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Atividade Assíncrona Avaliativa II

DADOS DO ALUNO:
Nome Completo: Jade Rodrigues de Oliveira Matrícula: 201820757
Curso: Engenharia Civil Disciplina: DAE00403 Materiais de Construção Civil II
Período: 4º

DADOS DO GRUPO:
Integrantes:
Emmanuela Eguez Vidal Bezerra (Matrícula: 201820755)
Jade Rodrigues de Oliveira (Matrícula: 201820757)
Laedson Costa dos Reis (Matrícula: 201720865)
Rafael Barros Sicheroli (Matrícula: 201521397)
Robson Christian Lima Barbosa de Oliveira (Matrícula: 201720904)

DADOS DA OBRA DE REFERÊNCIA:


Tipo de Obras: Dissertação ( X ) ou Tese ( )
Título: Avaliação estatística do erro de modelos de resistência para elementos lineares de
concreto armado da ABNT NBR 6118:2007
Autor(a): Eunice Silva Santos
Instituição de Ensino: ESSC/USP
Programa de Pós-Graduação: Programa de pós-graduação em Engenharia de Estruturas
Ano da Obra: 2012
Link para acesso à obra na internet: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18134/tde-
10122012-090839/publico/DissertSantosEuniceSilvaCorrig.pdf
Data de Entrega da Atividade Assíncrona Avaliativa II: 19/12/2020
RESUMO CRÍTICO
Data de Entrega: 19/12/2020

Introdução
Sabendo da utilização comum do concreto dentro da construção civil, direta ou
indiretamente, e dos frequentes estudos relacionados aos avanços tecnológicos dos materiais, suas
propriedades físico-mecânicas e das construções e softwares onde ele é utilizado, Eunice Silva
Santos apresentou em 2012 à Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo
uma dissertação como requisito para obtenção do Mestrado em Engenharia de Estruturas.
Com o título de “Avaliação Estatística do Erro de Modelos de Resistência para Elementos
Lineares de Concreto Armado da ABNT NBR 6118:2007”, o estudo busca apresentar
embasamento para uma futura calibração de coeficientes de segurança da norma brasileira de
Projeto de Estruturas de Concreto – ABNT NBR 6118:2007 – referentes ao cálculo da resistência
de elementos lineares, vigas e pilares, sujeitos à flexão pura e à compressão axial e excêntrica.
Segundo a própria autora, os coeficientes parciais de segurança das normas brasileiras têm
origem em normas estrangeiras equivalentes e não foi realizada análise sistemática das incertezas
sobre os materiais e nem da realidade brasileira, levando em conta o clima do país ou a qualificação
da mão de obra local e um projeto de estruturas deveria considerar variáveis, como a propriedade
dos materiais, distribuição das ações, parâmetros geométricos e modelos de cálculo.
A autora constata que para mensurar a probabilidade de falha das estruturas dentro dos
parâmetros nacionais, é preciso uma investigação sobre as características estatísticas das variáveis
que influenciam na estrutura e em sua ruína. Para essa investigação aprofundada, o estudo se baseia
em outro trabalho realizado por Nowak e Szerszen (2003), onde há um desenvolvimento de um
modelo estatístico de resistência, que considera que a resistência é influenciada por três favores:
Propriedade dos materiais, fabricação e análise profissional.
Para atingir seus objetivos de pesquisa, a autora determina alguns objetivos específicos,
sendo eles: Quantificar os erros de modelo da ABNT NBR 6118:2007 quando referentes ao cálculo
da resistência de elementos lineares, vigas e pilares. Avaliar a influência de cada parâmetro
considera, como resistência média a compressão do concreto, taxa de armadura, esbeltez dos
pilares, deformação dos elementos de concreto e aço.
Para justificar sua pesquisa, Santos aborda que um grande desafio da tecnologia do
concreto tem sido aumentar a durabilidade das estruturas, recuperar estruturas danificadas e
entender o complexo mecanismo químico e mecânico dos cimentos e concretos. Isso faz com que
uma nova geração de concretos tecnológicos surja, os métodos de execução e os métodos de
cálculo também são revisados.
Com esses avanços, torna-se necessário uma adequação da norma vigente e das teorias
sobre o concreto. O meio acadêmico tem recebido diversos estudos com o uso de novas
tecnologias, utilizando como ferramenta a confiabilidade estrutural visando calibrar as normas
atuais para orientar projetos nos quais as probabilidades de falha possam ser escolhidas de acordo
com o custo total da estrutura. Dessa forma, temos que a probabilidade de falha das estruturas não
seja superior à aceitável, os modelos previstos em norma devem ser resistentes e a atuação das
ações devem apresentar o valor pequeno quando comparado com as solicitações reais, isso faz
com que seja necessário quantificar o erro dos modelos.
Para trabalhar o tema, a pesquisa partiu de uma metodologia de pesquisa bibliográfica,
fazendo o levantamento de dados com resultados experimentais de resistência última de elementos
lineares, vigas e pilares que estivessem respectivamente, sofrendo solicitações à flexão pura e à
compressão centrada ou excêntrica. O cálculo de forças resistentes teóricas para esses elementos
de acordo com os requisitos estabelecidos pela NBR 6118:2007 e ACI 318-2002. E o cálculo da
variável aleatória erro de modelo para cada modelo abordado e ajuste das respectivas distribuições
estatísticas.
A dissertação de Santos é dividida em sete capítulos, sendo o primeiro a introdução e suas
ponderações sobre o tema. No segundo capítulo são apresentadas as metodologias de
dimensionamento das estruturas, níveis de segurança em projetos estruturais, histórico da
normalização e uma visão da base de dados analisada pela autora. No terceiro capítulo, Santos
define os modelos para dimensionamento e verificação dos elementos estudados segundo a ABNT
NBR 6118:2007 e ACI 318-2002.
É exposto no quarto capítulo a descrição das características dos elementos que compõem a
base de dados e seus ensaios. No capítulo seguinte o estudo apresenta as tabelas com os erros de
cada modelo estudado e as curvas de distribuição de probabilidade das variáveis erro de modelo.
No sexto capítulo os resultados obtidos são analisados de acordo com cada parâmetro estabelecido.
Em seu último capítulo, a pesquisa apresenta conclusões do estudo e sugestões para futuros estudos
relacionados ao atual assunto.

