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INTRODUÇÃO

CAPÍTULO I. PRINCÍPIO GERAL (ANÁLISE SOBRE DIREITO DE FAMÍLIA


CONTEMPORÂNEO)
1.1. Direito de família na Constituição Federal
1.2. Conceito de família
1.3. Princípios de Direito de família na Constituição Federal
1.3.1. Princípio da Dignidade da Pessoa Humana
1.3.2. Princípio da Solidariedade
1.3.3. Princípio da Liberdade
1.3.4. Princípio da Afetividade

CAPÍTULO II. INSERÇÃO DAS RELAÇÕES SIMULTÂNEAS BASEADAS NO


AFETO COMO ENTIDADE FAMILIAR: INSEGURANÇA JURÍDICA?
2.1. Relações baseadas no afeto e o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana
2.2. A figura do poliamor nas relações de afeto e a entidade familiar
2.3. Princípio da Monogamia

CAPÍTULO III. ANÁLISE JURISPRUDENCIAL


3.1.Decisões anteriores a Constituição Federal de 1988
3.2. Decisões poseriores a Constituição Federal de 1988
2

CAPÍTULO I. PRINCÍPIOS GERAIS (ANÁLISE SOBRE DIREITO DE


FAMÍLIA CONTEMPORÂNEO)

1.1. Direito de família na Constituição Federal

A constitucionalização do Direito Civil buscou complementar os conceitos secos


trazidos pelo Código Civil de 1916, de característica patriarcal em que reconhecia
somente a família oriunda do casamento, chamada de família legítima, dando-lhe uma
nova roupagem, em que a preocupação jurídica era revesti-la de valores e privilégios
inerentes a dignidade da pessoa humana, sendo destacados os vínculos afetivos.
Com toda a sociedade em constante movimento e conseqüentemente, se
transformando, mais rápido do que possa alcançar um esboço normativo, a Nova Carta
Magna que entrava em vigor, preocupava-se em trazer aos seus aludidos
questionamentos, face a pluralidade de interesses postos em manifestações sociais,
vetores que trouxessem proteção do estado aos modelos de família que lhes fossem
apresentados.
A respeito, a Constituição Federal de 1988 trouxe a proteção estatal à família,
cuidando de estabelecer igualdade entre os filhos e concedeu à união estável os mesmos
direitos de quem contrai o casamento, sendo considerada entidade familiar, assim,
deixando de intervir de forma rigorosa na criação de filhos ou mesmo que modelo se
adote para se constituir uma família e desse modo, consideravelmente ladeando os
interesses patrimoniais que tanto perdurou nas codificações anteriores.1
Sobre a citada união estável, a origem da palavra concubinato remonta seu atual
conceito que provém do vocábulo latino concubinatus, ou concubere que significa
deitar-se com outrem, nesse diapasão, postulando um sentido pejorativo, decidiu o
legislador inovar o termo, tirando-lhe toda a carga pejorativa, desses fatos, extraindo-se
o parâmetro afetivo, resolveu a Carta Magna abraçar tais uniões, chamando-as de união
estável, aquelas existentes sem a celebração do matrimônio, concedendo-lhes, de forma
plausível, direitos semelhantes ao casamento2.
Para acentuar o que foi elencado, cita-se a Lei 9.263 de 12/01/1996, que em seu
artigo 1º, diz:

1
NASCIMENTO, Patrícia Bezerra de Medeiros. O Direito de Família no Novo Código Civil. Disponível
em:<.http://www.mp.rn.gov.br/bibliotecapgj/artigos/artigo09.pdf>. Acesso em 09.ago.2010.
2
AZEVEDO, Álvaro Villaça. A união estável no novo Código Civil. Jus Navigandi, Teresina, ano 9, n.
191, 13 jan. 2004. Disponível em: <http://jus.uol.com.br/revista/texto/4580>. Acesso em: 10 ago. 2010.
3

“O planejamento familiar é direito de todo cidadão, observado o disposto nesta


Lei”, ou seja, ressalta a livre escolha que possui a pessoa natural para decidir sobre
planejamento familiar, encontrando respaldo nos princípios da dignidade da pessoa
humana e da paternidade responsável, o que é notável de pronto. Remonta o
afastamento da influência dos preceitos da igreja católica, conferindo ao Estado a tarefa
de legislar, sem que de forma coercitiva venha a interferir nas instituições familiares.
Em face disso, remonta o Código Civil em seu artigo 1.533: “É defeso a
qualquer pessoa, de direito público ou privado, interferir na comunhão de vida instituída
pela família”. Nota-se que a tendência constitucional é amparar a entidade
matrimonializada, embora reconheça a união estável. A família à margem do casamento
passou a merecer tutela constitucional porque apresenta condições de sentimento,
estabilidade e responsabilidade necessários ao desempenho das funções
reconhecidamente familiares3.
Não caberia, a priori, o modo pelo qual os conviventes escolheriam para formar
uma família, mas o modo que viveriam com a formação dela, sem caber, a intervenção
estatal em assunto intrínseco a pessoa humana, diga-se, os conviventes.
A Constituição Federal molda seus textos conforme as mudanças sociais, e é
conforme os ditames destas que é pautado o direito de família, o qual a união estável
veio a ser institucionalizada dentro do direito de família. Logo, abraçou o afeto como
princípio primordial à constituição familiar, e assim, preceitua em seu art. 266, § 3º:

Artigo 266, § 3º: Para efeito de proteção do Estado, é reconhecida a


união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar,
devendo a lei facilitar a sua conversão em casamento. 4

O Estado inseriu o afeto no campo jurídico para que amparasse o casamento, a


união estável e a família monoparental como entidade familiar.5 Contudo já dito, passa
a entender-se que o direito de família foi ampliado, não podendo admitir-se
discriminações e preconceitos já superados em face desta por não ter sido oficiada por
um juiz ou autoridade religiosa.
3
DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 5ª Ed.São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009.p.
36.
4
BRASIL. Constituição (1988). São Paulo: Rideel, 2007.
5
OLIVEIRA, Catarina Almeida. Refletindo o afeto nas relações de família. Pode o direito impor amor?
Famílias no direito contemporâneo. Estudos em homenagem a Paulo Luiz Netto Lôbo. Salvador:
Juspodivm, 2010.p.54.
4

Embora caiba ao Estado intervir nas relações de direito privado, este será
regulado pelo Direito Civil, atento aos ditames da Constituição Federal. Agora,
qualquer norma jurídica de direito das famílias exige a presença de fundamento de
validade constitucional. Essa é a nova tábua de valores da Constituição Federal,
especialmente no tocante à igualdade de tratamento dos cônjuges. Tanto o marido como
a mulher podem livremente praticar todos os atos de disposição e de administração ao
desempenho de sua profissão. Foi afastada a concepção antiga de que a mulher era
mera colaboradora do marido na administração dos bens, na chefia da sociedade
conjugal e no exercício do poder familiar.6
Neste contexto, o Estado Democrático de Direito cuidou de refletir o princípio
da dignidade da pessoa humana como vetor primordial, impedindo que houvesse
injustas discriminações. Com essa ampliação de conceitos, termos que restringiam as
relações afetivas e os vínculos parentais, tais como, adulterino, impuro ou ilegítimo não
são mais acolhidos.
Visto isso, nota-se que o conceito de família foi transformado com as mudanças
ocorridas na sociedade, sendo conferida igualdade e liberdade entre os membros que
compõem aquela, reconhecendo a existência de outras entidades familiares, inclusive a
família monoparental, família construída entre filhos sem a presença dos pais, e aquelas
chamadas de união estável, oriundas de uniões havidas fora do casamento, passando a
adquirir visibilidade, assegurando assistência, proteção e medidas assecuratórias
criadas, inclusive, por lei infraconstitucional.

