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Materiaç de Apoio Processo Penal
Materiaç de Apoio Processo Penal
Materiaç de Apoio Processo Penal
PENAL
Prof. Nidal Ahmad e
Prof. Letícia das Neves
1) INQUÉRITO POLICIAL
Conforme dispõe o artigo 4º, parágrafo único, do Código de Processo Penal, a atribuição
investigatória não é exclusiva da Polícia Judiciária. Assim, por expressa disposição de lei, os atos
de investigação destinados à elucidação de crimes podem ser procedidos por outras autoridades
administrativas, como, por exemplo, nos casos de inquéritos parlamentares por meio de instauração
de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), inquérito policial militar, investigações promovidas
pelo Ministério Público.
1.2) CARACTERÍSTICAS
Por isso, todas as peças do inquérito policial serão reduzidas a escrito ou datilografadas
e, neste caso, rubricadas pela autoridade.
b) SIGILOSO – Art. 20
Segundo o artigo 20 do CPP, o inquérito policial é sigiloso, devendo a autoridade
assegurar no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da
sociedade.
c) OFICIALIDADE
O inquérito policial é uma atividade investigatória feita por órgãos oficiais, não podendo
ficar a cargo do particular, ainda que a titularidade da ação penal seja atribuída ao ofendido.
d) INDISPONIBILIDADE
É indisponível. Após a sua instauração não pode ser arquivado pela autoridade policial
(art. 17)
e) INQUISITIVO
Tem valor probatório, embora relativo, haja vista que os elementos de informação não
são colhidos sob a égide do contraditório e da ampla defesa, nem tampouco na presença do juiz de
direito.
A autoridade policial não poderá instaurar o inquérito policial se não houver justa causa
(por ex. o fato não configurar, nem em tese, ilícito penal; quando estiver extinta a punibilidade ou
quando não houver sinais de existência do fato).
Se o fizer, o ato será impugnável pela via do habeas corpus (art. 648 e incisos do
CPP).
A autoridade policial não pode se recusar a instaurar o inquérito, pois a requisição tem
natureza de determinação, de ordem, muito embora inexista subordinação hierárquica.
Nos termos do art. 100, § 1º, do CP, e 24, do CPP, podem oferecer representação o
ofendido ou quem tiver qualidade para representá-lo, ou seja, representante legal da vítima, e, por
força do artigo 39, caput, do CPP, o procurador com poderes especiais.
Diz o art. 5º, § 5º: “Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá
proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la “.
O auto de prisão em flagrante é a peça inicial do inquérito policial e este só pode ser
intentado após tal requerimento por força do art. 5º, § 5º.
Diante de regular notitia criminis a autoridade policial deve instaurar o inquérito policial
destinado a apurar o fato em todas as suas circunstâncias e a autoria.
Mesmo a existência de elementos que indicam ter ocorrido uma causa de excludente
da antijuridicidade não impede a instauração do procedimento investigatório.
Deve também a autoridade “apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após
liberados pelos peritos criminais ( art. 6º, II ). Esses objetos devem, a final, acompanhar os autos do
inquérito ( art. 11 ).
Cabe ainda à autoridade “colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do
fato e suas circunstâncias " ( art. 6º, III ).
A autoridade deve ouvir o ofendido ( art. 6º, IV ).
Deve ainda a autoridade “determinar, se for o caso, que se proceda a exame de corpo
delito e a quaisquer outras perícias “ ( art. 6º, VII ).
O exame de corpo delito é indispensável todas as vezes que a infração deixar vestígios,
constituindo-se na verificação dos elementos exteriores ou da materialidade da infração penal pelo
perito.
O indiciado, porém, não está obrigado a participar da reconstituição, ainda que tenha
confessado o delito no interrogatório. Se, em termos constitucionais, pode permanecer calado (art.
5º, LXIII ), com muito maior razão não pode estar obrigado a produzir prova contra si mesmo.
A reprodução simulada dos fatos (reconstituição do crime) poderá ser feita, contanto
que não atente contra a moralidade ou a ordem pública.
O indiciado poderá ser forçado a comparecer (art. 260 CPP), mas de participar da
reconstituição, prerrogativa que lhe é garantida pelo direito do silêncio e se corolário, o princípio de
que ninguém está obrigado a fornecer prova contra si (art. 5º, LXIII, da CF/88).
Não cabe a autoridade na sua exposição emitir qualquer juízo de valor, expender
opiniões ou julgamentos, mas apenas prestar todas as informações colhidas durante as
investigações e as diligências realizadas.
Do juízo, os autos devem ser remetidos ao órgão do Ministério Público, para que este
adote as medidas cabíveis.
Nesta hipótese, isto é, quando o agente estiver solto, o § 3º do mesmo artigo permite a
prorrogação do prazo pelo juiz sempre que o inquérito não estiver concluído dentro do prazo legal,
desde que o caso seja de difícil elucidação.
Findo o inquérito, pode o Ministério Público devolver os autos para novas diligências,
que entender imprescindíveis (art. 16 CPP).
Nos termos do artigo 51 da Lei 11.343/2006, o inquérito policial será concluído no prazo
de 30 (trinta) dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 (noventa) dias, quando solto. Nos termos do
parágrafo único. Os prazos a que se refere este artigo podem ser duplicados pelo juiz, ouvido o
Ministério Público, mediante pedido justificado da autoridade de polícia judiciária.
1.9) INDICIAMENTO
Além das referidas nos arts. 6º e 7º do CPP, à autoridade policial incumbe outras
providências, referidas no art.13.
Deve, ainda, “realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo MP” ( inc. II).
Assim, estando presentes, a seu critério, os pressupostos previstos nos arts. 312 e 313
do CPP, deve representar para a decretação da prisão preventiva, fundamentando o pedido sobre
a necessidade ou conveniência da medida cautelar.
Ainda que provada a inexistência do fato ou que não se tenha apurado a autoria do ilícito
penal, a autoridade policial não pode mandar arquivar o inquérito (Art. 17). Tal providência cabe ao
juiz, a requerimento do órgão do Ministério Público (art. 28).
Faltando a justa causa, a autoridade policial pode deixar de instaurar o inquérito, mas,
uma vez feito, o arquivamento só se dá mediante decisão judicial, provocada pelo Ministério Público,
e de forma fundamentada, em face do princípio da obrigatoriedade da ação penal.
Arquivado o inquérito por falta de provas, a autoridade policial poderá, enquanto não se
extinguir a punibilidade pela prescrição, proceder a novas pesquisas, desde que surjam outras
provas, isto é, novas provas, que alterem o panorama probatório dentro do qual foi concebido e
acolhido o pedido de arquivamento.
Nesse sentido, a Súmula 524 do STF, “arquivado o inquérito policial por despacho do
juiz, a requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada sem novas provas”.
Nada impede que novas provas modifiquem a matéria de fato, dando ensejo ao
procedimento penal.
Por isso, o Código permite que autoridade policial proceda a novas pesquisas, mesmo
após o arquivamento do inquérito (art. 18).
2) AÇÃO PENAL
2.1) CONCEITO
Dentro dos casos de ação pública, há outra subdivisão, em ação pública incondicionada
e condicionada.
Assim, não havendo expressa disposição legal sobre a forma de se proceder, a ação
será pública incondicionada; se houver, a ação será pública condicionada, ou então, ação privada,
conforme o caso.
I) TITULARIDADE
Cabe ao Ministério Público, com exclusividade, a propositura da ação penal pública, seja
ela incondicionada ou condicionada.
A CF/88 prevê, todavia, no art. 5º, LIX, uma única exceção: caso o Ministério Público
não ofereça a denúncia no prazo legal, é admitida ação penal privada subsidiária, proposta pelo
ofendido ou seu representante legal. A ressalva também está prevista no art. 29 do CPP e art. 100,
§ 3º CP.
Identificada a hipótese de atuação, não pode o Ministério Público recusar-se a dar início
à ação penal.
No nosso ordenamento jurídico, quanto à ação penal pública, vigora o princípio da
legalidade, ou obrigatoriedade, impondo ao órgão do MP, dada a natureza indisponível do objeto
da relação jurídica material, a sua propositura, sempre que a hipótese preencher os requisitos
mínimos exigidos. Não cabe a ele adotar os critérios de política ou utilidade social.
Significa que oferecida a ação penal, o Ministério Público dela não pode desistir.
V) PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA
A ação só pode ser proposta contra a pessoa a quem se imputa a prática do delito.
I) CONCEITO
É aquela cujo exercício se subordina a uma condição. Essa condição tanto pode ser a
manifestação de vontade do ofendido ou de ser representante legal (representação), como também
a requisição do Ministro da Justiça.
Mesmo nesses casos a ação penal continua sendo pública, exclusiva do MP.
Por ser exceção à regra de que todo crime se processa mediante ação pública
incondicionada, os casos sujeitos à representação ou requisição encontram-se explícitos em lei.