Materiais e Métodos
A autora optou por utilizar como abordagem metodológica o Método das Tensões
Admissíveis que consiste em calcular, no regime elástico-linear, o valor da tensão para
carregamento máximo esperado para então compará-lo à tensão admissível dos materiais
empregados. Sabendo que tensão admissível é uma fração da tensão limite, definida pelo limite do
comportamento elástico-linear.
Possuindo a tensão limitante e a tensão admissível, é possível determinar o chamado fator
de segurança, que tem como papel ajustar a possibilidade de ocorrências de valores desfavoráveis
das ações e das propriedades dos materiais, assim como as incertezas dos modelos teóricos.
Com a necessidade da utilização de coeficientes de resistência distintos para os diferentes
materiais de uma estrutura, surgiu o Método dos Estados Limites, onde os coeficientes parciais
são aplicados aos valores característicos das variáveis transformando-os em valores de cálculo. A
autora apresenta que os estados limites representam os cenários de falha e são adotados como
critério de segurança pelas normas de projetos estruturais.
Para analisar a segurança das estruturas, a autora dividiu os métodos utilizados por níveis
de confiabilidade. A autora coloca o Método das Tensões admissíveis como tendo o menor nível
de análise, de modo que não é possível quantificar a segurança estrutural utilizando ele. A melhor
análise de segurança da estrutura seria uma análise de probabilidade completa, onde as incertezas
são consideradas segundo funções de distribuição probabilística que aproximam as diversas
variáveis aleatórias.
O estudo também desenvolveu uma evolução histórica do cálculo estrutural, se baseando
em outras pesquisas para apresentar ao leitor como se deu o desenvolvimento e normalização das
estruturas de concreto, possibilitando que esse retrospecto facilitasse a conceituação do leitor ou
próximo pesquisador. Podemos apresentar como principais fatos do desenvolvimento do concreto
armado acontecimentos como a execução de vigotas e pequenas lajes de concreto armado por
Coignet François em 1852.
O primeiro curso formal de dimensionamento de estruturas de concreto armado, por
Charles Rabut em 1897, na França. O primeiro projeto preliminar de normalização para
dimensionamento, execução e ensaios de estruturas de concreto armado em 1904 na Prússia. A
primeira publicação regulamentadora brasileira em 1931, onde coeficiente de segurança era
introduzido de maneira determinística e se aplicava à resistência de cada material.
De modo a embasar seu estudo e cumprir seus objetivos, a autora apresenta pesquisas sobre
erro de modelo na calibração de previsão de capacidade resistente de elementos estruturais,
partindo do preceito de um estudo da década de 70, onde foram publicados dados estatísticos a
respeito das cargas variáveis de edifícios e dados estatísticos a respeito das cargas de neve nas
estruturas. Outras pesquisas também foram publicadas trabalhando outras variáveis, como a
velocidade do vento em aeroportos americanos.
Com isso, foram escolhidos os artigos de Nowak e Szerszen (2003) e Szerszen e Nowak
(2003), pois ambos documentavam a calibração do código americano para estruturas de concreto,
considerando uma possível falha na confiabilidade da estrutura. O processo de calibração era
dividido em algumas etapas.
A primeira etapa era um estudo dos parâmetros estatísticos de resistência por meio de
modelos de resistência, depois era escolhida a combinação das ações aplicando a regra de Turkstra.
Seleção de um índice de confiabilidade alvo para todos os casos de projeto, cálculo e seleção dos
fatores de redução de resistência para os estados limites considerados e combinações de projeto
apresentados pelo coeficiente de ação da ASCE 7-98.
Para maior embasamento de informações, foi escolhida e desenvolvida uma pesquisa
bibliográfica em teses e dissertações nacionais à procura de dados sobre ensaios de vigas e pilares
sob solicitações normas. Com a escassez de dados sobre análise de vigas, a autora optou por utilizar
os parâmetros da variável erro de modelo fornecidos por Nowak e Szerszen (2003). No quadro
abaixo são apresentadas informações gerais, solicitação e resistência do concreto, das pesquisas
onde foram retirados dados experimentais que compõe a base de dados dos estudos dos pilares.
Quadro 1 – Características Gerais das Pesquisas da Base de dados de pilares

