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Revisado em
26 de fevereiro de 2010
por
Departamento de Fı́sica
Grupo de Dinâmica Não Linear e Sistemas Dinâmicos Não Lineares
UDESC-Joinville-SC, Brasil
E-mail: dfi2lcm@joinville.udesc.br
2
Sumário
1 Introdução 5
1.1 O Método Cientı́fico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
3 Erros 27
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.2 Classificação dos Erros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.3 Postulados de Gauss . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.3.1 Cálculo do erro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
3.3.2 Representação final da medida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
3.4 Erro relativo percentual E% . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
3.5 Propagação de erros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
3.6 Exercı́cios: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
4 Gráficos 41
4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
4.2 Sistema de Coordenadas Cartesianas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
4.3 Construção do Gráfico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
4 SUMÁRIO
Introdução
O objetivo desta apostila é apresentar, de forma concisa, os conteúdos mı́nimos necessários aos cursos de
Fı́sica Experimental oferecidos aos cursos de Engenharia da FEJ.
O Capı́tulo 1 apresenta o Método Cientı́fico de Galileu, e discute a sua relevância para as ciências experi-
mentais.
O Capı́tulo 2 trata das medidas das grandezas fı́sicas, do processo de medição e operações com medidas
experimentais. Espera-se que, ao final deste capı́tulo, o leitor tenha uma idéia clara de que tipo de grandeza
se pode medir, das possı́veis formas de se realizar esta medida, bem como de seu significado fı́sico, dos
instrumentos de medida disponı́veis no laboratório e da sua precisão e acurácia, dos diferentes sistemas de
unidades usados e de como proceder a conversão de medidas entre estes diferentes sistemas.
O Capı́tulo 3 introduz a noção de erro, os tipos de erros que afetam as medidas experimentais, e também
apresenta o método estatı́stico de tratamento dos dados experimentais, e trata de como se estimar o erro
provável em uma média feita sobre várias medidas.
Finalmente, o Capı́tulo 4 apresenta e discute os procedimentos básicos para a construção de gráficos, os
diferentes tipos de linearizações possı́veis, e o uso dos papéis especiais para a sua construção.
1. observação do fenômeno;
7. validação da teoria inicial proposta, ou revisão e reformulação da teoria, caso os resultados dos novos
experimentos estejam em desacordo com as previsões teóricas, e neste caso, volta-se ao passo número
2.
Com base nesse esquema, a ciência evolui cada vez mais, as vezes com pequenas modificações, as vezes com
grandes revoluções, propondo teorias cada vez mais completas e mais gerais, capazes de explicar classes cada
vez mais vastas de fenômenos naturais.
Na fase da experimentação, são realizadas medidas das grandezas fı́sicas relacionadas ao fenômeno em estudo.
Estas medidas trazem consigo erros que podem ser ou não devido ao processo de medida utilizado, ou do
próprio tratamento matemático dos dados obtidos, ou seja, das operações matemáticas necessárias, que são
efetuadas com as medidas experimentais.
É evidente que todos os passos do método cientı́fico criado por Galileu são importantes, no entanto, a
realização de experimentos para a comprovação de hipóteses e posterior elaboração de uma teoria é, sem
dúvida, bastante delicada e trabalhosa. Isto ocorre porque a dependência da refutação ou não das hipóteses
assumidas está justamente vinculada aos dados colhidos na experimentação. Nesta importante etapa da
experimentação, a chamada coleta de dados, é que são executadas as medidas das grandezas fı́sicas relevantes
envolvidas no problema.
Por maior que seja o conjunto de medidas e testes experimentais feitos, nenhuma hipótese ou teoria pode
ser tida como a verdade absoluta, pois isto não existe na Ciência. A descoberta de apenas um fenômeno em
desacordo com uma teoria pré-estabelecida coloca em cheque a sua validade, e em geral, faz com que ela se
torne objeto de revisão ou reformulação. Em alguns casos há a necessidade de uma reformulação completa,
abandonando-se a teoria antiga ou ampliando-a para uma teoria mais geral, que contenha a teoria antiga e
consiga então explicar os novos fenômenos antes inexplicáveis.
Exemplo 1-1
Talvez o melhor exemplo desse mecanismo dinâmico contido na idéia da Ciência, herdada do
método de Galileu, tenha sido a observação experimental de que a velocidade da luz no vácuo
é sempre a mesma, independente do observador, conforme o resultado da famosa experiência
de Michelson-Morley, realizada em 1887 por Albert Michelson (1852–1931) e Edward Morley
(1838–1923).
Este simples fato levou ao questionamento da validade da Mecânica Clássica, a sólida teoria
criada por Isaac Newton (nascido no ano da morte de Galileu), e desenvolvida por inúmeros
1.1. O MÉTODO CIENTÍFICO 7
Mecânica Clássica
Figura 1.2: Evolução da Mecânica, desde a Mecânica Clássica de Newton, até a moderna Teoria da Rela-
tividade Geral de Einstein.
outros cientistas ao longo de mais de 200 anos, até então sem nenhuma contradição. Este simples
fato, tomado como postulado de uma teoria mais geral, foi proposto em 1905 como fundamental
dentro de uma nova teoria, a Teoria da Relatividade Restrita, de Albert Einstein (1879–1955).
Dentro desta teoria mais geral, a antiga teoria, a Mecânica Clássica, pode ser considerada um caso
particular, válida dentro do chamado limite clássico, ou seja, é válida para sistemas mecânicos
que se movem a baixas velocidades, considerando-se a velocidade da luz como referência. Alguns
anos depois, uma nova teoria mais geral foi proposta, e ampliou ainda mais o âmbito da mecânica,
com o surgimento da Teoria da Relatividade Geral em 1916, também de Einstein.
A medida que uma teoria cientı́fica evolui, pode-se observar uma estrutura hierárquica, onde cada nova teoria
acrescenta, modifica ou invalida conceitos herdados da teoria anterior, ampliando a classe de fenômenos
explicados pela teoria, ou seja, terá que explicar os fenômenos antigos e os novos, não explicados pela teoria
anterior. A Figura 1.2 ilustra graficamente este esquema evolutivo.
É notável também o fato de que a Mecânica Clássica, na sua formulação moderna, juntamente com as idéias
da Teoria Eletromagnética Clássica, unificada por James Clerk Maxell (1831-1879) no ano de 1864, tenha
levado ao desenvolvimento de uma segunda teoria totalmente diferente, a Mecânica Quântica, iniciada em
1900 e baseada inicialmente nas idéias de Max Planck (1858–1947) e posteriormente desenvolvida por vários
fı́sicos nas primeiras décadas do século XX, e que é a base atual de pesquisa na área de Fı́sica Atômica e
Molecular, Fı́sica Nuclear e Quı́mica Quântica, só para citar três.
Atualmente, fı́sicos trabalham na unificação da Teoria da Relatividade Geral com a Teoria Quântica, ou
seja, numa grande teoria unificada capaz de abordar todos os fenômenos fı́sicos observados na natureza, de
forma compacta e elegante.
Einstein, segundo seu biógrafo Abraham Pais [1], disse que a teoria fı́sica tem dois anseios: englobar o
máximo possı́vel de fenômenos e suas conexões e alcançar isso com base no menor número possı́vel de
conceitos independentes e relações arbitrariamente pressupostas.
O método cientı́fico pode ser extendido para as ciências ditas não exatas, como a Medicina, a Biologia,
8 Fı́sica Experimental UDESC-Joinville-SC
Arqueologia, etc. Neste caso, para maior segurança nas conclusões, toda experiência deve ser controlada.
Experiência controlada é aquela realizada com técnicas que permitem descartar as variáveis que podem
mascarar o resultado.
Nesse tipo de experiência, utiliza-se o duplo-cego, um método que utiliza:
• um grupo de controle (um grupo que não é testado, e serve apenas para comprovar que o teste é
válido);
Exemplo 1-2
A navalha de Ockham é um princı́pio atribuı́do ao lógico inglês do século XIV, William de Ockham e que
hoje em dia se enuncia:
se há várias explicações igualmente válidas para um fato, então devemos escolher a mais simples.
A navalha de Ockham tornou-se parte básica do que viria a ser conhecido como método cientı́fico. É um
guia lógico para escolher, entre várias hipóteses a serem verificadas, aquela que contém o menor número de
afirmações não demonstradas, constituindo um dos pilares do reducionismo1 em ciência.
Ao longo da história da ciência a navalha de Ockham foi usada de mais de uma forma. Uma delas é na
escolha da teoria mais simples para explicar um fenômeno, como na escolha da teoria do eletromagnetismo
de Einstein em lugar da teoria do éter luminoso.
1
Reducionismo, em filosofia, é o nome dado a teorias correlatas que afirmam, grosso modo, que objetos, fenômenos, teorias
e significados complexos pode ser sempre reduzidos, a fim de explicá-los, a suas partes constituintes mais simples. O oposto
das idéias do reducionismo constitui o holismo: a idéia de que objetos, fenômenos, teorias e significados têm propriedades como
um todo, que não são explicáveis a partir das propriedades de suas partes.
Capı́tulo 2
• escalares, que ficam completamente definidas por sua intensidade (ou módulo) acompanhada de uma
unidade de medida. Em alguns casos a grandeza pode ser adimensional, não possuindo portanto
unidade;
• vetoriais, que além de uma intensidade (ou módulo) acompanhada de uma unidade de medida,
necessitam de uma direção e um sentido no espaço, para ficarem completamente definidas.
Na maior parte dos casos, a representação numérica da intensidade (ou módulo, ou valor) de medidas de
grandezas não pode ser representada por números inteiros, fazendo-se necessário o uso de números reais, na
10 Fı́sica Experimental UDESC-Joinville-SC
representação decimal.
Na representação decimal, um número possui uma parte inteira e uma parte decimal, ou fracionária, ambas
separadas por uma vı́rgula “,”, como por exemplo em L = 12, 35 m.
É importante se observar que em outros paı́ses, como os de lı́ngua inglesa, por exemplo, utiliza-se um ponto
“.” para a separação das casas decimais da parte inteira de uma medida, como pode ser observado na maioria
das calculadoras de bolso. No Brasil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), recomenda o uso
exclusivo da vı́rgula como separador da parte decimal de medidas, e do ponto para separação dos milhares,
como por exemplo em 1.490, 0. Portanto, deve-se usá-la na representação de medidas reais, em pesquisas
ou mesmo em trabalhos universitários ou escolares. Veja-se vários exemplos na Tabela 2.1.5.
Multiplicação
Divisão
a
(a × 10m ) ÷ (b × 10n ) = × 10m−n
b
Potenciação
(a × 10n )m = am × 10n×m
Radiciação
√ √
m
a × 10n = m
a × 10n/m
Adição e subtração
Inicialmente, colocamos todos os números na mesma potência de 10 (de preferência na maior), e em seguida,
colocamos a potência de 10 em evidência e, finalmente, somamos ou subtraı́mos as partes numéricas.
Exemplo 2-1
2.1. MEDIDA DE UMA GRANDEZA 11
cm 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Haste A
cm 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Haste B
Figura 2.1: Medida direta do comprimento de duas hastes A e B, realizadas com uma régua centimetrada,
ou seja, com divisões a cada centı́metro da escala.
Exemplo 2-2
A Figura 2.1 representa parte de uma régua centimetrada, ou seja, com divisões em centı́metros,
com a qual são feitas as leituras (medida direta) dos comprimentos de duas hastes diferentes: A
e B.
Para a haste A, um observador poderia ler o seu comprimento (grandeza a ser medida) como:
5, 9 cm, 5, 7 cm, ou talvez 5, 8 cm. Cada uma destas medidas tem dois algarismos significativos.
O primeiro lido com certeza na escala centimetrada, e o último arbitrado com bom senso, o
chamado algarismo duvidoso, assim denominado porque é obtido de uma estimativa do valor
entre dois traços indicativos de centı́metros.
Devido ao fato de que a escala da régua (em centı́metros) só permite certeza na parte inteira da
medida (os centı́metros). Assim, o primeiro algarismo da sua parte decimal (casa dos décimos de
centı́metros) só pode ser estimado “a olho”, sendo, portanto, o dito duvidoso. Uma vez arbitrado
o algarismo duvidoso e definida a unidade de medida utilizada, a medida está completa.
Sempre que se efetua uma medida, seu valor é representado por um número (módulo ou inten-
sidade) acompanhado de uma unidade. Esse número contém a quantidade máxima possı́vel de
algarismos significativos, sendo o último o duvidoso.
Neste caso, jamais se poderia encontrar valores tais como 5, 91 cm ou 5, 732 cm, pois se o décimo
de centı́metro (o duvidoso) lido já foi escolhido arbitrariamente, não faria sentido a escolha de
um segundo algarismo duvidoso para representar os centésimos de centı́metros da medida.
12 Fı́sica Experimental UDESC-Joinville-SC
Para a haste B, um observador poderia ler o seu comprimento como: 15, 2 cm, 15, 3 cm, ou talvez
15, 4 cm. Cada uma destas medidas tem três algarismos significativos. Os primeiros dois lidos
com certeza na escala centimetrada, e o último o duvidoso, obtido como explicado no caso da
haste A. Observe que para ambas as hastes, as medidas de comprimento possuem o mesmo
número de casas decimais (apenas uma), mas diferentes números de algarismos significativos
(dois e três, respectivamente).
Uma medida deve, então, ser composta por todos os algarismos de que se tem certeza acompanhados por
apenas um duvidoso. Por isso, a medida em centı́metros feita para o comprimento da haste A do Exemplo
2 deve ser expressa com uma casa decimal, e portanto, com dois algarismos significativos. Para a haste B,
mais longa, a medida apresenta três algarismos significativos, e também apenas uma casa decimal.
cm 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Haste A
cm 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Haste B
Figura 2.2: Medida direta do comprimento de duas hastes A e B, feitas com uma régua milimetrada.
Exemplo 2-3
A Figura 2.2 representa parte de uma régua milimetrada com a qual é feita a leitura (medida
direta) do comprimento de uma haste.
Para a haste A, um observador poderia ler o comprimento da haste como: 5, 95 cm, 5, 96 cm, ou
5, 97 cm. Cada uma destas medidas tem três algarismos significativos. O último é o duvidoso,
uma vez que é uma estimativa do valor entre dois traços indicativos de milı́metros. Em conclusão,
sempre que se efetua uma medida, seu valor é representado por um número, acompanhado de
uma unidade. Esse número contém a quantidade máxima possı́vel de algarismos significativos,
sendo o último o duvidoso. Neste caso, jamais se poderia encontrar valores tais como 5, 950 cm
ou 5, 9552 cm. Isto devido ao fato de que a escala da régua (em milı́metros) só permite certeza
na primeira casa decimal (casa dos milı́metros). Assim, o algarismo da segunda casa decimal
(casa dos décimos de milı́metros) só pode ser estimado “a olho”, sendo, portanto, o duvidoso
(último algarismo significativo da medida).
É importante observar que para uma outra haste com mais de 10 cm de comprimento, e menos de
100 cm, a medida obtida com o mesma régua do Exemplo 3 teria quatro algarismos significativos,
já que teria um ordem de grandeza a mais do que a medida da régua mostrada. Por exemplo,
para a haste B, se fosse lido 15, 22 cm, terı́amos ainda duas casas decimais, porém essa medida
apresenta quatro algarismos significativos. E assim por diante, para medidas entre 100 e 1000 cm,
mais um algarismo significativo teria a medida, sendo feita com a mesma régua milimetrada, e
assim sucessivamente.
2.1. MEDIDA DE UMA GRANDEZA 13
Em alguns casos, por limitações visuais ou mesmo impossibilidade de fixação do objeto a ser medido sobre
a escala de medida (no caso da régua), não se consegue obter o número máximo de casas decimais que, em
condições ideais, poderiam se lidas no instrumento. Deve-se, neste caso, com bom senso, parar-se a leitura
dos dı́gitos sempre no primeiro algarismo duvidoso encontrado para a medida.
Exemplo 2-4
Fazendo-se incidir uma feixe laser sobre uma escala milimetrada, a leitura da medida fica limitada
pelo tamanho do “ponto” de luz observado, que é maior do que a menor divisão de escala usada,
o milı́metro. Neste caso, pode-se ler com certeza sobre a escala o dı́gito correspondente aos
centı́metros, sendo que o dı́gito correspondente aos milı́metros já é o duvidoso da medida. A
partir desse ponto, não faz mais sentido se tentar ler mais nenhum dı́gito, pois já se tem dúvida
sobre o dı́gito anterior. Veja a Fig. 2.3.
cm 1 2 3 4 5 6 7 8
u
Figura 2.3: Medida direta da posição de um feixe laser feita sobre uma escala milimetrada.
A menor divisão de escala de um aparelho define o número máximo de casas decimais que
podem ser lidas, porém há casos em que este número máximo não pode ser atingido.
Definição: Podemos definir então que a precisão de uma medida direta depende da menor divisão da escala
do instrumento de medidas usado na medição, sendo da mesma ordem de grandeza desta. Assim define-se
a precisão máxima de um aparelho de medida como a sendo a metade da menor medida que
pode ser feita com certeza com este aparelho, ou seja, sua precisão é numericamente igual
à metade da sua menor divisão de escala. Por extensão, definiremos que a precisão de uma medida
direta é a precisão do aparelho de medidas de onde foi obtida. Desta forma, espera-se que o valor de uma
grandeza esteja sempre no intervalo:
medida = (valor medido) ± (metade da menor divisão de escala).
Para os exemplos da Figura 2.1 a precisão das medidas obtidas é igual a 0, 5 cm, independente do valor
medido. Nos exemplos da Figura 2.2 para a régua milimetrada, a precisão das medidas é de 0, 5 mm,
portanto dez vezes maior do que a obtida com a régua centimetrada.
14 Fı́sica Experimental UDESC-Joinville-SC
Esta é uma definição operacional bem prática do conceito de precisão, porém é exatamente o que precisamos
para a maioria das medidas e instrumentos usados nos laboratórios das disciplinas de Fı́sica Experimental
da FEJ.
Para obter uma medida direta do comprimento da haste com um número maior de casas decimais, ou uma
maior precisão, é necessário que a mesma seja efetuada com instrumento mais preciso (com uma escala com
mais subdivisões) que a régua lá utilizada, por exemplo, com o uso de um paquı́metro ou um micrômetro.
Outra forma de se conseguir aumentar a precisão da medida de uma grandeza, além da precisão do instru-
mento de medida utilizado, é baseada na repetição de medições feitas com a um dado aparelho de medidas,
e do uso correto da análise e inferência estatı́stica, conforme será estudado no Capı́tulo 3.
Os zeros à esquerda do primeiro algarismo significativo nas transformações acima, não são significativos,
servem apenas para fixar a vı́rgula. De maneira geral, todos os algarismos de uma medida são significativos,
exceto o zero quando serve apenas para localizar a posição da vı́rgula.
A regra acima é baseada no fato de que, na grande maioria dos casos, a transformação de unidades é
apenas multiplicativa, ou seja, os zeros de duas escalas diferentes da mesma grandeza coincidem em geral,
apenas sendo necessário uma correção multiplicativa (por um fator constante) para proceder a conversão
de unidades.
Exemplo 2-5
Para a conversão de uma medida de comprimento x = 10, 8 pol em centı́metros fazemos simples-
mente o produto
x = 10, 8 pol = (10, 8 pol)(2, 54 cm/pol) = 27, 4 cm
Existe porém uma exceção importantı́ssima à esse regra, de uso bastante comum na Fı́sica, que ocorre nas
transformações de temperaturas entre escalas térmicas diferentes, em geral. Por exemplo, entre as escalas
mais usadas, que são as escalas Kelvin e Celsius, como os zeros das escalas não coincidem e mesmo
sendo ambas as escalas centı́gradas, há a necessidade de uma correção aditiva para proceder a conversão de
unidades.
Exemplo 2-6
Para a conversão de uma medida de temperatura TC = 27, 5 ◦ C feita na escala Celsius, para a
escala absoluta ou Kelvin, procedemos simplesmente a soma
K
T = TC × ◦ + 273, 15 K = 27, 5 K + 273, 15 K = 300, 6 K
C
2.1. MEDIDA DE UMA GRANDEZA 15
e se observa claramente que neste caso, a regra de arredondamento a ser usada é a da soma, o
que permite que se escreva a temperatura na nova escala com quatro algarismos significativos,
apesar da medida original possuir apenas três algarismos significativos!
Outro caso interessante, onde ambos os ajustes multiplicativos e aditivos são necessários ocorre, por exemplo,
em transformações de temperaturas entre as escalas Celsius e Fahrenheit.
Exemplo 2-7
Para converter a mesma temperatura TC = 27, 5 ◦ C do exemplo anterior para a escala Fahrenheit,
fazemos ◦
9F
TF = TC × + 32 ◦ F
5◦ C
9◦
TF = 27, 5 × F + 32◦ F = 49, 5 ◦ F + 32◦ F = 81, 5◦ F
5
onde considerou-se os números 5, 9 e 32 como constantes exatas, por definição.
Exemplo 2-8
Na Tabela 2.1.5 estão mostradas várias grandezas fı́sicas comuns, com sua classificação,
exemplo de medidas, suas respectivas unidades.
1
A medida de um ângulo plano θ é a razão do comprimento s de um arco de uma circunferência pelo seu raio R, ou seja,
θ ≡ s/R.
16 Fı́sica Experimental UDESC-Joinville-SC
Tabela 2.1: Algumas grandezas fı́sicas bastante usadas, seu tipo, seu sı́mbolo usual (S), sua unidade no
Sistema Internacional (SI), um exemplo de uma medida da grandeza com o seu número de casas decimais
(NCD) e de algarismos significativos (NAS).
Considere as seguintes expressões: 3 m; 300 cm; 3000 mm. Ainda que representem a mesma dimensão,
aparecem escritas com diferentes números de algarismos significativos, ou seja, um, dois e quatro, respectiva-
mente. Isto como resultado de uma medição tem diferentes significados. Se é dito que algo mede 3000 mm,
está assegurada a precisão da medida até o milı́metro. Se são empregadas distintas unidades, porém, com
o mesmo número de algarismos significativos, as três expressões acima, para uma precisão de um algarismo
significativo, devem ser escritas assim: 3 m, 3 × 102 cm ou 3 × 103 mm.
Se a precisão for de quatro algarismos significativos, tem-se: 3, 000 m, 3, 000 × 102 cm ou 3, 000 × 103 mm.
No último caso, todos os números são expressos em notação cientı́fica. Esta notação consiste em utilizar
apenas um algarismo significativo (não nulo) antes da vı́rgula, multiplicado por uma potência de dez repre-
sentativa da ordem de grandeza da medida, seguida pela unidade correspondente. Logo, o algarismo antes
da vı́rgula é um número inteiro entre 1 e 9, inclusive.
Regras práticas
• números maiores que 1: deslocamos a vı́rgula para a esquerda, até atingir o primeiro algarismo do
número. O número de casas deslocadas para a esquerda corresponde ao expoente positivo da potência
de 10.
2.1. MEDIDA DE UMA GRANDEZA 17
• números menores do que 1: deslocamos a vı́rgula para a direita, até o primeiro algarismo diferente
de zero. O número de casas deslocadas para a direita corresponde ao expoente negativo da potência
de 10.
