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Práticas de Escuta dos Ouvintes de Indie Rock

Quem ouve Indie Rock? Como e com que impulso os ouvintes desse segmento participam de
sua cena? Em que medida as redes sociais ajudam na construção de uma base de fãs para as
bandas independentes?

Essas e outras perguntas, se respondidas, nos ajudariam a dar base a um espaço de pesquisa
sobre as interfaces das tecnologias de comunicação com a música e as práticas culturais que
se desenvolvem a partir disso. Pois para entendermos como as novas tecnologias de produção
e distribuição interferem nas práticas de escuta do Indie Rock, precisamos a priori traçar um
perfil para o usuário desse segmento da música.

Somos estudantes do curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo da


Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, UESB, e participamos do projeto de pesquisa
“Práticas de escuta musical e materialidades da comunicação”. Este é coordenado pelo
professor Jorge Cardoso Filho, líder da linha de pesquisa Música, Cultura e Tecnologias da
Comunicação do Núcleo de Estudos em Cultura, Comunicação e Sociedades.

Buscando responder às questões iniciais com conteúdo original e que tenha de fato a
impressão do público é que lançamos neste blog uma campanha que busca coletar re álbuns
de indie rock lançados até 2006, as informações serão essenciais para entender essa cena
cultural e realizar estudos jamais feitos.

Está interessado em colaborar? Mande sua resenha sobre banda ou álbum favorito de indie
rock para os emails:impressões sob

mariaeduarda.sca@gmail.com
ou
rafaelfgprates@gmail.com
Whatever People Say I am that’s what I’m Not:
Arctic Monkeys e as novas relações musicais na rede
Jorge Cardoso Filho
Maria Eduarda Carvalho
Rafael Prates
Tatyara matos
Bárbara Jardim

Resumo: O artigo faz um mapeamento das principais práticas de escuta operantes no


contexto de lançamento do álbum Whatever People Say I Am That’s What I’m Not, da
banda inglesa Arctic Monkeys, a fim de apontar possíveis transformações na
sensibilidade auditiva contemporânea. Como parte integrante de uma pesquisa mais
ampla sobre práticas de escuta musical e materialidades da comunicação, o artigo se
finda com a apresentação dos padrões de escuta hegemônicos no início do século XXI,
contexto marcado pela relações musicais em rede.

Whatever People Says I am that’s what I am not é o primeiro álbum do grupo


britânico Arctic Monkeys e além disso é um dos primeiros que marcam os novos rumos
da história do consumo musical. O lançamento de 2006 da gravadora independente
Domino Records tornou-se o disco mais vendido em semana de estreia da história da
Inglaterra com 360 mil cópias. Como explicar esse fenômeno diante de uma banda de
rapazes com 19 anos longe da grande visibilidade midiática? O destaque do álbum vai
justamente para a forma como conseguiram alta popularidade sem se inserirem nas
relações pré-estabelecidas pela grande indústria da música construindo novos padrões.

No início dos anos 2000 a internet começava a se firmar como uma grande
vitrine de visibilidade mundial, graças ao espaço que oferecia e a possibilidade de
comunicação sem fronteiras. O que é muito favorável à construção de novos conceitos.
A prática de download era uma das ferramentas responsáveis por esse fenômeno e
estava se firmando e garantindo espaço graças a uma absurda propagação global. O
que começou como uma prática completamente ilegal e não autorizada de adquirir e
compartilhar arquivos sem custos pela internet aos poucos foi visto como uma
ferramenta de uso dos próprios artistas. Muitos precisavam expandir o alcance dos
seus trabalhos que ainda eram pouco conhecidos e diante da falta de público que
consumisse e pagasse por aquilo a distribuição online não aparentava risco de perda.
Foi dessa maneira que a banda dos jovens ingleses alcançou tamanha notoriedade na
cena musical e preparou o terreno para a estreia aclamada de seu primeiro disco.

Inicialmente os EPs - pequenos álbuns em CD ou vinil que tem em média cinco


faixas - eram distribuidos para o público em shows da banda nos bares da cidade. Essa
foi a primeira base para uma formação de fãs. Mas o grande resultado veio do uso da
plataforma MySpace, uma rede social a qual permite a hospedagem e o
compartilhamento de informações pessoais, fotos, vídeos e principalmente músicas
em formato MP3. O perfil na rede social foi criado pelos primeiros ouvintes, pois a
oferta das gravações nas apresentações já não eram suficientes. A portabilidade do
formato MP3, que em sua gênese tem a função de facilitar as práticas de escuta
facilitou muito a difusão do material da banda na rede, já que qualquer um teria acesso
às faixas e poderia com a mesma facilidade indicar para mais pessoas. Essa ação
popularizou a banda e foi fundamental para a formação de um grande público ouvinte,
mesmo antes do lançamento do primeiro álbum.

“A banda se afirma em um contexto cultural cuja tendência é a interferência


direta dos fãs na distribuição da música e na possibilidade de popularidade que a
internet oferece a partir do compartilhamentos de arquivos em mp3. A banda é o
primeiro bem sucedido exemplo deste tipo de consumo cultural e se torna o símbolo
desta nova engrenagem dentro da indústria da música” VLADI, Nadja 2011, p.

Alex Turner (vocal e guitarra), Jamie Cook (guitarra), Andy Nicholson (baixo) e
Matt Helders (bateria) nas garagens de Sheffield. No mesmo ano a banda começou a
gravar CD’s demos.

Enquanto bandas ameaçavam judicialmente fãs que faziam download de suas


músicas¹ , os Arctic Monkeys começavam a entender a funcionalidade do
compartilhamento na internet.

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