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LEI Nº 11.

340, DE 7 DE AGOSTO à dignidade, ao respeito e à


DE 2006 convivência familiar e comunitária.

TÍTULO I § 1º O poder público


desenvolverá políticas que visem
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES garantir os direitos humanos das
mulheres no âmbito das relações
Art. 1º Esta Lei cria domésticas e familiares no sentido de
mecanismos para coibir e prevenir a resguardá-las de toda forma de
violência doméstica e familiar contra negligência, discriminação,
a mulher, nos termos do § 8º do art. exploração, violência, crueldade e
226 da Constituição Federal, da opressão.
Convenção sobre a Eliminação de
Todas as Formas de Violência contra § 2º Cabe à família, à sociedade
a Mulher, da Convenção e ao poder público criar as condições
Interamericana para Prevenir, Punir necessárias para o efetivo exercício
e Erradicar a Violência contra a dos direitos enunciados no caput.
Mulher e de outros tratados
internacionais ratificados pela Art. 4º Na interpretação desta
República Federativa do Brasil; Lei, serão considerados os fins
dispõe sobre a criação dos Juizados sociais a que ela se destina e,
de Violência Doméstica e Familiar especialmente, as condições
contra a Mulher; e estabelece peculiares das mulheres em situação
medidas de assistência e proteção às de violência doméstica e familiar.
mulheres em situação de violência
doméstica e familiar. Banca: FCC Órgão: MPE-PE Prova: FCC -
2008 - MPE-PE - Promotor de Justiça
Art. 2º Toda mulher,
A Lei Maria da Penha, Lei no 11.340/2006,
independentemente de classe, raça,
etnia, orientação sexual, renda, A - visa a coibir apenas a violência física e
cultura, nível educacional, idade e sexual contra a mulher, no âmbito
religião, goza dos direitos doméstico e familiar.
fundamentais inerentes à pessoa
B - admite a renúncia à representação da
humana, sendo-lhe asseguradas as
ofendida perante o juiz, ouvido o
oportunidades e facilidades para
Ministério Público, antes ou após o
viver sem violência, preservar sua
recebimento da denúncia.
saúde física e mental e seu
aperfeiçoamento moral, intelectual e C - permite a aplicação, nos casos de
social. violência doméstica e familiar contra a
mulher, de penas de cesta básica ou outras
Art. 3º Serão asseguradas às de caráter pecuniário.
mulheres as condições para o
exercício efetivo dos direitos à vida, D - dispõe que o Ministério Público
à segurança, à saúde, à alimentação, intervirá somente nas causas criminais
à educação, à cultura, à moradia, ao decorrentes da violência doméstica e
acesso à justiça, ao esporte, ao lazer, familiar contra a mulher.
ao trabalho, à cidadania, à liberdade,
E - dispõe que caberá ao Ministério Art. 6º A violência doméstica e
Público, entre outras atribuições, requisitar familiar contra a mulher constitui
força policial e serviços públicos de saúde, uma das formas de violação dos
de educação, de assistência social e de direitos humanos.
segurança, nos casos de violência
doméstica e familiar contra a mulher. CAPÍTULO II

TÍTULO II DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA


DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A
DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E MULHER
FAMILIAR CONTRA A MULHER
Art. 7º São formas de violência
CAPÍTULO I doméstica e familiar contra a mulher,
entre outras:
DISPOSIÇÕES GERAIS
I - a violência física, entendida
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, como qualquer conduta que ofenda
configura violência doméstica e sua integridade ou saúde corporal;
familiar contra a mulher qualquer
ação ou omissão baseada no gênero II - a violência psicológica,
que lhe cause morte, lesão, entendida como qualquer conduta
sofrimento físico, sexual ou que lhe cause dano emocional e
psicológico e dano moral ou diminuição da autoestima ou que lhe
patrimonial: prejudique e perturbe o pleno
desenvolvimento ou que vise
I - no âmbito da unidade degradar ou controlar suas ações,
doméstica, compreendida como o comportamentos, crenças e
espaço de convívio permanente de decisões, mediante ameaça,
pessoas, com ou sem vínculo constrangimento, humilhação,
familiar, inclusive as manipulação, isolamento, vigilância
esporadicamente agregadas; constante, perseguição contumaz,
insulto, chantagem, violação de sua
II - no âmbito da família, intimidade, ridicularização,
compreendida como a comunidade exploração e limitação do direito de
formada por indivíduos que são ou se ir e vir ou qualquer outro meio que
consideram aparentados, unidos por lhe cause prejuízo à saúde
laços naturais, por afinidade ou por psicológica e à autodeterminação;
vontade expressa;
III - a violência sexual,
III - em qualquer relação íntima entendida como qualquer conduta
de afeto, na qual o agressor conviva que a constranja a presenciar, a
ou tenha convivido com a ofendida, manter ou a participar de relação
independentemente de coabitação. sexual não desejada, mediante
intimidação, ameaça, coação ou uso
Parágrafo único. As relações da força; que a induza a
pessoais enunciadas neste artigo comercializar ou a utilizar, de
independem de orientação sexual. qualquer modo, a sua sexualidade,
que a impeça de usar qualquer
método contraceptivo ou que a force TÍTULO III
ao matrimônio, à gravidez, ao aborto
ou à prostituição, mediante coação, DA ASSISTÊNCIA À MULHER
chantagem, suborno ou EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA
manipulação; ou que limite ou anule DOMÉSTICA E FAMILIAR
o exercício de seus direitos sexuais e
reprodutivos; CAPÍTULO I

IV - a violência patrimonial, DAS MEDIDAS INTEGRADAS


entendida como qualquer conduta DE PREVENÇÃO
que configure retenção, subtração,
destruição parcial ou total de seus Art. 8º A política pública que
objetos, instrumentos de trabalho, visa coibir a violência doméstica e
documentos pessoais, bens, valores familiar contra a mulher far-se-á por
e direitos ou recursos econômicos, meio de um conjunto articulado de
incluindo os destinados a satisfazer ações da União, dos Estados, do
suas necessidades; Distrito Federal e dos Municípios e de
ações não-governamentais, tendo
V - a violência moral, entendida por diretrizes:
como qualquer conduta que
configure calúnia, difamação ou I - a integração operacional do
injúria. Poder Judiciário, do Ministério
Público e da Defensoria Pública com
Banca: FCC Órgão: DPE-SP Prova: FCC - as áreas de segurança pública,
2010 - DPE-SP - Agente de Defensoria - assistência social, saúde, educação,
Psicólogo trabalho e habitação;
A Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006,
conhecida por Lei Maria da Penha, cria II - a promoção de estudos e
mecanismos para coibir e prevenir a pesquisas, estatísticas e outras
violência doméstica e familiar contra a informações relevantes, com a
mulher, sendo que no Título II, Capítulo II, perspectiva de gênero e de raça ou
Art. 7º (que trata das formas de violência etnia, concernentes às causas, às
doméstica e familiar contra a mulher), a conseqüências e à freqüência da
violência que inclui, entre outros fatores, violência doméstica e familiar contra
qualquer conduta que cause à mulher dano a mulher, para a sistematização de
emocional e diminuição da autoestima ou dados, a serem unificados
que lhe prejudique e perturbe o pleno nacionalmente, e a avaliação
desenvolvimento, é entendida como uma periódica dos resultados das medidas
violência adotadas;

A - psicológica. III - o respeito, nos meios de


comunicação social, dos valores
B - global.
éticos e sociais da pessoa e da
C - física. família, de forma a coibir os papéis
estereotipados que legitimem ou
D - moral.
exacerbem a violência doméstica e
E - sexual. familiar, de acordo com o
estabelecido no inciso III do art. 1º
, no inciso IV do art. 3º e no inciso IV problema da violência doméstica e
do art. 221 da Constituição Federal ; familiar contra a mulher.

IV - a implementação de CAPÍTULO II
atendimento policial especializado
para as mulheres, em particular nas DA ASSISTÊNCIA À MULHER
Delegacias de Atendimento à Mulher; EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA
DOMÉSTICA E FAMILIAR
V - a promoção e a realização
de campanhas educativas de Art. 9º A assistência à mulher
prevenção da violência doméstica e em situação de violência doméstica e
familiar contra a mulher, voltadas ao familiar será prestada de forma
público escolar e à sociedade em articulada e conforme os princípios e
geral, e a difusão desta Lei e dos as diretrizes previstos na Lei
instrumentos de proteção aos Orgânica da Assistência Social, no
direitos humanos das mulheres; Sistema Único de Saúde, no Sistema
Único de Segurança Pública, entre
VI - a celebração de convênios, outras normas e políticas públicas de
protocolos, ajustes, termos ou outros proteção, e emergencialmente
instrumentos de promoção de quando for o caso.
parceria entre órgãos
governamentais ou entre estes e § 1º O juiz determinará, por
entidades não-governamentais, prazo certo, a inclusão da mulher em
tendo por objetivo a implementação situação de violência doméstica e
de programas de erradicação da familiar no cadastro de programas
violência doméstica e familiar contra assistenciais do governo federal,
a mulher; estadual e municipal.