Exemplo 2-9
ATENÇÃO Qualquer medida fı́sica deve ser escrita com a quantidade correta de algarismos significativos
e com as devida unidade de medida.
Múltiplos Sub-Múltiplos
Prefixo Nome Multiplicador Prefixo Nome Multiplicador
D deca 102 d deci 10−2
k kilo 103 m mili 10−3
M mega 106 µ micro 10−6
G giga 109 n nano 10−9
T tera 1012 p pico 10−12
Tabela 2.2: Tabela dos múltiplo e sub-múltiplos mais usados na Fı́sica, com exceção do prefixo deca (D),
de uso raro.
Para indicar-se os múltiplos de uma unidade, utilizam-se os prefixos maiúsculos (k, M, G, T , etc), com
exceção do prefixo k já que a letra K é utilizada na Fı́sica para a unidade de temperatura absoluta, o kelvin.
Para os sub-múltiplos de uma unidade, são utilizados os prefixos minúsculos (m, µ, n, p, etc). O fator de
multiplicação para os múltiplos e sub-múltiplos são os dados na Tabela 2.1.7.
Lembrando-se do fator de multiplicação definido para cada prefixo, o cálculo da multiplicação e divisão de
medidas será facilitado, podendo-se em muitos casos cancelar os prefixos, ou trocar-se por outro equivalente.
18 Fı́sica Experimental UDESC-Joinville-SC
Observação: Para evitar-se ambigüidades, quando duas grandezas fı́sicas aparecem multiplicadas, deve-
se utilizar um ponto centralizado (“·”) entre elas, indicando o produto. Por exemplo, uma força pode ser
representada na unidade milinewton (mN), porém para representar-se um torque pode-se usar uma unidade
composta metro-newton (m · N), ou de forma equivalente, o newton-metro (N · m), já que o produto aqui
é comutativo. No caso dos prefixos, indicando múltiplos ou sub-múltiplos, como o próprio nome indica,
deve-se colocar o prefixo sempre antes da unidade, e sem nenhum ponto ou espaço entre eles.
Notação a partir deste ponto em diante, usaremos um traço sobre o dı́gito (algarismo) para indicar o
primeiro algarismo duvidoso de um resultado, que deverá ser arredondado.
1. Se os algarismos desprezados numa expressão formarem números SUPERIORES a 5, 50, 500, etc.,
o algarismo significativo imediatamente anterior aos desprezados deve ser AUMENTADO de uma
unidade.
Exemplo 2-10
2. Se os algarismos desprezados numa expressão formarem números INFERIORES a 5, 50, 500, etc., o
algarismos significativo imediatamente anterior aos desprezados não se modifica.
Exemplo 2-11
3. Se os algarismos desprezados numa expressão formarem números IGUAIS a 5, 50, 500, etc., deve-se
proceder como segue:
Esta última regra implementa um critério de desempate para os casos em questão. Observe que o
algarismo zero é considerado como sendo um número par, para uso da regra. Veja os exemplos abaixo.
Exemplo 2-12
Exemplo 2-13
20 Fı́sica Experimental UDESC-Joinville-SC
5, 3 m + 4, 38 m = 9, 68 m = 9, 7 m
2 m + 22 cm + 2 mm = 2, 222 m = 2 m
14, 54 s + 408, 1 s + 0, 333 s = 422, 973 s = 423, 0 s = 4, 230 × 102 s
1, 0 g + 0, 015 g = 1, 015 g = 1, 0 g
6 + 7 = 13 = 13
138, 95 m − 12, 3 m = 126, 65 m = 126, 6 m = 1, 266 × 102 m
118, 56 s − 58, 305 s = 60, 255 s = 60, 26 s = 6, 026 × 101 s
5, 00 g − 2, 016 g = 2, 984 g = 2, 98 g
122 − 115 = 7 = 7
10, 0 − 9 = 1 = 1
Observações
1. Quando as medidas a serem somadas (ou subtraı́das) estiverem em diferentes unidades, deve-se antes
da operação, fazer a conversão para uma unidade comum.
2. Na adição (subtração) de duas ou mais medidas o resultado poderá conter mais (menos) algarismos
significativos do que as parcelas, e com isso, ganha-se uma precisão maior (menor).
Exemplo 2-14
1, 52834 m × 3, 38 m = 5, 1657892 m2 = 5, 17 m2
832 N/m × 0, 25 m2 = 208 J = 2, 08 × 102 J = 2, 1 × 102 J
0, 315 A × 5327 Ω = 1678, 005 V = 1, 678005 × 103 V = 1, 68 × 103 V
(8, 3 m)4 = 4745, 8321 m4 = 4, 7458321 × 103 m4 = 4, 7 × 103 m4
2 times70 = 140 = 1, 40 × 102 = 1 × 102
57, 38 cm ÷ 28, 1 s = 2, 041992882 cm/s = 2, 04 cm/s
1, 68 V ÷ 5327 Ω = 0, 000315374 A = 3, 15 × 10−4 A
8, 44 g ÷ 10, 726 cm3 = 0, 786873 g/cm3 = 7, 87 × 10−1 g/cm3
15 ÷ 2 = 7, 5 = 8
2.3. OPERAÇÕES COM ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS 21
Observações
1. Nas demais operações, tais como radiciação, logaritmação, cálculo de funções trigonométricas,
potenciação, etc., efetua-se a operação normalmente e mantém-se o número de algarismos significa-
tivos da medida que está sendo operada, ou seja, utiliza-se a mesma regra da multiplicação.
2. Em operações que envolvem constantes exatas e medidas experimentais deve-se preservar o número
de algarismos significativos da medidas, considerando-se que as constantes existentes nas fórmulas
possam ser expandidas com quantos algarismos se queira. Em geral, basta que se use mais algarismos
(casas decimais) para as constantes do que se usa para o fator (parcela) mais pobre. Exemplo: nas
calculadoras de bolso, o valor de π vem pré-calculado com cerda de oito ou dez algarismos significativos,
o que em geral é maior do que a precisão da medida do diâmetro de uma esfera, o que será suficiente
para o cálculo do seu volume, ou seja, nenhum erro será acrescentado pelo valor usado para π. Veja-se
o exemplo abaixo.
Exemplo 2-15
4 4 4
V = π r 3 = × 3, 1416 × (2, 00 cm)3 = × 3, 1416 × 8, 00 cm3 = 33, 5104 cm3 = 33, 5cm3
3 3 3
A = 4π r 2 = 4 × 3, 1416 × (2, 00 cm)2 = 4 × 3, 1416 × 4, 00 cm2 = 50, 2626 cm2 = 50, 3cm2
Observações
1. Quando um cálculo com várias parcelas (fatores) utiliza sempre operações que seguem a mesma regra
de arredondamento, procede-se o cálculo e arredonda-se ao final. Isto ocorre na soma (ou subtração)
de várias parcelas ou no produto (divisão) de vários fatores, por exemplo.
2. Quando um cálculo exige o uso alternado de operações cujos resultados seguem diferentes regras de
arredondamento, segue-se o algarismo duvidoso para arredondamento ao final do cálculo, ou então
arredonda-se os resultados parciais a cada vez que a regra é alterada. Veja-se o exemplo abaixo.
Exemplo 2-16
22 Fı́sica Experimental UDESC-Joinville-SC
j) Ache o coeficiente angular m da reta a partir dos pontos experimentais: P1 (2, 1 s; 12, 5 cm) e
P2 (12, 4 s; 64, 2 cm).
y2 − y1 64, 2 cm − 12, 5 cm 51, 7 cm
m= = = = 5, 0194 . . . cm/s = 5, 02 cm/s
x2 − x1 12, 4 s − 2, 1 s 10, 3 s
k) Sendo x(t) = xm cos(ωt + φ), onde xm = 12, 35 cm, ω = 12, 5 rad/s e φ = π/4, determine
x(5, 0 s).
Sendo
(ωt + φ) = (12, 5 rad/s)(5, 0 s) + 3, 1416 . . . /4 = 62, 5 rad + 0, 7854 . . . rad = 63, 2854 rad
temos
2.4. EXERCÍCIOS 23
f)
Faça os exercı́cios abaixo, respeitando os critérios de
arredondamento e de operação com algarismos signi- 3)Faça a leitura das temperaturas indicadas nas difer-
ficativos. entes escalas Celsius e converta as medidas obtidas
para a escala Kelvin:
Potências de 10 w
i
a)
w
i
◦C 0 10 20 30 40
20 80
abaixo, com o número correto de algarismos significa- 10 20
10
0
tivos:
0
a) 0
30
0 cm 1 2 3 4 5 6 7 40 60
20 80
a) 10 20
10
0
0
0 cm 1 2 3 4 5 6 7 b) 0
30
40 60
b) 20 80
10 20
10
0 cm 1 2 3 4 5 6 7 0
0
c) 0
30
c) 40 60
20 80
0 cm1 2 3 4 5 6 7 10 20
10
0
0
d) d) 0
30
2
0 cm1 2 3 4 5 6 7 Chama-se fundo de escala de um multi-medidor a maior
medida que se pode ler na escala escolhida, o que define em
e) qual escala se deve realizar as medições.
24 Fı́sica Experimental UDESC-Joinville-SC
40 60
20 80 a) 572.000
10 20
b) 12.520
10
0
0
e) 0
30
c) 50.300.000
40 60
80
20
d) 0, 0000512
10 20
10
0
e) 0, 0312
0
f) 0
30
40 60 f ) 0, 725
20 80
10 20 g) 0, 82 × 103
10
0
0
g) 0
30 h) 645 × 105
40 60
20 80 i) 9.150 × 10−3
10 20
j) 220 × 10−2
10
0
0
h) 0
30
k) 10, 2 × 103
40 60
20 80
l) 0, 00125 × 10−4
10 20
10
0
0
(mC cC + mA cA )(Ti − Tf )
12)Um carro com massa m = 835 kg se move com LF = − cA Tf
mG
velocidade de 75 km/h. Sendo que o módulo do mo-
mento linear p e a energia cinética K do carro dados, onde mC e cC são a massa e o calor especı́fico do
respectivamente, por p = mv e K = mv 2 /2, deter- calorı́metro, mA e cA , são a massa e o calor especı́fico
mine numericamente e escreva em notação cientı́fica da água, mG é a massa de gelo, Ti e Tf são, respectiva-
utilizando as unidades do Sistema Internacional (SI): mente, as temperaturas inicial e final do calorı́metro.
Dados mC = 115, 0 g, cC = 0, 214 cal/g · ◦ C, mA =
a) o momento p e
500, 0 g, cA = 1, 000 cal/g · ◦ C, mG = 125, 0 g, Ti =
b) a energia cinética K do carro. 31, 0 ◦C e Tf = 15, 0 ◦C, calcule o calor latente de
fusão do gelo.
13)Mediu-se o comprimento e o perı́odo de oscilação
de um pêndulo simples obtendo-se l = 69, 20 cm e 17)Num experimento de dilatação térmica, o cálculo
T = 1, 65 s. Sendo a relação entre eles é dada por do coeficiente de dilatação linear de um tubo metálico
p é dado por
T = 2π l/g πdθ
α=
L0 ∆T 360◦
determine g.
onde d é o diâmetro de um certo eixo, θ é o ângulo (em
14)Numa mola de constante elástica k = 1, 428 × graus) de giro de um ponteiro solidário a este eixo, L0
104 dyn/cm, suspendeu-se uma massa m = 124, 93 g. é o comprimento inicial do tubo e ∆T é a diferença de
Se a massa oscila com pequena amplitude, o seu perı́odotemperatura na qual se observa a dilatação. Dados:
é dado pela equação d = 3, 00 mm, θ = 37, 3◦, L0 = 84, 50 cm e ∆T =
p 78, 5 ◦C, calcule o coeficiente de dilatação linear α do
T = 2π m/k material do tubo.
Erros
3.1 Introdução
O objetivo da grande maioria dos experimentos que são executados, é fazer um estudo quantitativo de certas
propriedades do sistema observado. Este estudo é realizado através de inúmeras medições das grandezas
fı́sicas de interesse do experimentador. Para tal, são utilizados aparelhos de medida adequados e, posteri-
ormente, os dados obtidos são tratados e manipulados. Os instrumentos de medidas podem ter diferentes
graus de precisão mas, por mais preciso que qualquer instrumento seja, os dados experimentais sempre
contém erros.
Considerar simplesmente um número como medida (direta ou indireta) de uma grandeza, sem aquilatar o
erro de que foi afetada esta medida, não tem significado ou valor cientı́fico. É necessário, portanto, avaliar
o erro que certamente existe, associado ao resultado da medição. A tarefa de determinação do erro em uma
grandeza medida não é simples. A grande dificuldade é devida ao fato de que o ato de medir é acompanhado
da interferência dos mais diversos fatores. Estes fatores influenciam com maior ou menor intensidade o
resultado da medida. Sejam quais forem as espécies dos experimentos, na sua grande maioria, é impossı́vel
analisar ou indicar todos os fatores que tem influência no resultado da medida. Isto faz com que o valor real
do erro na grandeza medida permaneça desconhecido. Devido a isso, a teoria de erros limita-se a estimar
o erro máximo de que a medida pode ser acometida. O grau de certeza desta estimativa do erro depende,
entre outras coisas, da quantidade de fatores que se levam em conta, e que têm influência no resultado das
medidas.
Atualmente, qualquer experimentador que faça medições não pode deixar de aplicar os métodos matemáticos
de tratamento dos dados experimentais.
Com o objetivo voltado para uma padronização, as normas que a seguir são apresentadas, apesar de não
serem únicas, deverão ser seguidas nas disciplinas de Fı́sica Experimental.
1. Erros de Escala: são os erros cometidos pelo experimentador, devido ao limite de precisão do
instrumento de medida utilizado e das condições em que as medidas são executadas;
2. Erros Sistemáticos: são aqueles que, sem praticamente variar durante as medidas, perturbam de
igual modo cada resultado dessas medidas. Isto faz com que os valores obtidos para estas medidas se
afastem do valor real em um sentido definido, para mais ou para menos. Os erros sistemáticos são
aqueles que aparecem seguindo alguma regra definida. É possı́vel descobrir sua origem e eliminá-los,
em geral;
3. Erros Acidentais: São aqueles que ocorrem aleatoriamente (ao acaso), portanto, sem qualquer
sentido. Este tipo de erro é resultado da soma de pequenas pertubações estatisticamente imprevisı́veis.
Os erros acidentais não seguem nenhuma regra definida, diferentemente dos sistemáticos. Devido a
isso, é impossı́vel evitá-los. É o único tipo de erro ao qual se podem aplicar os postulados de Gauss,
que serão vistos na seqüência.
Exemplo 3-1
Um exemplo simples que ilustra as diferenças entre erros sistemáticos e acidentais está represen-
tado na Figura 3.1.
Figura 3.1: Quatro atiradores disparam 400 projéteis cada um, contra um alvo fixo. Podemos ver que o atirador A
possui tem pouca precisão (não consegue concentrar os disparos numa área pequena) e possui pouca acurácia (pois o
centro dos seus tiros está longe do centro do alvo, seu objetivo); o atirador B possui boa precisão e pouca acurácia;
o C possui pouca precisão e boa acurácia; e finalmente, o atirador D combina boa precisão e boa acurácia.
A Fig. 3.1 apresenta quatro alvos em situações diferentes. Os pontos indicam as posições de impacto dos
tiros. Na situação A, todos os impactos encontram-se concentrados numa determinada região distante da
”mosca”, e com grande espalhamento em torno de um centro comum. As causas deste deslocamento em
relação ao centro do alvo podem ser a mira desregulada, o vento constante, entre outras. O espalhamento
3.3. POSTULADOS DE GAUSS 29
dos pontos deve-se, provavelmente, à falta de habilidade do atirador. Uma vez que o desvio atuou do mesmo
modo em todos os disparos, fica caracterizado um erro do tipo sistemático, como fica claro no caso B.
Uma vez identificada as reais causas do desvio, estas poderiam ser eliminadas ou, pelo menos, compensadas
de alguma forma. já nas situações C e D, os impactos estão distribuı́dos aleatoriamente em torno do centro
do alvo, não ficando, portanto, caracterizado erro do tipo sistemático, mas sim apenas do tipo acidental. A
diferença entre as situações C e D é que em C o erro acidental é maior, denunciando a falta de habilidade
do atirador. Note ainda que, em média, os impactos em A e B estão afastados da ”mosca”, enquanto que
em C e D não estão.
Dois conceitos fundamentais para a Fı́sica Experimental são ilustrados no exemplo acima: precisão e
acurácia.
Dizemos que um conjunto de medidas tem boa precisão quando os valores obtidos tem um pequeno espal-
hamento em torno de um valor (médio), ou seja, se podemos esperar que qualquer medida subseqüente fique
próxima desde ponto central ou médio. Como ocorre com o atirador do casos B e D do exemplo acima, que
tem boa precisão nos seus tiros.
Um conjunto de medidas é dito possuir boa acurácia quando o seu valor médio está próximo do valor
(esperado) da medida, ou seja, quando se consegue reduzir os efeitos dos erros sistemáticos, como nos casos
dos atiradores C e D do último exemplo.
Finalmente, o erro máximo na medida, também chamado desvio da medida, representado por Emax , é a
soma de todos os erros, tomados em módulo para que não se anulem, o que no pior caso possı́vel é dado por
e uma medida experimental de qualquer grandeza será sempre escrita na forma final
1. A probabilidade de que aconteça um desvio ∆x, por excesso ou por falta, em uma medida, é a mesma.
2. A probabilidade de que o erro cometido numa medida esteja compreendido entre −∞ e +∞ é igual a
100%. Isto quer dizer que o erro cometido numa medida é real, existe.
3. O valor mais provável de uma grandeza medida é a média aritmética das diversas medidas efetuadas.
Assim,
N
x1 + x2 + · · · + xN 1 X
x= = xi (3.3)
N N i=1
onde x é o valor mais provável, xi são as medidas individuais realizadas e N é o número total de
medidas.
30 Fı́sica Experimental UDESC-Joinville-SC
Desde que o número de medidas seja muito grande (tendendo ao infinito), este é o valor adotado como
verdadeiro (exato) para a medida da grandeza, o chamado valor esperado. Para um número infinito de
medidas ocorre a anulação do erro acidental, pois a sua natureza aleatória faz com que o desvio seja ora
para mais, ora para menos.
Em tese, se fosse possı́vel se fazer um número infinito de medidas, o valor médio dessas medidas seria o valor
esperado, ou valor real da medida, e o erro acidental associado à medida seria nulo. Na prática, se utiliza um
conjunto de medidas e a Estatı́stica prevê uma maneira de se representar a medida obtida e de se estimar a
faixa de erro associada, faixa esta que pode ser obtida de várias maneiras. A seguir são apresentadas duas
delas, uma através do desvio médio e a outra através do desvio padrão.
∆xi ≡ xi − x (3.4)
O desvio médio (∆x) é a média aritmética dos desvios de todas as medidas, em relação ao valor médio x,
ou seja,
N N
1 X 1 X
∆x = |xi − x| = |∆xi | (3.5)
N i=1 N i=1
O desvio padrão (σ) é definido como a raiz quadrada da razão entre a soma dos quadrados dos desvios de
cada medida e o número de medidas efetuadas,
p p
σ = (∆xi )2 /N = (xi − x)2 /N. (3.6)
Para a determinação do erro acidental provável EP na medida, utilizam-se qualquer uma das relações
∆x
EP = ±0, 8453 √ (3.7)
N
ou
σ
EP = ±0, 6745 √ (3.8)
N
onde os coeficientes numéricos foram ajustados para um nı́vel de confiabilidade de 50%, ou seja, qualquer
medida tem probabilidade de 50% de ser obtida no intervalo x ± EP , o que em geral é suficiente para os
nossos propósitos. Veja-se a Fig. 3.2.
É fundamental observar que o erro provável EP depende do número N de medidas, e que no limite N → ∞
o erro converge para zero, porém a convergência é lenta. Sendo assim, portanto, podemos reduzı́-lo até
qualquer valor pequeno de interesse, desde que sejam feitas muitas medidas. Simbolicamente:
Se N −→ ∞ então EP −→ 0
O procedimento usual para a determinação do erro provável na medida de uma grandeza é o que segue:
0.5
0.4
0.3
P(x)
0.2
50%
0.1
-0.6745 0.6745
0
-3 -2 -1 0 1 2 3
x
Figura 3.2: A curva normal de Gauss dá a probabilidade de se encontrar valores de uma medida em torno
do valor médio (zero, nesse caso). A Área marcada sob a curva, delimita a região provável, ou seja, a região
onde devem estar 50% das medidas efetuadas.
6. Calcula-se o erro provável através da relação com o desvio padrão, ou com o desvio médio.
Quando estamos medindo uma grandeza fı́sica já conhecida ou pré-definida por um fabricante que já fez
a calibração da medida, a fim de procedermos sua aferição, definimos e calculamos o desvio percentual da
nossa medida x com o valor calibrado (ou tabelado) xtab , definindo:
x − xtab
∆% ≡ × 100% (3.9)
xtab
A medida do desvio percentual, nos dá idéia de quanto o nosso resultado x se afasta do valor pré-definido
pelo fabricante xtab .
Exemplo 3-2
Na aferição do comprimento L do braço de uma biela calibrado pelo fabricante com o valor
nominal de 41, 0 mm, a medição direta do feita com o auxı́lio de uma régua milimetrada forneceu
as seguintes medidas:
32 Fı́sica Experimental UDESC-Joinville-SC
L(mm) 41,1 41,3 41,2 41,4 41,1 41,1 41,9 40,8 41,0 41,2
Lembre-se Na adição o resultado, na sua parte decimal, não pode ter maior número de algar-
ismos significativos do que a parcela mais pobre. Na divisão, considera-se que N é uma constante
P
exata, e o número de algarismos significativos do resultado da soma i xi é mantido.
Observe que o cálculo do desvio percentual também segue as regras de arredondamento estu-
dadas, e mesmo os erros estimados por resultados indiretos de nossas medidas experimentais,
possuem erro. Cabe agora ao experimentador interpretar os resultados obtidos e decidir se a
margem de erro de 0, 2% é razoável ou não, e também discutir e analisar quais as possı́veis causas
de erro ocorridas no experimento.
Exemplo 3-3
h) i = (2, 15 ± 0, 2) mA = (2, 2 ± 0, 2) mA
i) F = (8, 123 ± 1) N = (8 ± 1) N
Para sabermos se a faixa de erro EP é grande ou pequena, temos que compará-la com a grandeza medida,
ou seja, com o valor médio X. Para isto, define-se o erro relativo percentual E% como
EP
E% = × 100% (3.10)
X
Através do erro relativo percentual podemos comparar diferentes medidas e saber qual tem maior ou menor
erro, e deste modo podemos saber qual tem maior ou menor precisão. Através dessa definição, vemos que
qprecisão da medida é inversamente proporcional ao erro relativo percentual E% . Para tornar isto claro,
veja o seguinte exemplo simples.
Exemplo 3-4
Um experimentador consiste em medir a espessura de uma folha de papel, utilizando uma régua
milimetrada. Feita uma série medidas, obtém-se para valor mais provável de espessura 0, 1 mm.
O valor “tabelado”é de 0, 01 mm. O desvio, ou erro absoluto é , portanto, igual a 0, 09 mm.