1.2. Conceito de família

As atitudes do ser humano em cooperar, simpatizar, compreender e desejar


prosperar na amizade, são formas sublimes de manter possível a existência do homem
na terra, surgindo a figura do amor e da emoção, dando origem a espécie humana, sem
estes, seria inviável a formação dos vínculos e a convivência social, com isso levando à
frente a perpetuação da espécie humana.
Remetendo-se a leitura a época da sociedade patriarcal, depreende-se que o
homem ocupava o lugar central na família, caçava, pescava, mantinha o sustento da

6
DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 5ª Ed.São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009.p.
36.
5

família e a protegia, já a mulher por sua vez, cozinhava, cuidava da casa e dos filhos,
sendo submissa ao marido7.
Nesse período, não existia normas que regulamentassem o casamento, mas as
famílias que se formavam estabeleciam vínculos baseados no desejo sexual e no afeto.
Contudo, surge a figura da igreja católica, forte influência para as sociedades que se
formavam, levando o Estado a regulamentar tais relações, de modo plenamente imposto
pelos cânones, normatizando a indissolubilidade do vínculo do casamento.8
O Estado, como interventor das relações jurídicas, por muito tempo interveio de
modo desenfreado na esfera do direito de família, restringiu a vontade daqueles que
decidiam construir uma família, sendo essa possível apenas com a existência do
casamento civil, o que obstava em razão do custo e da indissolubilidade, como forma
retrógada de penalizar quem daquela união, deixou de amar. Com as constantes
mudanças, passou a redefinir seus conceitos, de modo a ampliá-los, no que concerne ao
direito de família. Conceitos contrários a isso, denotam a insensibilidade no sentido de
impedir outras formas de constituição familiar.
Em meados do século XX, essas prerrogativas começaram o tomar novos rumos,
conferindo as mulheres igualdade entre os cônjuges, deixaram de diferenciar filho
legítimo e ilegítimo, considerando que filhos teriam direitos iguais independentemente
de serem dentro do casamento ou não, e ainda, aprovando o divórcio9.
Em face de todas essas construções históricas, nota-se o direito como
instrumento pelo qual o estado organiza a sociedade, protege os indivíduos, exigindo
destes, condutas sensatas, coerentes com o bom convívio, cabendo ainda, garantir o
direito à liberdade e o direito à vida.
Nesse sentido, percebe-se a amplitude do direito, na sua função jurídica de
abraçar e proteger os mais diversos casos, muitas vezes implícitos no texto legal, ou se
quer ainda regulado, diante da pluralidade dos casos.

7
ARRUDA, José Jobson. História Integrada da Pré-História ao fim do Império Romano. São
Paulo:Ática, 1995. V.1, pp.17-19.
8
GOMES, Anderson Lopes. Concubinato adulterino: uma entidade familiar a ser reconhecida pelo
Estado brasileiro. Jus Navigandi, Teresina, ano 12, n. 1360, 23 mar. 2007. Disponível
em: <http://jus.uol.com.br/revista/texto/9624>. Acesso em: 08 nov. 2010.
9
ARTIGO 227, § 6º, CONSTITUIÇÃO FEDERAL DA REPÚBLICA. Os filhos, havidos ou não da
relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer
designações discriminatórias relativas à filiação”, redação encontrada também no Código Civil Brasileiro
vigente, no art. 1.596.
6

O sistema falha quando o operador se depara com casos ainda não tutelados, abrindo
espaço para lacunas, momento em que a ordem jurídica ainda não se dispôs a legislar
sobre determinado caso ou ainda, não tenha se deparado com ele.
Com toda essa gama evolutiva, adotando relevantes aspectos da construção social,
Silvio Rodrigues, de modo restrito se inclina a afirmar que o termo família é aquele que
abrange todas aquelas pessoas que guardem entre si o vínculo sangüíneo, ou seja,
aquelas que brotem de um mesmo tronco ancestral.10
Com fulcro nos preceitos da Constituição Federal, Carlos Roberto Gonçalves, de
forma concisa, levanta uma visão sociológica e constitucional, quando diz ser um
núcleo fundamental e estrutural para a organização social, sendo essencial e portanto,
merecedora de proteção estatal.11
Já Paulo Lôbo, de maneira ordenada, corrobora uma visão sobre família de acordo o
fenômeno da repersonalização, que refuta os interesses econômicos, políticos, religiosos
e procracionais e a molda perante a ótica dos valores inerentes à pessoa humana,
assumindo uma nova função social que visa solidificar a dignidade.12
Visto isso, não se vislumbra da sociedade um conceito que possa ser inacabado e
solidificado, ou seja, os conceitos serão soltos, basta que se adequem conforme a
situação apresentada, aos vários tipos de família que possam ser relevantes para o
direito, considerados através dos vínculos ou dos grupos que coexistem separadamente
conforme escolha. Eis a razão de um ordenamento protetor.
Conforme o ordenamento jurídico vigente, depreende-se três tipos de entidades
familiares, tais quais, o casamento, a união estável e a entidade monoparental. O
Código Civil elenca de forma expressa o casamento (arts. 1.511 e s.) e a união estável
(arts.1.723 a 1.726) como entidades familiares.
Simone Ribeiro amplia o conceito de família perante o texto da Constituição
Federal de 1988:
Com a Carta Magna de 1988, deixando de existir o requisito do
casamento como fundamental para a legitimação da família, alargou-
se sobremaneira a sua conceituação, modificando-se, inclusive, o
conceito de Direito de Família, antes profundamente atrelado aos
efeitos do casamento, considerado o centro irradiador de suas normas
básicas.13

10
RODRIGUES, Sílvio. Direito de Família. 27ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2002.p.4
11

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. 7ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2010.p.17
12
LÔBO, Paulo Luiz Neto. Famílias. 3ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2010.p.11
7