VII - a capacitação permanente § 2º O juiz assegurará à mulher


das Polícias Civil e Militar, da Guarda em situação de violência doméstica e
Municipal, do Corpo de Bombeiros e familiar, para preservar sua
dos profissionais pertencentes aos integridade física e psicológica:
órgãos e às áreas enunciados no
inciso I quanto às questões de I - acesso prioritário à remoção
gênero e de raça ou etnia; quando servidora pública, integrante
da administração direta ou indireta;
VIII - a promoção de
programas educacionais que II - manutenção do vínculo
disseminem valores éticos de trabalhista, quando necessário o
irrestrito respeito à dignidade da afastamento do local de trabalho, por
pessoa humana com a perspectiva de até seis meses.
gênero e de raça ou etnia;
III - encaminhamento à
IX - o destaque, nos currículos assistência judiciária, quando for o
escolares de todos os níveis de caso, inclusive para eventual
ensino, para os conteúdos relativos ajuizamento da ação de separação
aos direitos humanos, à eqüidade de judicial, de divórcio, de anulação de
gênero e de raça ou etnia e ao
casamento ou de dissolução de união mulher e dos seus dependentes, nem
estável perante o juízo competente configurar atenuante ou
ensejar possibilidade de substituição
§ 3º A assistência à mulher em da pena aplicada.
situação de violência doméstica e
familiar compreenderá o acesso aos § 7º A mulher em situação de
benefícios decorrentes do violência doméstica e familiar tem
desenvolvimento científico e prioridade para matricular seus
tecnológico, incluindo os serviços de dependentes em instituição de
contracepção de emergência, a educação básica mais próxima de
profilaxia das Doenças Sexualmente seu domicílio, ou transferi-los para
Transmissíveis (DST) e da Síndrome essa instituição, mediante a
da Imunodeficiência Adquirida apresentação dos documentos
(AIDS) e outros procedimentos comprobatórios do registro da
médicos necessários e cabíveis nos ocorrência policial ou do processo
casos de violência sexual. de violência doméstica e familiar em
curso.
§ 4º Aquele que, por ação ou
omissão, causar lesão, violência § 8º Serão sigilosos os dados
física, sexual ou psicológica e dano da ofendida e de seus dependentes
moral ou patrimonial a mulher fica matriculados ou transferidos
obrigado a ressarcir todos os danos conforme o disposto no § 7º deste
causados, inclusive ressarcir ao artigo, e o acesso às informações
Sistema Único de Saúde (SUS), de será reservado ao juiz, ao Ministério
acordo com a tabela SUS, os custos Público e aos órgãos competentes
relativos aos serviços de saúde do poder público
prestados para o total tratamento
das vítimas em situação de violência CAPÍTULO III
doméstica e familiar, recolhidos os
recursos assim arrecadados ao DO ATENDIMENTO PELA
Fundo de Saúde do ente federado AUTORIDADE POLICIAL
responsável pelas unidades de saúde
que prestarem os serviços. Art. 10. Na hipótese da
iminência ou da prática de violência
§ 5º Os dispositivos de doméstica e familiar contra a mulher,
segurança destinados ao uso em a autoridade policial que tomar
caso de perigo iminente e conhecimento da ocorrência adotará,
disponibilizados para o de imediato, as providências legais
monitoramento das vítimas de cabíveis.
violência doméstica ou familiar
amparadas por medidas protetivas Parágrafo único. Aplica-se o
terão seus custos ressarcidos pelo disposto no caput deste artigo ao
agressor. descumprimento de medida protetiva
de urgência deferida.
§ 6º O ressarcimento de que
tratam os §§ 4º e 5º deste artigo Art. 10-A. É direito da mulher
não poderá importar ônus de em situação de violência doméstica e
qualquer natureza ao patrimônio da familiar o atendimento policial e
pericial especializado, ininterrupto e testemunha e ao tipo e à gravidade
prestado por servidores - da violência sofrida;
preferencialmente do sexo feminino -
previamente capacitados. II - quando for o caso, a
inquirição será intermediada por
§ 1º A inquirição de mulher em profissional especializado em
situação de violência doméstica e violência doméstica e familiar
familiar ou de testemunha de designado pela autoridade judiciária
violência doméstica, quando se ou policial;
tratar de crime contra a mulher,
obedecerá às seguintes diretrizes: III - o depoimento será
registrado em meio eletrônico ou
I - salvaguarda da integridade magnético, devendo a degravação e
física, psíquica e emocional da a mídia integrar o inquérito.
depoente, considerada a sua
condição peculiar de pessoa em Art. 11. No atendimento à
situação de violência doméstica e mulher em situação de violência
familiar; doméstica e familiar, a autoridade
policial deverá, entre outras
II - garantia de que, em providências:
nenhuma hipótese, a mulher em
situação de violência doméstica e I - garantir proteção policial,
familiar, familiares e testemunhas quando necessário, comunicando de
terão contato direto com imediato ao Ministério Público e ao
investigados ou suspeitos e pessoas Poder Judiciário;
a eles relacionadas;
II - encaminhar a ofendida ao
III - não revitimização da hospital ou posto de saúde e ao
depoente, evitando sucessivas Instituto Médico Legal;
inquirições sobre o mesmo fato nos
âmbitos criminal, cível e III - fornecer transporte para a
administrativo, bem como ofendida e seus dependentes para
questionamentos sobre a vida abrigo ou local seguro, quando
privada. houver risco de vida;

