo decidirá sobre a
preferência do pedido, priorizando o Estado requerente que mantiver tratado de extradição
com o Brasil.

O pedido de extradição feito por Estado estrangeiro é examinado pelo STF. Autorizado o pleito
pelo STF, cabe ao Poder Executivo decidir, de forma discricionária, sobre a entrega, ou não, do
extraditando ao governo requerente.
Se o STF negar a extradição, não se admitirá novo pedido baseado no mesmo fato.
DA TRANSFERÊNCIA DE EXECUÇÃO DA PENA
A solicitação de extradição executória, também chamada de transferência da execução da
pena, somente será possível quando forem preenchidos os seguintes requisitos:

 o condenado em território estrangeiro for nacional ou tiver residência habitual ou


vínculo pessoal no Brasil;

 a sentença tiver transitado em julgado;

 a duração da condenação a cumprir ou que restar para cumprir for de, pelo menos, 1
ano, na data de apresentação do pedido ao Estado da condenação;

 o fato que originou a condenação constituir infração penal perante a lei de ambas as
partes;

 houver tratado ou promessa de reciprocidade.

O pedido de transferência de execução da pena de Estado estrangeiro será requerido por via
diplomática ou por via de autoridades centrais.

O pedido será recebido pelo órgão competente do Poder Executivo e, após exame da presença
dos pressupostos formais de admissibilidade exigidos pela Lei de Migração ou por tratado,
encaminhado ao Superior Tribunal de Justiça para decisão quanto à homologação.

Da Transferência de Pessoa Condenada


A transferência de pessoa condenada poderá ser concedida quando o pedido se fundamentar
em tratado ou houver promessa de reciprocidade.

A transferência de pessoa condenada no Brasil pode ser concedida juntamente com a


aplicação de medida de impedimento de reingresso em território nacional.

DAS INFRAÇÕES E DAS PENALIDADES ADMINISTRATIVAS


As penalidades aplicadas serão objeto de pedido de reconsideração e de recurso.
As penalidades previstas são de multa ou de deportação.
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Esta Lei não prejudica direitos e obrigações estabelecidos por tratados vigentes no Brasil e que
sejam mais benéficos ao migrante e ao visitante, em particular os tratados firmados no âmbito
do Mercosul.

O visto de visita ou de cortesia poderá ser transformado em autorização de residência.


A repatriação consiste em medida administrativa.

Não se concederá a extradição quando o indivíduo cuja extradição é solicitada ao Brasil for
brasileiro nato, e quando a lei brasileira impuser ao crime pena de prisão inferior a 1 (um) ano.
A primeira parte da assertiva está de acordo com o disposto no art. 82, inciso I. Já a segunda
parte, está incorreta, pois conforme disposto no art. 82, inciso IV, não se concederá a
extradição quando a lei brasileira impuser ao crime pena de prisão inferior a 2 anos.
REVISÃO POR VÍDEOS

AULA 00 – ok
AULA 01 – ok
AULA 02 – ok
AULA 03 –

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