Agora, com a mesma régua, mede-se o comprimento da folha. Feita uma série de medidas, o
valor encontrado como mais provável é 298, 5 mm, sendo o valor tabelado 298, 0 mm. Neste caso,
como é evidente, o desvio ou erro absoluto vale, em módulo, 0, 5 mm. Fazendo a comparação
entre os dois desvios, observa-se que aquele obtido na medida do comprimento da folha é maior
do que o obtido na medida da espessura. No entanto, esta comparação não faz sentido, uma vez
que as ordens de grandeza das medidas são diferentes.
Como fazer, então, a comparação de forma correta? Reduzindo as ordens de grandeza das
medidas a uma só, é a resposta. Para tal, define-se o erro percentual como a percentagem de
desvio que existe em cada medida com relação à média, que é dado por
|x − x| |∆x|
E% = × 100 % = × 100 %
x x
Além da forma apresentada na Eq. 3.2, um medida fı́sica pode então ser expressa na forma
Exemplo 3-5
3.5. PROPAGAÇÃO DE ERROS 35
Uma medida da velocidade da luz usando lasers, feita pelo Bureau Nacional de Padrões dos
Estados Unidos, em 1983, obteve como resultado o valor 299.792, 4586 km/s, com incerteza de
mais ou menos 0, 0003 km/s.
Podemos então escrever a medida da velocidade da luz c como
f = f (x, y, z, . . .) (3.12)
Se as variáveis {x, y, z, . . .} sofrem pequenas variações (infinitesimais) {dx, dy, dz, . . .}, a variação da função
f é dada pela sua diferencial exata:
∂f ∂f ∂f
df = dx + dy + dz + . . . (3.13)
∂x ∂y ∂z
Se imaginarmos que f é uma grandeza que depende outras grandezas {x, y, z, . . .}, e que f pode ser medida
indiretamente através da medição destas variáveis e de seus respectivos erros prováveis {Ex , Ey , Ez , . . .},
então podemos obter por aproximação diferencial, através da Eq. 3.13, uma estimativa para o erro provável
máximo Ef associado à medida indireta de f :
∂f ∂f ∂f
Ef ≈ Ex + Ey + Ez + . . . (3.14)
∂x ∂y ∂z
onde as diferenciais infinitesimais foram substituı́das pelos erros associados. Como tanto as derivadas parciais
da função f como os incrementos infinitesimais de suas variáveis podem ter qualquer sinal, os termos da sua
36 Fı́sica Experimental UDESC-Joinville-SC
diferencial total são somados em módulo para a determinação do erro provável máximo, ou seja, considera-se
a situação em que todos os erros atuam no mesmo sentido, superestimando-se o desvio total da função f .
Esta última equação obtida acima, a Eq. 3.14, é a chamada equação do erro indeterminado de Gauss.
Exemplo 3-6
onde a última parcela (π∆l∆d) pode ser desprezada por ser muito pequena, comparada com as
outras, sendo menor até mesmo do que o erro (∆S). Assim, a área lateral do cilindro pode ser
escrita como
S = πdl ± (πd∆l + πl∆d) = S ± ∆S
S = S ± ∆S,
onde S = πdl é o valor esperado da área lateral do cilindro e ∆S = πd∆l + πl∆ é o erro na
medida indireta desta grandeza.
Numericamente temos
S = πdl = (3, 1416)(2, 00 cm)(5, 00 cm) = 31, 416 cm2 = 31, 4 cm2
e
∆S = π(d∆l + l∆d = (3, 1416)[(2, 00 cm)(0, 02 cm) + (5, 00 cm)(0, 01 cm)]
∆S = (3, 1416)(0, 04 cm2 + 0, 05 cm2) = (3, 1416)(0, 09 cm2) = 0, 282744 cm2 = 0, 3 cm2
Finalmente, usando-se ∆S como uma estimativa indireta para o erro provável associado à área
S, podemos escrever
S = (31, 4 ± 0, 3) cm2
Observação Observe que ∆S (erro na medida indireta da área) pode ser facilmente calculado
neste caso, contudo, em operações mais complexas como, por exemplo, radiciação, este cálculo
torna-se extremamente trabalhoso, de maneira que deve-se usar a equação do erro indeterminado
para determinar o erro na medida indireta.
De acordo com a equação do erro indeterminado, o erro na medida indireta da área S = S(l, d)
é
∂S ∂S
∆S = ∆l +
∆d = |πd ∆l| + |πl ∆d| = π(d∆l + l∆d)
∂l ∂d
como no cálculo acima.
3.6. EXERCÍCIOS: 37
3.6 Exercı́cios:
Faça os exercı́cios abaixo, respeitando os critérios de arredondamento e de operação com algarismos signi-
ficativos.
1)As medidas seguintes referem-se às medidas do comprimento de uma folha de papel.
L(cm) 3,71 3,72 3,70 3,69 3,73 3,74 3,72 3,73 3,72 3,73 3,74
Calcule:
a) o valor médio da grandeza medida,
b) o desvio médio,
c) o desvio padrão,
d) o erro acidental provável,
e) o erro relativo percentual.
2)Num experimento foram obtidas as seguintes medidas para o perı́odo de oscilação de um pêndulo.
T (s) 1,15 1,17 1,19 1,11 1,13 1,15 1,14 1,16 1,18 1,19
3)Num experimento sobre equilı́brio térmico, obteve-se para a temperatura de equilı́brio, os seguintes valores:
5)Com base nas xpressões determinadas no exercı́cio anterior, calcule com o respectivo erro provável:
a) a área do triângulo: b = (1, 00 ± 0, 01) mm e h = (1, 24 ± 0, 02) mm.
b) a área do retângulo: a = (7, 48 ± 0, 04) km e b = (1, 34 ± 0, 08) km.
c) o volume do cilindro: d = (2, 31 ± 0, 01) cm e l = (7, 50 ± 0, 02) cm.
d) o volume da esfera: d = (9, 10 ± 0, 01) cm.
e) a área do cı́rculo: d = (6, 18 ± 0, 02) cm.
f ) o volume do gás: n = 2, 15 mol, R = 8, 314 J/molK̇, T = (310 ± 1) K e p = (1, 45 ± 0, 02) × 105 N/m2 .
g) a energia cinética de um carro: m = (1.190 ± 25) kg e v = (62, 5 ± 0, 9)km/h.
6)Determine a expressão do erro indeterminado para a aceleração da gravidade g(l, T ) calculada a partir de
um experimento com a oscilação de um pêndulo simples, dado que
s
l
T = 2π
g
8)Na tabela abaixo estão várias medidas da massa m e do raio r para um certo disco.
3.6. EXERCÍCIOS: 39
m (kg) 0,435 0,438 0,436 0,435 0,432 0,431 0,432 0,435 0,432 0,433
r (m) 0,201 0,202 0,204 0,198 0,201 0,197 0,195 0,196 0,205 0,204
Sabendo que principal momento de inércia I de um disco de massa m e raio r é dado por
I = mr 2 /2
9)Uma empresa vende lajotas quadradas de cerâmica com tamanho nominal de 40 cm × 40 cm, e garante
que em nenhuma lajota estas medidas possuem um erro percentual máximo de 2%.
a) Qual a maior e a menor lajota que se espera encontrar em um lote grande desse produto?
b) Qual o erro percentual máximo na área de uma lajota?
40 Fı́sica Experimental UDESC-Joinville-SC
Capı́tulo 4
Gráficos
4.1 Introdução
O uso de gráficos na Fı́sica é quase tão importante quanto o conceito de função na matemática. Sua utilização
na representação de fenômenos permite ilustrar propriedades importantes. Um gráfico serve, entre outras
coisas, para mostrar a conexão entre duas variáveis, sendo uma representação diagramática do modo como
uma varia em relação à outra. Na atualidade, é difı́cil imaginar alguma área da ciência ou tecnologia onde o
estudo de gráficos não seja necessário, ou utilizado. Nas disciplinas de Fı́sica experimental será indispensável
o conhecimento e domı́nio do conteúdo deste texto.
y = f (x) . (4.1)
Conhecida de forma explı́cita a função y = f (x), pode-se representá-la graficamente num sistema de coorde-
nadas cartesianas, que consiste de duas retas perpendiculares; o eixo x, chamado de eixo das abscissas, e o
eixo y, denominado eixo das ordenadas. A cada par de valores (xi , yi ) corresponde um ponto Pi de abscissa
xi e ordenada yi . O conjunto dos vários pontos Pi é denominado de curva da função y = f (x). Convém
salientar que os valores representados nos eixos podem ter sinal negativo ou positivo, arbitrado conforme a
conveniência, ou seja, conforme a função que se queira representar. Ver Fig. 4.1.
Y Y
2o. Quadrante 1o. Quadrante
x<0 e y>0 x>0 e y>0
P(x,y)
y
O x X O X
a) b)
Figura 4.1: a) O plano cartesiano e o sistema de eixos XY , com seus quatro quadrantes mostrados e b) um
conjunto de pontos experimentais representados no plano cartesiano e sua tendência (indicada pela linha
tracejada).
1. No eixo horizontal, o eixo das abscissas, é lançada a variável independente, ou seja, a variável cujos
valores são escolhidos pelo experimentador. No eixo vertical, o eixo das ordenadas, é lançada a variável
dependente.
2. Deve-se espalhar convenientemente os pontos experimentais mediante a escolha de uma divisão ade-
quada do papel, a fim de se utilizar quase toda a área do papel para gráfico. Ver Fig. 4.5 e Fig. 4.6.
3. O papel pode ser usado com a folha em pé (vertical) ou deitada (horizontal), sempre com a origem dos
eixos no canto inferior esquerdo da folha, ou seja, deve-se utilizar sempre o 1o. quadrante do plano
cartesiano. Ver Fig. 4.1(a).
4. A escala deve ser simples, devendo conter apenas as divisões principais, suas respectivas marcações
numéricas e uma identificação da grandeza associada à essa escala, com suas unidades entre parêteses.
Para as marcações numéricas da escala, adotam-se valores múltiplos ou sub-múltiplos de números
inteiros.
5. Os eixos são independentes, ou seja, a escala adotada num deles não necessita ser igual à adotada no
outro. Em geral, estas escalas serão totalmente diferentes.
6. Cada ponto experimental deve ser identificado por um sinal que não deixe dúvidas sobre sua localização
e natureza. Este sinal pode ser qualquer um dos representados abaixo, ou outro qualquer, mantendo-se
sempre o mesmo sı́mbolo para todos os pontos do mesmo gráfico.
△, ▽, +, ×, ⊗, ,
Figura 4.2: Diferentes sı́mbolos usados para marcar os pontos experimentais nos gráficos.
7. Uma vez colocados os pontos experimentais no gráfico, deve-se observar e traçar uma curva suave e
contı́nua, indicando a tendência dos pontos. Tratando-se de um gráfico linearizado, traça-se a melhor
4.4. ESCOLHA E IDENTIFICAÇÃO DAS ESCALAS 43
reta visual com uma régua transparente, tentando-se compensar (minimizar) os pequenos desvios dos
pontos experimentais que ficam acima e abaixo desta reta. IMPORTANTE: a curva deve ser estendida
sobre todo o papel, até sair da área máxima utilizável, se for o caso, extrapolando-se o intervalo das
medidas experimentais. Ver Fig. 4.1(b).
Cuidado: conectar os pontos experimentais adjacentes com traços retos significa assumir que a relação
entre as grandezas tem forma descontı́nua, e isto épouco provável de ocorrer. Unir o primeiro e o
último ponto com uma reta, num gráfico linearizado também não é uma boa estratégia em geral.
8. Quando se trabalha com números muito grandes ou muito pequenos, a escala deve ser simplificada
utilizando-se uma potência de dez (múltiplo ou submúltiplo comum), que será indicada juntamente
com as unidade da variável.
