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EXCELENTÍSSIMO JUIZ DE DIREITO DA 1º-VARA CRIMINAL DA

COMARCA DE NOVA SERRANA/ MINAS GERAIS

nos autos da Ação penal em epigrafe, inconformado com a sentença monocrática que
julgou procedente o pedido do Ministério Público, vem por meio de seu Procurador, a
presença de Vossa Excelência interpor Apelação para o eg. TJMG pelas razões
anexas.
Requer seja o presente recurso recebido, processado e remetido á instancia superior
para exame e julgamento e ao final seja provido.

Pelos motivos de fato e de Direito a seguir expostos.

Nova Serrana 28 de agosto de 2020.

Clezio Stefano Ferreira Ramos


OAB/MG 134601

Apelante: Marco Antonio Camargos Santos

Rua Geraldo Pinto do Amaral, nº 825, Sala 102, Bairro Romeu Duarte, Nova Serrana/MG
Telefones: (37) 3225-0743/8821-9483/
Apelado: Ministerio Publico

RAZÕES DE RECURSO

Colenda turma Julgadora.

A decisão de fls.176/191, que julgou


procedente o pedido inicial, data vênia merece ser reformada
pelos motivos abaixo elencados.

DO RELATÓRIO

E foram denunciados por prática do delito de tráfico de drogas (art. 33, caput da Lei
n" 11.343/06), nos termos da exordial acusatória.

Auto de Apreensão em fls. 15/16.

Laudos de Constatação Preliminar em fls. 32/36.

Laudo de Constatação Definitiva em fls. 65/66, 69/70, 73/74, 100/105.

Notificações dos denunciados para apresentação de defesas preliminares em fls. 82 e


84.

Apresentação de defesa preliminar em 12 de fevereiro de 2020.

Recebimento da denúncia fls. 113, em 19 de fevereiro de 2020.

Na instrução processual foram ouvidas três testemunhas arroladas pelas partes, através
de carta precatória (fls. 143/145)

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Os acusados foram interrogados (fls. 153 e154)

Vieram os autos para alegações finais.

Sentença de condenação penal (fls. 176 e 191)

Em síntese, são os fatos.

Registre-se desde o início, que Marco Antônio admite a pratica do crime a ele
imputado, entretanto ressalvas devem ser feitas.

Excelência restou-se claro nos autos a predisposição em elucidar os fatos por partes
dos acusados, conforme presenciado por Vossa Excelência e registrado nos autos,
Marco Antônio admitiu ser proprietário da substancia ilícita apreendida, entretanto
não cuidou a acusação de demonstrar que Marco Antônio se dedicava exclusivamente
a atividade de trafico de drogas ou que ainda integrasse alguma facção criminosa,
muito pelo contrario o processo deixa grande lacuna no esclarecimento desse fato em
especifico.

Não há de se falar em afastamento da causa de diminuição de pena prevista no art. 33,


§ 4º, da Lei 11.343/06, especialmente tratando-se de agente primário e de bons
antecedentes, em virtude de presunção de que o acusado fazia da mercancia de
entorpecentes meio de vida - em razão da quantidade de drogas apreendidas - sendo
imperiosa a demonstração, por elementos concretos extraídos dos autos, de que o
agente se dedicava à atividade criminosa ou integrava organização criminosa.

Nobre Julgadores a acusação poderia ter diligenciado durante o processo com


finalidade de comprovar a dedicação a atividade criminosa ou integração a facção,
entretanto não o fez, vindo somente tecer esse tese, destoante dos autos somente em
alegações finais, o que deve ser imperiosamente destacada por medida de inteira
justiça e ainda seguindo a corrente majoritária de jurisprudência conforme podemos
observar abaixo:

PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO. TRÁFICO


DE DROGAS. AUTORIA E MATERIALIDADE.
COMPROVADAS. PROVAS ROBUSTAS. DEPOIMENTO
DOS POLICIAIS. CONFISSÃO DO RÉU. DOSIMETRIA.
CAUSA DE DIMINUIÇÃO. ART. 33, § 4º, DA LEI
11.343/2006. DEDICAÇÃO À ATIVIDADE CRIMINOSA.
NÃO COMPROVADA. TRÁFICO PRIVILEGIADO.
POSSIBILIDADE. FRAÇÃO APLICÁVEL. PARÂMETRO.
QUANTIDADE DE DROGA APREENDIDA. DIMINUIÇÃO

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EM METADE. REDIMENSIONAMENTO DA PENA. 1.
Afigura-se inviável a pretensão da Defesa de absolvição, com
fulcro no art. 386, inciso VII, do CPP, porquanto a
materialidade e a autoria do delito de tráfico de entorpecentes
estão devidamente comprovadas pelas provas documentais e
orais colhidas, que demonstram que o réu mantinha em
depósito substância entorpecente de uso proscrito no Brasil
para fins de difusão ilícita, como o próprio réu confessou. 2.
Os depoimentos dos policiais adquirem especial relevância,
afinal, trata-se de agentes públicos que, no exercício das suas
funções, praticam atos administrativos que gozam do atributo
da presunção de legitimidade, ou seja, são presumidamente
legítimos, legais e verdadeiros, notadamente, quando firmes,
coesos e reiterados, em consonância com a dinâmica dos
acontecimentos e corroborado por outras provas, e sem
indicação de qualquer atitude dos agentes de segurança no
sentido de prejudicar o réu, mas apenas no de coibir a prática
de infrações penais. 3. Não há falar em afastamento da
causa de diminuição de pena prevista no art. 33, § 4º, da
Lei 11.343/06, especialmente tratando-se de agente
primário e de bons antecedentes, em virtude de presunção
de que o acusado fazia da mercancia de entorpecentes meio
de vida - em razão da quantidade de drogas apreendidas -
sendo imperiosa a demonstração, por elementos concretos
extraídos dos autos, de que o agente se dedicava à
atividade criminosa ou integrava organização criminosa. 4.
No tocante à fração aplicável em razão do reconhecimento da
benesse do tráfico privilegiado, optou o legislador por não
definir parâmetros específicos acerca do quantum a ser
aplicado, cabendo ao magistrado, na análise das
circunstâncias, definir o percentual, sendo certo que a
utilização de fração diferente do máximo previsto deve se
encontrar devidamente fundamentada. Na hipótese, a
aplicação da causa de diminuição na fração de 1/2 (metade)
mostra-se consentânea, proporcional e adequada ao caso
concreto e com a quantidade de maconha apreendida na posse
do réu (987,35 g). 5. Recurso da Defesa conhecido e não
provido. Recurso da Acusação conhecido e parcialmente
provido. Redimensionamento da pena.(TJ-DF
20180110147349 DF 0003192-39.2018.8.07.0001, Relator:
CRUZ MACEDO, Data de Julgamento: 10/10/2019, 1ª
TURMA CRIMINAL, Data de Publicação: Publicado no
DJE : 17/10/2019 . Pág.: 175-193)

EMENTA: APELAÇÕES CRIMINAIS. TRÁFICO DE


DROGAS. AUTORIA E MATERIALIDADE
COMPROVADAS. PROVA TESTEMUNHAL ROBUSTA A
EVIDENCIAR O ENVOLVIMENTO DOS RÉUS NA
MERCANCIA ILÍCITA. ABSOLVIÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. RECURSO MINISTERIAL. DECOTE