§ 2º Na inquirição de mulher IV - se necessário, acompanhar


em situação de violência doméstica a ofendida para assegurar a retirada
e familiar ou de testemunha de de seus pertences do local da
delitos de que trata esta Lei, adotar- ocorrência ou do domicílio familiar;
se-á, preferencialmente, o seguinte
procedimento V - informar à ofendida os
direitos a ela conferidos nesta Lei e
I - a inquirição será feita em os serviços disponíveis, inclusive os
recinto especialmente projetado de assistência judiciária para o
para esse fim, o qual conterá os eventual ajuizamento perante o juízo
equipamentos próprios e adequados competente da ação de separação
à idade da mulher em situação de judicial, de divórcio, de anulação de
violência doméstica e familiar ou
casamento ou de dissolução de união pela concessão do registro ou da
estável. emissão do porte, nos termos da Lei
nº 10.826, de 22 de dezembro de
Art. 12. Em todos os casos de 2003 (Estatuto do
violência doméstica e familiar contra Desarmamento);
a mulher, feito o registro da
ocorrência, deverá a autoridade VII - remeter, no prazo legal, os
policial adotar, de imediato, os autos do inquérito policial ao juiz e ao
seguintes procedimentos, sem Ministério Público.
prejuízo daqueles previstos no
Código de Processo Penal: § 1º O pedido da ofendida será
tomado a termo pela autoridade
I - ouvir a ofendida, lavrar o policial e deverá conter:
boletim de ocorrência e tomar a
representação a termo, se I - qualificação da ofendida e do
apresentada; agressor;