Fonte: SANTOS (2012)

O estudo de Santos limitou-se ao estudo dos elementos de concreto armado mais utilizados,
as vigas e os pilares. São elementos lineares cujo o comprimento é pelo menos três vezes maior
que a sua maior dimensão da seção transversal e também é onde os esforços solicitantes principais
são flexão e compressão. Analisaram-se vigas solicitadas à flexão pura e pilares solicitados à
compressão centrada e excêntrica. Em seu terceiro capítulo, a pesquisadora busca apresentar a
previsão de capacidade resistente de vigas e pilares, usando modelos que seguem as
recomendações da ABNT NBR 6118:2007 e do ACI 318-2002.
Dando sequência no raciocínio, Santos utiliza como abordagem mais do detalhamento de
seu método, a autora compara os esforços de ruína enconrados na base de dados com os esforços
resistentes teóricos. Essa resistência teórica foi calculada segundo os princípios de equilíbrio
estático da seção transversal, a compatibilidade de deformações e os requisitos estabelecidos pela
ABNT NBR 6118:2007. A condição de equilíbrio estático da seção é atendida pela igualdade entre
as forças normais que atuam nela e pelo equilíbrio entre os momentos resistentes e solicitantes.
Santos detalha então em outro tópico os requisitos estabelecidos pela ABNT NBR
6118:2007, onde a norma fixa requisitos básicos para projetos de estruturas de concreto simples,
armado e protendido. O dimensionamento de elementos de concreto armado, seguindo a norma,
segue a teoria de estado limite último, onde a falha de um membro determina a ruína do elemento.
O estado limite último para solicitações normais pode ocorrer por ruptura do concreto, quando
cc,max = ccu , ou por deformação plástica excessiva da armadura longitudinal, em que s,max
= su = 1,0%.
Em sua pesquisa, a autora também apresenta uma relação entre tensão e deformação,
empregando um diagrama tensão-deformação da própria ABNT NBR 6118:2007 em análises do
estado limite último, permitindo o cálculo da tensão atuante no concreto de acordo com as suas
deformações. A partir de uma série de cálculos apresentados no estudo, é admitido que a ruptura
do concreto ocorre sob uma tensão de 0,95fci, resistência média à compressão obtida pelos corpos
de prova no ensaio.
Resultados e Discussões
Iniciando a sessão de apresentação e análise de dados, Santos começa trazendo as
características geométricas e mecânicas de todos os modelos encontrados e valores observados
para a força última experimental. A autora limitou as informações disponíveis na bibliografia
analisada, também são detalhadas as metodologias de ensaio e as conclusões dos pesquisadores
que foram utilizados como base, de modo que essas informações encaminhassem o trabalho para
sua análise e conclusão.
A autora culpa a escassez de dados sobre ensaios de vigas de concreto armado para poder
estabelecer características tabeladas dos elementos que foram avaliados, variando altura da seção
transversal, taxa de armadura longitudinal e resistência característica do concreto. Santos relaciona
essas informações em uma tabela.
Tabela 2 – Características físicas e geométricas dos modelos de viga