Exemplo 4-1
Num experimento que envolva uma pequena corrente elétrica, da ordem de micro-ampères, pode-
se utilizar a indicação I(µA) ou I(10−6 A), para a identificação (rótulo) do eixo da corrente.
m
00
11
11
00
00
11
00
11
Figura 4.3: Representação esquemática de um pêndulo simples. Ajusta-se o tamanho l (variável indepen-
dente) e mede-se o perı́odo T (variável dependente).
Exemplo 4-2
Seja uma massa m suspensa por um fio preso ao teto. Este conjunto constitui um pêndulo
simples (Fig. 4.4). Afastando-se lateralmente a massa m da posição de equilı́brio e soltando-a, o
sistema passa a oscilar. Observa-se que o perı́odo das oscilações depende da distância l entre o
44 Fı́sica Experimental UDESC-Joinville-SC
ponto de suspensão do fio e o centro de massa do corpo suspenso. Devido a essa dependência, o
perı́odo T é chamado de variável dependente e l de variável independente, isto é, T = f (l)
Como já foi dito, as variáveis dependentes são representadas no eixo y e as independentes no
eixo x. Daı́, deduz-se que a maneira correta de representar graficamente a relação T = f (l) é
a mostrada na Fig.4.4(a) e não a mostrada em Fig.4.4(b). Veja e compare as representações
gráficas.
T versus l l versus T
T(s) l(cm)
l(cm) T(s)
(a) (b)
A escolha da escala deve ser feita de tal maneira que qualquer bloco de divisões do eixo assuma valores do
tipo 1, 2, 5, ou 10 unidades (ocasionalmente 4). Não se usa para um bloco de divisões, os valores 3, 7, 9,
etc. Veja a Fig. 4.5.
Quando os blocos forem colocados sobre o papel milimetrado, tente usar blocos de 20, 40 ou 50 mm, para
cada bloco de divisão da escala! Veja o exemplo abaixo.
A escala escolhida deve, ainda, espalhar os pontos experimentais, de modo que não fiquem confinados a uma
área restrita do papel, isto é, deve-se utilizar o máximo do papel disponı́vel, sem comprometer a legibilidade
das esalas, é claro. Veja as Figs. 4.5 e 4.6.
Observações importantes:
• As variáveis representadas ao longo de cada um dos eixos coordenados devem ser perfeitamente iden-
tificadas pela grandeza respectiva, acompanhada da sua unidade de medida (entre parênteses).
• Os pontos experimentais não devem ter seus valores assinalados sobre a escala.
4.4. ESCOLHA E IDENTIFICAÇÃO DAS ESCALAS 45
(a) (b)
30 28
correto incorreto
25
21
20
v(m/s)
v(m/s)
15 14
10
7
5
0 0
0 1 2 3 0 1 2 3 4 5 6
t(s) t(s)
Figura 4.5: A escolha da escala horizontal no gráfico (a) faz corresponder a cada bloco de divisões os valores
10 na vertical e 1 na horizontal, uma boa escolha. No gráfico (b) faz corresponder o valor 7 na vertical, uma
péssima escolha.
(a) (b)
50 80
correto 70 incorreto
40
60
30 50
T( C)
T( C)
40
0
20 30
20
10
10
0 0
0 5 10 15 20 0 5 10 15 20
t(min) t(min)
Figura 4.6: A escolha da escala vertical no gráfico (a) está correta, pois utiliza a maior parte do papel no
sentido vertical. No gráfico (b), utiliza-se menos da metade do papel, o que é ERRADO.
46 Fı́sica Experimental UDESC-Joinville-SC
Exemplo 4-3
As escalas abaixo foram construı́das em papel milimetrado, em escala real, para exemplificar o
uso do papel milimetrado. Oberve as escalas e depois leia os comentários abaixo.
Escalas Corretas
0 50 100 150
c)
0 2 4 6 8 t(s)
0 50 100 150
d)
0 10 20 30 F (N)
0 50 100 150
e)
2 7 12 17 22 27 32 x(cm)
0 50 100 150
f)
10 14 18 22 26 m(kg)
Escalas Incorretas
0 50 100 150
g)
0 2 4 6 8 10 t(s)
0 50 100 150
h)
0 8 16 24 F (N)
0 50 100 150
i)
2 6 10 14 18 22 26 x(cm)
0 50 100 150
j)
10 13 16 19 22 m(kg)
Comentários
Observe que nas escalas CORRETAS (de a) a d)) os blocos de unidades da grandeza representada
é múltiplo ou sub-múltiplo do número de milı́metros utilizados no papel milimetrado, o que
facilita a leitura das menores divisões de escala (os milı́metros) e torna a escala legı́vel até o
primeiro duvidoso. Por exemplo, na escala a), cada 20 mm de papel corresponde 1 unidade da
grandeza t(s), ou seja, 1 s. Portanto para cada 1 mm de papel temo 1/20 s = 0, 05 s, isto permite
4.5. O TRAÇADO DA CURVA 47
a leitura do primeiro traço logo após a marca de 2 s, por exemplo, como sendo 2, 05 s, e portanto
o valor exato lido na marca principal deve ser 2, 00 s. Essa análise vale para qualquer escala
milimetrada, e serve para se saber quantas casas decimais podem e devem ser lidas na nova
escala criada no papel. A escala criada define a precisão com que se podem ler pontos no gráfico,
e nas escalas lineares, essa precisão é uniforme, ou seja, igual para toda a extensão da escala.
Nas escalas c) e d), deslocou-se o zero para melhor aproveitamento do papel, provavelmente,
porém isto não afeta a legibilidade de qualquer valor sobre a escala.
Nos contra-exemplos das escalas INCORRETAS (de e) a h)) foram usados blocos de unidades
não-divisı́veis pelo número de milı́metros de cada marcação principal, o que torna as escalas
ilegı́veis. Nas escala e), por exemplo, 2 unidades da grandeza foram associadas a cada bloco
de 30 mm, e como 2/30 = 0, 0666 . . . é uma dı́zima periódica, os valores associados às menores
divisões da escala, a cada milı́metro, não serão legı́veis. Neste caso a escala é inútil, pois não se
pode ler todos os pontos marcados sobre ela: por isso ela é incorreta. Deve-se evitar esse tipo
de divisão que leva à dı́zimas periódicas, pois fatalmente a escala ficará sem utilidade se isto
ocorrer.
Em Resumo
i) nenhuma escala pode ser considerada CORRETA se as suas menores divisões não puderem
ser LIDAS DIRETAMENTE.
ii) jamais use a calculadora para tentar descobrir quanto vale a leitura de um ponto sobre uma
dada escala, pois se não for possı́vel ler o valor diretamente não existe uma ESCALA.
iii) se tudo deu certo na sua escala, o MENOR e o MAIOR valores experimentais associdos à
escala deverão cair no PRIMEIRO e no ÚLTIMO blocos de divisões da escala, respectivamente.
1. Não unir os pontos próximos por uma linha reta. Analisar a tendência geral dos pontos como um todo
e traçar a curva que mais se adapte a esta tendência.
2. Não é necessário que a curva passe por todos os pontos. Ele deve seguir a tendência geral dos membros.
Ver. Fig. 4.5.
No gráfico deve constar apenas a curva traçada e as grandezas explicitadas nos eixos, nada mais deve ser
escrito.
y(x) = ax + b (4.2)
48 Fı́sica Experimental UDESC-Joinville-SC
(b) (a)
30 25
correto incorreto
25 20
20
15
T( C)
T( C)
15
0
0
10
10
5 5
0 0
0 2 4 6 8 10 0 2 4 6 8 10
t(min) t(min)
Figura 4.7: No gráfico (a) está a forma correta de traçar a melhor reta sobre os pontos experimentais,
respeitando a tendência geral dos pontos, e no gráfico (b) está a forma incorreta, que simplesmente liga os
pontos experimentais.
onde a é o coeficiente angular da reta e b é o coeficiente linear. Na grande maioria das vezes será preciso
determinar um destes coeficientes, ou ambos.
Pode-se mostrar que o coeficiente angular é dado por:
∆y y2 − y1
a= = (4.3)
∆x x2 − x1
onde P1 (x1 , y1 ) e P2 (x2 , y2 ) são dois pontos quaisquer, pertencentes à reta. IMPORTANTE: na prática,
deve-se escolher dois pontos bem afastados sobre a reta traçada num gráfico linearizado, aumentando-se a
direrença entre os valores de ambas as variáveis x e y, e evitando-se uma perda desnecessária na precisão do
cálculo de a, pois a diferença de números próximos acarreta, em geral, a perda de algarismos significativos.
Exemplo 4-4
1. Escolhe-se um ponto qualquer da reta, por exemplo, P3 = (x3 , y3). Substituindo-se estes valores na
equação da reta, juntamente com o valor de a (já calculado), determina-se b;
2. Quando possı́vel, prolonga-se a reta até cortar o eixo dos y (este procedimento é chamado de extrap-
olação), ou seja, até encontrar x = 0, neste ponto, y(0) = b.
4.6. A EQUAÇÃO DA RETA 49
Exemplo 4-5
Considere os pontos da tabela abaixo, obtidos para a posição x de um móvel que se desloca, em
função do tempo t, os quais permitiram a construção do gráfico da Fig. 4.8.
Observe que o gráfico dá uma reta como curva, assim, x(t) = at + b é a equação desta reta. O
passo seguinte é determinar a e b.
l) Cálculo de a
∆S x2 − x1 27, 45 m − 3, 00 m 24, 45 m
a= = = = = 4, 075m/s = 4, 08 m/s
∆t t2 − t1 6, 50 s − 0, 50 s 6, 00 s
Observe que os pontos P1 e P2 foram retirados da curva traçada e não dos pontos experimentais
tabelados.
m) Cálculo de b
Extrapolando a reta até encontrar t = 0, 00 s, temos diretamente do gráfico o valor b = 1, 00 m.
Em conclusão a equação x(t) do movimento em estudo é x(t) = (4, 00 m/s)t + (1, 00 m). Como
se aprendeu na Fı́sica, esta é a equação horária de um MRU, que tem a forma geral x(t) =
x0 + vt, e neste caso, comparando-se as equações, temos que v = 4, 08 m/s e x0 = 1, 00 m são,
respectivamente, a velocidade e a posição iniciais do movimento.
Quando não é possı́vel a leitura direta de b do gráfico, substituimos as coordenadas de P3 na
equação da reta, para a determinação de b:
x3 = a t3 + b
donde temos
b = 17, 25 m − 16, 3 m = 0, 95 m = 1, 0 m
E neste caso, devido à diferença dos números muito próximos, perdemos um algarismo significa-
tivo e o coeficiente linear b ficou menos preciso do que o valor lido diretamente na escala.
50 Fı́sica Experimental UDESC-Joinville-SC
x(m)
J
25,00
J
20,00
J
15,00
J
10,00
J
5,00
0,00
0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 t(s)
Figura 4.8: Gráfico de x × t para os dados do Exemplo 4-5.
4.7. LINEARIZAÇÃO DE GRÁFICOS 51
y y y
x x x
(a) (b) (c)
Como proceder para, por exemplo, determinar os parâmetros g e h da curva da Fig. 4.7(c)?
Deve-se fazer uso de um método chamado linearização de gráficos, que consiste na construção de um novo
gráfico, onde uma conveniente troca de variáveis nos eixos faz com que a curva seja uma reta. No caso (c)
da Fig.4.7, a equação que rege o fenômeno é
Comparando-a com a equação da reta: y ′(x′ ) = a′ x′ + b′ , onde as constantes e variáveis da reta são repre-
sentadas por “linhas” para evitar confusões, tem-se:
Uma vez que a curva y ′ versus x′ é uma reta, pode-se afirmar das equações acima que, para linearizar o
gráfico da Fig. 4.7(c), deve-se traçar um gráfico de “ y versus 1/x ”. Ver Fig. 4.7.