II - colher todas as provas que II - nome e idade dos


servirem para o esclarecimento do dependentes;
fato e de suas circunstâncias;
III - descrição sucinta do fato e
III - remeter, no prazo de 48 das medidas protetivas solicitadas
(quarenta e oito) horas, expediente pela ofendida.
apartado ao juiz com o pedido da
ofendida, para a concessão de IV - informação sobre a
medidas protetivas de urgência; condição de a ofendida ser pessoa
com deficiência e se da violência
IV - determinar que se proceda sofrida resultou deficiência ou
ao exame de corpo de delito da agravamento de deficiência
ofendida e requisitar outros exames preexistente.
periciais necessários;
§ 2º A autoridade policial
V - ouvir o agressor e as deverá anexar ao documento
testemunhas; referido no § 1º o boletim de
ocorrência e cópia de todos os
VI - ordenar a identificação do documentos disponíveis em posse da
agressor e fazer juntar aos autos sua ofendida.
folha de antecedentes criminais,
indicando a existência de mandado § 3º Serão admitidos como
de prisão ou registro de outras meios de prova os laudos ou
ocorrências policiais contra ele; prontuários médicos fornecidos por
hospitais e postos de saúde.
VI-A - verificar se o agressor
possui registro de porte ou posse de Art. 12-A. Os Estados e o
arma de fogo e, na hipótese de Distrito Federal, na formulação de
existência, juntar aos autos essa suas políticas e planos de
informação, bem como notificar a atendimento à mulher em situação
ocorrência à instituição responsável de violência doméstica e familiar,
darão prioridade, no âmbito da § 2º Nos casos de risco à
Polícia Civil, à criação de Delegacias integridade física da ofendida ou à
Especializadas de Atendimento à efetividade da medida protetiva de
Mulher (Deams), de Núcleos urgência, não será concedida
Investigativos de Feminicídio e de liberdade provisória ao preso.
equipes especializadas para o
atendimento e a investigação das TÍTULO IV
violências graves contra a mulher.
DOS PROCEDIMENTOS
§ 3º A autoridade policial
poderá requisitar os serviços CAPÍTULO I
públicos necessários à defesa da
mulher em situação de violência DISPOSIÇÕES GERAIS
doméstica e familiar e de seus
dependentes. Art. 13. Ao processo, ao
julgamento e à execução das causas
Art. 12-C. Verificada a cíveis e criminais decorrentes da
existência de risco atual ou iminente prática de violência doméstica e
à vida ou à integridade física da familiar contra a mulher aplicar-se-ão
mulher em situação de violência as normas dos Códigos de Processo
doméstica e familiar, ou de seus Penal e Processo Civil e da legislação
dependentes, o agressor será específica relativa à criança, ao
imediatamente afastado do lar, adolescente e ao idoso que não
domicílio ou local de convivência conflitarem com o estabelecido nesta
com a ofendida: Lei.

I - pela autoridade judicial; Art. 14. Os Juizados de


Violência Doméstica e Familiar contra
II - pelo delegado de polícia, a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária
quando o Município não for sede de com competência cível e criminal,
comarca; poderão ser criados pela União, no
Distrito Federal e nos Territórios, e
III - pelo policial, quando o pelos Estados, para o processo, o
Município não for sede de comarca e julgamento e a execução das causas
não houver delegado disponível no decorrentes da prática de violência
momento da denúncia. doméstica e familiar contra a mulher.

§ 1º Nas hipóteses dos incisos Parágrafo único. Os atos


II e III do caput deste artigo, o juiz processuais poderão realizar-se em
será comunicado no prazo máximo horário noturno, conforme
de 24 (vinte e quatro) horas e dispuserem as normas de
decidirá, em igual prazo, sobre a organização judiciária.
manutenção ou a revogação da
medida aplicada, devendo dar Art. 14-A. A ofendida tem a
ciência ao Ministério Público opção de propor ação de divórcio ou
concomitantemente. de dissolução de união estável no
Juizado de Violência Doméstica e
Familiar contra a Mulher.
§ 1º Exclui-se da competência Seção I
dos Juizados de Violência Doméstica
e Familiar contra a Mulher a Disposições Gerais
pretensão relacionada à partilha de
bens. Art. 18. Recebido o expediente
com o pedido da ofendida, caberá ao
§ 2º Iniciada a situação de juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito)
violência doméstica e familiar após o horas:
ajuizamento da ação de divórcio ou
de dissolução de união estável, a I - conhecer do expediente e do
ação terá preferência no juízo onde pedido e decidir sobre as medidas
estiver. protetivas de urgência;