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DA MINORANTE DO TRÁFICO PRIVILEGIADO.
IMPOSSIBILIDADE. DEDICAÇÃO A ATIVIDADES
CRIMINOSAS NÃO EVIDENCIADA. APLICAÇÃO DA
CAUSA DE DIMINUIÇÃO AO SEGUNDO APELANTE.
REINCIDÊNCIA QUE OBSTA A MEDIDA.
ABRANDAMENTO DO REGIME E SUBSTITUIÇÃO DA
PENA CORPORAL DO TERCEIRO E QUARTO
APELANTES. POSSIBILIDADE. CAUSA DE
DIMINUIÇÃO DE PENA DESCRITA NO ART. 33, § 4º, DA
LEI Nº 11.343/06. INCIDÊNCIA. DELITO HEDIONDO.
ISENÇÃO DAS CUSTAS QUE SE IMPÕE. PRIMEIRO
RECURSO NÃO PROVIDO E SEGUNDO RECURSO
PROVIDO EM PARTE. - Havendo provas robustas a atestar o
envolvimento dos réus na prática da mercancia ilícita,
consubstanciadas em relatos harmônicos dos milicianos e nas
contradições existentes entre suas declarações, não há que se
falar em absolvição - A dedicação a atividades criminosas não
pode se embasar em meras notícias de envolvimento pretérito
com o tráfico. Para tanto, há que se ter condenação transitada
em julgado em desfavor do réu, o que não ocorre no presente
caso - A existência de condenação transitada em julgado em
desfavor do segundo apelante, por si só, é motivo a obstar a
incidência da causa de diminuição do tráfico privilegiado,
ainda que a condenação seja pela prática do delito de uso de
drogas, de menor potencial ofensivo - Consoante precedentes
do Supremo Tribunal Federal, a fixação de regime inicial para
cumprimento de pena corporal, ainda que em casos de crimes
hediondos ou equiparados, deve ser orientada pelos requisitos
do art. 33 do CP, sob pena de afronta ao princípio da
individualização da pena - Na esteira de recente entendimento
sufragado pelo STJ, consubstanciando na Súmula n. 512 do
STJ, a incidência da causa de diminuição de pena descrita no
art. 33, § 4º, da Lei 11.343/06, não desnatura o caráter
hediondo do delito de tráfico de drogas - Preenchidos os
requisitos objetivos e subjetivos do art. 44 do CP, cabível a
concessão das penas substitutivas - Verificado que os réus
foram patrocinados pela Defensoria Pública, a isenção do
pagamento das custas processuais é medida que se impõe. V.
V - A incidência da minorante do § 4º do art. 33 da Lei de
Tóxicos afasta a hediondez do delito, entendimento este já
sedimentado pelo Pleno do Supremo Tribunal Federal e pelo
Incidente de Incidente de Uniformização de Jurisprudência nº
1.0145.09.558174-3/003 deste Tribunal.

(TJ-MG - APR: 10024133952408001 MG, Relator: Nelson


Missias de Morais, Data de Julgamento: 09/07/2015, Data de
Publicação: 20/07/2015).

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DOS CRITÉRIOS DE FIXAÇÃO DA PENA

Verificando a situação do apelante, é possível concluir que o réu e primários e de bons


antecedentes e possuem residência fixa.

Nesse sentido entende o Supremo Tribunal Federal, senão vejamos:

EMENTA: HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL. PENAL. TRÁFICO DE


DROGAS. PENA FIXADA EM PATAMAR INFERIOR A DOIS ANOS. PEDIDO
DE CONCESSÃO DE SURSIS. IMPETRAÇÃO PREJUDICADA. CONCESSÃO
DA ORDEM DE OFÍCIO PARA RECONHECER A POSSIBILIDADE DE
SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR RESTRITIVA DE
DIREITOS.

