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ERCIO THOMAZ
INstituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo
1. INTRODUÇÃO
Dos tradicionais pisos em cimento queimado, evolui-se hoje para uma variedade muito grande de
sistemas de pisos cimentícios, incluindo pisos elevados, pisos podotáteis, pisos acústicos, pisos
drenantes e outros.
No presente artigo discorre-se sobre os pisos cimentícios mais usuais, analisando-se de forma
qualitativa suas características e confrontando seu potencial desempenho com as exigências
na norma NBR 15575:2013 - Edificações habitacionais – Desempenho – Parte 3: Requisitos para os
sistemas de pisos. Embora tenha aplicação restrita a edificações habitacionais, a grande maioria das
exigências de desempenho da NBR 15575 podem ser extrapoladas para escolas, escritórios,
prédios comerciais e outros.
Existe uma gama muito vasta de sistemas de pisos que não serão aqui abordados, podendo-se citar
assoalhos e tacos de madeira natural ou reconstituída (MDF, HDF), pisos em mantas plásticas ou
borracha sintética, pisos cerâmicos (pastilhas, placas, porcelanatos etc), pisos em rochas or-
namentais, pisos metálicos, pisos em placas de vidro, carpetes e forrações, pisos constituídos por
agregados minerais aglomerados com resinas sintéticas, pisos autonivelantes formulados com
resinas sintéticas, pisos drenantes (piso-grama / concretos permeáveis), pisos intertravados, pisos
aquecidos, pisos podotáteis e outros.
De forma resumida, com a finalidade de orientar o desenvolvimento do artigo, apresentam-se na
Tabela 1 as principais exigências de desempenho que constam na norma 15575, que estabelece
como parâmetro para a vida útil de projeto – VUP dos pisos internos o prazo mínimo de 13 anos (17
anos).
CONCRETO & Construções | Ed. 90 | Abr – Jun • 2018 | 73 rodos quebra-bolhas, réguas vibratórias,
réguas float e outros dispositivos.
Os concretos para piso podem ser dosados de forma que o material atinja elevada resistência
característica à compressão e à tração na flexão, havendo ainda a possibilidade de se recorrer à
aplicação de aditivos endurecedores de superfície ou ao fortalecimento superficial com a aplicação
de agregados minerais ou metálicos de alta resistência, situação em que o agregado será
comprimido contra o concreto ainda fresco por meio de floats manuais ou mecânicos (réguas
metálicas com regulagem de inclinação, acopladas a acabadoras de superfície). Com ou sem o
endurecimento superficial, em função da inclinação e flexibilidade das réguas, da pressão exercida
contra a base e do número de passadas do equipamento, poderá ser obtida superfície com pequena
rugosidade / superfície quase lisa (acabamento “camurçado”) ou superfície muito lisa (acabamento
“vítreo”).
Com finalidades arquitetônicas e estéticas, podem ser produzidos pisos de concreto na cor branca
(emprego de cimento branco estrutural) ou em outras cores, mediante a introdução no traço de
pigmentos inorgânicos resistentes aos álcalis do cimento, como, por exemplo: óxidos de ferro
(vermelho, laranja, amarelo, preto e marrom), óxido de cromo (verde) e óxido de cobalto (azul).
Optando-se por tonalidades escuras, cores próximas ao cinza chumbo, pode-se preparar o traço
com cimento Portland CP II E ou CP II F, ou ainda CP IV (Figura 5), onde o material pozolânico de
cor escura favorecerá o escurecimento do concreto. O acabamento com agregados de cor preta
(Figura 6) pode produzir superfícies ainda mais escuras.
Ainda no campo dos pisos coloridos de concreto, há que se mencionar os concretos estampados,
onde a coloração é feita apenas na superfície. A produção e lançamento do concreto obedecem aos
padrões normais, ocorrendo após o desempenamento a aplicação / “salgamento” superficial
(aspersão de mistura a seco de pigmento e endurecedor de superfície em pó), alisamento / queima
do endurecedor com desempenadeira de aço de braços longos, aplicação de desmoldante e
estampagem com moldes de borracha sintética (Figura 7). Depois disso é feita a lavagem
do excesso de desmoldante, seguindo-se serragem de juntas e cura úmida, obtendo-se superfície
colorida com pequenas variações de tonalidade (Figura 8). Como proteção final, a exemplo do que
pode ser feito para os concretos normais ou para os concretos coloridos na massa, pode-se aplicar
com rolos de lã com altura média uma ou duas demãos de resina acrílica (acabamento com maior
brilho) ou de hidrofugante à base de silano-siloxano (acabamento mais fosco). Há ainda a
possibilidade de aplicação de película anti-derrapante.