Art. 15. É competente, por II - determinar o


opção da ofendida, para os encaminhamento da ofendida ao
processos cíveis regidos por esta Lei, órgão de assistência judiciária,
o Juizado: quando for o caso, inclusive para o
ajuizamento da ação de separação
I - do seu domicílio ou de sua judicial, de divórcio, de anulação de
residência; casamento ou de dissolução de união
estável perante o juízo
II - do lugar do fato em que se competente;
baseou a demanda;
III - comunicar ao Ministério
III - do domicílio do agressor. Público para que adote as
providências cabíveis.
Art. 16. Nas ações penais
públicas condicionadas à IV - determinar a apreensão
representação da ofendida de que imediata de arma de fogo sob a
trata esta Lei, só será admitida a posse do agressor.
renúncia à representação perante o
juiz, em audiência especialmente Art. 19. As medidas protetivas
designada com tal finalidade, antes de urgência poderão ser concedidas
do recebimento da denúncia e ouvido pelo juiz, a requerimento do
o Ministério Público. Ministério Público ou a pedido da
ofendida.
Art. 17. É vedada a aplicação,
nos casos de violência doméstica e § 1º As medidas protetivas de
familiar contra a mulher, de penas de urgência poderão ser concedidas de
cesta básica ou outras de prestação imediato, independentemente de
pecuniária, bem como a substituição audiência das partes e de
de pena que implique o pagamento manifestação do Ministério Público,
isolado de multa. devendo este ser prontamente
comunicado.
CAPÍTULO II
§ 2º As medidas protetivas de
DAS MEDIDAS PROTETIVAS urgência serão aplicadas isolada ou
DE URGÊNCIA cumulativamente, e poderão ser
substituídas a qualquer tempo por da Penha: para agilizar o processo de
outras de maior eficácia, sempre que denúncia, cabe à vítima entregar
os direitos reconhecidos nesta Lei pessoalmente a intimação ao agressor.
forem ameaçados ou violados.
( ) Certo

§ 3º Poderá o juiz, a ( ) Errado


requerimento do Ministério Público
ou a pedido da ofendida, conceder Seção II
novas medidas protetivas de
urgência ou rever aquelas já Das Medidas Protetivas de
concedidas, se entender necessário à Urgência que Obrigam o
proteção da ofendida, de seus Agressor
familiares e de seu patrimônio,
ouvido o Ministério Público. Art. 22. Constatada a prática de
violência doméstica e familiar contra
Art. 20. Em qualquer fase do a mulher, nos termos desta Lei, o juiz
inquérito policial ou da instrução poderá aplicar, de imediato, ao
criminal, caberá a prisão preventiva agressor, em conjunto ou
do agressor, decretada pelo juiz, de separadamente, as seguintes
ofício, a requerimento do Ministério medidas protetivas de urgência,
Público ou mediante representação entre outras:
da autoridade policial.
I - suspensão da posse ou
Parágrafo único. O juiz poderá restrição do porte de armas, com
revogar a prisão preventiva se, no comunicação ao órgão competente,
curso do processo, verificar a falta de nos termos da Lei nº 10.826, de 22
motivo para que subsista, bem como de dezembro de 2003 ;
de novo decretá-la, se sobrevierem
razões que a justifiquem. II - afastamento do lar,
domicílio ou local de convivência com
Art. 21. A ofendida deverá ser a ofendida;
notificada dos atos processuais
relativos ao agressor, especialmente III - proibição de determinadas
dos pertinentes ao ingresso e à saída condutas, entre as quais:
da prisão, sem prejuízo da intimação
do advogado constituído ou do a) aproximação da ofendida, de
defensor público. seus familiares e das testemunhas,
fixando o limite mínimo de distância
Parágrafo único. A ofendida entre estes e o agressor;
não poderá entregar intimação ou
notificação ao agressor . b) contato com a ofendida, seus
familiares e testemunhas por
Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TJ-DFT qualquer meio de comunicação;
Prova: CESPE - 2008 - TJ-DFT - Analista
Judiciário - Serviço Social c) freqüentação de
No atendimento a vítimas de violência, determinados lugares a fim de
deve-se adotar o que preconiza a Lei Maria
preservar a integridade física e poderá o juiz requisitar, a qualquer
psicológica da ofendida; momento, auxílio da força policial.

IV - restrição ou suspensão de § 4º Aplica-se às hipóteses


visitas aos dependentes menores, previstas neste artigo, no que
ouvida a equipe de atendimento couber, o disposto no caput e nos §§
multidisciplinar ou serviço similar; 5º e 6º do art. 461 da Lei no 5.869,
de 11 de janeiro de 1973 (Código de
V - prestação de alimentos Processo Civil).
provisionais ou provisórios.
Seção III
VI – comparecimento do
agressor a programas de Das Medidas Protetivas de
recuperação e reeducação; Urgência à Ofendida