Fonte: SANTOS (2012)

As resistências características do concreto variaram em 5Mpa para concretos de resistência


usual, 20 a 50Mpa, e em 10Mpa para concretos de alta resistência, 60 a 100Mpa. A autora
apresenta então os dados de modelos dos pilares e de quais outros estudos eles foram retirados.
Citando alguns trabalhos de maior relevância, podemos começar pela pesquisa de Agostini (1992)
que foi um ponto de partida na investigação do comportamento dos pilares no Brasil.
O estudo de Agostini (1992) se inicia investigando as propriedades dos materiais para
poder encontrar um concreto com resistência à compressão em torno de 80Mpa aos 28 dias e com
trabalhabilidade adequada. Também foi analisado o processo de cura e execução a serem
utilizados.
Após toda a análise dos resultados obtidos, Agostini concluiu que em corpos de prova e
pilares de concreto com alta resistência, a armadura transversal contribi apenas para evitar a
ruptura brusca. Mesmo com cargas aplicadas em toda a superfície de concreto, sempre existia
excentricidade acidental, mesmo que esse efeito diminuísse consideravelmente com o aumento da
taxa de armadura longitudinal.
Isso acontece devido a maior homogeneidade na distribuição das armaduras longitudinais,
isso faz com que as excentricidades acidentais sejam compensadas, mas isso deveria ser estudado
de forma mais aprofundada em pilares maiores. Agostini também identificou que o acréscimo de
deformação e decréscimo da tensão última dos pilares de concreto armado, quando comparados
com seus corpos de prova não-armados sugeriram que as armaduras longitudinais e transversais
definiram um núcleo de concreto que passou a ser a seção transversal resistente.
Os estribos que melhor foram executados foram os mais solicitados e mais eficientes como
armadura de confinamento, o que mostrou a importância do formato e taxa da armadura transversal
na tensão última dos pilares. Os ensaios com pilares solicitados também mostraram que a
ductilidade foi obtida com armaduras que não permitiam a ruptura frágil caso esses pilares
sofressem compressão centrada.
Outra pesquisa a ser citada, é a de Valladares (1997), dissertação que tinha como objetivo
analisar a evolução de deformações e deslocamentos residuais ou permanentes no concreto e nas
armações. Foram realizados ensaios com pilares geometricamente idênticos sujeitos à ação
excêntrica de 5cm em uma das direções principais. Todos os pilares possuíam seção transversal
quadrada, armaduras longitudinal e transversal e excentricidade iguais em todos os modelos, sendo
que a única variável era a resistência do concreto.
Valladares concluiu em seu estudo que há uma queda de ductilidade estrutural associada à
ruína com o aumento da resistência à compressão, o que evidencia um comportamento frágil de
pilares em concreto de alta resistência em relação aos concretos normais. O aumento da resistência
do concreto acarreta na redução da deformabilidade estrutural. Concretos com alta resistência
apresentam módulos de elasticidade elevados, início de fissuração em estágios avançados e melhor
aderência às armaduras com aumento da resistência do concreto pós-fissuração.
Utilizando como parâmetro as treze pesquisas utilizadas, Santos então chega na sua
definição de erro de modelo, apresentando como sendo a variável aleatória que permite comparar
os resultados reais com os resultados obtidos do modelo que se pretende avaliar. No estudo de
Santos, os resultados tidos como reais correspondem aos valores obtidos experimentalmente, no
caso dos pilares. Para as vigas, foram estipuladas seções e os resultados reais foram obtidos por
comparação.
Em outro tópico, Santos apresenta o erro de modelo para vigas e pilares, para então realizar
uma distribuição de probabilidade para as variáveis aleatórias erro modelo, onde foram construídos
histogramas buscando aqueles que melhor ajustam-se nas variáveis para fazer o estudo de
confiabilidade dos modelos.
No sexto capítulo da pesquisa, Santos inicia seu procedimento de análise dos resultados,