Pode também ser exercido por procurador com poderes especiais (art. 39 CPP).
Note-se que ele não está obrigado a representar. O mesmo procedimento deverá ser
adotado se os interesses do representante colidirem com os do ofendido incapaz (art. 33 CPP).
As pessoas jurídicas também poderão representar, desde que o façam por intermédio
da pessoa indicada no respectivo contrato ou estatuto social, ou, no silêncio destes, pelos seus
diretores ou sócios-gerentes (art. 37 CPP).
IV) PRAZO
Trata-se de prazo decadencial, que não se suspende nem se prorroga, e cuja fluência,
iniciada a partir do conhecimento da autoria da infração, é causa extintiva da punibilidade do agente
(art. 107, IV, do CP).
O prazo flui, todavia, para o representante legal, desde que ele saiba quem é o autor do
ilícito penal. Quando a vítima é menor de 18 anos, portanto, o prazo para representar ou ingressar
com queixa-crime corre somente para o representante legal.
Nos termos dos arts. 25 do CPP e art. 102 do CP, “a representação será irretratável
depois de oferecida a denúncia”. Assim, se o ofendido exerce o direito de representação, pode
retirá-la antes de iniciar-se a ação penal com o oferecimento da denúncia.
No que diz respeito a crimes envolvendo violência doméstica ou familiar contra a mulher,
que se procedem mediante representação, como, por exemplo, o crime de ameaça (art. 147 do
CP), a renúncia à representação só será admitida perante o juiz, em audiencia especialmente
designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público. É o
que se extrai do artigo 16 da Lei 11340/2006.
Lembrando que nos termos da Súmula 542 STJ “A ação penal relativa ao crime de lesão
corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada”
I) CONCEITO
A peça inicial da ação penal privada é a queixa, que não se confunde com a notitia
criminis ou com o requerimento de instauração de inquérito policial.
II) PRINCÍPIOS
O ofendido tem a faculdade de propor ou não a ação de acordo com a sua conveniência,
ao contrário da ação penal pública, informada que é pelo princípio da obrigatoriedade, segundo o
qual não é dado ao seu titular, quando da sua propositura, ponderar qualquer critério de
oportunidade e conveniência.
Diante disso, se a autoridade policial se deparar com uma situação de flagrante delito
de ação privada, ela só poderá prender o agente se houver expressa autorização do particular (art.
5º, § 5º, CPP).
B) PRINCÍPIO DA DISPONIBILIDADE
O ofendido pode escolher entre propor ou não a ação. Não pode, porém, escolher dentre
os ofensores qual irá processar. Ou processa todos, ou não processa nenhum.
O Ministério Público não pode aditar a queixa par anela incluir os outros ofensores,
porque estaria invadindo a legitimação do ofendido.
No caso, a queixa deve ser rejeitada em face da ocorrência da renúncia tácita no tocante
aos não-incluídos, pois esta causa extintiva da punibilidade se comunica aos querelados (art. 49
CPP).
D) PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA
Significa que a ação penal só pode ser proposta em face do autor e do partícipe da
infração penal, não podendo se estender a quaisquer outras pessoas.
Assim, operada a decadência para um, o outro poderá intentar a ação penal, dentro do
prazo de 06 meses, a contar do dia em que tomou conhecimento pessoal da autoria.
A ação penal privada subsidiária é proposta nos crimes de ação pública, condicionada
ou incondicionada, quando o MP deixar de fazê-lo no prazo legal.
O ofendido ou seu representante legal tem o lapso de 06 meses para intentar a ação
penal subsidiária por meio de queixa substitutiva, contados a partir do dia em que se esgotou o
prazo para o Promotor de Justiça iniciar a ação penal pública (art. 103, in fine, do CP).
Portanto, a ação privada subsidiária só pode ser intentada no caso de inércia do órgão
do MP, ou seja, quando ele, no prazo que lhe é concedido para oferecer a denúncia, não a
apresenta, não requer diligência, nem pede o arquivamento.
3) DA RENÚNCIA – Art. 49
A renúncia significa desistir ou abdicar de algo. Neste contexto, demonstra que a vítima
se recusa a tomar providência contra o seu agressor, em se tratando de crime de ação penal
privada.
Importa renúncia tácita ao direito de queixa a prática de ato incompatível com a vontade
de o ofendido ou seu representante legal iniciar a ação penal privada (art. 104, § único, 1ª parte).
Ex. praticado um crime de injúria, o ofendido convida o ofensor para ser padrinho de batismo do
seu filho, indicando com esse ato não ter vontade de contra ele oferecer queixa.
Dessa forma, se três são os autores do crime de ação penal privada, cumpre ao ofendido
oferecer queixa contra todos ou nenhum. A exclusão de um importa renúncia tácita, estendendo-se
aos demais, nos termos do art. 49 do CPP.
PERDÃO é o ato pelo qual INICIADA A AÇÃO PENAL PRIVADA, o ofendido ou seu
representante legal desiste de seu prosseguimento, nos termos do art. 105, caput, do CP.
Tratando-se de ação penal privada subsidiária da pública (art. 100, § 3º), a desistência
do ofendido de prosseguir com o processo não determina a extinção da punibilidade, mesmo que o
réu aceite o perdão, pois se trata de ação penal pública, DEVENDO O MP ASSUMI-LA COMO
PARTE PRINCIPAL (art. 29 do CPP).
De fato, a prática do crime origina o jus puniendi para a aplicação da sanção penal mas
também a obrigação de que o autor repare o dano pelo ilícito.
A reparação do dano por ato ilícito prevista no art. 186 do CC está regulamentada
especificamente para alguns ilícitos. EX: no caso do homicídio (art. 948 do CC); nos delitos de lesão
corporal dolosa ou culposa (art. 949).
a) Generalidades
Nos termos do artigo 91, inciso I, do CP, um dos efeitos da sentença penal condenatória
é “tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime” (art. 91, inc. I). Segundo o artigo
63 do CPP “transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover- lhe a execução, no
juízo civil, para efeito da reparação do dano, o ofendido, seu representante legal e seus herdeiros”.
A partir da nova redação do artigo 387, IV, do CPP, introduzida pela Lei 11.719/2008,
poderá o juiz, já na sentença penal condenatória, fixar o valor mínimo para reparação dos danos
causados pela infração penal, considerando os prejuízos sofridos pela vítima.
Esse arbitramento do valor mínimo pelo juiz criminal não impede, contudo, que a vítima
busque, na esfera cível, o prejuízo efetivo que julga ter sofrido em consequência da infração penal.
É o que dispõe o artigo 63, parágrafo único, do CPP.
Em outras palavras, não obstante fixado o valor mínimo indenizatório na sentença penal
condenatória (art. 387, IV, CPP), poderá a vítima ajuizar, desde logo, no juízo cível, ação de
execução ex delicto em relação ao montante fixado na sentença condenatória e, ainda, buscar a
liquidação por artigos da sentença penal condenatória, com a finalidade de quantificar o prejuízo
efetivamente sofrido com a prática criminosa.
c) Legitimação – Art. 63
a) Generalidades
A sentença cível que vier a ser prolatada, se procedente a ação, já poderá conter o valor
do dano indenizável, não se exigindo, nesse caso, previamente à execução, a fase da liquidação
da sentença.
b) Legitimação – Art. 63
Nos termos do artigo 66 do CPP, a sentença absolutória não exerce qualquer influência
sobre o processo cível, salvo quando reconhece, expressamente, a inexistência material do fato ou
afasta categoricamente a autoria ou participação.
6) COMPETÊNCIA
6.1) CONCEITO
c) ratione loci (art. 69, I e II): em razão do local em que foi praticado ou consumou-
se o crime, ou o local da residência do seu autor.
A) COMPETÊNCIA ABSOLUTA
A competência absoluta tem origem em norma constitucional, razão pela qual apresenta
como fundamento o interesse público na correta e adequada distribuição da justiça.
Diante do interesse público, essa espécie de competência é indisponível às partes e
deve ser aplicada de forma obrigatória.
a) pode ser arguida a qualquer tempo, enquanto não transitar em julgado a decisão.
Todavia, em se tratando de sentença condenatória ou absolutória imprópria, as
nulidades absolutas podem ser arguidas mesmo depois do trânsito em julgado, já que existem
medidas processuais cabíveis nessas hipóteses, como a revisão criminal e o habeas corpus.
b) o prejuízo é presumido
Assim, por exemplo, no caso da jurisdição comum e especial, dos juízes superiores e
inferiores (competência originária e competência recursal) e segundo a natureza da infração penal,
a competência é fixada muito mais por imposição de ordem pública, do que no interesse de uma
das partes.
B) COMPETÊNCIA RELATIVA
A exceção de incompetência está prevista no artigo 95, inciso II, do CPP, podendo ser
oposta no prazo de defesa, que é de 10 dias a contar da efetiva citação (art. 396-A do CPP).