VII – acompanhamento Art. 23. Poderá o juiz, quando


psicossocial do agressor, por meio necessário, sem prejuízo de outras
de atendimento individual e/ou em medidas:
grupo de apoio.
I - encaminhar a ofendida e
§ 1º As medidas referidas neste seus dependentes a programa oficial
artigo não impedem a aplicação de ou comunitário de proteção ou de
outras previstas na legislação em atendimento;
vigor, sempre que a segurança da
ofendida ou as circunstâncias o II - determinar a recondução da
exigirem, devendo a providência ser ofendida e a de seus dependentes ao
comunicada ao Ministério Público. respectivo domicílio, após
afastamento do agressor;
§ 2º Na hipótese de aplicação
do inciso I, encontrando-se o III - determinar o afastamento
agressor nas condições mencionadas da ofendida do lar, sem prejuízo dos
no caput e incisos do art. 6º da Lei direitos relativos a bens, guarda dos
nº 10.826, de 22 de dezembro de filhos e alimentos;
2003, o juiz comunicará ao
respectivo órgão, corporação ou IV - determinar a separação de
instituição as medidas protetivas de corpos.
urgência concedidas e determinará a
restrição do porte de armas, ficando V - determinar a matrícula dos
o superior imediato do agressor dependentes da ofendida em
responsável pelo cumprimento da instituição de educação básica mais
determinação judicial, sob pena de próxima do seu domicílio, ou a
incorrer nos crimes de prevaricação transferência deles para essa
ou de desobediência, conforme o instituição, independentemente da
caso. existência de vaga.

§ 3º Para garantir a efetividade Art. 24. Para a proteção


das medidas protetivas de urgência, patrimonial dos bens da sociedade
conjugal ou daqueles de propriedade § 1º A configuração do crime
particular da mulher, o juiz poderá independe da competência civil ou
determinar, liminarmente, as criminal do juiz que deferiu as
seguintes medidas, entre outras: medidas.

I - restituição de bens § 2º Na hipótese de prisão em


indevidamente subtraídos pelo flagrante, apenas a autoridade
agressor à ofendida; judicial poderá conceder fiança.

II - proibição temporária para a § 3º O disposto neste artigo


celebração de atos e contratos de não exclui a aplicação de outras
compra, venda e locação de sanções cabíveis.
propriedade em comum, salvo
expressa autorização judicial; CAPÍTULO III