A construção familiar se deve a requisitos essencialmente ligados ao sentimento, ao


afeto, ao respeito, embora obedeça a modelos jurídicos formalmente estipulados, no
intuito de ligar o amor a estrutura familiar, diga-se, a figura do pai, da mãe, do filho, do
marido e de esposa.
A notória pluralidade faz-se presente na sociedade, as escolhas e formas de buscar-
se a felicidade, nota-se, são as mais diversificadas, cada um ao seu jeito. Os parâmetros
evoluem conforme as mudanças de idéias e crenças.
Como já visto, é necessária a atuação do Estado para proteger as relações, não para
punir ou impedir que na sociedade se viva de modo adequadamente imposto por este,
como se houvesse uma maneira de se viver de forma única e perpétua, e sim deixar
livre quem na sociedade vive, para que assim, façam suas escolhas e não os condicione
a viver como se estivessem num espetáculo de cores e luzes, com roteiro pronto.
Observadas essas alusões, de tão complexas, fez insurgir temas e conceitos diversos
que destinou-se um capítulo inteiro para dedicar-se as concretudes dos laços familiares,
tal seja, direito de família e nessa órbita se faz lembrar dos novos conceitos relativos as
famílias plurais, como será visto posteriormente.
Compartilha dessa idéia, Sílvio de Salvo Venosa, que de acordo com a Constituição
Federal, haveria uma necessidade de reconhecimento familiar que fosse independente
do matrimônio, amparando a família matrimonializada, a união de fato, a família
natural e ainda, a adotiva.14
Paulo Luiz Neto Lôbo, se estende e explicita de forma significativa modelos
familiares elencados em pesquisa do IBGE, uns até distantes dos modelos ainda não
amparados:

Homem e mulher, com vínculo de casamento, com filhos biológicos; Homem


e mulher, com vínculo de casamento, com filhos biológicos e filhos não
biológicos e filhos não biológicos, ou somente com filhos não biológicos;
Homem e mulher, sem casamento, com filhos biológicos (união estável);
Homem e mulher, sem casamento, com filhos biológicos e não biológicos ou
apenas não biológicos (união estável); Pai e mãe e filhos biológicos (entidade
monoparental); Pai ou mãe e filhos biológicos e adotivos ou apenas adotivos
(entidade monoparental); União de parentes e pessoas que convivem em
interdependência afetiva, sem pai ou mãe que a chefie, como no caso de grupo
de irmãos, após falecimento ou abandono dos pais, ou de avós e netos, ou de

13
RIBEIRO, Simone Clós Cesar. As inovações constitucionais no Direito de Família. Jus Navigandi,
Teresina, ano 7, n. 58, 1 ago. 2002. Disponível em: <http://jus.uol.com.br/revista/texto/3192>. Acesso
em: 13 ago. 2010.

14
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil, Direito de Família. V VI. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2005.
8

tios e sobrinhos; Pessoas sem laços de parentesco que passam a conviver em


caráter permanente, com laços de afetividade e de ajuda mútua, sem finalidade
sexual ou aconômica; Uniões homossexuais, de caráter afetivo e sexual;
Uniões concubinárias, quando houver impedimento para casar de um ou de
ambos companheiros, com ou sem filhos(...)15

A surpreendente evolução dos costumes, decorrente do afastamento entre Estado e


Igreja, provocou profundas mudanças no conceito de família, que se distanciou da idéia
sacralizada do casamento. Passou-se ao pluralismo de entidades familiares, as quais não
mais se condicionam às normatizações obsoletas.16
Como se verifica, com as constantes transformações, são assumidos novos
conceitos de família, esta deixa de ser aquela tão somente institucionalizada com o
matrimônio, assumindo, de forma amparada legalmente, outros meios de ser
construída. Assim, a expressão direito de famílias melhor atende à necessidade de
passar-se, cada vez mais, a enlaçar, no âmbito de proteção as famílias, todas as
famílias, sem discriminação, sem preconceitos17.
Para reforçar o que foi dito, acentua Cristiano Chaves de Farias:

É inegável que a multiplicidade e variedade de fatores (de diversas matizes)


não permitem fixar um modelo familiar uniforme, sendo mister compreender a
família de acordo com os movimentos que constituem as relações sociais ao
longo do tempo. Como bem percebeu a historiadora francesa Michelle Perrot,
‘ a história da família é longa, não linear, feita de rupturas sucessivas’,
deixando antever a variabilidade histórica da feição da família, adaptando-se
às necessidades sociais prementes de cada tempo.18

Com efeito, as famílias querem avançar de acordo a evolução do homem, sem que
precisem suportar conceitos estáticos, desprendidos de valores, tudo em razão de uma
sociedade que se modifica a todo tempo, recheada de inúmeros costumes e os mais
variados gostos, e que reclama um desenho jurídico baseado na realidade social. Como
se quer, com base no princípio do pluralismo familiar, o Estado alarga a possibilidade

15
LÔBO, Paulo Luiz Neto. Famílias. 3ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2010.p.72-73.
16
DIAS, Maria Berenice. Família, ética e afeto. Disponível em<http://www.ibdfam.org.br/?
artigos&artigo=119> Acesso em 14.ago.10.
17

DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 5ª Ed.São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009.p.
28.

18
FARIAS, Cristiano Chaves de. A família na pós-modernidade: em busca da dignidade perdida da
pessoa humana. Disponível em <.http://www.revistapersona.com.ar/Persona09/9farias.htm>.Acesso em:
16.ago.2010.
9

de vir a reconhecer diversas formas de constituições familiares, modo pelo qual


assumiria a postura pluralista de emplacar outras formas de criar-se entidades
familiares.
Em muitos casos, o laço afetivo se sobrepõe ao sanguíneo, refletindo de forma tão
veemente a força que tem os laços afetivos construídos, pedindo de forma tão singela, a
atenção do Estado, o reconhecimento na sociedade, de laços que se findam no amor.
Com toda essa justificativa, na tentativa de abrir o rol, citar-se-ão os modelos
explorados de forma tão significativa por Maria Berenice Dias, que são: Modelo
matrimonial, concretizado com o casamento, espelho da sociedade patriarcal, o qual
estabelece o liame entre o Estado e a igreja, estes com o intuito de conservar as relações
familiares, pautadas no moralismo, o que mais tarde, chamou-se de interferência
desenfreada do Estado na vida privada de quem tem o direito de liberdade, notando-se
o embasamento pelo qual se perfaz toda e entidade familiar, desde que haja a livre
escolha.
Modelo informal, quando diante de relações extramatrimoniais, ou se já, sem
vínculo matrimonial, restringindo a lei a não conservar direitos às relações
concubinárias, as quais por muito tempo foi chamada de sociedade de fato, gerando
direitos apenas no campo obrigacional, á título de indenização, o que propiciava na
maioria das vezes injustiças no que atenta ao enriquecimento sem causa.
Modelo homoafetiva, em face de preconceitos, não cabe a legislação se dizer a
margem destas relações, as quais fundadas no amor, em vários casos são acometidas
por gravames, seja preconceituoso ou financeiro, o que muitos juízes, por pura
discriminação e enraizado em preceitos morais passa a considerá-la como tão somente,
sociedade de fato, tirando-lhe os fundamentos do princípio da dignidade da pessoa
humana; Modelo parental, pelo vínculo existente entre filho e um dos pais sobre o
mesmo convívio, o qual já é abraçado pela Constituição Federal.
Modelo anaparental, nomenclatura utilizada para embasar vínculos afetivos
entre parentes ou entre pessoas que não sejam da mesma família, assumam uma
estrutura familiar, recaindo no campo obrigacional o direito e dever de divisão de todo
patrimônio construído perante o convívio e o esforço comum.
Modelo pluriparental, com o advento do divórcio e da separação, ao jorrar na
sociedade os ex conviventes de determinada relação, passam, na busca de ser feliz, a
ingressar em outros relacionamentos posteriores ao casamento ou a união estável que
mantinham, em vários casos já com a presença de filhos e assim, neste ingresso, o
10