A incompetência absoluta pode ser arguida a qualquer tempo, inclusive após o trânsito
em julgado da sentença penal, se for contra o réu.
Não sendo hipótese de foro por prerrogativa da função, deve-se estabelecer critério
para fixação da competência. Nesse particular, pode-se adotar os seguintes passos, que devem
ser seguidos de forma articulada:
Assim, qualquer delito que atinja bens jurídicos de interesse da união será da
competência da Justiça Federal.
Por se limitar o art. 109, IV, da CF, às autarquias e empresas públicas, assentou-se no
STJ que “compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar causas cíveis em que é parte
sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu detrimento” (súmula 42).
Por isso, não são da competência da Justiça Federal, mas da Justiça Estadual, os
crimes praticados contra o Banco do Brasil, o Banco Nacional de Crédito Cooperativo, a Rede
Ferroviária Federal etc.
Por força da CF, compete ainda à Justiça Federal o processo e julgamento dos “crimes
previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no país, o resultado
tenha ou devesse Ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente” (art. 109, V).
Ex: Súmula 522 do STF: “Salvo ocorrência de tráfico para o Exterior, quando, então, a
competência será da Justiça Federal, compete à Justiça dos Estados o processamento dos crimes
relativos a entorpecentes”.
Estipula o parágrafo 5º que nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o
Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações
decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá
suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo,
incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal
Tal medida teria a finalidade de assegurar o desligamento do caso das questões locais,
mais próprias da Justiça Estadual, levando-o para a esfera federal, buscando, inclusive, elevar a
questão à órbita de interesse nacional e não somente regional.
É a competência mais residual de todas, pois o crime somente será julgado na Justiça
Estadual quando não for da competência da Justiça Especial (Militar ou Eleitoral) e da Justiça
Comum Federal.
Duas são as hipóteses em que, não ocorrendo hipótese de fixação por outra razão,
determina-se para o processo penal o forum domicilli.
A primeira delas encontra-se no art. 72, caput: Não sendo conhecido o lugar da
infração, a competência regular-se-á pelo domicílio ou residência do réu.
Não sendo possível a aplicação das regras acima mencionadas por não ter o réu
domicílio ou residência certa, sendo ignorado o seu paradeiro, é competente o juiz que primeiro
tome conhecimento do fato (art. 72, § 2º).
Pelo art. 76, I, última parte, há conexão se os crimes forem praticados “por várias
pessoas, umas contra as outras”. EX: agressões entre componentes de dois grupos de pessoas
em um baile. Ex2: É o caso da rixa.
Nos termos do artigo 76, II, a competência é determinada pela conexão se, no caso de
várias infrações, “houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para
conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas”.
Diz que há continência quando uma coisa está contida em outra, não sendo possível
a separação.
A) CONTINÊNCIA EM RAZÃO DO CONCURSO DE PESSOAS – Art. 77, I
Justifica-se a junção de processos contra diferentes réus, desde que eles tenham
cometido o crime em conluio, com unidade de propósitos, tornando único o fato a ser apurado.
Difere da conexão por concurso, porque nesta há vários agentes praticando vários fatos.
O art. 70 refere-se ao concurso formal de crimes, em que, com uma mesma conduta
o agente pratica dois ou mais crimes.
O art. 73, 2ª parte refere-se ao erro de execução (aberratio ictus), em que, por acidente
ou erro no uso dos meios de execução, o agente, além de atingir a pessoa que pretendia ofender
lesa outra.
Em todos os casos, está-se diante de concurso formal, razão pela qual, na essência,
o fato a ser apurado é um só, embora existam dois ou mais resultados.
Dispõe o art. 78, I: “no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da
jurisdição comum, prevalecerá a competência do júri”.
Ocorre, porém, que pode haver um conflito real entre esses magistrados. Ex: furto e
receptação (conexão instrumental). Cada inquérito foi distribuído a um juiz diferente. Havendo
conexão instrumental, torna-se viável que sejam julgados por um único juiz.
Como ambos são de idêntica jurisdição, estabelecem-se regras para escolha do foro
prevalente:
Assim, elege-se qual é o mais grave para a escolha do foro prevalente: se for um furto
qualificado e uma receptação simples, fixa-se o foro do furto (pena mais grave) como o
competente.
Ex: Imagine-se que três furtos simples estejam sendo apurados em Santa Cruz,
enquanto uma receptação simples – referente aos três furtos (três carros) - esteja tramitando na
Comarca de Venâncio Aires. Embora a pena do furto e da receptação sejam idênticas, o
julgamento dos quatro crimes deve ser realizado em Santa Cruz, que possui o maior número de
infrações.
Na parte final do artigo 108, inciso I, “a”, contém a ressalva em relação aos crimes
eleitorais, de modo que, se um desses agentes praticar um crime eleitoral, será julgado pelo
Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
6.13.4) COMPETÊNCIA DOS TRIBUNAIS DE JUSTIÇA
Nos termos do artigo 96, inciso III, da CF/88, compete aos Tribunais de Justiça dos
Estados julgar juízes estaduais e do Distrito Federal, bem como dos membros do Ministério Público
dos Estados. Contudo, a Constituição faz expressa ressalva à Justiça Eleitoral, de modo que, se
qualquer desses agentes praticar crime eleitoral, será julgado no TRE.
Assim, caso um juiz estadual cometa um delito de competência da justiça federal será
julgado pelo TJ do seu Estado.
O mesmo se dá com o juiz federal que cometa um crime da esfera estadual: será
julgado pelo TRF da sua área de atuação.
Frise-se que pouco importa o lugar da infração penal. Se um juiz estadual de São Paulo
cometer um delito no Estado do Amazonas, será julgado pelo TJ de São Paulo.
Contudo, se praticar um crime eleitoral, será julgado pelo Tribunal Regional Eleitoral
(TRE).
Se o delito for de competência da Justiça Federal será julgado pelo Tribunal Regional
Federal (TRF).
Se um agente que não detém prerrogativa comete crime comum junto com agente com
prerrogativa de função, o processo será reunido para julgamento simultâneo. Assim, mesmo que
não tenha foro por prerrogativa de função, o particular passará a tê-lo por extensão, cabendo ao
Tribunal competente o julgamento dos dois agentes.
É o que dispõe a Súmula 704 do STF: “Não viola as garantias do juiz natural, da ampla
defesa e do devido processo legal a atração por continência ou conexão do processo do co-réu
ao foro por prerrogativa de função de um dos denunciados”.
Compete sempre ao Tribunal do Júri o julgamento dos crimes previstos nos arts. 121,
§ 1º, 121, § 2º, 122, parágrafo único, 123, 124, 125, 126 e 127 do CP, consumados ou tentados
(ART. 74, § 1º).
Dispõe ainda a lei que, se o juiz da pronúncia desclassificar a infração para outra
atribuída à competência do juiz singular, observar-se-á o disposto no art. 410 (ATUAL 419) (art.
74, § 3º, 1ª parte).
É nesse sentido a Súmula 721 do STF, que tem a mesma redação da Súmula
Vinculante nº 45 do STF: “A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro
por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição estadual.”
07) DA PROVA
7.1) CONCEITO
Trata-se de todo e qualquer meio de percepção empregado pelo homem com a finalidade
de comprovar a verdade de uma alegação.
O juiz deve lastrear a sua convicção em provas produzidas sob o crivo do contraditório,
não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos trazidos da investigação,
mormente a policial, que constitui a maior parte dos procedimentos preparatórios da ação penal.
produzida sob o contraditório judicial (art. 155, caput, CPP), embora remanesçam exceções com
resquícios dos sistemas da íntima convicção e da prova tarifada.
É adotado nos julgamentos afetos ao Tribunal do Júri: Os jurados não estão vinculados
às provas existentes no processo e não precisam fundamentar a decisão, podem decidir com base
em critérios subjetivos. (art. 593, III, e §3°, CPP).
A lei estabelece o valor de cada prova, impede poder discricionário do juiz para decidir
contra a previsão legal.
Ex: art. 62 CPP - extinção da punibilidade pela morte do réu exige certidão óbito.
A Constituição em seu artigo 5°, inciso LVI, consagrou a regra da inadmissibilidade das
provas ilícitas. Neste sentido, a doutrina majoritária sempre traçou uma diferenciação da prova ilícita
(obtida com violação a uma regra de direito material) e a prova ilícita (obtida com violação ao uma
regra de direito processual.
a) PROVAS ILÍCITAS (art. 157 CPP): violação de regras direito material, produzindo
reflexos diretos ou indiretos em direitos e garantias constitucionais.
Ex: interceptação telefônica e busca e apreensão sem ordem judicial, violação carta
lacrada, grampo, coação em interrogatório policial (afrontamento direito ao art. 5°, X, XI, XII, e
LXIII, CF).