III - suspensão das DA ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO


procurações conferidas pela ofendida PÚBLICO
ao agressor;
Art. 25. O Ministério Público
IV - prestação de caução intervirá, quando não for parte, nas
provisória, mediante depósito causas cíveis e criminais decorrentes
judicial, por perdas e danos materiais da violência doméstica e familiar
decorrentes da prática de violência contra a mulher.
doméstica e familiar contra a
ofendida. Art. 26. Caberá ao Ministério
Público, sem prejuízo de outras
Parágrafo único. Deverá o juiz atribuições, nos casos de violência
oficiar ao cartório competente para doméstica e familiar contra a mulher,
os fins previstos nos incisos II e III quando necessário:
deste artigo.
I - requisitar força policial e
Seção IV serviços públicos de saúde, de
educação, de assistência social e de
Do Crime de segurança, entre outros;
Descumprimento de Medidas
Protetivas de Urgência II - fiscalizar os
Descumprimento de Medidas estabelecimentos públicos e
Protetivas de Urgência particulares de atendimento à
mulher em situação de violência
Art. 24-A. Descumprir decisão doméstica e familiar, e adotar, de
judicial que defere medidas imediato, as medidas administrativas
protetivas de urgência previstas ou judiciais cabíveis no tocante a
nesta Lei: quaisquer irregularidades
constatadas;
Pena – detenção, de 3 (três)
meses a 2 (dois) anos III - cadastrar os casos de
violência doméstica e familiar contra
a mulher.
CAPÍTULO IV com especial atenção às crianças e
aos adolescentes.
DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
Art. 31. Quando a
Art. 27. Em todos os atos complexidade do caso exigir
processuais, cíveis e criminais, a avaliação mais aprofundada, o juiz
mulher em situação de violência poderá determinar a manifestação
doméstica e familiar deverá estar de profissional especializado,
acompanhada de advogado, mediante a indicação da equipe de
ressalvado o previsto no art. 19 desta atendimento multidisciplinar.
Lei.
Art. 32. O Poder Judiciário, na
Art. 28. É garantido a toda elaboração de sua proposta
mulher em situação de violência orçamentária, poderá prever
doméstica e familiar o acesso aos recursos para a criação e
serviços de Defensoria Pública ou de manutenção da equipe de
Assistência Judiciária Gratuita, nos atendimento multidisciplinar, nos
termos da lei, em sede policial e termos da Lei de Diretrizes
judicial, mediante atendimento Orçamentárias.
específico e humanizado.
TÍTULO VI
TÍTULO V
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
DA EQUIPE DE ATENDIMENTO
MULTIDISCIPLINAR Art. 33. Enquanto não
estruturados os Juizados de Violência
Art. 29. Os Juizados de Doméstica e Familiar contra a
Violência Doméstica e Familiar contra Mulher, as varas criminais
a Mulher que vierem a ser criados acumularão as competências cível e
poderão contar com uma equipe de criminal para conhecer e julgar as
atendimento multidisciplinar, a ser causas decorrentes da prática de
integrada por profissionais violência doméstica e familiar contra
especializados nas áreas a mulher, observadas as previsões do
psicossocial, jurídica e de saúde. Título IV desta Lei, subsidiada pela
legislação processual pertinente.
Art. 30. Compete à equipe de
atendimento multidisciplinar, entre Parágrafo único. Será garantido
outras atribuições que lhe forem o direito de preferência, nas varas
reservadas pela legislação local, criminais, para o processo e o
fornecer subsídios por escrito ao juiz, julgamento das causas referidas no
ao Ministério Público e à Defensoria caput.
Pública, mediante laudos ou
verbalmente em audiência, e TÍTULO VII
desenvolver trabalhos de orientação,
encaminhamento, prevenção e DISPOSIÇÕES FINAIS
outras medidas, voltados para a
ofendida, o agressor e os familiares, Art. 34. A instituição dos
Juizados de Violência Doméstica e
Familiar contra a Mulher poderá ser pelo menos um ano, nos termos da
acompanhada pela implantação das legislação civil.
curadorias necessárias e do serviço
de assistência judiciária. Parágrafo único. O requisito da
pré-constituição poderá ser
Art. 35. A União, o Distrito dispensado pelo juiz quando
Federal, os Estados e os Municípios entender que não há outra entidade
poderão criar e promover, no limite com representatividade adequada
das respectivas competências: para o ajuizamento da demanda
coletiva.
I - centros de atendimento
integral e multidisciplinar para Art. 38. As estatísticas sobre a
mulheres e respectivos dependentes violência doméstica e familiar contra
em situação de violência doméstica e a mulher serão incluídas nas bases
familiar; de dados dos órgãos oficiais do
Sistema de Justiça e Segurança a fim
II - casas-abrigos para de subsidiar o sistema nacional de
mulheres e respectivos dependentes dados e informações relativo às
menores em situação de violência mulheres.
doméstica e familiar;
Parágrafo único. As Secretarias
III - delegacias, núcleos de de Segurança Pública dos Estados e
defensoria pública, serviços de saúde do Distrito Federal poderão remeter
e centros de perícia médico-legal suas informações criminais para a
especializados no atendimento à base de dados do Ministério da
mulher em situação de violência Justiça.
doméstica e familiar;
Art. 38-A. O juiz competente
IV - programas e campanhas de providenciará o registro da medida
enfrentamento da violência protetiva de urgência.
doméstica e familiar;
Parágrafo único. As medidas
V - centros de educação e de protetivas de urgência serão
reabilitação para os agressores. registradas em banco de dados
mantido e regulamentado pelo
Art. 36. A União, os Estados, o Conselho Nacional de Justiça,
Distrito Federal e os Municípios garantido o acesso do Ministério
promoverão a adaptação de seus Público, da Defensoria Pública e dos
órgãos e de seus programas às órgãos de segurança pública e de
diretrizes e aos princípios desta Lei. assistência social, com vistas à
fiscalização e à efetividade das
Art. 37. A defesa dos interesses medidas protetivas.
e direitos transindividuais previstos
nesta Lei poderá ser exercida, Art. 39. A União, os Estados, o
concorrentemente, pelo Ministério Distrito Federal e os Municípios, no
Público e por associação de atuação limite de suas competências e nos
na área, regularmente constituída há termos das respectivas leis de
diretrizes orçamentárias, poderão
estabelecer dotações orçamentárias
específicas, em cada exercício
financeiro, para a implementação
das medidas estabelecidas nesta Lei.

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