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9 de Janeiro de 2017
Construtora deve indenizar consumidor e devolver valor
total pago em imóvel por atraso na entrega
Uma construtora terá de restituir o valor total pago em imóvel a um
consumidor que desistiu da compra devido ao atraso na entrega do
imóvel. A empresa também foi condenada a indenizar por danos
morais e materiais, e devolver montante relativo à taxa SATI. A decisão
é da juíza de Direito Andrea Ferraz Musa, da 2ª vara Cível do Foro
Regional de Pinheiros/SP.
Tratase de ação de restituição de valores interposta por um
consumidor que firmou compromisso de compra e venda do imóvel na
planta, mas, como o imóvel não foi concluído no prazo contratual,
excedendo inclusive o prazo de tolerância, optou por rescindir o
contrato. Com a rescisão, a construtora se propôs a devolver apenas
40% do valor pago. Assim, pleiteou devolução do valor integral, além
de restituição de comissão de corretagem, taxa SATI e indenização.
A juíza aplicou ao caso o CDC. Ela entendeu que o pedido de devolução
da comissão de corretagem não merecia ser acolhido, porquanto o
autor tinha ciência do intermédio na negociação e dos serviços que lhe
foram oferecidos. Quanto à cobrança da SATI, observou que comporta
devolução porque, não havendo sido especificado seu alcance, de forma
diferenciada dos serviços do corretor, sua exigência constituiria bis in
idem.
No tocante à devolução ao valor pago, a magistrada entendeu ser
devida, considerando excessiva e abusiva a perda de 60% do montante
– sobremaneira porque a rescisão se deu por inadimplência da
construtora, que não cumpriu o prazo de entrega.
"Considerando que a rescisão foi causada por culpa da ré
inadimplente, a devolução dos valores deve corresponder a 100%
dos valores pagos."
A juíza também considerou que, em razão da conduta da ré, o autor
sofreu prejuízo, visto que ficou impedido de utilizar o imóvel por
quatro meses, devendo ser indenizado pelos danos materiais.
Reconheceu, por fim, configurado o dano moral.
"Evidente a expectativa criada pela compra do imóvel que, aliás, foi
devidamente quitado na forma contratada. Não obstante, a
entrega ultrapassou em muitos meses o prazo fixado em contrato,
sendo evidente o aborrecimento e a frustração da expectativa
criada, gerando ansiedade, desconforto e stress. Tal situação reflete
não simples aborrecimento, mas ato que afeta a rotina do
consumidor, configurando dano moral indenizável."
Assim, ficou determinada a devolução integral do valor pago pelo
imóvel; a devolução da taxa SATI; indenização por danos morais no
importe de R$ 10 mil; e também por danos materiais à quantia
correspondente a quatro meses de aluguel.
O escritório Borges Neto, Advogados Associados defendeu o
consumidor.
Processo: 104177780.2016.8.26.0100