Consequências do uso de provas ilícitas (art. 157 CPP): desentranhamento e, uma vez
preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível, esta será inutilizada,
podendo as partes acompanhar o incidente.
b) PROVAS ILEGÍTIMAS:
Outro exemplo seria o da interceptação telefônica clandestina – crime punido com pena
de reclusão de dois a quatro anos, além de multa (art. 10 da Lei 9296/96) – por intermédio da qual
o órgão policial descobre uma testemunha do fato que, em depoimento regularmente prestado,
incrimina o acusado. Haveria, igualmente, ilicitude por derivação.
Exame de corpo de delito direto: é feito sobre o próprio corpo de delito – o cadáver, a
janela arrombada, a chave utilizada.
É considerado oficial quando investido na função por lei e não pela nomeação feita pelo
juiz, ou seja, quando, após o regular concurso de provas e títulos, vem a ser nomeado e investido
no cargo de perito. Daí a desnecessidade de esse perito prestar compromisso nos processos e
investigações em que atua.
O art. 159 expressamente exige apenas “um perito oficial”, portador de diploma de curso
superior.
Não havendo perito oficial, “o exame será realizado por duas pessoas idôneas,
portadoras de diploma de curso superior, preferencialmente na área específica dentre as que tiverem
habilitação técnica relacionada com a realização do exame”.
7.5) DO INTERROGATÓRIO
É o ato judicial no qual o juiz ouve o acusado sobre a imputação contra ele formulada.
Durante o curso do processo penal, que segue até o trânsito em julgado da decisão, a
autoridade judiciária de 1º ou 2º grau, a qualquer momento, fora do instante próprio, que é o da
realização da audiência de instrução e julgamento, pode ouvir o réu.
Não sendo possível receber o juiz e as partes no presídio, por falta de condições
indispensáveis, continua-se a realizar o interrogatório nos moldes das demais audiências, ou seja,
no fórum, requisitando-se a apresentação do réu.
O § 5º do art. 185 realça mais ainda o princípio constitucional da ampla defesa. Antes
de o Magistrado proceder ao interrogatório, deverá assegurar ao réu o direito de, reservadamente,
entrevistar-se com o seu Defensor.
7.6) DA CONFISSÃO
A) Conceito
A confissão não tem força probatória absoluta. Por isso mesmo dispõe o CPP, no art.
197, que o valor da confissão se aferirá pelos critérios adotados para os outros elementos de prova,
e para a sua apreciação o Juiz deverá confrontá-la com as demais provas do processo, verificando
se entre ela e estas existe compatibilidade ou concordância.
A parte final do art. 198 não foi recepcionada pela CF/88, que, expressamente, conferiu
ao réu a possibilidade de manter-se calado (art. 5º, LXIII), sem estabelecer qualquer consequência
dessa opção, razão pela qual não pode a lei ordinária fixar conteúdo diverso.
A palavra do ofendido deve ser aceita com reservas, devendo o juiz confrontá-la com os
demais elementos de convicção, por se tratar de parte interessada no desfecho do processo.
A) Conceito
É a pessoa que declara ter tomado conhecimento de algo, podendo, pois confirmar a
veracidade do ocorrido, agindo sob o compromisso de estar sendo imparcial e dizendo a verdade.
No processo penal toda pessoa poderá ser testemunha. Assim, nada impede que uma
criança de 08 anos compareça em juízo para depor sobre fatos a que, porventura, tenha assistido.
É verdade que o art. 206, na sua parte final, acentua que quando não for possível por
outros modos obter-se ou integrar-se as provas do fato ou de sua circunstância, não poderá o
cônjuge, ascendente, descendente ou irmão eximir-se da obrigação de depor. A relevância do
interesse público sobrepõe-se às relações de família.
Não se trata, neste caso, de mera faculdade ou direito, mas de imposição legal a
determinadas pessoas, que, em razão da sua qualidade, não podem prestar depoimento, nem
declarações. O sigilo lhes é exigência, em nome de interesses maiores, igualmente protegidos pela
norma processual penal.
O juramento de dizer a verdade, que comprova o perfil de testemunha não será realizado
no tocante aos doentes e deficientes mentais, aos menores de 14 anos e às pessoas referidas no
art. 206 (o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, mesmo que separado, o
irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado). Se for indispensável ouvir qualquer um deles,
será inquirido como mero informante.
Ninguém se exime de colaborar com o Poder Judiciário, razão pela qual, se foi a
testemunha intimada a tempo e pessoalmente, não pode deixar de comparecer ao fórum para ser
ouvida.
7.9) DOCUMENTOS
São documentos, portanto, escritos, fotos, fitas de vídeo e som, desenhos, esquemas,
gravuras, disquetes, CDs, e-mails.
B) Valoração do documento
Para que seja considerado efetivo meio de prova, ensina a doutrina dever ser o
documento apresentado, no processo, por inteiro – sem fragmentações que possam comprometer
o seu sentido – livre de defeitos ou vícios – sem rasuras, borrões ou emendas, tornando-o suspeito
e inteligível – compreensível por quem o visualiza.
O juiz não pode admitir a juntada de cartas particulares, interceptadas ou obtidas por
meios criminosos.
Da mesma forma, de acordo com o art. 5º, LVI, da CF/88, nenhum documento, ou
qualquer outro meio de prova, obtido ilicitamente pode ser admitido em juízo.
A) Conceito
Apreensão é medida assecuratória que toma algo de alguém ou de algum lugar, com a
finalidade de produzir prova ou preservar direitos.
Preceitua o art. 5º, XI, da CF que “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela
podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre,
ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial”.
Conforme Ada, no âmbito criminal, a respeito da busca domiciliar interessam dois pontos:
a) ela será possível, em qualquer hora, quando houver situação de flagrância ou quando haja
necessidade de prestar socorro à vítima de algum delito; b) fora dessas hipóteses, só será admitida
durante o dia com mandado judicial.
Se a busca não for realizada pessoalmente pela autoridade judiciária, haverá necessidade
indeclinável da expedição do competente mandado, cuja feitura deverá obedecer ao disposto no art.
243, I, II, III, e § 1º, do CPP.
A Lei n. 12.403, de 04 de maio de 2011 traz regras gerais aplicáveis às cautelares (entre
elas a prisão provisória), que serão decretadas com a observância dos seguintes critérios (art. 282):
I - necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e, nos casos
expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais; II
A primeira mudança que houve no Código de Processo Penal foi a inclusão da expressão
“MEDIDAS CAUTELARES”. Antes, o Código de Processo Penal apenas falava da Prisão e da Liberdade
Provisória.
a) aplicação da lei penal (é o caso, por exemplo, do réu que ameaça fugir).
A medida deve ser ADEQUADA. Ou seja, a medida deve ser proporcional à gravidade
do crime, às circunstâncias do fato e às condições pessoais do indiciado ou acusado.
C) LEGITIMIDADE
a) de ofício
b) durante o processo: a requerimento das partes (acusação – Ministério Público ou
Querelante - e Defesa)
D) CONTRADITÓRIO
Esse é o princípio que pode ser extraído do referido dispositivo legal. Salvo nos casos
em que a comunicação à parte contrária tornaria a medida ineficaz, poderá o magistrado, ao receber
o pedido da medida cautelar, intimar a parte contrária (com cópia do requerimento e peças
necessárias).
Como diz esse dispositivo legal, o juiz poderá substituir a medida cautelar imposta por
outra, cumular outra medida cautelar ou, em último caso, decretar a prisão preventiva.
a) de ofício
A prisão preventiva é excepcional. Assim, só poderá ser decretada quando não houver
medidas cautelares suficientes (necessárias e adequadas).
Em sentido jurídico, flagrante é uma qualidade do delito, é o delito que está sendo
cometido, praticado, é o ilícito patente, irrecusável, insofismável, que permite a prisão de seu autor,
sem mandado, por ser considerado a “certeza visual do crime”.
A) FLAGRANTE PRÓPRIO
Dispõe o art. 302, que se considera em flagrante delito quem “está cometendo a infração
penal” (inc. I) e quem “acaba de cometê-la” (inc. II), estabelecendo o que se denomina de flagrante
próprio, real, ou flagrante propriamente dito.
Deve-se entender que o “logo após” do dispositivo é o tempo que corre entre a prática
do delito e a colheita de informações a respeito da identificação do autor, que passa a ser
imediatamente perseguido após essa rápida investigação precedida por policiais ou particulares.
Portanto, no caso do flagrante impróprio, a expressão “logo após” não tem o mesmo
rigor do inciso precedente (“acaba de cometê-la”).
C) FLAGRANTE PRESUMIDO
A pessoa não é “perseguida”, mas “encontrada”, pouco importando ser puro acaso, ou
se foi procurado após investigações.
