Você está na página 1de 3

PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

UNIDADE DE ESTUDO 02

FATO GERADOR RELACIONADO AO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO


Profª. Isabel Vieira

FATO GERADOR RELACIONADO AO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

Quando se fala em Planejamento Tributário, deve ter em mente que a legal


economia de impostos se dá antes da ocorrência do fato gerador, ou seja, antes da origem
da relação jurídica tributária entre contribuinte e fisco. Para tanto, cumpre aqui discorrer um
pouco sobre o fato gerador, também chamado de hipótese de incidência, fato imponível,
dentre outros.

O fato, no sentido jurídico tributário, diz respeito às hipóteses, definidas em lei, que,
ocorrendo, passam a incidir tributos. Segundo Luciano Amaro:

(...) fato gerador que corresponda a uma situação jurídica considera-se realizado
quando a referida situação esteja juridicamente aperfeiçoada (art. 116, II), vale
dizer, quando os requisitos legais necessários à existência daquela específica
situação jurídica estiverem todos presentes, na conformidade do arranjo
instrumental exigido ou facultado pela lei. Se se trata de um tributo que onere a
instrumentação de um negócio jurídico, o fato gerador ocorrerá assim que o
negócio jurídico estiver formalizado. (AMARO, 2014).

Importante, nesse sentido, frisar que somente com a ocorrência dessa hipótese de
incidência é que o Estado poderá cobrar do contribuinte o recolhimento de tal tributo e,
inclusive, o fato gerador deve estar expressamente previsto em lei, não podendo ser
aleatório ou discricionário.

Há, ainda, na doutrina, certa discussão acerca do conceito de fato gerador, pois há
quem defenda que o fato é por si definido e outros que afirmam que este, em questão
tributária, diz respeito à hipótese definida em lei, pois fato é algo concreto, já ocorrido,
enquanto hipótese é apenas uma situação descrita na lei. “A hipótese de incidência é a
descrição hipotética e abstrata de um fato. É parte da norma tributária. É o meio pelo qual o
legislador institui um tributo. Está criado um tributo, desde que a lei descreva sua h.i., a ela
associando o mandamento “pague”” (ATALIBA, 1990, p.61).
Portanto, por interpretação doutrinária, o fato gerador pode ser definido em lei ou
em qualquer outro ato normativo, pois não se usa o termo restrito “lei”, mas sim legislação
tributária.

OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA E CRÉDITO TRIBUTÁRIO

A relação jurídica entre o Estado e o contribuinte é semelhante a uma relação jurídica


de direito obrigacional, onde há um vínculo jurídico acerca de um objeto, tendo um sujeito
ativo e outro passivo desta relação, o qual é obrigado a uma prestação.

No caso da obrigação tributária, esta surge quando a hipótese de incidência, prevista


em lei, se concretiza, ocorrendo, portanto, o fato gerador que cria a obrigação do
contribuinte em pagar determinado tributo ao Estado.

A obrigação tributária surge após a ocorrência do fato gerador, hipótese descrita em


lei para a incidência de determinado tributo. Entretanto, na obrigação tributária, mesmo
ocorrendo o fato imponível, não significa que o sujeito ativo terá efetivamente o direito de
cobrança, pois é uma situação hipotética descrita em lei. Poderá o sujeito passivo se
beneficiar de imunidade tributária, conforme situações descritas na CF/88, caso em que a
autoridade fica impedida de constituir o crédito e tributar o contribuinte.

Havendo a subsunção do fato à norma, ou seja, praticando-se um fato que seja


considerado como gerador de tributo, não estando impedido o fisco de tributar, constitui-se
a relação jurídico tributária entre contribuinte e fisco, ou seja, surgindo a obrigação
tributária.

Já o crédito tributário se constitui no lançamento fiscal, isto significa que ele decorre
da obrigação tributária principal, pois depende que esta se efetive, se faça o lançamento e,
então, surja o crédito tributário. Pode haver isenção, que ocorre mediante lei que isente
determinado contribuinte do pagamento de certo tributo, sendo que com a isenção ocorre a
hipótese de incidência, surge, portanto, a obrigação tributária, porém, a cobrança deste
tributo não ocorre, excluindo a exigibilidade do crédito tributário.

Em suma, o planejamento tributário deve ser uma medida a ser adotada antes da
ocorrência do fato gerador, pois, não havendo a subsunção do fato à norma, inexiste
qualquer relação entre fisco e contribuinte, ficando aquele impedido de tributar e este
“isento” da tributação. Em regra, essas medidas são adotadas para diminuir o encargo
tributário, postergar a tributação ou, ainda, extinguir determinada carga tributária do
contribuinte, através de meios legais e ações previstas em lei.

REFERÊNCIAS

AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. 20° ed. São Paulo: Ed. Saraiva, 2014.
ATALIBA, Geraldo. Hipótese de Incidência Tributária. 4 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
1990.
BALEEIRO, Aliomar. Uma introdução à Ciência das Finanças. 12° ed. Rio de Janeiro: Ed.
Forense, 1977.
BANDEIRA DE MELLO, C.A. Curso de Direito Administrativo. 4.ed. São Paulo: Malheiros,
1993.
BORGES, Humberto Bonavides. Planejamento Tributário. IPI, ICMS, ISS e IR. 13 ed. São
Paulo: Atlas, 2014.
CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de Direito Constitucional Tributário. 18° ed. São Paulo:
Malheiros, 2002.
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 22° ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
CHAVES, Francisco Coutinho. Planejamento Tributário na Prática: Gestão Tributária
Aplicada. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2014.
____Comentários à Reforma Administrativa. De acordo com as Emendas Constitucionais 18
de 08.02.1988 e 19 de 04.06.1988. 2 ed. São Paulo: RT.
DORIA, Antônio Roberto Sampaio. Elisão e Evasão Fiscal. 2 ed. São Paulo: Bushatsky, 1977.
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 34° ed. São Paulo: Malheiros, 2013.
NOBREGA, Airton Rocha. O Princípio Constitucional de Eficiência. In: Fórum Administrativo,
Direito Público, Belo Horizonte, ano 2, n. 11, p. 24, jan. 2002.
QUEIROZ, Mary Elbe. O Planejamento Tributário: procedimentos lícitos, o abuso, a fraude e
a simulação. In: TREIGER GRUPENMACHER, Betina, et al. Novos Horizontes da Tributação:
um diálogo luso-brasileiro. Coimbra., Portugal: Grupo Almedina, 2012. Cadernos IDEFF
Internacional.
TREIGER GRUPENMACHER, Betina. Exonerações Tributárias: incentivos e benefícios
tributários. In: TREIGER GRUPENMACHER, Betina, et al. Novos Horizontes da Tributação: um
diálogo luso-brasileiro. Coimbra, Portugal: Grupo Almedina, 2012. Cadernos IDEFF
Internacional.

Você também pode gostar