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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE- UFCG

CENTRO DE HUMANIDADES
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

COMPONENTE CURRICULAR: Estudos de Teoria e Metodologias da História


DOCENTE: Iranilson Buriti de Oliveira
TURMA: 01/2020.2

PORTFÓLIO

EQUIPE:
Aline Araújo da Silva,
Andriele Assunção,
Everton Jânio,
Matheus Silva Pereira

CAMPINA GRANDE
2021
Definição das aulas:

Este trabalho tem abordagem, a aula ministrada pelo Prof. Dr. Iranilson Buriti de
Oliveira, titular da disciplina de Estudos de Teoria e Metodologias da História, na
Universidade Federal de Campina Grande, realizada no dia 06 de Julho de 2021, cuja temática
era O que é teoria? A partir do estudo do texto Teoria da História: princípios e conceitos
fundamentais, de José D’Assunção Barros. Momento que, nos faz refletir sobre as
características interdisciplinares que podemos relacionar o campo da História, não somente do
ponto de vista cronológico, como também filosófico, literário e das ciências humanas.
Como também, um segundo momento, realizado em parceria com a Profa. Dra. Keila
Queiroz e Silva, que além da graduação em História, possui Doutorado em Sociologia, e na
ocasião do dia 15 de Julho de 2021, trouxe à tona a discussão a respeito do levantamento de
dados para a fundamentação de uma pesquisa e/ou projeto que envolva sondagem histórica.

Sobre a aula do Professor Iranildo:

A aula deve início com o Professor Iranilson indagando o que entende-se por Teoria,
que também consiste, no primeiro Capítulo do texto em questão. E, já que, também é o nome
da disciplina ele, portanto, apresentou-a. Na ocasião, o mesmo falou a respeito do que seria
Teoria e como ela, é constituída por campos de interesses diversos. E cada um deles possui
suas singularidades para se auto definirem.
Na sua fala, explicou que, todo campo de saber surge por transformação e ao mesmo
tempo que uma disciplina se distancia de outra, por algum outro motivo ela se aproxima da
mesma, seja de uma forma metodológica ou teórica, é o que se chama de campos
intradisciplinares, ou seja, dentro da História temos esses campos intradisciplinares como por
exemplo, a história política é uma sub área da história eu dialoga com as ciências políticas, a
história cultural dialoga com a antropologia, entre outras. Isso, vai de certa forma mapeando e
constituindo os campos de interesse da história, como um todo.
Levando em consideração que, toda disciplina é constituída por modos: de ver, de
sentir, de execução e elaboração. Entende-se que, isso é o que se denomina metodologia.
Todo campo, então, envolve aspectos teóricos e metodológicos, e, é nessa perspectiva que
consiste o aprofundamento dos estudos relacionados à esta cadeira.
Num segundo momento, a discussão se estendeu já no Segundo capítulo, cujo título é:
Teoria: o que é isso? E magnificamente, a explanação do Professor Iranilson se deu na
vertente de que, sem teoria não se escreve história.
A teoria é um modo de ver, de enxergar a fonte. A fonte pode ser interpretada de
diferentes formas, ela não se esgota, o que se esgota é a forma de se perguntar. Ao se fazer
uma pesquisa é interessante elaborar perguntas inteligentes, bem elaboradas, para que a fonte
possa responder as indagações, mas a pergunta vai depender do caminho teórico e
metodológico traçado. A disciplina de Estudos de Teoria e Metodologias de História tem a
função de ensinar um pouco da teoria e metodologia. Teoria associada a fontes, a documentos
e as metodologias.
Teoria é uma forma de ver, qualquer campo disciplinar apresenta uma forma de escrita
que é uma linguagem, uma narrativa, uma escrita própria, uma organização interna que tende
a se formar sob espaços intradisciplinares, esses espaços é a história política, a história das
mentalidades e a história social.
Teorizar é olhar sobre si, a disciplina de História é um olhar sobre si e isso acontece a
partir de pesquisas, escrevendo, conversando, debatendo e etc. A teoria é uma visão de
mundo, é através da teoria que os cientistas e os estudiosos conseguem saber e enxergar a
realidade.
Levando em conta o que fora discutido na obra, o autor apresenta o que é teoria
explicando em três níveis discursivos. Um é o campo de estudos, a teoria é formada pelo
modo de aprender o mundo e pelo modo de compreensão do mesmo. Segundo, podemos falar
de teoria quando nos referimos a cada um dos modelos ou sistemas explicativos em que os
cientistas se utilizam para compreender os fenômenos, os aspectos e os objetos que
relacionam as suas parcialidades. As teorias vão sendo criadas a partir de escolas, como por
exemplo a escola dos Annales.
A teoria da história abarca outras teorias. Como por exemplo, a teoria econômica, a
história cultural, a história do imaginário a teoria do direito e etc. A teoria é a forma específica
de aprender a realidade, de enxergar o mundo. A teoria e a razão são centradas, a razão
permite enxergar coisas que a intuição e o senso comum não nos permite, a metodologia é
científica e caminha pela razão.
A teoria é uma visão de mundo que corresponde a maneira de ver e pensar as coisas.
Intuição é aquilo em que você chega a uma conclusão sem ter se baseado em algo científico,
você não caminhou por métodos científicos mas intuitivos. O ver da intuição é diferente e
pode fornecer coisas interessantes. Isso porque, o conhecimento empírico é aquele que
adquirimos através das ações e experiências de mundo, vivencias cotidianas e experiências de
vida.
A teoria é importante porque traz novos olhares sobre a história, a teoria não para,
quanto mais se ler mais se compreende os significados das coisas. A teoria pode se
desenvolver através de um padrão argumentativo, discursivo, encaixando uma coisa na outra
ou interconectando. Uma linguagem de observação deve ser polida, para assim dizermos
coisas novas de formas diferentes.
Outro fator que promove essa interação é a comprovação empírica. Que consiste em
mostrar por meio da fontes, a comprovação que historiadores trabalham para alcançar. Fonte,
por sua vez, é um registro feito de forma oral, por meio de um recorte fotográfico, por meio
da imprensa, por meio de uma inscrição rupestre entre outras formas. Se foi registrado pelo
homem é uma fonte documental, uma comprovação empírica.
A respeito disso, uma indagação fora levantada, durante a discursão em sala foi: a
História é ou não uma ciência? E a resposta foi que, certamente, existe uma longa discursão
a esse respeito, e isso pode provocar uma interessante pesquisa em busca de sua
comprovação. Pois, sendo arte ou ciência não altera a importância da História. Então, o
Professor Iranilson sugeriu que pudesse ser feito uma enquete da história sobre enquanto
narrativa, enquanto arte e enquanto experiência.
E por fim, evidenciar que a teoria é um modo de ver as coisas, enquanto a metodologia
é uma maneira de fazer algo. A metodologia é o modo de fazer e trabalha a delimitação
temática, a constituição das fontes, porque precisa-se ter fontes para ler e problematizar,
precisa-se de um planejamento de pesquisa para não se perder no percurso andado. É
importante frisar que o autor faz diferenciações para mostrar os modos de fazer e os modos de
enxergar entre a teoria da história e a metodologia da história.
Assim, como também, evidencia as questões relacionadas à História, enquanto meio
de interdisciplinaridade para a construção de conhecimento e a importância de reconhecê-la
como uma rede humana, na construção de olhares para a própria sociedade. No entanto, o que
podemos destacar é que, dentro do campo do conhecimento, é muito complicado definir um
ponto inerte para conceitua-la, visto que, de acordo com as proporções que ela
interdisciplinarmente se funde, como por exemplo a Medicina, o Direito ou quaisquer outra
área, a História atrairá e somará saberes diversos baseados na sua constante transmutação
pelas várias áreas do saber.

Sobre a aula da Professora Keila:

A professora Keila trouxe para o debate a sua experiência como pesquisadora em


projetos de pesquisa e extensão, através da aula: Pesquisa e história oral. Experiência, pela
qual, geralmente aborda temas como: índices de crianças que viviam com os avós. Falou de
sua pesquisa de tese de doutorado sobre essas crianças que residiam com os avós,
representando assim, uma espécie de adoção não legalizada.
Apresentou como se pensar um bom projeto de pesquisa que seja interessante, de
como se fazer um levantamento de dados, e que em determinado momento a sua pesquisa que
até então era individual, passou a ser coletiva e envolvendo outras pessoas.
A professora Keila falou sobre pontos fundamentais para se começar um trabalho de
pesquisa numa comunidade, de como se deve entrar em uma, sobre a importância de se
construir um vínculo e de procurar os líderes comunitários para que facilitem o acesso livre a
comunidade. Enfatizou que o sucesso, a densidade e a profundidade do trabalho/pesquisa vai
depender do laço, da solidez e do vínculo que o pesquisador fez com a comunidade.
A professora enfatizou, que trabalhar com idosos, é estar preparando terreno para
nossa velhice, que os idosos são os que mais sabem e conhecem a história do bairro. Apontou
diversos temas que podem ser trabalhados por pesquisadores, como:
 Idosos cuidando dos netos na pandemia;
 Mulheres idosas que foram lutadoras de movimentos sociais;
 A sexualidade;
 A história da amizade;
 A memória dos aposentados;
 A solidão dos idosos na pandemia devido ao isolamento social, entre outros.
Ela ainda ressaltou que, os idosos não costumam falar da morte e exaltam uma velhice
bem sucedida, ativa e com plásticas. Que a velhice da classe média é extremamente
individualista, que os idosos evitam a dor do envelhecimento e não falam em doenças. A
professora ressaltou, que quanto maior o vínculo, maior a narrativa entre pesquisador e
entrevistado.

Metodologias aplicadas pelos Professores


Aulas dialogadas, coma a utilização de recursos tecnológicos. Ministradas
sincronicamente, através do aplicativo Google Meet

ENTREVISTA

Entrevistador: Olá Boa Noite a Todos! Sou Matheus Silva, sou estudante na Universidade
Federal de Campina Grande, a nossa equipe faz parte do curso de licenciatura em História, a
qual é ministrado por Professor Iranilson Buriti da disciplina Estudos de Teoria e
Metodologias da História
Nós trabalhamos com a perspectiva que a teoria é a forma específica de aprender a realidade,
de enxergar o mundo. A teoria e a razão são centradas, a razão permite enxergar coisas que a
intuição e o senso comum não nos permite, a metodologia é científica e caminha pela razão.
E por fim, evidenciar que a teoria é um modo de ver as coisas, enquanto a metodologia é uma
maneira de fazer algo. A metodologia é o modo de fazer e trabalha a delimitação temática, a
constituição das fontes, porque precisa-se ter fontes para ler e problematizar, precisa-se de um
planejamento de pesquisa para não se perder no percurso andado. É importante frisar que faz
diferenciações para mostrar os modos de fazer e os modos de enxergar entre a teoria da
história e a metodologia da história.
Pergunta 1 -Andriele: Para a entrevistada, sabemos que de início, temos uma visão geral
sobre os elementos que compõem o processo de um objeto de pesquisa, essa desconstrução
acerca da verdade absoluta, Por exemplo: fontes orais; diferentes fontes escritas; referencias
locais (do espaço ali vivenciado); entre outros. Diante disso, como você, lidou com um tanto
de informações acerca do seu desenvolvimento de pesquisas metodológica?

