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Introdução ao Diodo

Introdução
Diodos, embora pouco conhecidos, são componentes eletrônicos fundamentais para a criação de circuitos,
principalmente quando o projeto irá trabalhar com alta potência. Grande parte dos diodos pode ser
encontrada em drivers de motores DC, como o Shield Motor Driver 2x2A e a Julieta V1.0. Como já vimos o
básico sobre capacitores e resistores, está na hora de darmos um passo a mais e entrar de uma vez por todas
no mundo dos semicondutores.

Neste tutorial vamos ver os principais modelos de diodos, sua fabricação, e algumas aplicações mais usuais
para este componente.

Conceitos Básicos

Polaridade de um Diodo

Fonte: LearnSparkfun

O funcionamento básico de um diodo é permitir que a corrente flua no circuito em apenas um sentido. Os
diodos possuem polaridade (como é possível observar na imagem ao lado), portanto a passagem de corrente
será de acordo com a sua polaridade no circuito. Ou seja, caso o diodo seja polarizado corretamente, ele irá
permitir a passagem de corrente, porém, caso ele seja polarizado inversamente, ele atuará abrindo o circuito,
como na imagem abaixo.
Polaridade de um Diodo no Circuito

Fonte: LearnSparkfun

Esse comportamento característico do diodo gera uma curva de corrente em relação à tensão muito
característica. Essa curva é denominada de curva não ôhmica, já que o diodo não segue a lei de Ohm, e
possui uma dependência não linear com a tensão aplicada em seus terminais.

Curva do Diodo

Fonte: LearnSparkfun
(clique na imagem para ampliar)

O gráfico acima demonstra a curva característica do diodo, onde é possível observar os três quadrantes da
curva: a polarização direta (forward), onde o diodo atua como condutor; a polarização reversa (reverse), onde
o diodo atua como um componente dielétrico, não permitindo a passagem de corrente; e o quadrante de
ruptura (breakdown), onde a tensão de ruptura do diodo é atingida e ele atua novamente como um condutor,
entretanto, permitindo a passagem de corrente no sentido contrário. No gráfico acima, também é possível
observar que a atuação do diodo não é "de graça", já que o mesmo, para atuar como um componente
condutor, provoca uma queda de tensão no circuito (no gráfico, de 0,7 V). Caso você queira aprender mais
sobre essa curva característica do diodo, assista o vídeo do Professor Jalberth Fernandes, onde ele ensina
toda a teoria e os cálculos por trás dessa curva.

Semicondutores
Você provavelmente já deve ter ouvido falar, principalmente com transistores, sobre impurezas N ou P, como
o transistor NPN ou PNP, porém você sabe o que isso significa? Semicondutores são construídos com aditivos,
por meio de um procedimento chamado "dopagem" ("doping"). Esse procedimento insere impurezas que
modificam a condutividade do material. Já as nomenclaturas "N" e "P" estão atreladas ao tipo de dopagem
feita ao material. A dopagem é feita através do compartilhamento de elétrons entre o silício (material
principal de semicondutores) e algum elemento que seja atômicamente compatível para realizar a
polarização de elétrons na camada de valência do átomo.

Dopagem N

Antimônio (Sb)

Fonte: Newton Desk


(clique na imagem para ampliar)

A dopagem tipo N é pentavalente, ou seja, o elemento utilizado, normalmente o Antimônio (Sb), possui 5
elétrons livres na camada de valência, que são compartilhados com outros átomos para alcançar o equilíbrio.
Dessa forma, quando ligado ao Silício (Si), um elétron fica livre.

União Antimônio - Silício

Fonte: Hyper Physics

Dopagem P

Boro (B)

Fonte: Newton Desk


(clique na imagem para ampliar)

A dopagem tipo P é trivalente, ou seja, o elemento utilizado, normalmente Boro (B), possui 3 elétrons livres na
camada de valência, que são compartilhados com outros átomos para alcançar o equilíbrio. Dessa forma,
quando ligado ao Silício (Si), uma lacuna (hole), que corresponde a um déficit de elétron, fica livre.

União Boro - Silício

Fonte: Hyper Physics

Junção PN
Para atuar da maneira que deve, o diodo possui uma junção PN, ou seja, uma região onde os semicondutores
de dopagem P e N se encontram. Um gradiente de alta densidade é criado durante uma migração de elétrons
livres vindos da dopagem N e das lacunas vindas da dopagem P. A imagem abaixo demonstra a camada
criada pela junção dos semicondutores, assim como a migração dos elétrons.

