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“Hum daqueles escandalosisimos proprietários, que tem feito por rste extranho
modo as maiores ususpasoens, he o coronel Rafael Pinto Bandeira, que
fazendo-se absoluto, e temido de todos em rasam do autorizado posto, que
ocupa, e aproveitando-se d’aqueles conhecimentos que tem do Paiz, para fazer
a sua escolha livremente, se acha com a sua numerosa parentela, ocupando
grandes extensoens de terrenos, e os mais bem situados, estabelecendo em
huns largas estancias para creasam de animaes, e tirando de outros a utilidade
da venda, que faz a diversas pesoas. Para o poder assim praticar com mais
rebuso, não lhe tem esquecido o estratagema de requerer as sesmarias em
nome de outros supostos, que só fazem figura no requerimento sobre o qual,
talvez ele pode ser ouvido, como comandante da fronteira do Rio Grande, mas
verdadeiramente ele he o próprio, que se empossa do terreno, que o disfruta e
que o vende. Contra este oficial tenho tido algumas queixas principalmente de
dar auxílio aos contrabandistas, que são de sua parcialidade, e de quem tira
maior interesse, fazendo frente aos mais, que seguindo este gênero de vida,
são as vitimas sobre quem procura descarregar o golpe do seo zelo aparente:
mas ainda não me persuado haver bastante fundamento para assim o acreditar
não me pareceo conveniente romper interiamente com o dito oficial, que no
tempo da guerra he muito necesario n’aquele continente pelo préstimo, que
tem de espantar os espanhoes, e conhecer pela experiencia aquelas vastas
campanhas que tem pizado: por isso, fazendo-me a seo respeito dezentendido,
o encarreguei como comandante de todo o continete da maior vigilancia sobre
os contrabandos,e o fiz responsavel da falta de providencia quer fose necesaria
para o reprimir.” (VASCONCELOS, 1929, p. 28)