comparando os erros de modelo e da confiabilidade das normas ABNT NBR 6118:2007 e a ACI
318-2002 com os 206 pilares, 140 solicitações à compressão centrada e 66 à flexo-compressão
normal, e 140 vigas dimensionadas à flexão pura.
Para melhor avaliar a interferência das solicitações nos modelos de previsão, fez-se três
análises distintas: para solicitados à compressão centrada (cc), para pilares solicitados à
compressão excêntrica (ce) e modelos únicos para os pilares, havendo sempre uma excentricidade
mínima na atuação das ações, como é sugerido pela ABNT NBR 6118:2007. Ao analisar a
resistência à compressão do concreto, assim como a resistência do aço, que são parâmetros
primordiais para o cálculo de resistência última de qualquer elemento de concreto armado,
verificiou-se que para concretos de classes superiores a C30 as curvas de distribuição estatísticas
fck,est e fck não são equivalentes, o que configura os materiais como não-conformes e diminui a
segurança das estruturas de concreto projetadas.
Porém, essa não-conformidade nos concretos brasileiros não invalidaram o estudo, pois o
objetivo da avaliação de erro de modelos de norma para a previsão da capacidade dos elementos
estruturais e não a quantificação da influência de cada parâmetro variável. A análise dos resultados
também trabalha com a esbeltez dos pilares, onde houve uma grande dispersão dos valores de erro
de modelo e pequena quantidade de esbeltez para pilares solicitados axialmente, também não foi
possível estabelecer uma correlação entre a variável aleatória erro de modelo e a esbeltez dos
pilares.
Na altura útil das vigas, apresentou-se certa correlação negativa com a variável erro
modelo. Isso indica que para vigas com seção muito alta, o modelo da ABNT NBR 6118:2007
torna-se menos responsivo e até inseguro quando a viga possuir altura maior que 50cm.
Em pilares, a armadura longitudinal pode provocar confinamento da seção, aumentando a
capacidade resistente dela, mas ao mesmo tempo, diminuindo a área resistente do concreto.
Avaliando a taxa de armadura longitudinal dos modelos de previsão e comparando com o
apresentado pela ABNT NBR 6118:2007, Santos analisou uma tendência positiva entre a taxa de
armadura e a variável erro de modelo. Desta forma, podemos concluir que os modelos nacionais
não conseguem mensurar o acréscimo de resistência devido ao confinamento da seção do concreto.
Porém, há uma tendência negativa quando a comparação é o modelo ACI 318-2002,
apresentando resultados contra a segurança para taxas de armadura maiores que 2,0%. Acontece
também que tanto a ABNT NBR 6118:2007, quanto a ACI 318-2002 tem resultados positivos
quando solicitados excentricamente. Podemos então concluir que o acréscimo na capacidade
resistente dos pilares devido ao confinamento da armadura é maior quando há solicitação de flexo-
compressão.
O modelo da norma brasileira nos entrega uma correlação negativa com a taxa de armadura
longitudinal e isso nos faz concluir que o modelo superestima o acréscimo de resistência conferido
pelo aumento da taxa de armadura.
Quanto as armaduras transversais dos pilares, as conclusões foram similares as
apresentadas sobre a armadura longitudinal, contudo, há uma relação maior com a variável erro de
modelo. Novamente o ACI 318-2002 apresenta resultados mais aproximados e precisos que o
modelo da ABNT NBR 6118:2007.
Para as análises de excentricidade inicial de aplicação de carga nos pilares todos os modelos
avaliados tiveram respostas semelhantes. Santos resume essas avaliações como quanto maior a
excentricidade inicial, menor a variável erro de modelo. Os modelos apresentaram resultados
contra a segurança quando a excentricidade inicial estava acima de 20mm. Mas uma coisa se
mantém, a relação feita com a ACI 318-2002 é a menos tendenciosa, apresentando menor
correlação e menos seguro.
Santos ainda busca ressaltar que como na maioria dos estudos, neste, a excentricidade foi
considerada constante, assumindo que existia correlação entre carga axial e momento fletor.
Conclusão