Junção PN

Fonte: ElectronicsTutorials

Os diodos são fabricados utilizando dois conectores metálicos em contato direto com os materiais N e P,
onde o terminal que está em contato com o P é o ânodo, e o que está em contato com o N é o cátodo.

Construção de Diodos

Fonte: Learnaboutlectronics
Modelos
Existem diversos modelos de diodos que são utilizados para aplicações distintintas. Dentre os mais utilizados
e que serão abordados, os diodos retificadores, diodos Zener, diodos emissores de luz e fotodiodos.

Diodos Retificadores
Os diodos retificadores, como são conhecidos, são o modelo mais comum de diodos utilizados para PCBs,
como, por exemplo, o diodo 1N4007. Eles são chamados assim pelo fato de serem capazes de conduzir uma
corrente superior à dos outros modelos.

Diodo 1N4007

Fonte: The Engineering Projects

Cada diodo tem uma tensão máxima na polarização direta (Vf), assim como uma tensão máxima de
polarização reversa e de bloqueio (Vbr). Essas informações podem ser encontradas no datasheet do
componente e são cruciais para a escolha do componente que deverá ser usado em seu projeto.

Diodo Zener
Diodos Zener

Fonte: Frank's Hospital Workshop

Diodos Zener possuem um funcionamento e propósito um pouco diferente de outros modelos, já que eles
foram feitos para trabalhar em polarização reversa para alcançar o quadrante de quebra, que é denominada
tensão Zener.

O diodo Zener possui uma curva característica muito similar à dos outros modelos de diodo, porém eles são
fabricados para trabalhar especificamente em sua zona de ruptura. Quando polarizados inversamente, esses
diodos são capazes de manter a tensão sobre seus terminais praticamente constante (denominada tensão
Zener). Entretanto, caso a corrente que flui por ele seja muito elevada, o componente tende a ser destruído.

Os diodos Zener são subdivididos de acordo com sua tensão Zener e a potência máxima. Por exemplo, um
diodo com tensão Zener de 5,1 V e com potência de 1,3 W suporta uma corrente de até 250 mA para manter a
tensão de 5,1 V em seus terminais.

Light-Emitting Diode
Diodos emissores de luz, mais conhecidos como Light-Emitting Diodes, os famosos LEDs, são um dos, senão o
modelo de diodo mais conhecido na eletrônica.

Modelos de LEDs
Fonte: Wikipedia
(clique na imagem para ampliar)

Você já parou para pensar como o LED emite luz? Basicamente o LED possui o mesmo princípio de
funcionamento de outros diodos, ou seja, utilizar semicondutores dopados para a movimentação de elétrons.
Entretanto, quando polarizado diretamente, a corrente elétrica que passa pelo LED é parcialmente usada
para emitir fótons, transformando energia elétrica em energia luminosa. Esse processo é conhecido como
eletroluminescência. A imagem abaixo demonstra como é feita a montagem de um LED para trabalhar com a
junção PN.
Construção de um LED

Fonte: 1000Bulbs
(clique na imagem para ampliar)

A cor do LED é definida através do material utilizado como semicondutor, ou pela reação ocorrida entre
diferentes semicondutores. Além disso, alguns LEDs costuma utilizar um encapsulamento difuso para
melhorar a definição de cor da luz emitida.

LED RGB

Pinos do LED RGB

Fonte: LearnSparkfun
(clique na imagem para ampliar)

LEDs RGB são diodos emissores de luz com 3 LEDs comuns internos, nas cores vermelha (Red - R), verde
(Green - G) e azul (Blue - B). Assim como os LEDs comuns, o LED RGB possui polaridade, sendo ele ânodo ou
cátodo comum, como na imagem abaixo.
Circuitos de LEDs RGB

As cores emitidas podem ser misturadas de modo a gerar uma cor secundária ou terciária, apenas
combinando a intensidade de luz e a soma de cores.

Fotodiodos

Emissor e Receptor IR

Fotodiodos trabalham com o mesmo princípio de diodos emissores de luz, entretanto, de maneira inversa,
onde eles são polarizados de acordo com a entrada de sinal luminoso. Normalmente são utilizados sinais
infravermelhos para poder enviar sinais modulados. Um exemplo muito comum de um fotodiodo é o
receptor IR.

