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Vulcão

Erupção do Vulcão Cleveland, nas Ilhas Aleutas, Alasca, Estados Unidos. Fotografia
tirada a partir Estação Espacial Internacional.

Vulcão da Montanha do Pico, ilha do Pico, Açores. A montanha, com 2.351 m acima do
nível do mar, é o ponto mais alto de Portugal e mais alto da dorsal meso-atlântica.

Vulcão é uma estrutura geológica criada quando o magma, gases e partículas quentes
(como cinzas) escapam para a superfície terrestre. Eles ejectam altas quantidades de
poeira, gases e aerossóis na atmosfera, podendo causar resfriamento climático
temporário. São frequentemente considerados causadores de poluição natural.
Tipicamente, os vulcões apresentam formato cónico e montanhoso.

A erupção de um vulcão pode resultar num grave desastre natural, por vezes de
consequências planetárias. Assim como outros desastres dessa natureza, as erupções são
imprevisíveis e causam danos indiscriminados. Entre outras coisas, tendem a
desvalorizar os imóveis localizados em suas vizinhanças, prejudicar o turismo e
consumir a renda pública e privada em reconstruções. Na Terra, os vulcões tendem
formar-se junto das margens das placas tectónicas. No entanto, existem excepções
quando os vulcões ocorrem em zonas chamadas de hot spots (pontos quentes). Por outro
lado, os arredores de vulcões, formados de lava arrefecida, tendem a ser compostos de
solos bastante férteis para a agricultura.

A palavra "vulcão" deriva do nome do deus do fogo na mitologia romana Vulcano. A


ciência que estuda os vulcões designa-se por vulcanologia.

Tipos de vulcão

Monte Erebus, um exemplo de vulcão-escudo.


Vulcão Mayon, exemplo de um estratovulcão.

Uma das formas de classificação dos vulcões é através do tipo de material que é
eruptido, o que afecta a forma do vulcão. Se o magma eruptido contém uma elevada
percentagem em sílica (superior a 65%) a lava é chamada de félsica ou "ácida" e tem a
tendência de ser muito viscosa (pouco fluida) e por isso solidifica rapidamente. Os
vulcões com este tipo de lava têm tendência a explodir devido ao facto da lava
facilmente obstruir a chaminé vulcânica. O Monte Pelée na Martinica é um exemplo de
um vulcão deste tipo.

Se, por outro lado, o magma é relativamente pobre em sílica (conteúdo inferior a 52%) é
chamado de máfico ou "básico" e causa erupções de lavas muito fluidas capazes de
escorrer por longas distâncias. