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CÁLCULO EM UMA VARIÁVEL REAL

Plácido Zoega Táboas

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CÁLCULO EM UMA VARIÁVEL REAL


UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Reitora Suely Vilela

Vice-reitor Franco Maria Lajolo

EDITORA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Diretor-presidente Plinio Martins Filho

COMISSÃO EDITORIAL
Presidente José Mindlin

Vice-presidente Carlos Alberto Barbosa Dantas

Benjamin Abdala Júnior

Carlos Augusto Monteiro

Maria Arminda do Nascimento Arruda

Nélio Marco Vincenzo Bizzo

Ricardo Toledo Silva

Diretora Editorial Silvana Biral

Editoras-assistentes Marilena Vizentin

Carla Fernanda Fontana


CÁLCULO EM UMA VARIÁVEL REAL

Plácido Zoega Táboas


Copyright © 2008 by Plácido Zoega Táboas

Ficha catalográfica elaborada pelo Departamento


Técnico do Sistema Integrado de Bibliotecas da USP

Táboas, Plácido Zoega.


Cálculo em uma Variável Real/Plácido Zoega Táboas.­
São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2008.
344 p.; 19,5 x 27 em. - (Acadêmica; 70).

Inclui referências bibliográficas.


Inclui índice remissivo.
ISBN 978-85-314-1031-4

I. Cálculo absoluto. 2. Cálculo de variações. 3. Mate­


mática. I. Título.

CDD-5 1 5.3

Direitos em reservados à

Edusp - Editora da Universidade de São Paulo


Av. Prof. Luciano Gualberto, Travessa J, 374
6° andar - Ed. da Antiga Reitoria - Cidade Universitária
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www.edusp.com.br- e-mail: edusp@usp.br

Printed in Brazil 2008

Foi feito o depósito legal


À memória de Mário Tourasse Teixeira,
amigo e mestre inspirador.
SUMÁRIO

P REFÁCIO 7
1 FATOS BÁSICOS 11
1. 1 A reta real . 11
1. 2 Funções . 21
1.3 Exercícios . 38
2 LIMITE E CONTINUIDADE 41
2. 1 Limites . . . . . . . . 41
2. 2 Propriedades dos limites . . . . . . . 48
2.3 Limites no infinito e limites infinitos 56
2.3 . 1 Seqüências convergentes 66
2.4 Continuidade 69
2 . 5 Exercícios 80
3 A DERIVADA 87
3.1 O conceito d e derivada 87
3.2 Diferenciabilidade e continuidade 92
3.3 Regras de derivação . 97
3.4 Velocidade . . . . . . . . . . 100
3.5 A Regra da Cadeia . . . . . 102
3. 6 Derivada da função inversa . 105
3.7 Derivadas d e ordem superior 109
3.8 Derivadas de funções definidas implicitamente 111
4 • Sumário

3.9 O Teorema do Valor Médio . 1 13


3. 10 A Regra de L ' Hópital . 121
3. 1 1 Funções convexas e pontos de inflexão . 1 23
3. 1 1 . 1 Funções convexas deriváveis 128
3 . 1 2 Máximos e mínimos . 1 33
3. 12. 1 Esboço do gráfico de funções . 139
3 . 1 3 A diferencial e a fórmula de Taylor 142
3. 13. 1 A diferencial . 143
3. 13.2 A Fórmula de Taylor 147
3. 14 Exercícios 152
4 A INTEGRAL 161
4. 1 Integrabilidade e definição de integral 162
4.2 Propriedades da integral 1 73
4.3 Teoremas clássicos 1 76
4.4 O logaritmo e a exponencial 1 88
4.4. 1 A função logaritmo 190
4.4.2 A função exponencial . 192
4.4.3 As funções hiperbólicas . 202
4.5 Algumas técnicas do Cálculo Integral 206
4.5 . 1 Substituições trigonométricas 207
4.5.2 Completamento do quadrado 209
4.5.3 Potências de funções trigonométricas 213
4.5.4 Funções racionais 214
4.6 Definição alternativa de integral 21 8
4.7 Algumas aplicações da integral . . 219
4.7. 1 Área de conjuntos planos . 219
4.7.2 Comprimento de arco . 227
4.7.3 Volume de um sólido de revolução . 234
4.7.4 Á rea de uma superfície de revolução 236
4.7.5 Massa de um líquido, conhecida a função densidade 241
4.8 Integrais impróprias 242
4.8. 1 Integrais em intervalos não-limitados 243
4.8.2 Convergência absoluta 254
4.8.3 Integrais com integrandos não-limitados 255
4.9 Exercícios 263
5 SEQÜÊNCIAS E SÉRIES NUMÉRICAS 271
5. 1 Seqüências . 271
5.2 Séries 281
5.3 Séries de termos não-negativos . 286
Sumário • 5

5 .4 Séries alternadas . . . . . . . . . . . 292


5.5 Convergências absoluta e condicional 295
5.6 Séries de potências 30 1
5.7 Exercícios . . . . . . . . 313
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 319
ÍNDICE REMISSIVO 321
RESPOSTAS DE ALGUNS EXERcícIOS 325
PREFÁCIO

Até meados da década de 1960, os cursos de Cálculo no Brasil, em geral di­


rigidos à formação de engenheiros, superavam no rigor e na extensão grande
parte dos de hoje em dia, proporcionando aos alunos boa compreensão dos
conceitos e habilidade em calcular. Tanto a precisão quanto a abrangência
foram sendo relegadas ao longo dos anos, dando lugar a alguns cursos extre­
mamente informais. Entre as crenças que muito fortaleceram essa tendência
está a de que conceitos como ponto de acumulação e até mesmo os argumen­
tos dos epsilons e deltas são muito sofisticados ou desprovidos de interesse
para a média dos alunos de engenharia, o que, convenhamos, não se ajusta
à verdade.
Mesmo admitindo a necessidade de realizar adequações naqueles cursos,
é preciso reconhecer que eles proporcionavam uma boa formação ao estu­
dante. Também não se pode negar que um profissional das ciências exatas,
mesmo as mais voltadas às aplicações, necessita bom domínio dos conceitos
fundamentais do Cálculo e esta necessidade não tem diminuído com o passar
dos anos.
Estas ponderações nos levaram a escrever esta introdução ao Cálculo,
que procuramos situar mais próxima do rigor que do informalismo. Foi pla­
nejada inicialmente como texto para disciplinas do campus de São Carlos, da
Universidade de São Paulo, mas, considerando as semelhanças curriculares
de nossas universidades, pensamos que pode ser útil além dos limites deste
campus. Cobre o que entendemos necessário no tocante às funções de uma
variável real. Incluímos, entretanto, trechos em caracteres diferenciados, en­
tre barras horizontais, ocasionalmente descartáveis, mas indispensáveis a
8 • Prefácio

estudantes que vão se dedicar profissionalmente à matemática. Referindo-se


a aspectos interessantes ou a fatos mais refinados da teoria, esses apêndices
estão longe de tornar exaustivo o texto, nem mesmo chegam a representar
substancial acréscimo de conteúdo. Esperamos apenas que possam estimular
o estudante a ir mais longe nesta sua primeira incursão pelo Cálculo.
Este livro deve ser um ponto de partida para iniciativas pessoais do es­
tudante. Acreditamos que os textos didáticos, assim como as aulas, não se
esgotam em si mesmos e nem devem ter essa pretensão. Aulas são boas não
só pelo conhecimento que transmitem, mas, principalmente, pelo despertar
da curiosidade, o acender da motivação para o estudo. Pode ser muito o que
se aprende em sala de aula, mas isso nem se compara ao que podem ser as
conquistas do esforço persistente e solitário do trabalho individual. O pro­
cesso de aprendizagem que se inicia nas aulas depende fundamentalmente do
esforço pessoal do estudante e deve envolver outras leituras. Alguns títulos
da bibliografia apresentada no final podem ser um bom começo dessa prá­
tica; observamos que livros de Cálculo não comportam os requintes de obras
sobre análise real, mas há exceções, como o livro Calculus, de M . Spivak, ou
o antigo livro Advanced Calculus, de D. Widder, por exemplo.
Ultimamente, algumas escolas têm envidado esforços para implantar o
uso dos computadores no ensino do Cálculo. Este recurso pode ser útil na
busca de caminhos para soluções de um ou outro problema ou para a compre­
ensão de algum fato. Na verdade tornou-se indispensável em praticamente
todas as áreas da atividade humana. Pensamos, entretanto, que as práticas
computacionais devem ser paralelas às disciplinas de Cálculo e não parte
delas, mesmo porque o uso dos computadores deve ser estimulado não só
como apoio ao Cálculo, mas também a outras áreas da matemática e, em
geral, do conhecimento.
Sendo o primeiro curso de Cálculo, em poucas palavras, uma introdução
a processos-limite para funções reais de uma variável real, o mais natural
seria iniciarmos com as funções mais elementares: as seqüências. Ao es­
colhermos aqui uma outra ordem estamos nos rendendo a uma razão de
natureza puramente curricular: muito cedo o aluno precisa aplicar as deri­
vadas e as integrais em outras disciplinas; convém, portanto, não retardar
a apresentação desses assuntos.
O capítulo 1 é pré-requisito para os que se seguem. Visa, principalmente,
delinear uma linguagem e deixar estabelecidos alguns conceitos básicos. En­
tendemos que partes dele podem ser tratadas de modo ligeiro, mas, dado seu
caráter fundamental, o capítulo como um todo deve permanecer como refe­
rência durante todo o desenvolvimento do Cálculo. Conhecimentos básicos
de geometria analítica plana são admitidos.
O Cálculo propriamente tem início no capítulo 2, com o estudo dos
Prefácio • 9

conceitos de limite e continuidade. O capítulo 3 é dedicado ao cálculo dife­


rencial e algumas de suas aplicações. No capítulo 4, apresentamos a integral
de Riemann, introduzimos algumas técnicas do cálculo integral e fazemos
algumas aplicações. Nele também definimos as funções logaritmo e expo­
nencial. No capítulo 5 , apresentamos as seqüências e séries numéricas e as
séries de potências. No final de cada capítulo há uma lista de exercícios e no
final do livro, uma lista de respostas de boa parte deles. Uns, mais práticos,
visam treinar a manipulação de técnicas; outros, mais conceituais, firmar
os fundamentos e idéias da teoria. O estudante deve se sentir desafiado por
qualquer um que lhe provoque dificuldades.
No desenvolvimento do livro pudemos manter alguns diálogos extre­
mamente profícuos, em especial com os colegas José Luis Arraut Vergara,
Alexandre Nolasco de Carvalho, Janey Antonio Daccach, Luiz Augusto da
Costa Ladeira, Selma Helena de Jesus Nicola e Miguel Vinícius Santini
Frasson que, na fase de diagramação, também colocou a nosso dispor seu
bom gosto e seu conhecimento do programa �TEX. É um prazer deixar-lhes
aqui registrado o nosso agradecimento. Agradecemos ainda a Vanda Biazi,
Ires Dias e Benito Pires Frazão, por contribuições numa versão preliminar e
por fim, mas não menos, ao Departamento Editorial da Edusp nas pessoas de
Marilena Vizentin, editora assistente, e Silvana I3iral, diretora editorial, por
sua disponibilidade, profissionalismo e simpatia. Obviamente, nenhuma das
pessoas aqui mencionadas é responsável pelas imperfeições remanescentes .
1

FATOS BÁSICOS

Neste capítulo acertamos alguns pontos de linguagem e introduzimos alguns


conceitos fundamentais. Seu conteúdo é referência para os subseqüentes.
Deve-se dar especial atenção ao Axioma da Completeza, página 18, e não
seguir em frente sem entender o que vem a ser um ponto de acumulação,
definição 1 . 1 . 2 1 , página 19. Estes assuntos são cruciais no desenvolvimento
do Cálculo e envolvem certa sutileza, mas não chegam a ser complicados.

1.1 A RETA REAL


o conjunto dos números reais será denotado por ]R. e, como pode ser re­
presentado por uma reta orientada, será também chamado de reta real ou,
simplesmente, reta. Em ]R. consideramos conhecida a relação de ordem � , " "

menor ou igual. A notação a < b significa a � b e a =1= b. A notação a > b é


a negação de a � b e a ;? b é a negação de a < b.
Dados a, b , c E ]R., a relação " � ", por ser de ordem, goza das três pro-
priedades a seguir:
( 1 ) a � a, [reflexiva]
(2) Se a � b e b � a, então a b ,
= [ anti-simétrica]
(3) Se a � b e b � c, então a � c. [transitiva1
Valem também:
(4) Para quaisquer a, b E ]R., tem-se a � b ou b � a,
(5) Se a � b e c � d, então a + c � b + d,
(6) a � b =?
{ ca � cb,
cb � ca,
quando c> O,
quando c < o.
12 • Fatos Básicos

Em outras palavras, (4) quer dizer que dois elementos, a, b E IR, são sem­
pre comparáveis. Diz-se que a ordem � é total por valer essa propriedade.
" "

A propriedade (5) é chamada invariância por translação.


Como conseqüência de (6) , se a, b E IR temos:
a < b ::::} -a > -b.
Agregam-se à reta real dois símbolos: +00 [a breviado por 00] e -00,
que não são números. Isto é, fica definida por IR* IR U { -00, +oo} a reta =

real estendida. Neste caso, para qualquer x E IR está satisfeita a relação


-00 < x < 00.
DEFINIÇÃO 1.1.1. Dados a, b E IR, a � b e -00 < c � 00, os seguintes
subconjuntos de IR são chamados intervalos:
(a, b) = {x E IR I a < x < b} (-00, a] {x E IR I x � a }
=

[ a, b] = {x E IR I a � x � b} (-00, c) {x E IR I x < c}
=

[ a, b) = {x E IR I a � x < b} [ a, 00) {x E IR I x ;? a }
=

(a, b] = {x E IR I a < x � b} (a, 00) {x E IR I x > a }


=

Observe que, ao admitirmos a possibilidade a b, estamos considerando =

que o conjunto vazio é um intervalo [(a, a] 0] e que qualquer subconjunto =

unitário da reta é um intervalo [ [a, a] { a}] , chamado intervalo degenerado.


=

Note também que, se c 00, temos o intervalo (-00,00) IR.


= =

DEFINIÇÃO 1. 1.2. Para todo x E IR, o módulo, ou valor absoluto, de x é o


número I x l definido por

x, se x ;? O
Ixl =
{ -x, se x < O.

A definição 1 . 1 . 2 implica as seguintes propriedades:


1.Ixl=l-xl, VxElR,
2 . I x l ;? O, Vx E IR,

3. x � I x l , 'í/x E IR,

4. Ixyl = I x l lyl , 'í/x, y E IR,

cuj as demonstrações são deixadas como exercício.


A reta real • 13

----1--<0 1111111111111111111111111111111111111111111111IIO>-------+-
-a O a
Figura 1.1.1: {x E IR Ilxl < a} = (-a,a)

EXEMPLO 1 . 1 . 3. ( 1 ) Dado a E IR, temos:


Ixl < a {:} -a < x < a, (1.1.1)
como está indicado na figura 1 . 1 . 1 .
De fato, multiplicando a desigualdade -a < x < a por - 1 , obtemos a
equivalência -a < x < a {:} -a < -x < a. Logo
-a < x < a :::::} -a < -x < a e -a < x < a :::::} Ixl < a,
uma vez que, sempre, I x l x ou I x l -x. Reciprocamente, de acordo com
= =

as propriedades 1 e 3, acima, podemos escrever


Ix l < a :::::} l -x l < a e Ixl < a :::::} -x < a e x < a :::::} -a < x < a.
(2) Dado a E IR, temos

Ixl> a {:} x < -a ou x > a.


De fato, como I x l = x ou I x l = -x, temos
Ixl> a {:} -x > a ou x > a.
Faça uma figura do tipo da figura 1 . 1 . 1 para este caso.
(3) Resolver uma desigualdade como, por exemplo,
I x - 31 < 2,
é descrever o conjunto dos x E IR que a satisfazem. Vamos resolvê-la. Do
item anterior temos -2 < x - 3 < 2, logo
1 < x < 5.

---.l...,If-----<O llllllllllllllllllllllllllllllllllllllIIIIIIIIIIO>-----____+_
O a-E a a+E
Figura 1.1.2: {x E IR I Ix- aI <E} = (a -E,a+E)

De um modo geral, se c é um número positivo e a E IR é dado, temos:


Ix - ai < c {:} a-c<x < a + c,
14 • Fatos Básicos

isto é, X E (a - c, a + c) , vej a a figura 1. 1.2.


(4) Se c é um número positivo e a E lR é dado, temos:

Ix - ai > c {::} x < a - c ou x > a + c.


Isto é, x E ( - 00, a - c ) U (a + c, 00) lR \ [a - c, a + c] Use o item (2) para
=

justificar esta afirmação e faça uma figura análoga à figura 1. 1.2 para este
caso. [Se A e B são dois subconjuntos de um conjunto U, a notação A \ B,
lê-se "A menos B ", tem o significado A \ B {x E U I x E A e x ti:- B}].
=

Cada um dos ítens de (1) a (4) do exemplo 1. 1. 3 tem uma versão óbvia
com "::;;" e " ;? " em vez de " < " e "> ", respectivamente.
DESIGUALDADE TRIANGULAR. Para quaisquer a, b E lR:
l a + bl ::;; la l + I bl· (1. 1.2)

Demonstração. Pela propriedade 3 subseqüente à definição 1. 1.2, página 12,


valem as seguintes desigualdades:

-I a l ::;; a ::;; la l ,
-I b l ::;; b::;; I b l .
Somando membro a membro vem
- ( I al + I b l ) ::;; a + b::;; l a l + Ibl
e, d e acordo com a equivalência (1. 1. 1) com "::;;" e m vez d e "
<
"
, temos
la + bl::;; l a l + I bl· O

A razão do nome desigualdade triangular é que, no cálculo vetorial, se


a e b são vetores e se as barras I . I denotam o módulo de vetores, então,
em geral, os números l a l , I b l e l a + b l são os comprimentos dos lados de um
triângulo e vale a desigualdade (1. 1.2) . Nesse contexto, ela significa que o
comprimento de um lado de um triângulo é sempre menor ou igual à soma
dos comprimentos dos outros dois [a igualdade ocorre apenas em casos de
triângulos degenerados, quando o vetor b é múltiplo de a].
A desigualdade triangular tem a seguinte conseqüência:
P ROPOSIÇÃO 1.1.4. Para quaisquer a, b E lR:
l a l - I bl::;; l a - bl · (1. 1. 3)
A reta real • 15

Demonstração. Dados a , b E IR, pela desigualdade triangular, temos


10,1 = I ( a - b ) + bl � l a - bl + I bl ,
ou sej a, 1 0,1 - I bl � l a - b l · D

Trocando os papéis de a e b em ( 1 . 1 . 3) , temos I bl - I a l � I b - 0,1 , ou sej a,


- ( I a l - I bl ) � l a - b l · (1. 1. 4)

Assim, pela definição de módulo, juntando (1. 1. 3) e (1. 1. 4) , temos o seguinte


melhoramento da proposição 1. 1. 4:
I l a l - l b l l � l a - bl , \j a, b E ]R. (1. 1. 5)
DEFINIÇÃO 1.1.5. Diz-se que um subconjunto A de IR é limitado, se existe
um número L > ° de modo que
x E A:::} I x l � L.

Se vale a condição mais fraca:


x E A :::} x � L,

diz-se que o conjunto A é limitado superiormente e o número L é chamado


cota superior ou limitante superior de A. Analogamente, diz-se que o con­
junto A é limitado inferiormente quando existe um número fJ tal que

e neste caso fJ é chamado cota inferior ou limitante inferior de A.


Observação 1.1.6. Um conjunto A C IR é limitado se e somente se A for
limitado superior e inferiormente. O conjunto vazio, 0, é limitado.
EXEMPLO 1.1.7. (1) A = (0, 1] é um conjunto limitado, portanto limitado
superior e inferiormente.
(2) O conjunto dos números naturais N = {O, 1, 2, . . . } não é limitado,
mas é limitado inferiormente. Qualquer número real não positivo é uma cota
inferior de N. O conjunto Z { . . . , -2, -1, 0, 1, 2, . . . } dos números inteiros
=

não é limitado inferiormente nem superiormente.


(3) B {(2n - 1)/2n I n E N} é limitado, pois para todo n E N, tem-se:
=

[ O que ocorre quando tomamos n muito grande ?]


(4) C {(2n-l)/n I n 1, 2, . . . } é limitado. Justifique esta afirmação.
= =
16 • Fatos Bás'lco8

DEFINIÇÃO 1.1.8. Sej a A IR, A i=- 0, um conjunto limitado superior­


C
mente. Diz-se que um número L é o supremo de A se L é urna cota superior
de A e, para toda cota superior !v! de A, tem-se L � !v!. Denota-se
L = supA.
Por exemplo, 1 é o supremo do conj unto B { (2T! - 1 ) /2T! I n E N},
=

considerado no item (3) do exemplo 1. 1. 7. Portanto qualquer número maior


ou igual a 1 é urna cota superior de B.
Em outras palavras, a definição 1. 1.8 diz que o supremo de A é a sua
menor cota superior. Isto sugere a seguinte reformulação da definição 1. 1.8
que, embora sej a apenas urna reformulação, vamos adotar corno definição
alternativa por ser, em rrmitas situações, a mais adequada:
DEFINIÇÃO 1.1.9. Seja A IR, A i=- 0, um conjunto limitado superior­
C
mente. Diz-se que o número L é o supremo de A se estiverem satisfeitas as
seguintes condições:
( a) L é uma cota superior.
(b) Dado é > ° qualquer, existe a E A tal que a > L - é.
Observação 1.1.10. O item (b) da definição 1. 1. 9 diz que, subtraindo-se de
L um número positivo qualquer, por menor que ele sej a, o número obtido
não será urna cota superior de A.
O supremo de um conjunto A não necessariamente pertence a A. Este é
o caso nos exemplos 1. 1.7 - (3),(4) e no exemplo 1. 1. 13 a seguir.
DEFINIÇÃO 1.1.11. Se o supremo AI de um conjunto A C IR pertence a A,
ele é chamado máximo de A, e denota-se M maxA. =

EXEMPLO 1.1.12. Em relação aos conjuntos A (0, 1], N {O, 1 , 2 , . . . },


= =

B { (2T! - 1 ) /2T! I n E N} e C { (2n - 1 ) /n I n 1 , 2 , . . . }, dados no


= = =

exemplo 1.1. 7, página 15, valem as seguintes afirmações: 1 maxA; não =

existe sup N; 1 sup B e 2 sup C [Na verdade a gamntia da inexistência


= =

de sup N é o teorema 1.1.18, apresentado mais adiante, conhecido como


"propriedade arquimediana dos números reais ", e as duas últimas afirmações
seguem do corolário 1.1.19 desse teorema].

EXEMPLO 1.1.13. Sempre denotaremos com Q o conjunto dos números


racionais. Sej a A Q n [O, J2]. O número L J2 satisfaz as condições (a)
= =

e (b) da definição 1. 1. 9 e é, portanto, ° supremo de A, mas J2 ti:- A.


A reta real • 17

É imediato que a condição ( a ) está satisfeita. Para verificar ( b ) , podemos


aplicar um algoritmo da raiz quadrada para obter aproximações sucessivas
de v'2 por falta: ro 1,rI = 1,4, r2 = 1,41, . . . , rn , . . . , que, por terem
=

expansão decimal finita, são números racionais. Essas aproximações satisfa­


zem: v'2 lO-n < rn < v'2, n 0, 1 , 2 , . . . . Dado E > 0 , existe n tal que
- =

lO-n < E. Assim, r n > v'2 lO-n > v'2 E e, como r n E A, a condição ( b )
- -

está satisfeita [ Aqui, uma vez que lO-n < l/n, n = 1 , 2 , . . . , voltamos a usar
um argumento que depende da propriedade arquimediana, mais exatamente,
de seu corolário 1.1.19].

Estamos rondando um ponto muito delicado. De nossas considerações deve ter ficado,
ao menos inconscientemente, a impressão de que todo subconjunto da reta não vazio
e limitado superiormente tem um supremo. Por exemplo, na discussão do exemplo
1.1.13, acima, admitimos tacitamente que o número real J2 existe. Isto não é óbvio.
É conseqüência do fato da reta real ser completa, o que quer dizer, grosso modo,
que ela não tem furos. Este fato só foi estabelecido rigorosamente com a definição
precisa dos números reais, no final do século XIX. Admitimos também que o número
J2 não está no conjunto Q dos racionais. Isto é, que a reta racional não é completa.
Já a descoberta deste fato é bem antiga, tem mais de dois milênios.
Na Grécia antiga, antes do século V a.c., os números conhecidos eram os racionais
e aceitava-se que dois segmentos quaisquer eram sempre comensuráveis. Isto é, dados
dois segmentos, U e r, q segmentos congruentes, UI, U2, ...,
U podia ser dividido em
uq, de modo que cada um destes coubesse exatamente p vezes em r. Assim, tomando­
se U como unidade de comprimento, os segmentos Ui C U, i 1, 2, . . . , q, teriam
=

comprimento l /q e o comprimento de r seria o número racional p/q. Por exemplo,


na figura 1.1.3 temos q 3, p 5. Em outras palavras, dados dois segmentos
= =

quaisquer, acreditava-se que o comprimento de um era sempre múltiplo racional do


comprimento do outro.

U
UI

Figura l . l .3 : Segmentos comensuráveis

Atribui-se a Pitágoras a descoberta de que o comprimento J2 da diagonal de um


quadrado de lado unitário não se exprime como uma fração p/q, isto é, a diagonal
e o lado de um quadrado são incomensuráveis. O ponto correspondente ao número
J2 na reta real não tem representante na reta racional. Diz-se que J2 é um número
irracional, isto é, J2 E IR \ Q. Vejamos uma prova simples e pouco conhecida desta
afirmação, extra ída do I ivro de G. H. Hardy [3J.
18 • Fatos Básicos

"Suponhamos temporariamente que exista uma fração positiva p/q, irredutível,


de modo que (p/q? = 2, isto é, p2 = 2q2. Isto implica (2q - p) 2 = 2 (p - q) 2. Logo
2q - p
p-q
também é a raiz quadrada de 2. Mas, claramente, q < p < 2q, logo p - q < q. Assim,
encontramos uma outra fração igual ao número p/q com um denominador menor, o
que contraria a hipótese de p/q ser irredutível e encerra a prova."
Além desta prova, encontram-se no livro de Hardy outros fatos interessantes,
como a seguinte generalização: "Se a fração m/n é irredutível e ao menos um dos
números m e n não é um quadrado perfeito, então Jm/n é irracional. Por conse­
guinte, dado um número inteiro positivo k, ou k é um quadrado perfeito ou Jk é
um número irracional."

Como não vamos nos aprofundar nas fascinantes questões relativas ao


texto entre barras, acima, encerramos o assunto com o seguinte axioma:
AXIOMA DA COMPLETEZA. Se A C � é um conjunto não vazio e limitado
superiormente, então existe L sup A E K =

Por exemplo, J2 é o supremo do conjunto A = {r E Q I r2 < 2}.


S e A C �, A =1= 0 é limitado inferiormente, seu ínfimo, denotado por
inf A, é a maior cota inferior de A. Em outros termos,
DEFINIÇÃO 1.1.14. Seja A C �, A =1= 0, limitado inferiormente. O número
f é chamado ínfimo de A se goza das duas seguintes propriedades:
( a) f é uma cota inferior.
(b) Dado um número c > O qualquer, existe a E A tal que a < f + c.
Adaptações óbvias podem ser feitas no que foi apresentado sobre o supremo
para se estabelecerem propriedades e conceitos análogos relativos ao ínfimo
de um conjunto A.
DEFINIÇÃO 1.1.15. Se o Ínfimo fi. de um conjunto A C � pertencer a A,
diz-se que fi. é o mínimo de A e se denota fi. min A. =

Do axioma da completeza decorre que todo conjunto A C � não vazio e


limitado inferiormente tem Ínfimo.
As duas proposições seguintes estabelecem relações importantes entre os
números racionais e irracionais:
A reta real • 19

P ROPOSIÇÃO 1.1.16. O produto de um número racional r #- O por um


irracional é um número irracional.

Demonstração. De fato, suponhamos por um momento que existam núme­


ros r E Q, r #-O, e x E � \ Q tais que r x = q E Q. Então :r: = q/ r é racional,
uma contradição. O

PROPOSIÇÃO 1.1.17. A soma de um número racional p com um irracional


é um número irracional.

Demonstração. Suponhamos temporariamente que existam números pEQ


e x E � \ Q de modo que p + x = q E Q. Este fato nos leva à contradição
x = ( q p) E Q.
� O

o teorema abaixo é chamado propriedade arquimediana de R

TEOREMA 1.1.18. Se x, y E �, x > O, então existe n E N tal que

nx > y.

Demonstração. Consideremos o conjunto A ={nx I n = 0,1, . . . } e supo­


nhamos temporariamente que o teorema sej a falso. Então y é uma cota supe­
rior de A. Como A#-0, pelo axioma da completeza existe L sup A. Pelo=

item (b) da definição 1.1. 9, página 16, existe mx E A tal que L x < mx.�

Então L < (m + l ) x E A, uma contradição. O

Denotando x = E e tomando y = 1, temos imediatamente o corolário


COROLÁRIO 1.1.19. Para todo número E> O, existe n E N tal que l /n < E.

DEFINIÇÃO 1.1.20. Uma vizinhança de a E � é qualquer intervalo aberto


contendo Se a vizinhança for da forma ( a 5, a + 5) , 5 > O, é chamada
a. �

vizinhança de raio 5 de a e denotada por Vb ( a ) .

DEFINIÇÃO 1.1.21. Diz-se que a E � é um ponto de acumulação de B C �


se toda vizinhança de a contém um ponto de B distinto de a .

Analisando o exemplo a seguir, vemos que um ponto de acumulação


de um conjunto não precisa pertencer a ele. Pontos que pertencem a um
conjunto também não são necessariamente pontos de acumulação.
20 • Fatos Básicos

EXEMPLO 1.1.22. (1) A ( a, b) , a < b. O conjunto dos pontos de acumu­


=

lação de A é o intervalo fechado [a , b].


(2) B =Z, o conjunto dos números inteiros. Não existem pontos de
acumulação de B.
(3) C Q. Todo número real é ponto de acumulação de C [veja o
=

corolário 1. 1. 24 a seguir].
(4) D { l/n I n 1, 2, . . . }. O número O é o único ponto de acumula­
= =

ção do conjunto D.
Qualquer vizinhança de um ponto de acumulação de um conjunto B C IR
contém infinitos pontos de B [por que ?]. Conseqüentemente, os subconjuntos
finitos de IR não podem ter pontos de acumulação.
Observação 1. 1. 23. Dizer que
é ponto de acumulação de B C IR significa
a
que a pode ser aproximado por pontos de B. Precisamente, dado um número
6 > O, por menor que seja, sempre existe x E B, x -# a, tal que I x - a i < 6.
Costuma-se dizer que os pontos de B podem tender a a .
O seguinte corolário da propriedade arquimediana de IR , revela como os
números racionais se espalham por toda a reta IR:
COROLÁRIO 1.1.24. Qualquer intervalo ( a, b) C R, a < b, contém um nú­
mero racional.

Demonstração. Sej a a � O com a < b. Pelo corolário 1. 1. 19 da propriedade


arquimediana, existe n E N tal que O < l/n < b - a. Sej am q l/n
=

e A { m E N I mq > a } e tomemos k min A [existe k, pois A -# 0 é


= =

limitado inferiormente e, como A não tem pontos de acumulação, inf A E A.


Veja o exercício 18.] Afirmamos que o número racional kq pertence a ( a, b) .
De fato, kq> a e, pela escolha de k, (k - l ) q :::;; a logo kq a :::;; q < b - a,
-

ou seja, kq < b. Portanto kq E ( a, b) .


Suponhamos agora a < o. Pela propriedade arquimediana podemos es­
colher n E N de modo que - a < n. Como a + n > O, pela primeira parte
da prova existe um racional p E ( a + n, b + n) . Então p - n é um racional
pertencente a ( a, b) . O

Uma conseqüência do corolário 1. 1.24 é que todo intervalo aberto ( a, b) ,


a < b, contém infinitos números racionais [por que ?].
Pelo fato de Q ter a propriedade estabelecida no corolário 1. 1.24 diz-se,
numa linguagem mais técnica, que o conjunto Q dos números racionais é
denso na reta IR.
Os números irracionais gozam da mesma propriedade: todo intervalo
( a, b), a < b, contém um irracional. De fato, tomemos ( a, b), a < b. Se a ti:- Q,
Funções • 21

sej a n E N tal que n( b - a) > l al . Neste caso, a + ( I al /n) a(n ± 1)/n é um


=

irracional pertencente a (a, b ). Se a E Q, sej am x> ° um irracional e n E N


tal que n ( b - a) > x. Então a + (x/ n) é um irracional pertencente a ( a, b).

1.2 FUNÇOES
DEFINIÇÃO 1.2.1. Dados dois conjuntos A, B#- 0, uma função f definida
em A com valores em B ou, simplesmente, de A em B, que se denota
f : A -----+ B, é uma lei que associa a cada x E A um único elemento de
B, indicado por f (x) .

À s vezes uma função f : A -----+ B é denotada por x E A 1-----+ f (x) E B.


D EFINIÇÃO 1.2.2. Dada uma função f: A -----+ B, os conj untos A e B são
chamados, respectivamente, domínio e contm-domínio de f . Os elementos
x do domínio são chamados variáveis independentes e os elementos y do
contra-domínio, variáveis dependentes. Se Yo f (xo ) , então Yo é chamado
=

imagem de Xo por f. Para quaisquer D C A e C C B definem-se f ( D ) C B


e f-1 ( C) C A por
f(D) {y E B I y f(x) , para algum x E D},
= =

f-1(C) {x E A I f(x) E C}.


=

o conj unto f ( D ) é chamado imagem de D por f e f-1 ( C ) é chamado


imagem inversa de C por f.

EXEMPLO 1.2.3. Denotaremos sempre com �+, o conj unto dos números
reais não negativos, isto é, �+ [0, 00) .
=

(1) Se A = B, um exemplo simples de função é f : A -----+ A tal que


f ( x) x, para todo x E A. Esta função é chamada identidade de A e é
=

usualmente denotada por I, ou IA. Assim, I(x) = x, '\Ix E A.


(2) Se 2Z C Z é o conjunto dos números inteiros pares, isto é,
2Z = { . . . , -6, -4, -2, 0, 2 , 4, 6 , ...},
podemos definir a função f : 2Z -----+ Z por f (n) n/2, para todo n E 2Z.
=

(3) Seja c E � um número fixado. A função f : � -----+ � dada por


f (x) c, para todo x E �, é chamada função constante.
=

(4) Podemos definir f: � -----+ �+ por f (x) x2 , para todo x E R


=

(5) Um exemplo relacionado com o anterior é a função g : �+ -----+ �,


dada por g (x) Vi, '\Ix E �+.
=

(6) Observe que a lei que associa a cada número real positivo x as suas
raízes quadradas ±Vi não define uma função, pois a cada elemento do
22 • Fatos Básicos

domínio deveria ser associado um único elemento do contra-domínio, o que


não é o caso aqui. Pode ocorrer, entretanto, de um ponto Yo do contra­
domínio de uma função ser imagem de dois ou mais elementos distintos do
domínio, como em (4) , onde, por exemplo, f(-l) 1 f(l). = =

(7) h: IR \ {I, -I} IR, dada por h(x) = 1/(x 2 - 1).


(8) Se a função f : IR [1, (0 ) é dada por f(x) 2X2 + 1, para todo


� =

x E IR, se D (-1, 2) e C (2, 9], então


= =

f(D) = [1, 9) e f-1(C) =


[-2, -V2/2) U (V2/2 , 2].
(9) As funções f : IR IR da forma f(x) cx , para todo x
� = E IR, onde
c E IR é uma constante, são chamadas funções lineares.
Observação 1. 2.4 . Como vimos, para definir uma função é preciso especi­
ficar três entes: o domínio, o contra-domínio e uma lei que associa a cada
elemento do domínio um único do contra-domínio. As funções aqui consi­
deradas, com poucas exceções, serão definidas em subconj untos de IR com
valores em IR [funções reais de uma variável real ]. Assim, vamos adotar a
atitude simplificadora de especificar somente a lei de associação. Numa lin­
guagem um tanto imprecisa, corriqueiramente podemos dizer "função f" ou
"função y f(x)" ou ainda "x f(x)". A menos de menção explícita em
= 1---+

contrário, ficará subentendido que o domínio é o maior subconjunto de IR


onde a lei faz sentido. Assim, por exemplo, para a função f (x) V2 - x 2 , =

entendemos que o domínio é [- y2, y2 ]. Para g (x) 1/ (2x - x:{) , o domí-=

nio é IR \ {O, ±y2}.


DEFINIÇÃO 1.2.5. Dados uma função f : A B e D C A, a restrição de�

f a D é urna função de D em B, denotada por f I D e definida por


\:Ix E D.
Ou sej a, a restrição de f ao conjunto D é a função dada pela mesma lei de
associação f, só que o seu domínio é o subconjunto D de A.
DEFINIÇÃO 1.2.6. Dadas duas funções f : A B e9 : D B , com� �

e A C D, diz-se que 9 é urna extensão de f ou, mais precisamente, urna


extensão de f a D, se

Dada urna função f : A B e um conjunto D C IR, com A C D, a frase


estender a função f ao conjunto D significa especificar urna função 9 nas


condições da definição 1.2.6. Neste caso, para todo x E D \ A, costuma-se
definir f(x) g (x).
=
Funçôes • 23

EXEMPLO 1. 2 .7. As funções gl : ffi. -----+ ffi. e g2 : ffi. -----+ ffi., definidas por
g1 (x) x e g2 (X) Ixl , são extensões da função f dada por f(x) �,
= = =

cujo domínio é [0, (0).

Em geral, os domínios das funções estudadas até o capítulo 4 são reuniões


de intervalos não-degenerados [isto é, corn extr-ernos distintos]. No entanto,
há uma classe de funções importantes no Cálculo que não se enquadram
nessa categoria. Elas têm como domínio o conjunto N {O, 1, 2 , . . . } ; são as
=

seqüências. Mais exatamente, temos a seguinte definição:


DEFINIÇÃO 1 . 2 .8. Uma seqüência é uma função cujo domínio é o conjunto
N dos números naturais, f : N -----+ R
Há uma terminologia própria associada às seqüências f. A imagem f (n) de
n E N é denotada por Xn [ou a nJ YnJ etc. ] e se chama ter-rno da seqüência,
enquanto a própria seqüência f é denotada por
{ xrJ , ou {xn } nEN' ou {xn } n=O,1,2 ,... ·

A variável independente n é chamada índice e diz-se que a sequencia é


indexada em n E N. Também se usa a expressão: a seqüência xo, Xl , X2 , . . . ,
ou ainda: a seqüência Xn E ffi., n = 0, 1, . . . . Talvez por influência das
notações, é comum pensar-se erroneamente que uma seqüência é o conjunto
formado por seus termos, { xn E ffi. I n 0, 1, . . . } . Note-se, entretanto, que
=

a seqüência { ( - l ) n } , por exemplo, é diferente da seqüência { (_l ) n+l } e,


apesar disso, ambas têm o mesmo conjunto de termos, { 1, - 1 } .
EXEMPLO 1. 2 . 9 . ( 1) Se
1
f(n) n E N, denota-se
n + l'
=

(2) Podemos usar 0, 1, 4, 9, . . . , n 2 , . . . , para denotar {n 2 } nEN'


(3) Para
{n+2 } pode-se usar: 2, 3/2, 4 /3, . . . .
n + 1 nEN'

DEFINIÇÃO 1.2. 10. Dadas f : A -----+ ffi. e 9 : A ffi., definem-se a função


-----+

sorna, f + g, a função pmduto, fg, e a função q uociente, f /g , por:


(f + g)(x) f (x) + g(x), x E A
=

(fg)(x) = f(x)g(x), x E A
L(x) f(x) x E A com g(x) =/: O.
g(x)'
=

9
24 • Fatos Básicos

EXEMPLO 1. 2 . 11. Se f(x) = .yx e g(x) = x tem-se, para todo x E ]R.,


f .yx
(f + g)(x) = .yx + x, (fg)(x) = x.yx e, para x -I- 0, -(x) = x -.

9
DEFINIÇÃO 1. 2 . 12 . O gráfico de uma função f : A -----+ B , A, B C ]R., é o
subconjunto C(f) de A x B C ]R.2 dado por:
C(f) = {(x, f(x)) E]R.2 I x E A}.
As figuras 1.2 . 1, 1.2.2 e 1.2.3 mostram gráficos de algumas funções conheci­
das. Se x E ]R., o símbolo [xl indica o maior número inteiro menor ou igual
a x que é chamado parte inteira de x.

Figura 1.2.1: f (x) = x2 e f (x) = Vx

Figura 1 .2.2: f (x) = Ixl e f (x) = c (constante )

Figura 1.2.3: y = [xl


Em geral, ao traçar o gráfico de uma função não se busca a precisão,
mas um desenho qualitativo contendo características essenciais da função.
Isso facilita o entendimento de muitos problemas.
Observação 1.2.13. A cada elemento de A uma função f : A -----+ ]R. associa
um único número. Assim, cada reta vertical x = c, com c E A, cruza o
gráfico de f em um único ponto. Por exemplo, o conjunto mostrado na
figura 1.2.4 não pode ser gráfico de uma função.
Funções • 25

Figura 1 . 2.4: Um conjunto que não é gráfico de função

DEFINIÇÃO 1.2.14. Quando f(A) = B, a função f : A -----+ B se diz so breje­


tom ou so bre. Quando a elementos distintos de A estão associados elementos
distintos de B, isto é,

a função f se diz injetom ou biunívoca ou, ainda, um-a-um. Quando f for


biunívoca e sobre, também será chamada bijetom.
Observação 1. 2. 15. Seja f : A B, com A, B C R Se f é injetora, toda
-----+

reta horizontal y = d, com d E B, tem no máximo um ponto em comum


com o gráfico de f. Se f é sobrejetora, toda reta horizontal y d, com =

d E B, cruza o gráfico de f. Se f é bijetora, toda reta horizontal y d, com=

d E B, tem um único ponto em comum com o gráfico de f.


Esboçando os gráficos das funções do exemplo 1. 2. 3 podemos conferir as
observações acima. A função do item (2) e as funções do item (9) com c i- O
[em particular, a função identidade 1 são bijetoras. No item (4), a função f
é sobrejetora e não injetora, mas a restrição f l [o,oo) é bijetora. No item (5) ,
9 é injetora, mas não sobre. No item (7) , h não é biunívoca nem sobre.
DEFINIÇÃO 1.2. 16. Dadas f : A -----+ B e 9 : B -----+ C, define-se a função
composta, 9 o f : A -----+ C, por (g o 1) ( x ) = 9 ( J ( x ) ) , para todo x E A.

Em outras palavras, obtém-se a imagem de x por 9 o f aplicando-se f a


x e, depois, 9 a f(x).
Nem sempre se pode definir a função composta 9 o f. Para se definir a
função 9 o f : A -----+ C foi necessário que a imagem de A por f estivesse
contida no domínio de g.
Dadas funções f : A -----+ B, 9 : B -----+ C e h : C -----+ D , tem-se
(f o g) o h = f o (g o h),
26 • Fatos Básicos

gof

Figura 1 .2 . 5 : Composição de f e 9

isto é, vale a propriedade associativa para a composição. Qualquer dos mem­


bros da igualdade acima é denotado por fogo h. Sob convenientes condições,
pode-se aplicar sucessivamente a associatividade para definir a composição
de um número finito qualquer de funções.
EXEMPLO 1 . 2 . 17. ( 1 ) Sej am f : IR. (0, 1] , 9 : (O, 1]
� [1, (0 ) , tais que

f (x) 1/( 1 + x2 ) e g(x) l/x. Então, (g o f) (x) 1 + x2 . Daria para


= = =

definir f o g7 Em caso afirmativo, defina-a.


(2) Se f : IR. IR. e 9 : [- 1, (0 ) IR. são dadas por f (x) x2 + 2 x - 2
� � =

e g(x) Vx+1, então a composição 9 o f não pode ser definida porque


=

f (IR.) [- 3, (0 ) não está contido no domínio [- 1, (0 ) de g.


=

(3) Se f : IR. [O, (0 ) , 9: IR. IR. e h: IR. IR. são dadas por f (x) x2 ,
� � � =

g(x) X + 1 e h(x) ex, e E IR. constante, temos h o 9 o f (x) e(x2 + 1 ) .


= = =

DEFINIÇÃO 1 . 2 . 18. Diz-se que f : A B é invertível se existe uma função


f-I: B A tal que f-I o f IA e f o f-I IB. Neste caso, diz-se que
� = =

f-I é a inversa de f.

Em outros termos, f-I o f(x) X e f o f-I(y) y, para quaisquer x E A


= =

e y E B. É claro que, se a definição 1 . 2. 18 está satisfeita,


. então a função
f-I também é invertível e (f-IrI f. =

Figura 1 . 2 .6: Simetria dos gráficos de funções inversas


Funções • 27

Uma conseqüência da definição 1 . 2 . 18 é que f : A -'> B será invertível se


e somente se for bijetora. Ou sej a, f será invertível se e só se cada reta y d,
=

com d E B, tiver exatamente um ponto em comum com o gráfico de f . Para


visualizar o gráfico de f-I podemos considerar o gráfico de f e imaginar o
eixo y como o da variável independente. Para representá-lo da forma usual
basta considerar a reflexão do gráfico de f em relação à diagonal y x, =

como representa a figura 1 . 2.6, pois


C ( j-l) { (y, f -1 (y) ) 1 y E B} = { ( j (x) , x) 1 x E A}.
=

EXEMPLO 1.2.19. ( 1 ) Sej am a =I- O e b E � dados. Se f(x) ax + b, então


=

f é invertível e 9 f-I é dada por g(x) (x - b )ja .


= =

( 2 ) Se tivermos f : � -'> �+ tal que f(x) x2 , para todo x E �, como


=

no item (4) do exemplo 1 . 2.3, página 2 1 , e considerarmos a restrição f l [o,oo)


e se para 9 : �+ -'> �, dada por g(x) y'x, Vx E �+, como no item (5)
=

daquele exemplo, for tornado �+ corno contra-domínio de g, teremos dois


exemplos de funções invertíveis, sendo cada uma a inversa da outra.
DEFINIÇÃO 1.2.20. Uma função f : A -'> � se diz monotônica, ou mo­
nótona, se puder ser classificada corno crescente, estritamente crescente,
decrescente ou estritamente decrescente, segundo as definições abaixo:
Crescente, se x, y E A x < y � f (x) � f(y) .
Estritamente crescente, se x, y E A x < y � f (x) < f(y) .
Decrescente, se x, y E A x < y � f (x) � f(y) .
Estritamente decrescente, se x, y E A x < y � f(x) > f(y) .
Uma função constante, g(x) c, para todo x E � é crescente e de­
=

crescente ao mesmo tempo. Se f (x) x2 , então função f não é crescente


=

nem decrescente, mas a função f l[o,oo) é estritamente crescente. A função


h(x) = y'x é estritamente crescente. Se k(x) 2 (x - I? + 3 , a função
=

kl[l oo) é estritamente crescente. As funções lineares u(x) cx, onde c E � é


.
=

uma constante, são estritamente crescentes se c > O e estritamente decres­


centes se c < O. A função v(x) = [xl é crescente.
As funções lineares, f : � -'> �, definidas na página 22, no item (9) do
exemplo 1 . 2.3, são aquelas que têm a propriedade ilf (ax) af(x), x E �,
=

para todo a E � li. Vej a o exercício 29. Se f for estritamente crescente, a


condição de f satisfazer esta propriedade apenas nos a inteiros é suficiente
para que ela sej a linear, como garante a proposição a seguir.
PROPOSIÇÃO 1.2.21. Seja f : � -'> � estritamente crescente e suponhamos
que f (nx) nf (x), para quaisquer x E � e n E Z. Então existe c > O tal
=

que f (x) = cx, x E �.


28 • Fatos Básicos

Demonstração. Se f satisfaz as hipóteses, tomando n = O vem f(O) = O.


Dado q = (m/n) E Q , temos nf( qx) = f(n qx) = f ( m x) = m f (x) , para
todo x E IR, portanto
m
f ( qx) = - f(x) = qf(x) , x E IR, q E Q.
n
Sej a e = f ( l ) > f (O) = O. Se q E Q, temos f(q) = f ( q . 1) = qf ( l ) = eq.
Suponhamos temporariamente que exista x E IR com f(x) i- ex, digamos,
f(x) < e x [o caso f(x) > cx é análogo]. Tomemos um racional q tal que
f(x)
< q < x,
e
donde f (x) < eq = f ( q) , uma contradição, pois f é estritamente crescente.
Logo f(x) = cx, para todo x E IR. O

COROLÁRIO 1.2.22. Seja f : [O, ()() ) -----+ IR uma função estritamente cres­
cente com f (nx) = nf(x), para x � O, n E N. Então existe e > O tal que
f(x) = ex, para todo x � O .
Uma prova pode ser feita definindo a função g : IR -----+ IR por g(x) = f(x),
para x � O, e g(x) = -g(-x) , para x < O, e aplicando a proposição 1 .2 . 2 1 .
EXEMPLO 1.2.23. Dada uma circunferência de raio r , u m seu arco d e com­
primento s determina um setor circular cuja área gf é
1
gf -sr. (1.2.1)
2
=

Para fixar um contexto, seja uma circunferência de centro n a origem O e


raio r, A = (r, O) e o arco AB de comprimento s de acordo com a figura 1 .2 . 7
[na seção 4.7.2, página 227, definiremos o que vem a ser o comprimento de
um arco].
Antes de tudo, é preciso entender bem a fórmula ( 1 .2. 1 ) . Se s > 27fT,
partes do setor se sobrepõem. Neste caso, as áreas dessas partes são con­
tadas multiplamente, dependendo de quantas vezes elas se sobrepõem. Por
exemplo, se s = 57f /2 , a área do primeiro quadrante é computada duas
vezes. Segundo (1.2.1), sz1 = (57f)4)r2, ou seja, sz1 é 5/4 da área do círculo.
Provemos a fórmula ( 1 . 2 . 1 ) . A área gf = gf(s) é função não negativa
estritamente crescente de s e gf(ns) = ngf(s) , para n E N. Logo, pelo
corolário 1 . 2.22, existe c> O tal que
gf(s) = es, s � O.
Admitindo que a área do círculo é 7fT2 , podemos escrever gf (27fr) = 7fT2 ,
ou seja, e27fT = 7fT2 , donde e = 1'/2. O
Funções • 29

Figura 1 . 2 .7: O setor circular OAB

Vamos definir agora as funções trigonométricas. Como o conceito de


comprimento de arco é preponderante em nossa abordagem, ela é intuitiva,
mas aceitável neste momento. Na página 261, damos definições precisas das
funções seno e cosseno.
Seja C a circunferência de raio 1 e centro na origem do plano xy, a
chamada circunferência unitária. Definamos a função c : IR C de modo -+

que o ponto O E IR seja levado no ponto A (1, O) E C e cada t E IR,


=

t > O, no ponto c(t) E C, extremo do arco de C de extremo inicial A e


comprimento t, medido no sentido anti-horário. Se t < O a construção de
c( t) E C é análoga, tomando c( t) o extremo do arco de extremo inicial A
e comprimento I tl medido no sentido horário. Vej a a figura 1.2 . 8 a seguir.
Como o comprimento da circunferência C é 27f, temos para todo t E IR,
c(t + 2n7f) = c(t) , n E Z.

Figura 1 . 2 .8: A função t E � f--+ c(t) E C


30 • Fatos Básicos

DEFINIÇÃO 1.2.24. Para cada número real t, cos t e sent são as coordena­
das de c(t ) , isto é,
c (t ) = ( cost, sent ) , tE IR.

As funções cos e sen são chamadas, respectivamente, cosseno e seno.

Seguem imediatamente desta definição a identidade fundamental,


cos 2 t + sen 2 t = 1, t E lFt,
e as propriedades
cos (t + 2mr) = cost e sen (t + 2mr) sent, t E lFt, = n E Z,
cos -t = cost e sen -t sen t, t E lFt.
= -

Figura 1 . 2 .9: Gráficos do seno [acima] e do cosseno [abaixo]

Deixamos como exercício a tarefa de determinar os valores que cos e sen


assumem nos pontos t + 7r, t + �, 7r t e � - t em termos de cost ou sen t,
-

t E IR. A figura 1.2.9 apresenta esboços do gráficos do seno e do cosseno.


Dados x, y E lFt, valem as seguintes fórmulas:
sen (x + y) sen x cos y + cos x sen y,
=

cos (x + y) cos x cos y sen x sen y,


= -

em particular, para todo x E lFt ternos


sen 2x 2 sen x cos x, =

cos 2x cos 2 X - sen 2 x =

e esta, combinada com a identidade fundamental fornece, para todo x E lFt,


2 cos 2 X (1 + cos 2x) , =

2 sen 2 x (1 - cos 2x) . =


Funçôes • 31

Figura 1 . 2 . 10: Gráficos da tangente e da secante

Observação 1.2.25. Um radiano é o ângulo central determinado por um


arco de C de comprimento 1. Assim, o arco de extremos A e c (t ) define um
ângulo central e de t radianos [figura 1.2.8]. Por isso, o seno e o cosseno são
às vazes entendidos como funções do ângulo e em vez da variável real t.
Definem-se as funções tangente, cotangentc, sccantc c cossccante, res­
pectivamente, por
sent cost 1 1
tant = , cott = , sect = ' csct = ,
cost sen t cos t sen t
-- -- -­ --

para todo t E IR onde os denominadores não se anulam. Os gráficos da


cotangente e da cossecante são análogos aos da tangente e da secante, res­
pectivamente, apresentados na figura 1.2. 10 [e podem ser obtidos por uma
translação horizontal destes].

DEFINIÇÃO 1.2.26. Diz-se que f : A � IR é par se f ( -x) = f (x) , para


todo x E A e que é ímpar se f( -x) = -f(x) , para todo x E A.
A definição 1.2.26 presume que A tem a seguinte propriedade de simetria:
x E A =} -x E A.
Por exemplo, os conjuntos IR, [-1,1], Z e IR \ Z têm essa propriedade.
Como conseqüência direta da definição 1. 2.26, o gráfico de uma função
par, y = f (x) , é simétrico com relação ao eixo y e o gráfico de uma função
ímpar é simétrico com relação à origem do plano xy . Vej a a figura 1.2. 11.
EXEMPLO 1.2.27. A função seno e a função y = x3 são ímpares. A função
cosseno e a função y = Ixl são pares.
32 • Fatos Básicos

Figura 1.2 . 1 1: Simetrias de funções pares e ímpares

Examine os exemplos anteriores desta seção, procurando classificar as fun­


ções como pares ou ímpares, quando isto for possível.
DEFINIÇÃO 1.2.28. Sej am f : A IR e w > O. Diz-se que
---+ f é uma função
periódica de período w ou, abreviadamente, w-periódica, se

f(x) = f(x + w) , x E A.

Dado w > O, a definição 1 . 2.28 presume que A satisfaz


x EA =} (X±W) E A.
Os conjuntos IR, wíZ = {wn I ±n = 0, I , 2 , . . . } e IR \ wíZ, por exemplo,
possuem essa propriedade.
Se uma função é w-periódica, então ela é nw-periódica, n = 1 , 2 , 3, . . . .
Se f é periódica e se existe Wo = min { w > O I w é período de f }, então Wo
é chamado período mínimo de f.
EXEMPLO 1.2.29. ( 1 ) As funções f(x) sen x e g(x) = cos x são 27r­
=

periódicas e 27r é seu período mínimo.


(2) A função g(x) = cos 27rX é l-periódica. Mais geralmente, pode-se
verificar que se f : IR IR é w-periódica e c > O é um número real dado,
---+

então a função 9 dada por g (x) = f(cx) , x E IR, é (wjc)-periódica.


(3) As funções tan x e cot x são 7r-periódicas. Ambas são quocientes de
funções 27r-periódicas, mas 27r não é seu período mínimo.
(4) Sejam f : IR IR uma função w-periódica e p/q um número racional,
---+

com p , q E íZ+ . A função g: IR IR dada por g(x) = f(( p/q) x), para todo
---+

x E IR, é qw-periódica. De fato, para todo x E IR temos


g(x + qw) = f(( p/q) (x + qw )) = f(( p/q)x + pw) = f(( p/q) x) = g(x) .
Funções • 33

Conseqüentemente, a função cos [(3/5)x] é 107r-periódica [qual é seu período


mínimo ? Compare com o item (2)].
(5) Para todo x E lR, lembrando que [x] indica o maior número inteiro
menor ou igual a x, a função f dada por f (x) x - [x] é l-periódica. A =

figura 1 . 2 . 12 mostra o gráfico desta função.

Figura 1 .2 . 1 2 : f (x) = x- [ x l

(6) A função
se x E Q
f(x) = {I,
O, se x E lR \ Q
é periódica de período q, para qualquer racional q > O, portanto não tem
período mínimo.
DEFINIÇÃO 1.2.30. Uma função f : A lR se diz limitada se o conjunto
----7

f (A) for limitado ou, equivalentemente, se existirem números f e L tais que


f � f (x) � L,
para todo x E A. Neste caso, f é chamado uma cota inferior, ou limitante
inferior, de f e L, uma cota superior, ou limitante superior . Diz-se que
f :A lR é limitada superiormente se f (A) for limitado superiormente e
----7

que f é limitada inferiormente se f (A) for limitado inferiormente.


Observe que f : A lR ser limitada é equivalente a dizer-se que existe
----7

um número K > O tal que I f ( x) 1 � K, para todo x E A.


D EFINIÇÃO 1.2.3 1. Sej am f : A lR e B C A. Diz-se que a função f é
----7

limitada em B se a restrição f I B for uma função limitada.


EXEMPLO 1.2.32. ( 1 ) A função f (x) x/ ( l + I x l ) , cujo gráfico é esboçado
=

na figura 1 . 2. 13, é limitada.


(2) É claro que uma função limitada f : A lR é limitada em qualquer ----7

subconjunto B de A. A função f (x) l /x, definida em lR \ { O } , não é


=

limitada, mas é limitada em ( 1/2, 3] , pois 1/3 � f (x) � 2 , se 1/2 < x � 3 .


34 • Fatos Básicos

-1

Figura 1 .2 . 13: f (x) = x/ ( l + Ixl)

DEFINIÇÃO 1.2.33. S e f : A ---+ é limitada superiormente e L é a menor


ffi.
cota superior de f, isto é, L = sup f(A) , então L é chamado supremo da
função f e escreve-se
L = sup f (x) .
xEA

Se existir Xo E A de modo que L f(xo ) , isto é, = L max f (A) , então


diz-se que L é o máximo de f e se escreve
L = max f(x) .
XEA

Se L f (xo) maxA, então f(xo) é chamado o valor máximo de f e


= =

Xo é chamado um ponto de máximo.


Para uma função f : A ffi. limitada inferiormente, definem-se ana­
---+

logamente o seu ínfimo e o seu mínimo, bem como o seu valor mínimo
e o seu ponto de mínimo. Esta tarefa consiste basicamente em inverter as
desigualdades e é deixada como exercício.
Observe que, se f : A ffi. é limitada inferiormente,
---+

inf f(x) = - sup ( -f (x) ) .


xEA xEA

Por exemplo, se f (x) = x2 - 1 , então f é limitada inferiormente e


inf f (x) = - sup ( - f (x)) = - sup{ _x2 + I } = -1.
Assim, f : A ---+ ffi. tem mínimo se - f tem máximo e

min
x A
f(x) = - max( - f (x) ) .
E xEA

Por exemplo,
min ( cos x - I ) = - max ( - cos x + 1 ) = - 2.
xE� x � E
Funções • 35

Figura 1.2.14: y = ( Ixl - l ) / lxl

EXEMPLO 1 . 2 . 34 . ( 1 ) A função f(x) = cos x é uma função limitada, sendo


os valores de máximo e de mínimo:
1 = max
-oo< x <oo f (x) , -1 = min
-oo< x <oo f (x) .
Os números Xk 2br, ±k 0 , 1 , . . . , são os pontos de máximo. Quais são
= =

os pontos de mínimo?
(2) Usualmente se define a função arco tangente, denotada por arctan,
como a inversa da função tangente restrita ao intervalo (-1["/2, 1["/2) . Assim,
a função f (x) arctan x é limitada, com
=

1["
2
sup f(x) ,
-oo< x <oo 2 -oo<infx <oo f(x) ,
mas não existem máximo ou mínimo de f.
(3) f(x) l/x não é limitada, mas podemos escrever
=

sup f(x) O xinf f(x) .


x <ü >ü
= =

Veja a figura 2.2. 1 do próximo capítulo, página 5 1 .


(4) f (x) x2 não é limitada, mas é limitada inferiormente com valor de
=

mínimo O m ÜL oo< x <oo f (x) .


=

(5) A função f(x) ( I x l - l)/l x l é limitada superiormente e


=

I xl - 1
sup 1.
I xl
=

Mas não existe o máximo. A figura l .2. 14 mostra o gráfico desta função.
36 • Fatos Básicos

1f
"2

�2

Figura 1.2.15: y = I tan x l e y = Ix 2 - 21

Para esboçar o gráfico de y = I f (x) I , uma boa estratégia é esboçar o


gráfico de y f (x) e depois, lembrando que I y l = -y, se y < 0 , refletir em
=

torno do eixo x da parte do gráfico que fica abaixo do eixo x. A figura 1 . 2 . 15


mostra os gráficos de y = I tan x l , para -1f/2 < x < 1f/2 , e y = I x 2 - 2 1 .
EXEMPLO 1 . 2 . 35 . ( 1 ) Vamos resolver a desigualdade
x2 2 � I x - 1 1 .
-

Considerando os gráficos das funções f(x) x 2 - 2 e g ( x ) = I x - 1 1 =

sobrepostos como na figura 1 .2. 16, fica fácil visualizar o conjunto S dos
x E ffi. tais que f (x) � g (x) . Este conjunto é a solução do nosso problema.
Assim, S = [ a , b] , onde a é a raiz negativa de x 2 - 2 - (x - 1 ) e b é a raiz =

positiva de x 2 2 = x 1 , ou seja,
- -

S = [ - ( 1 + V13)/2 , ( 1 + )5)/2] .

Figura 1 . 2 . 16: x2 - 2 :s; Ix - 11


Funções • 37

(2) Vej amos agora um outro exemplo mais envolvente. Resolvamos a


seguinte desigualdade:

1 + v'Í7 3 + v'Í7
- 2- -2-

Figura 1 . 2 . 17: Ix 2 - 2x - 3 1 ::::; Ix - 11

Procedendo analogamente ao item ( 1 ) , sobrepondo os gráficos das fun­


ções f (x) = I x 2 - 2 x - 3 1 e g(x) I x - 1 1 , como na figura 1 .2 . 17, vê-se
=

facilmente o conjunto S dos x E ffi. para os quais f (x) � g (x)

x E [ ( 1 - vl7 ) /2 , (3 - vl7)/2 ] U [ ( 1 + vl7 )/2 , (3 + vl7 )/2 ] .


Os extremos dos intervalos envolvidos na expressão acima são determinados
na análise da figura 1 . 2 . 1 7 para definir o conjunto dos pontos x onde o
gráfico da função y I x 2 - 2x - 3 1 está abaixo do gráfico de y I x - 1 1 , ou
= =

seja, os extremos dos intervalos são dados pelas interseções dos gráficos das
funções f e g ,
(a) ( 1 - V17)/2 é a raiz negativa de x 2 - 2 x - 3 -x + 1 ; =

(b) (3 - V17)/2 é a raiz negativa de -x 2 + 2 x + 3 -x + 1 ; =

(c) ( 1 + V17)/2 é a raiz positiva de -x 2 + 2x + 4 x 1 ; = -

(d) (3 + v'I7)/2 é a raiz positiva de x 2 2x - 3 x - 1 .


- =
38 • Fatos Básicos

1.3 EXERC Í CIOS


Resolva as desigualdades 1) - 12)
1) 12 - 13xl � 39 7) Ix + 1 1 � l x - 2 1
2) 1 20x - 3 1 > 5 8) Ix I < 1 2x - 1 1
3) 1 (5 - 2x)/3 1 � 3 9) Ix2 - 4x - 5 1 � 1
4) I (x + 3)/4 1 < 5 10) 1 36x - 27 1 > 5
5) 1 2x - 5 1 < I x + 3 1 11) I x2 - 4 x - 5 1 � Ix - 1 1
6) 1 3x + 5 1 > 1 2x - 1 1 12) I x2 - 4x - 5 1 � 1 2x + 1 1
13) Dê exemplo em que a, b E ]R. e l a + bl < l al + I bl . O que dizer dos sinais
de a e b ? Se a, b , c E ]R., mostre que l a + b + cl � l al + Ib l + l ei -
14) Se r é um número racional, r i=- O, e x um irracional , mostre que rx é
irracional e, por conseqüência, não existe racional cujo quadrado sej a 32.
15) Indique sup, inf, max e min dos seguintes conjuntos, se existirem:
A {n E Z I I nl < lO} ,
=

B {n E Z I l n l � l O } ,
=

C {x E Q I l xl � y'3} ,
=

D [- 1 , 1 ) U ( y'3, 4 ) ,
=

E {x E ]R. I x2 - 4x + 4 > O e x2 - 3x < O } ,


=

F { x E ]R. I I x l m + ( l/n) , m, n 1 , 2 . . . } ,
= = =

G { x E ]R. I x l/( m + n) ; m, n 1 , 2, . . . } ,
= = =

H {x E ]R. I x ( l/m) + ( l/n) ; m , n 1 , 2 , . . . } ,


= = =

I { x E Q I l x - )21 < 2} ,
=

16) Se A, B C ]R. e a E ]R., defina


A + B {z I z x + y, x E A,
= = y E B},
I A I { z I z I x l , x E A} ,
= =

aA {z I z ax, x E A}.
= =

o que se pode dizer de sup(A + B) , sup I A I , sup aA, em termos de sup ou


inf de A e B? Considere separadamente os casos, a > O, a < O e a O . =

1 7) Dado u m conjunto P C ]R., denota-se com P ' o conjunto d e todos os


seus pontos de acumulação. Considerando os conjuntos abaixo:
A [- 1 , 1 ) U (y'3, 4 ) ,
=

B {n E Z I I nl < lO} ,
=

C {n E Z I Inl � l O } ,
=

D = {x E Q I Ix I � y'3} ,
Exer"CÍcios • 39

E = {x E � I I x l = m + � , m, n = 1 , 2 . . . } ,
F = {x E � 1 x = m�n ' m , n = 1 , 2, . . . } ,
G = {x E � 1 x = � + � , m, n = 1 , 2, . . . } ,
indique quais são os conjuntos A', B', C' , D' , E' , F' e G '
18) Sejam A C �, A #- 0, limitado superiormente, e L = sup A. Mostre que
L = max A ou L é ponto de acumulação de A. Formule uma propriedade
análoga para o caso em que A é limitado inferiormente.
19) Em cada caso abaixo, qual é o domínio da função f?

( a) f ( x) = Jx 2 / (x - 2) (c) f (x) = J( 1 + 3x) (2 - x)


(b) f (x) = J2x/(x + 1) (d) f (x) = vx=--I / (x + 2)

20) Verifique que qualquer função monotônica definida num intervalo fe­
chado e limitado é limitada. O intervalo precisa ser fechado?
2 1 ) Se fl , h : A � são duas funções limitadas, demonstre que

sup [fl (x) + 12 (x)] :(: sup fl (x) + sup h (x)


xEA xEA xEA

e inf [ Jl (x) + 12 (x)] ?: inf fl (x) + inf 12 (x) .


x A
E xEA x A
E

Mostre através de exemplos que as desigualdades estritas podem ocorrer.


22) A função seno não é monotônica, mas a sua restrição a convenientes
intervalos é. Quais são os maiores intervalos onde sen x é estritamente decres­
cente? [o termo "maiores " significa que esses intervalos não estão contidos
propriamente em intervalos onde o seno é estritamente decrescente].
23) Esboce o gráfico das seguintes funções:
( a) f ( x) = sen ( 1 / x ) ( c) f ( x) = x 2 sen ( l /x) (e) f (x) =-- V1=X
(b) f (x) = x sen ( l /x) (d) f (x) = x + x/ l x l (f) f (x) = [x 2 ] .

24) Classificar as funções abaixo, quando possível, quanto a serem monotô­


nicas, limitadas, pares ou ímpares, sobrejetoras, injetoras, ou bijetoras:
(a) f : � � � tal que f (x) = I x l . Considerar também o caso em que o
contra-domínio é � + .
(b) f ( x) = x + l/x.
(c) f : ( -7r/2, 7r/2) � tal que f (x) = tan x.

( d) f (x) = sen2 x + cos x .


( e ) f ( x) = sen ( 1 / x4 ) .
40 • Fatos Básicos

25) O produto de duas funções pares, f, 9 : A lR, é par? O que se pode


dizer do produto de duas funções ímpares? E do produto de uma par por


uma ímpar?
26) Suponha que a função f ( x ) dependa somente de potências de x com
expoentes pares. Mostre que f é uma função par. E se depender apenas de
potências de x com expoentes ímpares? A função f ( x ) cos( x 3 + x 7 ) é par
=

ou ímpar? E a função f ( x ) x3 + I?
=

27) Se f, 9 : lR lR são ambas pares, verifique que f 9 e 9 f são funções


� o o

pares. Mostre também que se f e 9 são ambas ímpares, então f 9 e 9 fo o

são ímpares. O que se pode dizer das composições f 9 e 9 f se f é par e


o o

9 é ímpar?

28) Sej a f : A B (A, B C lR) uma função sobrejetora. Mostre que se f


é estritamente crescente (ou estritamente decrescente) , então f é invertível.


Vale a recíproca? Isto é: se f é invertível, então poder-se-ia afirmar que ou
f é estritamente crescente ou f é estritamente decrescente?
29) Nos termos do exemplo 1 . 2.3 em seu item (9) , página 22, mostre que
uma condição necessária e suficiente para que uma função f : lR lR sej a

linear é que, dada qualquer constante a E ]R, tenhamos f ( ax ) af (x ) ,


=

qualquer que sej a x E ]R.


2

LIMITE E CONTINUIDA D E

o conceito de limite é o mais fundamental do Cálculo; a derivada e a integral,


seus principais objetos de estudo, às quais se dedicam os capítulos 3 e 4,
são, ambas, formas de limite. Além disso, a idéia de limite permeia nossos
argumentos em todo o transcorrer dos cursos de Cálculo e de suas aplicações.

2.1 LIMITES
Antes de entrarmos no assunto propriamente, vamos fazer uma pequena
digressão bem informal. Tomemos uma função f : B IR. , B C IR. , e sej a
---+

a E IR. não necessariamente pertencente a B. Suponhamos que exista I! E IR.


tal que f (x) se aproxima de I! , quando fazemos x se aproximar de a, embora
x #- a . Quando isto ocorre, dizemos que I! é o limite de f em a [ou o limite
de f (x) quando x tende a a] e escrevemos

lim f(x)
x -+ a
= t

Por exemplo, suponhamos que f sej a dada por


2X 2 4x

f (x)
x 2 3x + 2 '
=

logo o domínio é B IR. \ { I , 2 } . Vemos que f coincide em seu domínio com


=

a função g (x) 2xj (x 1) , definida em IR. \ { I } . Observamos que f (x) pode


= �

ficar arbitrariamente próximo de 4 = g(2) tomando-se x suficientemente


42 • Limite e Continuidade

próximo de 2. Então escrevemos


2X 2 4x
x --> 2 x 2 3x + 2 = 4.

lim

Note que, ao considerar o limite de f em a, estamos vendo se é possível saber


para onde vai f(x) , quando x se aproxima de a. Não estamos interessados
em quanto vale f ( a ) , nem mesmo em saber se f ( a ) existe.
Estando por trás dos conceitos centrais do Cálculo, a noção de limite
está por trás de muitos conceitos das ciências. Não podemos nos conformar,
portanto, com uma "definição" tão precária como a que temos até aqui. Não
é claro, por exemplo, o significado de uma variável aproximar-se de a E ]R..
É necessário colocar as coisas em termos precisos.
D EFINIÇÃO 2.1.1. Dados f : B ]R. e um ponto de acumulação a do

conjunto B, diz-se que g E ]R. é o limite de f em a se está satisfeita a


seguinte condição:
Para todo E > O, existe um número 6 = 6(E) > O tal que
x E B, O < Ix � a i < 6 => I f(x) �
gl < E. (2. 1. 1)

lim f(x) g ou f(x) g, com x


Escreve-se: x-->a = � � a.

Damos preferência à primeira notação.


Observação 2.1.2. (1) A definição 2. 1. 1 traduz a idéia de pontos próximos,
mas distintos, de a serem levados por f a pontos próximos de g.
(2) No contexto da definição 2. 1. 1 não importa quão pequeno seja E > O ;
é possível encontrar 6 > O tal que a frase (2. 1. 1) sej a verdadeira.
(3) Dada f : B ]R., a notação limx-->a f(x) g presume que a é ponto
� =

de acumulação de B. Mesmo que este fato não esteja mencionado, não se


abre mão de a ser ponto de acumulação de B, pois (2. 1. 1) é imposta sob a
condição de existir x E B tal que O < I x a i < 6. �

Analisemos a definição 2. 1. 1 num caso concreto. Seja, por exemplo,


2(x2 1)

f(x) = .
(x 1)

Note que f não está definida em x 1. No entanto, para x =1= 1 temos=

f(x) 2(x + 1) , o que sugere limx--> l f(x) 4. Mostremos que este é o caso
= =

[veja a figura 2.1.1.]. Se x =1= 1 podemos escrever

I f(x) � 41 = 1 2(x + 1) � 41 = 21x � 11 -


Limites • 43

= 4

a = 1

Figura 2 . 1 . 1 : lirnx -tl 2 (x2 - l ) / (x - 1) = 4 [ o = c/2]

Assim, dado c > O, se escolhermos 6 = c/2 obtemos


O < Ix - 1 1 < 6 =? 21x - 1 1 < 26 =? I f (x) - 4 1 < 26 = c.
Com esta discussão e os exemplos que damos a seguir, visamos exclusiva­
mente aclarar a definição de limite. Logo veremos, por exemplo, que algumas
propriedades permitem mostrar que lim x -t 2 (x 2 + 1 ) 5 de um modo muito =

mais direto do que o apresentado no item (4) do exemplo a seguir.


EXEMPLO 2 . l . 3 . ( 1 ) Se considerarmos f (x) = c (constante) , temos talvez
o exemplo mais simples deste capítulo:

xlim
-t a c = c.

Conferindo com a definição 2. 1 . 1 , dado c > O, qualquer 6 > O nos serve,


pois sempre ternos I f (x) - cl O < c. =

(2) Se f (x) x, temos limx -ta x a . De fato, dado c > O , se tornarmos


= =

6 c temos
=

O < Ix - a i < 6 =? I f (x) - a i = Ix - ai < 6 = c.


(3) limx -t 2 (3x + 4) = 10.
Antes d e iniciar , é útil observar que nos termos d a definição 2.1.1, acima,
a = 2 e I f (x) - fi = 1 (3x + 4) - 10 1 3 1 x - 2 1 . Sej a c > O dado, tornando
=

6 = c/3, ternos:
O < Ix - 21 < 6 =? I f (x) - f I = 31x - 21 < 36 = c.
(4) limx -t 2 (x 2 + 1 ) = 5.
44 • Limite e Continuidade

De fato, dado e > O qualquer, vamos procurar um 6 > O sob a restrição


6 � 1 . Assim, I x 2 1 < 6 implica 1 < x < 3 e, portanto, I x + 2 1 < 5 , ou seja
-

I (x 2 + 1 ) - 5 1 I x + 2 1 1 x - 2 1 < 5 1 x - 2 1
= ·

Logo, tomando O < 6 � min{ l , e/5 } ,


O < Ix - 21 < 6 =? I (x 2 + 1 ) - 5 1 < 51x - 21 < 56 � e.

( 5 ) limx---> a cos x cos a .


=

Observe inicialmente que I COS Xl - cos x 2 1 < IXl - x 2 1 , s e Xl , X 2 E IR ,


Xl X 2 , pois IXl - x 2 1 é o comprimento do arco d e extremos Xl e X 2 ; vej a
#-
a figura 2 . 1 . 2 [ estamos admitindo que o comprimento do arco XlX 2 é maior
do que o da corda Xl X 2 ] .
Dado e > O , tomando 6 e vem =

O < IX - aI < 6 =? I cos x - cos a I < Ix - a I < 6 = e.

(6) limx ---> a sen x sen a .


=

Pode ser provado d e modo análogo ao caso d o cosseno.

PROPOSIÇÃO 2.1.4. Suponhamos que exista o limite de f : B ----+ IR em um


ponto a. Então ele é único.

Demonstração. Suponhamos que limx ---> a f (x)


fI , limx---> a f (x) f 2 e sej a
= =

e > O dado. Tomando c/2 no papel de e, de acordo com a definição 2. 1 . 1 ,


página 42, existem 61 , 62 > O de modo que, se x E B :
O < Ix - ai < 61 =? I f (x) - fl l < e/2,
O < Ix ai
- < 62 =? I f (x) - f2 1 < e/2.
Limites • 45

Escolhendo 6 = min{ 61 , 62 } , se x E B e O < I x - a i < 6, temos

O � I l\ - R2 1 = I Rl - f (x) + f (x) - R2 1 �
I f (x) - Rl l + I f (x) - R 2 1 < c/2 + c/2 = c.
Assim, O � I R1 - R2 1 < c, qualquer que seja c > 0, o que equivale a I Rl - R2 1 = O
portanto RI R 2 .
= O

Observação 2.1.5. Dados f B -----+ 1Ft e D C B , sej a a um ponto de acu­


:

mulação do conjunto D. Se limx ---+ a f ( x) R, é claro que também para a


=

restrição de f a D temos

pois na definição 2. 1 . 1 , página 42, se vale a implicação (2. 1 . 1 ) , ela tem de


valer com a variável x restrita a D .
Para se compreender um conceito é bom entender sua negação. Damos
a seguir dois exemplos em que não existe o limite.

. x
FIgura 2 . 1 .3: f (x) =
R

x
EXEMPLO 2 . 1 . 6 . ( 1 ) lim x ---+ o � não existe.
De fato, sej a f (x) =x/ l x l , x E 1Ft \ { O } . Vej a a figura 2. 1 . 3. Como
f (x) 1 , para x > O, e f (x) - 1 , para x < 0, se existisse lim x ---+ o f (x) , de
= =

acordo com a observação 2. 1 . 5, acima, teríamos

xlim ---+ o l ( o ) (x) 1 ,


f (x) xlimf
---+ o
= =
, 00

xlim
---+ O
f (x) =

---+ O l( � O ) (x) - 1 ,
xlimf 00 ,
=

o que leva à contradição 1 =limx ---+ o f (x) = -1.


46 • Limite e Continuidade

1
(2) lim x --+() sen - não existe.
x
1
De fato, suponhamos, por contradição, que exista f! = lim x --+o sen - .
x
Dado qualquer [ > O , digamos, [ 1 , deve existir 6 > O tal que
=

O < IxI < 6 =? I sen l - I f! < 1. (2. 1 . 2)

Considerando X n = 2/ (4n + 1)1f e Yn = 2/ (4n - 1 )1f, n = 1 , 2 . . . , temos

. 1
FIgura 2 . l .4: Y = sen ­
x

sen ( l /xr J = 1 e sen ( l / Yn ) - 1 . Se n é suficientemente grande, temos


=

O < X n , Yn < 6 e de (2. 1 .2) segue a contradição

2 = I sen �Xn - seu �Yn I I sen �Xn - + - sen �Yn I


= f! f! �

I sen �Xn I + I - sen �Yn I


� - E f! < 1+1 = 2.

Por inspiração do item ( 1 ) do exemplo 2. 1 .6, vamos tratar agora dos


limites laterais. Necessitamos da seguinte definição:
DEFINIÇÃO 2 . 1 .7. Um número a é chamado ponto de acumulação à direita
para B C IR se a é ponto de acumulação de B n (a, (0). O número a é ponto
de acumulação à esquerda para B, se é ponto de acumulação de B n ( - 00 , a).

EXEMPLO 2 . 1 . 8 . O ponto a é ponto de acumulação à direita para o in­


tervalo [a, b) , a < b, [em bora ele se localize à esquerda de [a, b) ; é que os
pontos de [a, b) se acumulam em a pela direita de al o O ponto b é ponto de
acumulação à esquerda para [a, b). Os pontos c, a < c < b, são tanto pontos
de acumulação à esquerda como à direita para [a, b).
Limites • 47

DEFINIÇÃO 2.1.9. Consideremos uma função f : B IR, B C IR, e a um -----+

ponto de acumulação à esquerda para B. Diz-se que € E IR é o limite lateral


à esquerda de f em a se lim x --+ a f I B n ( -oo a ) (x) € e denota-se:
,
=

lima - f(x) € ou f(a- ) t


x----+ = =

o encargo de definir limite lateral à direita de f , quando x tende a a,


em termos de f I B n ( a oo ) ' é deixado como exercício. Neste caso a notação é
,
--+ a + f(x) = € ou f(a+) = t
xlim
À s vezes, ao nos referirmos a limites do tipo acima, omitimos, por brevi­
dade, o adjetivo lateral. A figura 2 . 1 .5 mostra como é tipicamente o gráfico
de uma função que tem limites laterais distintos num ponto a.

f (a+ )

f(a- )

a
Figura 2.1.5: L imites laterais distintos

O bservação 2. 1. 10. Suponhamos que a sej a ponto de acumulação à esquerda


e à direita para o domínio de f. Neste caso, existe o limite € de f em a a se
e somente se existem os dois limites laterais e ambos são iguais a € , isto é,
lim f (x) € {::} lim f(x) € x--+a+
x --+ a
= lim f (x) .
x --+ a -
= =

Embora possa ser considerada óbvia, a observação 2 . 1 . 10 é um bom


recurso em muitas situações. No item ( 1 ) do exemplo 2. 1 .6 temos
x x
lim o -
x --+ - I x I
= - 1 e x--+o+ I x I 1 ,
lim - =

por isso concluímos que o limite em questão não existe.


EXEMPLO 2. 1. 1 1. A função
f (x) max{O, x2 + (x l l x l ) } ,
=

definida em IR \ {O} , cujo gráfico é mostrado na figura 2 . 1 . 6, tem limites


laterais em O distintos, lim x--+o - f (x) O e limx--+o + f (x) 1 , portanto não
= =

existe limx--+o f ( .T ) .
48 • Limite e Continuidade

Figura 2 . 1 .6: f ( x ) = max{O, x 2 + (x/ l x l ) } , x i- O

2.2 PROPRIEDADES DOS LIMITES


Veremos a partir de agora algumas propriedades que, em muitos casos, tor­
nam desnecessário recorrer-se à definição de limite para o cálculo. São pro­
priedades muito úteis, uma vez que freqüentemente a definição de limite não
é muito manej ável .
N a seguinte proposição está subentendido que as funções f e 9 têm o
mesmo domínio e que a variável independente x sempre pertence a esse
domínio. Adotamos essa prática em geral para não carregar os enunciados
com condições óbvias.
P ROPOSIÇÃO 2.2.1. Se limx->a f(x) e e lim x ->a g (x) m, então
= =

1. limx->a ( J (x) + g (x) ) e + m , =

2. limx->a f (x)g (x) = em,


3. limx -> a f(x)/g (x) = e/m, se m -I o.
Demonstração. Seja c> O dado e tomemos 61 , 62 > O tais que
O < I x - ai < 61 ==? I f (x) - el < c/2,
O < I x - a I < 62 ==? Ig(x) - m l < c/ 2.
Tomando 6 = min { 61 , 62 } > O, temos
O < Ix - ai < 6 ==? I f (x) + g(x) - (e + m) 1 �
I f(x) - e l + I g (x) - m l < c/2 + c/2 = c,

o que prova o item 1 .


Tomemos agora k max{ le l , I m l } e suponhamos k > O , isto é , pelo
menos um dos números e e m é não nulo. Usaremos a identidade
f (x)g (x) - em
=
( J (x) - e ) ( g(x) - m ) + e ( g(x) - m ) + m (.t (x) - e ) . (2.2. 1 )
Propriedades dos limites • 49

Seja c > O dado e tomemos 61 , 62 > O de modo que

O < I x - a i < 61 =? I f (x) - R I < min{ v03 , c/3 k} ,


O < Ix - a i < 62 =? I g (x) - m l < min{ v03, c/3 k} .
Em (2.2. 1 ) , a condição O < I x - a i < 6 = min{ 61 , 6d implica

J f (x)g (x) - Rm l � I f (x) - R l l g (x) - m J + k l g (x) - m l +


+ k l f (x) - RI < v03v03 + k c/3 k + kc/3k = c,
o que prova o item 2 a menos do caso R m O, que é muito mais simples
= =

e deixamos como exercício.


Para provar o item 3 é suficiente mostrar que limx a ( l /g (x)) l/m e--> =

usar o item 2, com f (x) /g (x) f (x) ( l/g(x) ) .


=

Vem da definição 2 . 1 . 1 , de limite, página 42 , que existe 61 > O tal que

O < I x - a i < 61 =? I g (x) - m J < I m l /2,


portanto I m l - l g (x) 1 � I m - g (x) 1 < I m l /2, ou sej a,

I g (x) l > I m l /2. (2.2.2)

Dado c > O , existe 6 > O , que pode ser tomado menor do que 61 , tal que
O < Ix - ai < 6 =? I g (x) - m l < I m I 2 c/2. (2.2.3)

Portanto, de acordo com (2.2.2) e (2.2.3) , O < I x - a i < 6 implica

1 1 /g (x) - l /m l = I (g (x) - m) /mg(x) 1 < 2 I g (x) - m l / l m J 2 < c.

Ou seja, limx a ( l /g (x))


--> = l/m. o

Observação 2.2.2. ( 1 ) O item 1 e o item 2 da proposição 2 . 2 . 1 , acima, se


estendem para um número qualquer de funções. Assim, por exemplo, se
limx --> a f (x) R , tem-se limx -->a [f(x)r = Rn , n E N.
=

(2) Dado um polinômio P(x) a n xn + an _ 1 xn- 1 + . . . + ao , notando que


=

limx -->a x = a e combinando o item ( 1 ) acima com as propriedades enuncia­


das na proposição 2 . 2 . 1 , tem-se
lim P(x)
x-->a = P(a) .
50 • Limite e Continuidade

Mais ainda, os ítens (5) e (6) do exemplo 2.1.3 nos dão:

lim P(cos x) P(cos a) ,


x----+a
=

lim P(sen x) P(sen a),


x---+a
=

lim tan x tan a, se cos a =I- O,


x-+a
=

lim cot x cot a, se sen a =I- O,


x-+a
=

lim sec x sec a, se cos a =I- O e


x-+a
=

lim csc x csc a, se sen a =I- o.


x-+a
=

item (4) do exemplo 2.1.3, página 43, onde o limite limx-+ 2 (x2+1) 5 é
o =

calculado, decorre imediatamente da observação 2.2.2, não sendo necessário


o uso direto da definição de limite.
PROPOSIÇÃO 2.2.3. Seja 1 : B � ]R tal que exista f limx-+a 1(x) . Então =

existe uma vizinhança V (a) de a tal que 1 é limitada em V (a) n B.

Demonstração. Seja E = 1. Como limx-+a 1(x) = f, existe 6 > O tal que

x E B, O < I x - 0,1 < 6 :::} 11(x) - fi < I


:::} 11(x) I - lfl < 1 :::} 1 1(x) 1 < I fl + 1.

Logo, se V(a) (a - 6, 0, + 6) , x E V(a) n B \ {a} implica 1 1(x) 1 < Ifl + 1.


=

Assim, 11(x) 1 :S; Ifl + I + 11(0,) 1 , para todo x E V(a) n B. Ou seja, 1 é


limitada em V(a) n B. D

Seja 1 : B � ]R uma função, e seja a um ponto de B ou um ponto de


acumulação de B. Se existe uma vizinhança V (a) de a tal que 1 é limitada
em V (a) n B [ou seja, vale a con c lusão da proposição 2.2. 3], diz-se que
1 é localmente limitada no ponto a. Diz-se que uma função é localmente
limitada em um conjunto B C ]R se for localmente limitada em cada ponto
de B. Neste contexto, a proposição 2.2.3 poderia ser enunciada:
"Seja 1 : B � ]R e suponhamos que exista fi limx-+a 1 (x). Então 1 é
=

localmente limitada em a. "


Observação 2. 2. 4. Obviamente, qualquer função limitada 1 : A � ]R é lo­
calmente limitada em A. Entretanto, não vale a recíproca desta afirmação
pois, pelo que já sabemos, a função identidade !(x) x, x E ]R, é local­
=

mente limitada em ]R [pois existe o limite em cada ponto de ]R], mas é claro
que a função identidade não é uma função limitada. A função 1(x) l/x é =

localmente limitada em B (0, 00) [pois O � B], mas não é limitada em B.


=
Propriedades dos limites • 51

;ti = l/x

Figura 2.2.1: Não existem os limites para x ---t O

A proposição 2.2.3, acima, pode ser vista como um critério de não exis­
tência do limite: "Se uma função não é localmente limitada num ponto a,
então não existe limx---+a f (x) . "
EXEMPLO (1) Não existem limx---+o(l/x) e limx---+o(1/x2 ) , pois l/x e
2.2.5.
1/x2 não são funções localmente limitadas em O. Veja as figuras 2 . 2 . 1.
(2) Com o mesmo argumento vê-se que as funções csc x e cot x não têm
limite nos pontos a k7r, ±k: 0, 1, . . ..
= =

(3) A função f(x) sen(l/x) é localmente limitada no ponto x


= O, =

mas, como já vimos, não existe limx---+o sen(l/x) . Isto é, não vale a recíproca
da proposição 2.2.3.

Quando uma função f satisfaz limx---+a f (x) O, usa-se dizer que f é


=

um infinitésimo em a. A proposição abaixo diz, em outros termos, que o


produto de uma função limitada por um infinitésimo é um infinitésimo.
PROPOSIÇÃO 2.2.6. Sejam f, h : B --+ IR, limx---+a f(x) = O e h localmente
limitada em a, então limx---+a h(x) f(x) O. =

Demonstração. Sejam 61 > O tal que h é limitada em V'h ( a ) n B eK> O


tal que Ih(x) 1 � K, para todo x E 1181 ( a) n B.
Seja c > O qualquer e tomemos 6, 6 1 > 6 > O, tal que
x E B, O < Ix - a i < 6 =} If(x) 1 < c/ K.
Assim, se x E B,
c
O < Ix - a i < 6 =} Ih(x) f(x)1 = Ih(x) llf(x) 1 < K c.
K
=

Isto é, limx---+a h(x) f(x) = O. D


52 • Limite e Continuidade

1
Figura 2.2.2: g(x) = x sen­
x

EXEMPLO 2.2.7. (1) limx-->ox sen � 0, pois este é o limite do produto de


=

uma função limitada, h(x) sen � , por um infinitésimo em 0, f(x)


= x. A =

figura 2.2.2 mostra o gráfico da função par g(x) x sen � . =

(2) limx-->ox2 sec x cos3 � 0, pois a função considerada é o produto de


=

uma função localmente limitada em 0, h(x) sec x cos3 � , por um infinité­


=

simo em 0, f(x) x2 . =

(3) A hipótese de h ser localmente limitada na proposição 2.2.6 é es­


sencial. Por exemplo, se tivermos f(x) x [portanto limx-->o f(x)
= O] e =

h(x) l/x, que não é localmente limitada em 0, será inválida a conclusão


=

da proposição 2.2.6, pois limx-->o f(x) h(x) 1. Na verdade, quando essa hi­
=

pótese não é imposta nada se pode dizer, pois se tomarmos agora f(x) x2 =

e mantivermos h( x) l/x, teremos limx-->o f(x) h(x) O.


= =

TEOREMA DA COMPARAÇÃO . Sejam f,g : B -----t IR com f(x) � g(x) , para


todo x E B . Se existem limx-->a f (x) e limx-->a 9 (x) , então

lim f (x) � lim 9 (x) .


x ----+a x ----+a
(2.2.4)

Demonstração. Suponhamos por contradição que


fil lim f(x) > lim g(x) fi2.
x ----+a x-ta
= =

Se fi = fil - fi2 , temos

lim (x)
x---ta (J - 9 (x) ) xlim f (x) - xlima 9 (x) fi > O.
----a-+ ----+
= =
Propriedades dos limites • 53

Tomando E f!/2, segue-se à definição 2. l. 1 que existe 6 > O tal que, se


=

x E B e O<Ix - a i <6, então


If (x) - g(x) - f!1 <f!/2,

-f!/2<(f (x) - g(x) ) - f!<f!/2.


Assim, O <f!/2 < f (x) - g(x) , o que é uma contradição, uma vez que
f(x) :( g(x) , para todo x E B. D

EXEMPLO 2.2.8. (1) limx->2 (sen 2 x + x cos2 x) :( 3.


Note inicialmente que o limite existe. Como x -----t 2, podemos considerar
x > O. Portanto
sen 2 X + X cos2 X :( 1 + x
=
e, como limx->2 (1+x) 3, a afirmação decorre do Teorema da Comparação.
(2) Mesmo que f(x) <g(x) , x E B,não se pode trocar ":(" por "<" em
(2.2.4). De fato, se g(x) x e f (x) -x, para x E (0, 1) , temos f (x)<g(x)
= =

em (0, 1) e
lim f (x ) lim g(x) O.
x---+O x---+O
= =

(3) Se para alguma função f existe limx---+a 1 :�;�x) 1 = f!, o Teorema da


. f (x) /'
Comparaçao lInpl'lca {:o/'
_ . "':::: 1, pOIS 1 "':::: 1.
+ If (x)1
Uma das conseqüências do Teorema da Comparação é o Teorema do
Confronto, conhecido popularmente como Teorema do Sanduíche.
TEOREMA DO CONFRONTO. Sejam f,g, h : B -----t ]R tais que
f (x) :( g(x) :( h(x) ,
para todo x E B, então

x->a f (x)
lim = x---+
lim h(x)
a
= f! =? lim g(x)
x---+a
= f!.

Demonstração. Seja E > O dado e tomemos 61, 62 > O tais que


x E B, O < Ix - a i < 61 => f - E < f (x) < f + E,
x E B, O<Ix - a i <62 =? f! - E<h(x) <f! + E.
Logo, se 6 = min{61, 6d > O e x E B,

O<Ix - a i <6 =? f! - E<f (x) :( g(x) :( h(x) <f! + E =? Ig(x) - f!1 <E.
Ou seja, limx->a g(x) = f!. D
54 • Limite e Continuidade

f
Figura 2.2.3: Teorema do Confronto

A figura 2. 2. 3 representa uma situação típica dos gráficos de J, 9 e h nas


condições do Teorema do Confronto.

lim x sen = O, apresentado no exemplo 2. 2.7-


1
Observação 2.2.9. O fato x--+
O
-

x
(1),página 52,decorre também do Teorema do Confronto, urna vez que
1
- Ixl � x sen � I xl
x
-

e limx--+o - Ix I = limx--+o I xI = O.
PRIMEIRO LIMITE FUNDAMENTAL.
lim
sen x
x--+O x
= 1.
sen x ,
Demonstração. Corno -- e uma função par, é suficiente mostrar que
x
limx--+o+
sen x
--

x
=
1 [ veja o exercício 48].
Seja O < x < 7r /2. Na figura 2.2.4 representamos o arco AB de compri-
mento x da circunferência unitária. Sejam 51 a área do triângulo OAB, 52 a
do setor circular OAB e 53 a do triângulo OAG. Corno as alturas dos triân­
gulos OAB e OAG, relativas à base OA, são sen x e tan x, respectivamente,
de acordo com o exemplo 1. 2. 23,página 28,podemos escrever:
_ sen x
51
- 2 '
Propriedades dos limites • 55

Como o setor contém o primeiro triângulo e está contido no segundo, temos


51 < 52 < 5;{, logo sen x < x < tan x. Dividindo por sen x e invertendo.

1> --
sen x
x
> cos x.

Passando ao limite, com x -----+ 0+, a conclusão agora é conseqüência direta


do Teorema do Confronto, pois limx--->o + cos x 1. = O

Figura 2.2.4: 6 OAB C Setor OAB C 60AC

EXEMPLO 2.2.10. (1)


lim
x--->o
--
sen 2 x
x
= O.

sen 2 :r
De fato, limx--->o --- =
( sen )
(limx--->o sen x) limx--->o --
X
= 0·1 = O.
x x
(2)
tan x
lim -- = 1.
x--->o x

(limx--->o _ _ ) ( limx-+o )
tan x 1 seu X
De fato, limx--->o = = 1. 1 = 1.
x cos x x
(3) A função g(x) = x sen-,x1 tratada no exemplo 2.2.7, página 52, sa­
tü;[az lim g(x)
x--+oo
= lim g(x)
X-t-CX)
= 1.

Finalizamos esta seção antecipando dois fatos sobre raízes n-ésimas e


expoentes fracionários que serão provados mais tarde. O primeiro, que é um
caso particular do segundo, é também conseqüência direta da proposição
2. 4. 21, página 78 [veja o exemplo 2.4.23, subseqüente a essa proposição]. O
segundo decorre da proposição 2. 4. 24, página 79.
56 • Limite e Continuidade

PROPOSIÇÃO 2.2.11. Se n é um inteiro positivo, então


lim ifi
x-+a
= y'a,
sempre que :çra exista em IR..
Mais geralmente,
PROPOSIÇÃO 2.2.12. Suponhamos limx-+a f (x) = fi E ]R e seja n um nú­
mero inteiro positivo. Suponhamo8 ainda fi> O se n for par. Então
lim
x-+a
\If (x) = V1. (2. 2. 5)

Em outros termos, esta proposição diz que a ordem dos sinais de limite
e de radiciação pode ser trocada, isto é,

lim
x-+a
\If(x) = n lim f (x) .
x-+a
A hipótese fi > O no caso n par é necessária. De fato, tomemos fi = O e
consideremos a função f ( x) = -x2 , n par e a = 0, por exemplo. Todas as
hipóteses da proposição 2. 2. 12 estão satisfeitas, mas a equação (2. 2. 5) não
faz sentido neste caso.
EXEMPLO 2.2.13. (1) Se a> O; m, n = 1, 2, . . . , temos
lim
x-+a ( ifi) m
= lim yrxm
x-+a
= vc;m = ( y'a) m
.

Em outros termos,
x-+a
(2) Ainda como conseqüência da proposição 2. 2. 12 temos
lim \Y3x2 -5x- 36 = - 2.
x-+4

2.3 LIMITES NO INFINITO E LIMITES INFINITOS

Não existe limx-+o (1/x2 ) , uma vez que a função g(x) = 1/x2 não é localmente
limitada [veja figura 2. 2. 1, página 51]. Os valores 1/.1:2 podem ser feitos
arbitrariamente grandes tomando- se x suficientemente próximo de O. Por
esta razão, embora não exista o limite de 9 em O e isto deve ficar claro, pois
-

não existe um número fi satisfazendo a definição de limite, definição 2.1.1,


página 42 ainda assim se escreve
-

1
limo ----:2 = 00.
x-+ x
De um modo geral, temos:
Limites no infinito e l'imites infinitos • 57

DEFINIÇÃO 2.3.1. Sejam f : B -----+ IR e a um ponto de acumulação de B.


Diz-se que o limite de f(x) é infinito quando x tende a a e se denota
lim f(x)
X----+(l
= 00

se, dado qualquer número K> O, existe 6 = 6(K)> O tal que


x E B, O<Ix -ai<6 f(x)> K.
Esboce os gráficos das funções dadas no exemplo 2.3.2 a seguir.
EXEMPLO 2.3.2. (1) Se f(x) l/Ix-ai, então lirnx--->a f(x) 00 .

De fato, dado K> O, tomemos 6 = 1/K. Então


= =

1 1
Ix-ai<6 =} > K.
Ix-ai b
=

(2) limx--->oj[l/xll 00, onde [xl denota a parte inteira de x. De fato,


=

antes de tudo note que l[l/xll + 1 ;? lI/xi, para todo x #- o. Dado K> O,
tomemos 6 = l/(K + 1). Então
Ixl<6 =} l[l/xll;? 11/xl-1> (1/6)-1 K. =

A função f(x) l[l/xll é par?


(3) Se f(x) 1/x2 + sen(l/x), então limx--->o f(x) = 00.
=

De fato, dado K> O, tomemos 6 v'�+1. Então =

I �x2 + sen � I ;? x2� -1> 62� -1


X
= K.

PROPOSIÇÃO 2.3.3. Sejam f, 9 : B -----+ IR, com g(x)> O, x E B, e supo­


nhamos que existam limx--->a f(x) P> O e limx--->a 9(x) O. Então
= =

. f(x)
11ma-
x---> -
9( X)
= 00.

Demonstração. Tomando E = P/2, existe 6> O tal que


x E B, O<Ix -ai<6 =} If(x)-PI<P/2 =} f(x)> P/2> o.

Considerando agora E P/(2K) e tomando 6 menor, se necessário, podemos


=

garantir também [note que g(x)> O]


x E B, O<Ix-ai<6 =} g(x)<P/(2K),

f(x) P/2
x E B, O<Ix -ai <6 =} > = K. D
g(x) P/(2K)
58 • Limite e Continuidade

EXEMPLO 2.3.4. limx-t7f I cot xl = 00, pela proposição 2.3.3.


É natural escrever limx--->ü -I/x2 =
pois o número negativo -I/x2
- 00,

pode ser arbitrariamente grande, em módulo, se tomarmos x suficientemente


próximo de O. Mais geral e precisamente,
DEFINIÇÃO 2.3.5. Sejam f : B ffi. e a um ponto de acumulação de B.
--+

Diz-se que o limite de f ( x) é -00 quando x tende a a e se denota


lima f ( x)
x---> = -00

se, dado um número K> O, existe 5 = 5 (K) > O tal que


x E B, O<I x - a i <5 f ( x) <- K.
=
É claro que limx--->a f(x) -00 se e somente se limx-ta f ( x) = 00.
=
-

A função f ( x) l/x [veja a figura 2.2. 1] não é localmente limitada em


O e não tem limite 00 nem -00 em O. Seu comportamento para x próximo
de O, no entanto, inspira a definição de limites laterais infinitos.
DEFINIÇÃO 2.3.6. Dada f : B ffi., B C ffi., se a é ponto de acumulação
à esquerda para B e se limx--->a f I Bn( �oo a) ( x) = 00, diz-se que o limite à
--+

f x) = 00.
,
esquerda de f em a é 00 e se denota xlim
----.-a-t - (

Figura 2. 3. 1: y = tanx

EXEMPLO 2.3.7.

x--->(lim tan.1: = 00 e x lim tan x -00.


�+k7f)� --->(�+k7f)+
=

±k = 0,1, 2,.... Veja a figura 2.3.1.


Limites no infinito e limites infinitos • 59

Sejam f : B IR. e a ponto de acumulação à esquerda e à direita de


-----7

B C IR.. Então decorre imediatamente das definições acima que


lim f(x) = 00
x-ra
{:} lim f(x)
x----+a-
= lim f(x) = 00.
x ----+a +

Consideremos agora a função f(x) = --


x+1
.
x

x+l
Figura 2. 3.2: f(x) = -­

Vê-se que f(x) pode estar arbitrariamente próximo de 1 tomando-se


x> O suficientemente grande. Veja a figura 2.3.2.
Esta situação, que se denota por

lim
x->
x+1
(X) x
-- = 1,
inspira a seguinte definição:
DEFINIÇÃO 2.3.8. Seja f : A IR., e suponhamos que A C IR. não seja
-----7

limitado superiormente. Diz-se que € E IR. é o limite de f(x) q'uando x 00 -----7

e se denota
lim f(x) = €,
X-r(XJ
se dado um número E> O, existe um número K = K(E)> O tal que
x E A, x> K :::} If(x) -
€I<E.

Suponhamos que urna função f esteja definida em um intervalo [b,00),


para algum b E IR.. De acordo com a figura 2.3.3, a definição 2.3.8, acima,
60 • Limite e Continuidade

Figura 2.3.3: limx-+oo f(x) = P

diz que: dada uma faixa F {(x, y) I g c < y < g + c}, não importa
= -

quão estreita ela seja, existe um número K> O de modo que o gráfico da
função f restrita ao intervalo (K,(0) , está contido na faixa F. É claro que
diminuindo c> O, será preciso tomar K> O maior, em geral.
. x
EXEMPLO 2.3.9. (1) 11m 1. -- =

x--->oo 1 + x
De fato, dado c> O, tomemos K l/c. Então, =

1 1
x� K < - :::; - = c.
x K

sen x
(2) lim -- = O.
x--->oo x
De fato, dado c> O, tomemos K = l/c. Então,

sen x � �
x> K ::::}
I x I :::;
x
<
K
= c.

(3) Em muitos casos não é necessário se aplicar diretamente a definição


2.3.8 no cálculo de um limite. Por exemplo:
1
lim x sen - = 1.
x-+oo x

De fato, definindo y l/x, temos y


= - 0+ se e somente se x -* 00, logo,
pelo Primeiro Limite Fundamental,
1 seny
lim x sen - lim -- 1.
y
= =

x-+oo x -+ +
y O
Limites no infinito e limites infinitos • 61

Observação 2.3.10. E comum nas aplicações da definição 2. 3. 8 que o do­


mínio A seja um intervalo [b,(0 ) , b E ]H., ou contenha um intervalo deste
tipo. Há, no entanto, situações em que A não satisfaz esta condição. A mais
importante é quando A N e a função f é, portanto uma seqüência. Neste
=

caso, como já vimos, para cada nEN denotamos f (n) = Xn e, se a definição


2. 3. 8 estiver satisfeita, dizemos que a seqüência {xn} é convergente para e.
[Confira com a definição 2.3.20 apresentada a seguir, página 67, e com a
subseqüente figura 2.3.5.]

Voltemos agora à função


x+1
f (x) =

x
considerada anteriormente. Vê-se que também para valores negativos de x,
suficientemente grandes em módulo, os valores f (x) ficam arbitrariamente
próximos de 1. Este fato é denotado por

x--*limex::. f (x)
-
= 1.

tvlais geralmente, temos a seguinte definição:


DEFINIÇÃO 2.3.1 1. Seja f : A -y ]H., com A C ]H. não limitado inferior­
mente. Diz-se que fJ E]H. é o limite de f em -00, isto é, limx-t-CXJ f (x) fJ , =

se dado um número é > O, existe um número K K( é) > O tal que =

xEA, x<- K =? If (x) - fJ l< é.

Observação 2.3.12. Quando limx-tCXJ f (x) fJ E]H. ou lirnx-t-CXJ f (x) fJ ,di­


= =

zemos que a reta y fJ é uma assíntota horizontal do gráfico de f. Quando


=

escrevemos simplesmente limx-tCXJ f (x) fJ estamos admitindo implicita­


=

mente que o domínio B de f não é limitado superiormente. No caso em que


x -00 também omitimos, em geral, que B não é limitado inferiormente.
-y

Note que x 2 pode ser feito arbitrariamente grande tomando-se x sufi­


cientemente grande. Esse fato se denota por limx-too x 2 = 00 e inspira a
seguinte definição:
DEFINIÇÃO 2.3.1 3. Seja f : A ]H., com A C ]H. não limitado superior­
-y

mente. Diz-se que 00 é o limite de f em 00 e se denota


limCXJ f(x)
X--+ = 00,
62 • Limite e Cont'inuidade

se, dado um número L > 0, existe um núrnero K = K( é) > ° tal que


x E A , x > K =} J(x) > L.

Podem-se tomar todas as combinações dos sinais ± e adaptar o que foi


feito até aqui nesta seção para dar significado a todas as expressões
limoo J(x) = ±oo.
x->±
Todas as proposições da seção anterior, relativas a limites, podem ser
reformuladas com algumas adaptações óbvias para limites no infinito, com
±oo no papel do ponto D. Temos, por exemplo:
PROPOSIÇÃO 2.3.14. Se limx->±oo J(x) = RI e limx->±oo g(x)
RI,R2 E IR, então

x->lim
±oo ( J(x) + g(x)) = RI + R2'

A prova da proposição a seguir é análoga à da proposição 2. 2. 6.


PROPOSIÇÃO 2.3.15. Seja B C IR não limitado superiormente e conside­
remos J, h : B IR, h limitada e limx->oo J(x) = 0, então
-----+

lim h(x)J(x)
X----:o(X)
= O.

Assim, temos o seguinte corolário:


COROLÁRIO 2.3.16. Se limx->a J(x) = R e limx->a g(x) = ±oo, com R E IR
e D E IR* = IR U {+oo, -oo}, então
. - J(x)
x->a 9 ( -
11m
X)
= O.

Pois o quociente J(x)/9(x) pode ser visto como o produto de uma função
limitada, J(x), por um infinitésimo em D, l/g(x).
EXEMPLO 2.3.17. Como conseqüência do corolário 2. 3. 16, temos:
. x
nH --2-
x1->� tan x O. =
Limites no infinito e {imites infinitos • 63

A proposição abaixo, cuja prova é deixada como exercício, estabelece


propriedades dos limites infinitos análogas às da proposição 2. 2. l.
PROPOSIÇÃO 2.3.18. Consideremos aE]R*.
1. Se lim f (x) f!E]R e lim ---+ g(x) ±oo, então
x---+a =
x a =

lim (.t (x) + g(x) ) = ±oo.


x---+a

2. Se limx---+a f (x) = limx---+a g(x) = ±oo, então


lim (.t (x) + g(x) ) = ±oo
x---+a

lim f (x) g(x) = 00.


x---+a

3. Se lim x---+a f (x) = - limx---+a g(x) = ±oo, então


lim f (x) g(x) = -00.
x---+a

4. Seja f!> O um número e suponhamos limx ---+ a g(x) = 00. Então


lim f (x) = f! =* lim f (x) g(x) = 00,
x---+a x---+a

lim f (x) = -f! =* lim f (x) g(x) = -00,


x---+a x---+a

EXEMPLO 2.3.19. (1) Dado o polinômio P(x) = aoxn + aIxn -1 + ... + an,
n � 1,temos:
ao> O =* lim P(x) x---+(X)
= 00,
(2. 3. 1)
ao<O =* lim P(x) = -00.
x---+oo

De fato, podemos escrever


.
11m P(x)
. aI
11m xn ao + -
(
+ ... +
a
n .
-
)
x---+oo
=

X->(X) X Xn
Notando que

lim xn = 00 e
.
llIn
( ao + -aI + ... + -
an)
= ao,
x--+oo xn
x->oo X
as implicações (2. 3. 1) seguem do item 4 da proposição 2. 3. 18.
(2) Consideremos uma função racional, isto é, dada pelo quociente de
dois polinômios,
aoxn + aIxn-1 + . . . + an
P(x)
boxm + bIxm-1 + ... + bm '
Q(x)
com bo =1= O, e suponhamos Tn, n � l. Tem-se
64 • Limite e Continuidade

. P(x)
( a) Se n<m, então hrnx--+oo -- = 0,
Q(x)
. P(x) ao
( b) se n = m, então lnllx--+oo = - e
Q(x ) bo
( c) se n> m e ao -I=- 0, então

r P(x) {oo, se ao e batêm mesmo sinal,


=
x �� Q(x) -00, se ao e batêm sinais opostos.

Para provar o item ( a) , dividimos o numerador e o denominador por xrn


e obtemos
1. P(x) 1·Inl aaxn-rn + aIxn-rn - l + ... + anx-m °
nIl = = = °
x--+oo Q(X ) x--+oo ba+ bl X -I + ... + bm x-m
- .

bo
Procedemos da mesma forma para provar ( b) . Como m = n, temos

Para provar ( c) , como n > m, efetuamos a divisão dos polinômios, ob­


tendo como quociente um polinômio de grau n - m,
aa n m
T(x) = x - + CIXn-rn -1 + ... + Cn-rn
bo
e, como resto, um polinômio R(x) de grau p<m. Portanto

P(x) R(x)
= + T(x),
Q(x) Q(x)
o que implica ( c) , pois

se aa/ba> 0,
lim T(x)
x---+oo
= {oo,-00, se ao/ba<O

. R(x)
e, de acordo com ( a) , hmx--+oo = O.
Q(x)
(3)
1. 3X2 + 1 3
nn
x--+±oo 2X2 - 2x - 4
Limites no infinito e limites infinitos • 65

De fato, dividindo o numerador e o denominador por x 2, temos

. 3X2 + 1 . 3 + (1/x 2) 3
11m =
1Inl -

x->±oo 2x 2 - 2x - 4 x->±oo 2 - (2/x) - (4/x 2) 2


Conhecer as assíntotas horizontais e os pontos onde os limites laterais
são ±oo é fundamental para se obter um esboço do gráfico de uma função.
Quando estudarmos as derivadas, possuiremos outros recursos que, aliados
a este, nos darão informações mais completas para fazer esses esboços.
A reta horizontal y 3/2 é uma assíntota do gráfico da função
=

_ 3x 2 + 1
f (x) - 2
2X - 2x - 4
A figura 2. 3. 4 é um esboço do gráfico de f.

3x2+ 1
Figura 2.3.4: f(x) =
2x2- 2x- 4

(4) A reta y =
O é uma assíntota horizontal da função
_ 2X2 - X + 1
f (x) -
x3 - 4 ·
De fato, basta verificar que limx->±oo f (x) =
O dividindo o numerador e o
denominador por x 3 .

Note que a proposição 2. 3. 18 não trata dos seguintes casos:


66 • Limite e ContúLu'idade

(a) limx-->a ( J(x) � g(x) ) , quando limx-->a f(x) = limx -->a g(x) = 00.

(b) limx-->a f(x) g(x) , quando limx ---->a f(x) = O e limx-->a g(x) = ±oo.

(c) limx-->a ���� , quando limx-->o f(x) = limx -->a 9 (x) = ±oo.

Também a proposição 2. 2. 1 exclui o caso

(d) limx-->o ���� , quando limx-->a f(x) = limx-->a 9 (x) = o.

Nestes casos, a aplicação formal das propriedades dos limites leva a


expressões sem sentido como: 00 00, 000, 00/00 e O/O. Estas são cha­

madas formas indeterminadas porque, dado f E IR arbitrário, podemos ter


limx-7a (f (x) 9 (x) ) = f, no caso (a) , ou limx-->o f (x) 9 (x) = f, no caso (b) , ou

limx-->a ( J (x) /9 (x) ) = f, nos casos (c) ou (d) , para convenientes escolhas de
f e g. Ou seja, esses limites podem valer qualquer número f E IR. Por exem­
plo, no caso (a) , com a = O, podemos tomar f (x) = 1/lxl e g(x) = 1/lxl f � .

Assim, limx-7of(x) = limx-->og(x) 00 e limx-->o ( J(x) g(x) ) = f.


= �

Deixamos como exercício encontrar exemplos de funções f e 9 que jus­


tifiquem que os casos (b) , (c) e (d) levam a formas indeterminadas.
Se P e Q são polinômios não constantes, o limite

. P(x)
llIn
-->
X ±CXl Q (x)

sempre leva a uma forma indeterminada, como ficou demonstrado no exem­


plo 2. 3. 19 - (1) . O exemplo 2. 3. 19 - (2) define, na página 63, procedimentos
gerais para resolver este caso específico do problema. Não há, entretanto,
procedimentos gerais para a solução de qualquer limite que leva a uma forma
indeterminada. Mais tarde, no capítulo 3, trataremos da Regra de L'Hôpital,
que decide muitos casos.

2. 3. 1 Seqüências convergentes
As seqüências, como já vimos, são funções cujo domínio é o conjunto N
dos números naturais, conforme a definição 1. 2. 8, página 23. Não envolvem,
portanto nenhuma novidade conceitual; apenas a notação e uma termino­
logia próprias são adotadas. Algumas definições e propriedades são agora
reformuladas no contexto das seqüências somente para ficarem compatíveis
com a notação e a terminologia usuais.
Quando tratamos de uma seqüência {Xn hlEN, ou seja, de uma função
n E N 1-----7 f ( n ) = Xn E IR, a única possibilidade de considerarmos limite
Limites no infinito e limites infinitos • 67

é O caso de limite no infinito, uma vez que o domínio N não tem pontos
de acumulação a E IR. Quando existe o limite no infinito de {xn}, diz-se
que a seqüência {xrJ é convergente, caso contrário ela se diz divergente. Em
correspondência com a definição 2. 3. 8, temos:
DEFINIÇÃO 2.3.20. Uma seqüência {xn} é convergente e converge para a E
IR se, para todo número E> O, existe um número v E N tal que
n> v =}
o número a é chamado limite da seqüência {xn }. Quando uma seqüência
não é convergente, ela se diz divergente.

Se {xn} é convergente para a E IR, a notação "limn-too Xn = a " continua


em uso, mas neste caso é muito freqüente a notação
Xn ---+ a, COIn n ---+ 00.
Quando não há perigo de confusão [e em geral não há], usa-se simplesmente
Xn ---+ a.
Quando {xn} não converge para a E IR, podemos escrever: Xn f+ a.

1
Xv ------+-
. . . . 2é
T
X2

1 2 3 11

Figura 2.3.5: Xn --+ a, com n --+ CXJ

Como não poderia deixar de ser, a interpretação geométrica da definição


2. 3. 20 é a mesma da definição 2. 3. 8, página 59. Ela está na figura 2. 3. 5,
que é a versão da figura 2. 3. 3, página 60, para o caso de seqüências. Dada
uma faixa do plano xV, F = {(x, y) I Iy - a i < E } , E > O, não importa
quão estreita ela seja, existe um número natural v tal que, para n > v,os
pontos ( n,xn) pertencem à faixa F. Os pontos da forma (n,xn) , com n E N,
correspondem ao gráfico da seqüência {xn}.
68 • Limite e Continuidade

EXEMPLO 2.3.21. (1) lim � = O. Este fato é, na verdade, o corolário 1. 1. 19


n-->oo n
da propriedade arquimediana.
n+ 1
(2) lim
-->
= 1. De fato, dado E > 0, basta tomar N � 1 /E, pois
n oo n
--

n> N � I
n+ 1
n
- 1 = � <� � E.
n N
1
(3) Se {xn} é dada por Xn 0, lTt, n = 0, 1 , 2 , . . . , isto é,
=

1, 0, 1, 0, 0 1, 0, 001, . . . ,

temos Xn -----+ O. De fato, dado E> 0, basta tomar N tal que lON � l/E.

Na terminologia própria das seqüências, uma versão da proposição 2. 3. 1 4


pode ser formulada como a seguir

PROPOSIÇÃO 2.3.22. Se Xn -----+ a e Yn -----+ b, a, b E ]R, então:

2. XnYn -----+ ab

3. l/xn -----+ l/a, desde que a # °

Portanto, supondo satisfeitas as hipóteses da proposição 2. 3. 2 2,temos:

e, se a # 0,
Yn b
- -----+ -.

Xn a

EXEMPLO 2.3. 23.


3n 3
--- -----+ -

2n - 3 2'
3n . 3 3 3
De fato. lim = lun
, n-->oo 2 n - 3 n-->oo 2 - 3/n 2

No capítulo 5, nos dedicaremos com maior profundidade ao estudo da


convergência de seqüências.
Continuidade • 69

2. 4 CONTINUIDADE

Dizer que f : B -----t ]R. é contínua em a E B significa que f leva pontos


próximos de a em pontos próximos de f (a) . Precisamente,
DEFINIÇÃO 2. 4. 1. Uma função f : B -----t ]R. é contínua em 11m ponto a E B
se, dado c> O, existe 6> O de modo que
x E B, Ix - a i <6 :::::;, If (x) - f (a) 1 <c .
Quando f não é contínua em um ponto b E B diz-se que f é descontínua
em b,ou que b é uma descontinuidade de f.

Observe que, diferentemente da definição 2.1.1 [de limite], página 42,


aqui não pomos a condição " O<I x - a i " . Esta sutileza se reflete em exigên­
cias sobre o valor f (a) que não eram feitas naquela definição. Aliás, como
observamos na oportunidade, f (a) nem precisava existir.
Observação 2. 4. 2. (1) Uma pré-condição para uma função f ser contínua
em a é que o ponto a pertença ao domínio de f,ou seja, que f (a) exista.
(2) Dizer que f é contínua num ponto a não significa necessariamente que
limx->a f (x) f (a) , embora este seja o caso nas situações mais relevantes do
=

Cálculo. Mais precisamente, tratando-se da continuidade em a E B de uma


função f : B -----t ]R., vale a seguinte asserção, cujas hipóteses estão satisfeitas
em quase todas as situações no Cálculo:
Se um ponto a pertence a B e é ponto de acumulação de B, então uma
função f : B -----t ]R. é contínua em a se e somente se
lim f (x)
x--t(l
= f (a) .

Isto é conseqüência imediata da definição 2.4.1.

Se a E B não é ponto de acumulação de B, isto é, a é um ponto isolado de B, então


qualquer função f : B ---+ ]R é contínua em a.
De fato, suponhamos que a E B não seja ponto de acumulação de B. Então
existe uma vizinhança de a, (a -8,a+ 8), 8> O, que não contém outros pontos de
B, isto é, (a -8,a+ 8) n B ={a}. Por conseguinte, dado E > O qualquer,

xEB, Ix-al<8 ::::} x=a ::::} If(x)-f(a) I=O<E.


Toda função f: Z ---+ ]R, digamos, f(n) = (-l)n, é contínua em n, qualquer que
seja n E Z, pois todo ponto n E Z é isolado.
70 • Limite e Continuidade

DEFINIÇÃO 2.4.3. Diz-se que f : A ]R. é contínua num conjunto B C A


----+

se f é contínua em todos os pontos de B. Isto é, para cada a E B e cada


c> O, existe r5 = r5(c , a) > O de modo que
x E A, I x - ai <r5 ::::} If (x) - f (a) 1 <c .
Se f é contínua em seu domínio A,diz-se simplesmente que f é contínua.

EXEMPLO 2.4.4. (1) Todo polinômio é uma função contínua. De fato, se


P é um polinômio, seu domínio é IR.. Dado a E ]R. qualquer, já sabemos que
limx->a P(x) = P(a) ; logo, de acordo com a observação 2. 4. 2 - (2) , P é uma
função contínua.
(2) A função cos x é contínua. De fato, limx->a cos x = cos a e nossa
afirmação decorre novamente da observação 2. 4. 2 - (2) .
(3) Qualquer que seja n E Z, a função f : ]R. ----+ Z tal que f ( x) = [ x] é
descontínua em n e contínua no intervalo (n, n + 1) . De fato, dado n E Z,
temos f ( x) = n, para todo x E (n, n + 1) , logo, dado a E (n, n + 1) ,
limx->a f (x) = n = f (a),ou seja, f é contínua em (n, n + 1) . Por outro lado,
limx->n- f ( x) = n - 1 i- f (n) , logo, não poderíamos ter limx->n f ( x) = f (n),
se este limite existisse.
(4) A função x 1-----7 tan x é contínua. De fato, qualquer que seja o ponto
a em seu domínio D = ]R. \ {rr/2 + mr I ±n = 0, 1, 2, .. .}, a é ponto de
acumulação de D e já sabemos que limx->a tan x = tan a, portanto a fun­
ção tan é contínua em a. Os pontos TI /2 + rm, ±n = 0, 1, 2, ..., não são
descontinuidades da função tangente, pois não pertencem a seu domínio.
(5) A função f (x) = yIx, n = 1, 2, ... é contínua como conseqüência
da proposição 2. 2. 12, página 56. Mais geralmente, pelo item (1) do exemplo
2. 2. 13 da página 56, a função f ( x) = xm/n, com m, n E N, é contínua em
(0, 00) , pois limx->a xm/n = am/n , para todo a, O<a<00.

DEFINIÇÃO 2.4.5. Diz-se que uma função f : A ----+ ]R. é lipschitziana se


existe uma constante L> O [constante de Lipschitz] tal que

If (x) - f (y)1 � Ll x - yl, x,y E A .


EXEMPLO 2.4.6. (1) Toda função f linear afim, isto é, toda função f da
forma f (x) = k x + c , onde k e c são constantes, é lipschitziana com constante
de Lipschitz Ik l, ou L> O arbitrário se k = O.
(2) No item (5) do exemplo 2. 1. 3, na página 44, utilizamos o fato da
função cosseno ter a propriedade: I cos Xl - cos x2 1 � I Xl - x 2 1 , para todos
Xl, X2 E ]R., ou seja, da função cosseno ser lipschitziana.
Continuidade • 71

(3) A função f : [1, (0) -----+]R dada por f ( x) = fi é lipschtziana com


constante de Lipschitz L = 1. De fato, para todos x , y ?: 1 tem-se

(4) A função f ( x) = x 2 não é lipschitziana. De fato, se o fosse, existiria


uma constante L> ° tal que I xi - x�1 :s:; Ll x 1 - x 21 ,para todos .T1, X2ElR.
Em particular, para X2 = ° e todo Xl X> 0,teríamos =

o que leva a X :s:; L,para todo X> 0,uma contradição.

Toda função lipschitziana f : B -----+ ]R é contínua. De fato, sejam L uma


constante de Lipschitz e aEB. Dado E> 0, tomando <5 = EI L,para todo
xEB tem-se
Ix - a i < <5 ::::} If ( x) - f (a)1 :s:; Ll x - a i < L6 = LEI L = E.

EXEMPLO 2.4.7. Se uma função f é lipschitziana em B C ]R,a observação


acima mostra que a escolha do número 6 da definição 2. 4. 3 pode ser feita
independentemente de aEB. Isto não é,entretanto, o que ocorre em geral.
Seja, por exemplo, a função f dada por
1
f ( x) = - , XE(O, oo).
x
Sabemos que f é contínua, pois limx---+a (1I x) 1I a,para todo aE(O, (0). =

No entanto, dado E > 0, não é possível encontrar um 6 que se enquadre


na definição 2. 4. 3, para todo a E(0, 00). De fato, dado qualquer E > 0,
suponhamos por um momento que exista um número 6 > 0,independente
de aE(0, 00),de modo que

Ix - a i < 6 ::::} I� - �I < E,

qualquer que seja aE(O, (0). Fixemos o ponto a = 6 e escolhamos x tal que
° < x :s:; 61(6E + 1) < 6,portanto I x - a i 6 - x < 6. Mas, =

� � 6E + 1 - �
I �X �a I
-
= -
x 6
?:
6 6
= E
'
o que é uma contradição.
72 • Limite e Continnidade

CONTINUIDADE UNIFORME
No contexto da definição 2.4.3, página 70, há casos em que a escolha de J pode ser
independe de a. Nesses casos diz-se que f é uniformemente contínua. Precisamente,

DEFINIÇÃO 2. 4. 8. Uma função f : A -+ IR é uniformemente contínua em A se,


dado E> 0, existe J = J(E)> ° de modo que
x,y E A, Ix -yl <J =? If(x) -f(y)1 <E.
Por exemplo, toda função linear afim, f(x) = kx + c, onde k e c são constantes,
é uniformemente contínua [ verifique este fato ]. No exemplo 2.4.7 mostramos que a
função contínua f(x) = l/x, x> 0, não é uniformemente contínua em (O,(0 ) .
1
EXERcícIO. Mostre que a função contínua f : (0,1] -+ IR dada por f(x) = sen­
x
não é uniformemente contínua.

Continuidade é um conceito local, definimos continuidade em um ponto a. Con­


tinuidade uniforme é global, definimos continuidade uniforme em um conjunto A.
O teorema abaixo, para o qual apresentamos uma prova na página 275, estabelece
uma propriedade fundamental das funções contínuas.
TEOREMA 2. 4. 9. Toda função contínua em um intervalo fechado e limitado [a, b] é
uniformemente contínua em [a, b].

Ser lipschitziana é uma condição mais forte que a de ser uniformemente contínua.
Isto é, como vimos imediatamente antes do exemplo 2.4.7, toda função lipschitziana
é uniformemente contínua [ dado E > 0, podemos tomar J proporcional a E], mas
existem funções uniformemente contínuas que não são lipschitzianas. Este é o caso,
por exemplo, de f : [0,1] -+ IR dada por f(x) = Vi, que é uniformemente contínua,
pelo teorema 2.4.9. No entanto, dado E > 0, para garantir a continuidade em ° é
preciso tomar J :( E2 [ verifique este fato ]. Logo, limé--+ü+ J/E = 0, ou seja, J não
pode ser escolhido proporcional a E.
EXERcíCIO. Mostre que se f: IR -+ IR é uma função periódica e contínua, então f
é uniformemente contínua.

Como observamos inicialmente, funções contínuas em um ponto a levam


pontos próximos de a em pontos próximos de f (a). Então, é muito natural
que tenhamos a seguinte proposição:
PROPOSIÇÃO 2.4.10. Uma função f : B ---+ ]R., B C ]R., é contínua em
a E B se e somente se dada { xn } , xn E B, n 0,1,. . . , =

Xn ---+ a f (xn ) ---+ f (a) . (2.4.1)


Continuidade • 73

Demonstração. Suponhamos que f : B --+ ]R seja contínua em a E B e seja


{xn} tal que xn E B, n = O, 1,. . . , e Xn --+ a.
Dado é> O, existe 6> O tal que

I x - 0,1 < 6 :::} If (x) - f(a)1 <


é.

Como Xn --+ a, também existe v E N tal que


n> v :::} IXn - 0,1 < 6.

Assim, juntando estas duas implicações, temos:


n> v :::} IXn - 0,1 < 6 :::} If ( xn) - f(a)1 <
é.

Ou seja, f (xn) --+ f (a).


Reciprocamente, se vale a implicação (2. 4. 1),suponhamos por contradi­
ção que f não seja contínua em a. Isto é, existe um E> O tal que para todo
6> O existe Xo E B,com I xo - 0,1 < 6 e I f (xo) - f (a)1 � E.
Para cada 6 = l/(n + 1), n = O, 1,2,. . . , seja XOn = xn E B tal que

n = 0,1,. . .

a primeira destas desigualdades implica Xn --+ a e, de acordo com a segunda,


f ( xn) f+ f (a),o que contraria (2. 4. 1). O

EXEMPLO 2.4.11. A função

f ( x) = { sen ,
O,
l se x i- O
se x = O,

é descontínua em x = O. Veja um esboço do gráfico de f na figura 2. 1. 4,


página 46. De fato, tomando a seqüência {xn} tal que
1
Xn = n = O, 1,2,. . . ,
( 7r/2) + 27m'
ternos Xn --+ O e f (xn) = 1, n = O, 1, . . . , logo, f (xn) --+ 1. Isto é, Xn --+ O e
f ( xn) f+ f(O).
PROPOSIÇÃO 2.4.12. Sejam f,9 : B --+ ]R funções contínuas em a E B,
então as funções soma f + g, produto f g e, se g(a) i- O, a função quociente
f /9 são contínuas em a.
74 • Limite e Contin71úlade

Demonstração. Provaremos apenas o caso do produto, os outros são intei­


ramente análogos. Sejam f e 9 contínuas em aEB. Suponhamos a ponto
de acumulação de B, senão a proposição é imediata.

lim (f9 ) (x) = lim (f (x ) 9 (x ))

(��; f (x)) (��; 9 (x)) = f (a)9 (a )


X----+CL :.D---+(L

= = (f9 ) (a),

portanto f9 é contínua em a. D

A proposição acima, no que se refere à soma ou ao produto, se estende


naturalmente para um número finito qualquer de parcelas ou fatores, res­
pectivamente. Por exemplo, as funções senn x e cosn x, nEN, são contínuas.
TEOREMA DA CONSERVAÇÃO DO SINAL. Seja f : l ffi. contínua em um ----+

intervalo l com f (c) =I- O para algum cEl. Então existe uma vizinhança V
de c tal que f (x) tem o sinal de f (c) para todo xEV n l.
Demonstração. Tomemos c = If (c) I/2. Pela continuidade em c, a definição
2. 4. 1 implica a existência de 6 > O tal que

xEBn(c - 6,c+6) =} If (x) - f (c) I<


l f c)l
, ;
f (c) - ;
If c)1
<f (x)<f (c)+
I
;
f c) l
,
donde
{ f (X) >
f C)
f (x)< ,
f (c)

, se f (c) >

se f (c) <o.
O,

Portanto f (x) tem o sinal de f (c), se xEB n (c - 6,c+6). D

EXEMPLO 2.4.13. (1) O polinômio P(x) = 2X 3 - x5 + 1 é positivo em


alguma vizinhança de x = 3/2, pois P(3/2) = 5/32 > O e P é contínuo.
(2) Nas condições do Teorema da Conservação do Sinal, pode ser pre­
ciso que a vizinhança V seja muito pequena. Para ver isto, tomemos, por
exemplo, as funções

Como fn(O) = 1, n = 1, 2,. . . , o teorema garante que existem vizinhanças


Vó(n) de O onde fn(x) > O, n = 1, 2,. . ..
Continuidade • 75

Para cada n E N, o gráfico de fn é uma parábola pelos pontos (±l/n,O)


e (0,1) apresentada na figura 2. 4. 1. A maior vizinhança de O onde fn é
positiva é V5(n) = (- l/n, l/n). Ou seja, o comprimento, 2/n, de V"n se
torna arbitrariamente pequeno quando n tende a 00.
Se f : [a,b] --+ lR. é contínua e c é um número entre f (a) e f (b),o Teorema
do Valor Intermediário, apresentado a seguir, diz que a equação f (x) = c
tem uma solução x .
TEOREMA DO VALOR INTERMEDIÁRIO. Seja f : [a,b] --+ lR. contínua, com
f (a) -# f (b) . Então f assume em (a,b) todos 08 valores entre f (a) e f (b) .
Em outros termos, se f : [a,b] --+ lR. é contínua e f (a) < c < f (b)
ou f (b) <c <f (a), existe Xo E (a,b) tal que f (xo) = c, ou seja, a reta
horizontal y = c cruza o gráfico de f. A figura 2.4.2 mostra que não é
necessariamente único esse cruzamento.

f(b)

c+-�______�____��

f(a

a :1:0 b
Figura 2.4.2: Valor Intermediário

Demonstração. Suponhamos f (a) <f (b), para atermo-nos a um caso. Se


f (a) <c <f (b), seja A = {x E [a,b] I f (x) <c } . Corno A é limitado e
A -# 0 [pois a E A],o Axioma da Completeza garante que existe Xo = sup A.
76 • Limite e Continuidade

Suponhamos temporariamente f(xo) < c. Como f(xo) - c < O,decorre


do Teorema da Conservação do Sinal que existe 6 > O tal que f (x) - c < O
para todo x E (xo-6, xo+6) . Tomando x = xo+ (6/2) , temos f (x ) - c < O.
Logo, x E A, o que é uma contradição, pois x > X o = supA. Assim,

f(xo) � c. (2. 4. 2)

Também por contradição, suponhamos agora f(xo) > c. Usando Teo­


rema da Conservação do sinal escolhamos 6 > O tal que f (x) > c para todo
x E (xo - 6, xo+ 6) . Como Xo = supA, existe x E A com Xo - 6 < x < xo,
que é uma contradição, uma vez que f (x) < c,pois x E A, e f (x) > c,pela
escolha de 6. Portanto
f(xo) :::; c. (2. 4. 3)
De (2. 4. 2) e (2. 4. 3) , obtemos f(xo) = c. D

Se, para uma função f : [a,b] -----+ ]R, vale a tese do Teorema do Valor
Intermediário, diz-se que f tem a propriedade do valor intermediário.

Observação 2. 4. 14. O Teorema do Valor Intermediário poderia ser formu­


lado nos seguintes termos:
Se f : [a,b] -----+ ]R é contínua e f(a) -I- f (b), então
[ J (a),f (b)] C f ( [a,b]) , se f (a) < f (b)
[ f (b),f (a)] C f ( [a,b]) , se f (a) > f (b).
EXEMPLO 2.4.15. Existe um único Xo E (0, 1f/2) tal que xotan xo = 103 .
De fato, se f ( x) = x tan x, então f(O) = O e, como limx---t7r/ 2 f(x) = 00,
existe b,O < b < 1f /2, tal que f (b) > 103 . Como f é contínua em [O,b] [por
que?] e f (O) < 103 < f (b), o Teorema do Valor Intermediário implica a
existência do procurado ponto Xo E (O,1f /2) . A unicidade de Xo segue de f
ser estritamente crescente em [O,1f/2) .

PROPOSIÇÃO 2.4.16. Se I é um intervalo e f : I f (I) é uma função


-----+

contínua, então f é invertível se e somente se f é estritamente crescente


ou estritamente decrescente.
Demonstração. Se f é estritamente crescente ou estritamente decrescente,
então f é bijetora, portanto invertível.
Suponhamos agora f invertível e admitamos, por um momento, que
f não seja estritamente crescente ou estritamente decrescente. Podemos
então afirmar que existem Xl < X2 < X 3 em I tais que f(xd < f (X2) e
f (X 3 ) < f (X2), pois, se não for este o caso, - f cumprirá esta condição.
Continuidade • 77

Se f (xd < f (X3 ), o Teorema do Valor Intermediário garante que existe


ç E (Xl, X2) tal que f (Ç) = f (X3 ) . Do mesmo modo, se f (X3 ) < f (xd,existe
ç E (X2, X3 ) tal que f (ç ) f (xd· Qualquer que seja a alternativa, f não é
=

biunívoca; uma contradição. D

A proposição abaixo estabelece uma relação entre continuidade e limi­


tação. Damos uma prova na página 275.
PROPOSIÇÃO 2.4.17. Se f é uma função contínua num intervalo limitado
e fechado [a,b], então f é limitada em [a,b] .
Observação 2. 4. 18. (1) Na proposição 2. 4. 17, o fato de [a,b] ser fechado é
essencial. A função f (x) = 1/ (x 2 - 1) é contínua no intervalo (- 1, 1) , mas
não é limitada.
(2) Se f é uma função contínua em [a,b],pela proposição 2. 4. 17, existem
sUP a(x(b f (x) e inf a(x(b f (x).

A proposição a seguir diz mais do que o item (2) da observação 2. 4. 18.


PROPOSIÇÃO 2.4.19. Se f é uma função contínua num intervalo limitado
e fechado [a,b], então existem x,:;r. E [a,b] tais que
f (x) = amax
x(b
f (x) e f (:;r. ) = amin
x
f (x).
( ( (b

Demonstração. Seja 5 = sUP aS::xS::b f (x) e suponhamos temporariamente


" "

f (x) < 5, para todo X E [a,b]. A função 1/(5 - f (x)) é positiva, contí-
nua e, de acordo com a proposição 2. 4. 17, limitada em [a,b]. Se L > O é
uma sua cota superior, 1/(5 - f (x)) � L implica f (x) � 5 - l/L, para
X E [a,b]. Logo, 5 - l/L é cota superior de f,o que contraria o fato de 5

ser o supremo de f. Logo, existe x E [a,b] tal que f (x ) = 5. A prova da


existência de :;r. é análoga. D

a b
Figura 2.4.3: f ([a, b]) = [m, M]
78 • Limite e Continuidade

Observação 2. 4. 20. Se f : [a,b] -7 � é contínua, pela proposição 2. 4. 19


existem
m = min f (x) e !v! = max f (x)
a�x �b a�x �b
e, pelo Teorema do Valor Intermediário, f assume todos os valores entre m
e AI. Ou seja,
f ([a,b]) = [m, !v!].
Veja a figura 2. 4. 3.

PROPOSIÇÃO 2.4.21. Se f : [a,b] -7 é estritamente crescente e contínua



então f-I: [J (a),f (b)] -7 [a,b] é contínua.
Demonstração. Seja Yo E [f (a),f (b)] e consideremos Xo E [a,b] de modo
que Yo = f (xo). Vamos nos limitar ao caso em que Xo E (a,b). Isto é,
Yo E (f (a),f (b)). Dado E > O tal que (xo E,Xo+ E) C [a,b], escolhamos

6> O de modo que


(Yo 6,Yo+6) C (f (xo E),f (xo+E)) .
� �

[Por que é possível esta escolha?] Como f-I é estritamente crescente, po­
demos escrever

Iy Yol <6=} Yo 6<y<yo+6=} f (xo E)<Y<f (.1;O+E)=}


� �

f-I (f (xo E))<f-l (y)<f-I (f (xo+E))=} Xo E<f-l (y)<Xo+E=}



f-l (yO) E<f -l (y) < f-l (yO)+E=} If-l (y) f-l (Yo)1 <E,
� �

ou seja, f-I é contínua em Yo.


As provas dos casos Xo = a e Xo = b são meras adaptações desta. D

Observe que, na demonstração da proposição 2.4.21, a prova de que a função inversa


f-I é contínua em Yo não envolveu a hipótese de f ser contínua. Temos, portanto,
uma proposição mais geral,
PROPOSIÇÃO f : [a,b] IR uma função estritamente crescente. Então
2.4.22. Seja ---+

sua inversa f-I: f ([a,b]) [a,b] é contínua.


---+

É importante notar que, neste caso, o domínio da função f-I nem sempre é o intervalo
[f(a),f(b)]. Considere, por exemplo, a função estritamente crescente f : [0,1] ---+

{
f ([O,1]) dada por
X/2, se x E [O, 1/2) ,
f(x) = 1/2, se x = 1/2,
(x+ 1)/2, se x E (1/2, 1) .
Continuidade • 79

Faça um esboço do gráfico de f e descreva o domínio f ( [O,1]) da função contí­


nua f-I. Observe que, neste caso, embora f-I seja contínua, não é verdade que
limx--+xo f-I (x) = f-1(xO) para todo Xo E f ( [O,1]). Confira com o texto entre
barras da página 69.

EXEMPLO 2.4.23. limx--+a \IX y'a. =

Basta notar que \IX é contínua como inversa de 1( x ) = xn restrita a um


domínio [intervalo1 apropriado, onde é estritamente crescente.

PROPOSIÇÃO 2.4.24. Sejam 1 : A ----+ B e 9 : B ----+ IR. Se limx--+a 1( x ) =

f E B, f é ponto de acumulação de B e 9 é contínua em f, então

l�; 9 (1 ( x ) ) = 9 (l� 1( x ) ) = 9 (f) .


Demonstração. Seja c> o. Como limy--+€ g(y) = g(f), existe p> O tal que

Iy - fi <p =? I g(y) - g(f)1 <c . (2. 4. 4)

Sendo limx--+a 1(.T ) = f, existe J> O de modo que

O<I x - a i <6 =? 1 1 (·T ) - fi <p. (2. 4. 5)

Fazendo y = 1(x) e combinando (2. 4. 4) e (2. 4. 5) , podemos escrever

O<I x - a i <6 =? 1 1 ( x ) - fi <p =? I g (f (x)) - g(f)1 <c . O

À vista da proposição 2. 4. 24, fica agora muito fácil demonstrar a propo­


sição 2. 2. 12, página 56.

PROPOSIÇÃO 2.4.25. Se 1 : A ----+ B e 9 : B ----+ IR, A, B C IR, são contínuas,


então a composição 9 o 1 : A ----+ IR é contínua.

Demonstração. Sejam a A arbitrário e xn E A, n = 0, 1, .... De acordo


E
com a proposição 2. 4. 10, usando a continuidade de 1 e g, temos:

ou seja,
xn ----+ a =? (g o f)(xn) ----+ (g o f) (a). o
80 • Limite e Continuidade

. X - sen x
EXEMPLO 2.4.26. (1) lnn x-+o cos = 1. De fato,
x

. x - sen x
11m
x->O
= 1 - 1 = 0,
X

portanto

lim cos
x-+O
x - sen x
= cos lim
x-+
( x - sen x ) = cos ° = 1.
x O X

(2) A função f(x) = \Jcos(2x4 - 3x) é contínua como composição de


funções contínuas.
De fato, P (x) = 2x4 - 3x é um polinômio, portanto uma função contínua.
A função g (x) = cos x é contínua e h (x) = rx também é contínua. A função
f em questão é a composição f = h o g o P.

2.5 EXERCÍCIOS

1) Use a definição de limite para mostrar que limx-+o+ yIx = 0, n = 2, 3, . . ..


2) Se a> 0, use a definição de limite para mostrar que limx-+a fi = fi.
Sugestão: Use a relação

Ix - ai I x - ai
"IX - vai = fi .
fi + fi <

3) Use a definição de limite para mostrar que as três afirmações abaixo são
equivalentes:
(a) limx-+a f(x) = €,
(b) limx-+a ( J(x) - €) = 0,
(c) limh-+o f(a + h) = €.
4) Mostre que
x - x2
lim = 1.
x-+l 1 - x
5) Usando a definição de limite, inspire-se no item (4) do exemplo 2. 1. 3,
página 43, para mostrar que

lim(x2 - 10) = 6.
x-+4

Use as propriedades da seção 2. 1 para calcular os limites 6) - 19) , ou mostrar


Exercícios • 81

que eles não existem:

l .
6) mlx---->-3
x+3
l
13) i mx---+1
( x - 1) 5
(/)
l x + (1/3) x5 - 1
x-3 sen22x
l
7) i mx---->;� - - --
x3 - 2 7
)
14 limx---+ü
x2
)
8 limh---ü-> � (� - 1 ) l
15) i mx---->ü x cot x
1 - cos x
l
9) i mx---->2 + J X2 +x 5-x2- 6 16) l i m x ---+ü
sen x
--­

rx + X3 /2 x + tan x
10 ) l i mx ---->16 17) l i m x ---->ü
y;-;;.
---­

x+2 sen x
:3
x - 2x + 1
1 8 ) limx---+7r -­
sen x
1 1 ) li mx ---+ 2 -----
2x2 - 3x - 2 X -1T
2X2/3 tan2x
12) l i mx----> - 8 19) l i - --
m x ---->ü
2 x4/3
_
5 x2
)
20 Verifique a seguinte desigualdade:

lim
x---->1 / 2
(cos x + x2sen4 �x ) � -54 .
Prove também que a função cos x + x2sen4 1 x é positiva quando x varia (/)
numa conveniente vizinhança de 1 2. /
. ü x cos -1 cos 2 2'
1 1
l
21) Calcule ml x ---+
x
+
x
+ cos 3 3
x
[ ] .

. 1
22 ) Calcule l nll x---+1 x (
- 1 2cos
x-I
). --
sen 7x
23) Calcule limx---+ü .
x
sen3 x
)
24 Calcule limx---+ü --- .
x2
25 ) Calcule l i mx---->ü
tan2x
x
--.
26) Calcule l ()
i mx---->a f x , definindo

f (x ) =
{(
O,
X- )
a , se x E Q
se x é irracional.

27 Sej a f : A
) R Se existe c E ]R, tal que f (x ) < c, '\I x E A, então
-----+

li mx---+a f (x ) = f =} f � c. Mostre por um contra-exemplo que "�" não pode


ser substituído por "<".
82 • Limite e Continuidade

28) Se existe limx--+a f (x) = p #- O e se limx--+a 9 ( x ) = O, mostre que não


existe limx--+a (J (x) g( x) ). /
N os exercícios 29) - 38) , calcule os limites.
2X2+3x - 5 4x-3
29) limx--+oo 34) limx--+oo v
3x2 - 4x+8 x+8
--­

6 5x
30) limx --+_oo ---
- 35) limx--+_oo
1
+ijX
2+x 1-
5;-;;'
�x
xyCX x
31) limx --+ - ----=
00 -r= ::::::;:;:
:: 36 ) limx--+ ;::-;---;­
00
V I 9x3 - yx+ 1
32) limx--+oo 3
1 +x2
37) limx--+oo ( VXTI - fi)
( 2x(x - ) ) 1
2x+1
33) limx--+_oo ----==
vx2-3
---;:: =
= 38) limx--+l (x+fi - 2) (x3 - 1)
3x2
39) Determine as assíntotas horizontais da função f (x) = e faça um
2 x2 _

esboço de seu gráfico.


5
40) Faça o mesmo que no exercício 39) para f (x) =
9-x2
1 1/
4 ) Mostre que limx--+±oo P(x) = O, se P(x) é um polinômio não constante.
42) Se ao, bo #- O, calcule

43) Mostre que se limx--+Q f (x) = 00 [ o: E lR ou o: = ±oo] , então não pode


existir P E lR ou P = 00 tal que limx--+Q f (x) = P.
-
44) Dado qualquer P E lR ou P = ±oo, mostre que existem funções f e g, de
modo que limx--+a f (x) = limx--+a 9 (x) = O e limx--+a ���;
= P, com a E ]R. ou

a = ±oo.
45) Se n E Z, mostre que limx--+n_[x] = n -1
e limx--+n+ [x] = n.
x x
46) Mostre que x--+o
lim (x+- ) =
- lxl -1
lim ( x + - ) =
e x--+o+
lxl
1.
47) Se f (x) = [x2], quais são os pontos a E lR onde f (a-) #- f (a+) ?
48) Supondo f : (-b, b) lR, b > O, uma função par, verifique que
-+

limx--+o+ f (x) = P se e somente se limx--+o- f (x) = P. Como você formularia


uma propriedade análoga para funções ímpares?
49) Mostre que se limx--+a I f (x) I = O, então limx--+a f (x) = o. O que se pode
dizer de limx --+a f (x) , se limx--+a I f (x) I = P #- O ?
Exercícios • 83

50) Calcule limx--+l+ f(x) , limx--+l- f(x) e esboce o gráfico de f,


{ 2X, se x < 1 ,
f ( x) =

x2 , se x ";? 1 .

5 1 ) Mostre que não tem limite em nenhum ponto a função

{ I, se x E Q,
f(x)
O,
=

se x é irracional.
1�
52) Calcule x--+limoo .
+ \/7 {/6
+ \I x + 17
53) Para cada uma das condições abaixo, dê exemplo de funções f e 9 tais
que limx--+xo f ( x) = fi E ffi., limx--+xo 9 ( x) = O e
. f(x)
( a) h mx--+xo = 00,
g ( x)
. f(x)
( b) h mx--+xo = -00,
g ( x)
(c) Não ocorre ( a) nem (b).

54) Se f : ffi. ffi. é uma função par e limx--+a f ( x) = fi


-----+ E ffi.*, o que se pode
dizer de limx--+_a f ( x)?
55) Se f : ffi. ffi. é uma função ímpar e limx--+a f( x) = fi ffi.*, o que se
-----+ E
pode dizer de limx--+_a f(x)?
56) Se f : ffi. ffi. é uma função periódica não constante, mostre que não
-----+

existe limx--+±oo f ( x) .
Nos exercícios 57) - 65), levando em conta a observação 1 . 2 . 4 , página 22,
determine o domínio da função contínua f.

57) f(x) = 2x23x- -x 5- 3 62) f(x) cos x1 + 1


=

I x2 - 11 x
63) f( x) = {YX-=-4
58) f(x) =

x+l x-4.

x-I
59) f(x) = 'J.�T 2=-=1 6 4) f(x) = cot x + csc x

60) f(x) = Jl - tan x 65) f(x) = x(x2Ixl _


1)
3 3
61) f(x) x2 + aa2
=
X -
84 • Limite e Continuidade

66) A função abaixo

f(x) =
{
é contínua e x = -1 7
x+ 1
I x + 11 '
para x -I=- -1 ,
1, para x =
-l.

67) Mostre que se I é um intervalo não degenerado, uma função f : ]R. --. ]R.
é contínua em a E I se e somente se limh--->O f(a + h) f( a ). =

68) Sej a f uma função contínua num intervalo ( a, b), c E (a, b). Se f( c) > O,
mostre que sup{ x E ( a, b) I f(x) > O}> c.
69) Justifique a afirmação de que são contínuas as funções
arccos : [-1 , 1 ] --. [-7r/2,1í-j2 ],
arctan : ( - 00 , 00) --. ( -7r/2,7r/2) .
70 ) Mostre que o polinômio P(x) aoxn + alxn-1 + . . . + an-l.T + an, com
=

ao > O e n ímpar, tem pelo menos uma raiz real. Se an < O, mostre que
P(x) tem pelo menos uma raiz positiva.
7 1 ) Sej a P(x) um polinômio. Justifique a afirmação de que P( sen x + cos x)
é uma função contínua.
72) Uma função racional é uma função f da forma f(x) P(x) /Q(x), onde =

P(x) e Q(x) são polinômios. Justifique a afirmação de que uma função ra­
cional é sempre contínua ( recorde que, segundo nossa convenção , o domínio
da função f é o maior subconjunto de ]R. onde f ( x) faz sentido , ou seja, o
domínio de f é ]R. \ { x I Q(x) O}). =

73) Definindo f(x) = max{l xl , x2 }, mostre que a função f é contínua nos


pontos x 1 e x = -1.
=

74) Para que valores de À a seguinte função é contínua em x 27 =

{ x2 , para x � 2,
f(x) =

ÀX, para x> 2.


75) Se f(x) x, quando x é racional, e f(x)
= 1 , quando x = é irracional ,
existe algum po.nt o onde f é contínua7
.
76) Mostre que f é contínua e esboce seu gráfico, se
sen x
. .{ para x -I=- O,
f(x) = �',
1, para x O. =

{
77) Mostre que f é contínua e esboce seu gráfico, se

f ( x) =
x sen l, para x -I=- O,
O, para x =
O.
Ex e T'dc i 08 • 85

78) De acordo com o exemplo 1 . 2 . 29 (4), página 32, defina a parte fracio­
-

nária (x) de um número real x por (x) x - [xl. Faça um esboço do gráfico
=

da função f (x) = (x 2 ). Em que pontos ela é descontínua?


79) Diz-se que um ponto Xo é uma descontinuidade de prirneim espé cie de
uma função f, se f é descontínua no ponto Xo e se existem os limites laterais
f (xo+) e f (xo-).

{
(a) Mostre que a função
sen x
se x #- 0 ,
f (x) = I x l'
1, se x = 0,

tem uma descontinuidade de primeira espécie em Xo = O.


(b) Mostre que a função
{ sen x
se x #- 0 ,
g(x) = x '
0, se x = 0,

também tem uma descontinuidade de primeira espécie em X o = O.


(c) Dê um exemplo de funções com descontinuidade de segunda espé cie em
um ponto.
80 ) Mostre que a equação tan x = x tem uma única solução em cada inter-
valo da forma (k1r �,
- k7r + k E Z.
�),
8 1 ) A soma de duas funções descontínuas pode ser contínua? E a soma de
uma função descontínua com uma contínua, pode?
82 ) Dê um exemplo de uma função estritamente crescente f definida em
um intervalo [a, b], tal que o domínio f ( [a, b]) de sua inversa f não sej a um
intervalo. f -1 é contínua?
83) Se a função f tem uma descontinuidade de primeira espécie em um ponto
a e se a função 9 tem uma descontinuidade de segunda espécie no mesmo
ponto, mostre que f + 9 tem uma descontinuidade de segunda espécie em a.
Se f e 9 têm descontinuidades de mesma espécie em a, o que se pode dizer
da soma f + g?
3

A DERIVADA

De um ponto de vista geométrico, a noção de derivada é a de tangência.


Numa visão analítica, a derivada é entendida como taxa de variação , isto é,
a razão entre a variação de uma grandeza e a variação de outra, da qual ela
depende. Assim, na dinâmica, a velocidade e a aceleração são exemplos de
derivada. A velocidade é a taxa de variação do espaço com relação ao tempo
e a aceleração é a taxa de variação da velocidade com relação ao tempo. UIn
dos principais obj etivos deste capítulo é estabelecer o conceito de derivada
e tornar precisas estas interpretações.

3. 1 O CONCEITO DE DERIVADA

Procuremos entender o que vem a ser a reta tangente ao gráfico de uma


função y = J (x) num ponto p = (xo, Yo), Yo = J (xo), estando J definida
numa vizinhança de Xo. Tomemos a reta, aqui chamada secante, passando
por (xo, Yo) e por um ponto (x, J (x)) e deixemos o ponto (x, J (x)) deslizar
ao longo do gráfico de J, tendendo a (xo, Yo). Vej a as figuras 3 . 1. 1. Neste
processo, a secante pode tender a urna posição limite, isto é, a urna reta
limite. Diz-se então que a curva y = f ( x) tem urna reta tangente no ponto
(xo, Yo) e que a reta limite é a reta tangente a essa curva no ponto (xo, Yo).
A figura 3 . 1. 1 mostra dois casos em que existe a reta tangente t , embora
o gráfico à direita possa não corresponder à nossa intuição mais primitiva,
por assim dizer, porque a reta tangente corta a curva no ponto de tangência.
Também pode não existir a reta limite, corno se vê claramente no gráfico
representado na figura 3 . 2 . 2, na página 95, com (xo, Yo) = (O, O).
88 • A Derivada

Xo Xo

Figura 3. 1 . 1 : A reta tangente à curva y = f(x) como limite de secantes

Tomemos a reta secante pelos pontos (x, f (x) ) e (xo, f (xo) ) e considere­
mos seu coeficiente angular,
f (x) - f (xo)
m(x) =
.
x - xo
o
significado de existir a tal reta limite [não vertical ] é que exista o limite
dos coeficientes angulares , com x 0, limx--->xo m(x) mo E IR. Neste caso,
� =

a reta por p = (xo, f (xo)) de coeficiente angular mo será a reta tangente


ao gráfico de f em p. Segundo a definição abaixo, o coeficiente angular mo
nada mais é do que a derivada de f em xo.
DEFINIÇÃO 3 . 1. 1. Dada f : A IR, suponhamos que o ponto xo E A sej a

também ponto de acumulação de A. Diz-se que f é diferenciável em xo se


existe o limite
f(x) - f (xo)
1' (xo) lim . (3.1.1)
X - xo
=

X--->Xo
Neste caso , o número real 1' (xo) é chamado derivada de f em xo.

Os termos derivável e diferenciável são sinônimos e serão utilizados indis­


tintamente. À s vezes convém escrever (3. 1 .1) na forma:

1· f (xo + h) - f (xo)
f' ( Xo ) = nn .
h---> O h
DEFINIÇÃO 3 . 1. 2. Sej a f e suponhamos que A sej a um intervalo
: A � IR
de extremos a, b E IR, a < b, ou uma reunião de tais intervalos. Se f é
diferenciável em todo ponto x E A, diz-se que f é diferenciável em A ou ,
simplesmente, que f é diferenciável.

Notações mais freqüentes para a derivada de y = f (x) são

/
df dy
1' , y,
dx ' dx
o conceito de derivada • 89

e, quando for preciso especificar o ponto Xo em que a derivada é calculada,


dy
f ' ( XO ) , y'(xo), dx
(xo) ,

dy
A notação é devida a Lei b n i z . Apesa r de pa recer a razão entre q u a ntidades
dx
dy e dx , e l a n a verda de representa u m ente u no, o l i m ite (3. 1 . 1 ). Será em m u itas
c i rcu nstâncias a notação mais sugestiva . A notação 1'(x) é a t ri b u íd a a Lagra n ge .
Qua ndo f é d i ferenciável em u m conj u nto A, esta notação é a m a is con ve n iente
pa ra se trata r d a função derivada f' : A ---+ IR , ou seja , a fu nção x E A f--+ 1'(x) .
Qu a ndo a variável i ndependente representa o tem po , ta m bém se u sa pa ra a deriva d a
de y = f (t) a notação y, atri b u íd a a N ewton .

EXEMPLO 3 . 1. 3 . (1) Se f(x) = k [constante] , então f'(x) o. De fato,


dado Xo E ffi., o limite (3.1.1) fica
o
f ' (xo) = lim = o.
x-+Xo X - X o

( 2 ) Se f(x) = x, então f'(x) = 1, x E R De fato,

_ 1·1m f(x + h) - f(x) -


j.'(x) - ·
_ 11m x+h-x _
- I.
h-+O h h-O h
Se f(x) = x2, então f'( 1) = 2 . De fato,

f ' (1) = lim


x
-1
f (x) - f ( 1)
x -I
= lim x2-­
x -I
x-+l
-1

= lim (x +xl)-(xI - 1)
x-+1
= lim (x + 1)
x -1
= 2.

De um modo geral,

para todo x E R De fato,


(x + h) 2 - x2
(x2) ' = lim = lim ( 2x + h) = 2x.
h-O h. h-O

(3) Generalizando o item ( 2 ) ,

(xn) ' = nxn-l, n = 1 ,2, . . . ,


90 • A Derivada

para todo x E IR. De fato, pelo desenvolvimento do binômio,

1. (x + h)n - xn
( x n)' = IlIl
h--+O
------

h
x n + n x n-lh + (;)
xn-2 h2 + ... + hn - x n
.hlIl------��----------
=

h--+O h
= [
l� n xn-l + (;) xn- 2h + ... + hn-l] = n x n-l ,

para todo x E IR.


(4)
sen' x =
cos x.
De fato, fazendo uso do Primeiro Limite Fundamental podemos escrever ,
para todo x E IR:
,
1. sen ( x + h) - sen x
sen x = 1m
h--+O
- --'------
h
1. sen x cos h + sen h cos x - sen x
=
lm
h
-------

h--+O

1. ( cos h -I) sen x + sen h cos x


=
Im --'-----'-�-------
h--+O h
1. ( cos h -I) sen x 1. sen h
=
1m + 1m cos x
h h
--

h--+O h--+O

1. ( cos2 h -I) sen x


=
1m + cos x
h--+O h( cos h + 1)
sen2 h sen x
+ cos x
'
=
lim - lim
h cos h + 1
--

h--+O h--+O
sen x
= O. --

2
+ cos x cos x . =
(5)
cos' x = - sen x ,
para todo x E IR. Deixamos, como exercício, a demonstração do item (5),
que pode ser análoga à do item (4) .
Após as considerações feitas até aqui, podemos estabelecer:
=
DEFINIÇÃO 3 . 1 . 4 . Sendo y f(x) derivável em Xo, a reta tangente ao seu
gráfico em (xo, yo), Yo f (xo), é a reta =
Y - Yo f ' (xo)(x - xo)· =
o conceito de derivada • 91

e
Xo

Figura 3 . 1 .2: ml = tantJn = �cottJ = �l/f' (xo).

Se o gráfico de uma função f tem reta tangente r num ponto P = (xo , Yo ),


Yo = f (xo ), então a reta n passando por P, perpendicular a r , é chamada
reta normal ao gráfico de f em P. Se o coeficiente angular de r é m i= O
[portanto r não é horizontal] , o coeficiente angular da reta n é
1 1
rnl = �-
m
= �--.
'
f (xo ) ,
pois, como se pode ver na figura 3.l.2, tan Bn = � cot B. Portanto a equação
da reta normal ao gráfico de f por P = (xo, Yo ) é
1
Y � Yo = � ' (xo (x - xo ).
f )
--

Figura 3 . 1 .3: Retas tangente e normal a y = x2 no ponto (2, 4)

EXEMPLO 3 . 1. 5. (1) Como a derivada de x 2 em x = 2 é 4 , a reta tangente


à parábola y = x 2 , no ponto ( 2 , 4) é
y - 4 = 4 (x - 2 )
92 • A Derivada

e a reta normal no mesmo ponto é

Y - 4 = --41 (x - 2).

Ambas estão representadas na figura 3 . 1 .3


(2 ) A equação da reta tangente ao gráfico de f (x) = x:3 no ponto ( 1 , 1 ) ,
levando em conta que f ' ( 1 ) 3 , é =
y-1 = 3 (x - 1 ) , ou 3x -y - 2 =O
e a da reta normal no mesmo ponto é
1
y-1 = - 3 (x - 1 ) , ou x + 3y - 4 = O.
Confira com a figura 3 . 1 .4

Figura 3. 1 .4: Retas tangente e normal a y = x3 no ponto ( 1 , 1 )

3.2 DIFERENCIABILIDADE E CONTINUIDADE

A seguinte proposição estabelece uma condição necessária para que uma


função sej a diferenciável. Ela e os próximos exemplos ajudam a entender
como pode ser uma função não diferenciável em um ponto.
PROPOSIÇÃO 3.2. 1 . Se uma função f é diferenciável em um ponto xo , en­
tão f é contínua em xo .
Diferenciabilidade e continuidade • 93

Demonstração. Como f é derivável em Xo , implicitamente estamos dizendo


que Xo E A é ponto de acumulação de A. Portanto f é contínua em Xo se e
=
somente se limx-+xQ f (x) f (xo ) . Este, de fato, é o caso, pois

lim [J (xo +h ) - f(xo )]


h-+O
= lim f(xo +hh) - f (xo )h
h-+O
= J ' (xo ) . O = O ,
mas lim [f (xo + h ) - f (xo )]
h-+O
= O implica limx-+xü f (x) = f (xo ) . o

Não vale a recíproca da proposição 3 .2 . 1 . Se I é um intervalo de extremos


a, b, a < b, o conj unto das funções diferenciáveis em I está propriamente
contido no conj unto das funções contínuas em I. Os exemplos 3 .2 .2 , 3 .2 .5 e
3 .2 .6 , a seguir, mostram funções contínuas e não diferenciáveis em um ponto,
ou seja, funções que estão no segundo conj unto, mas não no primeiro.
EXEMPLO 3 . 2. 2. A função f (x) = I xl é contínua, mas não diferenciável,
f ( O + h ) - f (O) .
no ponto Xo = O . De fato, nao eXIste 1' (0 ) = .
_ .

hmh-+O
h
' pOIS

f ) f ( O) -h
lim ( O + f L =
-

__ ____ _ __
lim _ =
-1 '
h-+O- h h h-+O-

r f(O +h ) - f(O) h
h !:Y+ h
= lim -
h-+O+h
= 1.

Estas expressões definem, respectivamente, a derivada à esquerda e a


derivada à direita de f em O . Mais geralmente,
DEFINIÇÃO 3 . 2. 3 . Se Xo E A é ponto de acumulação à esquerda para A e
existe o limite
f ' ( xo - ) - · f (xo +h ) - f (xo ) '
- h-+O-
11m h
diz-se que o número 1 ' (xo - ) é a derivada à esquerda de f em xo .
Se Xo E A é ponto de acumulação à direita para A e existe o limite

- 1·1m f (xo +h ) - f (xo ) '


f ' ( Xo+ ) -
h-+O+ h
diz-se que 1 ' (xo+ ) é a derivada à direita de f em xo .
A proposição a seguir decorre das propriedades dos limites laterais:
PROPOSIÇÃO 3 . 2 . 4 . Se Xo E A é
ponto de acumulação à esquerda e à di­
reita para A, então f : A � é diferenciável em Xo se e somente se
-7

suas derivadas laterais em Xo existem e coincidem. Neste caso, 1 ' (xo ) =


1 ' (xo - ) 1 ' (xo+ ) .
=
94 • A Derivada

EXEMPLO 3 . 2. 5. A função f (x) = min { x2, x4}


contínua, mas não diferen­ é
ciável, nos pontos 1 e - 1. Deixamos como exercício a prova da continuidade

-1 1

de f. Provemos que ela não é diferenciável em X o 1. De fato, como x4 = < x 2,


para - 1 < x < 1, e x 2 < x4, para I xl > 1, obtemos:

se I xl � 1
se I xl ? 1 .

= =
Donde, 1 ' ( 1 - ) 4 i- 2 1 ' ( 1+ ) e 1 '( ( - 1 ) -) = -2 i- -4 = 1 '( ( - 1 )+) . A
figura 3. 2. 1 representa o gráfico de f.

EXEMPLO 3 . 2. 6. É interessante o seguinte exemplo em que uma função f é


contínua, mas não diferenciável, num ponto e não existem nem as derivadas

{
laterais no ponto em questão.

f ( x)
x sen t' se x i- o,

o, =O
=

se x
[Veja o exerczcw 77
do capítulo anterior l. Considere um ponto (x, y) do
gráfico dessa função e veja que a reta secante por ( O, O) e ( x, y ) não tende
a uma reta limite, quando x �
O. Ela fica oscilando entre as posições das
= =
retas y x e y -x. Mais precisamente, as derivadas laterais , 1 ' (O± ), que
seriam dadas pelos limites

f (x) - f(O)
lim
x -->O± X
= lim sen � .'
x --+O± X

não existem. Vej a a figura 3. 2. 2.


Diferenciabilidade e contin7Lidade • 95

Figura 3.2.2: f (x) = xsen(l/x) , x i- O; f (O) = O

={
EXEMPLO 3 . 2. 7 . A função
I
x 2 sen �
, se x =I O ,
g (x) x
O.. se x = O,
é diferenciável e m x = O e g ' (O) = O. D e fato,

= lim g (x)
g ' (O) x ---+ O

X
g (O) = lim x2 sen ( l /x) = lim x sen I = O .
x ---+ O X x---+ o X

Portanto a reta = O y é a reta tangente no ponto (O, O) ao gráfico de g ,


esboçado na figura 3. 2.3.

. 1
FIgura 3.2.3: g(x) = x2 sen�, x i- O; g (O) = O
x
96 • A Derivada

o
exemplo 3.2.7 deve ser confrontado com o exemplo 3.2.6. Note que
a simples troca do coeficiente x por x2 muda substancialmente a natureza
local da função em torno de x = O. Enquanto no exemplo 3.2.6 não existia
a derivada em x = O, aqui temos uma função diferenciável. Entretanto, a
mudança não é apenas local, pois a função diferenciável é ímpar e a do
exemplo 3.2.6 é par.

EXEMPLO 3.2.8. Sej a f : ]R ----> [0,1] dada por

se x E ((Jl,
f (x) {�L

se x E ]R \ ((Jl.
Considere a fu nção g(x) = x2 f (x) e, como no exe m p l o 3 . 2 . 7 , use a defi n ição de
deriva d a pa ra most ra r q u e g(x) é d iferenciável em x = O e g/(O) = O. N ote q ue este
é o ú n ico ponto em q ue a fu nção 9 é contín u a .

EXEMPLO 3 . 2. 9 . A s funções f (x) = \IX, n = 2 , 3 , ... não são diferenciáveis


em x = o. De fato,

lim
y/ O +h - y'o .
= lun
(1)(1-�)
- = 00.
h-->O h h-->O h

A figura 3.2.4 mostra o caso n = 3.

Figura 3.2.4: y = ijX

Seja f : (a, b) � IR. contínua em Xo E (a, b). Se ocorrer


1. f (x) - f (xo )
1m = ±oo,
x --> x o x - Xo
Regras de derivação • 97

diz-se que o gráfico da função f tem tangente vertical em (xo , f (xo ) ) . Neste
caso não existe 1 ' (xo ) . Isto é, o gráfico de uma função diferenciável em
( a, b) não tem tangente vertical em nenhum ponto. Por exemplo, a função
f (x) ijX não é diferenciável em x 0 , seu gráfico tem tangente vertical
= =

no ponto (O, O) . Vej a a figura 3 . 2 .4.


Note que, nas considerações sobre tangente vertical , foi suposto que a
função f era contínua em Xo E ( a, b). Para a função

f (x) =
{ I�I '
0,
se x #- 0 ,
se x = 0,

.
veJa a fi gura 3 . 2 . 5 , t em-se l'1m
f (x) �
f (O)
=
1
l'1m -I 1 = 00,
-
mas nao se d'lZ
x ->O X x ->O x
que o gráfico de f tem tangente vertical em (O, O) .

Figura 3.2. 5: f (x) = 1:1 ' se x i= O; f (O) = o.

3.3 REGRAS DE DERIVAÇAO

Nos ítens (3) �(5) do exemplo 3. 1.3 , página 89, j á estabelecemos algumas
primeiras regras de derivação, mas a seguinte proposição estabelece outras ,
que facilitam os cálculos.
PROPOSIÇÃO 3.3 . 1. Se f e 9 são duas funções diferenciáveis em x , então
f + g, fg e, se g (x) #- 0 , f /g também são. Nesses casos valem as seguintes
fó rmulas :
1. [f (x) + g (x)] ' = 1 ' (x) + g ' (x) ,
2. [f (x)g (x)] ' = 1 ' (x)g (x) + f (x)g ' (x) ,

3.
[ f (x)(X ) ] ' f ' ( x ) 9 ( x) f ( x ) g ' ( x )

g [g (x )] 2
98 • A Derivada

Demonstração. Demonstremos os ítens 2 e 3.


2. A segunda igualdade abaixo pode ser obtida subtraindo-se e somando­
se o termo f (x + h) g ( x) ao numerador da fração,
f (x + h) g( x + h) - f (x)g (x)
[f( x ) 9 ( x )] ' l '
-
-
ZTnh--+O h
f (x + h) g (x + h) - f (x + h) g( x) + f (x + h) g (x) - f (x)g (x)
= lim
h--+O h
[
= 1·1m f ( x + h)
h--+O
g( x + h)
h
- g( x)
+ 9 (X)
f (X + h) - f (X)
.

h
]
g (x + h) - g (x) f (x + h) - f (x)
= 1·1m f ( x + h) l'1m
h--+O h--+O + 9 ( x ) l'1m h--+O ------

h h
= f (x) g' (x) + g (x)f' (x) .

3. Subtraindo-se e somando-se g (x) f(x) convenientemente temos

[�
f ( )]' fg((xx++h)h) fg((x)x)
_

= lim
g (x) h--+O h
g (x)f(x + h) - f(x) g (x + h)
= lim
h--+O hg (x + h)g(x)
= lim
g (x) f (x + h) - g (x)f(x) + g (x)f(x) - f (x) g (x + h)
h--+O hg (x + h) g( x)
.hm-� g (x ) [ f(X+htf(X) ] - f (x) [g(X+htg(X) ]
= ---�
h--+O --����� g( x + h) g (x)
g (x)f' (x) - f (x) g' (x)
[g (x )] 2
Deixamos a demonstração do item 1. como exercício o

EXEMPLO 3.3.2. ( 1 )

(2) ( l/x ) ' = - 1/x 2 . De fato,


l ' . x - I · x' 1
x2 X 2 .

Mais geralmente, se u é diferenciável e u (x) i=- 0, os mesmos cálculos levam


à fórmula:
u' (x)
.
[u(x)] 2
Regras de derivaçâo • 99

= x n , onde n é um inteiro positivo , esta fórmula fornece


Se tivermos u (x)
( 1 ' = -n-x-n-1- - = _n x -n-1 ,
)
xn x2 n
o que mostra que a regra de derivação (x n ) ' = n x n -1 vale inclusive para
expoentes inteiros n < O. Veremos mais adiante que ela ainda comporta
outras generalizações.
(3) tan' x = sec2 x. De fato,
,
tan x = ( sen--

cos x
)=
X ' sen' x cos x - sen x cos' x
cos2 X

cos2 X
(4) Basta seguir os passos do item anterior para obter
cot' x = -csc2 X.
( 5) sec' x = sec x tan x. De fato, como conseqüência do item ( 2 ) temos:
sec' x =
( 1 ' = sen x = sec x tan x.
--
) --

cos x cos2 x

(6) Analogamente,
esc' x = - esc x cot x.

(7) O item l. da proposição 3.3. 1 se estende naturalmente para um


número qualquer de parcelas. Assim, por exemplo, podemos escrever
(cos x + sec x - �I)' = -sen x + sec x tan x + 1 '
x2

(8) Com relação ao item (2) , se h, h e h são funções diferenciáveis


podemos escrever

[h (x) 12 (x) h(x) ]' = f{(x) [ 12(x) h(x) ] + h (x) [ 12(x) h (x) ] '
= f{(x)12(x)h(x) + h(x)f�(x)h (x ) + h(x)12(x)f� (x).
Mais geralmente, se fj, j = 1 , 2 , . . . ,n , n ?: 2 , são diferenciáveis, por indu­
ção completa obtém-se

[h (x )12(x). . . fn (x)]' = f{ (x) 12(x ). . . fn (x)+


h(x)f� (x). . . fn (x) + . . . + h(x)12(x) . . . f:J x).
1 00 • A Derivada

Por conseguinte, se u ( x ) é uma função diferenciável, tomando-se fj (x) =

cu ( x ) , j = 1 , . . . , n, obtém-se a fórmula:

'
que inclui [no caso u ( x ) = xl a nossa j á conhecida ( xn ) = nxn-1.

Uma conseqüência da proposição 3. 3. 1 é a seguinte: Todo polinômio é


diferenciável. Calcule a derivada de P( x ) = aoxn + alxn-1 + . . . + an°

3.4 V ELOCIDADE

Como já dissemos no preâmbulo deste capítulo, a velocidade instantânea,


como taxa de variação do espaço em relação ao tempo, pode ser vista como
uma derivada.

o q u a rto paradoxo do fi lósofo grego Zenon (495-435 a .c. ) , c h a m ad o A seta, pode-se


e n u nc i a r da segu i nte forma:
"U ma seta movendo-se, em cada i n sta nte está 'em repouso' ou 'não em repouso'
[isto é, 'em movimento ' l. Se o i nsta nte é i nd ivisível , a seta n ã o pode se mover em
u m i nsta nte porq ue, se e l a o fizesse, o i n sta nte seria i med iata mente d iv i d i d o . M a s
tem po é feito de i nsta ntes. Como a seta n ã o pode s e mover em n en h u m i nsta nte, e l a
n ã o pode s e mover em n en h u m tem po. Então e l a sem pre perma n ece e m repouso ."
Ao contrá rio do q ue pode pa recer nos d i a s de hoje, este é u m a rgu m e nto en­
gen hoso, considerado no contexto de sua época , pois os conceitos d e velocidade e
repouso não estava m suficientemente bem estabelecidos n a q uele tem po. Esta for­
m u l ação do q u a rto pa radoxo foi extraída do l ivro de E . T. Bel l [1], o n d e outra s
i n formações sobre o s paradoxos de Zenon podem s e r encontradas.
Pa ra esc l a recer esta q uestão, su pon ha mos q u e u m ponto descreva u m mov i mento
sobre u m a reta de modo q ue sua coordenad a , em cada i n sta nte t, sej a x = s(t). Esse
ponto pode representar a ponta da seta d ispa rada de um a rco. Ao se mover da posição
a = S(tl) para b = S(t2), o ponto tem u ma velocidade média v , defi n id a por

Assi m , a velocida de m éd i a , sendo a razão entre o espaço percorrido e o tem po gasto


pa ra percorrê-lo, envolve o l a pso de um certo tem po e as posições do ponto no i n ício e
no fi n a l desse l a pso. É u m a noção precisa , mas a i nda u m ta nto grossei ra , i nsuficiente
pa ra refleti r o seg u i nte fato: u m ponto em movi mento tem em cada i n sta nte u m a
velocidade instan tânea, u m a ca racterística i ntrínseca do mov i m ento, a lgo q ue n ã o
d e p e n d e de l a psos, mas está associado somente àq uele i nsta nte . C o m o defi n i-Ia?
Velocidade • 1 01

A idéia é considerar velocidades méd i a s:


s(t) - s(to)
w(t) = ,
t - to
em l a psos It-tol, e depois fazer esses l a psos tenderem a O. Isto é , defi n i r a veloci d a d e
v(to), em to, como

. s(t) - s(to)
v(to) = 11m w(t) = lim .
t--+to t--+to t - to
Assi m , a seta só perm a n ece em repouso d u ra nte u m período [tI,t2] , se s u a velocidade
i nsta ntânea em cad a i n sta nte t E [tI,t2l for n u l a .

DEFINIÇÃO 3.4.1. S e a equação de um movimento retilíneo é x = s (t ) ,


onde s é uma função diferenciável da variável tempo t , a velocidade média
de x entre as posições s (t o) e s (t ) é

s (t ) - s (t o)
w (t ) = .
t -to
A velocidade instantânea em to é o limite v (t o) da velocidade média w (t ) ,
com t ---+ t o ,
. s (t ) - s (t o) I
v (t o) = 11m = s (to ) .
t--+to t -to

EXEMPLO 3.4.2. Um objeto desliza num plano inclinado de modo que a


distância que ele percorre em t segundos é s (t ) metros, onde s (t ) = t 2 + 1/2.
Qual a sua velocidade depois de 2 segundos? Em que instante ele tem uma
velocidade de 7 metros por segundo?
A velocidade num instante t é v (t ) = Si (t ) = 2t . Assim a velocidade no
instante t = 2 é v (2 ) = 4 m/s. A velocidade será 7 m/s quando t satisfizer
v (t ) = 2t = 7, isto é, t = 7/2 segundos. Neste momento o objeto terá
percorrido s(7/2) = (7/2)2 + 1/2 = 51/4 = 12,75 metros.

EXEMPLO 3.4.3. um projétil é lançado verticalmente para cima a partir do


chão com uma velocidade de 30 m/s. A alturah (t ) atingida em t segundos
é dada porh (t ) = 30t - 5t2. Quando e com que velocidade o projétil atinge
o chão?
O proj étil atingirá o chão no instante t > O tal queh (t ) = 30t - 5t 2 = O ,
isto é, 5t (6 - t ) = O , o u seja, t = 6 . A velocidade num instante t é dada por
v (t ) h ' (t ) 30 - 10t . Portanto v (6 )
= = 3 0 m /s
= - .
1 02 • A Der'lvada

EXEMPLO 3.4.4. Num certo momento, a profundidade da água de um re­


servatório é de 28 metros. Suponha que, por razões de consumo , o nível baixe
de modo que depois de t horas a profundidade é h(t) = 28 - t2 /4 metros.
Queremos saber com que velocidade o nível estará baixando no momento
em que a profundidade for 24 metros.
O instante t em que a profundidade é 24 metros é dado por
1
24 = 28 - -t2
4 '
portanto t = 4 horas. Como a velocidade com que o nível baixa é h'(t)
- � t a velocidade procurada é h'(4)
, = -2 m/h.

3.5 A REGRA DA CADEIA

Em situações das mais variadas é preciso compor funções. Nesta seção va­
mos estudar a questão da diferenciabilidade da composição de funções e do
cálculo de sua derivada.
Consideremos, por exemplo, um ponto se movendo no plano xy sobre
a curva y = cos x de modo que sua abscissa é dada em cada instante t
por x = cjJ(t) = t3 + 2t + 1. A abscissa é, portanto, crescente com o tempo
enquanto a ordenada y descreve um movimento oscilatório regido pela lei
y = cos cjJ(t) = cos( t3 + 2t + 1). Qual é a velocidade v (t) da ordenada y num
instante t? Vej a a figura 3.5.1.

y = coscp(t)

Figura 3. 5. 1 : ponto movendo-se na curva y = cos x

Como v(t) = dy/dt, estamos diante da necessidade de calcular a derivada


da composição do cosseno com a função cjJ(t) = t3 + 2t + 1. Isto é, queremos
a derivada da função cos cjJ(t). A proposição abaixo trata dessa questão de
uma forma geral.

REGRA DA CADEIA. Seja y f (x) diferenciável em Xo e z = g(y) dife­


=

renciável em Yo = f (xo) , então z = g ( J(x) ) é diferenciável em Xo [ou sej a,


A Regra da Cadeia • 1 03

9o f é diferenciável em x o] e
(3. 5. 1)

{
Demonstração. Definamos a função h por

g (y) - g (yo) _
g' (yo) , se y -=I Yo
h(y) = y - Yo
0, se y = Yo ,
donde
g (y) - g (yo) [h(y) + g ' (yo)] (y - yo) .
=

Lembrando que y = f (x) e Yo = f (xo) temos

g (J (x) ) - g (J (xo) ) = [h (J( x) ) + g ' (yo) ] (J (x) - f (xo) ) .


Dividamos por x - Xo e façamos x tender a Xo , logo f (x) tende a f (xo) = Yo.
Como limx-->xQ h (J (x) ) = limy-->yO h(y) = h(yo) = 0, temos

g (J (x) ) - g (J( x o) )
[g (J( xo) ) ] ' = lim
x-->xo X - Xo
f (x) - f (xo)
= lim [h (J (x) ) + l ( :/j o)] lim
X-->Xo X-->Xo X - Xo
= g ' ( Yo) J ' (xo) . O

Observação 3.5.1. (1) Numa notação mais sugestiva, porém menos precisa,
a equação (3. 5. 1) pode ser escrita:

dz dz dy
dx dydx'
( 2 ) Sej a u (x) > ° uma função diferenciável. Tomando g (y) = yr, r E Q,
portanto g' (y) = r yT'-l , a Regra da Cadeia aplicada a 9 o u dá:

[ 'ur (x)] ' = [g ( u (x) ) ]' = g l (U(X) ) u' (x) = rur-1u'

EXEMPLO 3.5.2. (1) Sej a y = (x 2 + 1)�. Fazendo u = x 2 + 1, vem Ui = 2x,


1
Y = U2 e
1
= ( 1/2 ) u-2uI = --;=�=
dy dy du X
= - --

dx dudx Vx 2 + 1
1 04 • A Derivada

(2) Se y = (2x+1) 3 , então y'( O ) = 6. De fato, se u = 2x+1, vem


dy dy du
= - _= 3(2x+1?2 = 6 (2x+1) .
. -
dx dudx
Donde, [ddxY] = 6.
x= o

(3) Se y = arctan(x3 +x) , podemos fazer u = x3 +x e proceder como


nos ítens anteriores para obter
dy 1
3 2 (3x2 +1) .
dx 1+(x +x)
( 4) Se y = (1+sen (x2 - x) ) 2 , fazendo u 1+sen v e v = x2 - x,
=

dy dy du dy dudv
---
dx dudx dudvdx
2 2
= 2 (1+sen (x - x) )( cos (x - x) )(2x - 1)

2
= (2x - 1) (2cos(x2 - x) +sen 2 (x - x) ).

(5) Se y = (cos 3x) (sec(x2+1) ), fazendo UI = COS, Vl (X) = 3x, U2 = sec


V2 (X) = x2 +1, temos
y ' = [ Ul (Vl (X) ) ]' [U2 (V2 (X) )] +[ Ul (Vl (X) )] [ U2 (V2 (X) ) ]'
dUldVl dU dV
= - - [ U2 (V2 (X) ) ] +[ Ul (V1(X) )] - 2 - 2
dVI dx dV2 dX
= -3 sen 3x(sec(x2+1) )+2x cos 3x(sec(x2+1) tan(x2 +1) ).

A composição de duas funções pode ser diferenciável, mesmo que uma


delas ou as duas não seja [ confira com o exercício 39] . Por exemplo, se f é a
função constante, f (x) = c, x E lR, e 9 : lR lR é qualquer função definida
---+

em ( a, b ) , a < c < b , então tanto f o 9 como 9 o f são funções diferenciáveis.


Se a função f é dada por
{I, se x E Q
f (x) =
O, se x E IR \ Q,
ela não é diferenciável em nenhum ponto [na verdade, nem mesmo é con­
tínua ] , mas a função composta f o f é a função constante, (f o f) ( x ) = 1,
x E lR; portanto é diferenciável.
Pode-se agora calcular a velocidade da ordenada do ponto se movendo
sobre o gráfico do cosseno, como foi descrito no início desta seção,
v(t) = [cos ( t3 +2t +1)]' = - [sen ( t3 +2t +1)] (3t2 +2) .
Derivada da função inversa • 105

EXEMPLO 3.5.3. A extremidade de uma mola está engastada em uma pa­


rede e à sua outra extremidade está preso um corpo de massa m, de dimen­
sões tão pequenas que pode ser identificado a um ponto, apoiado sobre um
plano horizontal. Esta situação está esboçada na figura 3. 5. 2, que representa
a posição de equilíbrio do sistema, quando a abscissa do corpo é x = O .

Figura 3. 5.2: sistema massa-mola

Comprime-se ou distende-se a mola até uma posição diferente da de


equilíbrio e solta-se. Considerando-se que a superfície horizontal é lisa a
ponto de se desprezar o atrito e que não há dissipação de energia pela mola,
o corpo realiza um movimento oscilatório, de modo que sua abscissa x(t)
em cada instante t é dada por

x(t) = r cos (wt - 6),

onde r, 6 e w são constantes positivas chamadas, respectivamente, amplitude,


fase e freqüência do movimento. A freqüência é dada por w = k /m , onde
k > O é uma constante característica da mola. Calculemos a velocidade do
corpo em cada instante t e determinemos os instantes em que o módulo da
velocidade é máximo.
Se h (t) = wt - 6, usando a regra da cadeia, obtemos que a velocidade,
v (t) = x/ (t) , em cada instante t é dada por

v (t) = ( r cos h (t) ) ' = -rh' (t) sen h ( t ) = -rw sen (wt - 6).

Assim, o módulo da velocidade será máximo quando sen (wt - 5) = ±1, ou


sej a, quando
t= � (6 + � + k7r), ±k = O, 1,2,. . .

3.6 DERIVADA DA F UNÇAO INV ERSA

Sej a f uma função contínua e invertível num intervalo I. F ixemo-nos no


caso em que a função f é estritamente crescente [veja a proposição 2.4.16,
página 76] . Trocando os papéis de x e y, de modo que y passe a ser a variável
independente e x a dependente, o gráfico de f -I é

(3. 6. 1)
1 06 • A DeT'ivada

Desta forma, os gráficos C( J ) e C( J -1) de f e f-1 , respectivamente, são o


mesmo subconj unto do plano, pois se y está no intervalo f ( 1) [por que f ( 1)
é um intervalo?] tem-se y = f (x) , com x E I. Substituindo em ( 3.6. 1) , vem
C ( J -1) = { (J -1 (y) , y ) I y E f (1) } = { ( x, f (x) ) Ix E I} = C( J ) .

Yo

e
Xo

Figura 3.6. 1 : (J- 1 ) ' (yO) = tancP = cote = l/f' (xo)

Portanto, se f é diferenciável em Xo E I, com f ' (xo) I- O e se yo = f (xo) ,


então existe a reta t , tangente a C( J ) em (xo , yo) . Logo a reta tangente a
C ( J -1) em (xo , yo) existe; é a própria t. Mas sua declividade como tangente
a C ( J -1) é tanq), onde q) é o ângulo que ela faz com o eixo y , enquanto como
tangente a C ( J ) é tan e, onde e é o ângulo que ela faz com o eixo x. Pois
a declividade é a tangente do ângulo que a reta faz com o eixo da variável
independente, vej a a figura 3.6. 1 . Como tanq) = cote , temos
1
( f - 1) ' (yo) = tanq) = cot e =
f ' (xo) ·
Esses fatos podem ser resumidos na seguinte proposição:
PROPOSIÇÃO3 . 6. 1 . Se f é uma função contínua e estritamente crescente
num intervalo I e derivável num ponto Xo E I, com f ' (xo) I- O, então a
função inversa f- 1 é derivável em yo = f (xo) e
1
( f -1) ' (yo) = ( 3.6.2)
f' (x o) ·
Observação 3.6.2. ( 1 ) A proposição 3.6. 1 tem uma versão óbvia para fun­
ções estritamente decrescentes.
dx dy
( 2) Em termos das notações e em yo e Xo , respectivamente, a
dy dx
relação ( 3.6.2) fica
dx 1
dy dy ·
dx
Derivada da função inversa • 1 07

(3) Sej am y = f ( x ) e Yo = f (xo) nas condições acima. A argumentação


geométrica que precede a proposição 3. 6.1 tem a seguinte j ustificativa ana­
lítica: Como f-I também é contínua [proposição 2.4.21, pág ina 78] , temos
x -----t Xo se e somente se y -----t Yo. Logo
1· f -l (y) - f -l (yO) x - xo
UH = l'nn ,
Y---+Yo y - Yo f (x) - f (xo)
X---+Xo

(f-I ) ' ( Yo) existe e ( f-I ) ' ( Yo) =


f ' ( o) ' �
(4) Tendo provada a diferenciabilidade de f-I em Yo , a fórmula (3.6.2)
pode ser obtida como conseqüência da regra da cadeia. Basta notar que
f-l ( f (X) ) = x, portanto
( f -I ) ' (f (xo) ) f' (xo) = 1,
que é a fórmula 3.6.2.

EXEMPLO 3.6.3. (1) Sej a y = f(x ) = xn, n ?: 2, n E Z. Recordemos que,


de acordo com nossa convenção, o domínio de f é [ 0 , (0 ) , quando n é par e
]R., quando n é ímpar. Como f é estritamente crescente e dy Idx = nxn-1 #- °
quando x #- 0, a proposição 3.6.1 implica que a função inversa, x = y 1/n, é
diferenciável, para y #- 0, e

( y �) ' =
dx
dy
=
1
__

dy =
__
1
nx n-1
=
�x -n+l = � (y � ) -n+l = �y �-1
n n n
dx
ou, em outra notação,
(yTj)' = y'y
ny
-.

( 2) Podemos agora generalizar a fórmula ( xn) ' = nxn-l , n = 1,2, . . . ,


estabelecendo que, para um número racional r qualquer, vale

(X )'r ' = rxr-I . (3. 6. 3)

Se r = m l n, supOlnos x > 0, para n par, ou x E ]R. \ {O}, para n ímpar.


Sendo u(x ) = x l/n, como [(u(x) ) m] ' m ( u (x) ) m-l v/ (x) , vem
=

( x n)
rn ,
=
[ (xn1 ) m] ,
= m
(1xn ) m-l 1 xn1 -1 =
m
--:;; X n-1 .
rn

;,
No que diz respeito à derivação de potências de x, a fórmula (3.6.3) nos leva
tão longe quanto possível no momento. Mais adiante, daremos sentido a ela
com qualquer c E ]R. no papel de r.
1 08 • A Derivada

EXEMPLO 3.6.4. [ Funções trig onométricas inversas]


( 1 ) y = arcsen x. Para entender arcsen como uma função é preciso
restrimgir-se o contradomínio. É usual tomá-lo como ( - 7r/2, 7r/2). Temos
assim uma função estritamente crescente, inversa de x = seny. Logo
d dy 1 1 1 1
- arcsen x = - = - = = ----;======
dx VI - sen2 y
--

dx dx cosy
dy
(2) y = arccos x. Neste caso, é usual tomar ( - 1 , 1 ) como domínio e (O, 7r)
como contra-domínio. Procedendo de modo análogo temos:
d 1
- arccos x = .
V l- x2
-

dx
(3) y = arctan x. Tomando 1Ft como domínio e ( - 7r/2, 7r /2) como contra­
domínio [veja a figura 3. 2. 5] , o mesmo tipo de argumento nos leva à fórmula
d 1 1 1
- arctan x = -- =
1 + tan2 y 1 + x2 '
--�­

dx sec2 y

-
2

F igura 3.6.2: y = arctan x


Preencha os detalhes dos próximos três exemplos:
(4)
d 1
- arccot x = x E (0 , 7r) .
1 + x2 '
---

dx

(5)
d 1
arcsec x = x E 1Ft \ [ - 1 , 1] .
dx I xl vx2 - l'
(6)
d 1
- arccsc x = - -:--:�::::;== x E 1Ft \ [- 1 , 1] .
dx I x l vX2 - l'
Der-ivada8 de or-dern 8uper-ior- • 1 09

3.7 DERIVADAS DE ORDElV! SUPERIOR


Se f é uma função derivável em A C IR. , fica definida a função f' que associa
a cada ponto x E A a derivada de f em x, isto é x E A 1' (x). 1-----+

DEFINIÇÃO 3.7.1. Uma função diferenciável f : A -----+ IR. se diz duas vezes
di ferenciável se f' é diferenciável em A. Neste caso, a derivada de f' em
x E A é chamada derivada segunda, ou derivada de ordem dois de f em x
e é denotada por f" (x).

Também se usam as seguintes notações para a derivada segunda de uma


função f:
d2
ou f (X) .
d x2
DEFINIÇÃO 3.7.2. Para n ? 3, suponhamos que esteja definido o que vem
a ser uma função (n - 1 ) vezes diferenciável, f : A -----+ IR. , com derivada de
ordem (n - 1 ) indicada por f(n-l) . Diz-se que f é n vezes diferenciável, se
a função f(n-l) for diferenciável em A. Neste caso,

é a chamada derivada de ordem n de f ou derivada n-ésima de f.

Também se usam para a derivada n-ésima de y = f (x) as notações


dn
ou J(x).
d xr
EXEMPLO 3.7.3. ( 1 ) Se f (x) = x 2 + sen x, então f"(O ) = 2.
De fato, 1' (x) = 2x + cos x e f"(x) = 2 - sen x, donde, f"(O ) = 2.
(2) Se f(x) = x 4 - 5x 2 + 3, f tem derivadas de todas as ordens e
j' (x) = 4x3 - 10x,
j"(x) = 12x 2 - 10 ,
f(3 ) (X) = 24x,
f(4) (x ) = 2 4,
f(n) (x) = O, n = 5 , 6, . . . .
(3) Se f (x) = arctan x, então

2x
f" ( x) = -
( 1 + x2 ) 2 '
110 • A Der'ivada

( 4) Voltando ao sistema massa-mola considerado no exemplo 3.5.3, pá­


gina 105, lembremos que a aceleração é a variação da velocidade, isto é,
em cada instante t a aceleração do corpo é a(t) v'(t) . Em outros termos, =

a(t) x" ( t)
= =(r cos(w t - 5))" -rw2 cos(wt - 5). Observe que quando o
=

módulo da velocidade é máximo a aceleração é nula.


DEFINIÇÃO 3.7.4. Diz-se que i : A lR é de classe en , denota-se i E Cn ,
---+

n ;?: 1 inteiro, se i é n vezes diferenciável e a derivada i(n) é uma função

contínua. Se i tem derivadas de todas as ordens, diz-se que i é de classe


eX! e se denota i E eX!. A notação i E CO indica que i é contínua.
Os exemplos 3. 7. 5 - ( 3) , ( 4) , (5) , ( 6) a seguir mostram funções que são de
classe en, mas não de classe en+1 , para algum n.
EXEMPLO 3.7.5. (1) Se P(x) é um polinômio, então P E eX!, pois todo
polinômio é diferenciável e sua derivada é um polinômio, portanto é diferen­
ciável também e assim por diante. Se o grau de P for n, então p(n+l) (x) 0, =

para todo x E lR, n 1, 2, ... =

(2) Se i ( x) = sen x, g(x) cos x, então i, g E ex.;.


=

De fato, suas derivadas de qualquer ordem são ± sen x ou ± cos x.


( 3) Se i ( x ) I xl, então i E Co, mas i ti:. e1• De fato, já sabemos que
=

i é contínua. Como i ( x ) -x, para x < 0, e i ( x ) = x, para x> 0, temos


=

que i é derivável em lR \ {O}. Mas 1'(0-) = -1 e 1'(0+) 1, logo i não é =

derivável em x 0, ou seja, i ti:. el.


=

( 4) Se i(x) xi xi, então i E eI, mas i ti:. e2. De fato, i ( x ) x2, se


= =

x;?: ° e i ( x ) -x2, se x � O. Assim,


=

{ 2X, se x;?: 0,
f'(x) =
-2x, se x � O,
portanto 1'(x) 21 xl e, de acordo com o item ( 3) , f ' é contínua, mas não
=

diferenciável.
( 5) Por indução completa, pode-se mostrar que, se i ( x ) xnlxl, então =

i E en , mas i ti:. en+1 .


( 6) Se a função in é dada por

in ( x) =
{ xn sen t, se x i= 0,
0, se x 0,

{ l I
=

sua derivada é dada por


n xn-l sen - - xn-2 cos-, se x i= O.
i , ( x)
n = x x
0, se x = 0,
Derivadas de funções defin'idas implicitamente • 111

para n = 2 , 3, .... Assim, é fácil ver que h é diferenciável, mas não é de classe
C 1 , e que h é de classe C 1 , mas não de classe C2 e, em geral, j�! E cn-2,
mas fn f/:- cn-l, n> 3.

3.8 DERIVADAS DE FUNÇÕES DEFINIDAS IMPLICITAMENTE


Consideramos agora um método para calcular derivadas de certas funções
definidas implicitamente.
Urna equação envolvendo duas variáveis, x e y, pode definir y corno
função de x [isto é , ocasionalmente dela se pode tirar o valor de y em função
de xl, pelo menos para x e y restritos a convenientes subconjuntos de rn;..
Por exemplo, a equação
x2 + y2 = 1 , (3.8. 1 )
para - 1 < x < 1 , pode definir y corno função de x de duas maneIras:
y = vI - x2 ou Y = -VI - x2.
Quando y é definido implicitamente corno função de x, nem sempre se
pode explicitar a função, isto é, tirar y em função de x corno fizemos acima.
Por exemplo, a equação
cos xy - y = ° (3.8.2 )
está satisfeita com x = ° e y = 1 . Além disso, pode-se provar que (3.8.2 )
define y corno função de x, para x numa vizinhança de 0 , com y numa
vizinhança de 1 . Isto é, existe urna função rp : U -----t V de modo que y = rp(x),
onde U é urna vizinhança de 0, V urna vizinhança de 1 e
cos ( xrp(x)) - rp(x) = 0, x E U,
sem que se apresente urna expressão explícita para rp.
Saber quando urna equação em x e y define urna variável como função
da outra é, em muitas situações, urna questão crucial. Por ora, no entanto,
estamos interessados num problema mais simples: admitindo que a equação
define y como função derivável de x, queremos calcular sua derivada dy/ dx.
A melhor maneira de entender essa questão é através de exemplos. Con­
sideremos o exemplo da equação (3.8. 1 ) . Para obter a derivada y' de y
com relação a x, derivamos os dois membros considerando x corno variável
independente e y corno função diferenciável de x:
x
y, =
y
--o

Em geral a expressão de y' envolve a variável y. Neste caso particular po­


demos dar a expressão de y' em termos apenas da variável x:
y' -x/ VI - x2, se y \.11 - x2,
= =

y' x/ V 1 - x2, se y - VI - x2.


= =
112 • A Derivada

EXEMPLO 3 . 8 . 1 . ( 1 ) Admitamos que a equação


y4 + 2y - 3 x3 = 3 x - 1
define y como função de x e calculemos sua derivada y/ em relação a x,

ou,

e, finalmente,
9x2 + 3
y/
4y3 + 2 '
desde que y3 =1= -1/ 2.
(2) Encontremos a equação da reta tangente à curva dada pela equação
y4 + 3y - 4X3 = 5x + 1 ,
no ponto ( 1 , - 2) , admitindo que essa equação define a função y f ( x)
numa vizinhança de x = 1, com f ( l) = -2.
Calculemos y/ = f ' ( x) de modo análogo ao do exemplo anterior.
4y3 y/ + 3y/ - 1 2x2 = 5,
assnn,
12x2 + 5 12 + 5 17
y/ = 3 f /( 1 ) = 3
4y + 3 4(- 2) + 3 19
Portanto a equação da reta tangente é
17
y + 2 = - (x - 1 ) .
19
-

( 3) Notando que a equação


O
cos xy - y =
está satisfeita para o par ( x, y) = ( 0, 1 ) , admitamos O que ela define y como
função de x, para x variando numa vizinhança de e y numa vizinhança de
1 e calculemos y/.
) O Y sen xy
- (y + xy/ sen xy - y/ = :::::} y/ = - .
x sen xy + 1
O
No ponto x = [onde y assume o valor 1] , temos
O
O
y/(O) = O
sen
= .
_

sen 0 + 1
o Teorema do Valor Médio • 1 13

3.9 O TEOREl\1A DO VALOR MÉDIO


o teorema que dá nome a esta seção tem papel central no Cálculo. Inúmeros
argumentos da teoria e de suas aplicações dependem dele. Do ponto de vista
da dinâmica tem a seguinte interpretação:
"Durante um movimento retilíneo há um instante em que a velocidade
instantânea é igual à velocidade média. "
DEFINIÇÃO 3 . 9 . 1 . Seja f uma função definida num intervalo I. Diz-se que
Xo E I é ponto de máximo relativo [ou local ] de f, se existe uma vizinhança
V de Xo tal que f(x) � f(xo), para todo x E V n I. Neste caso, f(xo) é
chamado um valor máximo relativo [ou local ] . Se existe uma vizinhança V
de Xo tal que f(x) ;:::: f(xo), para todo x E V n I, diz-se que Xo é um ponto
de mínimo relativo [ou local ] e f(xo) um valor mínimo relativo [ou local ] .
Como se observa no exemplo 3.9.2 e na figura 3.9. 1 , um ponto de máximo
ou de mínimo relativo pode não ser, respectivamente, um ponto de máximo
ou de mínimo [global ] . Apesar disso, por simplicidade, vamos quase sempre
abolir o adjetivo relativo.

Figura 3.9. 1 : Pontos de máximo e de mínimo

EXEMPLO 3 . 9 . 2. ( 1 ) O gráfico da função f(x) = x3 - 3x está representado


na figura 3.9. 1 . Mais adiante teremos condições de justificar plenamente as
seguintes afirmações: f( x) x:{ - 3x tem um ponto de máximo relativo e
=

um ponto de mínimo relativo em Xo - 1 e Xl = 1 , respectivamente. Os


=

valores máximo e mínimo são 2 e - 2 , respectivamente. Não há pontos de


máximo absoluto ou de mínimo absoluto.
( 2 ) A função f(x) = cos x tem infinitos pontos de máximo, x = ±2mr,
n = 0, 1 , 2 , . . . , e infinitos pontos de mínimo, x = ± (2n + 1 ) 7T, n = 0 , 1 , 2 , . . . ,
um único valor máximo e um único valor mínimo, 1 e - 1 , respectivamente.
114 • A Derivada

{
(3 ) A função
f (x) =
cos '� se x #- 0,
0, se x 0, =

1
tem infinitos pontos de máximo, x ± ,n -- 1, 2, .. . , e infinitos pontos
2mr
=
=

1
de llllm.mo, x ±
/

n ° , 1, 2 . . . , .
( 2n + 1) 7r '
= =

DEFINIÇÃO 3.9.3. Os pontos de máximo ou de mínimo relativos de uma


função f são chamados pontos extremos de f·

Figura 3.9.2: f (x) = x3

A proposição a seguir dá uma condição necessária para que um ponto


seja extremo de f, quando seu domínio é um intervalo aberto.
PROPOSIÇÃO 3.9.4. Se f : I ]R for di ferenciável no intervalo aberto I e
-t

c E I for um ponto extremo de f, então f' ( c) o. =

Demonstração. Vamos nos ater ao caso em que c é ponto de maXlmo.


Quando c é ponto de mínimo, a prova é análoga. Para Ihl suficientemente
pequeno temos
f ( c + h) - f ( c ) <
;;::: 0, seh 0,
h
f (c + h) - f(c)
� 0, se h> O.
h
Como f é diferenciável, vem

O /' ' f(c +h ) - f (c) _ f' ( c )


""::: l1m - -
_ '
l1m
f (c +h ) - f (c)
� o. D
h----> O - h h----> O + h
o Teorema do Valor Médio • 115

Observação 3.9.5. ( 1 ) A proposição 3.9.4 sem a hipótese de I ser aberto não


vale. De fato, se f : [ 1 , 2] lR , é dada por f (x) = x, para todo x E [1 , 2] ,
-----+

os pontos X o = 1 e X l = 2 são, respectivamente, de mínimo e de máximo,


mas 1' ( 1 ) = 1' (2 ) = 1 .
(2 ) A recíproca da proposição 3.9.4 não é verdadeira. De fato, se f (x) =
x 3 , temos 1 ' (0 ) = O e X o O não é ponto extremo. Como se vê na figura 3.9.2,
=

o gráfico de f tem tangente horizontal em (O, O ) .

o Teorema de Da rboux é u m dos m a is belos teoremas do Cá l c u l o . E l e va i à n a t u reza


m a i s ínt i m a d a s fu n ções derivadas pa ra mostra r u m a sua i ntriga n te pecu l i a ri d a d e : Se
f é deriva d a de a lg u m a fu nção em um i nterva lo, então e l a tem a propried a d e do va lor
i ntermed i á rio, mesmo que n ã o sej a contín u a . P recisa mente,

TEOREMA DE DARBOU X . Seja f : [a , b] ----+ ]R diferenciável. Se f'(a) "I f'(b) , então


f' assume em (a, b) todos os valores entre f'(a) e f'(b) .
Demonstração. F ixemo- nos no caso f'(a) < f'(b) [o caso f'(b) < f'(a) é análogo]
e tomemos u m n ú m e ro e ta l q ue f' (a) < e < f'(b) .
Se g(x) = f (x ) - ex , temos g' (a) f'(a) - e < O, donde g(X I ) < g(a)
=

pa ra a lg u m ponto X l E (a, b) [pois, se g(x) ;?: g(a) , qualquer que seja x E (a, b) ,
teríamos (g(x) - g (a) ) / (x - a) ;?: O , para todo x E (a, b) , con trariando g' (a) < O] .
A n a l oga mente , como g' (b) = f'(b) - c > O, existe X2 E (a, b) ta l q ue g (X2 ) < g(b) .
De a cordo com a proposição 2.4.19, pági n a 77 , 9 a ss u m e seu va lor m ín i mo em
u m ponto ç E [a, b] e , pelas observações q ue aca ba mos de fazer, temos ç "I a e
ç "l b. Pela proposição 3 . 9 . 4 temos g' (ç) = O . Porta nto f' (ç) = e . O

o Teorema de Da rboux não d i ria n a d a se as deriva d a s fosse m sem pre con t ín u a s .


M a s isto não é verd a d e . A fu nção f : ]R ----+ ]R d a d a por

{ , ;1 '
x 2 sen s e x "I O ,
f (x) =
O, se x = O,
por exem p l o , tem deriva d a

f ' (x) =
{ 2X sen � - cos � , se x "l O ,
O, se x= 0,

q u e é descontín u a em x = O [verifique que f'(0) = O].


D EFINIÇÃO 3 . 9 . 6 . U ma desconti n u idade ç de u m a fu nção f , defi n id a em u m i n­
terva lo l, é u m a descontinuidade de primeira espécie se existem os l i m ites l a tera i s
f (ç+) e f(ç-) [ ou a penas u m desses l i m ites, s e ç é u m extremo do i nte rva lo l] .
Caso contrá rio, ç é u m a descontinuidade de segunda espécie de f .
116 • A Derivada

Por exem p l o , x O é u m a desconti n u idade de seg u n d a espécie da fu nção f, repre­


=

senta d a na figu ra 2 . 1 . 4, pági n a 46, dada por

f (x)
{ seu�, se x # O
o.
=

O, se x =

Por outro l a d o , a fu nção g(x)


= [x] só tem desconti n u idades de pri mei ra espécie.
O Teorema de Da rboux tem o segu i nte coro l á rio:
COROLÁRIO 3 . 9 . 7 . Se f : [a, b] ---t lR. é diferenciável, então f' não possui descon ti­
nuidades de primeira espécie.
S u a prova é deixa d a como exercício.

o
Teorema de Rolle, que apresentamos a seguir, tem a seguinte inter­
pretação dinâmica:
((S e, num movimento retilíneo, um ponto retorna à posição inicial, então
há um instante em que sua velocidade é nula. "
É um caso particular do Teorema do Valor Médio, que apresentamos um
pouco mais adiante.
TEOREMA DE ROLLE. Seja f : [a, b] IR, a < b, contínua em [a, b] e

derivável em ( a, b) com f (a) = f ( b) . Então existe c E ( a, b) tal que f' ( c) = o.

Figura 3.9.3: Teorema de Rolle

Demonstração. De acordo com a proposição 2.4.19, pagma 77, f assume


seus valores máximo e mínimo, Ai e m, respectivamente. Uma possibilidade
é que ambos, m e AI , sejam assumidos nos extremos de [a, b] . Neste caso,
como f ( a) = f(b) , temos m = M . Logo f é constante, donde f ' (x) = O,
para todo x E (a, b) . Assim, qualquer c E ( a, b ) nos serve.
A alternativa que nos resta é a de que pelo menos um dos valores, M
ou m, seja assumido em um ponto x = c E (a, b ) . Então, de acordo com a
proposição 3.9.4, f ' (c ) = O. D
o Teorema do Valor' Médio • 117

EXEMPLO 3 . 9 . 8 . A função f (x ) V1 - x 2 definida em [- 1 , 1] satisfaz as


=

hipóteses do Teorema de Rolle. Seu gráfico é a semi-circunferência superior


de raio unitário e centro na origem, veja a figura 3.9.4. Observe que f não
é diferenciável em [- 1 , 1] . Sua derivada, 1 ' (x) - x/V1 - x 2 , se anula no
=

ponto x O. =

-1 1

F igura 3.9.4: f (x) = �

DEFINIÇÃO 3 . 9 . 9 . Seja I um intervalo aberto. Diz-se que c E I é um ponto


crítico de f : I IR se 1 ' (c ) O ou se 1 ' (c ) não existe.
-----t =

Observação 3. 9. 10. O Teorema de Rolle estabelece condições suficientes


para a existência de pontos críticos. Em geral, como se nota na prova e
ilustra a figura 3.9.3. , não há unicidade desses pontos.
EXEMPLO 3 . 9 . 1 1 . Voltemos à função f (x ) x 3 - 3x considerada no exem­
=

plo 3.9.2 - ( 1 ) , página 1 13. Ela tem exatamente dois pontos críticos e estes
estão no intervalo ( - V3, V3) .
De fato, f é diferenciável, logo seus pontos críticos são só aqueles c tais
que 1 ' (c ) O. Como f ( - V3) f (O) 0 , o Teorema de Rolle assegura que
= = =

existe Cl E ( - V3, O ) tal que 1 ' (c d O. Como f ( O ) f ( V3) 0 , também


= = =

existe C2 E (O, V3) tal que 1 ' (C2 ) O. Estes são os únicos pontos críticos
=

de f, pois f ' (x ) é um trinômio do segundo grau e, como tal, pode anular­


se no máximo em dois pontos. Resolvendo a equação f ' (x ) ° chega-se =

facilmente a Cl - 1 e C2 1 .
= =

A proposição 3 . 9 . 4, pági n a 1 1 4 , tem a seg u i nte reform u l a ção m a is gera l :


PROPOSIÇÃO 3 . 9 . 1 2 . Se I é um intervalo aberto e c E I é u m ponto extremo de
f : I � IR, então c é um ponto crítico de f .

A fu nção f : ( - 1 , 1 ) � ]R ta l q u e f (x) = I x l satisfaz a s h i póteses d a proposição


3 . 9 . 12, m a s n ã o a s d a proposição 3 . 9 . 4 . N este caso c = O . O u t ro exe m p l o é a fu nção
g : ( - 1 , 1) � ]R ta l que g (x) x2/3 , cujo gráfico é esboçado n a figu ra 3 . 9 . 5 .
=

A proposição a ba ixo é u m a reform u l ação m a i s gera l do Teorem a d e Rol l e .


118 • A Derivada

Figura 3.9.5: g(x) = x2 j:1

P ROPOSIÇÃO 3 . 9 . 1 3 . Se f é uma função con tínua num intervalo [a, b] . a < b, com
f (a) = f (b) , então existe um ponto crítico de f em (a, b) .

Demonstração. Sej a m A1 e m os va lores máximo e m ín i mo , respectiva mente, de f .


S e esses va lores são ati ngidos nos extremos de [a, b] , então m = A1 e f é con sta nte.
Logo f'(x) = O pa ra todo x E [a, b] e todo ponto de (a, b) é crítico. Se um d os extre­
mos é a ssu m ido n u m ponto c E (a, b) , há d u as a lternativas: ou f n ã o é d i ferenci ável
em c ou f' (c) = O . O u sej a , c é um ponto crítico. O

TEOREMA DO VALOR MÉDIO . Se f é uma função contínua em [ a, b] e de­


rivável em ( a, b) , então existe c E ( a, b) tal que
f ( b) - f( a) = j ' ( c) (b - a) .
. f ( b) - f ( a)
Demonstração. Conslderemos a constante K = e definamos a
b-a
função
<p(x) = f(b) - f(x) - K(b - x) .
Note que <p é contínua em [a, b] e derivável em ( a, b) como soma de funções
que gozam dessas propriedades. Além disso, <p( a) = <p( b) = O. Pelo Teorema
de Rolle existe c E ( a, b) tal que
<p ' ( c ) = -j ' (c) + K = O.

Portanto f' (c) = K, isto é, f'(c) = � 2a) .


f(b =
D

o Teorema do Valor Médio pode ser reformulado nos termos abaixo,


"Se f é uma função derivável em ( a, b) e contínua em [ a, b] , então existe
um ponto c E ( a, b) tal que a reta tang ente ao gráfico de f, em ( c, f (c)) é
paralela à reta por ( a, f ( a) ) e ( b, f ( b) ) ".
Vej a a figura 3.9.6, que ressalta também o fato do ponto c não ser ne­
cessariamente único.
o Teorema do Valor Médio • 119

Figura 3.9.6: Teorema do Valor Médio

EXEMPLO 3.9. 1 4. Se f : [ 0, 1] IR. é diferenciável, f(O ) ° e f ' (x ) :::;; 17 ,


----+ =

para todo x E ( 0, 1 ) , então f ( l ) :::;; r] .


De fato, suponhamos temporariamente f ( l ) > rI . Pelo Teorema do Valor
Médio, existe c E ( 0, 1 ) tal que f ( l ) - f (O ) = 1 ' ( c ) ( l O) , ou seja, 1 ' ( c ) =
-

f ( l) > 17 , que é uma contradição.


Pensando na variável independente como o tempo, este exemplo diz,
no fundo, a seguinte obviedade: Se a velocidade de um caTTO não supem 17
quilômetTOs pOT hom, após uma hom ele não estaTá a mais de 17 quilômetTOs
do ponto de par-tida.

COROLÁRIO 3.9. 15. Se f : [ a, b] IR. é contínua, deTivável em ( a, b) e


----+

1 ' (x ) > 0, x E ( a, b) , então f é estr-itamente CTescente em [ a, b] .

Demonstmção. Suponhamos x < y, com x, y E [a, b] . Pelo Teorema do Valor


Médio existe c E (x, y) tal que

f (y) - f(x ) = 1 ' ( c ) ( y - x) > O.

Como 1 ' (c) > 0, tem-se f (x ) < f ( y) · D

o corolário 3 . 9 . 1 5 tem uma versão óbvia para funções estritamente decres­


centes. Uma prova inteiramente análoga leva também à seguinte versão para
monotonicidade não estrita:
"Se f é contínua em [a, b ] deTivável em ( a, b) , com .f ' ( x) ;? 0 , pam todo
,

x E ( a, b) , então f é CTescente em [a, b] . "


Já vimos que a derivada de uma função constante é zero. Quando o
domínio é um intervalo vale a recíproca, como diz o corolário a seguir.
COROLÁRIO 3.9. 16. Se f é contínua em [a, b] e deTivável em ( a, b) , com
.f ' ( x) = 0, pam todo x E ( a, b) , então f é constante.
1 20 • A Derivada

Demonstração. Seja c = f (a) . Dado x E ( a, b] pelo Teorema do Valor Médio,


f (x) - c = 1' ( O (x - a)
para algum f, E ( a, x) . Mas 1 ' ( f,) = 0, logo f(x) = c. o
É fácil dar exemplos de funções não constantes com derivada nula, corno
f (x) = x/ l x l , mas nesses casos os domínios não são intervalos.
COROLÁRIO 3 . 9 . 1 7. Se duas funções têm a mesma derivada em um inter­
valo, então elas diferem por uma constante.
Demonstração. De fato, sejam f, 9 : [a, b] IR contínuas em [a, b] , dife­
----t

renciáveis em ( a, b) com 1 ' (x) = g'( x) , x E ( a, b) . Se h = f - g , então h


é contínua em [a, b] e h'(x) = 1 ' (x) - g' (x) = 0, x E ( a, b) . Pelo corolário
3.9. 16, h(x) = C, x E [a, b] , isto é, f(x) = g( x) + C, x E [a, b] . O

Apresenta mos u m coro l á rio do Teorema do Va lor M éd i o q u e tem i m porta n te pa pel


n a construção d a s fu nções t rigonométricas, a pa rt i r d a pági n a 261 .
COROLÁRIO 3 . 9 . 1 8 . Sejam f : (a, b) -t ]R. contínua e c E (a, b) . Se f é diferenciável
em (a, b) \ {c} e lim x ---+ c f' (x) Ji, então f é diferenciável em c e f' (c) Ji E ]R..
= =

Demonstração. Sej a m h > ° de modo q ue [c, c + h] C (a, b) e Ç h E (c, c + h) ta l


q u e f ( c + h) - f (c) = f'(çh ) h.
Como Çh tende a c q u a ndo h tende a 0 , podemos escrever
f (c + h) - f (c)
Ji lim f ' (x) lim f ' (Çh )lim f ' (c+) .
x ---+ a h ---+ O + h ---+ O +
=

h
= = =

Tom a ndo h < 0, obtemos a n a loga mente f'(c- ) Ji. Logo f'(c)
= = Ji. D

TEOREMA DE CAUCHY. Se f e 9 são contínuas em [a, b] e diferenciáveis


em ( a, b) , então existe c em ( a, b) tal que
[ J (b) - f ( a)] g ' (c) = [g( b) - g (a)] 1' (c) .

Demonstraçã o. Definamos r (x) = [J(b) - f ( a)] g (x) - [g (b) - g ( a)] f (x) .


Logo r é uma função contínua em [a, b] e diferenciável em (a, b) , corno di­
ferença de duas funções com essas propriedades. Além disso, ela satisfaz
r ( a) = f ( b) g ( a) - g ( b ) f(a) = r ( b) e, pelo Teorema de Rolle, existe c E ( a, b)
tal que r ' (c) = 0, ou seja,
[J ( b) - f ( a )] g ' ( c) - [g ( b) - 9 ( a )] f' ( c) = O. o
o Teorema do Valor Médio é o caso especial do Teorema de Cauchy
em que g (x) = x. Urna conseqüência do Teorema de Cauchy é a Regra de
L'Hópital, que apresentamos na seção a seguir.
A Regra de L 'Hôpital • 1 21

3. 10 A REGRA DE L' H Ô PITAL


Sejam f, 9 : A -----7 IR e suponha que limx --> a f (x) = e1 e limx ---+ a g (x) = e 2,
com a E IR* , e1 = e 2 = O, ou e1 = O e € 2 = ±oo, ou e1 = e 2 = ±oo. Se

h (x ) __ ( ) ou h ( x ) = f ( x ) 9 ( x ) ou h ( x ) = f (x) + g (x) ,
f (x)
gx
ao aplicarmos formalmente no cálculo do limite limx---+ a h ( x ) as propriedades
vistas no capítulo 2, podemos ser levados a expressões como
O 00
000 ou 00 - 00 .
O ' 00
Estas expressões são chamadas formas indeterminadas porque, dado qual­
quer e E IR* , existem f e 9 tais que limx --> a h( x ) = e. Já aprendemos alguns
artifícios para enfrentar algumas situações isoladas desse tipo. A Regra de
L' Hôpital, apresentada a seguir, se integrará a nosso repertório de recursos
como um dos mais valiosos, às vezes indispensável.
REGRA DE L ' HôPITAL. Sejam f e 9 funções diferenciáveis em ( a, b) , ex­
ceto possivelmente em c E ( a, b) , com g' ( x ) #- O, para x #- c, e
. - 1 ' (x)
- = eE IR* .
x1 1m
---+ c g ' ( X )
(3. 10. 1 )

Se
xlim = O e xlim (x) = O (3. 10.2)
---+ c f (x) -->c g
ou
xlim (x) = 00 , (3. 10.3)
-->c g
então
. - f (x)
-->c 9 ( -
x1 1m = e. (3. 1 0 .4)
x)
Demonstração. Provaremos apenas o caso (3. 10.2) . O caso (3. 10.3) é mais
elaborado e pode ser encontrado no livro de W . Rudin [6] . Como os valores
f (c) e g (c) não influem no limite (3. 10. 1) , impomos f (c) = g (c) = O , isto é,
as funções f e 9 são contínuas em ( a, b) . Para todo x E ( c, b) , o Teorema de
Cauchy assegura a existência de s, c < s < x, tal que
f (x) - f (c) 1 '(s)
,
g ( x ) - g (c) g ' (s)
ou sej a,
f (x) 1 '(s)
g ( x ) g'(s)
1 22 • A Derivada

e, corno 5 -----+ c+ quando x -----+ c+, temos:


(x) (5) f' (5) t f'
lim f
x ---t c+ g ( x)
= lim
x ->c+ g' ( 5 )
= lim
s -> c+ g' ( 5
) =

A prova do limite à esquerda é análoga. D

Observação 3. 10. 1. A vantagem da Regra de L' Hôpital é que o cálculo do


limite ( 3. 10. 1 ) pode ser mais fácil que o de ( 3. 10.4) .

A Regra de L' Hôpital vale também para os casos c = ±oo, como se pode
verificar fazendo a mudança de variável y = l /x. Por exemplo, se e 9 f
estão definidas num intervalo [a, (0 ) e as condições ( 3. 10. 1 ) - ( 3. 1 0.3) estão
satisfeitas com c = 00, temos
y
lim
X-> CXl
f ((xx)) = lim f (( 1/l / ))
9 y ->O + 9 Y

e, pela regra da cadeia,

. f (x ) . f ( � ) . (: f ( � )
1X -1m g = lun -+ = lun -d'ô-
Y
= lim
Y
= lim
1'(x)
--
-f' ( � ) �
.
( x) y -> O + g ( y ) y ->O+ - g ( 1 ) y -> O + - g ' ( 1 ) � X ---t CXl g ( x) '
-- --

---> CXl
d .
y Y y2
y

cos x + 2x - 1 o
EXEMPLO 3. 1 0.2. ( 1 ) lim ----- leva à forma - e, aplicando a
3x x ---t O O
Regra de L' Hôpital, temos
. cos x + 2x - 1 = lun
. - sen x + 2 = 2
1 un
3x 3 3
- .

x -> O x ----> O

4 tanx 00
( 2) lim leva à forma - e, aplicando a Regra de L' HôpitaL'
1 + sec x
X ----> 7r / 2 - 00
temos
4 tan x 4 sec x 4
lim lim = lim -- = 4.
1 + sec x
x ---t 7r / 2 - tan x sen x
x ---t 7r / 2 - x ---t 7r / 2 -

sen x O .
( 3) lim leva à forma - e, aplIcando a Regra de L ' Hôpital,
(x - 7T )
X---t 7r O
temos
sen x cos x
lim -- = lim7r -- = - 1 .
X ----> 7r x 7T-X -> 1
Funções convexas e pontos de inflexão • 1 23

sen X - X O
( 4) xlim leva à forma indeterminada - e, por aplicações su-
---> O X3 O
cessivas da Regra de L' Hôpital temos
sen x - x cos x - I sen x � lim sen x �
lim limo limo -
6.
= = _ = _

x ---> 3 :r 2 x---> 6 ;1: ---> 0 X


=

x---> O x3 6x

( 5) Aplicando a Regra de L' Hôspital e simplificando,


2 2
sen - cos - 1
lim x =
lim x
x---> oc 4 x ---> oc 4 2
sen - 2cos -
x x
- -
3. 1 1 FUNÇOES CONVEXAS E PONTOS DE INFLEXAO
As funções convexas estão relacionadas ao conceito de conjunto convexo.
Por esta razão vamos inicialmente definir o que vem a ser um subconjunto
convexo do plano. Este conceito pode ser formulado em qualquer dimensão,
mas aqui vamos nos ater aos subconj untos do plano.

p� Q

Figura 3. 1 1 . 1 : X = ( 1 - )" ) P + ).,Q

DEFINIÇÃO 3. 1 1 . 1 . Dados dois pontos do plano x y , P = ( a , b) e Q =


( c, d) ,
o segmento PQ é o conj unto dos pontos X tais que
X = (1 - À) P + ÀQ, O :( À :( l .

Em coordenadas, se X =
( x, y) , temos
(x, y) =
( ( 1 - )., ) a + ).,c, ( 1 - )")b + Àd) , O :( À :( l .
1 24 • A Derivada

No contexto da definição 3.11.1, quando À percorre [ 0, 1] de O para 1, o ponto


X descreve o segmento PQ de P para Q; quando À = O temos X = P e,
quando À = 1, temos X = Q.
O segmento PQ, onde P = (1, 1) e Q ( 2, O) , é descrito pelos pontos
=

X = (1 - À) ( l , 1) + À(2, O) , O � À � 1,
isto é, X = ((1 - À) + À2, (1 - À) ) , À E [0, 1] . Em outros termos,
PQ = { ( À + 1, - À + 1) E ffi. 2 I O � À � 1} .

DEFINIÇÃO 3.11.2. Um subconjunto 'If do plano xy é convexo se, para


quaisquer pontos P, Q E 'If, o segmento PQ está contido em 'If .

Figura 3. 1 1 .2: Um conj unto convexo e u m não convexo

EXEMPLO 3.11.3. (1) Um semi-plano é o lugar S dos pontos (x, y) tais


que ax + by ;? c, para alguma terna ( a, b, c) E ffi.3 , com ( a, b) -=1= ( 0, 0) . Todo
semi-plano é um conjunto convexo.
De fato, sejam dois pontos P = (X l , YI ) e Q = (X 2 , Y2 ) , do semi-plano S ,
isto é, a XI + bYI ;? c e a X 2 + bY2 ;? c. Tomemos X = (x, y) E PQ,

(X , y) = (1 - À ) (XI 1 Yd + À (X 2 ' Y2 )
= ( ( 1 - À) XI + À X 2 , (1 À )YI + À Y2 )
- , ° � À � 1.
Temos, levando em conta que À e 1 - À são não negativos,

ax + by = a ((1 - À) XI + À X 2 ) + b ((1 - À) YI + À Y2 )
= (1 - À ) (axI + by d + À (a x 2 + bY 2 ) ;? (1 - À) c + Àc = c.
Ou seja, X E S. Assim, o segmento PQ está contido no semi-plano S , logo
S é convexo.
Funções convexas e pontos de inflexão • 1 25

= ( 1/2, 1/2)

Figura 3. 1 1 .3: CC = { (X , y) I O � x , y � 1 e xy = O }

( 2) O conjunto 'ti = { (x, y) I O :S; x, y :S; 1 e xy = O}, representado na


figura 3.11.3, não é convexo.
De fato, considere os pontos P, Q E 'ti , P = ( 1 , O) e Q = ( 0, 1 ) . O ponto
X = ( 1 - À)P + ÀQ do segmento PQ, com À = 1/2, é X = ( 1/2 , 1/2) , logo
X � 'ti. Portanto PQ não está contido em 'ti .

( 3) A interseção G = G1 n . . . n Gn de subconjuntos convexos do plano,


G1 , . . . , Gn , é convexa.
De fato, sejam P e Q pontos de G e € o segmento PQ. Como P, Q E Gi ,
i = 1 , . . . , n, e cada conjunto Gi é convexo, temos € C Gi , i = 1 , . . . , n. Logo
€ C G = G1 n . . . n Gn , ou seja, G é convexo.
O fato da interseção ser de urna coleção finita não foi usado em nosso
argumento. Logo podemos enunciar, mais geralmente:
"Qualquer interseção de conjuntos convexos é convexa. "

( 4) Todo triângulo cheio, isto é, a reunião do triângulo com seu interior,


é um conjunto convexo, bem como os polígonos regulares cheios ; quadrados,
pentágonos, hexágonos etc. Esses fatos seguem dos ítens ( 1 ) e ( 3) , urna vez
que os conjuntos em questão são interseções de semi-planos

( 5 ) O disco � = (x, y) I VX2 + y2 :S; 6 , 6 > O, é convexo.


{ }
Seja ,9 a circunferência dada pela equação X 2 +y 2 = 6 2 . Para cada p E ,9
a reta tangente em p define um semi-plano L:p , contendo � . Afirmamos que
� = np E 5'" L:p , portanto � é convexo em virtude dos ítens ( 1 ) e (3) .
De fato, � está contido em cada L:p , logo � C np E 5'" L:p . Sej a q E
np E 5'" L:p . Suponhamos por um momento q � � . Tomemos o segmento de­
terminado pela origem O e q . Ele tem comprimento maior do que r , logo
intersecta ,9 em um ponto s . A reta tangente a ,9 em s deixa q em um
semi-plano e a origem O no outro; L:s é o semi-plano que contém a ori­
gem, logo q � L:s , uma contradição. Assim, q E � , ou seja, np E 5'" L:p C � .
Portanto � = n p E 5'" L:p .
1 26 • A Derivada

Passemos agora ao objeto de estudo desta seção: as junções convexas.


Vamos nos ater às funções contínuas definidas em um intervalo.

Figura 3. 1 1 .4: Uma função convexa e uma não convexa

DEFINIÇÃO 3 . 1 1 . 4 . Seja f : I � contínua, onde I C � é um intervalo.


----+

Diz-se que f é convexa se o conjunto .91 = { ( x, y) I x E I, y :;:: f (x) } , é


convexo.

A figura 3. 1 1 .4 mostra o formato do gráfico de certas funções e sua relação


com o conceito de convexidade.

o conj u nto .Y1 d a defi n ição 3 . 1 1 .4 é convexo se e somente se d ados q u a isq uer a , b E I,
os pontos do gráfico C U ) de f entre (a, f(a) ) e (b, f (b) ) pertencem ou fica m a ba ixo
do segmento q ue u n e esses pontos [verifique este fato]. P recisa mente, como a eq u a ção
d a reta por (a, f (a) ) e (b, f (b) ) é

f(b
y = f (a) + � = : (a) ( x - a) ,

podemos reform u l a r a defi n ição 3 . 1 1 .4 do segu i nte modo:

f ( b)

f (a)
f (x)

a x

·
F 19ura 3 . 1 1 . 5 ·. f( xx-a
) - f (a) ::::::: f( b ) - f (a) ::::::: f ( x ) - f( b )
'" b-a '" x- b
Funções convexas e pontos de infie.7:iio • 127

DEFINIÇ Ã O 3 . 1 1 . 5 . Se l é u m i n terva lo e f : l -+ IR é u m a fu n ção con t ín u a , d iz-se


q u e f é con vexa se

f(b
a, b E l, a < x < b =? f (x) :::; f (a) + � = 2a) (x - a) (3. 1 1 . 1 )

o u , eq u iva lentemente,

f(b
a , b E l, a < x < b =? f (x) :::; f (b) + � = � (a) (x - b) , (3. 1 1 .2 )

Com b i n a ndo (3. 1 1 . 1 ) e ( 3. 1 1 .2 ) temos a seg u i nte proposição:

PROPOSIÇ Ã O 3 . 1 1 . 6 . Uma função f : l -+ IR, contínua num in tervalo l, é convexa


se e somente se, para cada a , x , b E l, a < x < b, valem as seguin tes desigualdades:

f (x) - f (a) f (b) - f (a) f (x) - f (b)


:::; :::; . (3. 1 1 .3 )
x-a b-a x-b
---'---'-----'---
- -

Os t rês membros de (3. 1 1 .3 ) , d a esq uerda pa ra a d i reita , são os coeficientes


a ngu l a res dos segmentos l iga ndo (a, f (a) ) a (x, f (x) ) , (a, f ( a ) ) a (b, f (b) ) e (x, f ( x ) )
a ( b , f ( b) ) , respectiva mente. Confi ra com a figu ra 3 . 1 1 . 5 .
O bserve q u e pa ra a fu nção convexa d o exe m p l o 3 . 1 1 . 7 - ( 1 ) , a segu i r, n e m sem pre
va lem a s desigua ld a d es estritas em (3. 1 1 . 1 ) , (3. 1 1 .2 ) ou (3. 1 1 .3 )

EXEMPLO 3. 1 1 .7. ( 1 ) A função f(x) = max{ -2x+5 , x/ 2 , x- 2} , definida


no intervalo [1, 5] , cujo gráfico é a linha poligonal mostrada na figura 3. 1 1 .6,
é um exemplo de função convexa.

1 2 4 5

Figura 3. 1 1 .6: f (x) = max{ - 2x + 5 , x/2 , x - 2 } , x E [ 1 , 5 ]

Este fato é conseqüência dos ítens ( 1 ) e ( 3) do exemplo 3 . 1 1 .3, uma vez


que o conjunto
pf { (x, y) 1 .1: E [1, 5] , y � f (x) }
=
1 28 • A Derivada

é a interseção dos seguintes semiplanos:


2.:1 : x � 1 ,
2.: 2 : y � 2 x + 5 ,
-

x
2.: 3 : Y �
2'
2.: 4 : Y � x 2 e -

2.: 5 : x � 5.
( 2) A função f (x) x 2 é convexa, este fato segue da proposição 3. 1 1 .9,
=

apresentada mais adiante. Seu gráfico, representado na figura 3. 1 1 . 7, é uma


parábola no semi-plano Y � 0 , simétrica com respeito ao eixo y .

Figura 3. 1 1 .7: A função convexa f (x ) = x2 .

3. 11. 1 Funções convexas deriváveis


Se f : I IR for urna função derivável num intervalo I, o fato dela ser con­
----+

vexa significa que as retas tangentes a seu gráfico estão sempre abaixo dele.
Ainda, o coeficiente angular da reta tangente cresce quando a abscissa do
ponto de tangência cresce. Veja a figura 3. 1 1 .8. Estes fatos são apresentados
abaixo com maior precisão.

y = f ( c) + f ' ( c ) (x - c )

Figura 3. 1 1 .8: Reta tangente ao gráfico de uma função convexa f

Explorando a diferenciabilidade, a proposição a seguir apresenta duas


caracterizações muito convenientes das funções convexas.
F'lLnçôes convexas e pontos de inflexão • 1 29

PROPOSIÇÃO 3. 1 1 .8. Se f : f � ]R é urna função derivável no intervalo f ,


então a s seguintes afirmações são equivalentes:
1. f é convexa.
2. A derivada f ' é urna função crescente em f.

3. c , x E f ::::} f (x) ;? f (c) + 1 ' (c) (x - c) .

DEMONSTRAÇÃO DA PROPOSIÇÃO 3. 1 1 .8
1. ::::} 2.
S u po n h a mos que f seja convexa .
Sej a m a , b E I , a < b. Se a < x < b, va l e a rel a ção (3. 1 1 .3 ) , pagi n a 1 27 .
Fazendo x � a n a desigu a ldade à esq uerd a e, depois, x � b n a desigu a l d a d e à
d i reita , obtemos
j ' (a) � f (a = (b) � j ' (b) .
� :
2. 3 . S u po n h a mos q u e f' seja crescente em I.
::::}
Sej a m x , c E I e fixemo- nos no caso c < x . A prova é a ná l oga pa ra x < c. Pelo
Teorema do Va lor M é d i o , existe Ç" E (c, x) de modo q u e f (x ) f (c) + f' (Ç") (x - c) .
Da monoton icidade de f' segue-se f'(c) � f'(Ç") . Logo f (x) � f (c) + f' (c) (x - c) .
=

3 . ::::} 1 . S u po n h a mos vá l id a a cond ição 3 . e provemos a rel a çã o (3. 1 1 . 1 ) , pági n a


1 2 7 . Sej a m a , b, Ç" E I ta is q u e a < Ç" < b. A desigu a l d a d e

� f (Ç") + ' ( Ç ) (x - Ç")


j
y (3. 1 1 .4)
descreve o sem i- p l a no dos pontos (x, y) q u e estão a c i m a ou sobre a reta ta n gente
ao gráfico de f no ponto (Ç", f ( Ç ) ) · Segue de 3. que (a, f ( a ) ) e (b, f ( b) ) estão n esse
sem i- p l a no, logo o segmento e u n i ndo (a, f (a) ) a (b, f ( b) ) está contido n e l e . Assi m ,
o ponto (Ç", yê, ) E e satisfaz (3. 1 1 .4) , isto é , yê, � f ( Ç" ) . M as , como (Ç", yd E e , temos

f (b
yê, = f (a) + / = : (a) (Ç" - a) ,
porta nto
f (Ç") � f (a) +
f(b
/ = : (a) (Ç" - a) .
O u sej a , va l e a desigua lda de (3. 1 1 . 1 ) d a pági n a 127. D

A proposição abaixo é um corolário imediato da proposição 3 . 1 1 .8. D amos a


ela o status de uma proposição com seu próprio espaço porque se constitui
em um critério de convexidade muito conveniente.
1 30 • A Derivada

PROPOSIÇÃO 3 . 1 1 . 9 . Se f é uma função duas vezes derivável num inter­


valo f e se f" (x) > O , para todo x E f , então f é convexa.

Demonstração. Como f" (x) > O em f, f ' é crescente, o que, à vista do item
2. da proposição 3 . 1 1 . 8 , finaliza a prova. D

Se uma função f : A ----+ IR restrita a um intervalo f C A for convexa, diremos


que f é convexa em f, mesmo que ela não sej a convexa em A. Assim, por
exemplo, diremos que a função seno é convexa em [- 1T , O] [ como se pode
concluir a partir da proposição 3. 11. 9] , embora ela não sej a uma função
convexa.

DEFINIÇÃO 3 . 1 1 . 1 0 . Se f é um intervalo, uma função contínua f : f ----+ IR


é côncava se - f é convexa.

Todas as propriedades das funções convexas têm, obviamente, uma aná­


loga para as funções côncavas. A convexidade e a concavidade não são ca­
racterísticas complementares. Por exemplo, a função cosseno não é convexa
nem côncava no intervalo [O , 2 1T] .
As funções lineares afins [que são as funções da forma f (x) = ax + b,
com a e b constantes ] são côncavas e convexas simultaneamente. O exemplo
3 . 1 1 . 3 - (2) mostra uma função que não é linear afim, mas coincide em cada
um dos intervalos [ 1 , 2 ] , [2 , 4] ou [4, 5] com uma função linear afim. Esta é
apenas convexa. Vej a a figura 3 . 1 1 . 7.

DEFINIÇÃO 3 . 1 1 . 1 1 . Dados um intervalo e f : f ----+ IR contínua,


f C IR
diz-se que f é estritamente convexa se é convexa e seu gráfico não contém
segmentos de reta. Analogamente, uma função contínua f é estritamente
côncava se é côncava e seu gráfico não contém segmentos de reta.

A função f (x) = x 2 é estritamente convexa. A função f : [ 1 , 5] ----+ IR do


exemplo 3 . 1 1 . 7 - (2) , página 127, é convexa, mas não estritamente convexa,
como indica a figura 3 . 1 1 .6 .

Observação 3. 11. 12. S e f é diferenciável em u m intervalo f , f é estritamente


convexa se e somente se a derivada f ' é estritamente crescente.

Quando o gráfico de f muda seu caráter de convexidade num ponto e,

este ponto é chamado ponto de inflexão de f . Mais precisamente,


DEFINIÇÃO 3 . 1 1 . 1 3 . Diz-se que e E (a, b) é ponto de inflexão de uma fun­
ção contínua f : (a, b) ----+ IR, se existir 6 > O de modo que f é estritamente
convexa em ( e - 6, c] e estritamente côncava em [e , e + 6) ou vice-versa.
Funções convexas e pontos de inflexão • 131

c-6 c c+6

Figura 3 .11 .9: Ponto de inflexão

Na figura 3. 1 1 .9 está representado um ponto de infl exão c de uma função,


que não é único.
PROPOSIÇÃO 3 .1l .1 4 . Sejam I um intervalo aberto e j : I ---+ ]H. de classe
C2. Se c E I é um ponto de in flexão de j, então j" (c ) O . =

Demonstração. De fato, sej a c E I ponto de infl exão e suponhamos, por


ab surdo, 1" (c ) #- 0, digamos 1" (c ) > O [o caso j" (c ) < O é análogo] . Assim,
como 1" é contínua, o Teorema da Conservação do Sinal implica a existência
de um intervalo (c 5,c + 5) onde 1" é positiva. Logo l' é estritamente
-

crescente e, portanto j é estritamente convexa nesse intervalo. Mas isto


contraria o fato de c ser um ponto de infl exão. O

o ponto O é um ponto de infl exão da função j (x) x3 , representada na


=

figura 3. 1 1 . 10. Note que, conforme a proposição 3. 1 1 . 14, temos 1' (0) O . =

Figura 3 .11 .10: f (x) = x3

Na proposição 3. 1 1 . 14, parac ser ponto de infl exão de j é necessário que


j" (c ) O , mas não suficiente. Se j (x) x4 , por exemplo, tem-se j" (O ) O ,
= = =

mas c = O não é ponto de infl exão. Na verdade, j é convexa, pois sua


deriva da l' (x) 4x3 é crescente.
=
132 • A Derivada

Logo, dada uma função f, os pontos c onde f "( c ) O ou não existe f" ( c ) =

são candidatos a ponto de infl exão de f, não mais do que isto. Na página
137 , a proposição 3. 12.5 dá mais informações sob re o assunto.
EXEMPLO 3 . 11 .15 . ( 1 ) Se f ( x ) =x3 , temos 1" ( x ) 6x O se e somente = =

se x O . Se x < O temos 1" (x) < O , portanto f é estritamente côncava e,


=

se x > O , temos 1" (x) > O , portanto f é estritamente convexa. Logo x O =

é o único ponto de infl exão de f. Vej a a figura 3. 1 1 . 10.


(2) Se f ( x ) x 2n , n 1 , 2, . . . , então f não tem pontos de infl exão, pois
= =

é convexa em IR (Por que ?).


(3) G eneralizando o item ( 1 ) , se f( x ) x 2n + l , n 1 , 2 , . . . , então x O
= = =

é o único ponto de infl exão de f. De fato, como no item ( 1 ) , a derivada


segunda de f é negativa para x < O e positiva para x > O . Isto é, para x < O
a função é côncava e, para x > O , ela é convexa.

Figura 3 .11 1
. 1: f (x) = ifi
. 2X-5/3
(4) Se f ( x ) ijX , então 1" (x)
= = - 9 para x 01= O .
Neste caso, f " ( x ) > O , se x < O e 1" (x) < O , se x > O . Ainda que não
exista f" (O ) , pode-se afirmar que O é um ponto de infl exão de f , pois f é
convexa para x < O e côncava para x > O . Vej a a figura 3. 1 1 . 1 1 .
(5) Os pontos de infl exão de f ( x ) = sen x são os seus zeros, isto é,
Zk br, ±k
= 0, 1 , 2 , . . . . De fato, f" ( x )
= = - sen x muda de sinal somente
nesses pontos. Vej a a figura 3. 1 1 . 12.

27r . . . . . . y
"

Figura 3 .11 .1 2: Pontos de inflexão de y = senx

(6) Se f ( x ) min{ ijX , x 2 } , então não existem 1" (0) e 1" ( 1 ) . Verifique
=

que 1 é o único ponto de infl exão desta função. Ob serve que em qualquer
Máximos e mínimos • 133

vizinhança de x ° e sta função não é conve xa ne m cô ncava. A figura 3. 1 1 . 13


=

mostra um e sboço de se u gráfico.

Figura 3 .11 .13: Ponto de inflexão de y = min{ ijX, x2}

3.12 MÁXIMOS E MÍNIMOS


O assunto de sta se ção é indispe nsáve l e m muitas aplicaçõe s.
PROPOSIÇÃO 3 . 1 2 . 1 . Seja f : A IR dife re nciável em [ a, b]
-----+ C A, exceto
possivelmente em um ponto e E ( a, b) , onde é contínua.
1. Se f'(x) > 0, pa ra x E ( a, e) , e f'(x) < 0, pa ra x E ( e, b) , então e é
um ponto de máximo local.
2. Se f' (x) < 0, pa ra x E ( a, e ) , e f'(x) > ° para x E ( e, b) , então e é
um ponto de mínimo local.
Demonstração. Provamos ape nas o ite m 1 , pois o ite m 2 é análogo. Pe lo
corolário 3.9 . 15 do Te ore ma do Valor Médio, f é e stritame nte cre sce nte e m
[ a, e] e e stritame nte de cre sce nte e m [e, b] . Assim, f (x) < f(e) , para x E ( a, e)
ou x E ( e, b) . Logo e é um ponto de máximo. Ve j a a figura 3. 1 2 . 1 . O

Figura 3 .1 2 .1: j'(x) > 0 , x E ( a, c); J' (x) < 0 , x E (c, b)


134 • A Derivada

EXEMPLO 3. 1 2 . 2 . Se f (x) �, segue do item 2. da proposição 3 . 1 2 . 1


=

que O é um ponto de mínimo de f. De fato, se x < O , então f (x) FX =

e a regra da cadeia implica f' (x) �1 / (2 FX) < O . Se x > O , então


=

f (x) jX e f' (x) 1 / (2 jX) > O . V eja a figura 3 . 1 2 .2.


= =

Figura 3 .1 2 .2: y = M

Como nas aplicações as funções que aparecem são, em geral, de classe


C2 , o teorema que apresentamos a seguir é talvez o critério mais freqüente
no estudo de má ximos e mínimos.
TEOREMA 3. 1 2 . 3. Seja f uma função de classe C2 num in tervalo aber to
(a, b) , com f' (c) O, a < c < b.
=

1. Se 1"(c) > O, c é um pon to de mínimo local.


2. Se 1"(c) < O, c é um pon to de máximo local.
Demons tração. Suponhamos satisfeitas nossas hipóteses com f" ( c) > O .
Sendo f E C2 , temos f " contínua e, portanto o Teorema da Conservação
do Sinal garante que f " é positiva em (c �5, c + 5) , para algum 5 > O . Pela
proposição 3. 1 1 . 9, pá gina 130, a função f é convexa em (c �5, c + 5) . Então,
pelo item 3 da proposição 3. 1 1 . 8, pá gina 12 9, temos
f (x) � f (c) + f' (c) (x � c) = f (c) ,
para todo x E (c � 5, c + 5) . V eja a figura 3. 12.3, onde c = 1.
A prova do item 2. é aná loga. o

EXEMPLO 3.12.4. (1) Temos agora mais elementos para justificar a descri­
ção do grá fico da função f (x) x3 3x, dada no exemplo 3. 9. 2 - ( 1 ) , pá gina
= �

1 13. Para fazê-lo, convém ter a figura 3. 12.3 à vista.


Como f E C2 em ]R e x ±1 são as raízes de f'(x) 3x 2 � 3, concluí­
= =

mos que x ±1 são os ú nicos possíveis pontos extremos de f. Ademais,


=

f "( �l ) = 6 < O e f "( 1 ) 6 > O , logo, pelo teorema 3. 12.3, o ponto �1


� =

é de má ximo e 1 é um ponto de mínimo. Os valores má ximo e mínimo são,


respectivamente: f ( �1 ) 2 e f ( l ) �2 . Note que 1"(x) 6x O se e
= = = =
Máximos e m ínimos • 135

Figura 3 . 1 2 .3: f (x) = x3 - 3x , 1'( 1) = 0 , 1" ( 1) > °

somente se x O . Como f"(x) < 0, para x < 0, e f"(x) > 0, para x > 0,
=

x ° é o ú nico ponto de infl exão de f.


=

(2) A orla marítima de uma região é retilínea e tem a direção norte-sul.


Um homem está no mar, num barco em frente a um ponto O da praia, a
dois quilô metros de O. Sabe- se que sua velocidade remando é 3/5 de sua
velocidade correndo. Se ele deseja ir a um ponto da praia, seis quilô metros ao
norte de O, determinemos a trajetória a ser seguida para faz ê-lo em tempo
mínimo.

B = (0 , 6)
N
i

c = (O, y )

o�------�-
A = (2 , O)

Figura 3 . 1 2 . 4: Trajetória do barco

Solução. Como o problema não depende do valor das velocidades, mas da


raz ão entre elas, podemos supor que a velocidade do homem em terra firme
é v 1 . Logo sua velocidade no mar é 3/5. De acordo com a figura 3 . 1 2 .4,
=

o tempo, TAC , para ir do ponto A (2 , O ) até o ponto C (O , y) da praia


satisfaz a equação � TAC }2 2 + y 2 e o tempo TCB , para ir de C ao ponto
= =

desejado, B = (0, 6) , satisfaz TCB 6 y. Portanto o tempo gasto no


= -
136 • A Derivada

percurso é
5
T(y) = TAC + TCB = - )4 + y 2 + 6 - y, Y E [0, 6] ,
3
e o problema é determinar os pontos de mínimo da função T [verifique que T
é de classe C2 em [0 , 6] ] . Como o teorema 3. 12.3 só se aplica para funções
definidas em intervalos abertos, consideremos y E (0, 6) e deixemos para
analisar os casos y ° e y 6 em separado. Impondo T' (y) 0, chegamos
= = =

A ú nica raiz dessa equação é fJ 3/2. Como para todo y


= E IR. ,

T"( y ) -
-
5
3 )4 +y 2
(1 _
y2
4 +y 2
) > °
'

concluímos que fJ é o ú nico ponto de mínimo em (0, 6) e o correspondente


valor é T( fJ) T(3/2) 8 + 2/3. Como T(O) 9 + 1/3 > 8 + 2/3 T( fJ)
= = = =

e T(6) 10 vT5/3 > 10 > 8 + 2/3 T( fJ) , temos que fJ é o ú nico ponto de
= =

=
mínimo em [0, 6] . Assim, a trajetória procurada é a indicada na figura 3 . 1 2.4,
tomando- se C (0, 3/2) . Isto é, o ponto C está 3/2 quilômetros ao norte
do ponto O.
(3) Determinemos o triângulo isósceles de á rea má xima inscrito em uma
circunferência de raio R .

1
x

j
Figura 3 .1 2 .5: Triângulo isósceles inscrito numa circunferência

Solução. Consideremos um triângulo isósceles, ABC, inscrito numa cir­


cunferência de raio R e centro O, de aco rdo co m a fi gur a 3.12.5. De termi­
nando-se qualquer uma das três medidas: x, da altura, y, da base, ou z,
de um lado, o problema estará resolvido porque as outras são calculá veis a
Máximos e mínimos • 137

partir dela. A á rea do triângulo é


1
d =
2 xy, (3. 1 2 . 1 )
onde x E ( O , 2R ) e y E ( O , 2R ] . D o triângulo retângulo ODe tiramos:

portanto y 2V 2R x - x2 , que, levado a (3. 12. 1 ) , fornece a á rea do triângulo


=

como uma função d de classe e2 de x E (0, 2R ) dada por:


d (x) = xV 2R x - x2 , x E (0, 2R ) .
Para se obter a á rea má xima impõe-se
x(R - x)
d/ (x) = V 2R x - x2 + = O,
V 2R x - x2
donde, 3R x - 2X2 O. Ou seja, x 3R /2 é o candidato ú nico a ponto de
= =

má ximo de d em (O, 2R ) . A derivada segunda de d é


R -x (R - 2x)V 2R x - x2 - x(R - X)2
d" (x) = +
V 2R x - x2 J(2R x - X2 )3
e agora é fá cil verificar que d" (3R /2) < O . Logo o triângulo procurado tem
altura x 3R /2. Sua á rea é
=

Substituindo x 3R /2 e este valor de d em (3. 12. 1 ) , obtemos que a base


=

do triângulo em questão é y V3 R . =

Pelo Teorema de Pitá goras, o triângulo ADe fornece z V3 R . Por­ =

tanto, o triângulo procurado é equilá tero.


PROPOSIÇÃO 3 . 1 2 .5 . Se f é uma função de classe e3 em ( a, b) , f "(c) = °
e f(3) ( c) #- O, en tão c é pon to de in flexão de f .
Demons tração . Para fixarmo-nos em um caso, suponhamos f(3) (C ) > O. O
caso f(3) (c) < ° é aná logo. Como f(3) é contínua, o Teorema da Conservação
do Sinal assegura a existência de um intervalo (c - 5, c + 5) C ( a, b) , 5 > O, tal
que f(3) (x) > O, para x E (c - 5, c + 5) , donde f " é estritamente crescente
em (c - 5, c + 5) . Logo da hipótese f "(c) ° decorre f" (x) < O, para
=

c - 5 < x < c, e f "(x) > O, para c < x < c + 5. Assim, f é estritamente


cô ncava em (c - 5, c ] e estritamente convexa em [c, c +5) . D
138 • A DeTivada

EXEMPLO 3. 1 2 . 6. Um dos pontos de infl exão de f (x) cos x = é x = 7r /2 .


D e fato, f" (7r /2) - cos(7r /2)
= O e f(3) (7r /2) =sc n(7r /2) = = 1 # O.
Portanto, nossa afirmação segue da Proposição 3. 12.5.

Os fatos apresentados até agora são suficientes, em geral, para estudar os pontos
extremos de uma função. Entretanto, em algumas situações especiais, a proposição
abaixo, que é mais abrangente, pode ser necessária. Deixamos para apresentar uma
prova desta proposição após estudarmos a Fórmula de Taylor, logo mais adiante.

PROPOSIÇÃO 3 .1 2 .7. Suponhamos f uma função de classe em em (a , b), m � 2,


sendo 1' (c) = ... = f(m-l)(c) O e f(m)(c) # O.
=

1. Se m é ímpar, então c é ponto de inflexão.

2. Se m é par, então:

(a) c é ponto de mínimo quando f(m) (c) > O.


(b) c é ponto de máximo quando f(m) (c) < O.

A função f (x) = x5 satisfaz as condições da proposição 3.12.7 -1., com m = 5


e c = O. Portanto, x = O é um ponto de inflexão da função f (x) = x5. A função
f (x) = x4 satisfaz as condições da proposição 3.12.7 -2 ( a ) , com m = 4 e c = O,
uma vez que f(4)(0) = 4! > O. Logo x = O é um ponto de mínimo de f (x) = x4.

Figura 3 .1 2 .6: y = min { x2, 2 - x2}

EXEMPLO 3. 1 2 . 8. Algumas vezes o teorema 3. 12.3 e a proposição 3. 12.5


não se aplicam ao estudo dos extremos de uma função específica. E ste é
o caso da função f (x) min{ x2 , 2 - x2} , para a qual x 1 é ao mesmo
= =

tempo um ponto de máximo e um ponto de infl exão e não existe 1' ( 1 ) . Veja
figura 3 . 1 2 6. .
Máximos e m ínimos • 139

3. 12. 1 Esboço do gráfico de funções


o estudo do sinal da derivada de uma função permite determinar intervalos
onde ela é crescente ou decrescente. O sinal da derivada segunda determina
onde ela é convexa ou côncava e por conseqüência pode definir seus pontos
de infl exão. A existência de limites em ±oo determina assíntotas horizontais
e os limites infinit os caracterizam comport amentos especiais da função. Se,
além disso, conhecermos as raízes, os pontos extremos e os valores extre­
mos da função, temos um conjunto de informações que, em geral, permitem
fazer um b om esb oço do gráfico da função. Damos a seguir alguns exem­
plos para mostrar o poder desses recursos e indicar uma sistematização de
procedimentos.
EXEMPLO 3. 1 2 . 9. Vamos fazer um esboço do gráfico da função
x
f (x) '
l + x2
=

1
2"

1 j3

Figura 3 .1 2 .7: f (x) = �


l+x

E ssa tarefa b aseia-se nas seguintes ob servações:


(a) f é ímpar, portanto, b asta fazer uma análise para x E [0 ,(0) .
(b ) f é contínua em [O ,(0) e positiva em (O ,(0) .
2
1 x
( c ) J' ( x) ) ' portanto, J' ( x) > O para x E (0 ,1 ) e J' (x ) < O para

( 1 + X2 2
=

x E ( 1 ,(0) . Assim, f é crescente em (0 ,1 ) e decrescente em ( 1 ,(0) . J á

sab emos, portanto, sem calcular a derivada segunda, que x 1 é um =

ponto de máximo glob al e f ( l ) 1/2 é um valor máximo.


=

( d) Como f (O) O e l' (O )


= = 1 ,asseguramos que o gráfico de f é tangente
à diagonal y x. =
140 • A Derivada

X
(e) x11. m = O , logo a reta y O é uma assíntota horizontal.
-+oo 1 +x2 =

x2 - 3
(f) f l/(x) 2x Logo 1"( vÍ3) O , 1"(x) < O para x E (O ,vÍ3) e
1 +x2'
= =

f" (x) > O para x E (vÍ3, 00 ) . Por conseguinte, x vÍ3 é um ponto de =

infl exão, sendo a função côncava em (O ,vÍ3) e convexa em (vÍ3, 00 ) .


Q ue x O tamb ém é ponto de infl exão, pode ser visto como con­
=

seqüência de f ser ímpar.


Com estas informações, é possível fazer um b om esb oço do gráfico de f
como na figura 3. 12.7.
EXEMPLO 3 . 1 2 . 10 . O esb oço do gráfico da função

apresentado na figura 3 . 1 2 .8 , foi construído juntando as informações conti-

P'19ura 3 .1 2 . 8'. y -
-
. {
mm x2/3 'x2+1 }
das nos ítens (a )- (h) a seguir.
(a) As funções X2/3 e 2 / (x2 + 1) são pares, portanto, f (x) é par. Assim,
b asta fazer uma análise para x E lR+ [O ,00 ) . =

(b ) Determinemos os intervalos de lR+ em que f (x) X2/3 e aqueles onde =

f (x) 2 / (x2 + 1 ) . Vê-se que x 1 é o único ponto de lR+ em que


= =

{
X2/:3
= 2 / (x 2 + 1 ) , donde

X2/3 ' se O :s; x :s; 1 ,


f (x) = 2
se 1 :s; x < 00 .
x2 + l '
(c) Temos f (O) O. A função f é positiva em [0,00 ) e contínua nesse
=

intervalo, pois limx-+l- f(x) limx-+l + f(x) 1 f ( l ) .


= = =
Máximos e mínimos • 141

( d ) Se x (0 ,1] , 1'(x)
E (2/3)x - 1 / 3 > O e f "(x)
= - (2/ 9) x - 4/ 3 < O. =

Assim f é estritamente crescente e estritamente côncava em [O ,1] .


( e ) Em [1 ,(0) a função f é estritamente decrescente e estritamente con­
vex a, uma vez que para x em [1 ,(0) se tem 1'(x) - 4 X/ (X 2 +1 ) 2 > O=

e f"(x) ( 1 2x 2 + 1 ) / (x 2 + 1)3 > O.


=

( f ) Comb inando ( d ) e ( e ) vemos que x 1 é ao mesmo tempo um ponto


=

de máx imo glob al em [0 ,(0) e um ponto de infl ex ão.


( g ) A função f não é diferenciável em x = O,onde seu gráfico tem tangente
vertical, e
2
lim f (x) = lim O,
X2 + 1
=
x---+oo x---+oo

logo a reta y = O é uma assíntota horizontal ao gráfico de f .


( h ) A função f não é diferenciável no ponto x = 1 , pois 1' ( 1 - ) = 2 / 3 =I-
1' ( 1 +) - 2 .
=

EXEMPLO 3. 1 2 . 1 1. O esb oço do gráfico d a função


x
y =

{/x 2 1 -

apresentado na figura 3 . 1 2 . 9 foi ob tido por meio da seguinte análise:

y'33

Figura 3 .1 2 .9: y = �
x2 1 -

( a ) A função é ímpar, portanto, seu gráfico é simétrico com respeito à


origem e b asta uma análise para x � O.
142 • A Derivada

x x
(b ) xlim
-tl- ijx 2 - 1 = - 00 e lim
x-t1 + ijx 2 - 1 = 00.

x
( c ) 1.I mx-t(XJ
ijx 2 - 1
=00.

(d) x = J3 é um extremo e é um ponto de mínimo, pois

'
O.
y e y
,,( ;-;;3 )
v =
3J3
{!2
>

(e) A função é côncava em [0 ,1 ) e em [3 ,(0 ) e convexa e m ( 1 ,3] ,como se


pode ver estudando o sinal da derivada segunda:
" 2x( 9 - x 2 )
y
9{/(x 2 - 1 ) 7

(f) Por (e) , 1 e 3 são pontos de infl exão, pois y " muda de sinal nesses
pontos. O ponto O tamb ém é de infl exão, pois pela simetria de uma
função ímpar, ela muda seu caráter de convexidade em x O . . =

H oje em dia existem programas que fornecem com muita precisão o grá­
fico de funções, mas a familiaridade com os fatos apresentados aqui certa­
mente facilitam a ob servação de aspectos e detalhes fundamentais que esses
programas não mostram necessariamente. Os gráficos aqui apresentados são
esb oços qualitativos. Isto é, não estamos preocupados com a exatidão, mas
em mostrar aspectos geométricos relevantes que um desenho preciso pode
esconder.

3. 13 A DIFE RE NCIAL E A FÓ RMULA DE TAY LOR


Suponha ques (t ) sej a a coordenada de um ponto que se move numa reta s
quando o tempo t varia de to a tI . A velocidade média é
s(h) - s ( to )
v =
--'---'-----'----'-
(3 . 1 3 . 1 )

J á sab emos que a velocidade Vo em to é o limite do segundo memb ro de


(3. 13. 1 ) com tI -------+ to, Vo s'(to ). A derivada de s em to é então a taxa de
=

variação des (t ) com relação a t, no instan te to .


Sempre que alguma grandeza evolui com o tempo, ou com alguma outra
variável, há o interesse na taxa de variação dessa grandeza [variável depen­
dente 1 com relação ao tempo ou à outra variável [variável independen te l.
A diferencial e a fórmula de Taylor • 143

Assim, em ecologia, a taxa de crescimento ou declínio de uma espécie; em


economia, o custo marginal de produção de uma mercadoria [ taxa de va ­
riação do cus to em relação à quan tidade produ zida] são exemplos onde a
derivada é usada como taxa de variação.

3. 13. 1 A diferencial
N a situação descrita em nosso preâ mb ulo, costuma-se estimar a coordenada
s(t) em instantes t próximos de to sub stituindo-se a velocidade instantâ nea
v(t) por uma velocidade constante, v(t) V, isto é, =

s ( t) � s ( to) +v(t - to).

E stamos assim aproximando s ( t) por uma função linear afim [ conforme o


i tem (1) do exemplo 2.4.6, página 70] . A vantagem é que as funções lineares
são mais simples [veja a figura 3.13. 1], mas este procedimento ob viamente
envolve um erro. É uma aproximação. J á que podemos escolher v livremente,
a questão aqui é: "qual a melhor escolha de v?" Isto é, "que escolha fornece
a melhor aproximação para v(t), para t numa vi zinhança de to?"

Figura 3 .13 .1: Gráfico de uma função linear afim

Vamos agora responder, num contexto mais geral, a questão acima. Da­
dos f : (b, c) �, a E (b, c ) , vejamos com precisão o que entendemos por

aproximar f nas vizinhanças de a por uma função linear [linear afim, na


verdade] . A figura 3. 13.2 é referência para o que segue.
1 . Tomemos novas coordenadas (ç- , Tl) no plano xy , tais que x a +ç- , y = =

f ( a) +Tl· Logo a origem (ç- , Tl) (O, O) do novo sistema de coordenadas


=

é o ponto (a ,f (a) ) do gráfico de f. E studar a variação de y como


função de x, y f(x) , é equivalente a estudar a variação de Tl como
=

função de ç- , Tl f (a +Ç) - f (a) .


=

2 . Numa vizinhança de (ç- , Tl) (O, O) , aproximamos Tl f (a +ç- ) - f (a)


= =

por Tl kç- . Chamamos a variável ç- de acréscimo [ou incremento ] da


=
144 • A Derivada

variável x em a e a denotamos por 6 x. A variável TJ é o acréscimo


6y da variável y em f (a ) . Assim, nosso procedimento consiste em
aproximar f(a + 6 x) por f (a ) + k6 x.


Y �I�--��--�--- ç

X
__ L-____�__�________ �
a a+ x

Figura 3.13. 2: Aproximação de f (a + �x) por f (a) + k�x

Ao fazer essa aproximação, o erro ab soluto g é o módulo da diferença


entre o valor real f (a + 6 x) e o valor aproximado f (a ) + k6 x:
g = I f (a + 6 x) - (J (a ) + k6 x) I·
A melhor função linear P. (x) = kx é a que produz o menor erro relativo:

para 16 xl pequeno. Ou seja, é a que produz um erro relativo gr que tende


a zero quando 6 x O , -----+

I I
f (a + 6 x) - f ( a ) - k6 x
lim � lim
.6.x-.O 6 .6.x-.O
=
1 xI 6x
f (a + 6 x) - f ( a )
= limo
.6.x-. I 6x
-k
I = O.

Assim,
f (a + 6 x) - f (a )
k
lim f' (a ) .
.6.x-.O
= =
6x
E m outras palavras, se f é derivável em a , a melhor aproximação linear de
f numa vizinhança de a [ ou seja, para 6 1 xl pe queno 1 é:
f (a + 6 x) � f (a ) + f' (a )6 x. (3. 13.2)
A diferencial e a fórmula de Taylor • 145

--�----�----
x
a a + box
Figura 3 .13 .3: A diferencial dy = f' (a)dx

DEFINIÇÃO 3. 1 3. 1 . A diferencial de f em a é a função linear df (a) definida


por �x l' ( a) �x. Indicando com dy é o acréscimo de y calculado pela
1---+

diferencial, temos
dy 1' (a) �x.
= (3. 13.3)
o acréscimo �x é denotado por dx , isto é,

dy = 1' (a) dx.

Desta forma, por (3. 13.2) ,o acréscimo �y f (a +�x) - f (a) ,é aproximado


=

pelo acréscimo linear dy l' (a) dx , isto é,


=

f (a +dx) � f (a) + dy. (3. 13.4)


A figura 3. 13.3 corresponde à figura 3. 13.2 com a melhor aproximação, a
diferencial de f em a , no lugar da função linear dx k dx. 1---+

Observação 3. 1 3. 2. ( 1 ) A notação �x dx é sugerida pelo caso em que f


=

é a identidade, y x , em (3. 13.3) .


=

( 2 ) A aproximação (3. 13.4) em geral é b oa apenas em uma vizinhança


de a e essa vizinhança pode ser muito pe quena.
Por exemplo, se a 1 e y f (x) x3 [veja a figura 3. 1 3. 4] , temos
= = =

l' (x) 3x 2 e a aproximação de f ( 1 + 8) 1 +3 8 + 3 82 + 83 fornecida pela


= =

diferencial df ( 1 ) é
1 + 3 8 + 3 82 + 83 � f ( l ) + 1'( 1 ) 8 = 1 + 3 8.

Se 181 não for pequeno, esta pode ser uma aproximação muito grosseira,
cujo erro relativo é
146 • A Derivada

y=1 + 3(x-l)

Figura 3.13.4: x3 :;::j 1 +3 (x - 1)

Assim, para 6 10-1 o erro relativo é 0, 3 1 , mas para 6


= = 1 o erro relativo
é 4 e, para 6 2 , o erro relativo é 10.
=

EXEMPLO 3.13.3. (1) O volume de uma esfera de raio x é V V (x) = =

47r x3/3. Estimemos o volume da esfera de raio 12, 05 em considerando- o em


torno de x 12 em , tomando dx 0, 05cm como acréscimo.
= =

O acréscimo dV é a diferencial de V em x 1 2 . Como V' ( 1 2 ) 47r x 2 e = =

dx 0, 05 , temos dV 47r x 2 dx 47r ( 144) (0, 05) 28 ,8 7r .


= = = =

Como V ( 12) 47r ( 12)3/3 2 304 7r , temos


= =

V ( 1 2 , 05) � V ( 12) + dV = (2304 + 28 , 8 )7r .


Ou sej a,
V ( 12, 05) � 2332, 8 7rcm3 .
(2) Uma caixa cúbica tem a aresta de x 4cm , com um erro máximo =

de 0, 05cm . Estimemos o erro máximo no volume V da caixa.


Temos V x3 , onde x é a medida da aresta. Portanto, uma estimativa do
=

erro má xi mo do volu me é dV V' dx 3x2 dx , com x 4 e dx 0 , 05 . O u


= = = =

seja, dV 3· 16· (± O, 05) ± 2 , 4. Em outros termos, g IV' (4) (± 0, 0 5)1


= = = =

2 , 4cm3 é uma estimativa para o erro máximo no volume.


(3) Estimemos a variação do lado de u m qu adrado, quando su a área
varia de 16 m 2 para 16 , 1 m 2 . Se a área é x , o lado é y fi. Se x 16 , o = =

incremento dx 0, 1 cau sa u m incremento dy estimado por:


=

1
dy � y dx l1""C O, 1 0, 0 1 25.
/
= =
2v 16
A diferencial e a fórmula de Taylor • 147

(4) De acordo com (3.13.2) , para I xl suficientemente pequeno, uma b oa


aproximação para sen x é sen x x. De fato, se y sen x,
= =

sen x = sen x - sen O :::::: dy = (cos O) (x - O) = x.

3. 13.2 A Fórmula de Ta ylor


B usquemos aproximações mais acuradas. Ab rimos mão de funções aproxi­
mantes lineares e admitimos aproximar f por polinômios. A vantagem de
aproximar por um polinômios é que seu valor em cada ponto é facilmente
calculável, o que não acontece com qualquer função, como seno, cosseno ou
outras que estudaremos mais adiante.
Voltando a (3.13.2) , se f é derivável em a, a diferencial de f em a fornece
uma aproximação por um polinômio de primeiro grau em x - a:
PI ( x) = f ( a) + f' ( a ) (x - a). (Pl )
H coincide com f em a e a derivada de H com a derivada de f em a. Mas a
derivada segunda de H em a é zero e, em geral, não coincide com a derivada
segunda de f em a, quando esta existe.
Se f for derivável até ordem 2 em a, podemos aproximar f por um
polinômio P2 em x - a, de grau 2 , tal que P2 coincida com f em a juntamente
com suas derivadas de primeira e segunda ordem em a. Isto é,
f(a) = P2 (a) , 1'(a) = P�(a) , f"(a) = P�/(a). (3.13.5)
Impondo as condições (3.13.5) a P2 ( X) a I + a2 (x - a) + a3 (x - a) 2 , con­
=

cluímos que P2 necessariamente tem a forma


P2 (X) = f(a) + 1'(a) (x - a) + ( 1 / 2)f"(a) (x - a) 2. (P2)

Em geral, para qualquer n 1 , 2, . . . , se f : I


= IR tiver todas as -----t

derivadas até ordem n em a E I , por sucessivas aplicações dos argumentos


acima concluímos que o polinômio em x - a, de grau n , coincidindo com f
em a, juntamente com suas derivadas até ordem n é da forma

Pn (x) = f(a) + 1'(a) (x - a) + ... + � f(n )(a) (x - a) n , (Pn) .


n.

DEFINIÇÃO 3.13.4. O polinômio Pk dado em (Pk ) , k 1 , 2 , . . . , é chamado =

Polin ômio de Ta ylor de ordem k de f, em to mo de a.


148 • A Derivada

Sej am f E Cn + I num intervalo aberto l e a E l. Ao aproximarmos f por


seu polinômio de Tay lor Pn , o correspondente erro En (x) f(x) - Pn (x) , =

para x numa vizinhança V (a) de a, satisfaz


f(x) = f(a) + f'(a) (x - a) + . . . + � f(n )(a) (x - at + En (x) .
n.

Vamos estimar En (x). Temos En E cn + I e, para x E V(a):

Definindo h(x) =(x - a) n + I , observemos que


h(a) = h'(a) = h(n ) (a) 0, e h(n + I )(x)
. . . = = = ( n + I)! . (3.13.7)
Como, por (3.13.6) e (3.13.7) , En (a) = h(a) = 0 , temos:
En (x) En (x) - En (a)
, x i- a, (3.13.8)
h(x) h(x) h(a)
_

e pelo Teorema de Cauchy , existe 0" 1 entre x e a tal que

Portanto a equação (3.13.8) fica


En (x)
h(x)
Como (3.13.6) e (3.13.7) implicam E�(a) h' (a) 0, esta equação pode
= =

ser escrita:
En (x) E�(O"I ) - E�(a)
.
h(x) h' ( O"d - h' ( a )
Decorre Teorema de Cauchy que existe 0"2 entre 0" 1 e a tal que
En (x) E�(0"2 )
.
h(x) h" (0"2 )
Novamente de (3.13.6) e (3.13.7) vem E�(a) h"(a) 0 , donde= =

En (x) E�(0"2 ) - E�(a)


.
h(x) h" (0"2 ) - h" (a)
Procedendo assim sucessivamente chegamos por fim à existência de um
número O" entre x e a de modo que
En (x) EAn + I ) (O")
.
h(x) h(n + I ) (O")
A diferencial e a fórmula de Taylor • 149

Util izando (3.13.6) e (3.13.7) outra vez, obtemos E�n + l ) (o-) =


f(n + l l (o-) e
h(n + l )(o-) (n+I)!, portanto
=

(3.13.9)

Como l é um interval o aberto, podemos tomar a vizinhança V (a) da forma


V (a) (a - 6, a + 6) , com 6 > O suficientemente pequeno, de modo que
=

J [a - 6, a+6] C l. Como f(n + l ) é contínua no interval o fechado J , el a é


=

l imitada em J. Se Ln é uma constante tal que If(n + l )(x)1 :( Ln ' para todo
x E J temos a seguinte estimativa para o erro En (x):
1
I En ( x ) I :( Ln I x - a In + l ,
(n+I)!
portanto
En (x)
l im O. (3.13.10)
(x - a) n
=

x-ta

O significado do l imite (3.13.10) é que En (x) tende a zero quando x a -----?

mais rapidamente do que (x - a) n . Observe que a cota Ln depende de n.


Poderíamos fixar L mas, nesse caso, o interval o J teria de ser escol hido
dependente de n, isto é, J Jn [a - 6n , a+6n ], n 1,2,...
= =
=

A discussão precedente pode ser resumida na seguinte proposição:


FÓRMULA DE TAYLOR. Sup onham os que f : l 1Ft seja uma funçã o de
-----?

n 1
classe C + num interval o abert o l e seja a E l. Entã o existe vi zinhança V
de a tal que , para t od o x E V,

f(x) =
f(a) + j'(a) (x - a) +...
1 1
...+ f(n )(a) (x - at +
- f(n + l )(o-) (x - a) n + l , (3.13.1 1 )
n! ( n+ 1 ) !
onde o- =
a +a(x - a), para algum a, O < a < 1.

A fórmul a (3.13.9) é devida a Lagrange, por isso (3.13.1 1 ) é conheci­


da co mo Fórmula d e Tayl or , com rest o d e Lagrang e, e En (x), c omo está
expresso em (3.13.9), é chamado rest o d e Lagrange .
A Fórmul a de Tayl or tem esse nome em homenagem ao matemático
B rook Tayl or ( 1685-173 1), mas quando a O , é à s vezes referida como
=

Fórmula de Ma claurin , depois de Col in Maclaurin ( 1698-1746).


150 • A Derivada

ORDEM DE GRANDEZA
Sejam J, cjJ : B � IR e a E IR um ponto de acumulação de B ou a = 00 [neste caso
supomos B n [c, (0 ) -I- 0, para todo c E IR]. Seja C V n B, para uma vizinhança =

V de a E IR ou C = [c, (0 ) n B para um c E IR, se a = 00. Supomos cjJ(x) -I- O, para


x E C. Os símbolos O, o e descrevem as seguintes situações:
rv

1. J(x) = O(cjJ(x)), com x � a, se existe uma constante real K tal que

I ��:� I � K, x E C.

2. J(x) = o ( cjJ(x)), com x � a, se


J(x)
h. m -- O.
x-+a cjJ(X ) =

3. J(x) rv CcjJ(x), com x � a, se


J(x)
h. m
x-+a 'l-'"'(X ) = C.

Por exemplo, x3 = 0(x2) e :2 = o (:3)' com x � O.


Se P e Q são polinômios de mesmo grau, então P(x) = O(Q(x)), com x � 00,
mais ainda, se P(x) = axn + alxn - 1 + ... + an e Q(x) = bxn + b 1 xn - 1 + ... + bn ,
a
P(x) rv b Q(x), com x � 00.

À vista dessas definições, J(x) = 0( 1) , com x � a, diz que J é limitada num


conjunto C como acima; J(x) = 0( 1), com x � a, significa que limx-+a J(x) = O.
Nestes termos, a expressão (3 . 13 . 10) para o Resto de Lagrange fica:

EXEMPLO 3.13.5. ( 1 ) Dado o polinômio


P (x) = x4 - 3x3+ 5x 2 - 1 ,
queremos sua expressão em termos de potências de ( x - 2). Ela tem de
coincidir com o polinômio de Tay lor de grau 4 em torno do ponto x 2 =

[veja o exercíci o 93 ]. Como


P (2) = 1 1 , P'(2) = 16 , P"(2) = 22, P"'(2) = 30, p(4l (2) = 24,
A diferencial e a fórmula de Tay lor • 151

temos,
P (x) = 1 1 + 16 ( x - 2) + 1 1 (x - 2) 2 + 5 ( x - 2) 3 + ( x - 2)4.
No caso, o resto de Lagrange é nul o e a igual dade val e em toda a reta.
(2) Vamos estimar cos6 1° usando o pol inômio de Tayl or de ordem 2 de
cos x, em torno de 7r /3. Sendo f ( x ) cos x, temos
=

f' nD =
-
�,
o pol inômio P2 em torno de 7r /3 é

P2 (X) =
� - v'3 ( x � ) _ _
( 1 /2)
(x �) 2
2 2 2!
_

3 3
Fazendo x = 7r/ 3 + 7r/ 180 , que corresponde a 6 1° , obtemos a estimativa

cos6 1° � - -
1
2
(v'3) (
-
2
-
7r
180
) - -
1 7r 2
( )
4 180
- � O ' 48 448 .

Al ém disso, como f '" ( x ) = sen x, o resto de Lagrange é

Como x = 7r /3 +7r / 180 e I sen (l I � 1 , temos a seguinte estimativa:

Portanto, cos6 1° � 0 , 48 448 , com precisão de cinco casas decimais.

D EMONSTRAÇÃO DA PROPOSIÇÃO 3.12.7


Seja f de classe em em ( a, b) com f ' (c) = .
)
= f (m-l (c) = O e f (m) (c) =1= O,
. .

m ;?: 2.
Seja V = (c - J, c+J) , J > O uma vizinhança onde vale a Fórmula de Taylor para
f , com n = m - 1. Tomemos J menor, se necessário, para garantir que o sinal de
f (m) ( x) seja o mesmo de f (m) (c) para todo x E V. Diante da profusão de derivadas
nulas, a Fórmula de Taylor se reduz a

(3.13.12)
152 • A Derivada

para todo x E V, onde (J = c + e(x - c) , com O < e < 1. Por conseguinte, (J E V.


Suponhamos, primeiramente, m par.
Neste caso, o segundo membro de 3.13.12 tem o sinal de j(m)((J), o que implica

{ j(X)
j(x)
;?j()e ,
� j()e ,
se
se
j(m)((J)
j(m)((J)
> O,
< O.

Ficam assim provados os sub-ítens (a) e (b) do item 2.


Suponhamos m ímpar e admitamos j(m)((J) > O, para fixarmo-nos num caso,
uma vez que a prova é inteiramente análoga para j(m)((J) < O.
Assim, j(m-l) é estritamente crescente em V. Como j(m-l)()e = O, temos
j(m-l)(x) < O em ( c - <5 , e) e j(m-l)(x) > O em (e , e + <5). Portanto, j(m- 2) é
estritamente decrescente em ( c - <5 , c] e estritamente crescente em [ c, c + <5), donde
j(m- 2)(x) > O se x E V \ { c} .
Assim, j(m-3) é estritamente crescente em V. Procedendo assim sucessivamente
temos j(m-3) , j(m-5) , . . . ,f" estritamente crescentes em V. Logo j "(x) > O, para
x > c, e 1"(x) < O, para x < e. Ou seja, j é estritamente côncava para x < c e
estritamente convexa para x > c em V. Portanto, c é ponto de inflexão de j e está
provado o item 1. D

3.14 EXERCÍCIOS
Calcule a derivada de cada uma das funções 1) - 10 ) :
1) f (x) = 3x3 +4x 2 - 7 6 ) p (x) = (3X)-5
2) 9 (x) = x 2 csc x 7) w (x) = x/ arcsec x
sec 2 x
3) h(t ) = t3 - � 8 ) t ( x ) = --
t cot 2 x
4) k (x) = cos 2 x cot x g) u (x) = (arccos x)3
5) r s( ) = sec 2s +s tans 10 ) v (x) = 1/ arctan x

5
11) Encontre a equação da reta tangente ao gráfico de y ( ' nos
1+x 2 )
=

seguintes pontos:

( a) (0 , 5) �
(b) (1, ) ( c ) (-2,1)

12) Encontre as abscissas dos pontos do gráfico de


y = x3 +2X 2 - 4x + 5
onde a tangente é: (a) horizontal; (b) paralela à reta 2y +8 x - 5 = O.
Exercícios • 153

13) Determine os val ores de x de modo que nos correspondentes pontos nos
gráficos de
y sen x e y cos x
= =

as respectivas retas tangentes sejam paral el as.


14) Q ual o â ngul o entre os gráficos das funções seno e cosseno nos pontos em
que el es se cruzam? [O ângul o entre os gráfic os de duas funções diferenciá ­
veis , f e g, em (xo , Yo ) é o ângul o entre as retas tangentes: I arctan 1' (xo ) -
arctan g' (xo )ll·
V3
15) Determine o â ngul o que fazem entre si a reta y - x-� Oea =
3 4
parábol a y x 2 , no ponto (V3 /2, 3/4) .
=

16 ) Mostre que os gráficos de y 3x 2 e y 2x3 + 1 são tangentes no ponto


= =

( 1 , 3) [ist o é, t êm reta tangente c omum nesse p ont ol . Esboce os gráficos.


17) Mostre que se f : ]R ]R é diferenciável e periódica, de período T, então
----+

f' é periódica, de período T.


18 ) Mostre que existem exatamente duas retas tangentes ao gráfico da fun­
ção y (x+ 1 )3 que passam pel a origem. Escreva as equações dessas retas.
=

1
19 ) Cal cul e a coordenada Xo tal que a reta tangente ao gráfico dey , =
x2 + 1
no ponto ( xo , l / (x Õ + 1 )) , seja paral el a à reta 2y -x. =

20 ) Para todo À > O, a parábol a y À x 2 + 1 passa pel o ponto (0 , 1 ) . Para


=

que val or de À o faz tangenciando a reta y x -I? =

2 1 ) Existem pontos onde a reta tangente ao gráfico de y cos x tem um =

único ponto em comum com esse gráfico? Se existem, quais são?


22) Existem pontos onde a reta tangente ao gráfico de y = cos x tem uma
infinidade de pontos em comum com esse gráfico?
23) A posição de um ponto P movendo- se num eixo coordenado é dada
por s(t) 2 t3 - 2 l t2 + 10t - 5. Determine em que interval os de tempo t o
=

ponto se move: (a) na direção positiva, (b) na direção negativa. Cal cule os
instantes em que a velocidade é nul a.
24) Seja f uma função diferenciável em ]R e defina
g (x) = f (x3 - x 2 - 1 ) .
Supondo que f (3) 1' (3) 2 , determine a equação d a reta tangente ao
= =

gráfico da função g , no ponto (2,2).


154 • A Derivada

25) Considere uma escada A B de 5 m de al tura, apoiada em uma parede ver­


tical , que é puxada horizontal mente pela base A , de acordo com o esquema
da figura 3. 14. 1 .

Figura 3 . 14. 1: Escada

A base A tem vel ocidade constante, v 2 m/s, na direção indicada. Q ual


=

a vel ocidade do topo B no instante em que A está a uma distância de 3 m


do pé da parede?

- 2X2+
Cal cul e a derivada das funções 26 ) - 31)

- 3
26 ) f(x) (4x3
= 5)5 .
100
2t + t)-2.
27) g (x) (5x 3) .
=

28 ) h(t) tan(3t5 -

(S2+ :2)7
=

29 ) k(s) �

arctan [(2x 1 ) 10 2] 1/ 2 .
(t-4 - 2C2+ 1t5 .
30 ) m(x) = -
+

3 1 ) n(t) =

32) Demonstre que se uma função h é diferenciável em X o , se 9 é diferen­


ciável em Yo h (xo) e se f é diferenciável em Zo g (yo) , então a função
= =

w f ( g ( h ( x) )) é diferenciável em X o e
=

[J ( g ( h (x) ))J�=xo =
j' (zo )g' ( Yo ) h' (xo ) ,
isto é , a regra d a cadeia se estende para a composição de três funções.
Em outra notação,
dw dw dz dy
dx dz dy dx
G eneral ize para n funções.
33) Encontre o ponto P do gráfico de y V 2 x - 4 tal que a reta tangente
=

em P passe pel a origem.


E:r:er'CÍcio8 • 155

34) Sej a f uma função diferenciável . Mostre que se f for par, então f' é
ímpar e, se f for ímpar, então f' é par.
35) Se f (x) = l /x, encontre uma fórmul a para f( nJ (x) , n = 1 , 2 , .. . . Cal cul e
a derivada f( nJ (l ) .
36 ) Se f (x) = fi, obtenha uma fórmul a para f(rlJ (x) , n = 1 , 2 , . . . .

37) Se x indica a medida de um arco em graus [e nã o em radian os l, use a


regra da cadeia para verificar que
(sen x)' #- cos x, x E ]R .

Neste caso, cal cul e (sen x)', (cos x)' e (tan x)' . Compare como ficam os grá­
ficos de y cos x nos dois casos, isto é, ora com x representando a medida
=

do arco em radianos, ora em graus.


38 ) Use a regra da cadeia para mostrar que, se f e 9 são de classe e1 em ]R ,
então f o 9 é de cl asse e 1 . Use indução compl eta para mostrar que, se f e
9 são de cl asse en em ]R , então f o 9 é de cl asse Cri, n 1 , 2 , . . . . Portanto,
=

se f e 9 são de cl asse ex em ]R , então f o 9 é de cl asse eoo.


39 ) Dê exempl os de funções h diferenciáveis tais que h = f o 9 [ist o é,
h(x) = f (g (x)) 1 com:
( a) f diferenciável e 9 não diferenciável
(b) f não diferenciável e 9 diferenciável
(c) f e 9 não diferenciáveis
40 ) Encontre todas as derivadas de ordem superior de arcsen x em x O. =

41) Se f, g, h, são funções diferenciáveis até ordem dois tais que existe a
composição f (g (h(:r ))) , cal cule a derivada segunda de f (g (h (x ))) .
42) Q ue condições devem satisfazer 0', (3, a , b, e c para que
O'X +(3
f(x)
Ja x2 + 2bx + c
=

tenha derivada não nul a em toda a reta?