vínculo que forma essa segunda família, chama-se pluriparental, derivada da


complexidade de vínculos anteriores.
Modelo paralela, aquela que sofre intensas restrições no que se refere a
ingressar no campo dos direitos oriundos das relações múltiplas ou simultâneas, o
concubinato impuro, ou seja, a legislação se pauta em princípios e preconceitos que
restringem, ladeando o sentimento e a felicidade que deveriam ser tomados em primeira
causa, negando efeitos jurídicos.
Negar a existência de famílias paralelas – quer um casamento e uma união
estável, quer duas ou mais uniões estáveis – é simplesmente não ver a realidade.
Desse modo, é intolerável a não admissão de famílias que constroem laço,
dedicam-se por inteiros, assumem seus papéis no âmbito familiar e depois de tudo,
perceber seu direito negado em face de preconceitos de quem deveria proteger, o
Estado. E por fim, Modelo eudemonista, que permite, em face do princípio da
dignidade da pessoa humana, decidir de forma livre o modo pelo qual escolherá formar
sua família. Previsto na Constituição Federal, este modelo objetiva a construção de
famílias, pautada no livre acordo de vontades, pois o que importa mesmo, será a
felicidade e a realização daqueles ou mesmo daquele que se amolda a algum tipo em
especial de constituir uma família, não importará a qual modelo de vínculo formará,
mas o modelo que lhe trará realização e segurança jurídica.19

1.3. Princípios de Direito de família na Constituição Federal

Os princípios surgem para permitir uma interpretação extensiva aos ditames


mutáveis existentes na sociedade, levando-se em consideração a democracia e a livre
vontade de quem nela vive. E com base na existência de princípios que norteiam as
relações jurídicas, falar-se-á nos princípios norteadores das relações familiares, que
buscarão o melhor direito.
A atribuição de eficácia normativa aos princípios vem associada ao processo de
abertura do sistema jurídico. Eles funcionam como conexões axiológicas e teleológicas
entre, de um lado, o ordenamento jurídico e o dado cultural e, de outro, a Constituição e
a legislação infraconstitucional.20 Estes devem estabelecer critérios para melhor servir a
19
DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 5ª Ed.São Paulo: Revista dos Tribunais,
2009.p. 44-55.
20
TEPEDINO, Gustavo. O Código Civil, os chamados microssistemas e a Constituição: premissas para
uma reforma legislativa. Rio de Janeiro: Renovar, 2000.p.14.
11

aplicabilidade do conceito justiça, que está acima de demais preceitos que não sejam
previstos na Carta Magna, de modo a reiterar decisões na mesma linha de interpretação.
Servem para estabelecer uma ponte entre as normas pré-fixadas e o caso concreto.
Deste modo, será no direito de família que mais haverá reflexo dos princípios
eleitos pela Constituição Federal, que consagrou como fundamentais valores sociais
dominantes. Os princípios que regem o direito de família não podem distanciar-se da
atual concepção da família, dentro de sua feição desdobrada e múltiplas facetas. A
Constituição consagra alguns princípios, transformando-os em direito positivo,
primeiro passo para sua aplicação.21Busca-se com estes a concretização dos parâmetros
visados pelos novos conceitos de famílias.

1.2.1. Princípio da Dignidade da Pessoa Humana

Decorre do artigo 1º, III, da Constituição Federal de 1988, o qual logra respeito
à pessoa, independente de cor, classe social, religião, nível escolar, entre outros fatores,
vistos casuisticamente. O qual impõe respeito à pessoa, independente de cor, classe
social, religião, raça, nível escolar, etc. De fato, não há como pensar no direito de
família sem que não esteja atrelado aos Direitos Humanos.22
Consoante ensinamento da doutrinadora Carmen Lúcia Antunes Rocha, para
quem este seria um princípio que surge para vislumbrar a justiça conforme
entendimento:

Dignidade é o pressuposto da idéia de justiça humana, porque ela é


que dita a condição superior do homem como ser de razão e
sentimento. Por isso é que a dignidade humana independe de
merecimento pessoal ou social. Não se há de ser mister ter de fazer
por merecê-la, pois ela é inerente à vida e, nessa contingência, é um
direito pré-estatal.23

21
DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 5ª Ed.São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009.p.
59.
22
PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Princípios fundamentais orientadores do direito de família. Belo
Horizonte: Del Rey, 2006.p.37.
23

ANTUNES ROCHA, Carmen Lúcia. O princípio da dignidade humana e a exclusão social. In:Anais do
XVVI
Conferência Nacional dos Advogados – Justiça: realidade e utopia, Brasília: OAB, Conselho Federal,
2000.p.72.
12

O ser humano é o destinatário do amparo, como aponta Rabindranath V. A.


Capelo de Sousa:
(...)a personalidade ou subjetividade é um título instituído pela ordem
jurídica e conferido às pessoas físicas e às pessoas jurídicas que
satisfizerem os requisitos legais de sua constituição e funcionamento.
(...) a personalidade, portanto, constitui-se de: capacidade de direito,
capacidade de fato e de um patrimônio (material e moral). Integram o
patrimônio moral os chamados direitos imateriais ou direitos da
personalidade.24

Ainda sobre os reflexos norteadores desse relevante princípio, Ingo Wolfgang


Sarlet argumenta:

A qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humano que o faz


merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da
comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de direitos e
deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo e
qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe
garantir as condições existenciais mínimas para uma vida saudável,
além de propiciar e promover sua participação ativa e co-responsável
nos destinos da própria existência e da vida em comunhão com os
demais seres humanos.25

Deste modo, a mais relevante conotação é de que tal princípio estende proteção
às entidades familiares, e deste surge os demais princípios, como liberdade, igualdade,
solidariedade, entre outros; estabelece um leque de deveres ao Estado no sentido de
permitir e outro leque no sentido de conceder, ou seja, visa um direito oponível aos
próprios membros da família, e assim, tenham suas dignidades respeitadas, e nesse
preâmbulo, inteiramente relacionado ao princípio da Solidariedade,26 como se verá
adiante.

1.2.2. Princípio da Solidariedade

Com este surgiu os novos vetores apresentados na Constituição de 1988, levando


ao poder público a incumbência de apresentar proposta e projetos no que se refere a

24
SOUSA, Rabindranath V. A. Capelo de. O direito geral da personalidade. Coimbra: Coimbra Editora,
1995, p.15.
25
SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais na Constituição
Federal de 1988. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2001, p. 60.