Não é necessário que haja perseguição, bastando que a pessoa seja encontrada logo
depois da prática do ilícito em situação suspeita.
b) Nos termos do art. 304, a primeira pessoa a ser ouvida no auto de prisão em flagrante
delito é o condutor.
f) O auto deve ser lavrado pelo escrivão, ou escrevente, e também por eles encerrado,
mas na falta ou impedimento destes, a autoridade pode designar qualquer pessoa para o mister,
desde que previamente tome-lhe o compromisso legal.
h) Vinte e quatro horas após a lavratura do auto, será dada nota de culpa ao preso, que
é um instrumento informativo dos motivos da prisão.
Ou seja, não sendo caso de soltura do acusado, a prisão em flagrante deverá ser
convertida em preventiva, consolidando-se a subjugação da força coercitiva do flagrante.
A lei n. 12.403/11 determina, também, que a prisão de qualquer pessoa (e o lugar onde
se encontre) será imediatamente comunicada ao Juiz, à pessoa indicada pelo preso e, também, ao
Ministério Público.
O juiz somente poderá decretar a prisão de ofício no curso da ação penal. Não pode,
pois, decretar de ofício na fase de investigação criminal.
A prisão cautelar é decretada com a finalidade de impedir que o agente, solto, continue
a delinquir, ou de acautelar o meio social, garantindo a credibilidade da justiça, em crime que
provoquem grande clamor popular.
Não bastasse já ter ele cometido o delito, que abala a sociedade, volta-se, agora, contra
o processo, tendo por finalidade evitar que o direito de punir se consolide.
Nesse caso, visa-se, com a decretação da prisão preventiva, impedir que o agente,
causador de seriíssimo abalo à situação econômico-financeira de uma instituição financeira ou
mesmo de órgão do Estado, permaneça em liberdade, demonstrando à sociedade a impunidade
reinante nessa área.
Com a edição da Lei 12.403/2011, a prisão preventiva só pode ser decretada em crimes
DOLOSOS com pena máxima superior a 4 anos.
Também pode ser decretada se o agente foi condenado por outro crime doloso,
ressalvado o disposto no artigo 64, I, CP (se entre o cumprimento da pena e o novo crime já se
passaram mais de 5 anos).
Por fim, cabe preventiva se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a
mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução
das medidas protetivas de urgência.
Também cabe a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a identidade do agente.
Nesse caso, parece ter sido revogada parcialmente a lei de prisão temporária (lei 7.960/89) que
permitia a prisão temporária em caso de não conhecimento da identidade do agente. Em vez de
prisão temporária, agora pode ser decretada a prisão preventiva.
O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no decorrer do processo, verificar falta de
motivo para que subsista.
Da decisão que indeferir ou revogar a prisão preventiva, cabe recurso em sentido estrito
(art. 581, V, CPP).
A) Conceito
A prisão temporária pode ser decretada nas situações previstas pelo art. 1º da Lei n.
7960/89. São elas:
Esses dois elementos permitem a correta qualificação do suspeito, impedindo que outra
pessoa seja processada ou investigada em seu lugar, evitando-se, por isso, o indesejado erro
judiciário.
Aquele que não tem residência (morada habitual) em lugar determinado ou que não
consegue fornecer dados suficientes para o esclarecimento da sua identidade (individualização como
pessoa) proporciona insegurança na investigação policial.
Por outro lado, diversamente das demais formas de prisão cautelar, no caso de prisão
temporária, não pode o magistrado decretá-la de ofício. Há, invariavelmente, de existir requerimento
do MP ou representação da autoridade policial.
Portanto, cria-se uma prisão cautelar que pode atingir até 60 dias, sem acusação
formalizada, apenas para o transcurso da investigação policial.
Conforme o artigo 318 do CPP, o juiz poderá substituir a prisão preventiva pela domiciliar
quando o agente for:
III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou
com deficiência;
V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos; (Incluído pela Lei nº
13.257, de 2016)
VI - homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos
de idade incompletos. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea dos requisitos
estabelecidos neste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
Conforme o artigo 318-B do CPP, a substituição de que tratam os arts. 318 e 318-A poderá
ser efetuada sem prejuízo da aplicação concomitante das medidas alternativas previstas no art. 319
deste Código. (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018).
É o ato processual com que se dá conhecimento ao réu da acusação contra ele intentada
a fim de que possa defender-se e vir integrar a relação processual.
Além dos requisitos exigidos na citação por mandado, a carta precatória deverá conter
a indicação do juiz deprecante (o que depreca, o que pede) e a do juiz deprecado (aquele a quem
se pede), bem como a sede de um e de outro.
Recebendo a carta precatória, o juiz deprecado dará o seguinte despacho: “cumpra- se”.
Cumprirá, então, ao escrivão expedir o mandado, com aqueles requisitos que se vêem no art. 352,
entregando-o ao Oficial de Justiça para o devido cumprimento. Uma vez cumprida, a carta precatória
será devolvida ao Juiz deprecante (art. 355, caput).
Carta precatória itinerante é o nome que se dá à precatória enviada pelo juízo deprecado
diretamente a outro juízo, onde provavelmente encontra-se o réu.
Nesse caso, cumprirá ao Juiz Deprecado remeter a precatória ao Juiz da comarca onde
se encontra aquele para cumprimento da diligência, desde que haja tempo para fazer-se a citação.
Nesse caso, o juiz não manda expedir mandado mas apenas um ofício em que conste
todas as indicações indispensáveis ao mandado de citação.
Nos moldes do acusado solto, deve ser feita pessoalmente, por mandado, recebendo
cópia de denúncia e podendo preparar-se, a tempo, para sua defesa e interrogatório.
a) CONCEITO
Consiste na citação por meio da publicação ou afixação na entrada do fórum da ordem
judicial de citação.
Quando não for possível localizar o citando a fim de se integrar a relação processual, é
indispensável a citação por edital (ficta).
Publica-se em jornal de grande circulação ou afixa-se o edital no átrio do fórum,
admitindo-se a possibilidade de que o acusado, ou pessoa a ele ligada, leia, permitindo ciência da
existência da ação penal.
A prova de que o réu não foi encontrado é a certidão lavrada pelo oficial de justiça
encarregado da execução do mandado de citação pessoal que o considera “em lugar incerto e não
sabido”.
É nula, pois, a citação quando não for exarada tal certidão. Resultando incerteza quanto
a estar o citando em lugar ignorado diante de uma certidão omissa ou incompleta, não se justifica
a citação por edital, que deve ser considerada nula.
O réu preso no mesmo Estado, embora em Comarca diversa, não pode ser citado por
edital.
Cabe ao juiz procurar, ao menos no seu Estado, pelos meios de controle que possui, se
o acusado está preso em algum estabelecimento penitenciário. Negativa a resposta, pode-se fazer
a citação editalícia.
É o teor da Súmula 351 do STF: “É nula a citação por edital de réu preso na mesma
unidade da Federação em que o juiz exerce sua jurisdição”.
D) SUSPENSÃO DO PROCESSO E DO PRAZO PRESCRICIONAL – Art. 366
Deve haver a citação pode edital, associada ao fato do réu não comparecer para ser
interrogado, nem contratar advogado para promover sua defesa.
Isso significa que, no caso de furto simples, cuja pena máxima é de quatro anos, a
prescrição não corre por oito anos. Expirado os oito anos, passa a correr o prazo prescricional de 08
anos (considerando o máximo da pena cominada), ocasião em que, se passados os oito anos, o juiz
pode julgar extinta a punibilidade do réu.
A citação por hora certa na esfera penal segue o procedimento previsto no Novo Código
de Processo Civil. Nos termos do novo CPC, especificamente nos artigos 252/254, quando, por 2
(duas) vezes, o oficial de justiça houver procurado o citando em seu domicílio ou residência sem o
encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar qualquer pessoa da família ou, em sua
falta, qualquer vizinho de que, no dia útil imediato, voltará a fim de efetuar a citação, na hora que
designar.
Nos termos do artigo 253 do Novo CPC, no dia e na hora designados, o oficial de justiça,
independentemente de novo despacho, comparecerá ao domicílio ou à residência do citando a fim
de realizar a diligência. Se o citando não estiver presente, o oficial de justiça procurará informar-se
das razões da ausência, dando por feita a citação, ainda que o citando se tenha ocultado em outra
comarca, seção ou subseção judiciárias.
A citação com hora certa será efetivada mesmo que a pessoa da família ou o vizinho que
houver sido intimado esteja ausente, ou se, embora presente, a pessoa da família ou o vizinho se
recusar a receber o mandado.
O oficial de justiça fará constar do mandado a advertência de que será nomeado curador
especial se houver revelia.
Conforme o artigo 254 do novo CPC, feita a citação com hora certa, o escrivão ou chefe
de secretaria enviará ao réu, executado ou interessado, no prazo de 10 (dez) dias, contado da data
da juntada do mandado aos autos, carta, telegrama ou correspondência eletrônica, dando-lhe de
tudo ciência.