Em 43) - 48 ) , admita que y é definido implicitamente como função de x e
cal cul e y' = dy / dx:
43) x3 +y3 = a3 46 ) tany = yx
44) x3 + x 2y +y4 O = 47) xy = arctan(x/y)
45) a cos 2 (x +y) = b 48 ) arctan(x +y) x =
156 • A Derivada

Para cada função dos exercícios de 49) a 57), determine os pontos de má­
ximo e de mínimo, os intervalos em que ela é crescente, aqueles em que é
decrescente e seus pontos de infl exão.
x x3
49) f(x) = x2 - 4x+3 52) q(x) = - 55) m(x) = -­
x+1 x2+3
2
50) g(x)=4+3x - x3 53) r(x) = x2(x - 12? 56)n(x)=x2+­
x
1
54) u(x) =
4
51) h(x)=x+- 57) p(x) = 21xl - x2
x x+ 3
58) Sej a f : IR. ---t IR. diferenciável, com limx--->CXl 1'(x) = a > o. Mostre que
limx--->CXl f(x) = 00.

59) Sej a f : IR. IR. diferenciável. Pode- se garantir que limx--->CXl 1'(x) = O
---t

implica na existência de limx--->CXl f(x) = g E IR.? Prove, se a resposta for


positiva, ou dê um contra- exemplo.
60) Mostre que se f : IR. IR. é uma função diferenciável periódica, então f'
---t

também é periódica com mesmo período. Dê exemplo de uma função cuja


derivada é periódica, mas ela não.
61) Se f(x) é um polinômio de segundo grau, prove que em qualquer inter­
valo (a, b) existe um úni co ponto é, tal que
f(b) - f(a) = j'(é,)(b - a).
62) Se f(x) é um polinômio qualquer [p ortant o, 1'(x) também é um p olinô­
mi o] , mostre que entre duas raízes distintas de f(x) existe pelo menos uma
raiz de 1'(x).
63) Prove que um polinômio de segundo grau não tem pontos de infl exão.
64) Demonstre que um polinômio de grau 3 sempre possui um único ponto
de infl exão.
65) Sej a f : [ a,oo ) IR. diferenciável e convexa, com f(a) < f(a + 1).
---t

Mostre que limx--->CXl f(x) = 00.


. 1
66) Determm ar os pontos da curva y = em que a reta tangente a ela
. l+x2
tem coeficiente angular máximo.
67) Dado um número a > O, determinar dois números positivos, x e y, de
modo que sua soma seja a e seu produto seja máximo [ ou seja , determinar
um retângul o de perímetro dad o com área máxima l.
68) Calcule a área máxima de um retâ ngulo com base sobre o eixo x e
vértices superiores na curva y = 12 - x2.
69) Determinar os pontos da curva y = jX mais próximos do ponto (c , O )
se: (a) c;? 1/2; (b) c < 1/2.
70) Dado um triâ ngulo isósceles de base b e altura h, inscreve-se nele um
outro triâ ngulo isósceles com base paralela à base do primeiro e vértice no
Exercícios • 157

seu ponto médio. Q uais as medidas do triâ ngul o de área máxima inscrito
desta forma?
71) Dada a equação x3 3x2 9x+ À = O , determine os val ores de À para
� �

os qU aIS :
(a) a equação tem uma raiz dupl a;
(b) a equação tem trê s raízes reais distintas.
[ Uma rai z de um p olinômi o é dupla se for rai z d o p olinômi o e de sua deri­
vada , mas nã o da derivada segunda l.
72) Demonstre que os zeros das funções seno e cosseno são os seus únicos
pontos de infl exão
73) Deve- se construir uma caixa de base retangular com um pedaço de
cartol ina de 3 dm por 2 dm, cortando- se fora um quadrado de cada vértice
e então dobrando-se os l ados. Determine o l ado do quadrado extraído que
produz a caixa de vol ume máximo.
74) Deve ser fabricado um reservatório na forma de um cil indro circul ar
reto, aberto no topo, tendo 241fm3 de capacidade. O custo do material usado
para fazer o fundo é três vezes maior do que o custo do material usado na
superfície l ateral . Supondo que não há perda de material no processo de
fabricação, determine as medidas do reservatório que minimizam os custos.
75) Um vitral tem o formato de um retâ ngul o acrescido pel a j ustaposição de
um semicírcul o, fazendo- se coincidir o diâ metro deste com o l ado superior
do retâ ngul o. O vidro util izado na parte semicircul ar é mais fosco, de modo
que a quantidade de l uz que passa por unidade de área é 2/3 da permitida
pel o vidro da parte retangul ar. Sendo o perímetro do vitral fi xado em 6m,
cal cul e as medidas do vitral que permite máxima l uminosidade.
76) À s 13 horas um navio A está a uma distâ ncia de 50km ao sul de um
navio B. O navio A navega rumo norte a 25km/h. O navio B navega rumo
oeste a 18km/h. A que horas a distâ ncia entre os dois navios é mínima?
77) Um homem pode caminhar duas vezes mais rápido do que nadando. Para
ir de um ponto da borda de uma piscina circular a outro diametral mente
oposto, el e pode caminhar ao l ongo da borda da piscina e nadar atravé s
del a. Determine a trajetória que o l eva a seu destino no tempo mínimo.
78) A il uminação proveniente de uma fonte pontual de l uz é diretamente
proporcional à potência da fonte e inversamente proporcional ao quadrado
de sua distâ ncia. Duas fontes tê m, respectivamente, potê ncias P I e P 2 e
estão a uma distâ ncia J;, uma da outra. Determine o ponto menos il uminado
sobre o segmento unindo as duas fontes.
158 • A Derivada

79 ) Se I é um int ervalo fech ado limit ado e f : I IR é cont ínua, most re


-----+

que se f for est rit ament e convexa ela possui um único pont o de mínimo.
8 0) Most re por um exemplo que se I não fosse fech ado no exercício 79 , a
conclusão não valeria em geral.
Faça um esboço do gráfico das seguint es funções:
4x 4
8 1 ) f (x) = x3 - 3x 2 8 3) h(x) = 8 5) u (x)
4 +X 2 ----=
-;= :::::c
=
J 4 - x2
2 X4 - 3
8 2) g(x) = x 2 + - 8 4) e (x) = 86 ) v ( x) = sen x + cos x
X
--

x
8 7) Se w = Z3 - 3z 2 + 2z - 7, det ermine dw e use essa diferencial para
est imar a variação de w, quando z varia de 4 para 3,9 5.
1
88 ) Se f (x) = dê uma aproximação para f(l, 02) usando a diferen-
2 - x2 '
cial de f no pont o x = 1 .
89 ) O raio de uma superfície plana circular é 8m , suj eit o a uma dilat ação
de O, 06m . Est ime o aument o da área da superfície com a dilat ação.
9 0) Use diferencial para aproximar o cresciment o da á rea da superfície esfé­
rica de um balão se seu diâmet ro varia de 2m para 2.02m [ Área da superfície
de u rna esfera de rai o r: S 47["7' 2 ] .
=

9 1 ) O raio do t ronco de uma árvore era 1 5 cm. N o decorrer de um ano o


perímet ro de sua circunferê ncia cresceu 6 cm. Q uant o, aproximadament e,
cresceu o seu raio? E a área de sua seção t ransversal?
9 2) Use a diferencial para aproximar P = (3, 0 1 )3 - 2(3, OI? +4(3, 0 1 ) +3,
considerando 3, 0 1 = 3 + 0, 0 1 . Compare com o valor exat o de P .
9 3) Sej am f um polinômio de grau n � 1 e a E IR dados. Det ermine o
polinômio de Tay lor P n de f em t orn o de a e most re que f (x) = P n (x) para
t odo x E IR-
Em 9 4) -9 7) dê o polinômio de Tay lor de ordem n de f em t orno de a, para
os valores indicados de n e a:
9 4) f (x) = sen x, para a = 7[/2, n = 3.
9 5) f (x) = cos x, para a = 7[/4, n = 3.
96 ) f (x) yIX, para a = 4, n = 3.
=

9 7) f(x) = t an x, para a = 7[/4, n = 4.


98 ) Use os exercícios 9 4) -96 ) para obt er est imat ivas dos números sen89° ,
cos 47° e J4,1J3.
Exercícios • 159

x2 1
99 ) Se cos x é subst it uído por 1 - 2 e I xl < 2' dê uma est imat iva para o
erro absolut o.
N os exercícios abaixo, t omando n E N em 103) , use a Regra de L ' H ôpit al
para calcular os limit es.
x 2 - 16 a
100) limx-4> - 103) limx->1Xl x n sen -
X 2 +X - 20
---­

x
101) limx->Q---
t an x - x
104) limx->7r/ 2
sec 2 3x

�)
x - sen x sec 2 x
(
102) limx->Q __- -
1
sen 2 x x
105) limx->Q
arct an x
--­

x
4

A INTEGRAL

A Integra l estende a noção de área pa ra conj untos pla nos ma is gera is do que
retâ ngulos, triâ ngulos, tra pézios etc. O embrião da s idéia s a presenta da s a qui
foi la nça do h á muitos séculos, com o método da exa ustão pa ra o cálculo de
área s e volumes, a tribuído a Eudoxus (39 0 a . C. 340 a . C . ) e gra ndemente
-

estendido por Arquimedes (28 7 a . C. 212 a . C . ) .


-

Consideremos uma função f limita da e não nega tiva num interva lo [a, b].
A integra l de f será a área do subconj unto !% do pla no xy compreendido
entre seu gráfico e o eixo x. Ou seja , a área do conj unto
!% = {(x, y) I a � x � b, O � y � f(x)},

conforme a figura 4.0. l .

a b

Figura 4.0.1: O conj unto gp

E mbora este a ssunto possa pa recer completa mente independente do ca­


pítulo a nterior, a integra l tem uma estreita e surpreendente liga ção com a
162 • A Integral

deriva da , tra duzida pelo Teorema Funda menta l do Cálculo, que a presenta ­
remos brevemente.

4.1 IN TEG RAB ILIDADE E DEFIN IÇÃO DE IN TEG RAL


Deve fica r sempre presente que a integra l de Riema nn é definida sobre in­
terva los limita dos pa ra funções limita da s. Consideremos, pois, uma função
f : [a, b ] ]R limita da . Precisa mos inicia lmente introduzir a lguma nota ção.
-----+

DEFINIÇÃO 4.1.1. Um conj unto finito de pontos 9 = {XO,XI' . . . , .Tn } or­


dena dos de modo que
a = Xo < Xl < ... < X n = b, (4.1.1 )
é cha ma do urna partiçã o d o interval o [a, b ] e se denota
9 : a Xo < Xl < ... < X" b.
= =

Indica mos com tlXi = Xi - Xi-I, o comprimento de ca da interva lo [Xi-I,Xi ] ,


i I, 2, . . . , n. Ta mbém definimos
=

/vIi = sup f (x),


(4.1.2 )

i = 1, 2, . . . , n.
DEFINIÇÃO 4.1.2. Seja 9 : a = X o < Xl < ... < xn = b urna pa rtição do
interva lo [a, b ]. Os números
n n
S(9, I) = L lVli !lXi, s(9, I) = L mi tl xi,
i=l i=l
são cha ma dos, respectiva mente, s orna superi or e s orna inferi or da função f
rela tiva mente à pa rtição 9 .
Obvia mente, s(9, I) :s;; S(9, 1). Suponha mos que f seja não nega tiva .
A sorna superior é interpreta da como uma a proxima ção p or excess o do que
virá a ser a área A do conj unto !!l! considera do no preâ mbulo deste ca pítulo,
enqua nto a soma inferior é urna a proxima ção p or falta.
De fa to, a pa rtição 9 determina urna coleção de retâ ngulos de ba se
[Xi-I,Xi] , i = 1, . . . , n, cuj o la do superior "t oca " o gráfico de f e fica a ba ixo
dele [retângul os s ombread os na figu ra 4. 1. 1]. A soma inferior s(9, I) é a
sorna da s área s desses retâ ngulos. Ana loga mente, fica determina da uma c o­
leção de retâ ngulos de mesma s ba ses cuj o la do superior "t oca " o gráfico de
f e fica a cima dele [retângul os mai ores na figu ra 4 . 1 . 1 ]. A soma superior
S(9, I) é a soma da s área s desses retâ ngulos.
Integrabilidade e definiçiio de integral • 163

Figura 4.1.1: Somas superior e inferior

. . Diz-se que uma pa rtição 9* de [a, b] é um refinament o


DEFINIÇÃO 4 . 1 3
de uma pa rtição 9 se 9* contém todos os pontos de 9.

Da da s dua s pa rtições de [a, b], 91 e 92, sempre existe um refina mento


comum a a mba s, ba sta toma r a reunião 9 91 U 92 e reindexa r os
=

pontos de 9 pa ra que venha m a sa tisfa zer a ordena ção (4. 1 . 1 ) . Sempre que
se obtém um refina mento de uma pa rtição 9 pela inserção de novos pontos,
uma reindexa ção como esta é necessária . Isto fica rá, em gera l, subentendido.
PROPOSIÇÃO 4 . 1 . 4 . Se 9* é um refinament o de uma partiçã o 9 de [a, b]
e f : [a, b] IR é uma funçã o limitada, entã o
----+

5(9*, 1) � 5(9, 1) e s(9*, 1) � 8(9, 1).

A proposição 4. 1 .4 diz que, a o troca r 9 por um refina mento 9*, a soma


inferior tende a crescer e a soma superior a decrescer. Sua prova é deixa da
como exercício. Uma sugestão: prove pa ra o cas o em que 9* é obtida de 9
p or inserçã o de um únic o p ont o. Dep ois n ote que qualquer refinament o 9*
p ode ser obtid o de 9 p or sucessivas inserções de um p ont o.
COROLÁRIO 4 . 1 .5 . Sejam f : [a, b] ----+ IR limitada e 91 e 92 partições
quaisquer de [a, b]. Entã o:
(4. 1 . 3)

Dem onstraçã o. Seja m 91 e 92 dua s pa rtições qua isquer de [a, b]. Se 9 é


um refina mento comum à s dua s, de a cordo com a proposição 4. 1 .4, temos
o
164 • A Integral

DEFINIÇÃO 4.1.6. Seja m II o conj unto de toda s a s pa rtições de [a, b] e


f : [a, b] -+ ]R. uma função limita da , então os números

l-b f (x) dx
a
= inf S(9, f)
9"EIT

são, respectiva mente, a integral inferior e a integral superior de f .


S e f : [a, b] -+ ]R. é uma função limita da e II o conj unto d e toda s a s
pa rtições de [a, b] . O corolário 4. 1 . 5 a ssegura que o conj unto de toda s a s
soma s inferiores,
rJ = { s ( 9 , f) E ]R. 1 9 E II},

é limita do superiormente [qualquer soma superior S(9, f) , 9 E II, é cota


superior de rJ] . Ana loga mente, o conj unto de toda s a s soma s superiores,
� = { S ( 9 , f) E ]R. 19 E II},
é limita do inferiormente. Como rJ, � #- 0, segue do a xioma da completeza
que qua lquer função limita da em [a, b] sempre tem uma integra l inferior e
uma integra l superior.
PROPOSIÇÃO 4.1.7. Se f : [a, b] -+ ]R. é uma função limitada, então

t I(x) dx';; l' I(x) dx


Demonstração . Se II é o conj unto da s pa rtições de [a, b] e 91, 92 E II,
temos

Fixa ndo 92 e toma ndo o sup do primeiro membro, pa ra 91 E II, obtemos

[' I(x) dx ,;; 5(9" f) .

Toma ndo a gora o inf do segundo membro, pa ra 92 E II, vem

l' f ( r.) dx';; l I(x) dx. o

DEFINIÇÃO 4.1.8. Diz-se que uma função f limita da em [a, b] é Riemann ­


integrável ou, simplesmente, integrável em [a, b] se

lb f (x) dx lb f (x) dx.


= ( 4. 1 .4)
Integrabilidade e definição de integral • 165

A este valor comum ch ama-se integral de f em [a, b] , ou de a a b, e denota-se

l b f (x) dx.
A função f é ch amada integrando.

Desde o início desta seção a condição a < b tem sido admitida. Por esta
razão, eatabelecemos
DEFINIÇÃO 4. 1. 9 . Se f está definida em a f é integrável em {a } e
a
E lH.,

l f (x) dx = o.

Observação 4 . 1 . 1 0. Decorre da definição 4. 1 .8 que se f é uma função inte­


grável em [a, b] e se 9 é qualquer partição de [a, b] , então

8(9', f) ( l' f (x) dx l' f (x) d.T t f (x) dx ( 8(9', 1) .


� �

EXEMPLO 4. 1. 11. (1) Se f (x) = c, x E [a, b] , então é integrável e

lb c dx = c(b - a) .

De fato, para toda partição 9 de [a, b] temos

5(9, f) = s(9, f) = c(b - a) .


(2) Se f (x) = x, x E [0, 1] , então f é integrável e

t x dx �2
Jo
= .

Para entender bem a definição de integral, verifiquemos este fato. Com


efeito, para a partição !?J'>n dada por n + 1 pontos igualmente espaçados
[conforme indica a figura 4 . 1 . 2 para n 6 ] temos =

11 12 1n-1
s( !?J'>n, f) = 0 + -- + -- + . . . + - --
nn nn n n
1 1n 1 1
- ( 1 + 2 + . . . +n - 1 )
= = - - (n - 1 ) = - - - .
n2 n2 2 2 2n
166 • A Integral

5
6

Figura 4.1. 2: Soma inferior de f (x) = x relativa a &1'6

{l I }
Assim, se TI é o conj unto de toda s a s pa rtições de [O, 1] , temos
1 1
1
_o
x dx = sup s ( 9 , f)
Y' E II
� � up s ( 9n , f)
n- l ,2. . . .
=
� up 2
n-l ,2, . . .
-
2n
= 2'
Procedendo de modo inteira mente a nálogo, podemos obter

Jr
o
x dx =
(}nf 5 ( 9 , f) :::;; n-J nf
,c;:P E II 1 ,2" . .
5 ( 9n , f) = J nf
n- l ,2, . . .
{ � + � } �.
2 2n
=
2
Combina ndo esta s dua s desigua lda des, vem
1 -1
1 1
- :::;;
2 1
_o
x dx :::;;
1o x dx :::;; - ,
2
ou seja ,
t x dx �2
Jo
= .

O único obj etivo deste exemplo é ilustra r a definição de integra l. Veremos


ma is a dia nte, depois do Teorema Funda menta l do Cálculo, que esta integra l
pode ser muito ma is fa cilmente ca lcula da .
(3) A função f : [a, b] a < b, da da por

{ I,
----+ ]R ,

pa ra x irr �ciona l
f (x) =
0, pa ra x ra clOna l.
não é integrável. De fa to, pa ra toda pa rtição 9 de [a, b] temos
s ( 9 , f) = 0 e S ( 9 , f) = b - a.
Integrabil'idade e definição de 'integral • 167

Assim,
1" f (x) dx � O cf b - a � l' f (x) dx.
Até a qui, nos exemplos, a s funções f sa tisfa zem f (x) ? O , x E [a, b] ,
ma s nenh um a rgumento dependeu de f ser não nega tiva . Se f : [a, b] ]R é ----->

limita da e va le a igua lda de (4 . 1 . 4) , página 164, então existe a integra l de f


independentemente dos sina is de f (x) , x E [a, b] . Ela é a área do subconj unto
f% do pla no da do por
f% = { (x, y) E ]R 2 I a :s; x :s; b ; O :S; y :s; f (x) ou f (x) :s; y :s; O} ,
ma s a área da pa rte de f% a cima do eixo x tem sina l positivo e a da pa rte
a ba ixo do eixo x tem sina l nega tivo. Veja a figura 4 . 1 . 3 .

Figura 4. 1 .3: Área com sinal

Isto é, se denota rmos com A( G) a área de um conj unto G C ]R 2 , e se


f%+ = { (x, y) E f% I y ? O } e f%_ = { (x, y) E f% I y :s; O } , então a integra l de
a a té b de f é da da por

Por exemplo, considera ndo-se a s simetria s da função seno, como indica a


figura 4 . 1 .4, é na tura l a ntever que
2 7r
1
sen x dx O, =

pois a s área s a cima e a ba ixo do eixo x se compensa m.


Da mos a gora uma ca ra cteriza ção da s funções integráveis.
CRITÉRIO DE INTEGRABILIDADE. Uma função limitada f é integrável em
[a, b] se e somente se, dado c > O, existe partição Y' de [a, b] tal que
S ( Y' , 1) - s ( Y' , 1) < c. (4 . 1 . 5)
168 • A Integral

Figura 4. 1 .4: )('Ir


o sen x dx = O

Demonstração . Seja c > O da do. Tomemos uma pa rtição f!lJ de [a, b] sa tis­
fa zendo (4 . 1 . 5 ) . Assim,

s( :Y' , J) ,,; l' f (x) dx "; l f (x) dx ,,; S( :Y' , J)

e, porta nto,

o ,,; l f (.r) dx - l b f (x) dx ,,; S Uj', J) - s( :Y' , J) < E.

Da a rbitra rieda de de c O vem

l ' f(x) dx
>

� l f (x) dx,

logo f é integrável.
Reciproca mente, suponha mos f integrável. Da do c > O, tendo em conta
a definição 4 . 1 . 6, página 163, e a s definições de sup e de inf, podemos esco­
lher pa rtições f!lJ 1 e f!lJ2 de [a, b] de modo que

5( f!lJ2, f) - lb f (x) dx < c /2,


lb f (x) dx - s ( f!lJ1 , f) < c /2.
Assim, se f!lJ é um refina mento comum de f!lJ1 e f!lJ2, temos

5( f!lJ , f) � 5( f!lJ2, f) < lb f (x) dx + c/2 < s ( f!lJ1 , f) + c � s ( f!lJ , f ) + c .

Logo 5( f!lJ , f) - s ( f!lJ , f) < c. o

A esta a ltura é na tura l pergunta r-se: Existem muitas funções integrá­


veis ? O teorema a ba ixo dá uma resposta inicia l a esta questão.
lntegrabilidade e definição de integral • 169

TEOREMA 4. 1 . 1 2. Toda função contínua f : [a, b] ----t IR é integrável.

DEMONSTRAÇÃO DO TEOREMA 4. 1 . 1 2
Seja f : [a, b] ----+ IR. contínua, portanto limitada [proposição 2. 4. 1 7, página 77]. Dado
f > O, escolhamos (J" > O tal que (J" < fj(b - a) . Como f é uniformemente contínua
[ teorema 2. 4. 9, página 72] . existe 6 > O ta I que

x, Y E [a, b] , Ix - yl < 6 =? I f (x ) - f (y) 1 < (J" .

Tomemos uma partição fYJ : a = < Xo X l


< . . . < Xn
= b, de modo que LlXi < 6,
i = 1 , 2 , . . . , n . Assim, de acordo com (4 .1 . 2) , página 162, temos Mi - mi < (J" ,

i = 1 , 2 , . . . , n . Portanto
n n
i =l i =l
e, pelo Critério de Integrabilidade, f é integrável. o

As proposições a seguir mostra m que o conj unto da s funções integráveis


em um interva lo [a, b] é bem ma ior do que pode sugerir o teorema 4.1. 12.
PROPOSIÇÃO 4. 1 . 1 3. Toda função mono tônica f : [a, b] IR é integrável. ----t

Demonstração. Pa ra fixa r um ca so, consideremos f crescente e observemos


que f é limita da , pois
f (a) � f (x) � f (b),
pa ra todo x E [a, b].
Seja f >O qua lquer. Pa ra ca da 1, 2, . . . , consideremos pa rtições
n, n =

f!lJ : a Xo < X l < ... < X n b, de pontos igua lmente espa ça dos, isto é,
= =

6Xi (b - a)/n, i 1, 2,
= = Tomemos então suficientemente gra nde
. . . , n. n

de modo que
(b - a) [ f (b) - f (a)] < nf .

Ma ntendo a s nota ções da página 162, tern os Mi f (Xi) e mi f (Xi�d, = =

i 1, 2,
= donde
. . . , n,

n
i =l
(b - a) t[f (Xi ) f (Xi�d] (b - a) [J (b) - f (a)] <
= = f.
i =l
_

n n

Segue, porta nto, do Critério de lntegra bilida de que f é integrável. O


170 • A Integral

As dua s proposições a seguir são genera liza ções do teorema 4. 1. 12.


PROPOSIÇÃO 4. 1. 14. Se f : [a, b] ---+ IR é limitada e tem apenas um número
finito de pontos de descontinuidade, então f é integrável .

PROPOSIÇÃO 4. 1. 15 . Se f : [a, b] ---+ [m, M] é integrável e [m, J\!I] ---+ IR


g :
é contínua, então a função h(x ) = g (f(x)) é integrável em [a, b] .

DEMONSTRAÇÃO DA PROPOSIÇÃO 4. 1. 14
Dado c > O, seja M > O tal que f ( x) � M , x E [a , b] . Sejam Xj E [a, b] , j = 1 , . . . , p ,
as descontinuidades de f . Tomemos intervalos [cj , dj ] centrados em Xj , j = 1 , . . . , p,
de modo que sejam dois a dois disjuntos e a soma de seus comprimentos não exceda
c . Definamos [aj , bj ] [cj , dj ] n [a, b], j 1 , . . . , p .
= =

Removamos de [a, b] os intervalos (aj , bj ) , j = 1 , . . , p . O que resta é K C [a, b],


.

uma reunião finita de intervalos fechados, limitados, dois a dois disjuntos, portanto
f é uniformemente contínua em K [por que ? ] . Logo existe 6 > O tal que

x , Y E K, Ix - yl < 6 =* I f (x) - f (y) 1 < c .


Consideremos agora uma partição fY' : a Xo < .Xl < . . . < Xn
= b tal que : =

todos os ay 's e by 's pertençam a fY' , os intervalos (aj , bj ) não contenham pontos de
fY' , j = 1 , . . . , p , e � Xi < 6 se X i � l #- aj , j = 1 , . . . , p .
Observando que Mi - mi � 2M, i 1 , . . . , n , e .!'vIi - mi < c se X i� l #- aj ,
=

j 1 , . . . , p , podemos escrever
=

S ( fY' , 1 ) - s ( fY' , 1 ) � ( b - a)c + 2Mc .

Como c é arbitrário, o segundo membro é um número positivo arbitrário e, portanto,


a proposição segue agora do Critério de Integrabilidade. O

DEMONSTRAÇÃO DA PROPOSIÇÃO 4. 1. 15
Seja c > O dado. Como 9 é uniformemente contínua em [m . M] , existe um número
6, O < 6 < c , de modo que

x , y E [m , M] , I x - y l < 6 =* I g (x ) - g (y) l < c .

Sendo f integrável, consideremos uma partição fY' : a = Xo < Xl < . . . < Xn = b de


modo que
(4 .1 . 6)
Mantenhamos as notações da definição 4 . 1 . 2 para f e consideremos

M{ = sup h (x) e m� = inf h (x ) .


XE [Xi - l . X ; ] XE [Xi - l
Integrabilidade e definição de integral • 171

Seja A = {i, i = 1,. . . , n I Mi - mi ;? 6 } . Por ( 4 .1 . 6) , temos

6 � � X i :s;; � (Mi - mi ) �xi < 62


i EA i EA
e, portanto, L i EA � X i < 6 .
Tomando L = sUPx E [m , Mj l h (x) 1 e lembrando que 6 < E , temos

S (P, h) - s (P, h) = � (M: - m� ) �xi + � (M: - mD �xi


i EA i ítA
:s;; 2L6 + E(b - a ) < E (2L + b - a) .
Como E > O é arbitrário, o Critério de Integrabilidade implica 9 o f integrável. O

Observação 4 . 1 . 1 6 . Se uma função f é nula em [a, b] , exceto em um ponto


c , então f é integrável e
lb f (x) dx = O.

De fa to, não h á perda de genera lida de em supor f ( c) > O [por que ?] .


Neste ca so, s ( 9& , f) = O pa ra qua lquer pa rtição 9& de [a, b] , donde

lb f (x) dx
_ fL
= O.

Da do f > O , tomemos urna pa rtição 9& : a = :CO < Xl < ... < X n = b de
modo que Xi - l < c < Xi e LlX i < f i f(c) pa ra a lgum i , 1 :s;; i :s;; n. Temos
O :s;; S ( 9&, f) < f , porta nto
-b
O :s;; 1 f (x) dx = inf S ( 9& , f) < f

e, da da a a rbitra rieda de de f > O,

o � t f (x) d.T 1" f (x) rix,


o que prova nossa a firma ção.


Ma is gera lmente, se urna função 9 é nula em [a, b] , exceto em um número
finito de pontos CI,. . . , cn E [a, b] , então 9 é integrável e

lb g (x) dx = 0,
172 • A Integral

pois 9 pode ser escrita como soma de n funções do tipo da f considera da


a cima [veja os exercícios 23 e 24 ] .
Por conseqüência , se h é uma função integrável em [a, b] e u difere de
h em a pena s um número finito de pontos, C I , . . . , cn E [a, b] , então u é
integrável e
i b u(x) dx i b h(x) dx.
=

De fa to, u - h é integrável, pois é nula em [a, b] , exceto em um número


finito de pontos. Porta nto u h + (u - h) é integrável como soma de
=

funções integráveis e

ib u (x) dx i b h(x) dx +ib (u(x) - h(x) ) dx i b h(x) dx


= =

[veja o exercício 25] .

conteúdo da observa ção 4. 1 . 16, especia lmente o fa to dos va lores u ( Cj ) ,


o
J 1 , . . . , n, não a feta rem a integra bilida de de 1L nem sua integra l, ins­
=

pira uma extensão da integra l de Riema nn pa ra domínios um pouco ma is


complexos do que interva los fecha dos e limita dos.

DEFINIÇÃO 4.1.17. Da dos C I , . . . , cn E [a, b] e f : [a, b] \ {CI , . . . , cn } IR,


----->

diz-se que f é integrável se qua lquer sua extensão 9 a [a, b] o for [confira
com a definição 1 . 2. 6, página 22] . N este ca so, define-se

ib f (x) dx ib g(x) dx.


=

Se f está na s condições da definição 4. 1 . 17, a observa ção 4. 1 . 16 deixa


cla ro que a integra bilida de de f e sua integra l independem da escolha da
extensão g . Costuma -se proceder como se o domínio de f pa ssa sse a ser
[a, b] , definindo f ( cj ) g ( Cj ) , j 1 , . . . , n.
= =

Assim, usa -se dizer, por exemplo, que a função f (x) x/ J x J é integrável
=

em [ - 1 , 2] e J� I f (x) dx 1 , embora não esteja definida em todo [ - 1 , 2] .


=

Da mesma forma , diz-se que a função (sen x) lx é integrável em [0 , 1] , em­


bora não esteja definida em todo o interva lo [0, 1] . N ote que neste ca so. a o
contrário do a nterior, a função tem uma extensão contínua a o interva lo de
integra ção [O, 1] [qual ?] .
Propriedades da integral • 173

4.2 PROPRIEDADES DA IN TEG RAL


Nossa prova da proposição a seguir depende do seguinte fa to: da da s dua s
funções h , h : A IR? limita da s,
----+

sup [ h (x) + 12 (x)] :s;; sup h (x) +sup 12 (x) ,


xEA xEA xEA
(4. 2 . 1)
inf [ h (x) + h (x)] � inf fl ( X ) + inf 12 (x)
xEA xEA xEA
[veja o exercício 21 do Capítulo 1 ] .
PROPOSIÇÃO 4 . 2 . 1 . Se h , h : [a, b] ----+ IR? são integráveis e c E IR? é dado,
valem as seguintes afirmações:
1. h + h e c h são integráveis e
b
l
[ h ( x) + 12 ( x )] dx = lb h (x) dx+l b h (x) dx,
l b ch (x) dx =
b
c l h (x) dx .

2. Se fI (x) :s;; 12 (x) em [a, b] , então


b
l
h (x) dx :s;; l b h (x) dx .
3. Se a < c < b, então f é integrável em [a, c] e [c, b] e
b
l
f (x) dx = lc
f (x) dx + f (x) dx . lb
Demonstração . Pa ra qua lquer pa rtição 9 de [a, b] , de a cordo com a defini­
ção 4. 1 . 2, página 162, e a s rela ções (4.2. 1) temos:
s ( 9 , fI ) + s ( 9 , h ) :s;; s ( 9 , h + h) :s;;
S ( 9 , h + h) :s;; S ( 9 , fd + S ( 9 , h )· (4.2 . 2 )
Da do [ > 0, pelo Critério de Integra bilida de, existe pa rtição 9 ta l que
S ( 9 , h) - s ( 9 , fd < [/2 ,
(4.2.3)
S ( 9 , h) - s ( 9 , h) < [/2
[ Temos partições 9 } , para fI , e 92 , para h, em (4.2.3) , mas podemos
substituí-las por um refinamento comum 9 ] . Soma ndo, vem
S ( 9 , h) + S ( 9 , h) - [ s ( 9 , h ) + 8 ( 9 , 12 ) J < [
174 • A Integral

e, de a cordo com (4.2.2) , concluímos que


S(9, fI + h ) � 5(9, fI + h ) < [ .
Porta nto, pelo Critério de lntegra bilida de, fI + h é integrável.
Pa ra a mesma pa rtição 9 , (4.2.3) implica

Ib fj (x) dx � [ /2 :( 5 ( 9 , fj) :( S ( 9 , fj) :( I b fj(x) dx + [ /2, j = 1 , 2.

Soma ndo e m j = 1 , 2 e usa ndo (4. 2.2) , vem

ib fI (x) dx + Ib h (x) dx [ :( 5 ( 9 , fI + h )

:( I b [fI (x) + h (x)] dx :( S ( 9 , fI + h )


:( Jta b fI (x) dx + Jta b h ( x) dx + [ .
Fa zendo [ -----t 0 + , obtemos fina lmente:

ib fI (x) dx + I h h (x) dx :( i h[fI(x) + h (x)] dx


:( Jta b fI ( x) dx + Jta h ( x) dx ,
ou seJa ,
Jta b [fI (x) + h (x )] dx lb fI (x) dx + Jta b h ( x) dx ,
= IL

concluindo a prova da primeira pa rte do item 1 .


A segunda pa rte do item 1 e os dema is ítens podern ser prova dos com
a rgumentos a nálogos e são deixa dos corno exercício. Uma sugestão pa ra o
item 3 é considera r sempre pa rtições contendo o ponto c E b) , pois toda
pa rtição tem um refina mento com esta proprieda de. D
( a,
o item 2 da proposição a cima implica o seguinte corolário
COROLÁRIO 4.2.2. Se
então
f : [a , b] é integrável e f(x)
-----t ]R;. :( 11;1, x [a , b] ,
E

I b f(x) dx :( 1I;1(b a ) . �
Propriedades da 'integral • 175

A definição da integra l l
h
f (x) d.T só fa z sentido qua ndo
a
a � b, va mos
estendê-la pa ra o ca so a > b.
DEFINIÇÃO 4.2.3. Se f : [ a , b] --t R é integrável, define-se

irb f (x) dx = - la b f (x) dx.


Observação 4 . 2. 4 . À vista da definição 4.2.3 genera liza -se o item 3. da pro­
posição 4.2 . 1 pa ra qua lquer posição rela tiva dos pontos a, b e c, isto é:
Se f é integrável em um intervalo l , com a, b, c E l, temos:

b f (x) dx = c f (x) dx +
l a l ic h f (x) dx,
a

independentemente de como estejam ordenados os pontos a, be c.

Se tivermos, por exemplo, a <b< c, pela proposição 4.2. 1 temos

donde
lb f (x) dx 1" f (x) dx - ir f (x) dx = lc f (x) dx + i" f (x) dx.
[ ,bb]
c
=

a a a

PROPOSIÇÃO 4.2.5 . Se f, 9 : são integráveis, então f é inte­


a --t R 9
grável.
Demonstração. Seja h uma função integrável e u (y) = y 2 . Como u é con­
tínua , a proposição 4. 1 . 15, página 170, ga ra nte que h 2 (x) = u (h(x) ) é inte­
grável. Ou seja , o quadrado de uma função integrável é integrável. Como a
soma e a diferença de funções integráveis são integráveis, nossa s h ipóteses
implica m que a função
4fg (f + g) 2 - (f g ) 2
= _

é integrável. D

Infelizmente, a integra l do produto de dua s funções em gera l não é o


produto da s sua s integra is. Por exemplo, tome a s funções integráveis f (x) =
g (x) x, x E [ - l . I] . E ntão

111 f (x) dx 1: g (x) dx ::J 1: f (x)g (x) dx = 1: x2 dx


=

0= > O.
176 • A Integral

PROPOSIÇÃO 4.2.6. Se f : [a, b] -+ ffi. é uma função integrável, então I f l é


integrável e

11b f (x) dx l lb I f (x) 1 dx.


Demonstração. Se f é integrável, tomando a função contínua g (y) = Iyl , a


proposição 4. 1 . 15 implica que I f l = 9 o f é integrável.
Fixemos c = 1 ou c = - 1 de modo que

C lb f (x) dx ;?: o.

Notando que cf (x) � I f (x) I , x E [a, b] , temos

l i" f (x) dx l c l' f (x) dx l' cf (x) dx "; i" I f (x) 1 dx,
� � D

4.3 TEOREMAS CLÁSSICOS


O Teorema Fundamental do Cálculo torna o Cálculo Integral viável, já que
a definição de integral, embora engenhosa e bonita, como ferramenta de
cálculo é muito enredada.
TEOREMA FUNDAMENTAL DO CÁLCULO . Sejam I um intervalo fechado,
limitado, não degenerado, f : I -+ ffi. uma função contínua e F : I -+ ffi.
uma função. As seguintes afirmações são equivalentes:
1. Existe a E I tal que

F(x) = F(a) + lx f (t) dt, x E I. (4.3. 1 )

2. F é diferenciável e F' (x) = f (x) , para todo x E I.

Demonstração. Provemos inicialmente que o item 1 implica o item 2 . Sej a


x E I e tomemos h tal que ( x +h ) E I . Então,
F (x + h) - F(x)
lx+fh (t) dt - -1 lx+fh (x) dt -1 lx+h[J (t) - f (x)] dto
f (x)
h _

1
x h x h x
= - =
h
Teoremas clássicos • 177

Seja c > O dado. Como f é contínua no ponto x, existe 6 > O tal que
t E I, It - xl < 6 =? I f (t) - f (x) 1 < c .
Tomando h tal que O < I h l < 6, temos
x+ h
I
F(x + h - F (x)
h - f (X) 1 � Il
� , , I �
I f (t) - f (x) 1 dX < 1 l h l c = c .
l
F (x + h) - F(x)
Portanto F' (x) hlim = f (x) .
---'> O
h
=

Mostremos agora que o item 2 implica o item 1 . Suponhamos F' (x) =

f (x) , para todo x E I , tomemos a E I e definamos


x
G (x) = f (t) dt, l
x E I.

De acordo com a primeira parte da prova temos G' (x) = f (x) , x E I. Assim,
[F(x) - G(x)] ' = f (x) - f (x) O, x E I , isto é, =

F (x) - G(x) = C, x E I,

sendo C uma constante. Como G(a) = O, tomando x = a vem F (a) = C.


Portanto F(x) = F (a) + G(x) , para todo x E I , ou seja,
x
F (x) = F (a) + f (t) dt , x E I . l D

Observação 4 . 3. 1 . Existem na literatura diversas formulações do Teorema


Fundamental do Cálculo, são variações em torno de um mesmo fato. A que
apresentamos aqui é a do livro de Elon L. Lima [5] . Na verdade demons­
tramos mais do que 2 =? 1 ; mostramos que o item 2 implica (4.3. 1 ) para
todo a E I, pois não fizemos nenhuma restrição à escolha de a. Assim, se
satisfeitas as hipóteses e se (4.3. 1) vale para algum a E I , então vale para
todo, como se verifica diretamente pelo seguinte cálculo:

F (x) = F (a) + lc f (t) dt+IX f (t) dt = F(c) + IX f (t) dt, c, x E I.

DEFINIÇÃO 4 . 3 . 2 . Sej a f uma função integrável num intervalo I . Dado


a E I, toda função F : I da forma
--* �
x
F (x) = C+ f (t) dt, l x E I,

sendo C E � uma constante arbitrária, chama-se integml indefinida d e f.


178 • A Integral

Reafirmamos que, nas condições da definição 4.3.2, existem infinitas in­


tegrais indefinidas de J; variando a constante C E ]R. obtemos todas elas.
As integrais indefinidas de J são usualmente denotadas por

J J(x) dx.
DEFINIÇÃO 4. 3. 3. Seja J ]R., com I C ]R. um intervalo. Diz-se que
: I -+

F : I -+ ]R. é uma primitiva da função J se é diferenciável e


F' (x) = J(x), x E I.

Pelo Teorema Fundamental do Cálculo, calcular a integral de uma função


contínua num intervalo I, equivale ao de encontrar uma sua primitiva.
De fato, se F' (x) J(x), x E I , de acordo com a observação 4.3. 1 ,
=

podemos escolher a como o extremo esquerdo do intervalo I [a, bJ e, =

fazendo x b no item 1 do Teorema Fundamental do Cálculo, temos


=

I J(x) dx
b
= F(b) - F(a) .

Denota-se
ia
b b
J(x) dx = F(x)L .

Observação 4 . 3. 4 . ( 1 ) Duas primitivas de uma função J num intervalo I


sempre diferem por uma constante. De fato, sej am FI e F2 primitivas de J ,
( FI (x) - F2 ( X ) ) ' = J(x) - J(x) 0, x E I . =

Logo FI (X) - F2 (X) C, constante.


=

(2) Se a função J é contínua num intervalo I e F é primitiva de J, então

J J(x) dx = F(x) + C,

onde C denota uma constante arbitrária.

Na primeira parte da prova do Teorema Fundamental do Cálculo usamos a continui­


dade de f apenas no ponto x . Assim, podemos enunciar mais geralmente:
"Se f : [a, b] -7 IR é integrável, contínua em Xo E [a, b] e F satisfaz

F(x) = F(a) + lX f (s) ds , x E [a, b] ,


Teoremas clássicos • 1 79

então F'(xo ) = f (xo ) ':

{-I
M as é essencial que f seja contínua em Xo . Seja. por exemplo.

' se - 1 :s; x < O


f(x) =
1, se O :S; x :S; l .

Se F(x) = I x l . para x E [ - 1 , 1] . então F(x) = 1+ [� f(S) ds e não temos F'(O) =

f (O) . porque nem existe F'(O) .

EXEMPLO 4.3.5 . (1) Podemos agora simplificar grandemente o cálculo do


exemplo 4.1.11 - (2), página 165.
De fato, como � X 2 é uma primitiva de f(x) x, =

1 1 2
x dx _x
11
1/2. =
] =
o 2 o
Mais geralmente, para qualquer racional q #- -1, uma primitiva da fun­
ção f(x) xq é dada por
=

1
F(x) = __ xq + 1 + C, (4.3.2)
q+1
onde C é uma constante arbitrária.
Sabemos agora calcular a primitivas de um polinômio p ( x) aox n + =

a I xn - 1 + . . . + an , ou de funções mais gerais onde os expoentes são racionais


distintos de -1. Uma primitiva de p é o polinômio

Mais a adiante, daremos sentido à expressão xc , com c E ]R, x > o. Ve­


remos então que (4.3.2) continua valendo para x > O com qualquer número
real c #- -1 no papel de q E Q \ { -1 }.
(2) Calculemos a área A do conjunto Y dos pontos compreendidos entre
o gráfico da função
1
f (x) =
1 + x2 '
os eixos x e y e a reta vertical x 1. Vej a na figura 4.3.1 um esboço do
=

conjunto em questão.
1
Como arctan x é uma primitiva de
l + x2 '

A
1 dx
=
=
1 ]1
arctan x o 1f/4. =
o 1 + x2
180 • A Integral

F igura 4.3. 1 : Y = { (x, y) I O � y � 1 / ( 1 + x 2 ) , O � X � I}

(3) Vamos calcular a área A do subconjunto limitado 9 do plano deter­


minado pelas parábolas

y = 5 x2 e y = 1 +x2 .

Resolvendo a equação 5 x 2 1 +x 2 obtemos que os pontos de interseção


=

das parábolas são ( - 1/2, 5/4) e ( 1/2, 5/4) . Veja a figura 4.3.2.

F igura 4.3.2: Y = { (x, y) I 5x 2 � Y � 1 + x2 }

Sej a 91 o conjunto limitado pela parábola y 1 + x 2 , o eixo x e as =

retas verticais x - 1/2 e x


= 1/2. Sej a 92 o conjunto limitado pela
=

parábola y 5x 2 , o eixo x e as mesmas retas verticais. Então 92 C 91 e


=

9 91 \ 92 , logo a área A(9) de 9 é A(9d - A(92 ) . Isto é,


=

A(9)
j 1 /2 ( 1 +x2 )dx - j 1 /2 5x2 dx
j 1 /2 ( 1 - 4x2 )dx [ ]
=

- 1 /2 - 1 /2
4 1 /2
= = X - _ x3 = 2/3.
- 1 /2 3 -1 / 2
Teoremas clássicos • 181

Também poderíamos levar em conta a simetria do conjunto Y com re­

[ 1
lação ao eixo y [veja o exercício 22 ] , escrevendo

A(Y)
/2 /2
2 Jo( ( 1 + x 2 ) dx - Jo( 5x 2 dx
[2 x - 3:r3
4 ] 1 /2
2/3.
= = o =

Em geral, se h (x) � fI (x) , x E [a, b] , são funções integráveis, então a


área do conjunto limitado pelos gráficos de fI e h e as retas x = a e x = b
é dada por
l b ( fI (x) - h (x) ) dx.
(4) Vamos calcular a área, A (..%'n ) , do conjunto limitado ..%'n , entre as
curvas y = x n e y = x n +1 , isto é,
..%'n = { ( x, y) I O < x < 1 ; x n + 1 � Y < x n } , n = 1 , 2 , . . . ,
a figura 4.3.3 mostra a forma desses conjuntos.
Para a área de ..%'n temos:
I 1 _ n+2 ] 1
A(..%'n ) Jfo ( x n [_1_ x n + 1
x n + 1 ) dx x o
n +1 n +2
_ _
= _
=
o
1 1 1
-- - 1 , 2, . . . .
n + 1 n + 2 (n + l)(n + 2) '
--
n, ==

B B

o x A

Figura 4.3.3: O conj unto �1 e um tln , com n >1

Observação 4 . 3. 6. Sej a � o triângulo OAB tal que O = (O, O) , A = ( 1 , O) ,


B = ( 1 , 1 ) , isto é, � = { (x, y ) E IR 2 I O < x < 1 , O < y < x } [veja a
figura 4 · 3. 3] . Podemos verificar [faça isto] que � = U�= l ..%'n , sendo ..%'n ,
n 1 , 2 , . . . os conj untos definidos no item (4) do exemplo anterior. Como
=
182 • A Integral

!Jl!j n!Jl!k = 0, para i #-


é natural dizer que a área de ,6. é a soma das áreas
k,
de todos os !Jl!n, n 1,2, . . . . Porém, esta afirmação carece de fundamento,
=

pois temos infinitas parcelas e até agora só conhecemos somas finitas. Esta
questão será tratada na seção 5.2, página 281, com maior profundidade.

Um fato importante contido no Teorema Fundamental do Cálculo é que


se f: [a,b] ]R é contínua, então a função
----+

F(x) = lx f(t) dt, x E [a,b],

é diferenciável. Se f for apenas integrável, não podemos garantir tanto, mas


temos a seguinte proposição:
PROPOSIÇÃO 4.3.7. Se f: [a,b] ----+ ]R é integrável, então

F(x) = lx f(t) dt, x E [a,b],

é uma função contínua.

Demonstração. Seja AI > O tal que f(x) :::;; NJ, para todo x E [a,b]. De
acordo com a proposição 4.2.1- 4, página 173, para todos x,y E [a,b] temos

lF(x) - F(y)1 =
l.lY f(t) dt l :::;; Mlx - yl·
Assim, dado E > O, tomando 5, 0< 5 < E/AI,
E
x,Y E [a,b], Ix - yl < 5 =} lF(x) - F(y)1 :::;; l\11x - yl < !vI = E.
NJ

Portanto F é contínua em todo ponto x E [a,b]. D

Examinando a demonstração da proposição 4.3.7, vê-se que está demonstrado mais


do que a proposição afirma. A integral indefinida F é uniformemente contínua em
[a, b]. Na verdade é óbvio que a continuidade seja uniforme neste intervalo, à vista
do teorema 2.4.9, página 72.

TEOREMA DA MUDANÇA DE VARIÁVEIS. Sejam f: [a,b] ----+ ]R contínua e


<p: [c,d]----+]R de classe G1, com <p ([c,d]) C [a,b]. Então,
lCP(d) f(x) dx jd f(<p (t))<p '(t) dto
=

cp(c) c
Teoremas clássicos • 183

Demonstmção. Seja F: [a,b] -----+ IR uma primitiva de f, donde

j'P('P(d) f(x) dx
c)
= F(cp(d)) - F(cp(c)).
' F ( (t)) /(t) f( (t))
'
Mas, [(F(cp(t))] =
cp cp cp cp/(t), para todo t
= E [c,d]. Isto é,
F(cp(t)) é uma primitiva de f(cp(t))cp/(t) em [c,d]. Portanto

ld f(cp(t))cpf(t) dt F(cp(t )) ]:
'P(d)
=

= F(cp(d)) - F(cp(c)) =
j'P( f(x) dx.
c)
D

Observação 4.3.8. (1) Segundo o Teorema da Mudança de Variáveis, quando


a variável x é substituída por t pela mudança x cp(t) em
'P(d)
=

j'P( f(x) dx,


c)

além da substituição dos extremos de integração, "dx" deve ser substituído


por "cp/(t)dt".
(2) Satisfeitas as hipóteses do Teorema da Mudança de Variáveis, temos
a seguinte fó rmula para as integrais indefinidas:

/ f(x) dx / f(cp(t))cpf(t) dt.


=

De fato, se F é urna primitiva de f, como F(cp(t)) é uma primitiva de


f(cp(t))cp/(t), temos

/ f(cp(t))cpf(t) dt = F(cp(t)) + C = F(x) + C =


/ f(:r) dx.
Onde C representa uma constante arbitrária.

EXEMPLO 4.3.9. (1) Calculemos t 2(1 + t2) h dto Se x =


cp(t) = 1 + t2,
lo
portanto dx 2t dt, temos
'P( )
=

t 2(1 + t2)�t dt
lo
= l
j'P�) x dx J1 x�dx.

2
=

Como (3/4)X4/3 é uma primitiva de X1/3 [fórmula (4.3.2)], temos


184 • A Integral

(2) Calculemos/ sec2 2axdx. Se y 2ax, portanto dy 2adx, temos = =

/ sec2 2axdx 2a1 / sec2 ydy 2a1 tan y + 2a1 tan 2ax +
= - = - C = - C.

onde C é uma constante arbitrária.


7r/2 1
(3)
temos du
o 1 =
sen2 x cos xdx
cos xdx e
. De fato, fazendo a mudança
= -
3
u sen x,

1
3

(4) Calculemos / sec2 x tan3 xdx. Fazendo a mudança tan x = 1L, temos
du = sec2 xdx, logo

onde C é uma constante.

(5) Calculemos
fI 1 ( x2 + 1 ) :� dx. Para isto, façamos x
---:3 l/s , donde
2
=

1/2 x x
-ds /S2 e s varia de 2 a 1. Portanto

fI 1 ( x2 +2 1 ) 3 dx
dx =

1 1 f 2(S2 + 1?2sds.
1/ 2 x
---:3
x
= -
1 2
S(S2 + 1):3d s =

2
-

Com alguma prática, vamos poder visualizar diretamente que a substituição


u = S2 + 1 torna esta última integral imediata, levando a

609
8

Um dos artifícios m�is bonitos do cálculo integral baseia-se na regra de


derivação do produto. E a integração por partes.

TEOREMA DA INTEGRAÇÃO POR PARTES. Se u, v : [a, b] -+ IR são funções


de classe C 1 então

lb u(x)v'(x)dx b b
,

a = u(x)v(x) L - l v(x)u'(x)dx.
a (4.3.3)
Teoremas clássicos • 185

Demonstração. Como uv é primitiva de uv' + vu', temos


b b b

i a
u(x)v'(x)dx +
ia
v(x)u'(x)dx =u(x)v(x) · L o

Observação 4.3.10. A fórmula (4.3.3) é representada abreviadamente por


b b b

ia
U dv =uv ] a
-
i vduo
a

Em termos de integrais indefinidas, a fórmula é

J udv =uv - J vduo


EXEMPLO 4.3.11. (1) Calculemos lo rr/3 xcosxdx. Fazendo
u=x dv = cos xd x
du =dx v = sen x,

{"/3 x cos xdx = l{o "/3 udv =ILV] "/3


lo o
- l{ ";:3 vdu
o

=x sen x o ]"/3 - l{o "/3 sen xdx


[
= x sen x + cos x o ] "/3 = V3íT
6
_
�.
2

(2 ) Calculemos por partes a integral indefinida J sen2 xdx. Fazendo


u = sen x dv =senxdx
du =cosxdx v = - cos x,

J sen2 xdx =uv - J vdu = - sen x cos x J cos2 dx + X

= - sen x cos x + J (1 - sen 2 x) dx,

ou seja,
J sen2 xdx=- senxcosx + x- J sen2 xdx + C,
186 • A Integml

onde C representa uma constante arbitrária, portanto

j sen2 dx � ( x - sen x cos x) +


.T = C.

Esta integral pode ser mais simplesmente calculada lembrando que

I - cos2 x
sen2 x= ----

2
Preencha os detalhes do cálculo a seguir e verifique que o resultado encon­
trado é o mesmo.

j sen2 x dx j'
=
I
d 2x + I4 sen2 x +
- cos2 x
2
x = - - C.

(3) Calculemos a integral indefinida j arcsen xd x. Fazendo

u arcsen x
= dv dx =

v x, =

j arcsen x dx - jvdu x arcsen x - j VI-


= uv =
x�
x2
.

Com a mudança de variáveis y I - x2, portanto dy


= 2 xd x, temos: = -

j VIx-dxx2 _2� jy-l/2dY _yl/2 + -VI- x2 +


= = C = C

e, finalmente,

j arcsen xd x = x arcsen x + VI- x2 + C,

onde C representa uma constante arbitrária.

TEOREMA DO VALOR MÉDIO PARA INTEGRAIS. Se f : [a,b] ----+ ffi. é con­


tínua, então existe c E [a,b] tal que

lb f( x) dx = f(c)(b - a).
Teoremas clássicos • 187

Demonstração. Sejam m mina!(x!(b f(x) e AI maxa!(x!(b f(x), com f(XI )


= = =

m e f(X2 ) !vI. Segue-se ao item 2 da proposição 4.2 . 1, página 173 , que


=

m(b - ) ,ç;
a lb f(x)dx ,ç; !vI(b - )
a .

Definindo
h =

b
� a
l f(x)dx,
b

temos m ,ç; h ,ç; !vI e, sendo f contínua, o Teorema do Valor Intermediário


garante que existe c E [a, b] , c entre Xl e X2 , tal que f(c) h, ou seja, =

l f(x)dx
b
= f(c)(b - )
a , D

h - f(c)

c b

Figura 4.3.4: Média da função f em [a, b]

DEFINIÇÃO 4.3.12. O valor

1 (b
h = f(x)dx
b _
a )a

é chamado a média da função f no intervalo [ a, b].

OTeorema do Valor Médio para Integrais diz que existe um retângulo


de altura f(c), para algum c E [ a, b] , cuja área é a mesma da figura entre o
gráfico de f e o eixo x. Na figura 4.3 . 4 o retângulo com hachuras horizontais
tem a mesma área do conjunto sob o gráfico da função f, destacado com
hachuras verticais. Heuristicamente, a integral de f sobre [a, b] corresponde
à "soma" dos valores f(x) e o comprimento do intervalo [ a, b] , ao "número
de parcelas" dessa soma. Assim, h é a média dos valores f(x).
188 • A Integral

4.4 O LOGARITMO E A EXPONENCIAL

Necessitamos de alguns breves lemas preliminares relativos à integral

J,x dt' x > O.


I t

LEMA 4.4.1. Sejam a, b, c > O. Então

lbC dt lb dt.
ac t a t =

Demonstração. Fazendo u ct, portanto du cdt, vem

lb dt lbc lbc du.


= =

� d'u

a t ac =

11 C
=

ac U
D

1 2

Figura 4.4.1: 8(9, f) e s(9, f) para f(t) = l/t e 9: 1 < � < 2.

LEMA 4.4.2.

1>
J,2 -dt > -.1
I t 2

Demonstração. Para a partição 9 : 1 = to < tI = } < t2 = 2 e f(t) = l/t,

. 1 2 1 1
ml mf - m2 inf -
I (t(� t él�t�2 t
= =

3' 2" "


2'
1 2
M2 sup - -,
él�t�2 t
= =

2" "
3
o logaritmo e a exponencial • 189

veja a figura 4.4.1. Assim,


21 11 1 1 1
s(9, f) = m'1f::::.t1 +m2f:::t:. 2 =- - + -- = - + ->-
32 2 2 3 4 2'
1 21 1 1
S(9, f) = J\;hf::::.t1 + J\;[2f:::t:. 2 = - + - - = - + - < 1.
2 32 2 3
Portanto
2 dt
1> S(9, f) ";? J1 t 1
- ";? s(9, f)>-
2
. o

LEMA 4.4.3.
J2n dt> 72
n E N.
1 t 2'
Demonstração. De acordo com o lema 4.4.1, para 1 j � � n, temos
2 H 1 dt 2 ( 2j) dt 2 dt
r
J 2J t
=
r
J2J t
= J1 t .'
logo, pelo lema 4.4.2,
2n dt 2 dt (2 dt 2n dt 2 dt
J 1 t
= J +
1 t J2 t
+... + r
J 2n - 1 t
= n J1 t > 272, O

Estamos agora em condições de definir o número e.


Existe um único número e tal que
f,e dt
LEMA 4.4.4. E IR

= 1.
1 t
Demonstração. Tomando n = 2 no lema 4.4. 3, obtemos
2 2 dt
J dt
J
4
= >1.
1 t 1 t
Assim, considerando a função contínua

x E ( O , (0 ) ,

de acordo com o lema 4.4.2 a desigualdade


§(2)< 1< §(4)
deve estar satisfeita.
Pelo Teorema do Valor Intermediário, existe um número 2 < < 4, e, e
tal que §(e) = 1. Como §'(x)
= l/x> O e, portanto, é uma função §
estritamente crescente, segue a unicidade. O
190 • A Integral

Observação 4.4.5. É grosseira a estimativa (2,4) fornecida para o nú­e E


mero pela demonstração do lema 4.4.4. Não é difícil estabelecer numa
e

primeira aproximação que 2< e< 3. Veja o exercício 48. Demonstraremos


mais adiante, na proposição 4.4.22, página 195, que é irracional. e

4.4.1 função logaritmo


A

DEFINIÇÃO 4 . 4 . 6 . A função logaritmo, ln (0,00) IR, é definida por


:

J,x dt , x> O .
--+

ln x
t =

1
-
(4.4.1)

Figura 4 . 4 . 2 : lna = área de {(x,y) Il:S:; x:S:; a , O:S:; y:S:; l/x}

o logaritmo de um número a> O é a área limitada pelo gráfico de l / x e o


1
eixo x, desde x = até x = a. Veja a figura para a > 4.4.2
Note que a 1.
expressão (4.4.1)
implica que essa área tem sinal negativo, para O< a< 1,
e positivo, para a> 1.
Segue imediatamente da definição de logaritmo que
1, ln e =

1 O. ln =

A função ln nada mais é do que a função § definida na prova do lema 4.4.4


e, portanto, pelo Teorema Fundamental do Cálculo, é diferenciável e
, 1 , x> O .
ln x = -
x
Assim, ln' x > O e, portanto, ln é estritamente crescente. Como l / x tem
derivadas de todas as ordens, segue que ln é de classe eco.
As proposições 4.4.7-4.4.9 a seguir estabelecem propriedades fundamen­
tais da função logaritmo.
o logaritmo e a exponencial • 191

PROPOSIÇÃO 4.4.7. lnxy lnx+ln y, quaisquer que sejam y> O .


= .7:,

Demonstração. Sendo x, y> O , pelo lema 4.4.1 temos


Inxy
jXY -dt jX -dt +lXY -dt [,X -dt +jY -dt Inx+In y. D
=
t 1 t =

t 1 t t x
=

. 1 1
=

PROPOSIÇÃO 4.4.8. In x-1 - lnx, para todo x> O.


=

Demonstração.
In � +Inx In ( �x) In 1 O . = = = D
x x
Combinando as proposições 4.4.7 e 4.4.8, obtemos
PROPOSIÇÃO 4.4.9. In lnx -In y, quaisquer que sejam x, y> O .

Y
=

Observação 4.4.10. A proposição 4.4.7 é naturalmente estendida para:


In(xlx2 " . xn) lnxl +Inx2 +...+lnxn,=

Xi > O , i = 1, . . . n .
4.4.10, temos
Em face da observação
COROLÁRIO 4.4.11. Se n e x> O, lnxn n lnx. EN =

COROLÁRIO 4.4. 1 2. Se n n i=- O e x> O . lnxn -n1 lnx.


E N,
1
=

Demonstração. Como (x� ) n x, aplicando In a ambos os membros,


=

1
n lnxn = lnx. D

PROPOSIÇÃO 4.4.13. Para x> O e r = m/ n E Q,


InxT = r lnx.

Demonstração. A proposição é óbvia para r = O . Seja r = m / n, m, n> O .


1 m Inx
1
InxT = In (xTn)n
-lnxTn = = = r lnx.
n n
Se r< O , de acordo com a proposição temos 4.4.8,
InxT = In (X - l) - T = ()
In �
x
-T
= - r ln x� = r lnx. D
192 • A Integral

PROPOSIÇÃO 4.4. 14. limx--->CXJ Inx 00. =

Demonstração. Dado !vI>0, sejam n � 2!vI e k � 2n. Pelo lema 4.4.3,


Inx
jx dt j2 dt> -n n

t =
t 21
- >-
Y
1
- >- AI.
Y
D

PROPOSIÇÃO 4.4. 15. limx--->ü+ lnx -00. =

Demonstração. Se y l/x, =

1
lim lnx = lim In - = - lim lny = -00. D
x--->ü+ y---> CXJ Y y--->CXJ

Observação 4. 4. 16. lnx tende a 00, com x 00, mais lentamente do que
-----+

\IX, qualquer que seja o inteiro n � 2, pois, de acordo com a regra de


L'Hôpital,
lnx n
lim - = lim - = O.
X--->CXJ \IX X--->CXJ \IX

y=x�

Figura 4.4.3: Gráfico da função ln

As proposições 4.4.14
e 4.4. 15 implicam que In é bijetora. Como In" x =
-1/x2 < 0, In é estritamente côncava [proposição
3. 11. 9, 130] . O página
gráfico de In é tangente à reta y = x -I em ( 1, O ) , pois In 1 = ° e In' 1 = L
A figura 4.4.3
mostra um esboço do gráfico de In.

4. 4. 2 A função exponencial
Dado a E IR, a> 0, nosso objetivo agora é dar sentido à expressão aC, c E IR.
Sendo In : ( 0, 00) -----+ IR uma função bijetora, podemos estabelecer
o logaritmo e a exponencial • 193

y = expx y = lnx

Figura 4.4.4: Gráfico de exp

DEFINIÇÃO 4.4.17. A função exponencial,


exp : lR ----t (O, 00) ,
é a inversa de In.
Isto é, se x E lR e y>O, então y = exp x {::? In y = x. Assim, os gráficos de
exp e In são simétricos em relação à diagonal, como indica a figura 4.4.4.
1 1
As relações In e = e In = O implicam

1
exp = e,

expO = 1.
PROPOSIÇÃO 4.4.18. Para x, y lR, E

exp ( x+y) exp x exp y. =

Demonstração. Se u exp x, v exp y, isto é, x In u e y In v,


= = = =

exp ( x+y) exp ( ln u+In v ) exp ln ( uv ) uv exp x exp y.


= = = = D

A proposição 4 . 4 . 18 se estende naturalmente a somas de um número


qualquer de parcelas [prove-o por indução completa l. Em particular, para
todo x lR e todo inteiro positivo n, temos
E

( exp )
x exp X· exp x exp ( x+...+x ) exp ( nx ) ,
n
= . • = ( 4.4.2) =
,
"V
./
'--v-"
n n

donde
194 • A Integral

1
( expx) n = exp -
X. (4.4.3)
n
(4.4.2) e (4.4.3)
As expressões se generalizam na seguinte proposição:

PROPOSIÇÃO 4.4.1 9. Dados x IR e r Q, E E

( expx r = exp(rx) .
Demonstração. Para r = 0, a proposição é imediata. Tomemos x E IR e
r = m/ n, com m, n> O . De acordo com e (4.4.2) (4.4.3),
podemos escrever
( X) ( X)Tn = ((expx)nl)Tn = ( expx)n = ( expxr.
exp(rx)= exp m -; = exp -;
m

Se r < 0, de acordo com o que acabamos de provar, temos

exp(rx)( expx)-r = exp(rx) exp( -rx)= exp(rx -rx)= exp 0= 1 ,

ou seja, exp(rx)= ( (expx)-rr1 = (expxY. o

Em particular, tomando x= 1 na proposição 4.4.19, obtemos


er = exp r, r E Q.
A expressão à direita está definida em toda a reta IR. Como ela coincide com
Q
er quando r está no conjunto dos racionais, a função expx, x E IR é uma
extensão a IR de er, Q [Veja a definição 1.2.6, página 22, e comentário
r E
subseqüente
l. É lícito, portanto, estabelecer a definição abaixo.
DEFINIÇÃO 4.4.20. Para todo x E IR,

eX= expx.
A partir de agora abandonamos a notação expx e ficamos apenas com eX.
PROPOSIÇÃO 4.4.2l. Para todo x E IR,

Demonstração. Para cada x IR seja = eX, portanto x


E y = In y.

( e ) = (1n 1 x ) '
X ' 1 = 1 = eX. y o
In' T
= =
y
y
o logaritmo e a exponencial • 195

Por consequencia, x 1-----+ eX


é uma função de classe Coo e todas as suas
derivadas coincidem com ela mesma. A Fórmula de Taylor de em torno eX
de O fica n n
eX 1+x+ .7:2.+...+X-n., +ea (71,x++l1)".
= -2'

onde CJçx , com O< ç< 1.


=

Como uma aplicação da proposição 4.4.21 e da Fórmula de Taylor temos

PROPOSIÇÃO 4.4.22. O número e é irracional.

Demonstração. Aplicando a Fórmula de Taylor em torno de O à função


f(x) eX no ponto x 1, obtemos
= =

e 1+1+ 1 +. . .+ n1.+En·
= I"
2
.
I"

onde En ea /(71,+I)!, O< < 1, é o resto de Lagrange dado em (3.13.9),


= CJ

página 149. Suponhamos por um momento que e seja racional, digamos


e p/q, com p,q Assim,
= E N.

p 1+1+ 1 +...+ 1 +En· I" I"


q
- =
n. 2
.

Tomando 71, � max {3, q} e multiplicando esta expressão por n!, vem

n!p n!+n!+ n! +...+1+n! En· I"


2
q
- =
.

Todos os termos, exceto n! En' são números naturais, pois 71, � Logo n! En q.
tem de ser um inteiro. Mas, lembrando que < e< 3 e que 71, � 3, temos
2

O< n., En<


n!3 3 < 1.
(71,+I)! (71,+1) =

o que é uma contradição, pois não existem inteiros em (0,1) . o

Observação 4.4.23. O número pertence à classe de números irracionais


e

chamados transcendentes. São aqueles que não podem ser raiz de polinômio
com coeficientes inteiros. Por exemplo, o número J2 não é transcendente,
pois é raiz do polinômio P(x) = x2
2
. O capítulo
- 20
do livro de M. Spivak
[7] e
é dedicado a provar que o número é transcendente. Os números que
não são transcendentes são chamados algébricos.
Num sentido que pode ser
tornado preciso, existem mais números transcendentes do que algébricos.
196 • A Integral

Vamos definir aX, x E ffi., para todo número real a> O . Na notação atual, a
proposição 4.4.19
diz que ( e X r = erx, para todo r E Q, logo

Como a expressão à direita está definida para todo número real x no papel
de r, podemos afirmar que a função x E ffi. 1-----+ exlna é uma extensão à reta
ffi. da função r E Q 1-----+ ar, O que inspira a seguinte definição:

DEFINIÇÃO 4.4.24. Dado a> 0, definimos

ax = e
X Ina
, X E 1&.
TJ])

Portanto 1 1, para todo x


x
= E R Tomando In de ambos os membros
na definição 4.4.24, temos
lnax = x lna, a> 0, x E ffi.. ( 4.4.4)
Se a> 0, usando a Regra da Cadeia obtemos

Portanto a função x 1-----+ aX é de classe Coo .


De aX = exlna segue que aX é sempre um número positivo. Assim, o sinal
da derivada
(aX ' = aX Ina )
é o sinal de In a. Ou seja, aX é estritamente crescente se a> 1 e estritamente
1.
decrescente se a< Confira a figura 4.4.5.

X
Figura 4.4.5: y = a e y = I o ga X
o logaritmo e a exponencial • 197

PROPOSIÇÃO 4.4.25. Se a>O e b, lR., então


c E

Demonstração. Temos,

e, de acordo com (4.4.4),

Realizamos agora nosso objetivo estabelecido na página 107, no final do


item (2) do exemplo 3.6.3,
de estabelecer a seguinte regra de derivação:

A definição 4 . 4.24 viabiliza cálculos aparentemente mais complicados.


Suponhamos J, 9 funções diferenciáveis num ponto x tal que g(x)> o.

(g(X)f(X))' = (ef(X)ln9(X))'

= (f'(x) lng(x) + J(x) gg(x)


ef(x)lng(x) '(x)
)
g'(x) )
= g(x)f(x) ( J, (x) lng(x) + J(x)- .
g(x)

EXEMPLO 4.4.26. (1) (2senx)' = 2senx cos x In 2.


(2) ((tan x y)' = 7r(tan x ) 7r-l sec2 x, k7r< X< k7r + 7r/2, k E Z.

(3) ((tanx)SenX)' (tanx)SenX ((sen x)(cot x) sec2 x + cos x ln(tan x)).


=

a
ln < 0, segue que a função x E � 1------+ aX
Como limx ->CXJ aX = 00, limx->_CXJ aX = O , se In a > O e vice-versa, se
E (0,00), a
1- 1, é uma bijeção,
portanto invertível. Podemos, então, estabelecer a definição abaixo.

DEFINIÇÃO 4.4.27. Seja a > 0, a I- 1. A função logaritmo na base a,


loga : (0,00) ----+ � é a inversa da função x E � 1------+ aX E (0,00).

Assim, loge = in.


198 • A Integral

1, y X
= a {:} ioga Y = x. A função logo tem o caráter de
1,
Se a > O , a i-
aX,
monotonicidade da função x 1-----+
e estritamente decrescente, se O<a< Confira a figura 1.
isto é, estritamente crescente, se a>
4.4.5.
fórmula
1,
A seguinte expressão de logo em termos de in é conhecida como
da mudança de base. Se a, x> 0, a i- então

logo x = - . (4.4.5)
ln x
lna
y
De fato, = logo x implica x = aY = eY In a, donde in x = ina, ou seja, y
y= ln x/ lna, que é (4.4.5).
(4.4.5)
1
A fórmula nos dá a expressão da derivada de logo,

(logo x) =
I
--o

x lna

SEGUNDO LIMITE FUNDAMENTAL.


lim(l + x)X = e.
1

x->O

Demonstraçao.� Notemas que (1 + x) -x 1


- e1n(lx+X). Se u (x) ln(l + x)
x
a

1 = 1.
regra de L'Hôpital implica

lim u x
x->O
() = lim
x->O
--
1+x
Assim, como a função eU é contínua, temos
u 1-----+

lim(l + x) = lirneu(x ) elilIlx�OU(X) = e.


� = D
x->O x->O
( l ) -X = e.
EXEMPLO 4.4.28. (1) limx->CXJ 1 -
;;
De fato, basta substituir x por -l/y e notar que y 0, se x -----+ -----+ 00.