26
LÔBO, Paulo Luiz Neto. Famílias. 3ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2010.p.p.38-39.
13

políticas públicas levadas a atender às necessidades familiares, mostrando a função


precípua de cada um dos indivíduos dentro do seio familiar, na intensa vontade de
colaborar e cooperar, com os fins afetivos, materiais e psíquicos, emprega-se valores e
respeito mútuos e trazendo para a base familiar, respeito, solidariedade e harmonia, já
que no mundo contemporâneo, se vislumbra o equilíbrio entre espaços públicos e
privados dentro do direito subjetivo. COLOCAR CITAÇÃO PAULO LOBO PAG. 40
Consoante o Código Civil de 2002, esse rol de solidariedade recíproca se acende
no tocante a comunhão de vida instituída pela família no que diz respeito à tutela; no
sentimento de solidariedade, no tocante à adoção; a reciprocidade dos cônjuges se refere
a família e a recíproca assistência; a obrigação alimentar, que protege, inclusive o
cônjuge ou companheiro culpado em razão das imposições recíprocas de solidariedade.
CITAÇÃO LOBO P.41
Esses deveres oriundos dos vínculos familiares, colocam o Estado como último
garantidor dos direitos, se estendendo primariamente à família. BERENICE DIAS P.66
No que diz respeito aos vínculos, esses só são possíveis se dentro do seio familiar se
desenvolver a compreensão e cooperação, clamando nesta órbita, os deveres além dos
materiais, ou seja, deveres inerentes a boa convivência, como momentos de comunhão
entre todos, e não só o fim material. ROLF P.64

1.2.3. Princípio da Liberdade

Este princípio reflete a livre vontade estendida a todos, a livre escolha


relacionada às escolhas referentes aos laços familiares, se aliando também ao princípio
da igualdade, o qual para este não haverá distinção de papel para aqueles que
constroem famílias; Princípio da afetividade, o qual protege os vínculos familiares
pautados no afeto, independente de laços sanguíneos ou não, ou entidade familiar
concretizada com o matrimônio ou não, abraça aos mais diversos modos de manifestar
as entidades familiares, sob qualquer prisma, estejam orientadas em legislação
específica ou não, clareando os espectros antes não visualizados pela ordem jurídica,
embora não previsto literalmente no texto constitucional, este se vislumbra quando da
proteção de entidades familiares, diversas ao casamento com o reconhecimento da
união estável, por exemplo, notando-se que uma relação feliz, duradoura e respeitada
não é necessariamente oriunda de uma entidade matrimonializada. BERENICE
14

Com o texto constitucional, verifica-se a igualdade de todos os filhos


independentemente da origem, a adoção escolhida com propósitos afetivos dando ao
adotado direitos iguais ao do filho biológico, o reconhecimento e a tutela estatal em face
de qualquer dos pais e seus descendentes, incluindo os adotivos, e o direito à
convivência familiar como prioridade absoluta da criança e do adolescente, ou seja,
estes embora colocados de modo implícito, serão tutelados e terão efeitos jurídicos.
LOBO
1.2.4. Princípio da Afetividade

Como princípio norteador de toda gama evolutiva do berço familiar, há de


considerar-se como de relevante e essencial para fins conceituais da matéria. Com toda
carga valorativa presente na Constituição Federal de 1988, esse princípio passou a
existir, de forma implícita, não sendo previsto constitucionalmente, mas interpretado
diante complexidade proveniente das inúmeras faces que o conceito contemporâneo
assume.
No escopo de balizar de complementação de regras e servir de norte ou ainda,
contribuir para a decisão, este princípio, embora não previsto, tem previsão
principiológica acatada pelos profissionais do direito, haja vista ser uma expansão dos
princípios da Dignidade da Pessoa Humana, Solidariedade e da Convivência familiar.
LOBO P.48
Ademais, essa interpretação pode ser reiterada pelas previsões da própria Carta
Magna, quando se refere a igualdade dos filhos, independente de sua filiação, como
também é refletido na escolha da entidade familiar, pois essas chamam laços de
afetividade, passando a fazer parte dos julgados dos tribunais e das discussões
doutrinárias.
Portanto, seja norte para as regras, ou seja complemento para a decisão*
CATARINA ARTIGO, a conclusão é de que servirá como fundamento contextualizador
das situações cotidianas e o respectivo embasamento jurídico, consoante se lê: citação
artigo
15

CAPÍTULO II. INSERÇÃO DAS RELAÇÕES SIMULTÂNEAS BASEADAS NO


AFETO COMO ENTIDADE FAMILIAR: INSEGURANÇA JURÍDICA?

2.1. Relações baseadas no afeto e o Princípio da dignidade da Pessoa


Humana

Por muito tempo, como já visto, o casamento foi considerado o único modelo
de entidade familiar, embora fossem conhecidos outros modelos à margem dos
conceitos moralmente aprovados.
16

A família é o berço onde se desenvolvem todos os parâmetros sociais, como:


educação, religião, preceitos morais e até as normas jurídicas. O conceito de família
está em crise em seus aspectos formais, pois anseia a aceitabilidade de novos modelos
pela sociedade e pelo ordenamento jurídico, o que não condiz com a velocidade dos
fatos.
Com a pluralidade familiar, a Constituição Federal amplia seus paradigmas
para que os textos normativos maculados de preconceitos possam ter novos ditames e
passa a se preocupar com a proteção do ser humano na sociedade, lapidando a
normatividade em relação aos fatos tradicionalmente aceitos e abre espaço para novos
vínculos afetivos.
Conforme interpretação literal e isolada de palavras contidas no artigo 226 da
Constituição Federal em consonância com os artigos 1.511 e s. e 1.723 a 1.726 do
Código Civil em vigência, extrai-se da leitura apenas três modelos explícitos pelo
ordenamento pátrio.27
A Constituição Federal, embora reconheça de forma explícita as famílias
formadas através do casamento, união estável e ampare a família monoparental,
permite extrair de forma extensiva a interpretação de que são possíveis outros arranjos
familiares.
No intuito de caracterizar o núcleo familiar, há de considerar como
fundamentos existenciais: a afetividade, a durabilidade e a publicidade, 28 consoante a
constitucionalização do Direito Civil, fase de notória transformação no seio familiar.29
A construção do Direito Civil, fez com que esse deixasse de ser o centro das
relações jurídicas e as uniões parentais perdessem o caráter primitivamente
patrimonial.30
Tudo começa a girar em torno da pessoa humana e sobre isso, explica a teoria
kantiana o entendimento de que haveria, por natureza, uma dignidade intrínseca ligada
ao ser humano, devendo existir por causa da razão inerente ao homem. Para Kant, o

27
LÔBO, Paulo Luiz Neto. Famílias. 3ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2010.p.73.
28

GOMES, Anderson Lopes. Concubinato adulterino: uma entidade familiar a ser reconhecida pelo
Estado brasileiro. Jus Navigandi, Teresina, ano 12, n. 1360, 23 mar. 2007. Disponível em:
<http://jus.uol.com.br/revista/texto/9624>. Acesso em: 14 out. 2010.
29
BARROSO, Luís Roberto. Curso de Direito Constitucional contemporâneo: os conceitos
fundamentais e a construção do novo modelo. São Paulo: Saraiva, 2009. P. 368.