Conforme alteração introduzida pela Lei nº 11.719/2008, nos termos do art. 394, a
disposição do procedimento comum ocorre da seguinte forma:
b) Sumário: sanção máxima cominada seja inferior a quatro anos de pena privativa de
liberdade.
a) analisará se não é caso de rejeição liminar (deverá avaliar todos os requisitos do art.
395: condição da ação, possibilidade jurídica do pedido etc);
b) se não for caso de rejeição liminar, deverá receber a denúncia ordenar a citação do
acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de dez dias.
No caso de citação por edital, o prazo para a defesa começará a fluir a partir do
comparecimento pessoal do acusado ou do defensor constituído (art. 363, § 4º).
Sob pena de preclusão, deverá ser arguida na defesa inicial, por exemplo, a nulidade por
incompetência relativa do juízo, pois a absoluta pode ser arguida em qualquer tempo e grau de
jurisdição.
a) Ordem de inquirição
Eventual inversão na ordem pode ocorrer, desde que haja concorrência das partes. Se a
inversão for determinada pelo juiz, havendo contrariedade de qualquer das partes, gera-se nulidade
relativa.
b) Esclarecimentos de perito
c) acareação
e) Interrogatório do acusado
As pessoas que não prestam compromisso não podem ser consideradas, na essência,
testemunhas. Por isso, são meros declarantes. Logicamente, por não serem testemunhas não devem
ser computadas no número legal (oito).
Sob outro aspecto, as pessoas referidas em depoimentos de outras também podem ser
ouvidas. Não serão consideradas no número legal, pois advêm de depoimentos não conhecidas pelas
partes.
Se houver diligências a serem realizadas, as partes não fazem alegações finais orais e
sim por memoriais, no prazo de 05 (cinco) dias.
1) Rito procedimental
2º) O juiz analisará se não é caso de rejeição liminar da denúncia, observando os requisitos do art.
395: pressuposto processual, condição da ação e justa causa par ao exercício da ação penal.
3º) Se não for caso de rejeição, o juiz receberá a denúncia e ordenará a citação do acusado para
responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 dias (art. 396). Trata-se de resposta obrigatória;
passado o prazo de 10 dias para o seu oferecimento, o juiz obrigatoriamente nomeará um defensor
para realizar o ato.
4º) Com a resposta do acusado, o juiz analisará a possibilidade de absolvição sumária (art. 397).
5º) Não sendo hipótese de absolvição sumária, o juiz designará dia e hora para a audiência de
instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 30 dias, ordenando a intimação do
acusado, seu defensor, do MP e, se for o caso, do querelante e do assistente (art. 399). A audiência
será única, por força do princípio da concentração dos atos processuais.
6º) o juiz, na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 30 dias (art.
531 CPP), proceder-se-á à:
c) inquirição das testemunhas arroladas pela defesa (5), ressalvado o disposto no art.
222 do CPP. Aplicam-se os comentários constantes do item “b”. A testemunha que comparecer será
inquirida, independentemente da suspensão da audiência, observada em qualquer caso a ordem
estabelecida no art. 531 do CPP (art. 536 CPP).
e) as acareações;
Havendo mais de um acusado, o tempo previsto para a defesa de cada um será individual
(art. 534, § 1º). Ao assistente do MP, após a manifestação deste, serão concedidos dez minutos,
prorrogando-se por igual período o tempo de manifestação da defesa (art. 534, § 2º).
8º) adiamento de ato processual: Nenhum ato será adiado, salvo quando imprescindível a prova
faltante, determinando o juiz a condução coercitiva de quem deva comparecer (art. 535).
É o rito procedimento destinado para processar e julgar crimes dolosos contra a vida.
A segunda tem início com o recebimento dos autos pelo juiz presidente do tribunal do
júri, e termina com o julgamento pelo Tribunal do Júri (judicium causae).
O Juiz, ao receber a denúncia, abre prazo para a defesa responder, no prazo de dez
dias.
A defesa poderá arguir preliminares e alegar tudo que interesse à sua defesa, oferecer
documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, até o máximo
de 8 (oito), qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário; as exceções são
processadas em apartado.
Não apresentada a resposta no prazo legal, o juiz nomeará defensor para oferecê-la em
até 10 (dez) dias, concedendo-lhe vista dos autos.
Nenhum ato será adiado, salvo quando imprescindível à prova faltante, determinando o
juiz a condução coercitiva de quem deva comparecer. A audiência terá a seguinte ordem:
Portanto, pode ser necessário adaptar a peça acusatória ao contexto das provas
produzidas. Evitando-se qualquer surpresa ao réu, segue-se o disposto no art. 384 do CPP.
Prazo
a) pronunciar o réu
b) impronunciá-lo
c) absolvê-lo sumariamente
Absolvição sumária: ocorrerá quando estiver provada a inexistência do fato, provado não
ser o réu autor ou partícipe do fato, o fato não constituir infração penal ou estiver demonstrada
causa de isenção de pena ou de exclusão do crime. No caso de inimputáveis, a absolvição sumária
só é possível, agora por disposição expressa, se a inimputabilidade for a única tese defensiva.
No processo penal, o réu se defende dos fatos, sendo irrelevante a classificação jurídica
constante na denúncia ou queixa.
Desse modo, o juiz poderá dar aos eventos delituosos descritos explícita ou
implicitamente na denúncia ou queixa a classificação jurídica que bem entender, ainda que, em
consequência, venha a aplicar pena mais grave, sem necessidade de prévia vista à defesa, a qual
não poderá alegar surpresa, uma vez que não se defendia da classificação legal, mas da descrição
fática da infração penal.
Se a nova definição jurídica do fato é viável, inclusive para a aplicação de pena mais
grave, naturalmente, o mesmo se dá para a aplicação de benefícios anteriormente não concedidos
por falta de condições.
Se o crime inicialmente imputado previa pena mínima superior a um ano, não se podia
utilizar o instituto da suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei 9.099/95).
Se o juiz, ao sentenciar, por exemplo, verificar que o fato descrito, em verdade, equivale
a uma tentativa de homicídio e não a uma lesão corporal gravíssima, deve remeter o caso à Vara
Privativa do Júri.
Aqui não ocorre simples emenda na acusação, mediante correção na tipificação legal,
mas verdadeira mudança, com alteração na narrativa acusatória. Assim, a mutatio libelli implica o
surgimento de uma prova nova, desconhecida ao tempo do oferecimento da ação penal, levando a
uma readequação dos episódios delituosos relatados na denúncia ou queixa.
Ex: Um sujeito é denunciado pelo crime de furto. Ao longo da instrução, uma testemunha
afirma ter visto o réu apontando uma arma, circunstância não constante na denúncia. O juiz não
poderá condenar o réu pelo delito de roubo. Deverá dar vista dos autos ao Ministério Público, para
aditamento da denúncia e inclusão da circunstância da arma, abrindo-se, após, oportunidade à
defesa se pronunciar, procedendo-se, se for o caso, à instrução, mediante a oitiva de até 03
testemunhas, para, somente agora, o juiz proferir sentença.
Assim, nesse caso, os autos são remetidos ao Ministério Público para aditar a denúncia
ou queixa (somente nas hipóteses de ação penal privada subsidiária da pública), se em virtude desta
houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento.
Veda a lei que o juiz tome qualquer iniciativa para o aditamento da queixa, em ação
exclusivamente privada, pois a iniciativa é sempre da parte ofendida, além de não viger, nesse caso,
o princípio da obrigatoriedade da ação penal, cujo controle é de ser feito tanto pelo promotor, quanto
pelo magistrado.
A mutatio libelli se aplica somente em 1ª instância, não sendo possível aplicar tal
procedimento em 2ª instância (Tribunal de Justiça). É o que diz a Súmula 453 do STF.
Súmula 453 STF: “Não se aplicam à segunda instância o Art. 384 e parágrafo único do
Código de Processo Penal, que possibilitam dar nova definição jurídica ao fato delituoso, em virtude
de circunstância elementar não contida, explícita ou implicitamente, na denúncia ou queixa.”
16) RECURSOS
I) PRESSUPOSTOS/REQUISITOS OBJETIVOS
São hipóteses que passaram à órbita do agravo em execução. Portanto, não cabe mais
recurso em sentido estrito:
Cabe recurso em sentido estrito contra decisões interlocutórias, que não se revestem do
caráter de imutabilidade e que não tenham operado coisa julgado formal.
No caso das infrações penais de competência do juizado especial criminal, não cabe
recurso em sentido estrito da decisão que rejeitar a denúncia ou queixa, mas apelação, com prazo
de 10 dias (art. 9099/95, art. 82, caput).
Acolhida ou rejeitada a exceção de suspeição, não cabe qualquer recurso, pois não se
pode forçar o juiz que se considera suspeito a julgar a causa.
V) Da decisão que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir
requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou
relaxar a prisão em flagrante:
Nessa parte, a lei prevê tanto situação favorável ao réu quanto desfavorável. Assim,
concedida a fiança ou fixado um valor muito baixo, pode o MP recorrer. Negada, cassada ou
considerada inidônea, cabe ao acusado apresentar o seu inconformismo.
