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CURSO DE TANATOLOGIA TAREFA DO MÓDULO III

Silvialine Fontenele Ramos

Um tabu expressa tanto interdições como valores e meios de comunicação de uma sociedade
com a morte. Comente como esse processo acontece usando exemplos da nossa cultura.

No Ocidente, o tema da morte é um tabu. Erguemos um muro entre os mortos e os


vivos, como se assim pudéssemos afastar a morte. O comportamento é não falar sobre. À
diferença de nós, os povos primitivos têm o culto dos ancestrais para entrar em contato com o
falecido, no intuito de reverenciá-lo ou se fazer ajudar por ele. O morto é integrado no mundo
dos vivos, que se separam dele sem perdê-lo.
Na falta de um culto dos ancestrais, o recurso que nós temos para superar o drama da
morte é a rememoração. Perder o ser amado não significa deixar de tê-lo. Graças à memória,
ele pode ficar conosco. Fazer o luto é entender isso. Implica tempo não cronológico.
Acostumar-se com a morte não significa se preocupar com ela. Nada é pior do que
viver angustiado diante da ideia de não poder conservar o ser amado até o fim dos tempos.
Quem vive assim, fica infeliz antes da hora. Preocupar-se com o futuro significa perder o
presente, deixar de gozar a vida. Temer a perda é como perder.
Uma das consequências de fazer da morte um tabu é viver numa sociedade
despreparada para lidar com o luto. “Quando alguém morre e estamos tristes, todos dizem: vai
passar, não chora! Não damos ao outro o tempo de viver o luto, é estratégia para que a gente
não se lembre que não tem controle sobre tudo”, ou mesmo sobre o reino da positividade
tóxica até mesmo diante de momentos.
Posso inclusive relatar um exemplo vivenciado por mim. Fazia menos de dez dias da
morte do meu pai quando passeando encontrei um colega, provavelmente não sabia, chegou e
falou – Tudo bem? Eu falei que não que estava tudo péssimo. Ela ficou com vergonha e nunca
mais falou comigo. Já no retorno a faculdade estava sempre com expressão facial séria ou
triste. Então uma colega disse que precisava superar que já estava na hora, detalhe não fazia
um mês. E a cobrança para que voltasse a ter expressões mais amigáveis foi terrível. Eu só
queria passar pelo meu luto e no momento ideal voltar minimamente para o cotidiano.

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