30
QUADROS, Tiago de Almeida. O princípio da monogamia e o concubinato adulterino. Jus Navigandi,
Teresina, ano 9, n. 412, 23 ago. 2004. Disponível em: <http://jus.uol.com.br/revista/texto/5614>. Acesso
em: 14 out. 2010.
17

homem teria um valor, como condição humana, não devendo ser usado como meio
para atingir um fim e sim, devendo ser livre da possível coisificação, assumindo
fortemente sua postura como um ser racional, não suscetível de preço, inestimável,
insubstituível.31
Portanto, todo ser humano tem dignidade porque tem razão e assim, para a
ética, todos os seres possuem o mesmo valor.
Desta forma, no que pertine as escolhas, consoante interpretação do artigo 226,
§ 7º , da Constituição Federal, o casal será livre para escolher seu planejamento
familiar, mas deve fazê-lo em obediência ao princípio da dignidade da pessoa humana,
cuja observância confirmará o intérprete apenas em cada situação concreta, de acordo
com a equidade, que leva em conta a ponderação dos interesses legítimos e valores
adotados pela comunidade em geral.32
Paulo Lôbo, um dos mais renomados estudiosos do Direito de Família da
atualidade, menciona de forma brilhante:
O Estado, a família e a sociedade devem propiciar os meios de
realização da dignidade da pessoa humana, impondo o
reconhecimento da natureza de família a todas as entidades com fins
essencialmente afetivos. A exclusão de qualquer delas, sob impulso
de valores outros, viola o princípio da dignidade da pessoa humana.33

Diante das regras, os princípios não têm o condão de apresentar a única


solução, mas possuem força para que quando fragilizadas, possa oferecer a mais justa
solução.34
De modo explícito, o princípio da dignidade da pessoa humana surge para
consolidar a comunhão de vida, de amor e de afeto, no que se refere as relações de
família na sociedade.35
Com o advento do Estatuto da Mulher Casada de 1962, da Lei do Divórcio de
1977 e da Constituição Federal de 1988, os parâmetros familiares, até então existentes,
começaram a ser transformados, revistos, assumindo brilhantemente novas definições.
31

KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes. São Paulo: Abril Cultural, 1980.
v.1.p.139-140.(Coleção Os Pensadores).
32

LÔBO, Paulo Luiz Neto. Famílias. 3ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2010.p.51.
33

LÔBO, Paulo Luiz Neto. Famílias. 3ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2010.p.81.
34

LÔBO, Paulo Luiz Neto. Famílias. 3ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2010.p.52.
35

LÔBO, Paulo Luiz Neto. A repersonalização das relações de família, texto revisto. Revista de Direito de
Família, Porto Alegre: Síntese, n.24, p.136-156, jun./jul. 2004.
18

Como se percebe, o conceito em torno do valor da dignidade é relativo e vai se


transformando ideologicamente em consonância com as mudanças subjetivas,
conforme colaciona de modo espetacular o Antônio Junqueira:

É preciso, pois, aprofundar o conceito de dignidade da pessoa


humana. A pessoa é um bem e dignidade, o seu valor. O direito do
século XXI não se contenta com os conceitos axiológicos formais,
que podem ser usados retoricamente para qualquer tese. Mal o século
XX se livrou do vazio do ‘bando dos quatro’ – os quatro conceitos
jurídicos indeterminados: função social, ordem pública, boa fé,
interesse público – preenchendo-os pela lei, doutrina e
jurisprudência, com alguma diretriz material, surge agora, no século
XXI problema idêntico com a expressão dignidade da pessoa
humana.36

Conforme se extrai do enunciado, a expressão dignidade da pessoa humana,


surge para abrilhantar as mais diferentes causas que possam vir a surgir, pois o século
XXI está repleto de pluralidades, exigindo visões com cargas valorativas amplas,
inerente a pessoa humana, como receptora de tudo aquilo que se vislumbra proteger,
amparar com o direito, pois, para que assim proceda, é necessário que se estabeleça um
vértice entre sociedade, direito e princípio, pois esse último, embora possua um
conceito formal, nas diversidades dos casos, pode apresentar-se com outros préstimos,
de forma casuística deve apresentar seus conceitos, o importante é oferecer o amparo,
o norte para que melhor atenda o sujeito singular, ou seja, em sua particularidade,
enfim, este princípio não teria um conceito objetivo mas subjetivo, de forma a refletir o
sujeito de forma exclusiva.
Faz-se mister considerar que esse princípio não seja ampliado de forma a trazer
insegurança jurídica, podendo vir a ocasionar um uso indevido, desprovido de certezas
e banalizado, mas sim, usado de forma ponderada. É isso que se almeja.
De modo formidável, Anderson Lopes, reforça tudo isso, conforme colaciona-
se a seguir:

No campo específico do direito de família, respeitar a dignidade da


pessoa humana significa reconhecer o homem como finalidade de
proteção da família, o que nos remete à vedação de entidades
familiares; respeitar a autonomia privada do indivíduo ao escolher o
arranjo familiar mais adequado a si mesmo; privilegiar o afeto como
elemento embrionário do organismo familiar; tratar igualmente os
cônjuges dentro da relação afetiva; não excluir filhos havidos fora do

36

AZEVEDO, Antônio Junqueira. Réquiem para uma certa dignidade da pessoa humana. In: CUNHA
PEREIRA, Rodrigo da (Coord.). Anais do III Congresso Brasileiro de Direito de Família – Família e
cidadania. O novo CCB e a vacatio legis. Belo Horizonte: Del Rey, IBDFAM, 2002, p.329-351.
19

casamento; pregar a política do fim do preconceito e louvar as


diferenças.37

O firmamento de todo esse propósito vai mais além quando diante do propósito
de construir-se uma entidade familiar, marcada pela solidariedade, companheirismo e
ajuda mútua que se busca no eixo familiar e não somente o interesse econômico, se
quer admitido o interesse de sustentabilidade, invocando os laços afetivos para um leal
convívio familiar. Por essas e outras, tem sido levantada, sobremaneira, as
exposições fáticas das relações de convívio afetivo marcadas pelos laços, marcadas
essencialmente pelo afeto. Em um artigo realizado para coleção dos Estudos em
homenagem a Paulo Luiz, a doutoranda Catarina de Oliveira mostra isso de forma
clara, quando diz:
Não restam dúvidas de que a afetividade é socialmente aceita como
aquilo que justifica o surgimento e a manutenção das famílias e, em
sendo assim, enraizado o entendimento de sua presença, ela Será no
mínimo, socialmente presumida.38

Assevera com brilhantismo o exposto, Paulo Lôbo:

A realização pessoal da afetividade e da dignidade humana, no


ambiente de convivência e solidariedade, é a função básica da
família de nossa época. Suas antigas funções econômicas, política
religiosa e procracional feneceram, desapareceram, ou desempenham
papel secundário. Até mesmo a função procracional, com a
secularização crescente do direito de família e a primazia atribuída
ao afeto, deixou de ser finalidade precípua.39
Embora o afeto seja considerado como marco principal para a forma de uma
família feliz e satisfeita, que usem deste para transformar o ambiente que convivem em
um espaço cheio de amor e harmonia, é necessário também que estejam presentes
outros requisitos, e desta forma, possa assegurar um convívio duradouro, crente que
exista sentimentos afetivos e o real desejo de permanecer com toda aquela cadeia
formada de vidas, diante das possíveis adversidades, e assim, preceitua Sérgio Resende
de Barros:

37
GOMES, Anderson Lopes. Concubinato adulterino: uma entidade familiar a ser reconhecida pelo
Estado brasileiro. Jus Navigandi, Teresina, ano 12, n. 1360, 23 mar. 2007. Disponível em:
<http://jus.uol.com.br/revista/texto/9624>. Acesso em: 1 .nov. 2010.

38
OLIVEIRA, Catarina Almeida de. Refletindo o afeto nas relações de família. Pode o direito impor
amor? In: Famílias no Direito Contemporâneo – Estudos em homenagem a Paulo Luiz Netto Lôbo.
Salvador: Jus Podivm, 2010, p.52.

39
LÔBO, Paulo Luiz Netto. A repersonalização das relações de família. Revista Brasileira de Direito de
Família. Porto Alegre: Síntese, IBDFAM, v.6, n.24, p.155.jun./jul.2004.
20

Um afeto que enlaça e comunica as pessoas, mesmo quando estejam


distantes no tempo e no espaço, por uma solidariedade íntima e
fundamental de suas vidas – de vivência, convivência e
sobrevivência – quanto aos fins e meios de existência, subsistência e
persistência de cada um e do todo que formam.40

Destarte, leva-se a vislumbrar que não será qualquer afeto que reputar-se-á
suficiente para caracterizar uma entidade familiar, mas sim um afeto que valha como
ponto para ligar outras necessárias características referentes ao âmbito familiar, ou
melhor, que seja o principal, mas que reúna necessariamente outros requisitos também
de relevância, e nesse sentido, o brilhante Paulo Lôbo explicita de modo espetacular
quais seriam esses outros requisitos que juntos, formariam uma entidade familiar,
quais sejam, a ostensibilidade e a estabilidade, explicando que a afetividade será o
fundamento, a estabilidade a comunhão de vida, por conseqüência, excluiria do
conceito de entidade, os relacionamentos casuais, e por último, a ostensibilidade que
demonstra a necessária publicidade do relacionamento.41
Em suma, para o renomado jurista, o princípio da afetividade não teria um fim
em si mesmo, embora muito forte e inerente a toda relação familiar, é ainda necessário
que se uma aos demais requisitos, para que de forma clara, seja notório o conceito de
família.

2.2. A figura do poliamor nas relações de afeto e a entidade familiar


O conceito se estende para além do significado literal da palavra que vem do
grego πολύ [pólis, que significa muitos ou vários], e destaca-se aqui, o conceito
investigativo tirado de um site criado exclusivamente para tratar do relevante tema:

Poliamor é um tipo de relação em que cada pessoa tem a liberdade de


manter mais do que um relacionamento ao mesmo tempo. Não segue a
monogamia como modelo de felicidade, o que não implica, porém, a
promiscuidade. Não se trata de procurar obsessivamente novas
relações pelo facto de ter essa possibilidade sempre em aberto, mas
sim de viver naturalmente tendo essa liberdade em mente.42

40

BARROS, Sérgio Resende de. A ideologia do afeto. Revista Brasileira de Direito de Família. Porto
Alegre: Síntese, IBDFAM, v.4, n.14, p.9, jul./set.2002.
41
LÔBO, Paulo Luiz Netto. Entidades familiares constitucionalizadas: para além do numerus clausus.
In: CUNHA PEREIRA, Rodrigo da (Coor.). Anais III Congresso Brasileiro de Direito de Família –
Família e cidadania – O novo CCB e a vacatio legis. Belo Horizonte: Del Rey, 2002, p.91.
42
21

Consoante rica leitura, nota-se que o termo poliamor visa definir que os laços
criados a partir de um modelo liberal, não resulta de uma intenção promíscua, mas de
algo que possa ser permitido, visualizado dentro do conceito de liberdade, algo aceito.
Assim, os poliamoristas se dão bem, se respeitam, não pregam a promiscuidade e não
tem a relação sexual como prioridade.
Assevera ainda, que o objetivo do poliamor não é pregar a política do desapego,
nem tampouco, magoar alguém, ou tão somente ter fins sexuais, mas sim,
primordialmente, pregar a política do respeito, das causas possíveis em que se pode
amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo, inclusive da possível ligação entre termos
contrários, como interação e independência das relações existentes, pois ao mesmo
tempo em que estão sintonizadas, cada uma existe por si só, sem depender da outra, sem
dar cabimento aos ciúmes, colocando em evidência a segurança entre os envolvidos e a
total liberdade, seja para qual for a decisão.43
O questionamento concerne diante do ponto de vista jurídico, para o qual
procura respostas para sentimentos nascidos dos relacionamentos, se esses provocariam
adversidade entre os conviventes ou se trariam vantagens, pontos positivos, pois como
se sabe, muitos não lidam bem com a situação, não aceitam a dicotomia de amar mais
de uma pessoa, o que pode trazer preocupação no tocante a segurança, seja de quem ta
vivendo ou dos envolvidos indiretos, ressaltando a possibilidade de haver a pluralidade
do amor.
Estuda-se quais as conseqüências jurídicas trazidas para o seio da sociedade e
mais, da família como merecedora de proteção? Caberia ao Estado impor uma conduta
que há muito tempo não é percebida? O repúdio tira as conseqüências negativas? Essas
são as perguntas diante de casos concretos em que não deixam de crescer
numericamente, como se verá, mais adiante em capítulo próprio.