Embora quando a decisão seja desfavorável ao réu possa este impetrar HC, pois se está
diante de norma que envolve liberdade de locomoção, previu o legislador a possibilidade de utilização
do RESE.
Por outro lado, quando o juiz conceder liberdade provisória, pode o MP recorrer, mas
não cabe RESE para o réu que tem o seu pedido de liberdade provisória negado. Vale-se ele do
habeas corpus.
Finalmente, quando a prisão, por ser ilegal, mereça ser relaxada, caso o juiz o faça,
proporciona ao MP a interposição de recurso em sentido estrito. Quando houver a negativa ao
relaxamento, somente por habeas corpus o interessado pode questionar a decisão.
Essa decisão era impugnada por recurso em sentido estrito. Com a edição da Lei
11689/2008, o recurso cabível passou a ser apelação.
O recurso não tem efeito suspensivo, devendo o réu ser colocado imediatamente em
liberdade.
O assistente de acusação, habilitado ou não, pode apresentar RESE (art. 584, § 1º, CPP).
Cabe agravo em execução, estando o dispositivo em questão revogado (art. 197 da LEI
7210/84).
XIII) Da decisão que anular a instrução criminal no todo ou em parte
Nesse caso, pode o juiz, acolhendo petição da parte interessada, excluí-lo da lista, o que
dá margem ao inconformismo daquele que foi extirpado. Por outro lado, a inclusão de alguém,
impugnada e mantida pelo magistrado, dá lugar à interposição de recurso em sentido estrito. Nesse
caso, em caráter excepcional, segue o recurso ao Presidente do TJ.
Se o juiz denegar também o recurso em sentido estrito, estará agindo sem respaldo
legal, e, desta decisão, caberá carta testemunhável dirigida ao escrivão (art. 640).
Regra:
Exceções:
20 (vinte) dias, no caso de inclusão ou exclusão de jurado na lista, conforme art. 581,
XIV, CPP.
15 (quinze) dias para interposição (e 02 para razões), quando a impugnação é feita pelo
assistente à acusação não habilitado, nos termos do art. 584, § 1º, c/c 598, parágrafo único do CPP.
II – PRESSUPOSTO/REQUISITO SUBJETIVO
A) LEGITIMIDADE
O Ministério Público, o querelante (ação penal privada), a defesa, o próprio réu e, ainda,
o assistente de acusação podem interpor recurso em sentido estrito.
O assistente de acusação pode ser habilitado nos autos, hipótese que, nessa condição,
será intimado de todos os atos e poderá recorrer, caso não o faça o Ministério Público, no prazo de
05 dias.
No caso de assistente de acusação não habilitado, considerando que ainda não tinha
tomado ciência dos atos praticados no processo e, portanto, não foi intimado das decisões, terá o
prazo de 15 dias para interpor o recurso em sentido estrito (art. 584, §1º, c/c 598, parágrafo único,
do CPP).
A contagem do prazo para o assistente de acusação interpor recurso segue a regra
disposta na Súmula 448 do STF: “O prazo para o assistente recorrer, supletivamente, começa a
correr imediatamente após o transcurso do prazo do Ministério Público”.
A interposição do recurso deve ser dirigida ao juiz de primeiro grau que proferiu a
decisão, para que este possa rever a decisão, em sede de juízo de retratação.
IV) EFEITOS
O RESE possui efeito regressivo, uma vez que a interposição do recurso obriga o juiz
que prolatou a decisão recorrida a reapreciar a questão, mantendo-a ou reformando-a, conforme
dispõe o artigo 589, “caput”, do CPP.
Via de regra, o RESE não tem efeito suspensivo, salvo nas hipóteses previstas no artigo
584 do CPP.
16.2) APELAÇÃO
A) CONCEITO
Cabe, ainda, apelação das sentenças que, julgando o mérito, põem fim à relação jurídica
processual ou ao procedimento, sem, contudo, absolver ou condenar o acusado.
Assim sendo, o Tribunal somente pode julgar nos limites da interposição. Nesse sentido
é a Súmula 713 do STF: “O efeito devolutivo da apelação contra decisões do júri é adstrito aos
fundamentos da sua interposição”.
Quanto à nulidade posterior, se relativa, deve ser arguida, logo após o início do
julgamento, em seguida ao pregão das partes, sob pena de considerar-se sanada (art. 571, V). Se
a nulidade relativa tiver ocorrido durante o julgamento, o protesto deve ser feito logo após a sua
ocorrência, sob pena de ser convalidada (art. 571, VIII).
O juiz está obrigado a cumprir as decisões do Júri, não havendo supremacia do juiz
togado sobre os jurados, mas simples atribuições diversas de funções. Os jurados decidem o fato e
o juiz-presidente aplica a pena, de acordo com esta decisão, não podendo dela desgarrar-se.
É outra hipótese que diz respeito, exclusivamente, à atuação do juiz presidente, não
importando em ofensa à soberania do veredicto popular. Logo, o Tribunal pode corrigir a distorção
diretamente.
d) Quando a decisão dos jurados for manifestamente contrária à prova dos autos
Contrária à prova dos autos é a decisão que não encontra respaldo em nenhum elemento
de convicção colhido sob o crivo do contraditório. Não é o caso de condenação que apoia em versão
mais fraca.
Só cabe apelação com base nesse fundamento uma única vez. Não importa qual das
partes tenha apelado, é uma vez para qualquer das duas.
C) PRAZO
Art. 600. Assinado o termo de apelação, o apelante e, depois dele, o apelado terão o
prazo de oito dias cada um para oferecer razões, salvo nos processos de contravenção, em que o
prazo será de três dias.
O prazo flui a partir da juntada da carta precatória ou mandado aos autos; contudo,
recentemente, o STF editou a Súmula 710, na qual pacificou o entendimento no sentido de que “No
processo penal, contam-se os prazos da data da intimação, e não da juntada aos autos do mandado
ou carta precatória ou ordem”.
No caso do réu, devem ser intimados ele e seu defensor, iniciando-se o prazo após a
última intimação.
D) LEGITIMIDADE
A legitimidade do assistente de acusação está prevista no artigo 598 do CPP. Pode ser:
a) habilitado nos autos, sendo, portanto, intimado dos atos processuais, podendo, nessa
condição, interpor recurso no prazo de 05 dias.
b) não habilitado nos autos, não sendo até então, portanto, intimado dos atos
processuais, razão pela qual terá o prazo mais dilatado para interpor recurso de apelação, qual seja,
15 dias, nos termos do artigo 598, parágrafo único, do CPP).
E) PROCESSAMENTO
F) EFEITOS
Art. 597. A apelação de sentença condenatória terá efeito suspensivo, salvo o disposto
no art. 393, a aplicação provisória de interdições de direitos e de medidas de segurança (arts. 374
e 378), e o caso de suspensão condicional de pena.
d) extensivo (art. 580): o correu que não apelou beneficia-se do recurso na parte que
lhe for comum.
Art. 580. No caso de concurso de agentes (Código Penal, art. 25), a decisão do recurso
interposto por um dos réus, se fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente
pessoal, aproveitará aos outros.
Art. 617. O tribunal, câmara ou turma atenderá nas suas decisões ao disposto nos arts.
383, 386 e 387, no que for aplicável, não podendo, porém, ser agravada a pena, quando somente
o réu houver apelado da sentença.
Recorrendo apenas o réu, não é possível haver reforma da sentença para agravar sua
situação; recorrendo a acusação em caráter limitado, não pode o tribunal dar provimento em maior
extensão contra o apelado.
Trata-se da anulação da sentença, por recurso exclusivo do réu, vindo outra a ser
proferida, devendo respeitar os limites da primeira, sem poder agravar a situação do acusado.
Assim, caso o réu seja condenado a 5 anos de reclusão, mas obtenha a defesa a anulação
dessa decisão, quando o magistrado – ainda que seja outro – venha a proferir outra sentença, está
adstrito a uma condenação máxima de 5 anos.
Se pudesse elevar a pena, ao proferir nova decisão, estaria havendo uma autêntica
reforma em prejuízo da parte que recorreu.
Em tese, seria melhor ter mantido a sentença, ainda que padecendo de nulidade, pois a
pena seria menor.
A) CONCEITO
Assim, o recurso obriga que a câmara seja chamada a decidir por completo e não apenas
com os votos dos Desembargadores que compuseram a turma julgadora.
Não cabe os julgamentos realizados pelas turmas recursais, porque não possuem
natureza de tribunais.
Por ocasião da interposição, deve o recurso ser devidamente instruído com as razões,
pois não será aberta vista para essa finalidade.
A) Conceito
Contradição: trata-se de uma incoerência entre uma afirmação anterior e outra posterior,
referentes ao mesmo tema e no mesmo contexto, gerando a impossibilidade de compreensão do
julgado.