(2) Usando o item (1) e o segundo limite fundamental, temos:


( X - 1) X = lim (l - Ix r
lim --
X->CXJ x+1 x->oc (1 + � r
limx->CXJ [(1 �) -x] -1

-e = e
e- 1
limx->CXJ (1 + �)
_

x = -2

(3) Seja k i- ° um número real. Fazendo = k/x temos: y


lim
x->oc
(1 �)X
+
x
= lim(l +
y->O
= lim(l +
y->O
y)� [
k
= ek. y)� ]
o logaritmo e a exponencial • 199

Observação 4.4.29. A exponencial X


tende a 00 mais rapidamente do que
e

xn, quando x -----+ 00, para n ? 1. Precisamente, para todo n E N, n ? 1,


xn
lim- = 0,
X-+CXJ e X

como se vê facilmente por n sucessivas aplicações da Regra de L'Hôpital.

Podemos agora ampliar nossa lista de integrais conhecidas.


1)

2)
a> 0, a i- 1.
3)
J ---;;-
dX
= In I x l + c.

-1 1
De fato, se x< 0, pela Regra da Cadeia, ( In I x l) , = ( In -x) ' = - = - .
-x x
1
Se x> 0, ( In I x I)' = ( In x) ' = - .

4)
J tan xd x = - In I cos x l + C .

De fato, fazendo lL = COS x, portanto du = - sen xd x,

J J J
sen x du
tan xd x = -- dx = - - = - ln l lL I + C = - ln l cos x l + C .
cos x u
5) Analogamente, temos:
J cot xd x = In I sen x l + C .

6)

Jsec xd x = In I sec x + tan x l + C .

De fato,

J.
sec x ( sec x + tan x)
J J
sec2 x + sec x tan x
sec xd x = dx = d x.
sec x + tan x sec x + tan x
200 • A Integral

Fazendo u = secx + tanx e, portanto, du = (secx tanx + sec2 x)dx,

J secxdx J duU = = ln IuI + C = ln I secx + tanx I + C

7) Analogamente,

J cscxdx = - ln I cscx + cotx I + C = ln I cscx +1 cotx I + C,


8) Quando o integrando é um produto envolvendo lnx ou e
X
uma inte­
gração por partes pode ser conveniente.

J lnxdx = x lnx -x + C.

De fato, fazendo por partes com


u = lnx dv = dx,
du = dx/x v = x,

J lnxdx x lnx - J x�x = = x lnx -x + C.

g) Calculemos J senxdx. e
X

Fazendo
dv = senxdx,
v = - cosx,

J e
X
senxdx = -eX cosx + J e
X
cosxdx. 4.4.6)
(

Calculemos agora J e
X
cosxdx fazendo

dv = cosxdx,
v = senx,

J e
X
cosxdx = e X senx -J e
X
senxdx.
Substituindo em (4.4.6), obtemos,
J e
X
senxdx = _e
x
cosx + eX senx -J e
X
senxdx,
o logaritmo e a exponencial • 201

J eX senxdx � eX(senx - cosx) + C,


donde
=

onde C denota uma constante arbitrária.


EXEMPLO 4.4.30. O gráfico da função

xE ffi.,

é apresentado na figura 4.4.6 com base nas seguintes observações:


1. xe-x = O {::} x = O.
2. (xe-X)' = ( 1 - x)e-X, logo o único possível ponto extremo de 1 é
3,
x = 1. Veja no item abaixo, que 1"(1) < O , portanto x = 1 é um
ponto de máximo e o valor de máximo é l/ e.
3. (xe-x )" = (x - 2)e-X, portanto

Como (xe-x )" < O para x< 2 e (xe-x )" > O para x > 2, a função é
estritamente côncava para x< 2 e estritamente convexa para x> 2 e
x = 2 é o único ponto de inflexão.
4. Usando a Regra de L'Hôpital,
x 1
lim xe-x = lim = lim = o.
-> OO -->oo
x eX x-->oo eX
- -

X-
Além disso, limx-->_oo xe-X = 00 - .

1 2

Figura 4.4.6: y = x e-x


202 • A Integral

4.4.3 As funções hiperbólicas


DEFINIÇÃO 4.4.31. As funções senh : IR. -----+ IR. e cosh : IR. -----+ IR., definidas
por
+ X X
e e-
coshx x E IR.,
=
2
são chamadas seno hiperbólico e cosseno hiperbólico, respectivamente.
Por analogia com as demais funções trigonométricas, também se definem
tangente hiperbólica, cotangente hiperbólica, secante hiperbólica e cossecante
hiperbólica, respectivamente, por
senhx
tanhx = x E IR.,
coshx '
x IR. \ {O},
1
cothx = E
tanhx '
sechx -- - ' x E IR.,
1
=
coshx
, x E IR. \ {O}.
1
cschx =
senhx

PROPOSIÇÃO 4.4.32. Para todo x IR. vale a identidade


E

cosh2 -senh2 x 1.
X = (4.4.7)

Demonstração. Para todo x E IR. temos


cosh2x - senh2 x
( e + e ) 2 ( e -e ) 2
=
X -X X -X

2 2
e2 + 2 + e-2 (e 2 - 2 + e 2x )
x x x - -
1 = . D
4

A identidade (4.4.7) tem para as funções hiperbólicas um papel análogo


ao da identidade cos2 x + sen2x 1,x E IR. , para as funções trigonométricas.
=

Esta relaciona as funções trigonométricas ao círculo unitário y2 + x2 = 1,


aquela está relacionada à hipérbole y2 -x2 = 1. Esta é a razão por que as
funções aqui tratadas são chamadas hiperbólicas.
As derivadas de senhx e coshx são

senh' x = coshx, x E IR.,


cosh' x = senhx, x E IR..
o logaT'itrno e a exponencial • 203

)
De fato,

( 2
eX - e (eX)' - (e-X)' eX+e-X
'
-x

senh' x = = coshx,
2 2
)'
cosh'x = ( eX � e -x
(eX)' + (e-X)'
2
eX - e-x
2 = senhx.

Delas decorrem as fórmulas de derivação para as restantes funções hi­


perbólicas.
tanh' x = sech2x.
De fato,
tanh' x
cosh2 X - senh2x
=
cosh2x
= = sech2 x.
_1_
cosh2
Deixamos, como exercício, a demonstração das seguintes fórmulas:
coth' x = - csch2x,
sech' x - sechx tanhx,
=

csch' x = cschx cothx.


-

Destacamos algumas propriedades, que podem ser facilmente deduzidas


a partir das definições e propriedades acima.
1. Xlim
------tCX)
senhx = 00, lim senhx
x----;-oo
= -00.

2. Xlim
--->CXl
cosh x = lim cosh x = 00.

3. O seno hiperbólico é ímpar, isto é, senh ( -x) = - senhx, x E IR.


4. O cosseno hiperbólico é par, isto é, cosh ( -x) = coshx, x E IR.
5. Seno hiperbólico é estritamente crescente, pois para todo x E IR.,
senh' x coshx> O.
=

6. A função senhx se anula em x O. Como senh" x senhx, segue


= =

do item 5. que ela é estritamente côncava em ( O] e estritamente -00,

convexa em [O, ) Assim, O é seu único ponto de inflexão.


(0 .

7. O cosseno hiperbólico tem a seguinte limitação inferior:


coshx -;? 1, x E IR.
e, como cosh" x = coshx> x O, E IR.
, resulta que o cosseno hiperbólico
O
é uma função convexa. Como cosh' = senh = x = é um ponto O O, O
de mínimo absoluto.
204 • A Integral

cosh

Figura 4.4.7: Gráficos de senh e cosh

8. Juntando as informações acima, podem-se esboçar os gráficos do senh x


e do cosh x , como na figura 4.4. 7.
9. A tanh é ímpar, como quociente de uma função ímpar por uma par.
10. limx-too tanh x 1 e limx---+_oo tanh x -1.
= =

Como tanh é ímpar, basta provar o primeiro limite.


eX - e-x 1 - e-2x
lim tanh x lim lim = 1.
x---+oo
=
x---+oo eX + e-X x---+oo 1+ e-2x

11. A tanh é estritamente crescente, pois tanh' x = sech2 x > O, E IR.


x

12. Como tanh O O,


= O
decorre do item 11. que é o único zero de tanh.
Ainda, como tanh" x -2 sech2 x tanh x tem sinal oposto ao de x ,
= O
é o único ponto de inflexão de tanh, que é estritamente convexa em
O]
(-00, e estritamente côncava em [0, 00).
Juntando essas informações podemos fazer um esboço do gráfico de tanh
como na figura 4.4.8.

Figura 4.4.8: y = tanh x


o logar'Ítmo e a exponencial • 205

As identidades abaixo, são conseqüências diretas das definições das fun­


ções hiperbólicas. Deixamos sua verificação como exercício.
1 - tanh2x = sech2x, x E�,
coth2x - I = csch2x, x E�,
senh 2x 2 senhx coshx,
= x E�,
cosh 2x cosh2 X+senh2
= x ER
Esta última e a identidade (4.4.7), página 202, fornecem as duas seguintes:
1
senh2x "2 (cosh 2x - 1) , x ER
=

1
cosh2x "2 (cosh 2x+ 1) , x ER
=

Todas as identidades acima podem ser úteis nos cálculos de primitivas.


Como a função x senh y é estritamente crescente e sobrejetora de �
=

em�, podemos definir sua inversa por y senh-1 x e calcular sua derivada
=

dy 1 1 1 1
dx
dx dy
coshx \11 +senh2x
isto é,
d 1
- senh -1 x --;====::;: =
dx vI +x2
Analogamente, define-se a inversa do cosh restrito a (0, 00),
cosh I (0,00)
: (O, 00 ) ----+ (1, 00) ,

denotada por
cosh-1 : (1, 00) ----+ (O, 00 ).
Ainda,
d 1
- cosh-1 x x> 1.
dx VX2 - l' =

Podemos agora acrescentar à nossa coleção de primitivas imediatas as


seguintes [onde indica uma constante arbitrárial:
C

J senhxdx
1.
= coshx+ C.

J coshxdx
2.
= senhx+ C.
206 • A Integral

3.
J sech2xdx = tanhx+ C.

4.
J csch2xdx = cothx+ C.

5.
J tanhx sechxdx = - sechx+ C.

6.
J tanhxdx = in coshx+ C.

7.
J cothxdx = in senhx+ C.

8.
J dx
----r====;:;:
\11 +x2
= senh� 1 x+ C.

9.
J --;::VX::::dx=2c -1
=
= cosh� 1 x+ C.

10.
J _l d-x_x'_ -2 = tanh�l x + C.

4.5 ALGUMAS T É CNICAS DO CÁ LCULO INTEGRAL


Apresentamos agora alguns recursos para o cálculo de integrais. O Teorema
da Mudança de Variáveis, seção 4.3, estará presente em quase toda parte.
Como sabemos, a integral de uma potência xc. onde c =I -1 é:

(4.5.1)
onde C E IR denota uma constante arbitrária.
A lgumas técnicas do Cálculo Integral • 207

4.5.1 Substituições tr-igonométr-icas


A presença no integrando de uma diferença como
a E lR, (4.5.2)
pode representar alguma dificuldade. A identidade sen2 11+ cos2 11 = 1, 'IL E
lR, indica que a substituição

x = a cos u ou x = a sen11,
elimina a diferença. Por exemplo, se x = a COS11 em (4.5.2),

EXEMPLO 4. 5. 1. Calculemos a integral indefinida


xdx
J (16-x2)2 /3'
Fazendo x = 4 sen11, ternos dx = 4 cos11d11 e

J (16xdx
-x2)2 /'3 J (4 COS11)4/3
_ 16senucos11 - 2 /3
- du 4
J cos.�1 /3 11 sen11d11

e, fazendo agora v = COS11, portanto dv = - sen11d11,

- 42 /:� J V�l /:ldv _ } 42/3v2/:3+C


=

_ } 42 /:3 (1 - sen211)1 /3 + C - } (16- X2 )1 /3 + C ,


= =

E
onde C lR denota urna constante arbitrária.
Embora a substituição x 4 sen11 seja lícita apenas para Ixl :s:; 4, a
=

função - � (16- X2 )1 /3 é uma primitiva do integrando para todo x i=- ±4.


Quando o integrando contém termos da forma
a E lR,

E
a identidade tan2 11+ 1 sec2 11, 11 lR, sugere outras substituições. Por
=

exemplo, a diferença x2 - a2 , pela substituição x a sec 11, é levada a:


=
208 • A Integral

EXEMPLO 4.5.2. (1) Para calcular


1 x2dx+3 '
u,
podemos fazer x y'3 tan portanto dx y'3 sec2 Assim, u duo
11 1 1
= =

1 dx
/0
=
X2+ 3 v 3 sec2
sec2 cu
- -du
u /0U + C
v3 v 3
=
x
/0 arctan /0 + C,
v 3
=

onde C E� denota uma constante arbitrária.


(2) Para calcular
VX2 -a2
x
dx,1 ----

= u,
façamos x a sec portanto dx a sec tan u u duo
Assim,
=

1 vx2X-a2dx =
a 1 tan2 ud u a 1 sec2 u d u - a 1 du
=

= a tan u - au+C VX2 - a2 - arcsec(xja)+


= c,

onde C E�é uma constante arbitrária.


Às vezes, substituições por funções hiperbólicas inspiradas nas identida­
des abaixo podem levar a simplificações vantajosas, comparadas às corres­
pondentes substituições por funções trigonométricas:
cosh2u - senh2u 1, u E �,
1-
=

tanh2u sech2u, u E �,
�(1 u)
=

cosh2u +cosh2 , u E �,
u �(1-
=

senh2 cosh 2u),


= u E �,
senh 2 u
2 senh cosh
= u u, uER
EXEMPLO 4.5.3. Para calcular
1 VX2 - a2dx,
façamos x = u, portanto dx a senh u duo
a cosh =

1 VX2 - a2dx a2 1 senh2 udu ;2 1(1- cosh2u)du


= =

- senh 2 u+C -u - vicosh2 u -1 cosh u+ C


a2 a2 a2 a2 �--: '----
-u
=
2 4
-

2 2
= -

a2 �VX2
= cosh-1 � _
_
a2+ C'
2 a 2
onde C E � é uma constante arbitrária.
A lgumas técnicas do Cálculo Integral • 209

4.5.2 Completamento do quadrado


Em muitos casos em que o integrando envolve o quadrado de um binômio,
aE ffi., (4.5.3)
x
pode ser conveniente a substituição +a u,
portanto
= dx duo
=

A um trinômio de grau 2 , podemos somar e subtrair constantes con­


venientes de modo a fazer surgir um quadrado do tipo de (4.5.3).
Este
procedimento é chamado completamento do quadrado.
Por exemplo,
x2 +px+ q, p, q E ffi.,

pode ser transformado da seguinte maneira:

X 2 +px+ P 4q -- -p2
q = x2 +2 2x+p42 - p42 +q (x+ 2) 2 + - P
=
4
EXEMPLO 4. 5. 4. (1) A integral J x2+dxpx+q fica
J (x+�)dx2+ 4q�p2 .
Se 4q - p2 0, a substituição x+p/2 u leva ao cálculo de
= =

dU
J u2 '
que é imediata [veja (4.5.1), página 206].
Se 4q - p2 -# 0, o problema fica reduzido a

J u du 0, '
2± 2
que já sabemos calcular.
(2) Por completamento do quadrado temos

J x2+dx3x - 7 - J x2+2 �x+dx� - � - 7 - J (x+ �)dx2 - 3; .


Fazendo u x+ � , du dx,
= =
210 • A Integral

Fazendo
J37 J37
u=-2- secv, du = -- sec v tan v dv,
2
a integral acima fica
2 J sec v tan v dv 2 J cscvdv = - 2 ln I cscv+cotv l+C,
37 sec2 v -I
v
J7V7
=
37v
J7V7
v37
J7V7
onde C, aqui e nos exemplos a seguir, representa uma constante arbitrária.
Voltando para as variáveis originais, observando que

cscv =
secv 2u 2x+3
vsec2v -I V4u2 -37 J(2x+3)2 -37 '
1 J37 J37
cotv =
vsec2v -l V4u2 -37 J(2x+3)2 -37 '
temos finalmente:

J .1:2+dx3x - 7 =_J37
2_ J(2x+3)2-37
ln
2x+3+J37 +C.
(3) O cálculo da integral J Jx2+dxpx+q é reduzido ao de

Se 4q - p2 = 0, fazendo u = x+p/2, du = dx, obtemos


J duU = In lu I +C In I x+� I +C .
=

Se 4q - p2 =I- 0, chegamos a uma integral indefinida do tipo

J vu2du a2 ' a IR \ {O} ,


±
E

que também sabemos calcular.


(4)
Algumas técnicas do Cálculo Integral • 211

Fazendou = X +3, du = dx,


dx du
J J(x+3)2+32 - J vu2+32'
Fazendo u = 3 tan v, = 3 sec2 v dv.
deu

sec2 v
J vu2+32 J vtan2 v+1 dv = .I sec v dv = In I sec v+tan vi +C.
du =
Assim, voltando à variável original, lembrando que
tanV = 3 e' sec v = . /1 + tan2 v,
V
u
=dx= ===:= = In I sec v+tan vi +C
J VX2+6x+18
----
:: :: -;: :;= ::;:

Se o numerador do integrando é um binômio mx+n, o termo (mx+n)dx


é a diferencial do trinômio
m 2+nx+
2X k.
Assim, se o integrando envolver também um trinômio de segundo grau, uma
estratégia é modificar a expressão de(mx+n), fazendo surgir a diferencial
desse trinômio.
EXEMPLO 4. 5. 5. (1) Para calcular
mx+n dX,
J ax2+bx+ C

com a, m i- 0, a idéia é fazer aparecer o termo 2ax + b no numerador do


integrando, pois (2ax+ b)dx é a diferencial do denominador. Temos
mx+n = -(2axm +b) +n - -. bm (4.5.4)
2a 2a
Assim, fazendo u = ax2+b.T + du = (2ax+b)dx, vem
C,

mx+n dx = [� (2ax+b) +n - � 1 dx
J ax2 bx
+ + c J ax2 bx + + c

- 2am J ax22ax++bx+b dx+ (n - bm2a ) J ax2+dxbx+


c c

m du ( bm ) J dx
= J + n-
2a ---;; 2a ax2+bx + c
·
212 • A Integral

Esta última integral pode ser calculada completando o quadrado.


(2)
Usando novamente a expressão (4.5.4)
e repetindo todos os passos
do item (1),obtemos também
mx+ dx m JU du + (ri. bm ) dx
1 Jax2+bx+ 2a 1 2a .I Jax2+bx+
TI
.
=
_

c c

(3) Em particular,
x+3 dx � 2x+6 dx
1 Jx2+4x+13 2 1 Jx2+4x+13
=

�2 1 Jx2+4x+13
2x+4 dx+ �
=
2 dx .
2 1 Jx2+4x+13
Fazendo a substituição u x2+4x+ 13, du 2x+4 na primeira integral
= =

e resolvendo a segunda por completamento do quadrado, obtemos

Fazendo agora x+2 3 tan v, dx 3 sec2 v dv, a última integral fica


1 = d=x 1 sec2 v dv f sec v dv.
= =

---; += 2)2�+=32:::::: Jtan2 v+1 .


--yI(x::;= =
=

Assim,
x+3 dx
1 Jx2+4x+13 1 1 du 1
2" JU + sec v dv
=
= Fu+In I sec v+tan v I + c.

Voltando à variável original, observando que

u x2+4x+13 ; tan
x+-2
v - e sec v 1"3 yI9+(x+2)2,
=

3= =

temos
1 x+3 dx
Jx2+4x+13
2 "31 v9+(x+2)2 +C.
x+-+
Jx2+4x+13+In I -3 I
=
A lgumas técnicas do Cálculo Integral • 213

4.5.3 Potências de funções trigonométricas


Os ítens do exemplo abaixo mostram possibilidades em casos onde o inte­
grando é uma potência de alguma função trigonométrica.
EXEMPLO 4. 5. 6. (1) Como sen2x �(1 - cos 2x) , =

J sen2xdx "21J(1- cos2x)dx x"2 - 4"1 sen 2x+C.


= =

1 +cos 2x) , obtemos:


(2 ) Usando agora a relação cos2x 2-(1 =

J cos2xdx "21J(1+cos2x)dx x"2 + 4"1 sen2x+C.


= =

(3) Potências ímpares do seno e do cosseno.


J COS2k+1 X dx = J COS2k X COSxdx

= J ( l - sen2x) k cosxdx J(1- u2) kdu,


=

onde k E N, u sen x e du
= = cosxdx. O problema fica reduzido à integral
de um polinômio.
Analogamente,

J sen2k+1 xdx J(1 - cos2x) k senxdx J(1 - U2) kdu,


= =

onde u = cosx e du = sen dx.


(4) Potências pares do seno e do cosseno.
Para k E N, temos

J COS2k xdx J ( cos2x) kdx =


1
2k
J ( cos 2x+ l) kdx.
Depois de desenvolver ( cos 2x + l ) k , esta última integral se transforma numa
soma de integrais do tipo
J
cosP 2xdx,
onde os expoentes p satisfazem p � k /2. Os casos em que os expoentes p
são ímpares se resolvem como no item (3).
Para os casos em que os expoen­
tes p são pares, aplicamos novamente o mesmo artifício. Procedendo assim
214 • A Integral

sucessivamente, o problema se reduz ao item (3)


ou, finalmente, a integrais
do tipo
COS2 J qx dx
ou sen2k J x dx,
que podem ser calculadas como no item (2).
(5)
Potências da tangente.

J tan xdx = in I cosx l+ C, (4.5.5)


J tan2 x dx J ( sec2 x - I) dx
= = tanx -x+C. (4.5.6)
Sek E N, k � 3,
J tank x dx J tank-2 x tan2 x dx J tank-2 x ( sec2 x -I) dx
= =

./ tank-2 x sec2 x dx - J tank-2 x dx.


=

A penúltima integral pode ser facilmente calculada fazendo u = tan:r e


dn= sec2 x dx.
Assim, o problema fica reduzido à integral

./ tank-2 x dx.
Após sucessivas aplicações desse procedimento recaímos em

J tan x dx [para k ímpar] ou J tan2 x dx [para k par],


cuj as soluções estão indicadas em )e (4.5.5 (4.5.6).
Integrais de potências da cotangente podem ter um tratamento análogo.
Para tratar as potências da secante, inspire-se no exercício 21.
4.5.4 Funções racionais
o que se segue envolve alguns fatos sobre o quociente de polinômios que
são a base de um método de integração. Estamos interessados na integral
f,
de uma função racional isto é, uma função da forma

f(x) QP(x)
=
(x) ' x E �, ( 4.5.7)
A lgumas técnicas do Cálculo Integral • 215

onde e P Q são polinômios. Vamos supor que o grau de P é menor do que


o grau deQ. Se este não for o caso, podemos escrever

onde R é o resto da divisão de P por Q, logo o grau de R é menor do que


o de Q e o problema fica reduzido à integral de
R(x) ,
Q(x)
pois o cálculo de J S(x) dx é fácil.
Decomposição em frações parciais.

A função f, dada em (4.5.7), pode ser decomposta numa soma

onde cada Fj(x), j 1, 2, . . . , k, é de uma das formas


=

A
ou
Bx+C
onde b2 - 4c< O. Cada uma dessas parcelas é chamada fração parcial. Para
decompor f em frações parciais observemos inicialmente que não há perda
de generalidade em supor que o termo de maior grau de Q tem coeficiente
1. O primeiro passo é decompor Q(x) xn+alxn-1+ . . . +an em fatores
=

da forma (x - r)Tn, onde r é urna raiz de Q com multiplicidade m. Ou seja,

(4.5.8)
com ml+ m2+ . . . + mg n, onde rj é raiz de Q de multiplicidade mj,
=

j 1, Note que a fatoração de Q envolve o conhecimento de todas as


= ... ,/!.
suas raízes, ou seja, essa fatoração nem sempre está ao alcance.
Se r = +(3i é uma raiz complexa de Q com multiplicidade m, seu con­
a

jugado, r =- (3i também é. Efetuando o produto de seus correspondentes


a

fatores na decomposição (4.5.8) ,


216 • A Integral

Assim, podemos reescrever a decomposição (4.5.8), obtendo uma decompo­


sição em fatores reais onde a cada par de raízes complexas conjugadas, r e
f, de multiplicidade m, fornece um fator da forma

(x2 +bx+c t\

com b2 - 4c< O.
Para cada fator da forma (x q)m, a decomposição de f tem uma soma
-

de frações parciais da forma

Para cada fator da forma (x2+bx+c y ' a decomposição de f tem uma soma
de frações parciais da forma

Assim, a decomposição de f em frações parciais transforma sua integral


numa sorna de integrais mais simples. O método é melhor compreendido
pelos exemplos.
EXEMPLO 4. 5. 7. (1)

3X3-18x2 +29x-4
J (x+1)(x-2 r3
dx.

Neste caso, o denominador já está fatorado na forma descrita acima. Temos


duas raízes,-1 e 2, com multiplicidades 1 e 3, respectivamente. Assim, a
decomposição em frações parciais é
3x3 - 18x2 +29x - 4 A B C D
------ = +
---- +
---- + ----�
(x+1)(x-2)3 x+1 x-2 (X-2)2 (x-2P'
l'vIultiplicando ambos os membros por (x+ l)(x - 2)3, obtemos

3x3-18x2 +29x - 4 = A(x - 2)3+ B(x+ l)(x - 2)2


+ C(x+ l)(x - 2)+ D(x+1),

para todo E IR.. Fazendo x 2, obtemos D 2. Fazendo x -1, temos


= = =

A 2. Igualando os coeficientes dos termos cúbicos do primeiro e do segundo


=

membros, temos
3= A+B,
A lgumas técnicas do Cálculo Integral • 217

portanto B = 1. Finalmente, substituindo as constantes já calculadas e


fazendo x = 0, obtemos C -3. Assim, a decomposição acima fica
=

3x3-18x2 +29x-4 2 1 3 2
---,-------:-.,--
--- ---,-- = --+ --- + �
x+1 x-2 (x-2)2 (X-2)3 ·
--

(x+1)(x-2)3
Logo
3X3-18x2 +29x 4 -
J ---,----.,----
- ---,--dx
(x+ l )(x-2)3

J J J J1
2dx dx 3dx 2dx
= + - +
x+1 x-2 (x-2)2 (x-2r3
3
= 2 In I x+11 + In I x-21 + - +C
x _
2 (x _
2)2
3x- 7
= In [(x+1)2 1x-21] + + C,
(x 2)2
_

onde CE IR indica uma constante arbitrária.


(2)
5x:3 -3x2 + 7x- 3
J
(x2 +1)2
dx.

Neste caso, o denominador Q(x) = (x2 +1)2 tem apenas um um par de


raízes complexas conjugadas, e i -i. A decomposição é da forma
5x3-3x2 + 7x-3 Ax+ B C x+ D
--------- = + --- ,
(x2 +1)2 x2 +1 (x2 +1)2
donde,
5x3-3x2 + 7x - 3 = AX3+ BX2 +(A + C)x+ B+ D, xER
Igualando os coeficientes dos termos de mesmo grau nos dois membros,
temos A = 5, B - 3, A+ C 7, donde C = 2 e D = 0, logo
= =

5x3-3x2 + 7x- 3 5x- 3 2x 5x 3 2x


-----,------:-:,--
(x2 +1)2
-- =
x2 +1
+
(x2 +1)2
=
x2 +1
- x2 +1 + (X2 +1)2 ....,.:-
.---: -----:--=-

Finalmente,
5X3-3x2 + 7x- 3
J -----,------:-,--
(x2+1)2
-- dx

J J5 J
5xdx 3dx 2x dx
= - +
x2 +1 x2 +1 (x2 +1)2
1
= -ln(x2 +1) - 3 arctanx- + C.
2 x2 +1
218 • A Integral

4.6 DEFINIÇÃO ALTERNATIVA DE INTEGRAL


Apresentamos agora uma definição equivalente à definição 4.1.8, página 164.
A razão disso é que em algumas aplicações esta formulação pode ser mais
conveniente. Ela depende de uma extensão do conceito de limite dada na
definição 4.6.5 abaixo.
Consideremos uma partição & : a Xo < Xl < . . . < Xn b de [a, b].
= =

DEFINIÇÃO 4.6.1. Ao maior dos números t::.Xi = Xi - Xi - I , i = 1, 2, . . . , n,


chamamos malha da partição & e denotamos por I & I . Isto é,
I & I max {t::.Xi 11 i n}.
= � �

DEFINIÇÃO 4.6.2. Dada uma n-upla ç ( 6 , . . . , çn) tal que Çi [Xi - I , Xi] ,
= E
i 1, . . . , n, ao par (&, ç) chamamos urna partição marcada.
=

Em outras palavras, uma partição marcada é uma partição & para a qual
é escolhido arbitrariamente um ponto Çi [Xi - I , x,J, i 1, . . . , n.
E =

DEFINIÇÃO 4.6.3. Se j : [a, b] IR é limitada e &ç


-. (&, ç) é uma =

partição marcada de [a, b], mantendo as notações acima, definimos a soma


de Riemann de relativa a &ç , Y(&ç, f), por
j
TI

Y(&ç, f) = L j (Çi)t::.Xi .
i =l
É óbvio que as somas inferior e superior de j relativas a & e a soma de
Riemann Y(&ç, f) satisfazem a seguinte ordenação:
s (&, f) � Y(&ç, f) � S (&, f). (4.6.1 )

Observação 4.6.4.
Conhecida a malha, não fica univocamente determinada
uma partição &, muito menos uma soma de Riemann Y(&ç, f). Isto é,
soma de Riemann não é função da malha da partição. Entretanto, podemos
dar sentido à expressão liml.0"I--.oY(&ç, f).
DEFINIÇÃO 4.6.5. Dada uma função limitada j : [ a , b] IR, diz-se que o -.

limite de
Y(&ç, f), com
1&1 -. 0, é o número f e se denota
lim Y(&ç, f) = f
1&1--.0

O
se, para todo E > 0, existe 6> tal que se &ç é qualquer partição marcada,
com I & I < 6, então
A lgumas aplicações da integral • 219

Figura 4.6.1: Soma de Riemann

DEFINIÇÃO 4. 6. 6. Uma função limitada f : [a, b] ---+ 1Ft se diz integrável em


[a, b] se existe o número

lb f(x) dx
a
= lim 9(9ç, f).
19"1->0

Este número é chamado integral de f em [a, b].


Usando a desigualdade 4.6.1, não é difícil demonstrar que as definições
4.1.8, página 164, e 4.6.6 são equivalentes, tarefa que deixamos aqui como
exercício.

4. 7 ALGUMAS APLICAÇ Õ ES DA INTEGRAL


Nesta seção apresentamos alguns exemplos de aplicações da integral. Trata­
se de uma pequena amostra, as aplicações ocorrem em tão grande profusão
e em tão diversas áreas do conhecimento que em um texto corno este só é
possível cobrir urna pequena parte. Consideramos primeiramente aplicações
ao cálculo de áreas de figuras planas.

4.7.1 Área de conjuntos planos


Tratemos agora de alguns casos antecipados na seção 4.3, exemplo 4.3.5,
página 179. Dadas f, 9[a, b]
: integráveis tais que g(x) f(x), para
---+ 1Ft �
a x b, queremos a área, A, de
� �

§ ={(x,y) I a x b; g(x) y f(x)}.


� � � �
220 • A Integral

a
b a

Figura 4.7. 1 : A = J:[J(x) - g(x)] dx

Calculamos a área entre o gráfico de f e o eixo x, e subtraímos dela a


x,
área entre o gráfico de 9 e o eixo
b b b
A l f(x) dx l g(x) dx l [J(X) - g(x)] dx.
= - =

Veja a figura 4.7.1. Note que o cálculo é independente das funções f e 9


assumirem ou não valores negativos.

EXEMPLO 4.7.1. Calculemos a área da figura no primeiro quadrante do


plano yx
limitada pelo eixo a parábola = y, x2 e a retay 2- y x,=

representada na figura 4.7.2.

Figura 4.7. 2 : Figura limitada por y = 2 - x2, Y = x e o eixo y

Temos f(x) 2 - x2, g(x) x e, como a interseção da reta y x com


= =

y 2 - x2 no primeiro quadrante é o ponto (1, 1), o intervalo de


=

a parábola =
A lgumas aplicações da integral • 221

integração é [O,1]. Assim, a área é dada por


[ 'I 2] 7 ]

11
o
[(2 - X2) - x] dx 2x - �
=
3 2 6 - �
o

EXEMPLO 4.7.2. Calculemos a área A do conjunto do primeiro quadrante


xy delimitado pelo eixo x e os gráficos das funções f(x) (x/5) �
do plano =

eg(x) (x - 1)�, conforme se vê na figura 4.7.3.


=

5
4"

Figura 4.7. 3 : Figura limitada por y = JX75, y = yIX-=-I e o eixo x

Neste caso, a área procurada é a do conjunto

menos a área do conjunto

{(x,y) 11:S; x:S; �, y:S; (x -1)� } .


Assim, a área A é dada por
1
3
Um exame da figura 4.7.3sugere outra solução. Em vez de olhar os arcos
de parábola como os gráficos de y f(x) y g(x),
= e = podemos vê-los como
x 5y2 x 1 y2.
gráficos das funções inversas, isto é, = e + =Agora a variável
y
independente é e o intervalo de integração é [0,1/2]. Temos então
1
3
Ao considerar um problema como este, é muito útil fazer uma figura e, antes
de iniciar os cálculos, investigá-la na busca do caminho mais simples.
222 • A Integral

Coordenadas polares.

Uma curva que limita um subconjunto do plano às vezes é melhor descrita


por uma equação em coordenadas polares. Além disso, o cálculo da área
do conjunto pode ser facilitado se a curva em questão é assim representada.
Veremos a seguir alguns exemplos em que isso ocorre, mas antes recordemos
rapidamente o que vêm a ser as coordenadas polares.
DEFINIÇÃO 4.7.3. Consideremos um ponto P =I O do plano xy, cujas coor­
denadas cartesianas são (x, y) -I- Este ponto tem (O,O). coordenadas polares
(r, r O,
e) E JR2 , com > definidas pelas relações:
{X =r cose,
y=r sene.

r
A coordenada = y'x2 +y 2 é a distância de P=(x, y) à origem O do
plano e e é o ângulo entre o semi-eixo positivo Ox e o segmento orientado
O P, medido a partir do semi-eixo Ox, tomando como positivo o sentido anti­
O {
horário. Assim, e=arctan(y /x), se x -I- e e E 1f/ 2 ± b r I k=0,1,2, . . . },
se x= o. A coordenada e é chamada e é chamada argumento r módulo.
p

p Q

) - ()
T

-Q Q

Figura 4.7.4: P = (p, CP); Q = ( r, f)), Q = ( r, -f)), -Q = ( r, f) + 1f )

A figura 4.7.4
mostra um ponto P de coordenadas polares (p, cP). Mostra
também que se um ponto Q tem coordenadas polares e) e se Q é o seu (r,
simétrico com respeito ao eixo x, então Q = -e). Além disso, temos (r,
-Q=(r,e+1f).
Observe que, dadas as coordenadas polares e), > fica univoca­ (r, r O,
mente determinado um ponto P=(x, y) do plano cartesiano, mas um ponto
P =I O não determina univocamente suas coordenadas polares, pois se e) (r,
são as coordenadas de P, então (r,e ± 2k1f), k=1,2, . . . , também são. Ob­
serve ainda que a origem O não tem coordenadas polares. Embora possamos
associar-lhe a coordenada = r O [e isto seTá feito com certa freqüência],
não
fica associado nenhum ângulo e.
Algumas aplicações da integral • 223

EXEMPLO 4. 7. 4. (1) Em coordenadas polares (r,e), a equação da circun­


ferência de centro na origem O e raio R é

r=R.

Isto significa que os pontos da circunferência são os pontos da forma (R, e),
com e arbitrário.
(2) A equação de um semi-eixo com origem em O e declividade c é

onde eo=arctan c . Ou seja, os pontos do semi-eixo são da forma (r,eo), com


r �O arbitrário. Note que neste caso estamos associando a O a coordenada
r = o. Além disso, há dois semi-eixos possíveis dependendo da escolha de
eo. Isto é, a equação também poderia ser e=eo+7f.
O)
(3) A equação da circunferência de centro (a, e raio a > em coorde­ O
nadas polares é

r=2a cos8, -7f/2<8:(7f/2.

De fato, a equação em coordenadas cartesianas é ( x -a)2 + y 2 = a2 . Subs­


tituindo x=r cose, y=r sene, obtém-se r 2a cose. =

Neste caso também estamos associando ao ponto O, pertencente à cir­


cunferência, a coordenada r = o. Observe que esta equação só pode estar
satisfeita por argumentos 8 para os quais cos8 é não negativo.

2a

Figura 4. 7.5: A cardióide r = 0(1 + cos e)

(4) Dado a> O, a curva em coordenadas polares


r=a(l +cose), (4.7.1)
esboçada na figura 4.7.5 é conhecida como cardióide.
224 • A Integral

A curva r = a(lcos e) é a cardióide simétrica à da figura 4.7.5 em


-

relação ao eixo y.
(5) A curva descrita pela equação

r = sen4e, o �e < 7rj4, (4.7.2)

é uma pétala da rosácea de oito pétalas inscrita na circunferência de raio 1


e centro O, mostrada na figura 4.7.6 a seguir. Quando e varia de a 27r a O
equação r = 1 sen4el descreve toda a rosácea.

Figura 4.7.6: A rosácea r = 18en481, O � 8 � 27r

Em geral, se k é um inteiro positivo, uma rosácea de k pétalas pode ser


representada pela equação

r = 1 sen(kej2)1

Como se vê, um sub-conjunto do plano pode ser determinado por uma


curva dada por uma equação em coordenadas polares,

r = r(e), a � e � (3,

onde r é uma função contínua de e. A figura 4.7.7 mostra uma curva que
O
pode ser representada desta forma, com � e � 27r, delimitando um con­
junto A do plano.
Vamos obter uma fórmula para a área de um conjunto A assim descri­
to sem transformar a equação para coordenadas cartesianas. Façamos uma
aproximação do conjunto A pela justaposição de setores circulares centrados
na origem, procedendo da seguinte forma:
A lgumas aplicaç6e8 da integral • 225

Figura 4 .7.7: Área aproxima da usando coordena das polares

Consideramos uma partição marcada &(j = (&, e), e (e1, . . . en), do


=

intervalo [a,,6],
A cada sub-intervalo [ei-1, ei] fica associado o setor circular
Na figura 4.7.7 estão representados alguns setores assim definidos. Como a
área de Si (r(ei))2(ei -ei-d/2, i 1,
é = ... , n, vê-se que a soma das áreas
dos setores determinados pela partição marcada (&, é e)
(4.7.3)

ou seja, é uma soma de Riemann da função (1/2)(r(e))2,


conforme a defi­
nição 4.6.3, página 218.
Se 1 &1 é a malha de &, admitimos a hipótese de que a soma (4.7.3)
A
tem como limite a área do conjunto em consideração, quando 1 &1 ---+ 0,
A = lim Y'(&(j, !2 (r(e))2).
19"1---+0

A função (1/2)(r(e))2 é integrável, pois é contínua, logo


A !2 1� r2(e) de.
=

a
226 • A Integral

EXEMPLO 4.7.5. (1) Calculemos agora a área A da cardióide dada pela


equação (4.7.1), página 223. Como está representado na figura 4.7.5, ela é
simétrica com relação ao eixo x logo sua área é o dohro da área da parte
contida no semiplano superior. Isto é,

(2) Calculemos a área A da rosácea de oito pétalas mostrada na fi­


gura 4.7.6 dada pela equação (4.7.2), página 224. Nesse caso, a área A é
oito vezes a área de uma pétala, isto é,

A = s .l � � sen2 4e de s i � � ( �- � cos se) de


=

Ti

2
[�4 sen se] �
o
Ti

Assim, a área da rosácea em questão é a metade da área do círculo em que


ela está inscrita.
(3) Vamos calcular agora a área A do conjunto dos pontos interiores à
circunferência
Ti Ti
r = 2a cos e, -- < e <-
2 2
e exteriores à circunferência r = a.

!e= "'- 3

2a

Figura 4.7.8: Área interior a r = 2acos(}, exterior a r = a


Algumas aplicações da integral • 227

Os pontos de interseção das duas circunferências são obtidos da equa­


a 20, e,
ção = cos logo têm argumentos () 3. A área em questão é a = ±7r/
diferença entre as áreas dos conjuntos setoriais definidos por

o < r 2a cos ,
� ()

o < T' � (L,

Como se trata de um conjunto simétrico com relação ao eixo x, a área


em questão é o dobro da área da parte contida no semiplano superior,

A 2 (l,' 2 2 cos d - lo' � (J2 de) .


� o. ' O O

Usando a identidade 2 cos2 e 1 +cos 2e obtemos: =

A 20,2 lo(t (12 +cos 2e) de 0,2 [e+sen 2e] �


=

'
=

4. 7.2 Comprimento de arco


Uma curva plana r é um conjunto dos pontos (x, y) elo plano dado por um
par de equações, que se chama parametrização
de r, da seguinte forma:

{Xy 'ljJ9(t),(t), t E
r:
=

=
(4.7.4) I,

onde I =[a, b], a b, e 9, 'ljJ : [a, b] lR. são contínuas. As equações (4.7.4)
< ---+

são chamadas equações paramétricas ele Assim, urna pararnetrização de


r.
r é uma função ele no plano xy,I

t E (9(t), 'ljJ(t)). I r-+

Se essa função for biunívoca, diz-se que a curva é um arco. Um arco é, r


portanto, uma curva que não tem auto-interseçàes, uma vez que não existem
tI, t2 E tI t2 tais que (9(tI), 'ljJ(td) (9(t2), 'ljJ(t2)) PEr·
I, i= = =

Se (9( ), 'ljJ(a))
a (9(b), 'ljJ(b)) , diz-se que é urna curva fechada. Por
= r
exemplo, se é a circunferência de raio a> O centrada na origem, ela pode
r
ser descrita por
{Xy a cossent,t, t [0, 27r],
r'
=

= a
.
E
228 • A Integral

( a emit. a sen t)

(t. f(t))

/\J
b

Figura 4.7.9: Parametrizações da circunferência e do gráfico de f

)
sendo, assim, uma curva fechada, pois ( a casO, a senO = ( a cos211', a sen211' . )
[ b]
Se , é o gráfico de alguma função contínua f : a, -----+ IR, ela pode ser
representada por

" .
= t, {X [ b].
Y = f (t) , tE a,
As equações paramétricas

, :
{X = t cos t,
[0,11'],
y = t sen t, tE
(4.7.5)
definem um arco representado na figura 4.7.10.

Figura 4.7.10: "( : (tcost,tsent), tE [0,11']

A curva, dada por

, :
{X = t2'
[ / /]
y = t3 - t tE -3 2, 3 2 ,

esboçada na figura 4.7.11 não é um arco, pois o ponto (1,O) de, corresponde
at=le at= -l.
A lgmnas aplicações da integml • 229

Figura 4.7.11: , : (t2 , t3 - t), tE [ - 3/2, 3/2]

Nosso objetivo aqui é definir comprimento de um arco. Consideremos


uma curva, dada por

, :
{X =
=
cp (t) ,
� (t) , [a,b].
y t E

Dada uma partição

9: a = to < tI <. . . < tn =


b,
fica a ela associada a poligonal cujos vértices são os pontos

pertencentes a ,. Confira com a figura 4.7.12.


Denotemos por À(Pi - I Pi) o comprimento do segmento Pi - I Pi ' Assim, o
comprimento da poligonal associada à partição 9 é
n

À( 9, , ) =
L À(Pi -- I Pi) .
i =1
(4.7.6)
DEFINIÇÃO 4. 7. 6. Se existir o limite
(4.7.7)
diz-se que , é retificável e que o número À ( r) é o comprimento de ,.
Observação 4.7.7. Como À( 9, ) não é univocamente determinado por 1 9 1 ,
,
o limite ( 4. 7.7) deve ser entendido no sentido da definição 4.6.5.
230 • A Integral

1 1 1 1 1 1

Figura 4.7. 1 2 : Poligonal associa da a & : to < tI < t2 < t3 < t4 < t r,

Observe que

i=1,2, . . . ,no Supondo que cp e 1jJ são de classe C 1 , podemos usar o Teorema
do Valor Médio para garantir que existem números c'i , TJi E (ti - I , ti ) tais que

cp (t i ) - cp(ti - d = CP' ( c'i ) (ti - ti - d ,


1jJ (ti ) - 1jJ (ti - 1 ) = 1jJ' ( TJi ) (ti - ti- d , i = 1,2, ... , n.

Ou seja, fazendo 6.ti = ti - ti- I ,

Substituindo À ( Pi- l Pi ) em (4.7.6), o limite (4.7.7) fica


(4.7.8)
A soma no limite do lado direito desta equação é semelhante a uma soma
de Riemann da função integrável

o que nos leva a suspeitar que o limite (4.7.8) seja igual à integral

Há, porém, um estorvo. Os números c'i e TJi em são, em geral, dis­ (4.7.8)
tintos e a soma em questão não se configura como uma soma de Riemann.
A lgmnas aplicações da iniegml • 231

Entretanto, como conseqüência de um teorema de Duharnel, encontrado no


livro de Widder [8,
Cap.5, §6 .5, Teorema 10],
podemos garantir que o li­
mite (4.7.8)
existe e é igual à integral acima. Isto é, podemos enunciar a
proposição a seguir, referente à curva (4.7.4), 227.
página
PROPOSIÇÃO 4.7.8. Se as funções cjJ e 1j; são de classe C1 em I = [a,b],
então a curva
,
{ Xy 1j;cjJ((t)t),, t
:
=

= E I,

é retifi cável e seu comprimento é


(4.7.9)
EXEMPLO 4.7.9. (1) Queremos calcular o comprimento do arco de parábola
y X 2 da origem até o ponto (1/2, 1/4).
=

1
:2

Figura 4 . 7. 1 3 : Arco de parábola y = x2 , O � X � 1/2

o arco, em questão pode ser dado pelas equações paramétricas

,:
{ X
y
=

=
t,
t2 , t [O, 1/2].
E

Assim,

1 2 VI +y/2 dt 1 2 vI+4t2 dt
1 1

À (r) = = o (4.7.10)
fazendo a mudança de variável 2t = tan s, 2 dt = sec2 s ds, temos

À (r ) = � {%
2lo
\11 +tan2 s sec2 s ds = �2 lo{ % sec3 s ds .
Resolvendo esta última integral por partes, com
u = sec s dv = sec2 s ds
du = sec s tan s ds v = tan s,
232 • A Integral

1 � sec3 sd s = [sec s tan s]� - 1 � tan2 s sec sd s


� � �
= J2 - 1 (sec2 s - 1) sec sd s = J2 - 1 sec:� sd s + 1 sec sd s.

Assim,

1 vj()2 + 1 4
1
vj()2 + 1
[
7r

4
7r 7r

o sec 3 sd s = -
2
-
2 0
sec s d s = -
2
- In I sec s + tan s i
2 ]4,
o

por conseguinte,
( 1 "-
À (r) = 2 Jo 4 sec3 sd s = 4: J2 + ln I + J2
1
[ ( )] .
(2) Calculemos agora o comprimento do arco de espiral , dado pelas
equações paramétricas (4.7.5), página 228. Neste caso, o cálculo envolve uma
integral semelhante à de (4.7.10), que resolvemos agora por substituição por
função hiperbólica em vez da mudança 2t = tan s.

À (r) = 1" V(t cos t)12 + (t sen t)' 2d t


= 1 " J (cos t -t sen t)2 + ( sen t + t cos t)2 d t = 1 " vf1+t2 d to

Fazendo t = senh s, d t = cosh s d s, temos

À (,) = o l senh "


-1
1 senh
cosh2 sd s = - lo (l + cosh 2s)d s
-1 "

[ -1 s + -1 senh 2s senh - I " = -1 senh-1 7r + -1 [cosh s senh s] senh


2

]o
-1 "

t senh-1 + t [ J1 senh2 senh ] �enh - I "


2 4 2 2 ()
+ s s
7r

= 1 ( senh- 1 7r + 7r\1I + 7r2 ) .


Observação 4.7.10. Seja h [c,d ] [a,b] contínua e bijetora. As funções
: -----+

CP1 = cp h [c,d ]
o : e 1/J1 = 1/J h [c,d ]
-----+ ]R dão outra parametrização da
o : -----+ ]R
curva , da proposição 4.7.8, isto é, , : = CP1 (t), y = 1/J1 (t), t [c,d ] . Pode­
x E

se provar que o comprimento de , é o mesmo, seja qual for a parametrização


adotada. Veja o livro de Rudin [6 , página 142, exercício 19] .
A lgumas aplicações da integral • 233

Observação 4. 7.11. Quando a curva, é o gráfico de2 uma função, y f ( ) = x ,

x [a, b] [como no exemplo 4.7.9, onde f ( )


E ] , ela pode ser definida
x = x

{X
pelas equações paramétricas
= t.
.

".
y = f (t) , t E [a, b] .
Então o parâmetro t é a abscissa x e a fórmula do comprimento de arco
(4.7.9)
assume a forma mais simples e muito conhecida:

Comprimento de arco parametrizado em coordenadas polares.

Quando a curva, é dada em coordenadas polares por


,: r = r(e),
ela também pode ser expressa em coordenadas cartesianas pelas seguintes
equações paramétricas:

".
{X
y
=

=
r(e) cos e,
r(e) sen e, e E [a, ;3] ,
Assim, a fórmula (4.7.9) fornece
>. (r) =
1(3 V [r/( e) cos e - r(e) sen e] 2 + [r/(e) sen e - r( e) cos e] 2 de
e, simplificando, obtemos a fórmula

>' (r) =
1(3 vi( r( e))2 + ( r/( e))2 de, (4.7.11)
que em muitas circunstâncias é a mais conveniente.
EXEMPLO 4 . 7 . 12 . Vamos calcular o comprimento da cardióide
r: r = a(l- cos e), e E [0,2íT] .
Considerando a simetria da cardióide em relação ao eixo x , podemos calcular
o dobro do comprimento de meia cardióide correspondente a e E [O , íT] . De
acordo com (4.7.11),
>. (r) = 2 17r Jr2 + r/2 de 2 17r Ja2( 1 - cos e)2 + a2 sen2 e de
=

2 V2 a 1 J 1 cos e de.
7r
= -
234 • A Integral

(-)
Usando a identidade vI - cos e = V2 sen "2 obtemos:

À (r) 4a 1"o sen -2 de (-)


-8a cos
e " ] 8a.
= =

2 ()
- =

Observação 4.7.13. O cálculo do comprimento da cardióide usando coorde­


nadas cartesianas seria muito mais complicado.

4.7.3 Volume de um sólido de revolução


Considere o subconjunto do plano xy entre o gráfico de uma função contínua
positiva f [a, b]
: o eixo x , isto é,
--+ ]R ,

{ (x , y) I a x b,O y f ( x ) } .
E ]R
2
:s; :s; :s; :s;

Considerando o plano xy como um subconjunto do espaço xyz , podemos


imaginar que o conjunto acima gira em torno do eixo x , gerando um sólido
Y. A figura 4.7.14
esclarece este processo. Por ser um sólido gerado desta
forma, Y é chamado um sólido de revolução.
y

.'T

Xi - l

Figura 4. 7.14: Sólido de revolução

Queremos calcular o volume de Y. Consideremos uma partição marcada


9t; = (9, ç ) , ç = {6 , . . · , çn } ,
9:a = Xo < Xl <. . . < Xn = b, Xi- l :S; Çi :s; .T i , i 1,. . . , n.
=

Para cada intervalo [Xi- I , xd , consideremos o cilindro gerado pela rotação


do retângulo de base [Xi- I , xd e altura f (Çi ) e tomemos a soma dos volumes
A lgumas aplicações da integral • 235

dos cilindros assim formados como aproximação do volume de Y, de acordo


com a figura 4.7.14. Como os volumes dos cilindros são dados por

i 1,2,... ,
=

essa aproximação é
n
2 (4.7.12)
L 7f (J (Çi)) 6Xi ,
;=1

Admitimos a hipótese de que o volume V(Y) do sólido Y é o limite da


soma indicada em (4.7.12),
quando 1 901 -----7 O. Mas é uma soma (4.7.12)
de Riemann de 7f p , ou seja, de acordo com nossa definição alternativa de
integral, temos

(4.7.13)

1 7'

1 -+---- ---+- j n
11 1

Figura 4.7. 1 5 : f (x) = f,x

EXEMPLO 4 . 7 . 14 . (1) Calculemos o volume do cone circular reto de altura


h e raio da base igual a r . Esse cone pode ser gerado como no processo
descrito acima tomando a função f ( :r ) ( r / h ) :r , O
= x h , isto é, pela � �
revolução do triângulo {(x, y) 1 O h , O y �x} em torno do eixo
� .1: � � �
x. Confira com a figura 4.7.15.
Assim, o volume do cone é dado por

h r 2 2 1 2r2 X 1 h -7fr
1 2h.
i() h (-) x dx .
3
V 7f -7f
=
3h =
3 ()
=

(2) Considere a figura do plano xy delimitada pela semi-elipse


y � O,
236 • A Integral

x.
e o eixo O sólido gerado por sua rotação em torno do eixo é um elipsóide x
de revolução, gerado pelo processo acima tomando a função

. x2 y2 y ;?: O
FIgura 4 . 7 . 1 6 :
a 2 b2
+ = 1,

Assim, de acordo com (4.7.13), o volume do elipsóide é

O volume do elipsóide gerado pela rotação da semi-elipse


x22 + Y22 1,
=
x a b
;:? O , em torno do eixo é Y
v = 41fa2b
3
Se a = b r, o elipsóide é uma esfera de raio r cujo volume é
=

v = 41fr3
3 -

4.7.4 Área de uma superfície de revolução


Consideremos uma função positiva f : [a, b] -----+ R Se o seu gráfico gira em
torno do eixo x,
ele gera uma superfície de revolução. Queremos calcular a
área dessa superfície.
f b]
Por exemplo, se : [O , -----+ IR, = f(x) ex, e >
O , o gráfico é um segmento
À de extremos ( O , O ) e (b, eb).
A superfície gerada no caso é a lateral de um
b
cone de altura e raio da base = r eb.
O segmento À é uma geratriz do cone.
Se g é o comprimento da geratriz, a área da superfície lateral desse cone é
S = 1frg. (4.7.14)
A lgumas aplicações da integral • 237

Para verificar intuitivamente esse fato, considere que o cone jaz em um plano
apoiado numa geratriz, com o vértice fixo num ponto, e imagine que ele rola
sobre o plano, sem arrastamento,
de modo que a base dê uma volta completa
sobre si, voltando a se apoiar na mesma geratriz . O conjunto dos pontos do
plano tocados
pelo cone tem a área de sua superfície lateral e é um setor
e
circular de raio definido por um arco de comprimento [ 2n"7' o perímetro da
base]. Logo sua área é S = nre,
como afirmamos .
Consideremos agora a superfície de revolução gerada pela rotação do
gráfico de f ( x ) = ex restrita a um intervalo [ a , O < a < isto é, dob], b,
segmento )..' de extremos a , ca e ( ) (b, cb)
em torno do eixo x . Trata-se, por-

r = cb
r
i
= ca

Figura 4 . 7 . 1 7 : Tronco de cone

tanto, da superfície lateral de um tronco de cone cujos raios maior e menor


medem = r cb ri
e = ca, respectivamente, de acordo com a figura 4.7.17.
fi
Seja o comprimento da geratriz )..' . A área dessa superfície é
21fpf', S' =

onde é o raio médio, isto é,


p �(r+r') . p =
De fato, de acordo com (4.7.14),
S' 1frf - 1fr' (e - f') .
=

Usando semelhança de triângulos, com o auxílio da figura 4.7.17, obtemos


e
/J' =
r , ou seja,.
� r - ri
--

r_.
e f'_r - r' =

Substituindo na expressão de S', vem

s' = 1f [ -r2 r' r 1'1'- r' r,] e, r -1f ri [1'2 - r, 2 ] 1f(r+r )e 21fpe .
--

r
- --
I

+ = -- e =
, , ,
= I
238 • A Integral

Consideremos agora o caso mais geral em que f é uma função positiva


e diferenciável em [a,b]
. Tomemos uma partição marcada f?lJç = (f?lJ, ç ) ,
ç = {6 , · · · , çn } ,
a
f?lJ : = Xo < Xl < . . . < X n = b.
onde os pontos Çi [Xi - i , xd ,
E 1, . . , n são escolhidos de modo que f (Çi )
'Í = .
é a média aritmética de f ( x; ) e f ( Xi- d [por que possível essa escolha?].
é
Cada segmento de extremos ( Xi - i , f ( Xi - i ) ) e ( X i , f ( Xi ) ) gera por rotação em
torno do eixo X um tronco de cone, conforme a figura 4.7. 1 8, cuja superfície
lateral tem área

Pelo Teorema do Valor I'vIédio, existem 7li E ( Xi , xi- d , 'Í = 1, . . . , n, tais que

f (;];i- d
f(Xi )

Figura 4.7 . 1 8 : Aproximação da área de superfície de revolução

Substituindo esta expressão em (4.7. 15), temos

Admitimos que a soma L�= i Ai é uma aproximação da área A da super­


fície de revolução gerada pelo gráfico de f . Precisamente, denotando com
1 f?lJ 1 a malha de f?lJ e L:lXi = Xi - Xi - i , 'Í = 1, . . . , n, temos
(4.7. 16)
Algumas aplicações da integral • 239

Esta expressão é semelhante ao limite de somas de Riemann da função

(4.7.17)
Temos aqui a mesma dificuldade encontrada para chegarmos à proposição
4.7.8, página 231, referente ao comprimento de arco. Não podemos reconhe­
cer imediatamente o limite (4.7.16) como a integral da função (4.7. 17), pois
os números ç.i e rli são, em geral, distintos. Porém, em virtude de um teo­
rema de Duhamel, encontrado no livro de Widder [8, Cap.5, § 6.5, Teorema
10], podemos afirmar que o limite (4.7.16) existe e

EXEMPLO 4.7.15. (1) Vamos calcular a área A da superfície gerada pela


rotação do gráfico de f (x ) senx, O � x � 7r, em torno do eixo x.
=

Figura 4.7.19: y = senx, O �x � 7r

Fazendo u = cosx, logo du = - senx dx, temos:

A = 27r fI vI +
-1
u 2 duo

Fazendo agora u = tan s, du = sec2 s, ds, obtemos

que, calculada como no exemplo 4.7.9- (1), página 231, dá

A = 7r [J2 + In (1 + J2)] .
240 • A Integral

2 i...
FIgura 4.7.20.


Xa2 + b2 - - 1, a>b>O

(2) Calculemos a área A da superfície do elipsóide de revolução gerado


pela rotação em torno do eixo x da elipse

a, b > O.

o elipsóide é gerado pela rotação do gráfico da função


b
f(x) = -va2 - x2, -a � x � a,
a
em torno do eixo x. Então
b2 x 2
1+ dx.
a2 a2 - x2
Como o integrando é uma função par, simplificando, temos

Fazendo x = az, dx = a dz,

onde a constante k= � � é chamada excentricidade da elipse. Fazendo


V
u = kz, du = k dz, a integral se reduz a uma integral que já foi calculada
anteriormente por substituição trigonométrica,

A
47fab
= --
lk V1 - u2 du 27fab [
=
]
uV1 - u2 + arcsenu o
k
k k
--

1 , 27fab
=
[ ]
27fab VI - k2 + k arcsen k = 27fb2 + -- arcsen k. (4.7.18)
k
Algumas aplicações da integral • 241

Observação 4.7.1 6. Na expressão da excentricidade, a representa o eixo


maior e b o eixo menor da elipse. Entendendo a elipse como deformação
de uma circunferência, sua excentricidade mede quão grande é essa defor­
mação. Quando b ----> a, a excentricidade k tende 0, portanto a elipse tende
à circunferência de raio a e a área do elipsóide, dada pela fórmula ( 4. 7. 18) ,
tende à area da esfera de raio a,

arcsen k
uma vez que, pelo primeiro limite fundamental, lim 1.
k
=

k-+O

4.7.5 Massa de um líquido, conhecida a função densidade


EXEMPLO 4. 7. 17. A densidade JL JL(z) de um líquido que preenche um
=

recipiente cônico varia com a altura Z de acordo com a fórmula

JL(Z) = p (h - O"z), p, O" > 0, O" < 1,

onde h é a altura do recipiente, o qual tem o vértice na origem do espaço


xyz e o eixo coincidindo com o eixo z. O raio da base do recipiente, que
está voltada para cima, conforme a figura 4. 7. 21, é r. Queremos calcular a
massa m do líquido.

I+---r--�.

6Z�\---+--�/ h
'I

Figura 4.7.21: Recipiente cônico

Consideremos uma partição f!lJ : Zo ° < Zl < ... < Zn h do intervalo


= =

[O, h] no eixo Z e tomemos a esmo um ponto Tli E [Zi-l' Zi], i 1, 2, ... , n. =

Isto é, se TI (TIl, Tl2, . . . , Tln), temos uma partição marcada f!lJTJ (f!lJ, TI) do
= =

intervalo [O, h].


242 • A Integral

z
A seção plana ortogonal ao eixo na altura r]i é uma circunferência de
raio Ài = (r/h)T/i'
O cilindro circular reto C, de altura .0.zi
e raio da base
Ài' i = 1, 2, ..., n, em destaque na figura 4. 7. 21, tem volume

Vemos a reunião U Gi corno urna aproximação do cone.


i =l
Mais ainda, corno P é urna função contínua de z, se .0.z; é suficientemente
pequeno, é natural considerar corno aproximação que o líquido tenha densi­
dade constante no cilindro Gi,
igual a P(T/i).
A massa do líquido contido em
Gi será então P(T/i)
V; , ou seja,

i = 1, 2, . .
. Uma aproximação da massa do líquido no recipiente cônico
, n.

será dada pela soma


(4. 7. 19)

Nós admitimos a hipótese de que a massa rn do líquido é o limite da massa


dada em (4. 7. 19) , quando a malha IPI da partição 9
tende a zero. l\las o
que ternos em (4. 7. 19) é urna sorna de Riemann:

da função 7r(r/h)2z2p(z). Portanto


rn = lim (9r/l 7r (�)h 2 z2p(z))
1,9'1--+0
:7

= 7r (_r,)2 lor Z2p(Z) dz = 7rp (�) 2


h 1h() (h - O"z) z2dz
( "3 -"40") (prh)2.
7
1
= 7r

4.8 INT EGRAIS IMPRÓ PRIAS

Corno observamos enfaticamente no início deste capítulo, a integral de Riemann


é definida para funções limitadas em intervalos limitados. No entanto, a in­
tegral pode ser estendida de modo a cobrir situações mais gerais. Essas
extensões são chamadas integrais impróprias.
Integrais impróprias • 243

4.8.1 Integrais em intervalos nrLo-limitado8


Seja f : [a,(0)----+ IR uma fun ç ão integrável ern qualquer intervalo [a, t], com
a t Consideremos a função A : [a,(0) ----+ IR dada por
j f( ) dx,
< < 00 .

'f
A (t) = :r tE [0,,(0), (4.8.1)
. a

isto é, para cada número t > a, A(t) é a área compreendida entre o gráfico
de f e o eixo x, no intervalo [a, t], conforme a figura 4.8.1.

A(t)

Figura 4.8.1: A função A(t)

DEFINIÇÃO 4.8.1. Seja f


: [a,(0) ----+ IR integrável em qualquer intervalo

[a, t], com a e seja A a função definida em (4.8.1). Se existe o


< t < 00

jX f(x) dx,
limite limt-+oo A(t) = fi E IR, fi é chamado integral imprópria de f sobre
[a,(0) e é denotado por

isto é,

X f f(:r)dx f f(x) dx.


oo t

= lim
f-->x

f f(x)dx convergente. f f(x) dx,


a a
t
Diz-se então que é Se não existe lim
t-->x
a a
diz-se que a integral é divergente.
o número A(t) não é necessariamente positivo; as áreas abaixo do eixo x
têm sinal negativo. Se uma função f é não negativa em [a,(0), indicamos o
fato de sua integral sobre [0,(0) ser convergente por

f x
f(x) dx < 00 ,

pois, neste caso, a função A é crescente e a única possibilidade de divergência


é que lim
f-toe
f f(x) dx
a
t

= 00 .
244 • A Integral

EXEMPLO 4.8.2. (1) lx e-xdx < 00. De fato,

Generalizando este exemplo, seja r E ITt, r -::I 0,

100 eTxdx= t--->oo lt eTxdx= r1- t--->oo (eTt


lim lim - 1) .
o o
Portanto
se r < O,
se r � O

[o caso r = O pode ser visto separadamente l.

(2) 100 sen xdx diverge. De fato,

lim t sen xdx= lim (1 - cos t) não existe.


t--->oo l t--->oo
o
EXEMPLO 4.8.3.
oo t1
j - dx= lim j - dx= lim in t = (4.8.2)
1

1 t--->oo 1 X t--->oo
00 .
X

Complementando este fato, consideremos p> 0, p -::11.


OO -dx=
1 t 1
lim j -dx= lim
( 1 1. - p
t
1 )
J1 xp t--->oo 1 xp t--->oo
__

1 -p
___

1-p
.

Juntando esta informação com (4.8.2) temos que a integral diverge se p � 1


e converge se p> 1, com

00 1 --
j -= p-1'
{I se p> 1,
xp
1 00, se p � 1.
Integmis impróprias • 245

De uma análise ingênua pode-se inferir falsamente que a convergência da integral

100 a
f(.T) dx

implique limx---+oo f(x) = O. O seguinte exemplo mostra que, de fato, é equivocada


essa conclusão.
Para um número c, ° < c< 1, definamos a função fc : [O, (0 ) ---+ IR por

fc(X) = { l,
0,
se

se
x E [n - cn, n] , n= 1, 2, ...
x E IR \ U [ n - cn, nl.

Dado t > 0, escolhamos n E N tal que n- 1 < t � n. Portanto

n n-l
C - C
= �d �
lt fc(x)
n
dx � � d =
c -cn+l
l-c �
j=l
o �
j=l
l-c

1 -c 1 2 - c2 2 3 - c3 3 4 5

100
c
Figura 4.8.2: fc(x) dx= --
o 1- c

Notando que t ---+00 implica n ---+00, temos

100
c c - cn c - cn+ 1 c
-- = lim -- � fc(x) dx � limoo
1-c n---+oo 1 - c o n---+ 1-c 1- c'

100
portanto
c
fc(x) dx= __ < 00,
a 1-c

mas não existe limx---+oo fc(x) . Veja a figura 4.8.2

Apresentaremos mais adiante duas proposições que constituem um crité­


rio de comparação para convergência ou divergência de integrais impróprias
de funções não-negativas. Quanto mais integrais de funções não-negativas
conhecermos, melhor estaremos armados para aplicar esse critério de COHl­
paraçao.
246 • A Integral

Figura 4.8.3: y = x e-x

EXEMPLO 4.8.4. (1) Consideremos a função f(x) xe-x, x ? O, que é


=

positiva para x > O. Um esboço de seu gráfico é apresentado na figura 4.8.3.

Neste caso,

Portanto

Assim, o subconjunto do plano xy que fica entre o gráfico de f (x) x eX e =

o semi-eixo x positivo, mostrado na figura 4.8.3, embora seja não limitado,


tem área igual a 1.
(2) Podemos generalizar o item (1). Calculando por partes obtemos, para
cada n E N, n> 1,

Pode-se agora obter facilmente, por indução completa, que

('Xi xne-x dx n! n E N .
.10
=

o n = 1 é o item (1) acima e o caso n = O está contido no item (1) do


exemplo 4.8.2, página 244.
Como conseqüência, se P(x) é um polinômio, a integral

é convergente.
Integrais impróprias • 247

Estamos interessados no volume do sólido de revolução gerado pela rotação em torno


do eixo x de um conjunto não limitado R. Precisamente, R é o conjunto dos pontos

Figura 4.8.4: O conjunto R

entre o gráfico de f(x) = l/x, x ;?: 1. e o eixo x, conforme a figura 4.8.4,

R = {(x,y) 11:::; x < 00, O :::; y:::; l/x}.

Para cada
do plano entre eixo x e o gráfico de f restrita a [1,
t > I, seja V(t) o volume do sólido gerado pela rotação do subconjunto
t], isto é,
{(x,y) 11 :::; t, O :::; :::;
:::; x Y l/x}.
V(t) é dado por
(1)-;; 2 dX = -;;-]f] = ]f ( 1)
Assim,

t t
V(t) = ]f Jr l
l-i ·
l

Figura 4.8.5:
'
Solido de volume V(t) = ]f
/, dx t

1 X
2

o sólido determinado pela função f, isto é, gerado pela rotação do conjunto R,


V o limite limhClO V(t),
/, (1)- 2 dx = ]f /,
tem por volume isto é,

t ClO 1
V= lim ]f 2" dx = ]f.
t-+ClO 1 X 1 X
248 • A Integral

Portanto o conjunto R. apesar de ter uma área infinita, pois


;"00 dx
= 00,
gera um
1 x
sólido de revolução de volume finito, 7r.

Vejamos agora um critério de comparação para convergência de integrais


impróprias de funções não-negativas.

PROPOSIÇÃO 4.8.5. Sejam J, 9 : [a, 00 ) -----+ IR. integráveis em cada intervalo


[a, t], t > O, e suponhamos

O � J(x) � g(x), a � x< 00 . (4.8.3)

Então
100 g(x) dx< 00
=?

100 J(x) dx< 00 .

Demonstração. Definindo o número L = 100 g(x) dx, temos

A(t) = l J(x) dx � lt g(x) dx �


t

L,

t [a, 00 ) . Assim, A(t) é uma função crescente e limitada em


100
para todo E

[a, 00 ) , logo existe tlim A(t) = J(x) dx � L. O


--->oo a

EXEMPLO 4.8.6. A integral /,00 JXX7dx+


1
2

1
é convergente. De fato,

l � x<oo

e, de acordo com o exemplo 4.8.3, página 244, com p = 3/2> 1, temos

/,00 Xdx <


1
3/2
00.

Decorre da proposição 4.8.5 que


Integrais impróprias • 249

EXEMPLO 4.8.7. Suponhamos que as hipóteses da proposição 4.8.5 estejam


satisfeitas, com exceção da desigualdade (4.8.3), que supomos valer apenas
para b � x < 00, para algum número b > a. Ainda assim a conclusão
permanece válida. De fato, como f é integrável em [a, b],

100 f(x) dx 1b f(x) dx+ 100 f(x) dx


=

e basta aplicar a proposição 4.8.5 para esta última integral.


Como conseqüência temos, para todo número real c > 0,

100 x e xdx
c
< 00 .
-

De fato, seja n E N tal que c � n. Basta notar que O < xCe-X � xne-x, para
todo x � 1, e aplicar a proposição 4.8.5 notando que

Em outras palavras, a proposição abaixo diz o mesmo que a proposição


4.8.5. É a sua chamada contra-recíproca.
PROPOSIÇÃO 4.8.8. Sejam f, 9 : [a, (0 ) -----t ]R integráveis em cada intervalo
da forma [a, t] satisfazendo O � f(x) � g(x) , a � x < 00 . Então

100 f(x) dx = 00 =} 100 g(x) d.T = 00 .

Demonstração. De fato, se pudesse ocorrer

100 g(x) dx < 00

teríamos, pela proposição 4.8.5,

100 f(x) dx < 00 ,

contra nossas hipóteses. o

EXEMPLO 4.8.9. A integral

100 v'x7+1
1
X3 dx
250 • A Integml

é divergente.
De fato, este fato segue da proposição 4.8.8 observando que
x:� 1 1
-r=;;== = ? -- , 1:::;; x < 00 .
VX7 +1 JXV1+x-7 ffx
De acordo com o exemplo 4.8.3, página 244, com p = 1/ 2, a integral
oo dx 1 ;'00 dx
J 1
- -
ffx J2 1
-
x!
é divergente.

TESTE DO LIMITE PARA CONVERGÊNCIA. Seja f : [0., (0) ----+ IR contínua


e suponhamos que lim xPf(x) R E IR, com p > l. Então =

x----*OG

100 If(x)1 &1: < 00 .

Demonstração. Nossas hipóteses implicam


lim
x---+::x:;
xP If ( :1:) I = IR I·

Se E = 1, existe K ? a tal que xPlf(x) < IR I+1, se K < x < 00, ou seja,

IR I : 1
If(x)1 < , K < x < 00 .
x
Como p > 1, de acordo com o exemplo 4.8.3, página 244, temos
;"OC --
IR I+1
dx < 00.
K xP
Em vista disso, o critério de comparação, proposição 4.8.5, implica

Observação 4.8.10. Nas condições do Teste do Limite para Convergência é

[00 If(x)1 dx
claro que

la{oo If(x)1 dx
< 00 =? < 00 .