Os pisos de concreto, desde que obedecidas condições adequadas de dosagem, lançamento,
adensamento, cura e proteção final, apresentam condições potenciais para pleno atendimento
a todos os requisitos de desempenho, incluindo comportamento estrutural, resistência ao fogo,
segurança no uso e na operação, estanqueidade e durabilidade. Todavia, em função de falhas
em qualquer uma das etapas de projeto e produção, poderão surgir patologias tais como: ascensão
de fibras de plástico (Figura 9), pequenas desagregações, esborcinamento de juntas, fissuras de
retração (Figura 10), delaminações / pulverulências superficiais e outros.
em aço, alumínio, concreto, plásticosde engenharia (PVC, PEAD etc), placasde rocha estruturadas
com telas de fibrade vidro no tardoz, porcelanato e placasde madeira reconstituída (MDF / HDF,OSB
– com possibilidade de revesti-mento em carpete, manta de vinil, lami-nado melamínico e outros).
Criaram-seos pedestais reguláveis, telescópicos,em aço ou plástico (Figura 16), inclusivecom
articulações que permitem mantero piso nivelado mesmo se apoiado so-bre uma laje inclinada.Em
função do correto dimensiona-mento estrutural (placas e apoios), dacorreta impermeabilização e
drenagem dalaje de apoio (pisos externos ou internosem áreas molháveis) e das característi-cas
indicadas nos itens anteriores paraos pisos de concreto, os pisos elevadosreúnem potencial para
pleno atendimentoaos requisitos de desempenho. Cuidadosdevem ser verificados para a
eventualsolicitação transmitida por equipamentostransitando sobre o piso
(empilhadeiras,plataformas elevatórias etc.), cujas cargasconcentradas das rodas pode levar à rup-
tura das placas, e também com a frestapresente entre placas contíguas, cujaabertura máxima é
estabelecida em 4 mmpela norma NBR 15575 – Parte 3.7. ENTREPISOS ACÚSTICOSDo ponto de
vista da transmissão eda isolação acústica, há que se desta-car duas situações:a) som aéreo: as
ondas sonoras pro-pagam-se no ar em todas as frequ-ências audíveis, atingindo anteparosque, ao
vibrarem, transmitem o sompara o ambiente oposto à posiçãoda fonte emissora – quanto maisdenso
o material, menor a transmis-são do som aéreo;b) transmissão de ruído por impac-to: percutindo-se
um corpo sólido,a onda caminha pelo material e étransmitida pelo ar para o ambien-te contíguo, em
geral com pequenoamortecimento – quanto mais den-so o material, maior a transmissãodo ruído por
impacto.Nos edifícios habitacionais os desen-tendimentos mais importantes entre con-dôminos têm
surgido exatamente em fun-ção da transmissão de ruídos de impactopelos entrepisos, fenômeno
realçado como crescente emprego de pisos frios, de la-jes nervuradas e de lajes zero, neste
últimocaso com a eliminação dos contrapisos ea aplicação direta de assoalhos ou revesti-mentos
pétreos sobre as lajes. Destaque--se que a transmissão do ruído de impac-to não acontece somente
pela própria laje,mas também pelas paredes ou elementosestruturais a ela conectados, e que a
isola-ção aos ruídos de impacto pode ser muitomelhorada revestindo-se o piso com car-petes e
forrações têxteis, mantas de bor-racha ou plástico.A norma NBR 15.575-3 estabeleceque, “sob ação
de ruído de impactopadronizado, aplicado na face superiordo entrepiso, a unidade habitacionaldeve
apresentar nível de pressão sono-ra (L’nT,w) inferior a 80 decibéis”, expli-cando ainda que esse
valor correspon-de à isolação propiciada por uma lajede concreto armado com espessuraem torno
de 10 ou 12cm. Para o nívelintermediário de desempenho, previstona mesma norma, o ruído de
impactodeve estar compreendido entre 55 e 65dB, e, para o nível superior de desem-penho, o nível
sonoro não pode superar55 dB, o que só pode ser obtido “como tratamento acústico da
laje”.Referido tratamento acústico é ge-ralmente executado intercalando-seelementos
amortecedores / mantasde material resiliente (Figuras 17 e 18)entre a laje e o contrapiso,
constituindouFigura 16Piso elevado sobre pedestaisde plástico com altura regulávele cabeça
multiangular(Foto Buzon)uFigura 17Piso flutuante sendo executadocom manta plástica dotada
dealvéolos amortecedoresuFigura 18Piso flutuante sendo executadocom manta de polietileno