B) PRAZO
Nos termos do dispositivo, recebendo o relator os embargos, deve ele apresenta-los para
julgamento na primeira sessão, não se prevendo, na hipótese, vista ao revisor.
Como não se pode, nos embargos declaratórios, ao menos em tese, alterar a decisão,
mas apenas esclarecê-la, sem violação do contraditório, não prevê também a lei a impugnação da
parte contrária, nem o oferecimento de parecer pelo procurador-geral de Justiça.
D) EFEITO INTERRUPTIVO
Por analogia ao disposto no art. 1026 do novo CPC, os embargos de declaração possuem
o efeito de interromper o prazo para interposição de recurso.
Com a novação redação do artigo 83, § 2º, da Lei 9.099/95, dada pelo novo Código de
Processo Civil (Lei nº 13.105/2015), os embargos de declaração no âmbito do Juizado Especial
Criminal passaram também a ter efeito interruptivo.
A) CONCEITO
É o recurso que tem por fim provocar o reexame da decisão que denegar ou impedir o
seguimento de recurso em sentido estrito e do agravo em execução.
Com relação ao não recebimento da apelação, cabe recurso em sentido estrito (art. 581,
XV), não sendo necessária carta testemunhável.
B) PROCEDIMENTO
Art. 643. Extraído e autuado o instrumento, observar-se-á o disposto nos arts. 588 a
592, no caso de recurso em sentido estrito, ou o processo estabelecido para o recurso extraordinário,
se deste se tratar.
Art. 644. O tribunal, câmara ou turma a que competir o julgamento da carta, se desta
tomar conhecimento, mandará processar o recurso, ou, se estiver suficientemente instruída, decidirá
logo, de meritis.
O art. 641 faz referência ao prazo de 60 dias quando se tratar de recurso extraordinário.
Todavia, encontra-se revogado nesta parte, visto que do indeferimento desse recurso cabe agravo
instrumento.
A) CONCEITO
É uma ação penal de natureza constitutiva e sui generis, de competência originária dos
tribunais, destinada a rever decisão condenatória, com trânsito em julgado, quando ocorreu erro
judiciário.
Permite-se, portanto, pela revisão criminal, que o condenado possa pedir a qualquer
tempo aos tribunais, nos casos expressos em lei, que reexamine o processo já findo, a fim de ser
absolvido ou beneficiado de alguma forma.
A sentença condenatória é contrária à lei quando não procede como ela manda ou
quando nela não encontra respaldo para sua existência.
Ex: réu condenado por fato que não constitui crime ou condenação a pena superior ao
limite máximo previsto em lei.
Quando se tratar de interpretação controversa do texto de lei, não cabe revisão criminal,
para se buscar outra análise do mesmo preceito. A hipótese deste inciso é clara: afronta ao texto
expresso de lei – e não do sentido que esta possa ter para uns e outros.
Contrária à evidência dos autos é a condenação que não tem apoio em provas idôneas,
mas em meros indícios, sem qualquer consistência lógica e real.
Para ser admissível a revisão criminal, torna-se indispensável que a decisão condenatória
proferida ofenda frontalmente as provas constantes nos autos.
Ex: Seria o equivalente a dizer que todas as testemunhas idôneas e imparciais ouvidas
afirmaram não ter sido o réu o autor do crime, mas o juiz, somente porque o acusado confessou na
fase policial, resolveu condená-lo. Não havendo recurso, transitou em julgado a sentença.
Portanto, não é qualquer suspeita de fraude, vício ou falsidade que levará a reavaliação
da condenação com trânsito em julgado. Torna-se nítida a exigência de uma falsidade induvidosa.
Não basta que seja a prova falha, precária ou insuficiente. Não fundamenta a revisão,
por exemplo, simples falta de fundamentação de laudo pericial.
Com o pedido, o requerente deve apresentar a prova que possua para demonstrar a
falsificação, já que não se permite na revisão a reabertura do processo para a produção de novas
provas.
Prova nova é aquela produzida sob o crivo do contraditório, não se admitindo, por
exemplo, depoimentos extrajudiciais. É também aquela que já existia à época da sentença, mas cuja
existência não foi cogitada.
Surgindo novas provas que indiquem que o condenado deveria ser absolvido, ou de
existirem circunstâncias atenuantes ou causas de diminuição de pena não cogitadas, ou não estarem
presentes circunstâncias agravantes, qualificadoras ou causas de aumento de pena indevidamente
reconhecidas, deve ser deferido o pedido revisional.
Há, na hipótese, interesse de agir, pois, além do aspecto moral ínsito à revisão de uma
condenação, pode a decisão condenatória causar gravames ao condenado, não só na esfera civil e
administrativa, como também no campo penal (por exemplo, caracterização da reincidência).
Como demonstra este artigo, trata-se de ação privativa do réu condenado, podendo ele
ser substituído por seu representante legal ou seus sucessores, em rol taxativo – cônjuge,
ascendente, descendente ou irmão. Nucci entende que companheiro(a) também pode.
Portanto, a revisão pode ser pedida pelo próprio réu, independentemente de estar
representado por seu procurador.
A revisão pode ser proposta por procurador legalmente habilitado, não se exigindo a
outorga ao advogado de poderes especiais.
É da competência originária dos tribunais, jamais sendo apreciada por juiz de primeira
instância. Se a decisão condenatória definitiva provier de magistrado de primeiro grau, julgará a
revisão criminal o tribunal que seria competente para conhecer do recurso ordinário.
Da competência prevista pelo art. 624, deve-se excluir o Tribunal Federal de Recursos
(extinto) e acrescentar o Superior Tribunal de Justiça (art. 105, I, e, da CF) e os Tribunais Regionais
Federais (art. 108, I, B, da CF), que tem competência revisional.
Não há mais Tribunal de Alçada, extinto que foi pela edição da EC 45/2004. Restam,
para o julgamento das revisões criminais de sua competência, os Tribunais de Justiça dos Estados e
os Tribunais Regionais Federais.
É o remédio judicial que tem por finalidade evitar ou fazer cessar a violência ou a coação
à liberdade de locomoção decorrente de ilegalidade ou abuso de poder.
B) ESPÉCIES
Habeas Corpus Preventivo: ⌠Se a violência ou coação ilegal ainda não ocorreu, mas
tudo indica que iria consumar-se em breve dá-se então o habeas corpus preventivo. Bastará a
simples ameaça de coação à liberdade de coação.
D) LEGITIMIDADE PASSIVA
No polo passivo da ação de habeas corpus está a pessoa – autoridade ou não – apontada
como coatora, que deve defender a legalidade do seu ato, quando prestar as informações.
Pode, ainda, ser o corpo estatal, como ocorre com tribunais, CPI.
Falta justa causa para o inquérito policial quando este investiga fato atípico ou quando
já estiver extinta a punibilidade do indiciado.
II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei
Em regra, o processo do réu preso, na antiga sistemática do CPP, devia estar encerrado
dentro do prazo de 81 dias.
III - quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo
V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza
F) COMPETÊNCIA
Para trancar inquérito policial. Porém, se o inquérito tiver sido requisitado por autoridade
judiciária, a competência será do tribunal de segundo grau competente, de acordo com a sua
competência.
O juiz não pode conceder a ordem sobre ato de autoridade judiciária do mesmo grau.
(...)
A impetração do habeas corpus pode ser feita por qualquer pessoa, denominada
impetrante.
§ 1º Se a decisão for favorável ao paciente, será logo posto em liberdade, salvo se por
outro motivo dever ser mantido na prisão.
§ 2º Se os documentos que instruírem a petição evidenciarem a ilegalidade da coação,
o juiz ou o tribunal ordenará que cesse imediatamente o constrangimento.
H) JULGAMENTO E EFEITOS
§ 1º Se a decisão for favorável ao paciente, será logo posto em liberdade, salvo se por
outro motivo dever ser mantido na prisão.
b) se a ordem de habeas corpus for concedida para evitar ameaça de violência ou coação
ilegal, será expedido ordem de salvo-conduto em favor do paciente
c) se a ordem for concedida para anular o processo, este será renovado a partir do
momento em que se verificou o vício
Art. 652. Se o habeas corpus for concedido em virtude de nulidade do processo, este
será renovado.
d) quando a ordem for concedida para trancar inquérito policial ou ação penal, esta
impedirá seu curso normal
e) a decisão favorável do habeas corpus pode ser estendida a outros interessados que
se encontrem na situação idêntica à do paciente beneficiado.
I) RECURSOS
Cabe recurso em sentido estrito da decisão do juiz que conceder ou negar a ordem de
habeas corpus (art. 581, X).
18) RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL
Cabe recurso ordinário constitucional ao STF da decisão dos Tribunais Superiores que
julgar em única instância o habeas corpus, desde que denegatória (art. 102, II, “a”, CF/88).
(...)
(..)
(...)