Segundo a própria autora, podemos concluir com a pesquisa que quanto a resistência do
concreto, a variável erro modelo apresentou para pilares solicitados à compressão excêntrica,
tendências positivas. E isso torna o modelo mais conservados para maiores resistências do concreto
armado.
Porém, para pilares solicitados axialmente o modelo se torna menos tendencioso,
diminuindo o ganho de resistência a partir do erro de modelo. Os modelos se pilares solicitados à
compressão centrada se mostra inseguro quando analisado sem a excentricidade acidental.
Santos declara que uma calibração na norma ABNT NBR 6118:2007 poderia permitir uma
extensão nos seus limites de aplicação para concretos de resistência mais elevada, levando em
consideração as especificidades relativas às propriedades mecânicas desse material, assim como o
ganho de resistência devido ao confinamento promovido pela armadura longitudinal e transversal.
Os efeitos de aumento da ductilidade em concretos de alta resistência também devem
considerar o confinamento do concreto usual pela armadura longitudinal e transversal, pois os
modelos apresentaram resultados conservadores com o aumento da taxa de armaduras.
O estudo também possibilitou concluir que os pilares que os pilares que foram solicitados
à compressão simples se apresentaram como sendo mais dependentes e conservadores do índice
de esbeltez, do que aqueles que foram solicitados à compressão excêntrica.
Para previsão do momento resistente último de vigas, o erro do modelo da ABNT NBR
6118:2007 apresentou um resultado inconclusivo, mesmo que tenha demonstrado dependência da
taxa de armadura longitudinal e da posição da linha neutra no estado limite último. Para estudos
futuros, Santos propõe avaliações futuras coletando dados experimentais não considerados em sua
pesquisa, como por exemplo, dados de resistências de vigas.
A dissertação de mestrado de Santos é um trabalho de extrema complexidade que abrange
diversas vertentes das ciências exatas, principalmente no ramo da Engenharia Civil. O trabalho
desenvolve conceitos de física, mecânica estrutural, materiais da construção civil e suas
propriedades, matemática estatística, análise e correlação de gráficos. Tudo com o objetivo de
embasar a tese desenvolvida em sua pergunta.
Objetivos esses que foram atingidos e respondidos, mesmo que obtendo um resposta
inconclusiva como o caso de previsão do momento resistente último de vigas. A pesquisa de
Santos mostra como a normalização de qualquer assunto de âmbito profissional, nesse caso sendo
direcionado apenas para construção civil, necessita de um estudo aprofundado e focado
principalmente nas condições apresentadas no país em questão.
A utilização de normas internacionais para o desenvolvimento da ABNT NBR 6118 não
trouxe malefícios, mas podemos reparar que há sim diferenças de resultados quando comparados.
A pesquisa de Santos também mostra que para fundamentar uma normalização, é preciso entrar
em diversas áreas do conhecimento, sendo todas elas dominadas ou estruturadas pela autora
através de outras pesquisas. Esse amplo conhecimento no assunto pode ser muito provavelmente
o motivo da aprovação da pesquisadora.
Referências Bibliográficas
AGOSTINI, L. R. S. (1992). Pilares de concreto de alta resistência. Tese de doutorado. Escola
Politécnica, Universidade de São Paulo. São Paulo.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (2007). NBR 6118:2007 – Projetos de


estruturas de concreto – procedimento. Rio de Janeiro.

SANTOS, E. S. Avaliação estatística do erro de modelos de resistência para elementos lineares de


concreto armado da ABNT NBR 6118:2007. 2012. 126 p. Dissertação (Mestrado) – Escola de
Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2012.

VALLADARES, L. M. (1997). Análise teórico-experimental do comportamento de pilares em


concreto armado na flexão normal composta: efeitos da variação na resistência à compressão do
concreto. Dissertação de mestrado. Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte.

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