EXEMPLO 4.8.11. (1)


100 e-X+)1 dx 2 < 00. De fato, se f(x) =
e-:c +1
,
o (x+1 (x+1F
usando o Teste do Limite para Convergência, com p = 2, temos
Integrais impT'ópT'ias • 251

(2) 100 VII +


o x.3
cosxl
dx < 00. De fato, tomando p
"

= 4/3 e aplicando o Teste


cosx
do Limite para Convergência com f(x ) , temos:
VI +x3
=

cosx cosx
lim lim o.
VX-8/3 + X1/3 X1/6 Vx-3 + 1
= = =

x-->x x-->x

TESTE DO LIMITE PARA DIVERGÊNCIA. Seja f : [a, (0 ) --+ IR contínua e


suponhamos que
lim xf (x) = fi =J O,
x---+oc'

podendo ser fi = ±oo. Então

l
x

f (x) dx é divergente.

o teste não é conclusivo se fi = o.

Demonstração. Consideremos o caso fi > o. Tomemos a fi/2, se fi E IR, =

ou a 1, se fi = 00 . Em qualquer caso, existe K > O tal que xf(x) > a, se


=

K < x < 00, ou seja,


a
f(x) > -, XE(K, oo).
:r

Como j x

� dx 00 ,
K X
=

segue do critério de comparação, proposição 4.8.8, página 249, que


( oo
f(x.) dx = 00 .
JK
o caso fi < O segue agora imediatamente, considerando-se a integral

[00 (_ f(x)) d x.

jX dX
Para mostrar que o teste não é conclusivo se fi

- < 00
{ oo dx
= O, considere as integrais

c 00
2
1 x J2 x lnx
=

[faça a mudança de variávelu = lnx, logo du dx/x]. Para os dois casos


=

temos fi o.= D
252 • A Integral

CXJ
4.8.12. (1) r
dx
EXEMPLO = 00 .
lo v2x2+x+1
De fato, aplicando o Teste do Limite para Divergência, temos:

x 1
-#
Xlim
-*CXJ V2X2+X+ 1 =
y'2
o.

(2)
1CXJ 3e-x - 1 = - 00 . De fato,
V"3x2+ 4
3

o
. . (3e-X - 1) x (3e-X - 1) X1/3
xf(x) .
X-*CXJ
11m =
X-*CXJ V"3x2+4
11m =
X-*CXJ V"3+4x-2
llln = - 00 .

Considerando a definição 4.8.1, página 243, definem-se por analogia as


integrais impróprias

1� f(x) dx = t��CXJ ia f(x) dx


para funções f : ( - 00 , a] --+ IR, a E IR. Não entraremos em detalhes, neste
caso, por se tratar de mera adaptação do tipo das integrais que temos tra­
tado até aqui.

DEFINIÇÃO 4.8.13. Seja f : IR --+ IR. Diz-se que a integral imprópria

é convergente se, dado qualquer a E IR, as integrais

são convergentes. Neste caso define-se

1: f(x) dx 1� f(x) dx+1CXJ f(x) dx.


= (4.8. 4)

EXEMPLO 4.8.14. Se f(x) = e-Ixl, temos:


Integrais impróprias • 253

De fato, tomando a = ° na definição 4.8.13, como Ixl = x, para x � 0,


podemos escrever

100
()
e�lxl dx = lim
t---+oo
l e�Xdx
()
t

= lim
t ---+oo
[ _e�X] t

()
= lim
t ---+oo
( 1 - e� t ) = 1. (4.8.5)

Como Ixl = -x, para x � 0,

(4.8.6)

As relações (4.8.5) e (4.8.6) dão

Note que o lado direito de (4.8.4) não depende do número a [confira com
o exercício 112].

Observação 4.8.15. Pode ocorrer que o limite

lim
b---+oo
fI!�b f(x) dx (4.8.7)

exista, mas ainda assim a integral 1: f(x) dx seja divergente.

Este é o caso, por exemplo, da função f(x) =

1
: Ixl· De fato, como f
é uma função ímpar, temos 1: f(x) dx = 0, para todo b > 0, portanto o
limite (4.8.7) existe e é nulo. No entanto, a integral

diverge, uma vez que 1� f(x) dx = -00 e 100 f(x) dx = 00 , qualquer que
seja E IR.

1: f(x) dx
a

Porém, se é convergente, então o limite (4.8.7) existe e é


igual a esta integral [confira com o exercício 113].
254 • A Integral

4.8.2 Convergência absoluta

DEFINIÇÃO 4.8.16. Seja f : [a, 00 ) -----+ R Diz-se que j oof(X) dx é absol'u-

1OOlf(x)1 dx
a

tamente convergente se < 00.

EXEMPLO 4.8.17. ]00 -x2-d x


1
senx
converge absolutamente. De fato,

I senxl 1
--'- ::( -
x2 "x2
'--

e, pelo exemplo 4.8.3, ]00 dxx


1
2 < 00, logo a proposição 4.8.5 implica

]00 --I X2-xl dx


1
sen
< 00.

o Teste do Limite para Convergência é de fato um teste para conver­


gência absoluta. No exemplo 4.8.11- (2), página 250, mostramos na verdade

100 vI+x3 dx
que a integral
cosx
-;==-=::::;:;: (4.8.8)
o

converge absolutamente.
PROPOSIÇÃO 4.8.18. Seja f : [a, 00 ) -----+ JRl. contínua. Se

100 f(x) dx
é absolutamente convergente, então ela é convergente.

Demonstração. Como O � If(x)l - f(x) � 2If(x)l, a � x < 00 , a hipótese

100 If(x)1 dx < 00

e o critério de comparação, proposição 4.8.5, implicam

100 (lf(x)l - f(x)) dx < 00 .

Assim,

1°C f(x) dx 1°C If(x)1 dx -100 (lf(x)l - f(x) ) dx


= < 00 . D
Integrais impTópTias • 255

EXEMPLO 4.8.19. De acordo com a proposição 4.8.18, ternos que a integral


(4.8.8) é convergente.

DEFINIÇÃO 4.8.20. Diz-se que jXf(x) dx é condicionalmente convergente


a

se convergir, mas não absolutamente,isto é, jX1f(x)1 d:r: = 00 .


a

EXEMPLO 4.8.21. A integral


x --dx
I x
senx
(4.8.9)
. o

converge condicionalmente.
De acordo com o primeiro limite fundamental, o integrando é limitado
em [0, (0). Assim, para provar a convergência de (4.8.9), basta provar a

jx
convergência de
senx
a
X
dx, a> o.

Usando integração por partes ternos

jt --
sen x
dx 1 t + jt cos
-2-X d.1:.
a X
= - - cosx
X I a a
X
(4.8.10)

x
cosx
X3 / 2 _2- - O, segue do Teste do Limite para Convergência que
Corno lim
x-> x =

jt cosx
--dx
x2
Q

é absolutamente convergente, portanto convergente. Assim, fazendo t -----+ 00

em (4.8.10) concluímos que existe

. jt --dx OO --
J dx.
senx senx
11m
x--->oo x rI
=

rI .1:

Uma prova de que a integral não converge absolutamente é apresentada


no capítulo 5. Veja o exemplo 5.2.9, página 285.

4.8.3 Integrais com integrandos não-limitados


Procedendo ingenuamente ao aplicar o Teorema Fundamental do Cálculo,

dx - �] 1
chegamos a
t -2,
.J -1
x2 X _I __
=
256 • A Integral

que é uma contradição, pois o integrando é uma função positiva. Não se pode
negligenciar o fato da função 1/ x2 não ser limitada, portanto não integrável,
no intervalo de integração.
Seja f : [a, b) ----> IR uma função integrável em cada intervalo [a, b - é ],
O < é < b - a, mas não limitada em [a, b) . A área compreendida entre o
gráfico de f e o eixo x no intervalo [a, t], t < b, é

A(t) = l f(x) dx,


t

conforme está indicado, por exemplo, na figura 4.8.6.

A(t)

a t b
Figura 4.8.6: A função A(t)

DEFINIÇÃO 4.8.22. Se as condições acima estiverem satisfeitas e se existir


o limite limt __ b- A(t) € E IR, este valor será denotado por
=

l f(x) dx
b

e chamado integral imprópria de f sobre [a, b) . Em outros termos,

j f(x) dx
a
b

= lim
t-- b-
j f(x) dx.
a
t

Se f : (a, b] ----> IR for uma função integrável nos intervalos [a + é, b], para
cada é, O < é < b - a, mas não limitada em (a, b], define-se de forma análoga
a sua integral imprópria sobre (a, b] por

j f(x) dx
a
b

= lim
t--a+
j f(x) dx,
t
b

desde que este limite exista.


Integrais impróprias • 257

Às vezes usa-se a notação mais explícita

lb- J(x) dx ou lb J(x) dx


a+

para indicar que a integral é imprópria no extremo b ou a, respectivamente.


Mas, usualmente, o conhecimento da função J é que indica, por SI, se a
integral é imprópria.
Vamos tratar essas integrais atendo-nos ao caso

lb J(x) dx, a+

uma vez que as adaptações para o caso lb- J(x) dx, são óbvias.
EXEMPLO 4.8.23.
t dx = 00. (4.8. 1 1 )
lo x

11 -dx = lim 11 -dx = lim ( - In t) =


Com efeito,
00.
o X t-O+ t X t-O+
Complementando esse exemplo, consideremos, para p > O , p i=- 1,
( -)
t � dx = lim __
1 t1 - P .
lo x P
_

t-O+ 1 -p 1 P

{
Juntando esta informação com (4.8. 1 1) temos:
1 1 se O < p < 1 ,
r �= 1 - p'
lo x P 00, se p ;? 1 .
As duas seguintes proposições são uma contrapartida, para o caso de
integrais impróprias de funções não limitadas, das proposições 4.8. 5 e 4.8.8,
páginas 248 e 24 9, respectivamente.
PROPOSIÇÃO 4.8.24. Sejam J, 9 (a, b]
: -----+ IR contínuas, mas não limitadas,
tais que, para todo x E ( a, b],

O� J(x) � g(x) e lb g (x) dx < 00.

Então, lb J(x) dx < 00 .


258 • A Integral

Demonstração. Para todo t E [ a, b) tem-se:


A(t) = jh f(x)dx � jbg(x)dx � ibg(x)dx.
Ou seja, A(t) é uma função decrescente e limitada em ( a, b], portanto existe
o limite limt--+a+ A(t) . D
A seguinte proposição é a contra-recíproca da proposição 4.8. 24.
PROPOSIÇÃO 4 .8 .2 5 .
tais que, para todo x E
Sejam
( a, b],
f , 9 : ( a, b] -+ ffi. contínuas, mas não l imitadas,

o� g(x) � f(x) e lbg(X)dX = 00.

Então, .ibf(x)dx = 00 .

X3 1 dx <
EXEMPLO 4 .8 .2 6 . (1)
De fato,
x2 x t I
.lo V + +:3
00.

I x2 �3 3 < Jx, x ( O , 1]. 1. E


V + +

11 dx
Como, de acordo com o exemplo 4.8. 23, página 257,

< 00,
o Vx

1 1 dx
a convergência da integral segue da proposição 4.8. 24.

o x ln ( - x)
e
( 2) = De fato,
00.

x ln ( - x) x
----
1 1
e
x (0, 1], > -, E

1 1 dx
o x
e já sabemos que - = 00.

Obser vação 4.8.27. Suponhamos que f seja contínua em ( a,

o limite limx->a+ f(x) =


b] , e que exista
P E ffi..
Neste caso, a integral

ih f(x)dx
Integrais impróprias • 259

existe, mas não é imprópria. Este é o caso de

II
1
xlnxdx
. o
= -�,
4
cujo cálculo é deixado como exercício.
TESTE DO LIMITE PARA CONVERGÊNCIA. Suponhamos que af unçãof seja
contínua, mas não l imitada em (a, b], e que
lim (x -a)Pf(x) e E IR. , o < p < 1.
x-+a+
=

Então
Jb If(x)1 dx <
a+
00 .

Demonstração. De acordo com nossas hipóteses,


lim (x - a)plf(x)1 = lei
:J:-+a+

e, usando a definição de limite com c = 1, podemos garantir que existe 6,


O < 6 < b - a, tal que

(x - a)plf(x)1 < le i + 1, a < x < a+ 6 .


Uma simples adaptação do exemplo 4.8. 23, página 257, mostra que

Jb ( le i +a1)p dx <
a+ X _
00.

Jb If(x)1 dx < D

a
Decorre, portanto, da proposição 4.8. 24 que
a+
00 .

(/2
EXEMPLO 4 . 8 . 28 . l
l)
(ln � dx <00, a > o.

a
o
De fato, aplicando o Teste do Limite para Convergência com p = 1/2:

lim vxf(x) = lim VX ln �


x-+o+ x-+o+
( ) X
=O

[ compl ete os detalhes como exercício].


De forma análoga ao correspondente teste para as integrais impróprias sobre
intervalos não limitados, página 251, pode-se provar o seguinte
260 • A Integral

TESTE DO LIMITE PARA DIVERGÊNCIA. Sejaf : (a, b] ----+ ffi. contínua, não
l imitada, com
lim (x - a) f (x ) = f -I- O ,
x-+a+

podendo ser f = ±oo. Então

l a+
b
f (x ) dx

é diverg ente. O teste não é concl usivo se f = O.


Para verificar que o teste não é conclusivo quando f = 0, observamos que
= =
x . x
lim O e 11m O.
x-+o+ Vx x-+o+ x In (l /x)
-

11 dx < 00 11/2
No entanto,

=
dx
e 00
Vx
-

o o x In (l /x)

[ compl ete os detalhes como exercício].


Suponhamos que a função f : (a, b ) ffi. seja integrável em qualquer
----+

intervalo [ a + c , b-c] , O < c < b - a, mas não limitada nos intervalos (a, a + c]
e (b - c , b] . De forma inteiramente análoga ao caso das integrais impróprias
sobre (-00,00) , define-se
l
a+
b-
f (x ) dx.

Isto é, esta integral é convergente se, para todo c E (a, b ), as integrais

1: f (x ) dx e l b-
f (x ) dx

são convergentes. Neste caso,

l b-

a+
f (x ) dx = l a+
C f (x ) dx + jc
b-
f (x ) dx.

Analogamente à observação 4.8.15, página 253, pode ocorrer de existir


um limite do tipo
lim
é-+O+ a+é
l b-é
f (x ) dx ( 4.8.12)
Integrais impróprias • 261

e, ainda assim, ser divergente a integral

la+b- f(x) dx.


Tome, por exemplo, f(x) tanx no intervalo [-7l'/2 + e ,7l'/2 - e] . Neste
=

caso o correspondente limite (4.8 .12 ) é zero, pois a integral sob o sinal de
limite é nula [ o integ rando é uma f unção ímpar] . Apesar disso, a integral

17r/+2- tanxdx
é divergente, pois
7r/2
1-0 + tanxdx E---tlimO+ - (in 1 cos( -7l'/2 + ) I) e = - 00,

7r/2
=

17r/2- tanxdx Elim--t()+ in 1 cos(7l'/2 - )1


o
= e = 00 .

-
DEFINIÇÃO DAS FUNÇÕES TRIGONOMÉ TRICAS
Te mos a gora os recu rsos pa ra d efi n i r as fu n ções seno e cosse n o . N ot e , p r i m e i ra m e n t e ,
q u e a teo r i a d o C á l c u l o p od e r i a se r const r u íd a até este ponto sem m e n ções a ess a s
fu n ções . É c l a ro q u e a a p rese n t a ç ã o d e a l g u n s fa tos t e r i a d e s e r a d i a d a .

-1 xs 1

Figura 4.8.7: f(x) = J1=X2


A se m i - c i rc u n fe rê n c i a u n i t á r i a s u perior é o gráfico d a fu n ç ã o f(x) J1=X2 ,
E
=

-1 � x � 1. Pa ra ca d a x [-1,1]. sej a P(x) o co m p r i m e n to d o a rco corre p o n d e n te

;,1
à rest r i ç ã o d e f a o i n te rva l o [x,1]. i sto é ,
dt
P(x) = x
Vf=t2

11
[ pelo Teste do Limite para Convergência da página 259, esta integral é convergente l.

-1 Vf=t2
7r dt .
DEFINIÇÃO 4.8.29. O n ú m e ro 7r é d efin i d o por =
262 • A Integral

O u sej a , 1f [veja no capítulo 16 do


é o co m p ri m e n to d a se m i-c i rc u n fe rê n c i a u n i t á r i a
livro de M. Spivak [7J uma prova de que1f é irracional, na verdade1f é transcendente ].
P e l o Teore m a Fu n d a m e nta l do Cá l c u l o , C é d i fe re n c i ável e m (-1,1) e

f'(x)= - �,
1-x2
-1 < x < 1,
porta n to C é est r i t a m e n te d ec rescente em [ -1,1], C( -1) = 1f e C(I) O. P e l o
Teore m a d o Va l o r Intermed i á r i o , d a d o s
=

E0[ ,1f], ex i ste u m ún i co n ú m e ro XsE[ -1,lJ


ta l q u e C(xs)= s. Vej a a f i g u ra 4. 8.7.

DEFINIÇÃO 4.8.30. Dado 8 E0[ ,1f], d efi n e m-se cos s= Xs e sen s=VI-cos2 S.

A fu n ç ã ocos é a i n ve rsa d e C, p o i s C(cos 8 )= EO[ ,1fJ. Logo o cosse n o é co n t ín u o


S, S

em [0,1f], p e l a p ro p os i ç ã o 2.4.22, pági n a 78 . M a i s a i n d a , é d e rivável e m (0,1f) e


1 = - y'I-cos2x= - senx, O < x < 1f,
cos'x= C (
' cosx )
]' 2 cosxVl-cos2x
sen ,x= [ y'1-cos2x = =cosx, ° < x < 1f.
2Vl-cos2x

y = em; x y = senx

21f
x

Figura 4.8.8: Extensões de seno e cosseno a [0, 21fJ


Este n d a m os o se n o e o cosse n o ao i nte rva l o [0, 21fJ d efi n i n d o , p a ra xE [1f, 21fJ,
cosx=cos( 21f -x) e senx= - sen( 21f -x). Vej a a f i g u ra 4. 8 . 8. A gora este n d e m os
a IR por p e r i o d i c i d a d e . P recisa m e n t e , d a d o xE IR, sej a k u m i n tei ro ta l q u e 2k1f :s;
x :s; 2 (k + 1)1f, porta nto (x - 2k1f)E [O, 21fJ. Defi n i m os cosx = cos(x - 2k1f) e
senx = sen(x - 2k1f). Como sen e cos são contín u a s e m [0,1f], d e ixa mos co m o
exe rcíc i o [fácil], verifica r q u e s ã o co n t ín u a s em IR.
Resulta do processo de extensão que cos e sen são deriváveis, cos'x - senx e =

sen'x= cosx xE IR \ {k1f I ±k = 0,1, 2,. . '}' p o i s estes fa tos


a p e n a s nos p o n tos
fora m p rova dos so m e n te n o i n te rva l o a berto (0,1f). Poré m , o coro l á r i o 3.9.18, p á g i n a
120, i m p l i c a q u e eles va l e m ta m bém n os pontos x=k1f, ±k=0,1, 2,... [deixamos
a demonstração como exercício] .
N ossa p rova d e q u e cos'x= - senx e sen'x=cosx n ã o d e p e n d e u d a s fór m u l a s

sen(x +y)= senx cosy +cosx seny, x,yEIR,


cos(x + y)=cosx cosy - senx seny, x,yEIR.
Exercícios • 263

U m a va n ta ge m d este fato é q u e est a s podem a gora ser e l ega n t e m e n te d e m o n st ra d a s .


De fa to , p a ra ca d a y E Jl{ d efi n a m os a s fu n ções

fy(x) sen(x +y) - senxcosy -cosx seny, x


= E Jl{,
gy(x) cos(x +y) -cosx cosy + senx seny, x
= E Jl{.

Entã o , f{(x) = gy(x) e g�(x) = - fy(x), pa ra todo x E R l ogo

(J;(x) + g�(x))' = 2UIj(x)f�(x) + gy(x)g�(x)) = o, x E Jl{,

i sto é, f;+g� é co n sta n t e . M a s fy(O) gy(O) O, d o n d e f;(x)+g�(x) O, x E R


fy(x) gy(x) O, pa ra q u a isq u e r x,y E R
= = =

Assi m , = = O

4.9 EXERCÍCIO S

Calcule a s seguintes integrais indefinidas:

1) J ( 4x3 - 1 ) x2 dx 8 10 ) 1 arctan JX dx
) 3 dx l1 ) J
J V 2x - 1
x:3
2 dx
v I +x2
3) J X2/3 (2 X5/3 ) -5 dx
- 12 ) 1x arctanx dx

4 )J 1 3) Jx2 senx dx
x2 dx
dx
v a2 + x3
1 4 )1
J V I + 4x + 3x2 .T
(2 + 3x) dx
5) d:J:

6) J sen 3 ax cos ax dx
1 v 2x + 1
1 5) x:3V1 -x2 dx, x I l :::;; 1

7 ) J cosnx senx dx, =1= n - 1 1 6) 1x sec2 x dx

8 ) 1 sec (x /2 ) tan (x /2 ) dx 1 7) 1x arcsenbx dx, b =1= O

9)
1 X2 dx 18 ) J sec 4x dx
l +x2

1 9) Use integração por partes para mostrar que a integral indefinida

1 cosn xdx ,
264 • A Integral

com n � 3 inteiro, pode ser reduzida à integral

J cosn-2 X dx.

Considere também a integral indefinida

J sennx dx n � 3.

20 ) Use integração por partes para obter a fórmula de redução, para n > 1

J J
inteiro:
xn senx dx -xn cosx + n xn- 1 cosx dx.
=

21 ) Use integração por partes para obter, para n > 1 inteiro, a fórmula de
redução:

J secnx dx =
secn-2 x tan x
n-1
n-2
+ --
n-1
J secn-2x dx.

22 ) Se f : [ -a, a] ---+ � é integrável e par, mostre que

se f é ímpar, mostre que

f =
a

- f (x ) dx o.
a

2 3) Seja a < b e considere c E [ a,b] . Se a função f : [ a,b] ---+ � satisfaz


f (x ) = O, para x E [ a, b]\ { c } , e f ( c ) #- O, preencha os detalhes da observação
4. 1. 16, página 171, para mostrar que f é integrável e que

ib f (x) dx = O.

2 4 ) Preencha os detalhes da observação 4. 1. 16 para generalizar o exercício


anterior mostrando que, se f (x ) = O em [ a, b] , exceto em um número finito
de pontos, então f é integrável em [ a, b] e

ib f (x) dx = o.
Exercícios • 265

25) Sejam f, 9 : [ a, b] -----+ IR. com f(x) = g(x) em [ a, b] , exceto em um número


finito de pontos. Preencha os detalhes da observação 4. 1. 16 para mostrar
que se f é integrável, então 9 é integrável e

ib f(x) dx ib = g(x) dx .
Em outras palavras, se "redefinirmos" f alterando seu valor em um número
finito de pontos, ela permanece integrável e sua integral não se altera.
2 6) Sendo f : [ a, b] -----+ IR. uma função integrável, defina § : [ a, b] -----+ IR. por

§ (x ) = i f(s) ds.
X

Que condições f deve satisfazer para que § seja uma função crescente?

27) Se f : IR. -----+ IR. é uma função w-periódica e integrável em qualquer


intervalo limitado da reta, mostre que
(W ja+w f(x) dx,
lo
f(x) dx =
a
para todo a E IR..

28 ) Dê exemplo de uma função contínua f : IR. -----+ IR. e periódica tal que

§ (x ) = iX f(s) ds
não seja periódica. [ Compare com o exercício 60 do Capítul o 3] .
29) Calcule a integral indefinida

J
dx
sen(In x)
---;: .
Calcule as derivadas em 30 ) - 38 ),
30 ) (2cosx)' 33) ( x (XX) )' 3 6) (yix)'
'
31) (( ln x)COsx)' 34 ) (ecos2x) 37) (xcosx)'
'
35) (CoSX x)' 38 ) (( arctan x)vÍ3)

(1 ) )
Em 39) - 47), calcule os limites,

39) lim xsenx 42) lim +�


X
(
x
-
1 x+l

(1)
45) lim
x--->o

40 ) lim -
tanx
x--->oo

43) lim(l + sen x)l/x


X

46)
x-+l

lim _
2
x-I
( x ) x
x--->o x x--->o
[ x2
x--->oo X + 1

( 1) x+ 2
]
x 2 +2
41) li m( l _
x)cos(7rx/2 ) 44) lim 47) lim �
x--->l x--->oo 2X 2 + 1 --->
X OO x +3
266 • A Integral

48 ) Tomando a soma inferior de (t) f = 1 /t para a partição

fYJ : 1 < 5/4 < 3/2 < 7/4 < 2 < 5/2 < 3
de [1 , 3] , mostre que a função § considerada na demonstração do lema 4.4.4,
página 18 9, satisfaz

13
fYJ, f)
dt
= >
8 41
I t?
S( 8 40
1

e que, portanto, segundo os argumentos daquela demonstração, 2 < e < 3.


4 9) Calcule J eX COS:1: dx.
50 ) Calcule a área do conjunto do plano delimitado pela parábola y 4 x x2
-
=

e o eIXO x.

51 ) Calcule a área do conjunto limitado do plano determinado pela curva


y = tan x, o eixo x e a reta x = 8 .

52) Calcule a área do conjunto limitado do plano determinado pela curva


y = In x, o eixo x e a reta x = e.

53) Calcule a área do conjunto limitado do plano determinado pelas retas


x = a, x = 3a, a > O, pelo eixo x e pela hipérbole xy = m2 .

Calcule as seguintes integrais indefinidas:

54 ) J e 2x scn2 xdx 56) J Veex2x 1 +


dx

55 ) J 57) J
en
as
In2 x x
dx cos x dx
x In 4 x

58 ) Mostre que existe um número a > 1 tal que o gráfico ela função y = Ioga x
tangencia a diagonal y = x.

59) Verifique as seguintes identidades:

=
1
( a) senh2 x ( cosh 2x 1 ),
"2
-

=
1
( b) cosh2 x ( cosh2x+ 1 ),
"2

( c) senh2x = 2 senhx cosh x.

(d) senh (x + y) = senh x cosh y+ cosh y senh x.


Exercícios • 267

( e) (
cosh x + y) = cosh x cosh y + senh x senh y

Calcule as seguintes integrais:

J
60) cosh2 Xdx 63) J senh3 x cosh x dx

61) J 64) J
dx
cosh3 x dx
senh x cosh2 x
62) J cosh4 x dx

65) Encontre os pontos do gráfico de y = cosh x em que a reta tangente tem


declividade 2.

66) Verifique as seguintes identidades:

( a) (
senh cosh -1 x ) = Vx2 - 1, x > 1.
( b) cosh ( senh-1 x ) = VI + x2 , x E R

( c) senh 1 x
- = (
In x + Vx2 + 1), x E R

( d) cosh -1 x = (
In x + V2:2-1), ;1: > 1.
67) Usando propriedades das funções hiperbólicas, calcule

fI; 1-x2'
dx
l a l , I b l < 1.
a

Calcule também usando a decomposição

Calcule as integrais 68) - 75):

j'J 49-eX4 2
68) Jr
dx dx
72)
2 vx2-1 x

69) 1 -2 dx
v9 + 4x 2
73)
ve2x-16
dx
-53
70) 1 dx
3 VX2-4
74)
J
e2x
VI -e2x
dx

J V9x2
dx
J
x
71) 75) dx
+ 25 sech x2
268 • A Integral

76) Encontre a área do conjunto

77) Seja Xo o ponto de máximo da função f(x) = x 2e-x. Calcule a área do


conjunto
{(x, y) 10 :s; x :s; Xo, O :s; y :s; x2e-x }.
Aproveite e faça um esboço do gráfico de f.

78) Encontre a área do círculo determinado por


7f 7f
r = 20 cose, -- < e < - .
2 2

79 ) Encontre a área da rosácea

r = 81 sen3el·

80 ) Encontre a área da interseção dos círculos determinados pelas circunfe­


rências r = 2 cose,-7f/2:S; e < 7f/2, e r = 3 sene, o :s; e < 7f.

81) Calcule o comprimento do arco y = X3/ 2 de (O, O) a (2, 2 3/ 2).

82) Calcule o comprimento do arco

{X = et sen t,
y= et cos t, O:S; t:S; 1.

83) Calcule o comprimento do arco r = 3e 2, O < e < 7f.


84) Calcule o comprimento do arco r = ee, O:S; e:S; 7f.
85) Calcule a área da superfície gerada pela rotação de

y = x3, 1:S; x:S; 2,

em torno do eixo y.
86) Calcule a área da superfície gerada pela rotação de

em torno do eixo x.
87) Encontre a área da superfície do toro gerado pela rotação em torno do
eixo y da circunferência dada por
Exercícios • 269

88) Observando que um cone circular reto de altura h e raio da base r é um


sólido de revolução, use o método apresentado neste capítulo para obter a
fórmula de seu volume.
89) Considere o toro gerado pela rotação, em torno do eixo x, da circunfe­
rência x2 + (y-a) 2 = r 2 , a > r > O. Calcule seu volume.
90) Calcule o volume do sólido de revolução gerado pela rotação, em torno do
eixo x, do conjunto limitado do plano determinado pela parábola x2 y- 1 =

e pela reta x-I 2(y-2). =

91) Calcule o volume do sólido de revolução gerado pela rotação, em torno


do eixo y, do conjunto limitado do plano determinado pelas curvas y = ln x,
y = O e x = e.
92) Calcule a massa de um líquido que preenche um cilindro circular reto
vertical, de altura h e raio da base r, sabendo que a densidade p( z) do
líquido em função da altura z é dada por p( z) (1+ Z/h)- I .
=

Estude quanto à convergência ou divergência as seguintes integrais:

93) 1 x2+x 1 dx
o
00

102) 1: xdx cos2

94) 1 2 dx
10 4 (4_X)3/2dx
x2 - 1
00
1
103 )
-7
x+1 .
0
1
95) 1 104) 1
x2 + 1 1
4 -
00

o
dx 9 dx
2 X \Ix+ 1
- 3

oo
105) 1
J x dx
1 7'0/2
o
96) sen 2 xdxtan2
1

97) 1 106) 1
00
cos x 2 1
dx dx
2 x) 2x( ln
- 2 (x+ 1)3

98) 1 (ln x) e-Xdx 107) 1


00
7'0/2
o
xdx tan

0
99) 1 108) 1
1 7'0/2 1
o
dx dx

100) j
2
(x - 8) 2/3
- 00

1 11 ln x 1- x cos

dx + 4 109) dx
x2 00 o fi
101) 1: xeXdx
-

2 fi
110)
J 1
dx
ln x
111) Já que existe o limite

t-+oo
lim j xdx,
t
-t
270 • A Integral

por que a integral 1: xdx não é convergente?


11 2 ) Dados (1, b E IR arbitrariamente, prove que, se

1� f(x) dx = L E IR e ,[00 f(x) dx = 1\11 E IR ,

então
1� f(x) dx + 100 f(x) dx = L + IvI.

11 3) (a) Suponha que seja convergente a integral

1: f(x) dx. (4. 9.1 )

Mostre que lim


t-->oo -t
l t
f(x) dx existe e é igual à integral (4. 9.1 ).
(b) Se a integral (4. 9.1 ) converge, mostre que os limites

lim l
f(x) dx e ---+oo
t
lim
j t2
f(x) dx
t->oc -t -l t t
existem e são ambos iguais à integral (4. 9.1 ).
11 4 ) Se f : [1 , 00 ) -----+ IR é contínua e Ixf(x)1 > 1 , para x E [1 , 00 ) , mostre
que
100 f(x) dx diverge.

11 5) Se P é um polinômio, mostre que limx---+oo P(x) e-X = O.


11 6 ) Mostre que limx---+o _e -1/x2 = O, para qualquer p E
1
Considerando o
N.
xP
limite lateral, com x -----+ 0+, e fazendo y = l/x, obtemos limy---+oc yPe-y2 = o.
5

SEQÜÊNCIAS E SÉRIES NUMÉRICAS

Este capítulo é dedicado ao estudo da convergência de seqüências e séries


numéricas, exceto a seção 5. 6, onde estudamos o importante tópico das séries
de potências. As séries são seqüências especiais decorrentes da necessidade
de se somarem os termos de uma seqüência, isto é, somar infinitas parcelas.

5 .1 SEQÜÊN ClAS
Como já vimos na definição 1.2. 8, página 23, uma seqüência é uma função
n E N xn E IR. Para tornar este capítulo mais independente reapresenta­
I-----t

mos aqui a definição 2. 3.20, da página 2. 3.20, de seqüência convergente.


DEFINIÇÃO 5 .1.1. Uma seqüência {xn} se diz converg ente se existe um
número a E IR, chamado l imite de {xn}, tal que, para todo c > 0, existe
J1 E N de modo que
n > J1 =} IXn a i < c. -

Neste caso, diz-se que {xn} converge para a e denota-se:


Xn -----t a, com n -----t 00 ou lim Xn = a;
n--+CXJ

Quando não houver possibilidade de confusão, podemos denotar simples­


mente Xn a. Se {.Tn} não for convergente, diz-se que ela é diverg ente.
-----t

E claro que continuam valendo para as seqüências os fatos relativos a li­


mites no infinito de funções em geral. Entretanto, é conveniente reapresen­
tar alguns deles na linguagem própria das seqüências. Como se tratam dos
272 • Seqüências e Séries Nurnér-icas

mesmos fatos, apenas com uma roupagem diferente, não faz sentido porme­
norizar e apresentar as demonstrações outra vez. Assim, temos a seguinte
reformulação para o Teorema do Confronto.
TEOREMA DO CONFRONTO. Se an � Cn � bn, n = 1, 2 , ... e
nlim
�oo
an = nlim bn =
-too
g E ]R.,

então limn-->oo Cn = g.
EXEMPLO 5 .1.2 . ( 1) l an l -----+ ° ::::} an -----+ O. De fato, basta notar que

e, como limn--> (-I an l ) = limn-->oo l an l


00 = 0, aplicar o Teorema do Confronto.
cosn
(2 ) -- O. De fato, note que
-----+
n
cos n 1
=
1
< < , n 1 , 2, . . .
n n n
-- -

e use o Teorema do Confronto novamente.

DEFINIÇÃO 5 .1.3 . Diz-se que uma seqüência { :rn} é mono tônica se puder
ser classificada como crescente, estritamente crescente, decrescente ou estri­
tamente decrescente, segundo as definições abaixo:
Crescente, se Xn � Xn+l , n = 0, 1, . . .
Estritamente crescente, se Xn < Xn+l , n = 0, 1, . . .
Decrescente, se Xn ;?Xn+l , n = O, I, .. .
Estritamente decrescente, se Xn > Xn+l , n = 0, 1, . . .

EXEMPLO 5 .1.4 . ( 1) A seqüência { l / (n + I)} é estritamente decrescente.


(2 ) Lembrando que [x] é a parte inteira de x E ]R., vê-se que a seqüência
{[ln(n + 1)1} é monotônica crescente, mas não estritamente.
É óbvio que ela é crescente, pois a função ln é. Para ver que não é
estritamente crescente, definamos Xn = [ ln (n + 1)] e notemos que
1 = ln e < ln 3 < ln 4 < ln e2 = 2.

Portanto, X2 = X3 = l.

Ainda reformulando conceitos conhecidos, temos


Seqüências • 273

DEFINIÇÃO 5 .1.5 . Diz-se que uma seqüência {an} é l imitada se existir um


número L > ° tal que
n = 1, 2, . . . .

Se existir um número A1 tal que


n = 1, 2, . ..,
{an} se diz l imitada super ior mente e se existir um número N tal que
n = 1, 2, ...

l imitada inf er ior mente.


ela é
EXEMPLO 5 .1.6 . ( 1) A seqüência {senn}nEp:! é limitada.
(2) A seqüência {en} é limitada inferiormente. É claro que toda seqüência
crescente é limitada inferiormente, o primeiro termo é uma cota inferior.

A proposição a seguir estabelece uma propriedade das seqüências conver­


gentes que não é herdada das funções em geral.
PROPOSIÇÃO 5 .1.7 . Toda seqüência conver gente é l imitada.
Demonstração. De fato, seja {xn} tal que Xn -7 a E IR, com n -7 00.

Tomando c = 1, existe J1 E IR tal que

Assim, definindo o número L = max {lxol, IXII, . . . , IxlLl, lal + I}, temos
IXnl � L, n = 0, 1, 2, . . .. D

A recíproca da proposição 5 . 1. 7 não vale, mas vale o seguinte fato:


PROPOSIÇÃO 5 .1.8 . Toda seqüência crescente e l imitada super ior mente é
convergente.
Demonstração. Seja {an} um seqüência crescente, limitada superiormente
e tomemos g = sup{an : n = 1, 2, . . . } E IR [por que existe g ?] .
Dado c > 0, de acordo com a definição de supremo, existe J1 E !'ir tal que
g- c < alL � g. Como {an} é crescente, temos

D
274 • Seqüências e Séries Nl1méricas

A proposição 5.1.8 tem uma versão óbvia para seqüências decrescentes.

A partir de uma seqüência {xn} podem-se formar outras seqüências eli­


minando-se termos de {xn}. Para tratar deste assunto com mais exatidão,
lembremos que podemos compor seqüências, uma vez que elas são funções.
DEFINIÇÃO 5 . 1. 9 .
Dada uma seqüência {xn}, seja {nd uma seqüência de
números naturais tal que no < nl < n2 < . . . . A composição de {xn} com
{ni} é uma seqüência, {xnJ, i = 0, 1, ..., chamada subseqüência de {xn}.
Veja o diagrama da figura 5.1.1. Assim, uma subseqüência de {xn} é
uma seqüência que se obtém desta descartando-se parte de seus termos.
{Xn;}

------+-. N -------+-. IR

EXEMPLO 5 . 1. 10 . Consideremos uma sequencia {xn}. Se {ni} é tal que


ni= 3 i, i = 0, 1, 2, ..., a subseqüência {xni} é xo, X:1, X6, Xg, . . .
Obser vação 5.1.11.
Uma subseqüência {xnJ de {xn} pode ser vista como
a restrição de {xn} ao subconjunto {no, n l , n 2, ...} de N e, apesar de neste
caso não ter domínio N, como impõe a definição 1.2.8, página 23, ainda
assim é chamada seqüência. Por exemplo, dada {xn}, se {ni} é definida por
ni = i+ 1, i E N, então {xni} é identificada a {xn}n=1,2 Analogamente, se
para k E N, {nd é dada por ni = k + i, i E N, então {xnJ é {xn}n=k.k+l .....
•. . . .

Assim, a seqüência {[ln(n + 1) ]}nEN do exemplo 5.1.4 - (2), página 272,


é comumente indicada por {[In n]}n= 1.2..... Podemos ainda indicar {[In n]} ,
ficando subentendido, como de costume, que seu domínio é o maior subcon­
junto de N onde [In n] faz sentido.
Obser vação 5.1.12. O descarte dos primeiros termos de uma seqüência é um
hábito porque pode facilitar algumas estimativas e não tem efeito no estudo
da convergência. A convergência é uma condição sobre os termos de índices
grandes.
EXEMPLO 5 . 1. 13 .
(1) Uma seqüência, mesmo divergente, pode possuir sub­
seqüências convergentes. Seja {xn} dada por Xn (-I) n, isto é, a seqüência
=
Seqüências • 275

divergente 1 , - 1 , 1 , - 1 , . . . . Se {71i} é dada por 71i = 2 i E N, então a sub­


seqüência { xni } é a seqüência constante 1 , 1 , 1 , . . . , portanto convergente.
(2) Qualquer seqüência { xn } é urna subseqüência de si mesma. Basta
compô-la com a seqüência identidade {71i}' 71i = i, i = 0 , 1 , . . . .
Voltando ao assunto da recíproca da proposição .5 1 . 7, página 2 73 , o
melhor que se pode afirmar está no seguinte famoso teorema:
TEOREMA DE BOLZANO-WEIERSTRASS. Toda seqüência l imitada possuz
'uma subseqüência conver gente.

DEMONSTRAÇÃO DO TEOREMA DE BOLZANO-WEIERSTRASS


Sej a { Xn } u m a seq ü ê n c i a l i m i t a d a . C h a m a m os u m núm e ro 71 E N de índice básico
se Xn � Xn+1, Xn+2, xn+:3,' . ., i sto é, Xn é m e n o r ou i g u a l a os termos q u e o s u ced e m .
Se ex i stem i n fi n itos ín d i ces b á s i cos , no < n1 < 712 < . . . , p e l a p róp r i a d efi n i ç ã o
d e ín d i ce b á s i co te m-se xno � xn1 � Xn2 � . . . . Assi m , esta é u m a s u bseq ü ê n c i a
c resce nte e l i m i ta d a , l ogo convergen te.
Se temos u m n ú m e ro fi n ito de ín d i ces b á s i cos , sej a no E N m a i o r do q u e todos e l es
[no arbitrário se eles não existirem]. Como no n ã o é ín d i ce b á s i co , exi ste n 1 > no com
xn1 < xno' C o m o n 1 não é b á s i co , ex i ste n2 > n1 , com .Tn2 < Xn1. P roced e n d o a ss i m
s u cess iva m e n te o bt e m os u m a su bseq ü ê n c i a xno' xn1 , xn2' ... d ec resce nte e I i m i t a d a ,
porta n to , co nverge n te. O
DEMONSTRAÇÃO DO TEOREMA 2 . 4 . 9
D e a cordo com a h i pótese d o teore m a 2.4.9, pági n a 72, sej a f u m a fu n ç ã o c o n t í­
n u a em [a, b]. S u p o n h a mos por u m m o m e n to q u e f n ã o sej a u n i fo r m e m e nte co n t ín u a .
Logo exi ste u m E> O ta l q u e , p a ra ca d a n 1, 2, . . . , p o d e m os esco l h e r Xn, Yn E [a, b]
com Xn - Yn l < � e I f( xn ) - f( Yn )1 � E.
=

I
Como xn { } é l i m i ta d a , p e l o Teore m a de Bo l z a n o -We i e rst rass ex i ste s u bseq ü ê n c i a
{ xnk } c o m xnk ......, X E [a, b] Uustifique o fato de x pertencer a [a, b]]. N ecessa r i a ­
m e n t e , Ynk ......, X [por que?]. Como f é contín u a , f( xnk ) X e f( Ynk ) ......, x, u m a
co n t ra d i ç ã o , p o i s I f( xnk - f( Ynk )1 � E, p a ra t o d o k E N
......,

. O

o Teorema de Bolzano -Weierstrass fornece a seguinte simples prova para


a proposição 2.4. 1 7, página 7 7:
Demonstr ação. Seja f : [ a,b] IR contínua. Suponhamos por um momento
---t

que f não seja limitada. Podemos escolher Xn E [ a, b] tal que I f ( xn ) I ? 71,


71 = 1 , 2 , . . .. Corno { xn } é limitada, pelo Teorema de Bolzano -Weierstrass
existe subseqüência { xnk } com xnk X E [ a, b] [por quex per tence a [a, b] ?] .
---t

A função I fl é contínua, logo If( xnk )1 I f (x ) l, mas isto contradiz o fato


---t

xn
If( k )1 ? 71k ---t DO . D
276 • Seqüências e Sér'ies Numéricas

Dada uma seqüência convergente {an }, os termos a n vão se tornando


cada vez mais próximos entre si à medida que os índices n crescem, pois
todos se aproximam do seu limite t Esta propriedade caracteriza o que
vem a ser urna seqüência de Cauchy. Precisamente,
DEFINIÇÃO 5 . 1 . 1 4 . Uma seqüência {an } é urna seq'Üência de Cauchy se,
para todo E > 0, existe um número jL E N tal que

comentário que antecede a definição 5 .1 .14 se resume na seguinte


o
proposlçao:
PROPOSIÇÃO 5 . 1 . 1 5 . Toda seq'Üência convergente é de Cauchy.
Demonstr ação. Seja {x n } tal que Xn R E IR. Dado E > 0, seja jL E ----+ N tal
que n ? jL =?I Xn - R I < E/2. Logo
m, n ? jL =? I Xn - xm l :::::; IXn - R I + I R - xm l < E/2 + E/2 = E, D
LEMA 5 . 1 . 1 6 . Toda seq'Üência de Cauchy é l imitada.
Demonstr ação. Seja {xrJ urna seqüência de Cauchy. Para E 1 existe
f1 E N tal que
m, n ? jL =? I Xn - xm l :::::; 1 .
Assim, todos os termos Xn, com n ? jL, estão no intervalo [x{L - 1 , x{L + 1 ] .
Sejam a = min{x{L - 1 , Xo,...,x{L-d e b = max{x{L + 1 , Xo,...,x{L-d. Então,
a :::::; Xn :::::; b, para todo n E N. D
LEMA 5 . 1 . 1 7 . Se {xn } é uma seq'Üência de Cauchy epossui uma subseq'Üên­
cia conver gente, então {xn } é convergente.
Demonstr ação. Seja {xn } urna seqüência de Cauchy e suponhamos que
exista urna subseqüência {Xn j} tal que x n j a E IR. Seja E > O. ----+

Corno {x n } é de Cauchy, tornemos jL E N tal que


E
m, n ? jL =? IXm - Xn l < 2·
Seja K, E N de modo que
E
I x n J. - a i <
2 �.

Podemos tornar K, ? jL. Corno nj ? j , j = 0, 1, . . . [por que? ] , temos n", ? jL.


Portanto, n ? jL implica
E E
I Xn - a i :::::; IXn - Xn K I + I xn " - a i < 2 + 2 = E,
ou seja, Xn ----+ a. D
Seq11ências • 277

Por ser, de fato, um critério, a seguinte proposição é chamada de critério.


Sua importância, entretanto, supera em muito a de um simples teste de
convergência, ela pode ser formulada em contextos mais gerais e caracteriza
a propriedade de completeza que comentamos no capítulo 1 , página 1 7.
CRITÉ RIO DE CAUCHY. Uma seqüência {x n } é converg ente se e somente
se {xn } é uma seqüência de Cauchy.
Demonstração. Precisamos provar somente a parte do "se", pois a parte do
"somente se" nada mais é do que a proposição .5 1 . 1 .5 Suponhamos então
que {x n } seja uma seqüência de Cauchy. Pelo lema .5 1 . 1 6 {x n } é limitada,
portanto, de acordo com o Teorema de Bolzano -\Veierstrass, possui urna
subseqüência convergente. Assim, pelo lema .5 1 . 1 7 {xrJ é convergente. O

EXEMPLO 5. 1 . 1 8. A seqüência {(n �


1 ) /(n + 1) } é de Cauchy, portanto,
convergente.
De fato, dado c> 0, tomemos f-J, E N, f-J, ;;?: 2/c. Sejam m, n ;;?: f-J"
I nn +� 11 �
m 1 =

m+ 1
1 21 m nl < 2 < 2 c.

(n + l ) ( m + 1 ) n+ 1 � ::;;
Deixamos, como exercício, a prova da seguinte proposição:
PROPOSIÇÃO 5. 1 . 1 9. Se {x n } é uma seqüência qual quer, val em as seg uin­
tes afi rmações:
1. Se todas as subseqüências de {x n } 8ao converg entes, então el as con­
verg em para um único l imite.
2. {x n } é converg ente se e somente se todas as suas subseqüências são
converg entes.
Nas aplicações do Teorema do Confronto ao estudo da convergência de
uma seqüência, a idéia é compará-la a outra, convergente, da qual preferen­
cialmente se conheça o limite. Assim, convém conhecer algumas seqüências
convergentes. A proposição abaixo apresenta alguns limites notáveis.
. 1
PROPOSIÇÃO 5. 1 . 20 . 1. nlun - = 0, para todo c > O.
--+oo nC
2. lim \IC = 1 , para todo c > O.
n --+oo
3.
nlim y'n = 1 .
--+oo
278 • Seqüências e Séries Numéricas

4. nlim -
nC
-+(X) pn = O, se p> 1 e c E IR.

Demonstração. Item 1 . Dado c > O, tome v E N tal que vC > c1 . AssIm,


.
-
1
- < c.
nC
o item 2 é equivalente a x n = \fê 1 - ---+ O, com n ---+ 00. Suponhamos
c> 1 . Como X n > O, n = 1 , 2 , . .., temos:

donde
Xn � c-n I 0<
---+

e segue do Teorema do Confronto que X n O.


Suponhamos agora c < 1 . Notemos que
_1 _
\fê
= fI
V�
n

---+ 1 ,
o que nos reconduz ao caso c> c = 1 é imediato.
1 . O caso
O item 3 é equivalente a X n = y'n - 1
Como X n > O, n = 1 , 2 , ..., temos
---+
O, com n 00 . ---+
n = (1 + X n ) n > n( n 2- 1 ) X n2 , n = 1 , 2 , ...,
donde
O< Xn < J n -2 l , n = 2 , 3 , ....
e o item 3 segue do Teorema do Confronto.
Item 4. Tomemos k E N, k -=J O, k > c, e façamos p = 1 +(J, (J> O.
Se n > 2 k , temos

- k
() -
np _( 1 +(J) n > n (Jk_n(n -l) ... (n -k +l) k > n k(Jk
k! (J 2k k !
.

'

donde
nC 2 kk ! c - k
0 < -n <
p -n
(Jk ' n = 2k +1 , 2k +2 , ....
Como c - k < O, o item 1 implica
n C-k O , ---+ com n ---+ 00

e do Teorema do Confronto segue o item 4 . o


Seqüências • 279

Fazendo c = O no item 4. da proposição .5 1 .20 ternos:


COROLÁ RIO 5. 1 . 21 .
n se Ixl < 1.
nlim
-+cx; x = O,

DEFINIÇÃO 5. 1 . 22. Dada urna seqüência {xn}, ambas as expressões:


Xn �
nlim
-+oo Xn = 00,
00, ou
significam que, dado um número L qualquer, existe /-L E N tal que
n > 11, ::::} Xn > L.
As expressões
Xn � - 00, ou nlim
-+CXJ Xn = - 00,

significam que - Xn � 00 .

Se {xn} satisfaz a definição .5 1 .22 ela é divergente, urna vez que nao
satisfaz a definição de seqüência convergente.
EXEMPLO 5. 1 . 23 . ( 1 )
(n 1/ 2 _
n +1
n +2 ) � 00 .

De fato, dado L E lft, L > O, torne 11, E N tal que /-L > (L +1 ) 2 .

n 1/ 2 nn +- --
1 > n 1/ 2 - 1
+2 � /-L
1/ 2 - 1 > L.

(2) 1n -n1 � - 00,


.
pOIS 1·llIlx-+CXJ 1n -x1 = - 00.

Generalizando o item (2) do exemplo .5 1.23, se reconhecermos {xn} corno


a restrição a N de uma função f : (O, 00) lft [isto é, Xn = f (n) ] tal que

limx-+CXJ f (x) = a, a E lft* , então Xn a. �

EXEMPLO 5. 1 . 24. ( 1 ) Innn O. - �

De fato, aplIcando a regra de L'Hopltal obtemos lnllx-+oo



A ln x

x
= o.

--
( )
n
(2) nlim �
-+oo 1 +n = e.
( �) x
Com f (x) = 1 + , basta aplicar o segundo limite fundamental.
280 • Seqüências e Séries Numéricas

ADIÇÃO DE INFINITAS PARCELAS


Exa m i n e m os m a i s d et i d a m e n te a o bserva ção 4. 3.6, pági n a 181 , s u bseq ü e n te a o exe m­
plo 4 . 3. 5 - (4). Pa ra i sto d e n otemos com A(C) a á rea d e um s u bconj u nto C d o p l a n o .
A d efi n i ção d e á rea é u m ta n to e l a bora d a . Va m os a q u i a d m i t i r q u e todos o s s u b c o n ­
j u ntos d o p l a n o co n s i d e ra d os têm á rea e q u e va l e m a s seg u i n tes p ro p r i ed a d es:
(1) Se C1,C2,... , Cn são s u bconj u n tos d o i s a d o i s d i sj u n tos do p l a n o , e n tão

n
A (Ur=ICi) = LA(Ci).
i=1
(2) Se C1 C C2 C ... C Cn C ... , então A (U�=1Cn) limn-->CXl A(Cn) . =

C o n s i d e re m os o t r i ân g u l o � {(x,y) E IR2 I O < x < 1; O < y < x} e


reto m e m os os conj u n tos ,{ji!n C IR t a i s q u e
2
=

f%n {(x,y) 1 0 < x < 1; xn+l::( y < xn}, n 1, 2, ... ,


= =

U f%n.
oc

re p rese n t a d os n a figu ra 4.3.3, pági n a 181. Então � =

n =1
De fa to, é óbvio q u e
CXl

p o i s ca d a f%n , n 1 , 2, ... , está co n t i d o em �. Por o u t ro l a d o , se P (a, b) E �,


q u e exi ste k E N
= =

temos O < a < 1 e O < b < a. Decorre do coro l á ri o 5 . 1.21 , a c i m a ,


ta l q u e ak+l ::( b < ak. M a s i sto s i g n i fi ca q u e P E f%b ou sej a ,
oc

C o m o os conj u n tos f%n, n = 1, 2, ... , são d o i s a d o i s d i sj u ntos, gosta r ía mos d e d i zer


q u e a á rea , A(�) = 1/2, d o t riângu l o �éa so m a das á rea s dos f%n , n = 1, 2, .. "
M a s a a d i ç ã o a p e n a s se a p l i ca a u m número finito de pa rce l a s e e m n osso c a so t e m os
i n fi n itos A(f%n) , n = .... É, porta nto, n ecessá r i o ge n e ra li z a r a a d i ç ã o .
1, 2,
Defi n i n d o.9'n = Ur=lf%i [veja a figura 5.1.2]. a á rea A.( 9'n) sa t i sfa z

Como .9' C .9'2 C ... C


1 � e U�=I.9'n �, = de a cordo com (2) tem os:

n 1
A(�) = lim
n-->CXl
A(.9'n) = lim
n-->CXl 2 (n + 2) 2
Séries • 281

Figura 5 . 1 .2: Os conjuntos SC4 e .6.

CXJ n 1
"

A(8i'n)
n=l
=

---+CXJ "
nlim �
i= l
=

---+CXJ A(SCn)
A(8i'i) nlim = -

2
.

Em bora ten h a m os a n a l i s a d o u m exe m p l o específico, ess a s i d é i a s se a p l i ca m em gera l .


U m a so m a d e i n fi n i t a s pa rce l a s aI,a2,'" ,an, . . . E IR será sem p re u m l i m i t e . Poderá ,
porta nto, n ã o existi r.

5. 2 S ÉRIES

A operação de adição é uma operação binária em ]R, portanto pode-se cal­


cular a soma de dois números reais. Pelo uso da propriedade associativa
esse processo é estendido para a adição de um número fi nito qualquer de
parcelas. Estamos neste capítulo interessados em estendê-lo a um número
infi nito de parcelas. Mais precisamente, queremos calcular a soma dos ter ­
mos de uma seqüência xo, Xl , X2,'"
DEFINIÇÃO 5. 2. 1 . Dada uma seqüência numérica {xn}, definamos
o
S Xo =

S1 = Xo +Xl
S2 = Xo +Xl +X2

CXJ
A sequenCla {sn} é indicada por L Xn e é chamada sér ie. Os números
n=O
Sn são chamados reduzidas ou somas parciais de ordem n. As parcelas Xn
282 • Seqüências e SéT"ies NuméT"icas

sao chamadas ter mos. Se a sequencia das reduzidas for convergente, isto
é, 8n ---+ 8 E ]R, diz-se que a série é conver gente. Neste caso, o limite s é
chamado soma da série e escreve-se
00

L Xn = 8.
n =O
Quando { 8n } é divergente diz-se que a série é divergente.
Quando não houver possibilidade de confusão, poderemos usar a notação
abreviada � X n . Também usaremos por vezes a notação

Xo +X l +X 2 +. . . +X n +. . . .
Obser vação 5.2.2.
Como ocorre com as seqüências, às vezes consideramos
séries do tipo ��=l X n ou ��= k X n cujas sornas se iniciam com os termos
Xl ou X k, respectivamente, em vez de Xo. Tratando-se de seqüências, se
negligenciamos os termos iniciais, a convergência e o valor do limite não são
alterados. No caso das séries, a convergência não é afetada, mas o valor da
soma, em geral, é.

EXEMPLO 5 .2 .3 . ( 1 ) """" "' - (


1 - --
00
1) 1 . De fato,
� n n +1 =

( ) (
8n = 1 _ !2 + !2 _ !3 +. . . + �n _ _ ) 1 = 1 __
n +1
( 1 .
n +1
)
Assim, 8n 1 . Reforçando a observação .5 2.2, pode-se ver que
---+

00 ( 1 1 1
L -; -n +1 = "2. )
n= 2
00

(2) L ( _ l) n diverge. De fato, a sequenCIa { 3n } das reduzidas é dada


n= l
por

O,
{
3n = - 1 , se
se
n é ímpar,
n é par.
e é, portanto, divergente.
Note que no caso da série �.:= o( - l ) n a seqüência das reduzidas é

se n é par,
se n é ímpar.
Séries • 283

(3) Se x n = 1 , n = 0, L 2, . . ., então
00

L X n = 1 +1 +1 +. . . = 00,
n= O
isto é, diverge. De fato, sendo Sn = n, n = 1 , 2, . . ., ternos Sn -----+ 00.

Algumas séries servem de referência para o estudo de outras séries, isto


é, sabendo-se que elas são convergentes ou divergentes, pode-se concluir a
convergência ou a divergência de outras séries. Uma delas é a sér ie geomé­
tr ica: ex;

L rn .
n =O
o número r é chamado razão da série geométrica. Neste caso as reduzidas
Sn , n = 0, 1 , 2, . . ., satisfazem:
Sn = 1 +r +r 2 +. . . +r n ,
rSn r +r 2 +r :3 +. . . +r n +1,
=

Subtraindo a segunda equação da primeira, vem

donde, se r i=- 1 ,
1 r n +1
Sn = l - r
--�--.

l-r
Se Ir l < 1 , limn-->oo r n +1= 0, portanto, Sn 1 -1 r-----+
--
o

Se Ir l > 1 , {r n +l } e, portanto, { !'in } diverge.


No caso Ir l = 1 , resolvido no exemplo .5 2.3 - (2) , (3) , acima, { sn } diverge.
Esta análise pode ser resumida na proposição abaixo.

PROPOSIÇÃO 5.2.4. sér ie geométr ica � r n diver ge, se Ir l ;? 1 , e con­


A
ver ge, se I r l < l . Neste caso.

A seguinte proposlçao é conseqüência direta das correspondentes pro­


priedades das seqüências.
284 • Seqüências e Séries Numéricas

PROPOSIÇÃO 5 . 2 . 5 . Sejam L an = s, L bn = t, s, t E �, então

L can = c E �.
CS,
EXEMPLO 5 . 2 . 6 .
4 4
4 +- +- +. . . +-4n +. . . = --4
= 5.
5 25 5 1 - 1.5
De fato, esta série pode ser escrita:
(
CXJ
L4 -
l)
n
= 4L
( l)
CXJ n
- =
1
4 -1 = 5.
n =O 5 n =O 5 1 - -5
PROPOSIÇÃO 5 . 2 . 7 . Se L Xn converge, então Xn o. ---+

Demonstr ação. Se L Xn = S E �, seja {sn } a seqüência das reduzidas,


S n = Xo +X l +. . . +Xn , n = 1 , 2, . . .. Como S n S e Sn- l S, temos ---+ ---+

Xn = (sn - sn -d S - S = O.
---+ O

A proposição 5. 2 . 7 é um teste de divergência. Isto é mais evidente em


sua formulação contra-recíproca:

Xn f+ O =:::;. L an diverge.
CXJ
EXEMPLO 5 . 2 . 8 . (1) L n sen -n1 = 00.
n= l
De fato, segue do primeiro limite fundamental que n sen -n1 ---+ 1.
(2) A recíproca da proposição 5. 2 . 7 não vale, isto é, existem séries L Xn
divergentes, com Xn ---+ o.
De fato, a chamada sér ie har mônica,
1 CXJ
L -' n
n= l
é divergente. Para ver isto note que, para as reduzidas S n , n = 1 , 2, . . .,
temos

=
1 + 1 +. . . +1 � 1 +1 +. . . + 1 = -1
S2n - S n
n +1 --
-- n +2 -2n - 2n - 2n 2n 2 .
-
Assim, {s n } não é de Cauchy [ se o fosse, para E = 1 /2 existir ia jJ > O de
modo que n � jJ =:::;. I S2n - sn l < � ] , portanto, {sn } é divergente.
Séries • 285

o Critério de Cauchy adaptado ao contexto das séries pode ser reformu­


lado do seguinte modo:
L�=o an conver ge se e somente se dado c > 0 , existe jJ, E N tal que
m

n=pL+l an < C.

EXEMPLO 5 .2 .9 . A integral 100 senx


-- dx não é absolutamente convergente.
o x
De fato, notando que, para mr �x� (n +1)-7T, n = 0, 1 , 2, . . .,
I sen xl � I sen xl
--- x ---'-
(n - -- --
+1)7r
l ( n+l)7r
e que
n7r sen x dx = ±2, obtemos
l(n+l)7r -'---I sen-xl
- ---'- dx�
1 l( n+l)7r
I sen x I dx =
2
n7r X (n +1)7r n7r (n +1)7r .

Portanto, se n7r � t � (n +1)7r,


1t ---
I sen x I dx�-2 � --
1
o x .J=O j+1 .
7r �
Como t --+ CXJ implica n --+ CXJ e o segundo membro é uma soma parcial da
série harmônica,

r 00 sen x I dx = lim
I n-l 1
t I sen x I
2
r lim L -.
dx�- = CXJ.
lo x t---+oo lo x 7r
+ 1 n---+oo . J
-

J=O
PROPOSIÇÃO 5 .2 .10 . Consideremos as sér ies L an e L bn e suponhamos
que exista fJ E Ntal que an = bn para n � Então ambas conver gem ou fJ.
ambas diver gem.
Demonstração. Sejam {sn} e {tn} as seqüências das reduzidas de L an e
L bn, respectivamente. Então, para n� fJ:

e, portanto,

Assim, ou ambos os limites existem, ou ambos não existem. o


286 • Seqüências e Séries Numéricas

Mantidas as notações da proposição 5.2.10, se tivermos L an = S E IR


e L bn = T E IR, então

00 1
EXEMPLO 5. 2. 1 1 . "
n=�l (n +2)(n +13) converge.1
De fato, observando que � - __ = ( esta série pode ser ob-
n n +1 n n +1 ) '

tida da série convergente apresentada no exemplo 5.2.3 - ( 1 ) , página 282,


negligenciando-se os dois primeiros termos.

5. 3 S ÉRIES DE TERMOS N ÃO-NEGATIVOS

Se os termos de urna série são não-negativos, a seqüência de suas reduzidas


é monotônica crescente. A proposição abaixo, cuja prova é deixada como
exercício, tira vantagem desse fato.

PROPOSIÇÃO 5. 3 . 1 . Se an ? 0 , n = 0, 1, ..., L an é conver gente se e so­


mente se a seqüência {sn} das reduzidas é l imitada. Se L an é conver gente,
denota-se L an < 00 .
Ocasionalmente, a seqüência dos termos de uma sene pode ser vista
como a restrição a N de urna função f : [0,(0) - IR. Isto é, a série pode ser
indicada por

L f(n) .
n=O

Por exemplo, para a série geométrica de razão r > 0, L�=() n


r , temos f(x) =
rX, x ? o. Sua convergência pode ser estudada a partir da integral imprópria
de f em [0,(0) , isto é:

00
TESTE DA INTEGRAL (DE MACLAURIN) . Se f : [O, (0) - IR é contínua,
decrescente e f(x) > 0 , para todo x ? 0 , então a sér ie L f(n) é
n=O

00
1. Conver gente, se 1 f(x) dx < 00 .

2. Diver gente, se 100 f(x) dx = 00.


Séries de termos nilo-negativos • 287

Demonstração. Sejam n E N, n ): 1 e {sn } a seqüência das reduzidas de


L f (n) . Seja ainda a partição
f!lJn : O Xo < X l < ... < Xn = n
=

do intervalo [O, n] definida por n +1 pontos igualmente espaçados, isto é,


Xo = O, X l = I , X2 = 2, . . . , Xn n. =

Corno f é decrescente, as sornas inferior e superior de f para f!lJn se


relacionam com 8 n e 8 n - l do seguinte modo [ veja a figura 5. 3.1] :
n
Sn - f (O) = f ( l) +f (2) +. . . +f (n) =
L f ( j) = s( f!lJn , f ) ,
j=l
n-l
S n-l = f (O) +f (l) +. . . +f (n - 1) = L f ( j) = S ( f!lJn , f ) .
j=O

f( l)
f(2)
f(3)

1 2 3 ...

f(O)
f( l)
f(2)

1 2 3 ...

Figura 5.3.1: Somas superior e inferior a partir dos termos de L f( n )


Portanto, de acordo com a observação 4. 1 . 10, página 1 6 ,5 ternos
Sn - f (O) � i f (x) dx � Sn-l.
n

Se 1= f (x) dx < 00, fazendo n � 00, a primeira desigualdade implica

L f (n) � f (O) + 1= f (x) dx < 00

e, se 1= f (x) dx = 00, a segunda desigualdade implica L f (n) = 00 . D


288 • Seqüências e Séries NwnéTicas

Como exemplo de aplicação do Teste da Integral demonstramos a proposição


a seguir, que apresenta uma família de séries muito útil como referência no
estudo da convergência de séries.

PROPOSIÇÃO 5 .3 .2 . A sér ie l: n� é conver gente se p > 1 e diver gente se


P

Demonstr ação. Como f(x) = l/xP é decrescente em [1,00), basta relembrar


o exemplo 4. 8. 3, página 244, isto é:
oo 1 j
-dx < 00, se p > 1
1 xP
e diverge se O < p � 1. A proposição deriva assim do Teste da Integral. O

00

EXEMPLO 5 .3 .3 . L n ( In1n converge se p > 1 e diverge se O � p � 1.


n =2 )P
1
De fato, em [2,00) a função positiva [x(ln x) pr é decrescente, pois

[x(ln x) P] ' = (ln x) P +p(ln x) p -l > O, x�2,


isto é, x(ln x)P é crescente nesse intervalo. Ainda mais,
{ oo 1 1
dx = se p > 1,
J2 x(ln x) p (p - 1)(ln 2) p -l '
e a integral diverge se O � p � 1.
TESTE DA COMPARAÇÃO. Sejam l: an e l: bn tais que
O � an � bn , n = O, 1, 2, . . . . (5. 3. 1)
Então
1. l: bn < 00 ::::} l: an < 00.
2. l: a n = 00 ::::} l: bn = 00.
Demonstr ação. Sejam { sn } e { tn } , n = 1, 2, . . . , as seqüências de reduzidas
de l: an e l: bn , respectivamente.
Se l: bn < 00, a proposição 5. 3.1, página 286, implica { tn } limitada e,
como Sn � tn , n = 1, 2, . . . , temos { sn } também limitada. Logo l: an < 00.
a item 2 nada mais é do que a contra-recíproca do item 1.
Séries de termos não-negativos • 289

Obser vação 5. 3. 4. À vista da proposição .5 2. 10, página 28 ,5 se ( 5. 3 . 1) esti­


ver satisfeita apenas para n � k, para algum k E N, as conclusões 1 . e 2.
continuam valendo.
00

EXEMPLO 5 . 3 . 5 . (1) � 1 +
" 1 < 00.
n
n= l 3
1 < ( 1 /3 t, n = 1 . 2, . . ., e a série geométrica " ( 1 /3 t
De fato,
converge.
1 +3 n · �
00

(2) L , 1 < 00.


n =O n.
1 1 1
De fato, , < 2"' para n � 4, e a série L 2" converge.
n. n n

(3) "
00
1 .
� v2n +1
= 00

De fato,
I
>
1 , para n ::::- 3, e a sene
. A '

harmomca,
,, 1 , dlVerge.
'
v2n +1
-
n '- ,
�n -

A proposição a seguir é um outro tipo de teste de comparação.


PROPOSIÇÃO .5 3 . 6. Sejam L: an e L: bn com CLn , bn > 0, par a n > f.L E N
e suponhamos que existam números ° < c < C, tais que
CLn
C < bn < C, n > f.L. ( .5 3.2)
Então ambas as sér ies conver gem ou ambas diver gem.
Demonstração. A relação ( .5 3.2) implica
n > f.L.
De acordo com o Teste da Comparação podemos garantir o seguinte:
L: CLn < 00 ::::} L: bn < 00,
L: bn < 00 ::::} L: CLn < 00,
Assim, L: a n < 00 se e somente se L: bn < 00. D

Obser vação 5. 3. 7. Uma condição suficiente para que existam números c, C


e N satisfazendo as hipóteses da proposição .5 3. 6 é que {an /bn } convirja e

( .5 3 . 3)
290 • Seqüências e SéTies NmnéTicas

De fato, suponhamos que valha ( .5 3.3) e tornemos é = €/2 > O. Portanto,


existe f-L E N tal que

€ € an
< -=}- < - < -.
3€
2 2 bn 2

EXEMPLO 5 . 3 . 8 . (1) � �
71+1 = 00.
n =l 71( 271 - 1 )
De fato, sendo an =
71 +1 e fazendo b = -1 , 71 = 1 , 2, . . ., ternos
71( 2 71 - 1 ) n 71
an
lim - = lim
71 +1 = -1 > O.
n -->CX) bn n -->CX) 2n - 1 2
Assim, pela observação .5 3. 7, acima, existem números c, C > O, f-L E N de
modo que 71 > f-L =} cbn < a n < Cbn · Corno a série harmônica, L bn , é
divergente, a série dada, L a n , também é.

(2) �
� n
2 712 + 715 ) < 00.
n= l 2 ( 712 +1
De fato, sendo a n = n
2n 2 + 715 e fazendo b = -1 , obtemos:
2 ( n 2 +1 ) n 2n

. an
11m - =
. 2n 2 + 5n
11m 2 > o.
n -->CX) bn n -->CX) n 2 +1 =

Usando novamente a observação �bn ='""'


.5 3. 7, como'""' �� 2 n é convergente, a
série dada, L an , também é.
Nas aplicações da proposição .5 3. 6 ao estudo de L an , a questão é escolher
uma série L bn que sirva aos nossos propósitos. Se a n for uma fração, urna
estratégia é tomar bn como a fração obtida desprezando, no numerador e no
denominador de a n , os termos de menor magnitude para n grande.
2 71 - vn
EXEMPLO 5 . 3 . 9 . L an o onde an = 3 +2 71+
Consideremos a série
n3
3
Nossa tática reduz o numerador a 2 71 e o denominador a 71 , o que leva
1
à escolha de bn = 2" [siga em frente e conclua que L an converge l·
71
Séries de t ermos não- negat'ivos • 291

SÉ RIES DE TERMOS POSITIV OS DECRESCENTES


As séries d e termos p os i t i vos d ec resce n tes são m a i s s i m p l es . O Teste d a I n tegra l , p o r
exe m p l o , t i ra ev i d e nte va ntagem d essa s i m p l i c i d a d e. É n otável q u e pa ra d et e r m i n a r
s u a co n ve rgê n c i a sej a s u f i c i e n te a a n á l ise d e u m a s u bseq ü ê n c i a m u ito rala d e se u s
termos, como m ostra o b e l o teore m a a seg u i r , d ev i d o a C a u c h y.

TEOREMA DA CONDENSAÇÃO . Seja {an} decrescente, an > 0 , n = 0 , 1 , . . . . Então


L an converge ou diverge juntamente com a série
00

a série
n=1

( 5.3.4 )

Demonstração. C o m o a s séries são d e termos pos i t ivos , o est u d o d e s u a convergê n c i a

S n e tk, n ,k
s e red u z a sa b e r s e a seq ü ê n c i a d a s red u z i d a s é l i m i t a d a .
Sej a m = 0 , 1, . .. red u z i d a s de L �=l an e L�=o 2ka2k, res pect i va ­

n
mente
a ) Pa ra < 2k, t e m os S n :::;; t!." pois

8n :::;; 01 + (a2 + a:�) + . . . + (a2k + . . . + 0 2k+1 _ l ) :::;;


:::;; a I + 2a2 + 4a 4 + . . . + 2ka 2k = tk ·
n
b) Pa ra > 2k, t e m os 2s n ?: t/;;, pois

S n ?: aI + a2 + (a:� + a 4) + . . . + (a2k- l +l + . . . + a2k ) ?:


?: 2" a1 + a2 + 2a 4 + . . . + 2 k- l a 2k
1 1
=

2" tk '
Em a ) {td l i m itada i m p l ica {s n} l i m i ta d a . Em b) , {.'I n} l i m itada i m p l i c a {td
l i m i ta d a . I sto é, {s n} e {td são a m b a s l i m i t a d a s ou a m ba s n ã o l i m i t a d a s . O

C o m o a p l i c a ç ã o d o Teore m a d a C o n d e n s a ç ã o , a p rese n t a mos o u t ra p rova d e q u e

a série h a r m ô n i ca L n é d i verge n t e . De fa to , a corres p o n d e nte s é r i e


1
- é L 2ka2k
L 22kk = 1+ 1+ 1+ "
', q u e d i ve rge.

