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A fatoração de Leibniz e o Problema 25 - Capítulo 19 - História da Matemática – BOYER Carl B.

Antecedendo a resolução do problema 25 do capítulo 19 do livro História da Matemática, far-se-á a


verificação da fatoração de Leibniz para x 4 + a 4 expressa no texto:

→ x 4 + a 4 = x 4 − a 4i 2 = ( x 2 ) − ( a 2i ) = ( x 2 − a 2i )( x 2 + a 2i ) = ( x 2 − a 2i )  x 2 − a 2 ( −i )  ⇒
2 2

(
⇒ x4 + a 4 = x − a i )( x + a i )( x − a −i )( x + a −i ) , na qual i = −1 .

Problema 25 - Capítulo 19

Verifique a afirmação de Leibniz de que 6 = 1 + −3 + 1 − −3 .

Resolução:

A afirmação de Leibniz para a decomposição imaginária de um número real positivo pode ser escrita,
entretanto, como 6 = 1 + i 3 + 1 − i 3 , assumindo que i = −1 . Seja, então, o desenvolvimento da
expressão, na qual a e b são considerados reais:

( )
2
→ a + ib + a − ib = a + ib + 2 ⋅ a + ib ⋅ a − ib + a − ib ⇒

( ) ( a + ib )( a − ib ) = 2a + 2 a 2 − ( ib ) ⇒
2
a + ib + a − ib = 2a + 2
2

( ) ( )
2
⇒ a + ib + a − ib = 2 a + a 2 + b2

Para comprovar a afirmação de Leibniz, deve-se ter

( ) ( )
2
→ 2 a + a 2 + b2 = 6 ⇒ a + a 2 + b2 = 3 ⇒ a2 + b2 = 3 − a ⇒ a2 + b2 = (3 − a ) ⇒
2

⇒ a 2 + b 2 = 9 − 6a + a 2 ⇒ b 2 = 9 − 6a
A partir da relação acima, admitindo-se que a deve ser inteiro positivo, tem-se
- para a = 1 :
→ b 2 = 9 − 6 ⋅1 ⇒ b 2 = 3 ⇒ b = 3
- para a = 2 :
→ b 2 = 9 − 6 ⋅ 2 ⇒ b 2 = −3 ⇒ b = −3 ⇒ b = i 3
Nota-se que, para valores de a maiores que 1, o valor de b é imaginário, o que não condiz com a hipótese
assumida inicialmente. Daí, tem-se, para a = 1 e b = 3 ,

( ) 
( ) ( 
) = 2 (1 + )
2 2 2
→ 1+ i 3 + 1− i 3 = 2 1 + 12 + 3 ⇒ 1+ i 3 + 1− i 3 1+ 3 ⇒
 
⇒ ( 1+ i 3 ) = 2 (1 + 2 ) ⇒ ( 1 + i 3 + 1 − i 3 ) = 6 ⇒
2 2
3 + 1− i

⇒ 1+ i 3 + 1− i 3 = 6
Em tempo:
Nota-se que, se a for inteiro negativo, várias expressões podem ser encontradas para 6:
- para a = −1 :
→ b 2 = 9 − 6 ⋅ ( −1) ⇒ b 2 = 15 ⇒ b = 15
a partir do que se escreve:

( ) ( ) ( ) 
( 15 ) 
2
( −1)
2 2
a + ib + a − ib = 2 a + a 2 + b2 ⇒
2
→ −1 + i 15 + −1 − i 15 = 2  −1 + +  ⇒
 

( ) = 2 ⋅ ( −1 + 1 + 15 ) = 2 ⋅ ( −1 + 4) ⇒
2
⇒ −1 + i 15 + −1 − i 15

⇒( −1 − i 15 ) = 6 ⇒ −1 + i 15 + −1 − i 15 =
2
−1 + i 15 + 6;

- para a = −2 :
→ b 2 = 9 − 6 ⋅ ( −2 ) ⇒ b 2 = 21 ⇒ b = 21
a partir do que se escreve:

( ) ( ) ( ) 
( )
2 
2
( −2 )
2
→ a + ib + a − ib = 2 a + a 2 + b2 ⇒ −2 + i 21 + −2 − i 21 = 2  −2 +
2
+ 21  ⇒
 

( ) ( ) ( ) =6 ⇒
2 2
⇒ −2 + i 21 + −2 − i 21 = 2 ⋅ −2 + 4 + 21 = 2 ⋅ ( −2 + 5 ) ⇒ −2 + i 21 + −2 − i 21

⇒ −2 + i 21 + −2 − i 21 = 6 ;
e assim sucessivamente. Ou seja, a partir do momento em que foi assumida a igualdade
( )
2 a + a 2 + b 2 = 6 , que implica na relação b 2 = 9 − 6a , pôde-se escrever várias expressões semelhantes
àquela de Leibniz.

Outra forma de verificar a afirmação de Leibniz, mais direta:

( ) = 1+ i 3 + 2 ⋅ 1+ i 3 ⋅ 1− i 3 +1− i 3 ⇒
2
→ 1+ i 3 + 1− i 3

⇒ ( 1+ i 3 ) = 2 + 2 ⋅ (1 + i 3 )(1 − i 3 ) = 2 + 2 ⋅ 1 − 3i = 2 + 2 ⋅
2
3 + 1− i 2 2
1+ 4 ⇒

⇒ ( 1+ i 3 ) = 2 + 2 ⋅ 2 = 6 ⇒ 1+ i 3 + 1− i 3 = 6 .
2
3 + 1− i

Para as outras expressões acima:

( ) = −1 + i 15 + 2 ⋅ −1 + i 15 ⋅ −1 − i 15 −1 − i 15 ⇒
2
→ −1 + i 15 + −1 − i 15

⇒ ( 1 + i 3 + 1 − i 3 ) = −2 + 2 ⋅ ( −1 + i 15 )( −1 − i 15 ) = −2 + 2 ⋅ ( −1) − 15i = −2 + 2 ⋅
2
2 2
1 + 15 ⇒

⇒ ( −1 + i 15 + −1 − i 15 ) = −2 + 2 ⋅ 4 = 6 ⇒ −1 + i 15 + −1 − i 15 = 6 .
2
( ) = −2 + i 21 + 2 ⋅ −2 + i 21 ⋅ −2 − i 21 − 2 − i 21 ⇒
2
→ −2 + i 21 + −2 − i 21

⇒( 21 ) = −4 + 2 ⋅ −2 + i 21 ⋅ −2 − i 21 = −4 + 2 ⋅ ( −2 + i 21 )( −2 − i )
2
−2 + i 21 + −2 − i 21 ⇒

⇒( 21 ) = −4 + 2 ⋅ ( −2 ) − 21i = −4 + 2 ⋅ 4 + 21 ⇒
2
−2 + i 21 + −2 − i
2 2

⇒( 21 ) = −4 + 2 ⋅ 5 = 6 ⇒ −2 + i 21 + −2 − i 21 = 6 .
2
−2 + i 21 + −2 − i

Comentário:

Obviamente, partindo-se da expressão conhecida fornecida por Leibniz, fica relativamente fácil escrever
as expressões anteriores. Contudo, o caminho que o matemático seguiu, se foi partindo de 6 , é bastante
mais complicado se não houver a noção da resposta, lembrando ainda que tudo foi feito no século 17. Ou
seja, provar que 6 é igual a 1 + i 3 + 1 − i 3 é mais difícil que o inverso.

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