O sinal de um emissor IR pode ser modulado ou não, ou seja, ele pode ser apenas um sinal contínuo para
simular uma barreira, ou um sinal com uma frequência específica, para enviar uma informação. O emissor
trabalha da mesma maneira que LEDs, porém são emitidas luzes infravermelhas não visíveis ao olho humano.
O fotodiodo, por sua vez, possui um comportamento oposto ao dos LEDs, uma vez que, para ser polarizado, o
mesmo deve receber um sinal luminoso. Um bom jeito de observar essa diferença é nos seus respectivos
símbolos em esquemas elétricos, como na imagem abaixo.

Símbolo do Fotodiodo em Esquemas Eletroeletrônicos

Fonte: All About Circuits

Na imagem acima e à esquerda, temos o símbolo do LED, onde é indicado por duas setas "saindo" do diodo
que esse é um diodo emissor de luz. Em contrapartida, à direita temos o símbolo do fotodiodo, que indica
através de duas setas "entrando" no diodo que o mesmo necessita de um sinal luminoso para ser polarizado.
Aplicações
Diodo de Flyback
Diodos de flyback, ou freewheeling, como são conhecidos, são muito utilizados para acionamento de cargas
indutivas, como, por exemplo, motores. Eles são utilizados em paralelo com a carga acionada, como na
imagem abaixo.

Circuito do Diodo de Flyeback

Fonte: ElectronicsHub

O diodo de flyback é utilizado para evitar picos de corrente e corrente reversa durante a reversão ou
desacoplamento da carga indutiva, como na imagem abaixo.

Circuito do Diodo de Flyeback em Desacionamento

Fonte: ElectronicsHub

Regulador de Tensão
O diodo Zener, por sua característica, pode ser utilizado como um regulador tensão de acordo com as suas
especificações. Para isso, é necessário polarizá-lo em modo reverso em série com um resistor, para limitar a
corrente nos terminais do diodo. Abaixo segue uma imagem de exemplo de como montar um circuito para
trabalhar com esta aplicação.

Circuito Eletrônico para Diodo Zener como Regulador de Tensão

Fonte: Electronics Tutorials

Como é possível observar na imagem acima, a tensão entre os terminais do diodo, ou seja, a tensão de saída
do regulador, é igual à tensão Zener, que pode variar de acordo com o modelo do diodo, podendo ser, por
exemplo, 5 V. O resistor do circuito ("Rs"), deve ser calculado de acordo com a potência, a corrente mínima e a
tensão Zener do diodo para alcançar o quadrante de ruptura.

Display 7 Segmentos
Embora o display de 7 segmentos seja um componente, ele pode ser considerado como uma aplicação para
os diodos emissores de luz, os famosos LEDs, já que, para cada segmento/barra, existe um LED para iluminar
e marcar o espaço desejado, como é possível observar na imagem a seguir.

Display 7 Segmentos Cátodo Comum

Fonte: Circuit Digest

Os displays de 7 segmentos são utilizados para exibir informações numéricas, de maneira simples, para um
usuário.

Controle Remoto de TV
Controles remotos são a aplicação mais comum para emissores infravermelhos. Os emissores infravermelhos
se encontram, normalmente, na parte frontal de controles remotos, como na imagem abaixo, para poder
enviar os sinais de cada botão para o receptor.
Emissor Infravermelho em Controle Remoto

Fonte: CableWholesale

Já receptores de sinais infravermelhos modulados, como o fotodiodo, têm a função de interpretar o sinal
luminoso enviado pelo emissor, e traduzir esse sinal em pulsos elétricos que sejam compreendidos pelo
sistema da televisão, por exemplo. A imagem a seguir demonstra como é enviado o sinal modulado, e como o
mesmo é traduzido em pulsos.

Exemplo de Sinais Infravermelhos

Fonte: LearnParallax

Conclusão
Neste tutorial vimos uma breve introdução sobre semicondutores e a importância dos diodos em diversos
circuitos e aplicações, bem como sua construção e sua curva característica.

por Giovanni de Castro


"Estudante de Automação Industrial pelo IFSP, fazendo sabe-se lá o quê nas horas vagas."

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