A propos i ç ã o 5.3.2, pági n a 288 , ta m bém é con seq ü ê n c i a i m ed i a ta d o Teore m a da

L nP ' L 2ka2k será


1
Co n d e n sa ç ã o . De fa to, d a d a a corres p o n d e n te sé r i e

Esta é a série geo m ét r i ca , q u e converge se p > 1 e d i ve rge se p :::;; l .


292 • Seqüências e Séries Numéricas

Rev i s i ta n d o O exem p l o 5.3.3, pági n a 288, a sé rie

00
1
� n(ln n)p
conve rge se p > 1 e d i ve rge se p � 1 . De fato, a corres p o n d e nte séri e I:: 2 k a 2 k é

q u e conve rge se p > 1 e d i ve rge se p � 1.

5.4 S ÉRIES ALTERNADAS

D EFINIÇÃO 5 . 4 . 1 . Uma série alternada é uma série da forma


00

an > 0, n = 0, 1, . . . ( .5 4. 1)
n=O
Os fatos apresentados a seguir se estendem naturalmente a senes da
forma 200:.:: �=o ( - l ) + l an = 200:.:: �=o ( - l )rtan , também chamadas alternadas.
n
-

TESTE DE LEIBNI Z . Se { an } é decrescente, an > 0, n = 0, 1 , . . . e an ---+ 0,


então a série alternada

é convergente.
n
Demonstração . As reduzidas de ordem ímpar da série 200:.:: ( - l ) an são

Isto é, S 2 n + l é a soma de n +1 parcelas não negativas, n = 0, 1 , . . ., logo


{ s 2 n + d é uma seqüência crescente. Por outro lado, { s 2 n+d é limitada, pois

n = 0 , 1 , . . .. Ou seja , { s 2 n + d é convergente e

( .5 4.2)
Séries alternadas • 293

Vale a seguinte relação entre as reduzidas de ordens par e ímpar:

Corno a 2n + 1 ----+ O , tornando limites em ambos os membros obtemos

(5.4.3)

Assim, juntando (5. 4.2 ) e (5.4.3) temos

(5. 4. 4 )

pois 3n ----+ 3 � ao . D

Conservando as notações do Teste de Leibniz, vimos que as reduzidas 32 n +l ,


n = 0, 1 , . . ., são não-negativas. Assim, juntando (5.4.2 ) e (5.4.4 ), temos
imediatamente o seguinte corolário:
COROLÁ RIO 5 .4 .2 . Suponhamos ao ;? a I ;? a 2 ;? . . > O , com an . O,
----+

e seja 3 dado por l:( - l ) n a n = 3. Então, a soma 3 é não-negativa e nao


excede o primeiro termo da série, ao . [Isto é, O � 3 � ao ]

A conclusão do Teste ele Leibniz continua valendo se a seqüência { a n }


for decrescente apenas para n ;? N , para algum N E N . Mas a estimativa
do corolário 5.4.2, neste caso, fica prejudicada.
( _ l ) n+ 1
L
00

EXEMPLO 5 .4 .3 . ( 1 ) A série alternada é convergente, pOlS


n= 1 n

{ I / n } é decrescente e 1 / n ----+ O , quando n ----+ 00.

(2 ) A série alternada L ( - 1 ) n- I l � é convergente.


De fato, considerando f (x ) = (lnx) / vx, com x E [1 , (0 ) , temos

1' (.1:) = ( } lnx) .


X - 3/ 2 1 -
Assim, f' (x ) < O , para x > e 2. Portanto, f é decrescente em [e 2, (0 ) , ou
seja, a seqüência

é decrescente se descartarmos os índices n < e2 .


Observando que limx--+oo f (x ) = O , temos
In n
----+ O e as hipóteses do
Vn
--

>
2
Teste de Leibniz estão satisfeitas para n e .
294 • Seqüências e Séries Numéricas

Seja l.: ( - 1 ) i a i = S, com as hipóteses do Teste de Leibniz satisfeitas.


Como não se conhece, em geral, o valor exato de s , o que se faz freqüente­
mente é utilizar uma reduzida como aproximação, escrevendo
n
2 ) -l) i ai � s ,
i=O
descartando-se os termos que sucedem o termo ( - 1 ) n an , ou seja, desprezando­
se o resto
n
Rn = S - L ( - l ) i ai = ( _ l) n + l (an + 1 - an + 2 +an + :3 - . . . ) . ( .5 4. )5
i=O
Assim, o erro absoluto I Rn l desta aproximação é

de acordo com o corolário .5 4.2. Podemos, portanto, enunciar:


P ROPOSIÇÃO 5 . 4 . 4 . Se a seqüência {an } é decrescente, an > O , n = 0, 1, . . . ,
an ----+ O e se

então o erro na aproximação


n
i
S � L ( - l ) ai
i =O
não é superior em módulo do primeiro termo descartado, an + l '
EXEMPLO 5 . 4 . 5 . De acordo com o Teste de Leibniz,


(-l), n _

- 8.
n.

Aproximemos a sorna com precisão de três casas decimais. Vê-se que


1 < 0, 00 02
71
e, portanto, a sorna S da série em questão é

S � 1 - 1 +"21 - 61 +214 -
1 +1
120 720
� 0, 3 6 9

(�l) n
com urna precisão de três casas decimais. Sendo L n. e
-I
, corno
veremos brevemente, ternos e- I � 0, 3 6 9.
Convergências absoluta e condicional • 295

5.5 CONVERG Ê NCIAS ABSOLUTA E CONDICIONAL

D EFINIÇÃO 5 . 5 . 1 . Uma série L an é absolutamente convergente se a série


L lan l converge.
PROPOSIÇÃO 5 . 5 . 2 . Toda série L an absolutamente convergente é conver-
gente e

Demonstração. Seja [ > O . Como L lan l é convergente, pelo Critério de


Cauchy existe f1 E N tal que
m

L l an l < [.
n =p+ 1
Portanto,
m m

n =p+ 1 n =p+ 1
ou seja, L a n é de Cauchy, logo converge.
Fazendo m ----t 00 na desigualdade I L:= o an I � L := o I an I , obtemos
00 00

L an �
L lart!- D
n =O n= ()
( _ 1) n + l
EXEMPLO 5 . 5 . 3 . A série alternada L converge, mas não absolu-
n
1
tamente, pois a série dos módulos é a série harmônica, L n. -

P ROPOSIÇÃO 5 . 5 . 4 . Dado c E lFt , se L a n e L bn são absolutamente con­


vergentes, então as séries L (a n ± bn ) e L ca n também são.

Demonstração. As desigualdades

j =l j=l j= l j=l j=l

implicam a convergência absoluta das séries em questão. D


296 • Seqüências e Séries NuméTicas

Observação 5. 5. 5. Os testes de convergência para séries de termos nao­


negativos são, obviamente, testes de convergência absoluta.

EXEMPLO 5 . 5 . 6 . A série 1 + sen


-- +
sen
2 sen 3 + . . . + sen n + . . . é con-
22 32
-- --
2
n
1
vergente por ser absolutamente convergente, pois L :2 converge e
n
sen nl<� =
I n2 n2 '
n 1 , 2, . . . .
D EFINIÇÃO 5 . 5 . 7 . Diz-se que uma série é condicionalmente convergente se
ela converge, mas não absolutamente.
Em outras palavras, diz-se que uma série L On é condicionalmente con­
vergente se ela for convergente e L I On l 00 . No exemplo
= .5 .5 3 VImos,
portanto, que a série alternada

f ( _ l ) n+ 1
n= 1 n

é condicionalmente convergente.
A soma de uma série não resulta de uma operação algébrica, mas de um
processo limite. Assim, não se podem simplesmente carrear as propriedades
da adição para as séries convergentes. Vamos considerar, por exemplo, a
questão da comutatividade. Para isto, é preciso entender com exatidão o
significado de alterar a ordem dos termos de uma série, o que é estipulado
na definição a seguir.
D EFINIÇÃO 5 . 5 . 8 . Seja { kn } uma seqüência de números naturais tal que
para cada p E N existe um único n E N com kn = p, isto é, a função
n E N f--+ kn E N é uma bijeção. Diz-se que a série L�= O k n é um rearranjo
I
da série L�= I 0n '

A seguinte proposição estabelece a propriedade comutativa para as séries


absolutamente convergentes.
PROPOSIÇÃO 5 . 5 . 9 . Se 2: an é uma série absolutamente convergente, en­
tão todo rearranjo de L 0n converge, e todos convergem para a mesma soma.
Demonstração. Sejam L On uma série absolutamente convergente, L O kn
um seu rearranjo e { sn } e { s� J as seqüências de suas somas parciais, res­
pectivamente. Dado c> 0, existe J-L E N tal que
rn

L l aj l < c. ( .5 .5 1)
j =n+ l
Convergências absoluta e condicional • 297

Se v E N é suficientemente grande, podemos garantir que

{O, l , . . . , p } C {ko, k l , . . . , kv } .
Se n � v , os termos a o , a I , . . . , a lLl não influem na diferença Sn - s�, pois
eles comparecem em Sn e em S�!l logo se cancelam. De acordo com ( .5 .5 1 ) ,
I Sn - s�t l < c. Assim, como Sn ----t S, temos necessariamente s� ----t s . D

A proposição abaixo mostra que, entre as séries convergentes, a comu­


tatividade é característica das absolutamente convergentes.
PROPOSIÇÃO 5. 5. 1 0 . Seja L an condicionalmente convergente. Então, dado
S E lR* , existe um rearmnjo L akn tal que L a kn = s.

A propos i ç ã o 5.5.10 está co n t i d a em u m cé l e b re teore m a d e R i e m a n n a p rese n t a d o


c o m o Teore m a 3.54 n o l i v ro d e W . R u d i n [6], o n d e ta m bé m se e n co n t ra o seg u i nte
exe m p l o d e u m a série e um seu rea rra nj o , a m bos converge ntes , mas com so m a s
d i sti n t a s . Logo a co n ve rgê n c i a , n este caso, t e m d e s e r co n d i c i o n a l .

EXEMPLO 5 . 5 . 1 1 . C o m o v i m os n o exe m p l o 5.5 . 3, a série

( l )n + l
L
(X) _

n
=s (5.5.2)
n= l

é co nverge n t e . I n d i c a n d o c o m {S n } a seq ü ê n c i a d e s u a s so m a s pa rci a i s , t e m os S-S 3 =


_

4
1 + 15 - 16 + . . . < O . Porta nto ,

S < S 3 = 1 - 2"1 + 3"1 = "65 .


C o n s i d e re m os a gora o seu rea rra nj o

1 1 1 1 1 1 1 1
1+-- -+-+-- -+-+- - - +··· ( 5 . 5 .3)
3 2 5 7 4 9 1l 6 '

o n d e o s termos p os i t i vos e os n ega t ivos co m pa rece m n a o rd e m o r i g i n a l , com c a d a


d o i s t e r m os p os i t i vos s u ced i d o p o r u m nega t i vo e ca d a n ega t i vo s u ced i d o p o r d o i s
pos i t i vos . Lem bra n d o q u e a s é r i e (5.5.2) é d e C a u c h y, p o d e-se p rova r [deixamos como
exercício ] q u e ( 5 . 5 . 3 ) ta m bé m é , l ogo converge com so m a s'. Pa ra ca d a k ;;::: 1, t e m os
1 1 1
+ -
4k - 3 4k - 1 2k > O .

{s�} (5.5.3) ,
I m p I ·I ca (55 < 8 9 < . . . . P orta n t o , , (55
D e n ota n d o com a seq ü ê n c i a d a s so m a s p a rc i a i s d e esta d e s i g u a l d a d e
8 , < 8 "6 8.
.
= 3 S > >
298 • Seqüências e Séries Numéricas

TESTE DA RAI Z . Dada a série 2.: an J temos:

1. limn -> oo � = I! < 1 =?- 2.: an é absolutamente convergente.


2. limn -t oo � = I! > 1 [I! E lR*] =?- 2.: an é divergente.
o teste não é conclusivo se limn ->oo �= 1.
Demonstração. 1 . Suponhamos limn-too � = I! < 1 .
Existem r E (I!, 1 ) e M E N tais que n ;? M =?- y!faJ < r . Isto é,

Como 2.: r n converge, segue do Teste da Comparação que 2.: I an I converge.


Suponhamos limn -> oo � I! > 1 .
2.
Existe ji E N tal que n > M =?- y!faJ > 1 . Assim, l an l > 1 , se n >
=

M.
Isto implica an f+ O e, por conseguinte, que 2.: an diverge.
Para mostrar a última parte, consideremos, por exemplo, as séries

2:: -n1 = 00 e
�-

n2
1
< 00 .
Pela proposição .5 1 .20, página 2 7 7, temos
1·lIll ,�1
- = l'nll
1 =1
-
n -> oo n n -> oo n 2
{f;
n. . o

EXEMPLO 5 . 5 . 1 2 . A série 2:: n( _ 2(11 é absolutamente convergente.


De fato, pelo item 3. da proposição .5 1 .20, página 2 7 7, ternos
1l� " I:::
v -21 nllIn
. 1

llIn
n -> oo
n2-
n =
-too y n = -
2
e nossa afirmação segue do Teste da Raíz.

TESTE DA RAZÃO .

I a:: 1 I = I! < 1
1. limn -> oo =?- 2.: an é absolutamente convergente.

2. limn ->= I :: 1 I = I! 1 [I! =?-


a
> E lR*] 2.: an é divergente.

o teste não é conclusivo se limn ->= I a::1 I = 1.


Convergências abs oluta e condicional • 299

Demonstração . 1 . Suponhamos lim n---> CXl l an + 1 /an I = g < 1. Então existem


r < 1 e J-L E fi! tais que
n > J-L =? I a:: 1 I < r,
donde
l afl + l l < r l afl l ,
l afl + 2 1 < r l a fl+ l l < r 2 l afl l ,

ou seja,
n ;? J-L =? l an l < rn �IL l afl l = l alL l r � fl r n .
Corno l afl l r� fl L r n converge, o item 1 . segue do Teste da Comparação .
2. Suponhamos l imn---> CXl l a n +I /an l = g > 1 .
Existem r > 1 e J-L E fi! tais que n ;? J-L implica l an + l l > r l a n l , portanto
a partir do índice J-L a seqüência { Ian l } se torna estritamente crescente. Ou
seja, a n f+ O . Logo vale 2.
- e, conc l USIVO
Para mostrar que o teste nao ' se l'lm n---> oc I --;;;:
an + = 1, conSI-.
1
I
dere novamente as séries

2: -n1 = 00 e
1 < oo
�-
� n2
e note que
lim --
n ---> oc n +1I I
n = lim n 2 = 1
(n +1) 2 .
rH OC I I D

EXEMPLO 5. 5. 1 3 . ( 1 ) A série
n cos ( 2n + 1 )7r
2: n! 4
é absolutamente convergente . De fato,
an + l = n ! (n +1) = �
I I O.
-t

an (n +1 ) ,. n n
(2) A série
� (-n) n
� n!
o
300 • Seqüências e Séries Numéricas

é divergente. De fato, usando o Segundo Limite Fundamental [na forma do


exemplo 4 . 4 . 28, página 1 98 ] , temos

an+ l n! (n +l)(n+n l)
I an I (n +I ) ! n =

. ' ( 1 ) n
I I hmn-+ClO 1 +-;
a n +
donde hmn-+ClO ----;l ;;: = =
e.

o Teste d a R a i z e o d a R a z ã o , como a p rese n t a d os a c i m a , se a p l i ca m à s s é r i es L an,


p a ra a s q u a i s se p o d e m esc reve r limn-+ClO \ll anl = € E ]R* ou limn-+ClO I �: l I
a = € E

]R* , res pectiva m e n t e . A esta c l a sse pertence gra n d e pa rte d a s s é r i es e n c o n t ra d a s n este


texto e n a s a p l i c a ções . No enta nto, às vezes é n ecessá r i o l a n ça r m ã o d a s for m u l a ções
m a i s gera i s q u e a p rese n t a re m os a segu i r .

L an, r
l anl :s; n
TESTE D A RAIZ ( D E CAUCHY) . Dada uma série se existem O < < 1 e
N E N ta is que r , para n ;? N, ou seja ,

� :s; r < 1, n > N,

en tão a série é a bsolu ta mente con vergen te. Se, por ou tro lado,

n > N,

en tão a série é divergen te.

Na verd a d e , p a ra a d i ve rgê n c i a b a sta q u e \ll anl ;? 1 p a ra i n fi n itos ín d i ces n , p O I S


i sto i m p l ica l anl ;? 1 p a ra i n fi n i tos ín d i ces n e , porta n t o , an f+ O.
TESTE DA RAZÃO ( D E D' ALEMBERT ) . Consideremos u m a série L an. S e existem
O < r < 1 e N E N ta is que

n > N,

en tão a série é a bsolu ta mente con vergen te. Se, por ou tro lado,

I a�: l I ;? 1 , n > N,

en tão a série é divergen te.


Séries de potências • 301

Co m u m e n te o Teste da R a z ã o é m a i s fá c i l de ser a p l i c a d o do q u e o Teste da R a i z ,


p o i s é m a i s fá c i l ca l c u l a r q u o c i e n tes d o q u e ext ra i r ra ízes n-ési m a s . M a s o seg u n d o
é m a i s s u t i l , sem pre q u e o p r i m e i ro é con c l u s i vo, o seg u n d o ta m b é m é , poré m , o
segu n d o p o d e ser con c l u s i vo sem q u e o pri m e i ro o sej a . Vej a o l i v ro d e R u d i n [6 ,
O bse rva ç ã o 3 . 36 e Teore m a 3 . 37] . D a mos a seg u i r u m exe m p l o e m q u e o Teste d a
R a íz é efet ivo e o d a R a z ã o n ã o .

EXEMPLO 5 . 5 . 1 4 . C o n s i d e re m os L an , o n d e a seq ü ê n c i a an é d a d a por:

an =
{ n- .
+
n
l ) - ( n +l) ,
p a ra n p a r ,

(n p a ra n ím p a r , n=l, 2, . . .

I sto é ,

Te mos ,

{ ytn n-
= �, se n é p a r

<
y;a;; = 1_
+ l ) - ( n +l) .
\f( n se n é ím p a r
n+
_

1
Porta n t o , lim n -+CXJ y;a;; = O e o Teste d a R a i z i n d i c a convergê n c i a .
Por o u t ro l a d o ,

s e n é pa r,

se n é ím p a r ,

a ss i m , o Teste d a R a z ã o n ã o é co n c l u s ivo.

5.6 S ÉRIES DE POT Ê NCIAS

D EFINIÇÃO 5 . 6 . 1 . Dada a seqüência an E IR, n =


O, 1 , . . ., diz-se que

( .5 6. 1)

com X E IR, é uma série de potências. Os números onde a n , n = O, 1 , . . . sao


chamados coeficientes da série.

A série ( .5 6. 1) pode convergir ou divergir, dependendo da escolha do


número x . Ela sempre converge se x = O , caso em que se reduz a ao [nesta
seção definimos 0° 1] . Seja C C IR o conjunto dos x tais que a série ( .5 6. 1)
=
302 • Seqüências e Séries Numéricas

converge. Para cada x E C, indiquemos com f (x) a soma da correspondente


série ( .5 6. 1) , isto é,

Assim, a sene ( .5 6. 1) define uma função f cujo domínio é o conjunto C.


Ternos O E C, e f (O) = ao.
Na verdade, a forma geral de urna série de potências é

onde Xo E � é fixo. Ne �e caso, o valor de x tal que a série garantidamente


converge é x = Xo. Se C é o conjunto dos x E � tais que ela converge,
CXl

L an (x - xo) n f (x) , x E C,
=
o
determina urna função f , agora definida em ê, com Xo E ê e f (xo) = ao ·
Mas a mudança de variável x = y +Xo transforma esta série e rr�L a n y n .
O conjunto C dos y E � onde esta última série converge é C C - Xo = =

{y I y = x - xo, com x E ê} . Portanto, daqui em diante focalizaremos


preferencialmente as séries ( .5 6. 1).
EXEMPLO 5 . 6 . 2 . (1) A série

converge se x E (-2, 2) e diverge em � \ (-2, 2) .


De fato, apliquemos o Teste da Razão para valores x I- O,
. 1
(n +1)2 - ( n + 1 ) xn + 1 = 11m. (n +l)x = -1 I x l .
lnll
I
n ---> CXJ n
n2- xTL I
TL ---> CXJ 2nI 2
Como
1x
I x l < 2,
21 l < 1 {:}

a série converge absolutamente se x E (-2, 2) e diverge se I x l > 2.


Se x = 2, a série é
0 +1 +2 +3 +· · ·
e se x -2 ficamos com a série alternada
=

0 - 1 +2 - 3 +·· · ,
ambas divergentes. Ou seja, neste exemplo o conjunto C é (-2, 2) .
Séries d e potências • 303

(2 ) A série
(X) n
I: ;
n =Ü n.
é absolutamente convergente, qualquer que seja x E ffi. .
De fato, aplicando o Teste da Razão temos, para todo x #- O,
x n + l n! x
-- =
lim
I
n ---> (X) ( 71 +l ) !x n I = lim
n ---> (X) I 71
+1 I O.
(3) Consideremos
� nn xn .

Seguindo a mesma idéia, mas usando agora o Teste da Raiz, temos:

= = 00,
n n nx
----+ oo \ln l x l
nlim ----+ oo l l
nlim
para todo x #- O. Assim, a série diverge em toda a reta, exceto em x = o.

As proposições .5 6. 3 e .5 6. 4 a seguir enquadram os exemplos acirna em


um contexto geral.
PROPOSIÇÃO 5 . 6 . 3 . Consideremos uma série de potências L a n x n .
1. Se L a n x n converge para x = c #- o, então L a n x n converge absolu­
tamente sempre que I x l < l e i ·

2. Se L an xn diverge para x = c E ffi., então L an xn diverge sempre que


Ix l > Icl ·
Demonstração. 1 . Seja L a n cn convergente, com c #- O. Portanto, a n cn -----t O
e existe AI E N tal que n > AI implica l a n cn l < 1 . Portanto, se 71 > !vI ,

n
Se I x l < I cl , a série geométrica
I: I�I
é convergente, portanto, o item 1 .
decorre do Teste da Comparação.
2. Se L a n cn diverge, suponhamos por um momento que L a n x n convirja
se x = d, para algum d tal que I cl < I d i . Pelo item 1 . , L a n x n converge
sempre que I x l < I d l , inclusive se x = c, uma contradição. D

P ROPOSIÇÃO 5 . 6 . 4 . Vale somente uma das seguintes alternativas:


1. L an x n converge absolutamente para todo x E ffi. .
304 • Seqüências e Séries Numéricas

2. L anxn converge somente se x = o.


3. Existe um número p > O tal que L anxn converge absolutamente, se
I l > p.
I l < p , e diverge , se x
x

Demonstração. Se valer uma das alternativas, obviamente as outras duas


estão excluídas. Suponhamos que não vale 1 . , isto é, existe c E IR tal que
L an cn é divergente, e mostremos que então vale 2 . ou vale 3..
Seja C o conjunto dos x E IR tais que L anxn é convergente. C -=I 0 ,
pois O E C e, de acordo com a proposição 5. 6. 3,

xEC =i> x
I l � l cl,

Seja p = sup{ x
l l l x E C} � O. Se p = O, vale 2 . , se p > O, vale 3.. O

D EFINIÇÃO 5 . 6 . 5 . Dada a série L anxn , diz-se que r E IR* é seu raio de


convergência de se r = p , quando vale o item 3 da proposição 5. 6.4, r = O,
quando a série diverge para todo x -=I O e r = 00, quando a série converge
para todo x E IR. Se r > O, o intervalo ( - r, r ) é chamado intervalo de
convergência . Se r = O, o intervalo de convergência é { O }.

Segue da definição 5. 6. 5 que, se r é o raio de convergência da série L anxn,

I l <r
x =i> L anxn converge absolutamente,
I l> r
x =i> L anxn diverge.

Observação 5. 6. 6. Se r é o raio de cOllvergência de uma série L anxn, com


O < r < 00, então ela pode convergir ocasionalmente nos pontos x = r ou
x = - r , mas o que sempre se entende por intervalo de convergência é o
intervalo aberto ( -r, r) .
P ROPOSIÇÃO 5 . 6 . 7 . Suponhamos que r seja o raio de convergência da série
I I
L anxn e que a: = limn ->CX) a�: l ou a: = limn ->CX) \/IaJ. Então r �
quando O < a: < 00 , r = O quando a: = 00 e r 00 quando a: = O . =

Demonstração. Se a: = limn ->CX) I a


n+ l
a
n
I , apliquemos o Teste da Razão.

Se O < a: < então 2:: anxn é convergente, se x


00, I I < l /a:, e diverge, se
I l>
x l /a:. Isto é, vale o item 3 . da proposição 5. 6.4 e r = p = l /a:.
Séries de potências • 305

Se a = 00,
L an x n diverge para todo x E IR \ {O} , logo r = o.
a = O, L a n x converge para todo x E IR, logo r = 00.
Se n
Se a = limn ---> CXJ � , a prova é análoga, aplicando o Teste da Raíz,
uma vez que
D

EXEMPLO 5 . 6 . 8 . Consideremos a série

1 - �2 (x - 2 ) + �3 (x - 2 ) 2 - . . . + ( _ 1) n _ 1 _ (x - 2) n + . . .
n +1
Indicando com an seus coeficientes, temos
a = lim -- = lim
an + l n +1 = 1,
7!---> CXJ a nI I --
n---> CXJ n + 2 I 1
assim, o raio de convergência é r = 1 e (2 - 1 , 2 + 1) = ( 1 , 3) é o intervalo de
convergência. Vê-se que a série converge se x = 3 , mas não absolutatamente,
pois neste caso a série é a harmônica alternada :

1 - �2 + �3 _ ... + ( _ 1) n _ 1_ +. . . .
n +1
Se x 1 , a série é divergente, pois neste caso ela é a harmônica,
=

A série converge em ( 1 , 3] , mas a convergência é absoluta apenas no


intervalo aberto ( 1 , 3) .

DEFINIÇÃO 5 . 6 . 9 . Sejam Xo E IR e L a n (x - xo) n uma série de potências


com raio de convergência r > o. Se f (x) é sua soma para x E ( - r, r ) ,

diz-se que a função x E (xo - r, Xo + r ) f--+ f (x) E IR é analítica.

Como de hábito, focalizaremos preferencialmente o caso Xo = O. Vamos


formular algumas boas propriedades das funções analíticas. Suponhamos
que L�=o anx n tenha raio de convergência r > O e seja f dada por
CXJ
f (x) = L anx n , -r < x < r. (5.6.2)
n= O
Consideremos a série CXJ

L
nan x n - 1 , (5.6.3)
n= O
306 • Seqüências e Séries Numéricas

obtida derivando termo a termo a série ( .5 6. 2) . Um fato notável é que esta


série tem o mesmo raio de convergência r. A função f é diferenciável e sua
derivada 1'(x) é a soma de ( .5 6. 3) , para -r < x < r . Isto é,

-r < x < r.

Estes fatos são resumidos na seguinte proposição:

P ROPOSIÇÃO 5 . 6 . 1 0 . Seja f : ( -r, r) -----+ ffi. definida por

f (x) = L an xn , -r < x < r,


n =O
onde r > O é o raio de convergência da série. Então f é derivável, a série
de potências L�=l n a n x n - 1 tem raio de convergência r e
00

!,(x) = L n an xn - l , -r < x < r. ( .5 6. 4)


n= l
Não desenvolvemos aqui todas as ferramentas necessárias para demonstrar
a proposição .5 6. 10. Uma demonstração pode ser encontrada, por exemplo,
no livro de W. Rudin [ 6, Teorema 8. 1] .
Em outros termos, a equação ( .5 6. 4) é

Observação 5. 6.11. A proposição .5 6. 10 estabelece que uma função analítica


f (x) = L a n x n em ( -r, r) é diferenciável e sua derivada também é analítica
em ( - r, r ) . Logo a proposição pode ser aplicada à derivada f' e, depois, a
f" e assim sucessivamente. A conclusão é que toda função analítica f é de
classe COO e todas as suas derivadas são obtidas derivando-se sucessivamente
termo a termo a série de potências de f.

Consideremos
00 00

e g(x) = """' �x n +l .
L...
n =O .. n + 1
De acordo com a proposição .5 6. 10, estas séries têm o mesmo raio de con­
vergência r , que supomos positivo. Ainda pela mesma proposição, para
Séries de potências • 307

x E (-r, r) , temos g'(x) = f(x). Como f é contínua e como g ( O) O,


o Teorema Fundamental do Cálculo implica
lXf(t) dt = g(x) .
Essas considerações constituem a prova da seguinte proposição:
PROPOSIÇÃO 5.6.12. Seja f : (-r, r) ---+
lR. definida por

(Xl

f(x) = L anxn,
n=O

onde r > O é o raio de convergência da série. Então, a série obtida por


integração termo a termo tem o mesmo raio de convergência e sua soma é
a integral lx f(t)dt, isto é,
-r < x < r.

x3 x5 x
EXEMPLO 5.6.13. (1) arctanx = x - "3 + 5 - 7"7 +..., Ixl < 1.

De fato, a série geométrica de razão -x2


1 l- x2 +x 4 -x6 +...
=
1 +X2
---

converge se e somente se Ixl


< 1 e é, obviamente, uma série de potências.

Logo seu raio de convergência é r = 1. De acordo com a proposição 5 .6.12


obtemos
{X dt x3 .T5
arctan x = lo = X - "3 +
- ... , Ixl < 1.
1 +t2 5
(2) O item anterior, fornecendo uma expansão de arctan em série alter­
nada, é um bom recurso para se estimar arctan x.
Por exemplo,
arctan � � � � � + � �
2 2 3 2
_ ( )3 ( )5 ( )
5 2
� � 7
7 2
_

A proposição 5.4.4 , página 294, garante que o erro não excede


1 1 9
()
9 2 < 3 (10-4).
308 • Seqüências e Séries Numéricas

(3) Considerando a série geométrica de razão -x, para Ixl < 1, obtemos
1
a expansão da função analítica l :
+x
--

1 2
--
l +x = l -x+x - ...+ () -1 nxn + ... . (5.6.5)

Integrando, de acordo com a proposição 5.6.12, temos:

(4) Derivando termo a termo a série (5.6.5), pela proposição 5.6.10 , ob-
1
temos a expansao de f(x) l 2' para Ixl < 1:
_

( +x)
=

1 2
2 1 - 2x+ 3x - ...+ ( -1)n-lxn-l + ... .
(1 + x )
--- =

Seja f uma função analítica dada por


00

f(x) = a n,
L an (x - ) a - r < x < a + r, (5.6.6)
n=Ü
sendo r > O o raio de convergência da série. Neste caso, podemos obter uma
expressão para os coeficientes an em termos das derivadas de f no ponto a.
Aplicando sucessivamente a proposição 5.6.10, temos
00

n=Ü
00

f'(x) = a n-l
L n an (x - )
n=l

00

f(k)(X) =
L n - k +)
( - 1)··· (
n n l an ( a n-k ,
x -)
n=k
para x E (a - r, a +)
r . Calculando em x = a, obtemos
Séries de potências • 309

ou seja, os coeficientes da expansão de f em (5 .6.6) são

n = 0, 1, 2, . . . .
Como os coeficientes an , n 0 , 1, 2, . . . ficam univocamente determina­
=

dos, a representação de f em ( a T, a + T) definida em (5 .6.6) é única e,


para funções analíticas, estende a Fórmula de Taylor [página 149].


DEFINIÇÃO 5.6.14. Se f E COO num intervalo ( a T, a + T) , a série �

f(nl ( a)
00


n.I
(x a)n . �

n=O
é chamada SéTie de TayloT de f em torno de a. Se a = 0 , ternos
pnl (o) n =

L n.I
x ,

n=O
que é chamada SéTie de MaclauTin de f.
Podemos agora reformular a definição de função analítica,
"Uma função f é analítica num inteTvalo ( a � T, a + T) se f é a soma de
sua SéTie de TayloT em tOTno de a, isto é,
00
f(nl ( a)
f ( x) = L (x a )n , Ix a i < T."
n.I
� �

n=O
Para escrever a série de Taylor de uma função f em torno de um ponto
a, é preciso que existam suas derivadas de todas as ordens em a, isto é, que

f E Coo em alguma vizinhança V de a, mas nem sempre f ( x ) é a soma de


sua série de Taylor em V. Isto é, nem toda função de classe Coo é analítica.

UMA FUNÇÃO QUE NÃO É A SOMA DE SUA SÉRIE DE TAYLOR

{e
Apresentamos aqui uma função COO não analítica. Seja f : IR ---+ IR dada por

-1/x 2 , se x i- 0,
f(x) =

0, se x = 0,

e mostremos que f Coo . É claro que f é COO em IR \ {O}, pois é a composição de


E
duas funções de classe COO,

1
x E IR \ {O} f---7 Y -2 e y E IR f---7 eY E R
x
=
310 • Seqüências e Séries Nmnér'icas

Mostremos, por indução completa, que f tem derivadas de todas as ordens em O e


que f(jl(O) O, j
= = 1, 2, . . .. Para j = 1, temos

f'(O) x-+O
lim
f(x) - f(O) lim e-1/x2 O
=

.T x-+O X = =

[ confira com o exercício 116 do capítulo 4].


Suponhamos agora que exista f(nl(o) e que f(nl(o) O, n;:?: 1, e provemos que
l +
=

n+ n
f( l(o) existe e fe 1l(0) o. Aplicando as regras usuais de derivação, obtemos
=

para x I- O, que f(nl(x) é uma soma de parcelas do tipo

k - x
2
xp e 1/ , k,p E N.
Deste modo, o quociente
f(nl(x) - f(nl(o) fenl(x) também é uma soma de
x x
parcelas do mesmo tipo, portanto,

[ novamente em conseqüência do exercício 116 do capítulo 4]. Assim, f(jl(O) = O,


j = 1, 2, ..., portanto, a Série de Maclaurin de f é identicamente nula,
O O + Ox + .Q.2! x2 + .Q.3! x3
= + ... ' x E IR,
mas f(x) > O para x I- o.

Note que as reduzidas de ordem n da Série de Taylor de uma função


f, em torno de um ponto a , são precisamente seu polinômio de Taylor de
ordem n em torno de a , de acordo com a definição 3 .13 .4,página 147,
Pn (X) = tO � f(jl(a)(x - a)j.
j= J.
Assim, supondo que f seja de classe Coo em (a - r, a + r ) , sendo r > O
um número fixo,se aproximarmos f em (a - r, a + r ) por seu polinômio de
Taylor Pn , o erro absoluto é,de acordo com (3 .13 .9),página 149,
1
En (x) = (n + 1)! f(n+ll (O")(x- at+'1 (5 .6.7)
O" = a + ç(x - a) , ç E (0,1). Isto é,
t � P (a)(x - a)j = f(x) - En (x) , 1.1: - ai < r. (5 .6. 8)
J. =o J.

Deste fato decorre diretamente a seguinte proposição:


Séries de potências • 311

PROPOSIÇÃO 5.6.15. Suponhamos que f : (a r, a + r) -+ IR, onde r > O �

é um número fixo, tenha derivadas de todas as ordens e que o erm En (x) ,


n = 0,1, ..., definido em (5.6.7) satisfaça

lim En (x) = O,
Tt---+X
(5.6.9)

para todo x tal que Ix � aI < r . Então

Ix ai
� < r.

Isto é, f é analítica em (a � r, a + r) .
Demonstração. Fazendo n -+ DO em (5.6.8), temos

lim � J�, f(j) (a)(x a)j = f(x) lim E (x), Ix ai r.


n---+oo n
<
n---+oo �
� � �

j =O .

Isto é.
f
J��.I
f(j) (a)(x a)j = f(x), �

j= O
sempre que Ix ai < r.
� D

COROLÁRIO 5.6.16. Se f tem derivadas de todas as ordens em (a r,a + r) , �

onde r > O é um número fixo, e se existe K E IR, tal que

Ix ai
� < r, n = 0,1,2 ...

então f é analítica em (a � r, a + r) , isto é,

f= � f(j) (a)(x
. o J.
� a)j = f(x), Ix ai
� < r.
J
Demonstração. Nossa hipótese de existência da cota K, em combinação com
(5.6.7), implica (5.6.9). D

EXEMPLO 5.6.17. (1) Para todo x E IR,


3 5 2n+l ....
sen x x x! + x! .. + ( -1)n x +
3 5 (2n +I )!
= � - - � .

De fato, a esta é a Série de ]'vlaclaurin do seno e, como


sen' x = cos x, senil x sen x, senlll x = cos :1:, sen( 4) x sen x,
= � � =
312 • Seqüências e Séries Nurnér'icas

fica fácil verificar que as hipóteses do corolário 5.6.16 estão satisfeitas em


( - r, r ) , para qualquer número r > O, com K = 1 . Logo a série acima
converge para sen x em IR.
(2)
x2 x4 x2n
cos X = 1 - 2! + 4! +...+ ( _l)n 2n! +. . . , xER
A prova deste fato é análoga à do item (1).
Observe que o fato de aparecerem apenas expoentes pares na Série de Ma­
claurin do cosseno e ímpares na do seno é coerente com o fato de o cosseno
ser uma função par e o seno ímpar.
EXEMPLO 5 .6 .18 . (1)
x2 x:3 x CXJ n
eX=l+x+-+-+···= � - xER
2! 3! �(J n!'
= n
De fato, esta é a Série de Maclaurin de eX e o resto de ordem n em ( - r, r ) é
a
e
En (x) = (n+ I)!xn+l, (J = çx, çE (0,1), Ixl < r.

Assim,
Ixl < r,

e, por conseguinte, limn-->CXJ En ( x ) = O, para. todo xE ( - r, r ) e todo r > O.


(2) Usando o item (1) obtemos a expansão de eaxk, aE IR, kE N:

Em particular, para a = -1 e k = 1,temos

(3) Usando a expansão do seno, obtemos

X3 k + x5 k ...+ (-1 x(2n+l) k +...


sen Xk = xk - -3! - 5! - t (2n+ I)! .
Exercícios • 313

Pela proposição 5.6.12, página 307, temos

sen Sk ds = Xk
(k+l) X3 k+l + X5 k+l - ...
lx O
-
+1 (3 k +1)3! (5 k +1)5!
00
X(2n+l) k+l
=

(_I)n
( (2n + l)k +1) (2n +I)!
+ ...

Como chegamos a uma série alternada, temos aqui um bom recurso para
estimar essa integral.
Obtenha, como exercício, uma estimativa para

com precisão de quatro casas decimais.


(4) Ainda a expansão do seno fornece
sen x = 1 x2 + x4 ...+ I 2n
- - 3T 5T - (- r (2nx+ ! + ... x E IR.
x I)
-

Confira esta expansão com o Primeiro Limite Fundamental.


Novamente a proposição 5.6.12 implica, para todo x E IR:
(X sen s x3 x5 n x2n+l
lo s - ds = x - 3!3 + 5!5 - ... (-I) (2n + l)! (2n + l) + ...
-

Observe que esta integral não é imprópria.

5 .7 EXERC í CIOS
1
1) Mostre que, se k E lR, k > 1, entao k n -+ O.
_

2) Verifique que são divergentes as seqüências abaixo.


n = 1,2,...
n7r
(b) n sen 4 , n = 0,1,...
nn 2
(c) n + (-1) n = 0,1,...
n2+1
314 • Seqüências e Séries Numéricas

rm
(d) en sen -' n = O, 1,...
4

3) Mostre que ne n O. - -----7

1
4) Mostre que ln(lnn) O. -----7

5) Mostre que se an O e se a seqüência {bn } é limitada, então an bn


-----7 -----7 O.
nlr
6) Mostre que e-n cos 4 o . -----7

Nos exercícios 7) -11), determine a soma das séries.


5 5 . ...
7) 5 + -+ ...+ -+
9 9 -1
n
5
8) 5 - -+ ...+ (_ l )n-l _
5 ...
9 9 -1 + .
n
9) e+ -+e ...+ e + ...
V 3n-1 .
J3
00

10) 0,232323 .. . = L 23 (10t 2(n ).


n=l
11) 0,612612612 ....
12) Prove que, se L an diverge e c i= O, então L can diverge.
13) Mostre que a série
00
2"
n=O i=O

é divergente.
14) Seja L an uma série e Rn = L:n +l ai o resto depois de n termos.
Mostre que L an é convergente se e somente se limn--->oo Rn = o .
Determine se as séries 15) -26) são convergentes ou divergentes.
Exercícios • 315

1 1 00 1
15) 1+ - +··· +- +··· 21) L
2V2 nyn n=l3n +1
16) f 1� k
k00= 3 2
� 2 + senn
22 ) L
n=l n2
1 00 1
17) L n-1 23) L�­
n=l 3 +2 n= 3 y'2
18) �
00 1 oc
arctan n
24) �L 1+n 2
vn3+1 n=l
00 k +1 00 n +1
19 ) L k + k
2)2 25 ) � ln(n +

k00=O ( 2)
k n5+ n 3+1
20) L k 2 26) L 8 4 4
k=l +1 2n +n + 2
27) Use os argumentos da prova do Teste da Integral para mostrar que
1 00 1 n 1 1
l l p- l L p - L p (p _ 1)nP-1
' se p > L
(p _ )(n + ) k=l k k=l k
< <

(a) Estime o erro absoluto ao aproximar L k\ pela reduzida de ordem 10.


(b) Faça o mesmo para a reduzida de ordem 20.
28) Para que valores de r é convergente a série
Estude a convergência das séries 29) -38)
� �n (l n)' ?

1 1 (-lr-1 34) �
(2n - l)(-1)n
29) 1 - :2 + "3 - ...+ n + ... L 5n + 1
n n
30) �
n (- l ) 35) � (-l)
L00 5n(2_+1 L 2n - 1
n
1) - l (-l)--- n-l-
--- ln n
31) L -ln- n- - - 1- 36) L --'---'- n
n= 2 +
n (-l n-l 00 n (-l)n-l
32) L 2k) 37) L lnn
n-l n= 2 l
33) �
(n + 1) ( _l ) 38) yn(_l)n-
L 3n L 2n +1
Aproxime as somas das séries 3 9) - 42) com precisão de três casas decimais.
1 +-
- 1 - ... + (_ l)n-l + ...
39) 1 - 22 24 22(n-l)
316 • Seqüências e Séries Numéricas

1 (_l)n-l
40) 1 - 2-! + ...+ (2n - 2)! + ...
1 ··· (_l )n-l + ...
41) 1 --33
+ +
(2n -1)3
1 1 (_l)n-l
42) 3 - 2 .32+ ...+ n3n + ...
- --

Estude a convergência de cada uma das séries 43) -46)


In2 n
43) L (-1)n + 1
n
In nP
44) L (-1)n +1 ' p �1
fo
1
45) L (-l)n +lfoarctan n +1 -­

46) L n� sen (n'lr - �)


2 4
Em 47) - 65) use o Teste da Razão ou da Raiz para estudar a convergência.

47) ""'
L 2!!.­n 57) L ( n +1 3n 1
) (-3)n
--

n,
--

n!
48) L ( yIn 1t 58) L
)
-

(2n)!
""'
4 9) L vn (
2n -
n +13
l n
5 9) ""'
(n!?
L (2n)!
n2 n3
50) L n 60) L
2 (In2)n
nn (n!)3
51) L n 61) L --'
2 ( ).
2n
en nlO
52) L 62) L
( n)n
- (In 3)n
( J'
,,",3. 5 .. . (2n + 1)
53) L 02" n 63) L
: n.,
n! (2n + 2)!
54) L (-2)n 64) ""'
L (-3)n (n!)2
n' ( 2)3n
----- -'----­
55) L 65) ""' --'--- -

(_�)n L 3 2n
56) L C" n ( : 1)'"
Exerdcios • 317

Em 66) - 85 ) , determine o raio e o intervalo de convergência de cada série

2n
70) L X-,
n.
ln n
71) L (- ) x
(n + 1)2
n
72) �"" (3x)
2n +l
73) �"" n .,xn
10n
74) L(_1)nn 2xn
n-l 2n-l
75) L (_1) x
n+1

86) Prove que


(Xl
n
ln ( 1 - x) =L - �, Ix I < 1,
n=l n

e use este fato para obter urna aproximação do número in com precisão �
de três casas decimais.
87) Use o exercício anterior para mostrar que

( x) (
1+
in --
1- x =2 x+ x3 -
- +
3 5+
x5 . . · ), I xl < 1.
318 • Seqiiências e Séries Numéricas

Dê a representação em série de potências de x das funções 88) - 97).

88) -
1 91) 1 94) x
l -x 1 - 3x 5 - 2x
x2 x 2
3
8 9) 1 +
1 92)
x 95) x
1-
x2 x2
2 - x3
x2
1 9 +1
90) 93) 6)
1- 1 - x4 x -I
97) 2
3x+ 5
11/2 x dx com precisão de quatro casas decimais.
98) Aproxime
° 1+x'130,1 1 ° '2 x3
arctan x
99) Faça o mesmo para
° x dx e l +x dx. 5

, de potenclas a mtegral lX In (1 t) dto


o

° t
+
100) Desenvolva em sene • A "

. lx arctan t dt, faça o mesmo que no exerc1cio , anterior.


101) Para a mtegral
° t2
102) Desenvolva In ( l - x - x ) em série de potências e determine o raio de
convergência da série.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Singapore, 3th Edition (1976).
[7 ] SPIVAK, MICHAEL Calc'Ul'Us. Benjamin, New York (1967).
[8 ] WIDDER, DAVID D. Advanced Calc'Ul'Us. Prentice-Hall, Englewood Cliffs,
NJ (1961).
,-

INDICE REMISSIVO

Ângulo entre gráficos, 153 Máximo de um, 16


Arco, 227 Mínimo de um, 18
Área Supremo de um, 16
de um conjunto descrito em coor­ Constante de Lipschitz, 70
denadas polares, 224 Continuidade uniforme, 72
de um setor circular, 28 Contra-domínio, 21
de um subconjunto do plano, 161, Convergência absoluta, 254, 29 5
167, 179 , 220 Convergência condicional, 255, 29 6
de uma superfície de revolução, 236
Coordenadas polares, 222
Assíntota horizontal, 61 Cosseno, 30
Axioma da Completeza, 18 Cota
inferior, 15, 33
Cardióide, 223 superior, 15, 33
Coeficiente angular, 88 Critério
Composição de funções, 25 de Cauchy, 277
Comprimento de arco, 229 de lntegrabilidade, 167
parametrizado em coordenadas po­ Curva, 227
lares, 233 Comprimento de uma, 229
Conjunto fechada, 227
convexo, 124 Parametrização de uma, 227
Cota inferior de um, 15 retificável, 229
Cota superior de um, 15
denso, 20 Declividade, 106
Ínfimo de um, 18 Derivada, 88
limitado, 15 da função inversa, 106
Limitante inferior de um, 15 de ordem superior, 109
Limitante superior de um, 15 de uma série de potências, 306
322 • Índice Remissivo

lateral, 9 3 eco,
de classe 110
Descontinuidade derivável, 88
de primeira espécie, 115 diferenciável, 88
de segunda espécie, 115 Domínio de uma, 21
Desigualdade estritamente côncava, 130
Resolução de uma, 36 estritamente convexa, 130
triangular, 14 Extensão de uma, 22
Diferenciação de funções implícitas, 111 Gráfico de uma, 24
Diferencial, 145 hiperbólica, 202
Domínio, 21 identidade, 21
ímpar, 31
e,189 Ínfimo de uma, 34
Erro injetora, 25
absoluto, 144, 29 4 integrável, 165
relativo, 144 inversa, 26
Extensão de uma função, 22 invertível, 26
limitada, 33
Formas indeterminadas, 66 limitada em um conjunto, 33
Fórmula Limitante inferior de uma, 33
de Maclaurin, 149 Limitante superior de uma, 33
de Taylor, 149 linear, 22
Frações parciais, 215 linear afim, 130
Função, 21 lipschitziana, 70
analítica, 305 localmente limitada, 50
arco cossecante, 108 logaritmo, 190
arco cosseno, 108 Máximo de uma, 34
arco cotangente, 108 Mínimo de uma, 34
arco secante, 108 monotônica, 27
arco seno, 108 par, 31
arco tangente, 35, 108 periódica, 32
bijetora, 25 Primitiva de uma, 178
biunívoca, 25 produto, 23
côncava, 130 quociente, 23
composta, 25 racional, 214
contínua, 69 Restrição de uma, 22
Contra-domínio de uma, 21 secante, 31
convexa, 127 Integração da, 199
cossecante, 31 seno, 30, 262
Integração da, 200 sobrejetora, 25
cosseno, 30, 262 soma, 23
Cota inferior de uma, 33 Supremo de uma, 34
Cota superior de uma, 33 tangente, 31
cotangente, 31 Integração da, 199
de classe en,110 trigonométrica, 29 , 261
Índice Remissivo • 323

trigonométrica inversa, 108 Máximo, 16, 34


um-a-um, 25 Mínimo, 18, 34
uniformemente contínua, 72 Módulo, 12
Mudança de variável na integral, 182
Gráfico, 24
Número
Imagem, 21 algébrico, 19 5
Imagem inversa, 21 e, 189
Ínfimo, 18, 34 inteiro, 15
Infinitésimo, 51 irracional, 17, 20
Integração natural, 15
de funções racionais, 214 7f, 261

por partes, 184 racional, 16, 17, 20


Técnicas de, 206 real, 11
Integral, 165 transcendente, 19 5
absolutamente convergente, 254
Ordem de grandeza, 150
condicionalmente convergente, 255
convergente, 243 Parametrização, 227
de integrando não-limitado, 256 Parte fracionária, 85
de uma série de potências, 307 Parte inteira, 24
divergente, 243 Partição, 162
em intervalo não-limitado, 243 Malha de uma, 218
imprópria, 242 marcada, 218
indefinida, 177 Refinamento de uma, 163
inferior, 164 7f, 261

superior, 164 Polinômio de Taylor, 147


Intervalo de convergência, 304 Ponto
Intervalos, 12 crítico, 117
de acumulação, 19
Limitante à direita, 46
inferior, 15, 33 à esquerda, 46
superior, 15, 33 de inflexão, 130
Limite de máximo, 34, 113
de uma função, 42 de mínimo, 34, 113
de uma seqüência, 67 extremo, 114
de uma soma de Riemann, 218 Primitiva, 178
Fundamental Propriedade arquimediana, 19
Primeiro, 54
Segundo, 19 8 Radiano, 31
infinito, 57, 58 Raio de convergência, 304
lateral, 47 Reduzida, 281
no infinito, 59 Refinamento de uma partição, 163
Regra
Malha de uma partição, 218 da Cadeia, 102
Massa de um líquido, 241 de L'Hôpital, 121
324 • Índice Remissivo

Resto parcial, 281


de Lagrange, 149 superior, 162
de uma série alternada, 29 4 Subseqüência, 274
Restrição de uma função, 22 Supremo, 16, 34
Reta
Coeficiente angular de uma, 88 Taxa de variação, 87
Declividade de uma, 106 Teorema
normal, 9 1 da Comparação, 52
real, 11 da Condensação, 29 1
tangente, 87 da Conservação do Sinal, 74
Rosácea, 224 da Integração por Partes, 184
da Mudança de Variáveis, 182
Segmento, 123 de Bolzano -Weierstrass, 275
Segmentos comensuráveis, 17 de Cauchy, 120
Semi-plano, 124 de Darboux, 115
Seno, 30 de Rolle, 116
Seqüência, 23 do Confronto, 53, 272
convergente, 67, 271 do Valor Intermediário, 75
de Cauchy, 276 do Valor Médio, 118
divergente, 67, 271 do Valor Médio para Integrais, 186
limitada, 273 Fundamental do Cálculo, 176
Limite de uma, 67, 271 Teste
monotônica, 272 da comparação, 288
Série, 281 da integral, 286
absolutamente convergente, 29 5 da raiz, 29 8
alternada, 29 2 da razão, 29 8
condicionalmente convergente, 29 6 de Leibniz, 29 2
convergente, 282 do limite ( Convergência) , 250, 259
de Maclaurin, 309 do limite ( Divergência) , 251, 260
de potências, 301
Valor absoluto, 12
de Taylor, 309
Variável
de termos não-negativos, 286
dependente, 21
de termos positivos decrescentes, 29 1
independente, 21
divergente, 282
Velocidade
geométrica, 283
instantânea, 101
harmônica, 284
média, 100
Reduzida de uma, 281
Vizinhança, 19
Soma de uma, 282
Volume de um sólido de revolução, 234
Soma parcial de uma, 281
Setor circular, 28 Zenon, 100
Soma
de Riemann, 218
de uma série, 282
inferior, 162
RESPOSTAS DE ALGUNS EXERCíCIOS

SEÇÃO 1.3

1.x E (�oo,�37 /13] U [41/13,(0) 3.x E [�2,7 ] 5.x E (2/3,8)


7.x E (�oo,1/2] 9.x E [2 /IO, 2 � 2V2] U [2 + 2V2,2 + /IO]

11.x E (�oo,5- [U]U[5- f33 ,5+[U]U[5+[U,(0) 13.Quaisquer números


a, b -I- O com sinais opostos. 15.sup A =max A = 9, inf A =min A = �9;
sup C =V3, inf C =�V3,C não possui máximo nem mínimo; sup E =3,
inf E = O, E não possui máximo nem mínimo; sup C = max C �, =

inf C = O, C não possui mínimo; sup H = max H = 2, inf H = O, H


não possui mínimo. 17.A' = [�1,1] U [V3,4]; C' = 0; E' = Z \ {O};
C' = {� I m =1,2,...}U{0} . 19.(a) OU(2,00); (b) (�oo,�I)U[O,oo);
(c) [� � ,2]; (d) [1 ,(0). 25.f, 9 pares =? fg par; f, 9 ímpares =? fg par;
f par, 9 ímpar =? fg ímpar. 27.f par, 9 ímpar =? f 9 e 9 f pares.
o o

29.Para a suficiência, note que f(x) =f(lx) =f(l)x e tome c =f(I).

SEÇÃO 2.5

1.Dado [> O, tome 6 = [n . 5.Restrinja-se a 6 � 1 . Dado [> O, tome


6 =min{I,§} . 7'217. 9.00. 11.Não existe. 13.0 . 15.1. 17.2 .
19. t. 21. O. 23.7. 25. O. 29. � 31.�. 33. �2 . 35. �1 .
37.O. 39.Decorre de lirnx-+±oo P(x) =±oo. 47.{±fo In =1,2,...}.
49.Note que If(x) � OI < [{:} Ilf(x) 1 � OI < [e que esta afirmação não vale
326 • Respostas de Alguns Exercícios

se substituirmos O por g I- O. 55.limx-->_a f(x) = -g. 57.IR \ {-3 /2,I}.


59.IR \ [-1,1]. 61.IR \ { -a, a} . 63.IR \ {4}. 69.Estas funções são
inversas de funções estritamente monótonas em um intervalo. Basta usar a
proposição 2.4.5 . 71.Esta função é uma composição de funções contínuas.
73.limx-->l f(x) = 1 = f(I); limx--> -l f(x) = 1 f(-I); veja a observação
=

2.4 .2 - (2), página 69 . 75.Sim, x = 1.

SEÇÃO 3. 14

1.1' (x) = 9x2 +8x. 3.h' (x) = 3t2 + '/ir. 5.2 sec2 s tan s +tans +ssec2 s.
7. w' (x) = ra cse cxra -cs x/(lxlvfx2=l)
e c2 x . 9. 3(ra jclc-oxs x2 ) 2 . 11. (a) V' = 5',
_

(b) V = - �x + 5 ; (c) 5V = 4x + 9. 13. x = 3; +kn, k E íZ. 15. 7,.


17.Note que f(x + T +h ) - f(x +T) = f(x +h) - f(x). 19.xo = 1.
21.x = � ± kn, k E N. 23. (a) IR \ U -jW, � + jW); (b)
[�-jW, � +jW]; � +jW e �-jW. 25.�m/s. 27.g' (x) =
500 (5x-3)99. 29.k'(s) = 14 (S2 - }2 ) (s - 8 23)' 31.n' (t) = ;� (t- 2 1) - 1 1 .
_

33.P = (4,2). 35.f(n) (x) n�:;t ; f(n) (1) = (-1)nn! . 37.(sen x)' =
=


1 80
cos x'' (cos x)' = -�sen 180
x'' (tan x)' = � 180
sec2 x " 39 (a) f cons-
tante e qualquer g não derivável; (b) Qualquer f não derivável e g cons-
tante; (c) f(x) = g (x) com f(x) = 1 se x E Q e f(x) = O se x E
IR \ Q. 41. f" (g (h (x))) [g' (h (x))h' (x)] 2 + 1' (g (h (x))) [g" (h (x))h' 2(X) +
g' (h (x))h" (x)]. 43.V' = - (�r· 45.V' = -�, se cos(x+ y) sen (x +v) I-
O. 47 . V -- - xy(y 2 +x 2 )
49.X -- 2 e/ ponto de mmnIlO, , . . f" e crescen
, te
(y 2 +x 2 + 1)'
"

em [2 ,(0) e decrescente em (-00,2]. 51.2 é ponto de mínimo e -2 é


ponto de máximo; f é crescente em (-00,-2] e [2 ,(0); f é decrescente em
[-2,O) e em (0 , 2]. 53.O e 12 são pontos de mínimo e 6 é ponto de má­
ximo; 6 +2V3 e 6 - 2V3 são pontos de inflexão; r é crescente em [0,6] e
em [12,(0); r é decrescente em (-00,O] e em [6,12]. 55.m não possui
ponto extremo, é estritamente crescente e O é ponto de inflexão. 57.-1
e 1 são pontos de máximo; O é ponto de mínimo; p é crescente em (-00,-1]
e em [0 ,1]; p é decrescente em [-1.0] e em [1,(0); p não possui ponto de
inflexão. 59.Não. Contra-exemplo: f(x) = yÍX se x ;? 1 e f(x) = �x + �
se x < 1. 61.Note que f' é biunívoca. 63.Note que derivada se­
gunda é uma constante não nula. 65.Usando o Teorema do Valor Médio
e a proposição 3 .6.2, pode-se provar que 1' (x) ;? f( a + 1) - f( a) > O,
para qualquer x ;? a, portanto limx-->CXJ f(x) = 00. 67.x V = �. =

69.(a) (c - �, Jc - �); (b) (O,O). 71.(a) À = -5, 27 ; (b) -5 < À < 27.
Respostas de Alguns Exercícios • 327

83. 85.
�. 2

-2

87. dw (3z2 - 6z+ 2)dz; variação: -1,8. 89.0, 961fm2. 91. d,


=

� em; dS � em2. 93.O resto de Lagrange é nulo, logo f (x) Pn (x)


= =

para todo x em uma vizinhança de O. Mostre que se dois polinômios coin­


cidem numa vizinhança de 0, eles coincidem em IR. 95. V; - V; (x -
4 - 21:4)2+ v'2(x 3 48 - 21:4)"4 97 1 + 2 (x - 21:4) + 2 (x -
21:4) - v'2(x 12 - 21:4) 4+ v'2(x
�)2+ �(x - �)3+ 130 (X - �) . 99.1 - x22 é o polinômio de Maclaurin
de ordem 3 da função cos x. Erro absoluto < 4�)' 101.lim x->o s��2c:s-; =

- 2 . 103. y - ;:1,. rl m y->o+ ----


2se c2 xtn a c sa y
-:;;n- - rlm y->o+ ny no - l -
a x sn
e ay -
rl m x->o senx
- 00.

105.limx -----t or � a c nx
= limx -----t 01 :x2 1.
=

SEÇÃO 4.9

1.1�8(4x3_ 1)9+C. 3.i(2 -X5/3)- 4+C. 5.vI +4x+3x2+C. 7.


n 11.�(x2+1)3/2_ (X2+1) 1 /2+
n :1 cos +1x+c. 9.x+arctanx+C.
c. 13.-x2 cosx+2x senx+2 cosx+C. 15.�(1-x2)3/2-k(1-x2)5/2+C.
17.�X2 arcsen bx+ 4 �3 arccos bx+ 4� 2 vI - b 2x2+c. 25.Considere a fun­
ção f - 9 e use o exercício 24. 27.Tome um número inteiro n tal que
a :::;; nw < a+ w. Prove inicialmente que J
nw f(x) dx J;::l)W f (x)dx e,
a
=

por conseguinte, que Jaa +w f(x)dx J�:+l)W f(x)dx. 29. - cos(lnx) + C.


=

31.(cosx)(cosx - l )(lnx)� - (cosx) lnx senx ln(lnx). 33. x xX+x-1


+x xx+ X( l -ln x) In x. 35.-x cosXx tan x+cosXx In cos x. 37.(cos x ) x c osx-1
- xCOSX(senx) lnx. 39. 1. 41. 1. 43. e. 45. i. 47. e -2.
49. �e X(cosx + senx). 50. 32/3 . 51. In2. 52. 1. 53. m21n3 .
55.(ln2-ln4) ln lln4+lnxl+lnx+C. 57.a;�:x+C. 60.isenh 2x+�+
e ; 3x e � 2xse �� 4x e ;4x
C. 61.senh x+ sn +C. 62.3; + sn + C. 63.sn +C.
328 • Respostas de Alguns Exer'CÍclos

64. In I tanh � I + � + c. 65.x = In(2 + 2V5). 67. tanh-1 b -


tanh- I a,. In (a(a-+11)) (b(b-+11)) . 68. In 2""+T3
5+2V6 . 69. In (5 + V1211) - In (3 + V;;;5)
L;.L iJ .

70.� senh- 1 �x + C.71.i In I t v25 + 9x2 + �xl +C.72.114 tanh- 1 �x+C.


e2x
73. cosh�l eX + c.74.-v1 - + C. 75. � senh x2 + C.77.2 - 10e-2.
79.641f. 81.316 (vb - n · 83.(1f2 + 4)3/2 - 8. 85. �53 1f (181f+ �1f).
87.21f2a T. 89. Veja o exercício (87). 91. � (e2 - 1). 93. Diverge.
95.Converge. 97.Converge absolutamente. 99.Diverge.101.Diverge.
103.Diverge. 105.Diverge. 107. Diverge. 109.Diverge. 111.Veja
a definição 4.8. 13, página 252.

SEÇÃO 5.7

1.Dado E: > O, use a definição 5. 1. 1, página 271, com kN ? � 3.Use


- x
a funçao .
xe . 7. 8
!------+ -x eV3 · 11. 612· 13.
45 · 9. V3- 1 999 ",2n
L... i = O 2 -i T'
� O
,

com n -----+ 00. 15.Converge. 17.Converge. 19.Converge. 21.Di­


verge. 23. Diverge. 25. Diverge. 27. ( a ) 1io; ( b ) 17�!OO. 29. Con­
verge. 31.Converge. 33.Diverge. 35.Converge. 37.Diverge. 39.�â.
41. 1 - 3\ + 5\ - 713 + 9\· 43. Converge. 45. Converge. 47. Con­
verge absolutamente. 49.Diverge. 51.Diverge. 53.Diverge (teste da
raiz). 55.Não converge absolutamente. 57.Converge absolutamente.
59.Diverge. 61.Diverge. 63.Diverge. 65.Converge absolutamente.
67. T = 1; (-1,1).69. T = 2; (-2,2).71. T 1; (-1,1). 73.T = O;
=

0.75.T = 2; (-1, 1). 77.T = 2; (-4,O). 79. T = 00; IR. 81.T = e- I ;


(-e-I, e-I ) . 83. T = � ; (-2,1). 85. T = 2; (-2,2). 89.2:(-1)nx2n;
x E (-1,1). 91.2:3nxn; x E (- � , �). 93.2:x4n+2; X E (-1,1).
95.2:(�r+1 x3 (n+1) ; x E ( -2�,2�) . 97. �2:(-�r xn; x E (-�,V.
99. 8�9 1O-3 ; 4(10-4). 101.2:(-1)n (;�:�;2.
SOBRE O AUTOR

PLÁCIDO Z. T ÁBOAS é professor titular do Instituto de Ciências Matemáticas


e de Computação da Universidade de São Paulo, campus de São Carlos, onde
tem exercido a docência e se dedicado à pesquisa no campo das equações
diferenciais funcionais e das equações diferenciais ordinárias. Suas publica­
ções científicas versam sobre questões da dinâmica definida por estas equa­
ções, assunto em que orientou vários doutorados e mestrados. É membro da
Academia de Ciências do Estado de São Paulo.
ACADÊMICA

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21. Arquiteturas no Brasil (l9IJIJ-1990)
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6. Jornalismo };conômico
22. Distribuiçâo de RPnda: MPrlidas de Desigualdade e Pobreza
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Rodolfo lIoffmann
7. Introdução á Biologia Ver;e/al
23. Ondas e Ondaletas: Da Análise de Fourier á Análise
Eurico Cahral ele Oliveira
de OndaÚ'tas
8. Mecánica Clrissica Moderna Pedro A. Morettin
"ValterF. \Vreszinski
24. Introdução ri Estrutura f Evoluçrio Este/ar
9. Introduçrio áFísiwEltatística
WalterJ. Maciel
Sílvio R. A. Salinas
25. RPgião e Geografia
10. Probabilidade: Um Curso Introdutório
Sandra Lencioni
Carlos A. B. Dantas

11. Modelagem e Simulaçâo de Processos Industriais e de


26. M "seus Acolhem Moderno
Maria CecíliaFrança Lourenço
Sistemas Eletromecrinicos
Claudio Garcia 27. Energia ElPirica para o Desenvolvimento Sustentável

12. Cronobiologia: PrincíPios e APlimções I.incu Iklico dos Reis e Semida Silveira (orgs.)

Nelson Marques c Luiz Menna-Rarreto (org-s.) 28. Astronomia: Uma Visão Ceral do Universo
13. Estudos de Morbidade Amâncio C. S.Friaça, Elisabete Dal Pino, Laerte SodréJr.

Maria Lúcia Lebrào e VeraJatenco-Pereira (orgs.)

14. Preparos Cavitririos para A mrilgarna 29. Manual Prritico de Microbiologia Básica
e Resina Composta Rogério l.acaz-Ruiz

André Luiz Baracchini Centola e outros


30. Técnicas Computacionais para Dinâmica
15. A Identidade e a Diferença dos Fluidos
Edward Lopes Armando de OliveiraFortuna

16. Li/natura Comparada 31. Os Significados Urbanos


Sandra Nitrini Lucrécia d'AlessioFerrara
32. Ltica em Computaçáo 52. Tmnsitõrios Eletromagnéticos rm Sistemas de Potência
Paulo Cesar !v1asiero Luiz Cera ZanettaJúnior

33. Patologias Cardíacas da Ce.llaçáo 53. Fundamentos de Química Experimental


.Iannário de Andrade (org.) Maurício Gomes Constantino, (;il Va1do.losé da Silva
e Paulo Marcos DOllatc
34. Um Curso de Álgebra Linear
Flávio Ulhoa Coelho e Mary Lilian Lourenço
54. Curso Básico de Terminologia
I ,idia Almeida Barros
35. Dinâmica Estocâstim e Irrroersibilidade
Tània TOIll(� e MárioJosé de Oliveira
55. Macrofconomi" APlicada ri Análise da
Ewnornia Brasileira
36. Novos Instrumentos de Cestrio Ambiental Urbana Car!osJosé Caetano Bacha
Heliana Comin Vargas e Helena Ribeiro (orgs.)
56. Descobrindo o Universo
37. Gestâo de Serviços de Saúde: Sueli M. M. Viegas eFabíola de Oliveira (orgs.)
Descentralizaçáo/Municipalizaçáo do SUS
57. Árabr r Português: Fonologia Contras/iva com Aplicaráo
MárciaFaria Westphal e Eurico Sampaio de Almeida (orgs.)
de Tecnologias Informatizadas
38. Avaliaçáo e Classifiraçáo de Reservas Alinerais Safa Abou ChahlaJubran
Jorge Kazuo Yamamoto
58. Iniciaçáo a Conceitos de Sistemas Fnergéticos para
39. Teoria Quântica dos Campos o Desenvolvimento Limpo
Marcelo Otavio Caminha Gomes José Aquiles B. Grimoni, I.uiz (:Iáudio
R. Galvào e Miguel Edgar M. Udaeta (orgs.)
40. Noções de Probabilidade e Estatística
Marcos Nascimento Magalhães e 59. Introduçrio ri Cosmologia
Antonio Carlos Pcdroso de Lima Ronaldo E. de Souza

41. Astrofísica do Meio InterfStelar


60. Hidrodinâmira e Vrntos Estelmes: Uma Introduçrio
WaltcrJ. Maciel
WalterJ. Maciel
6l. Dinâmica da Água no Solo
42. Principios de Oceanografia Fi,ira de Estuários
Paulo Leonel Libardi
Luiz Bruner de Miranda, Belmiro .Mendes de Castro
e Bjórn KjerfVe 62. Atlas de Ressonância iHagnética
Paula Ricci Arantes, Álvaro Cebrian de AlIneida
43. Gravidez & Nascimento
Magalhàes,Jackson Cioni Bittencourt
Maria Delizete Bentivcgna Spallicci, Maria Teresa Zulini
da Costa e Marta Maria Melleiro (orgs.) 63. Manual de Conservaráo Preventiva de Documentos:
Papel e Filme
44. O Discurso Ficcional na 1Y: Seduçáo e Sonho em SAUSP
Doses HomeoPáticas
Anna Maria Balogh
64. Conceitos Básicos de Epidemiologia Molecular
Oswaldo Paulo Forattini
45. ])0 Léxico ao Discurso !Jela Informática
Zilda Maria Zapparoli e André Camlong
65. Pre7.lençrio de Cárie Dentária e Doença Periodontal
em Pacientes sob Tratamento Ortodôntico
46. Prtrologia lHetamórjim: Fundamentos para a InterP1Ftaçrio Jos{� Roberto de Magalhães Bastos, Jos{� Fernando
de Diagramas de Fase Castanha Henriques e Kelly Polido Kancshiro Olympio
Maria AngelaFornoni Candia, Gergely AndresJnlio
66. Uma Introduçrio à r,'quaçüo de Boltzmann
Szabó e Eliane Aparecida Del Lama
Gilberto Medeiros Kremer
47. Cartografia Temática: Cadernos de Mapas
67. Introduçâo ri Mecânica Clássica
Vlarcello Martinelli
Artur O. Lopes
48. Método de Elementos Finitos em Análise de r..struturas
68. Capela Saudável: Cestáo de Políticas Públicas Integradas
Humberto Lima Soriano
e Partú:ipativas
49. Técnims Eletroquímicas em Corrosrio Marcia Faria Westphal e Tadeu Dias Pais (orgs.)
Stephan Wolyncc
69. Um Poeta, um Matemático, um Físico:
50. Termodinâmica Três Ensaios Biográficos por Henri Poincaré
\ValterF. \Vreszinski Jorge Sotomayor
51. }\;lecânica Quântica 70. Cálculo em uma Variâvel Real
A.F. R. de Toledo Pi", Plácido Zoega Táboas
Titulo Cálculo em uma Variável Real
Autor Plácido Zoega Táboas
Produçào Silvana Biral
Cristiane Silvestrin
Projeto Gráfico Plinio Martins Filho
Gravura da Capa Lygia Eluf
Diagramaçào da Capa Cristiane Silvestrin
Editoraçâo Eletrônica Plácido Zoega Táboas
Miguel Vinícius Santini Frasson
Rroisào de Provas Thaisa Burani
Daniel Mendes
Divulgaçâo Regina Brandão
Edilena Colombo
Cinzia de Araujo
Secretaria Editorial Eliane dos Santos
Formato 19,5 x 27 em
TiPologia New Baskerville 11/16,2
2
Papel Cartão Supremo 250 g/m (capa)
2
Offset Linha d'água 90 g/m (miolo)
Número de Páginas 344
Tiragem 1500

CTp, Impressào e Acabamento limprensaofiCial

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