Para determinação das constantes g e h, observe que g é o coeficiente angular da reta “y × 1/x”, enquanto
que h é o seu coeficiente linear.
Como exercı́cio, descubra quais as convenientes trocas de variáveis que linearizam as curvas (a) e (b) da
Fig. 4.7.
Exemplo 4-6
Foram obtidos experimentalmente os dados tabelados abaixo, que fornecem o gráfico da Fig. 4.11.
Observe que a curva obtida é do mesmo tipo daquela que aparece na Fig. 4.7(a) e, obedece a
uma equação geral do tipo:
x(t) = ct2 + d
52 Fı́sica Experimental UDESC-Joinville-SC
y y
x 1/x
(a) (b)
Figura 4.10: No gráfico (a) está o gráfico de y × x, cuja equação é Y (x) = g/x + h. Em (b) o gráfico y × 1/x,
onde a nova variável x′ = 1/x, o torna linear.
x(t) = y ′(x′ ) c = a′ t2 = x′ d = b′
Então, o gráfico em que a curva aparece linearizada (reta) é dado por x(t) versus t2 . As-
sim, a partir dos dados experimentais tabelados acima, faz-se uma nova tabela, respeitando os
algarismos significativos, e traça-se o gráfico correspondente, conforme se observa na Fig. 4.12.
Para calcular a constante c, basta verificar que ela nada mais é do que oi coeficiente angular da
reta x versus t2 . Isto é,
y ′ − y1′ x2 − x1
c = a′ = ′2 = 2
x2 − x1 ′
t2 − t21
onde (t21 , x1 ) e (t22 , x2 ) são dois pontos pertencentes à reta e não à tabela, claro. Obtemos então,
para os pontos P1 (10, 00 s2; 20, 00 m) e P2 (140, 00 s2; 250, 00 m)
270, 00 m − 20, 00 m 250, 00 m
c= 2 2
= 2
= 1, 923076 m/s2 = 1, 9231 m/s2
(140, 00 s − 10, 00 s 130, 00 s
O coeficiente linear, por sua vez, pode ser lido diretamente do gráfico, será o ponto onde a reta
corta o eixo vertical (dos x). É o valor de x para t2 = 0, 00 s2, ou seja, d = b′ = 0, 50 m.
Para um terceiro ponto P3 (100, 00 s2; 193, 00 m) temos que
4.7. LINEARIZAÇÃO DE GRÁFICOS 53
x(m)
250
J
200
150
J
100
50
J
0
0 5 10 15 t(s)
Figura 4.11: Gráfico não linear x × t para os dados do Exemplo 4-6.
54 Fı́sica Experimental UDESC-Joinville-SC
x(m)
250
J
200
J
150
J
100
50
J
J
0
0 50 100 150 t2 (s2 )
Figura 4.12: Gráfico linearizado de x × t2 para os dados do Exemplo 4-6.
4.8. O PAPEL MONO-LOG 55
ln y(x) = ln C + αx (4.7)
que pode ser imediatamente comparada com a equação da reta, e portanto, linearizada com a identificação:
y ′ = ln y(x); x′ = x a′ = α b′ = ln C (4.8)
Para ilustrar essa nova forma de linearização, e o uso do papel mono-log, leia-se o seguinte exemplo.
Exemplo 4-7
ln V (t) = y ′ t = x′ B = a′ ln A = b′
Vê-se, então que “ln V (t) versus ; t” é, neste caso, o gráfico linear e, portanto, é necessário fazer
nova tabela de dados, isto é:
A partir desta tabela constrói-se o gráfico da Fig. 4.14. As constantes A e B são obtidas como
já foi explicado, uma vez que este gráfico foi construı́do em papel milimetrado. A baixo estão os
resultados, ficando por conta do estudante os detalhes. Assim, A = 2, 3 volt e B = 6, 5 ×10−2 s−1
com a equação que rege o fenômeno sendo dado por:
É claro que essa linearização é trabalhosa, pois precisa-se calcular numa nova tabela de valores e, a partir
dela, construir o gráfico que fornece uma reta. Para evitar todo este trabalho existe o papel mono-log, que
consiste de um papel quadriculado, onde um eixo é linear (abscissas), dividido em milı́metros, e o outro é
logarı́tmico (ordenadas) com base 10, com as divisões sendo proporcionais aos logaritmos. Neste eixo estão
representados em escala, não os números, mais sim os seus logaritmos.
2 3 4 5 6 7 8 9 2 3 4 5 6 7 8 9
100 101 102
Figura 4.13: Uma tira do papel mono-log, para análise das suas divisões.
A escala em papel mostrada na Fig. 4.13 está em escala real (1:1), e apresenta duas décadas inteiras. A
primeira década inicia em 100 = 1 e termina em 101 = 10, a segunda inicia neste valor e termina em
102 = 100. Com esta marcação de exemplo, qualquer valor no intervalo [1, 100] pode ser marcada (ou lida)
nesta escala. Os pequenos números 2, 3, . . . , 9 servem para auxiliarea leitura dos valores das ordenadas dos
pontos em notação cientı́fica diretamente. Observe: exatamente sobre o primeiro número 2, logo à direita da
marca 100 (na primeira década), o traço marca o valor 2, 00 × 100 . Na segunda década, o traço marcado pelo
número 7 define seria lido como 7, 0 × 101 . Observe que na escala logarı́tmica as divisões não são regulares:
até a marca 5, divide-se os blocos em 10 partes, como numa régua milimetrada, e portanto o duvidoso da
leitura cairá na casa dos centésimos; e de 5 a 9, por falta de espaço, divide-se os blocoe em 5 partes, o que
torna duvidoso o algarismo da cas dos décimos. Isto ocorre em todas as décadas do papel logarı́tmico, não
importa quantas se utilizem.
Se no exemplo gráfico anterior, optar-se pela utilização do papel mono-log, não é mais necessário calcular
todos os logaritmos dos valores tabelados, como foi feito. Basta se fazer diretamente “V (t) versus t” no
papel mono-log.
O gráfico assim obtido no papel mono-log, será equivalente da Fig. 4.14 e está representado na Fig. ??.
Veja agora, como determinar as constantes A e B. Lembre-se, inicialmente, de que o coeficiente angular da
reta é dado por:
∆y ′ y2′ − y1′
a′ = = (4.9)
∆x′ x′2 − x′1
É preciso, no entanto, estar atento para o seguinte fato: a escala vertical é LOGARÍTMICA.
4.8. O PAPEL MONO-LOG 57
ln V (volt)
5
J
4
J
3
J
J
2
J
J
1 J
0
0 20 40 60 t(s)
Figura 4.14: Gráfico linear ln V × t em papel milimetrado, para o Exemplo 4-7.
58 Fı́sica Experimental UDESC-Joinville-SC
V (volt)
103
9 9
8 8
7 7
6
6
5
5
4
4
3 3
2 2
102
9 9
8 8
7 7
J
6 6
5
5
4
4
3 3
J
2 2
J
101
9 9
8
J 8
7
7
6
J 6
5
J 5
4 4
3
J 3
2 2
100
0 25 50 75 t(s)
Figura 4.15: Gráfico linear V × t em papel mono-log, do Exemplo 4-7.
4.9. O PAPEL DI-LOG 59
Exemplo 4-8
Escolhendo dois pontos quaisquer da reta traçada no gráfico da Fig. 4.15 (o estudante deve
identificá-los), pode-se escrever:
ln(2, 9 × 102 /3, 1 × 100 ) ln 94 4, 54
B= = = = 6, 48 × 10−2 s−1 = 6, 5 × 10−2 s−1
(75, 0 − 5, 0) s 70, 0 s 70, 0 s
A constante A, por sua vez, pode ser lida diretamente no gráfico. Seu valor corresponde ao ponto
onde a reta corta o eixo vertical, ou seja, A é o valor de V para t = 0, 0 s, V (t = 0, 0 s) = A.
No caso, A = V /ebt . O estudante pode verificar que escolhendo o ponto P3 (15, 0 s; 6, 0) obtém-se
A = 2, 3 volt.
Observe que os valores obtidos para as constantes, a partir do gráfico em papel mono-log, con-
cordam com aqueles obtidos através do gráfico em papel milimetrado. Como já foi dito ambos
são equivalentes.
Em resumo, sempre que a equação para um fenômeno fı́sico for do tipo: Y (x) = Aebx o gráfico y(x) versus x
em papel mono-log será uma reta, e as constantes A e B serão determinadas como no Exemplo 4-8,
∆(ln y) ln y2 − ln y1 ln(y2 /y1 )
B= = = (4.10)
∆x x2 − x1 x2 − x1
com A sendo lido diretamente no gráfico, ou calculado a partir de um terceiro ponto da reta, uma vez
conhecido B.
onde k e n são constantes. Para linearizar esta equação, existem duas possibilidades:
1. Se n for conhecido, faz-se uma mudança de variáveis, substituindo xn → x′ e y(x) = y ′(x′ ), e traça-se
o gráfico “ y ′(x′ ) × x′ ” ( na verdade “y(x) × xn ”) em papel milimetrado. No entanto, em geral, o valor
de n é desconhecido;
2. Se n for desconhecido, toma-se o logaritmo decimal dos dois lados da equação (4.11), e obtém-se,
Assim, observa-se que, para traçar um gráfico linear em papel milimetrado, é necessário calcular os logaritmos
decimais de todos os valores tabelados de x e de y(x) (lembre-se que, no Ex. 17, foi necessário calcular os
logaritmos apenas dos valores de y), plotando depois os respectivos pontos. Portanto, o gráfico linear em
papel milimetrado, neste caso, será log y(x) × log x.
Este trabalho todo pode ser evitado se, em vez do papel milimetrado, for usado o papel di-log, que é um papel
quadriculado, onde as duas escalas são proporcionais aos logaritmos decimais dos números representados.
Os dois eixos desse papel são análogos ao eixo vertical do papel mono-log já estudado. Pode-se concluir,
então, que o gráfico linear no papel di-log será obtido traçando-se o gráfico y(x) × x, simplesmente, o que
será equivalente ao gráfico log y(x) × log x, em papel milimetrado.
Exemplo 4-9
Sabe-se teoricamente que I = C E w , onde C e w são constantes que devem ser determinadas a
partir de um gráfico I × E, traçado em papel di-log (Fig. ??). Aplicando logaritmo a ambos os
lados da equação, tem-se:
Comparando com a equação da reta: y ′(x′ ) = a′ x′ +b′ , vem, log E(V ) = y ′ (x′ ); w = a′ ; log E = x′ ;
log C = b′ .
Assim, vê-se que o coeficiente angular da reta que aparece na Fig. 4.16 é w, o qual pode ser
calculado como segue,
log(275/32, 0)
w= = 0, 718 . . . = 0, 72
log(20, 0/1, 0)
A constante C pode ser lida diretamente no gráfico, uma vez que é o valor de I quando E =
∞, ′ ⊑≀l⊔, isto é, C = I(E = 1, 0). Assim,
C = 32, 0 mA
4.9. O PAPEL DI-LOG 61
Quando não for possı́vel determinar-se a Constante C, lendo diretamente no gráfico, deve-se
proceder, alternativamente, como segue.
Determinada a constante w, escolhe-se um ponto qualquer pertencente à reta (E3 , I3 ). O parâmetro
C será, então, calculado diretamente, a partir da equação I = E w , isto é, C = I3 /E/⊑≀l⊔w
3 , por
exemplo, para E3 = 7, 0 volt e I3 = 130 mA, obtém-se, C = 32 mA.