1. O Supremo Tribunal Federal assentou serem inconstitucionais os arts.  33, § 4º,


e 44, caput, da Lei n. 11.343/2006, na parte em que vedavam a substituição da pena
privativa de liberdade por restritiva de direitos em condenação pelo crime de tráfico
de entorpecentes (HC 97.256, Rel. Min. Ayres Britto, sessão de julgamento de
1º.9.2010, Informativo/STF 598).
(…)

5. Concessão de ofício para reconhecer a possibilidade de se substituir a pena


privativa de liberdade aplicada ao Paciente por restritiva de direitos, desde que
preenchidos os requisitos objetivos e subjetivos previstos em lei, devendo a análise ser
feita pelo juízo do processo de conhecimento ou, se tiver ocorrido o trânsito em
julgado, pelo juízo da execução da pena.

Ainda no que tange ao entendimento do STF:

EMENTA: HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. ART. 33 DA


LEI 11.343/2006: IMPOSSIBILIDADE DE CONVERSÃO DA PENA PRIVATIVA
DE LIBERDADE EM PENA RESTRITIVA DE DIREITOS. DECLARAÇÃO
INCIDENTAL DE INCONSTITUCIONALIDADE. OFENSA À GARANTIA
CONSTITUCIONAL DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA (INCISO XLVI DO
ART. 5º DA CF/88). ORDEM PARCIALMENTE CONCEDIDA.
(…)

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3. As penas restritivas de direitos são, em essência, uma alternativa aos efeitos
certamente traumáticos, estigmatizantes e onerosos do cárcere. Não é à toa que todas
elas são comumente chamadas de penas alternativas, pois essa é mesmo a sua
natureza: constituir-se num substitutivo ao encarceramento e suas sequelas. E o fato é
que a pena privativa de liberdade corporal não é a única a cumprir a função
retributivo-ressocializadora ou restritivo-preventiva da sanção penal. As demais penas
também são vocacionadas para esse geminado papel da retribuição-prevenção-
ressocialização, e ninguém melhor do que o juiz natural da causa para saber, no caso
concreto, qual o tipo alternativo de reprimenda é suficiente para castigar e, ao mesmo
tempo, recuperar socialmente o apenado, prevenindo comportamentos do gênero.

(…)

Assim, ao apelante deve ser deferida a conversão da pena privativa de liberdade por
restritiva de direitos, conforme garantida pela lei penal; e ainda, que sua pena seja
fixada no mínimo legal pelas circunstâncias já elencadas.

Outro ponto causa estranheza excelentíssimos e que mesmo tratando-se do mesmo


crime e da mesma conduta, possuindo os réus circunstâncias judiciais idênticas o juízo
aquo, fixa pena base para o apelante em 7 anos e para o correu em 5 anos, sendo
assim pelo principio da isonomia merece ser reformada também este ponto da
sentença.

Observa-se nobre julgadores, que ao definir o regime inicial de cumprimento de pena


do apelante o juízo de primeiro grau, indica o dispositivo legal incorreto o qual seja
artigo 33,§2°,a, sendo que tal dispositivo trata de pena superior a 8 anos, não
trazendo qualquer fundamentação para aplicação do regime fechado, sendo assim
resta imperiosa a reforma da sentença neste sentido, uma vez que a pena aplicada é de
5 anos e 10 meses, tendo direito o apelante de iniciar o cumprimento da pena no
regime semiaberto.

DO PEDIDO

Pelo exposto, requer Vossa Excelência digne-se de:

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Telefones: (37) 3225-0743/8821-9483/
1. Seja aplicada a causa especial de diminuição prevista no art. 33, § 4º, fixando
no mínimo legal, convertendo-a em restritiva de direitos, conforme
entendimento pacificado do Supremo Tribunal Federal, e que o denunciado
possa apelar em liberdade nos termos do art. 283 do CPP, por preencher os
requisitos objetivos para tal benefício.

2. Subsidiariamente seja reformado a pena base e consequentemente a pena final


com base no princípio da isonomia.

3. Seja deferido o direito do apelante ao correto regime inicial de cumprimento de


pena, (regime semiaberto)

Nesses termos,

Pede deferimento.

Nova Serrana 12 de julho de 2020.

Clezio Stefano Ferreira Ramos

OAB/MG 134601

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