2.3. Princípio da Monogamia

Como se sabe, o casamento é oriundo de toda uma construção histórica e


cultural, tudo direcionado a fins econômicos e no escopo de controlar a sexualidade
feminina, mas remonta da História Romana, o fim a que destinava-se, era tão somente,
Poliamor. Poliamorpt. Disponível em: <http://poliamorpt.com.sapo.pt/what.html >Acesso
em:10.nov.2010.
43

Poliamor. Poliamorpt. Disponível em: <http://poliamorpt.com.sapo.pt/what.html >Acesso


em:10.nov.2010.
22

o da procriação. O interesse era tão intensificado, que por vezes, ocorria do varão
emprestar sua esposa para que esta pudesse concretizar o intento procriador de outro
homem também, sendo ladeados notoriamente, outros preceitos, como a honra, o
sentimento, enfim, a moral.44
Todavia, com o desenvolvimento de inúmeras relações, os que naquela época
viviam, notavam a crescente taxa populacional, com isso percebiam a necessidade de
regular tudo aquilo que eles tinham por bens materiais, porém, se deparavam com a
incerteza da paternidade, e assim, com a acumulação de bens, não se saberia como
proceder a herança, restando dúvidas, buscando com o casamento uma forma de
regulamentar tais direitos sucessórios. 45
Ademais, extrai-se da brilhante obra de Friedrich Engels,46 apontamentos de
significativa notoriedade, em relação ao modo de vida primitiva e a sua ingerência, ou
seja, a sua influência nos dias atuais, quando a partir de desenvolvimentos de métodos
de sobrevivência, inovações de objetos e técnicas de agricultura, o homem se interessou
a demarcar o espaço, a querer dividir o que consideravam por bens materiais, e assim,
por mero interesse patrimonial, criaram o matrimônio, para que assim, pudesse
controlar a sexualidade feminina e de pronto, conhecer a paternidade, logo, o
matrimônio que um dia foi em grupo, deixou de existir, o que um dia poderia ser
considerado por promíscuo, não mais deveria existir no meio de quem resolvia
demarcar tudo aquilo que pudesse fazer parte do seu patrimônio, enfim, sustentava a
existência de um sistema de parentesco estagnado, repare:

“Ao passo que a família prossegue vivendo, o sistema de parentesco


se fossiliza; e , enquanto este continua de pé pela força do costume, a
família o ultrapassa”. ENGELS P. 30

44
Q. F. M. O casamento. Blogspot. 27. Ab. 2004. Disponível em <http://roma-
antiga.blogspot.com/2004/04/o-casamento-o-casamento-para-os.html>. Acesso em: 15. nov. 2010.

45
MÉNDEZ, Natália Pietra. Monogamia e Heterossexualidade: Um breve apanhado histórico sob a ótica
de gênero. Procempa. Disponível em:
<http://lproweb.procempa.com.br/pmpa/prefpoa/comdim/usu_doc/monogamia_e_heterossexualidade.pdf.
Acesso em:15.nov.2020.
46

ENGELS, Friedrich. A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado. Trabalho relacionando


com as investigações de L. H. Morgan. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1984.p.21.
23

Os sistemas anteriores de parentesco e formas de família revelam que em face do


matrimônio em grupo, os filhos havidos destas múltiplas relações teriam em comum os
pais e assim, não teriam suas origens definidas, levando a formação do casal isolado.Por
esse estado de coisas, teria dado início ao desenho do modelo monogâmico.
Engels acerca do estado monogâmico, vai ainda mais além quando traça um
paralelo entre as facetas deste estago e diz:

“A união por longo tempo entre os vertebrados pode ser explicada, de


modo cabal, por motivos fisiológicos; nas aves, por exemplo, deve-se
à necessidade de proteção à fêmea enquanto esta choca os ovos, os
exemplos de fiel monogamia que se encontram entre as aves nada
provam quanto ao homem, pois o homem não descende da ave. E, se a
estrita monogamia é o ápice da virtude, então a palma deve ser dada à
tênia solitária que, em cada um dos seus cinqüenta a duzentos anéis,
possui um aparelho sexual masculino e feminino completo, e passa a
vida inteira coabitando consigo mesma em cada um desses anéis
reprodutores”. ENGELS

Destarte, como acentuado de modo sigificativo, é de se notar as mais diversas


situações em que se inserem o homem, e ainda as constantes transformações em que são
postas a seu modo de viver, e seja lá qual tenha sido o fator determinante para o
surgimento da monogamia, é de considerar que todos os demais, de forma não menos
relevante, contribuíram também, seja pela necessidade de se conhecer seus descendentes
ou para evitar o incesto, para proteger a mulher por ser considerada fisicamente mais
frágil e vulnerável ou ainda, fato do homem está suscetível a lidar com as mais
diferentes situações e por isso julgar necessário um berço familiar, ao qual possa
despejar seus conflitos, é notável que ao homem é essencial que suas relações de afeto
não sofram restrições, não sejam reprimidas, desde que não apele para o sofrimento de
outro, nem dê espaço para a divisão de classes. É louvável que continue a ser legítima.
Disso tudo, leva a crer numa visão materialista da história, como afirmou
Engels, de modo sistêmico, a formação do conceito de família que foi criado nesta
época contribuiu para um avanço eminentemente patrimonial.
Para Engels, haveria uma forma variada de se estabelecer vínculos, ou seja, a
poligamia seria natural ao homem, pois para espécie humana, haveria algo mais forte
que impusesse tal comportamento, de modo que a imposição de comportamento
diverso, seria apenas para visualizar uma sociedade marcada pelo capitalismo e que
deste modo, pudesse ser controlada no que diz respeito aos anseios de quem ali vivia de
forma a sempre prosperar.
24

Toda essa batalha explicativa de Engels passou, e hoje resta os mais fortes
questionamentos de tudo aquilo que ele levantou de forma única e espetacular, cabendo
a sociedade atual, vislumbrar aquilo que julgam mais importante para o convívio social
e para a felicidade que tanto se almeja, seja lá qual for a fase que se esteja.
Para tal fatos alegados, vislumbra-se o princípio da monogamia, ou seja,
princípio não expresso na Constituição Federal, mas contido na interpretação
sistemática das normas constitucionais como preceituam alguns estudiosos, como Paula
Carvalho Ferraz, que menciona em seu precioso artigo:

O princípio não está expresso na Constituição Federal nem mesmo em


nossa legislação ordinária, porém essa apresenta vários artigos que
demonstram a exigência da monogamia, como exemplo, o artigo 235
do Código Penal que condena a bigamia e os artigos 550; 1.521; VI;
1.548, II, 1.572; 1.573, I; 1.723, parágrafo 1º e 1.727, todos do Código
Civil. Além disso, dizem os estudiosos que a observação do princípio
advém da interpretação sistemática das normas constitucionais.47

Já para a renomada autora Maria Berenice Dias, de maneira mais acertada, trata-
se de uma função reguladora, em que visa estabelecer limites nas relações
matrimonializadas, no intuito de proibir algo que anteceda impedimentos, porém, não
tão avante quanto o que é permitido, pois a própria Constituição não proíbe vínculos
alheios ao casamento, nem restringe direitos aos filhos havidos fora dele, muito pelo
contrário, os tratam de forma igual, não passando de uma regra com preceitos morais,
exclusivos as mulheres, porém, não o encontrando na prática, não cabe ao Estado
regular aquilo que não lhe cabe, como em razão disso, crer que na sociedade ocidental
as regras que não proibidas, sejam atendidas.48

47
FERRAZ, Paula Carvalho. O concubinato e uma perspectiva de inclusão constitucional. Ibdfam. 28.
Nov. 2008. Disponível em: < http://www.ibdfam.org.br/?artigos&artigo=470>. Acesso em: 16. Nov.
2010.
48

DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 5ª Ed.São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009.p.
60-61.

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