Resumindo, sempre que a equação para um fenômeno for do tipo: y(x) = Kxn , sendo k e n constantes, o
gráfico “y(x) × x” um papel di-log será uma reta. O expoente n será calculado por
enquanto que a constante k poderá ser lida diretamente no gráfico, no ponto onde a reta corta o eixo dos
y(x = 1, 0), ou calculada a partir de um ponto da reta, se n for conhecido.
62 Fı́sica Experimental UDESC-Joinville-SC
E(V )
9
8
9
8
2
S
9
9
S
8
8
S
S
7
7
S
6
6
S
S⊗
5
5
S
S
4
4
S
S
S
3
3
S⊗
S
S
S
2
2
S
S
S
S
S⊗
S
101
S
9
9
S
8
8
S
S
7
7
S
6
6
S
S
5
5
S
⊗S
4
4
S
S
S
3
3
S
S
S⊗
2
2
S
S
S
S
S
S
S 100
S
9
S
8
S
7
S
S⊗
6
S
S
5
S
S
4
S
S
3
S
S
S
S
2
2
10−1
9
8
9
8
2
I(mA)
103
102
101
4.10 Exercı́cios
1)Dadas as medidas tabeladas abaixo, use o papel milimetrado e construa uma escala CORRETA para cada
grandeza, marque os pontos experimentais (apenas as abscissas) sobre a escala construı́da. Como não existe
ordenada, use a linha central (5 mm) para a altura vertical dos pontos.
a) L(cm) 1,5 3,5 8,0 9,5 12,0 14,5
0 50 100 150
2)Dadas as medidas tabeladas abaixo, use o papel logarı́tmico e construa uma escala CORRETA para cada
grandeza, marque os pontos experimentais (apenas as abscissas) sobre a escala construı́da. Como não existe
ordenada, use a linha central (5 mm) para a altura vertical dos pontos.
a) ρ(g/cm3 ) 2,5 9,5 28,0 49,5 80,0 94,5
2 3 4 5 6 7 8 9 2 3 4 5 6 7 8 9
2 3 4 5 6 7 8 9 2 3 4 5 6 7 8 9
2 3 4 5 6 7 8 9 2 3 4 5 6 7 8 9
2 3 4 5 6 7 8 9 2 3 4 5 6 7 8 9
2 3 4 5 6 7 8 9 2 3 4 5 6 7 8 9
2 3 4 5 6 7 8 9 2 3 4 5 6 7 8 9
2 3 4 5 6 7 8 9 2 3 4 5 6 7 8 9
4.10. EXERCÍCIOS 65
Faça os exercı́cios abaixo, respeitando os critérios de 6)Um dos métodos para medir a constante elástica
arredondamento e de operação com algarismos signi- de uma mola é o método dinâmico, que consiste em
ficativos. pendurar massas diferentes na extremidade de uma
mola e fazê-la oscilar verticalmente, medindo para
3)A posição x de um bloco foi medida em vários in- cada massa o perı́odo de oscilação. A equação que
stantes de tempo t, forneceu os seguintes dados: relaciona as duas variáveis (perı́odo T e massa m) é
4)Os dados tabelados estão relacionados por uma 7)Num experimento em que o vapor de água tem a
equação do tipo y(x) = axn : sua pressão p medida para várias temperaturas abso-
lutas T , foram obtidos os seguintes resultados:
y(m) 3,21 5,31 8,23 15,00 26,10 53,80
x(m) 1,69 4,93 10,97 28,47 88,83 288,00
p(mm Hg) 2,14 4,57 14,53 50,21 149,3 355,2
a) Trace um gráfico “y(x) × x ” em papel milime- T (K) 263 273 293 313 333 353
trado. Observe que a curva obtida não é linear.
b) Para lineariza-la, trace “y(x) × x ” em papel di- Sabe-se que p(T ) = p0 e , onde R = 8, 314 J/mol·
−λ/RT
log. K.
c) Determine, então, a partir da curva linearizada, a) linearize a expressão acima para p(T );
as constantes a e n. b) escolhendo o papel adequado, trace um gráfico
linearizado para os pontos experimentais da tabela
5)Os dados tabelados estão relacionados por uma acima;
equação do tipo q(t) = q0 ebt :
c) a partir do gráfico linearizado, calcule as con-
q(mC) 2410 826 419 348 104 22 stantes p0 e λ, com suas respectivas unidades.
t(s) 1,37 3,39 4,57 4,71 7,02 9,48
8)Num experimento para determinar taxa em relação
a) Trace um gráfico “q(t)×t ” em papel milimetrado. ao tempo, por unidade de área, com que a energia de
Note que não é linear. uma onda eletromagnética é irradiada (a chamada
intensidade da onda) em função do módulo E do seu
b) Para lineariza-lo, trace “y(x)×x” em papel mono-
campo elétrico médio, foram colhidos os dados:
log.
c) A partir deste gráfico, determine as constantes q0 S(W/m2 ) 18 35 65 110 150
e b. E(V /m) 80 120 160 200 240
66 Fı́sica Experimental UDESC-Joinville-SC
Alfabeto grego
Letra Minúscula Maiúscula Letra Minúscula Maiúscula
alfa α nu ν
beta β csi ξ Ξ
gama γ Γ o o
delta δ ∆ pi π Π
epsilon ǫ ro ρ
zeta ζ sigma σ Σ
eta η tau τ
teta θ Θ upsilon υ Υ
iota ι phi φ Φ
kapa κ chi χ
lambda λ Λ psi ψ Ψ
mu µ omega ω Ω
Logarı́tmos
Definição
Se ap = N onde a 6= 0 ou 1 então p = loga N é chamado de logarı́tmo de N na base a.
Propriedades
i xi yi xi yi x2
1 1,0 1,1 1,1 1,0
2 2,1 5,9 12 4,4
3 4,3 10,7 46 18
4 5,9 12,9 76 35
5 7,8 17,5 1, 4 × 102 61
6 10,5 24,3 2, 6 × 102 1, 1 × 102
PN
i=1 /N 5,267 12,067 87,877 38,300
Tabela 1: Dados numéricos para a regressão linear com o método dos mı́nimos quadardos.
y(x) = ax + b
nos deparamos com uma tarefa nem sempre trivial: achar a melhor reta que pode ser ajustada aos pontos
experimentais.
Como os pontos colocados no gráfico linearizado inevitavelmente possuem erro experimental, em geral não
haverá uma reta sobre o gráfico que contenha todos os pontos. A dúvida que surge então é a seguinte:
Qual a melhor reta que pode ser traçada sobre os pontos dos gráfico linearizado?
Se pensarmos num critério para selecionar essa “melhor reta” baseado na idéia de minizarmos a soma dos
desvios quadráticos1 (ao quadrado) dos pontos experimentais até a dita melhor reta, então poderemos achar
analiticamente quais seriam os seus coeficientes angular a e linear b.
Essa técnica de ajuste de pontos experimentais sobre uma reta chama-se regressão linear, já que se busca
uma melhor reta. O método dos mı́nimos quadrados (MMQ) aplicado ao problema da regressão linear mostra
que a melhor reta, ou seja, a reta que minimiza os desvios quadráticos possui o coeficiente angular
xy − x · y
a=
x2 − x2
e o coeficiente linear
x2 · y − x · xy
b=
x2 − x2
onde a barra indica o valor médio sobre todas os N pontos experimentais (xi , yi ), com i = 1 . . . N.
Exemplo 0-10
Para os pontos experimentais do gráfico da Fig. 4.7(a), onde a melhor reta obtida pelo MMQ
está pontilhada, utilizou-se os 6 pontos seguintes:
1
Se poderia utilizar também os desvios em módulo, como um critério alternativo.
4.10. EXERCÍCIOS 69
25
20
15
y
10
0
0 2 4 6 8 10
x
e finalmente
87, 877 − (5, 267)(12, 067)
a= = 2, 29
10, 6
e
(38, 300)(12, 067) − (5, 267)(87, 876
b= = −0, 064
10, 6
Assim, a melhor reta será dada pela equação y(x) = 2, 29x − 0, 064.
Note que no cálculo do exemplo acima, não levamos em conta as regras de arredondamento, pois assumimos
que as coordenadas dos pontos são exatas, até o último algarismo apresentado, já que cada medida foi feita
apenas uma vez.
Em experimentos mais sofisticados, que exigem maior precisão, para cada valor da variável independente
(abscissa) faz-se uma série de medidas para a variável dependente (ordenada), tendo-se já um valor médio e
um erro provável para cada ordenada. Neste caso, é possı́vel se fazer um gráfico incluindo as barras de erro
para cada ponto experimental, e a regressão linear permite o cálculo dos erros associados aos coeficientes a
e b da melhor reta que se ajusta sobre o gráfico.
70 Fı́sica Experimental UDESC-Joinville-SC
Referências Bibliográficas
[1] PAIS, Abraham. Einstein viveu aqui. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.
2.1 Medida direta do comprimento de duas hastes A e B, realizadas com uma régua centimetrada,
ou seja, com divisões a cada centı́metro da escala. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.2 Medida direta do comprimento de duas hastes A e B, feitas com uma régua milimetrada. . . 12
2.3 Medida direta da posição de um feixe laser feita sobre uma escala milimetrada. . . . . . . . . 13
3.1 Quatro atiradores disparam 400 projéteis cada um, contra um alvo fixo. Podemos ver que o atirador
A possui tem pouca precisão (não consegue concentrar os disparos numa área pequena) e possui
pouca acurácia (pois o centro dos seus tiros está longe do centro do alvo, seu objetivo); o atirador
B possui boa precisão e pouca acurácia; o C possui pouca precisão e boa acurácia; e finalmente, o
atirador D combina boa precisão e boa acurácia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3.2 A curva normal de Gauss dá a probabilidade de se encontrar valores de uma medida em torno
do valor médio (zero, nesse caso). A Área marcada sob a curva, delimita a região provável,
ou seja, a região onde devem estar 50% das medidas efetuadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
4.1 a) O plano cartesiano e o sistema de eixos XY , com seus quatro quadrantes mostrados e
b) um conjunto de pontos experimentais representados no plano cartesiano e sua tendência
(indicada pela linha tracejada). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
4.2 Diferentes sı́mbolos usados para marcar os pontos experimentais nos gráficos. . . . . . . . . . 42
4.3 Representação esquemática de um pêndulo simples. Ajusta-se o tamanho l (variável indepen-
dente) e mede-se o perı́odo T (variável dependente). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
4.4 Representações gráficas possı́veis: (a) T × l e (b) l × T . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
4.5 A escolha da escala horizontal no gráfico (a) faz corresponder a cada bloco de divisões os
valores 10 na vertical e 1 na horizontal, uma boa escolha. No gráfico (b) faz corresponder o
valor 7 na vertical, uma péssima escolha. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
4.6 A escolha da escala vertical no gráfico (a) está correta, pois utiliza a maior parte do papel no
sentido vertical. No gráfico (b), utiliza-se menos da metade do papel, o que é ERRADO. . . 45
4.7 No gráfico (a) está a forma correta de traçar a melhor reta sobre os pontos experimentais,
respeitando a tendência geral dos pontos, e no gráfico (b) está a forma incorreta, que sim-
plesmente liga os pontos experimentais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
4.8 Gráfico de x × t para os dados do Exemplo 4-5. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
74 LISTA DE FIGURAS
2.1 Algumas grandezas fı́sicas bastante usadas, seu tipo, seu sı́mbolo usual (S), sua unidade no
Sistema Internacional (SI), um exemplo de uma medida da grandeza com o seu número de
casas decimais (NCD) e de algarismos significativos (NAS). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.2 Tabela dos múltiplo e sub-múltiplos mais usados na Fı́sica, com exceção do prefixo deca (D),
de uso raro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1 Dados numéricos para a regressão linear com o método dos mı́nimos quadardos. . . . . . . . . 68