Em resposta, a professora Virna Lúcia, relata sua visão vivida na época em que estudava
acerca da verdade absoluta. Ela explicou que, a percepção de história verdadeira não se tinha
um viés e um ponto de vista exato, ou seja, a forma de enxergar determinado evento histórico
tendo sempre uma verdade para cada marco histórico e, até nos dias atuais grande parte das
pessoas acreditam que exista uma verdade a contar. Toda essa visão quando é engajada ao
campo da pesquisa, a história trabalha muito com a ideia de verdades, não com verdade
absoluta, pois, temos que considerar os pontos de vistas e suas percepções. Diante disso, a
professora debate toda essa parte da perspectiva de formação de pesquisa e, os pontos
relevantes que devem ser levados em uma pesquisa para que depois dessas informações você
possa escolher e utilizar as fontes nas quais quer trabalhar. A entrevistada, Virna Lúcia,
também discute sua experiência própria falando sobre sua pesquisa no Doutorado apesar de
ser na área de Literatura, toda sua metodologia aplicada depois que ela veio a cursar História
percebeu que as fontes usadas eram mais comuns no curso de História. Virna, ressalta sua
pesquisa no campo da Historiografia literária, com foco na literatura brasileira a partir dos
jornais periódicos do século XIX, então, ela fala sobre essa ser um método de pesquisa, uma
das possibilidades para estudar o assunto de sua pesquisa em questão. Por fim, a entrevistada,
ressalta que existem diversas possibilidades e perspectivas de pesquisas no campo da história
o pesquisador quando tem contato com a fonte diretamente também entra em contato com o
tema e/ou a teoria a ser utilizada. Em seguida, a professora, fala do surgimento da escola dos
Annales que contribuiu para que essas fontes se diversificassem muito como também, na
forma que essas fontes se constituem. Ademais, antes da escola dos Annales, só tínhamos
fontes oficiais e que por se sós, essas fontes se explicavam, mas, sabemos que todas as fontes
são passíveis de serem interpretadas até mesmo essas fontes oficiais. Então, pode-se utilizar
fontes oficiais e mudar o ponto de vista daquilo que já foi adotado, visando todos os pontos
possíveis.
Pergunta 2- Aline: A teoria traz novos olhares sobre a história, quanto mais se lê, mais se
compreende os significados das coisas. Ela pode se desenvolver através de um padrão
argumentativo e discursivo, encaixando uma coisa na outra ou interconectando. A teoria pode
ser considerada a partida? Como sendo um fator fundamental para a constituição de qualquer
campo de conhecimento?
De acordo com a professora Virna Lúcia, a teoria no processo de escrita de um projeto de
pesquisa na área de História ou em qualquer área, é o norte e é importantíssima, não se pode
afirmar nada sem antes se ter uma teoria. Mas, que as vezes a teoria é escolhida a partir do
momento em que você escolhe antes o seu objeto de pesquisa. Que teoria vai comportar uma
pesquisa em determinada área? Ou você pode a partir da teoria escolher seu objeto de
pesquisa. E que quando se tem o objeto de pesquisa se torna-se mais fácil para se escolher a
teoria. A partir de qual ponto de vista, a partir de que olhar pode-se analisar esse objeto e
essas fontes que foram escolhidas? Porque as vezes o processo pode ser inverso, independente
do que você for pesquisar é óbvio que se precisa de uma teoria e escolher bem essa teoria, que
já é um passo muito importante para o sucesso da pesquisa. Por isso que é importante se ler
muito, conhecer as muitas teorias historiográficas que existem, porque elas vão fazer com que
a gente instaure um olhar sobre o objeto de pesquisa, um olhar bem mais amplo, que vai nos
dar um viés, um norte, que a principal função da teoria é essa, nortear, dar um norte numa
pesquisa. É interessante porque a partir da teoria você instala um discurso, porque escrita da
história em si não é desprovida de nenhum discurso, existe um discurso que vai falar mais
alto, no momento em que você passa a escrever a história sobre a visão de uma teoria, de certa
forma você já escolheu um viés, um ponto de vista ao escolher a teoria.
Pergunta 3 – Everton: Ao lermos o livro Teoria da História de José D`Assunção Barros,
vários são os questionamentos que o mesmo causa no seu público leitor, dentre eles ficamos
nos perguntando quais foram os principais obstáculos que a História passou para virar uma
disciplina? atrelada a esta pergunta, podemos deduzir que a História enquanto campo de
pesquisa acompanha a história enquanto disciplina, ou seja, a história ensinada?
O grande desafio da história passou pelo contexto do século XIX, com muita influência do
positivismo que consistia na história detentora da verdade, uma verdade absoluta. Vale saber
que a história andou junta com muitas outras ciências humanas antes de se definir como um
campo de conhecimento, exemplo disto temos a antropologia, a filosofia com a sociologia e
outras áreas, mas ela tinha suas especificidades, o que fazia da história uma ciência específica.
Enquanto as outras ciências humanas tinham estudos direcionados ao homem, a história
estava em busca de estudar o homem no seu tempo.
A história enquanto disciplina passou a existir quando ela parou de ser confundida
com as outras ciências, ela surge quando tem suas bases especificas. É muito importante ter
em mente o objeto de estudo da história para não confundi-la com outras ciências.
Entrevistador- Matheus: Obrigado por participar do assunto abordado, e todas as
informações apresentadas durante a entrevista me agradaram muito. Foi ótimo a experiência
de estar presente conosco, os seus ensinamentos foram muito além dos conteúdos do
currículo.  Você soube despertar a nossa admiração de um modo único. Muito obrigado pela
sua dedicação, paciência e carinho ao lecionar.
REFERÊNCIAS

BARROS, José D’Assunção. Teoria da História/ José D’Assunção Barros. Petrópolis, Rio de
Janeiro: Vozes, 2011, p. 17-40.

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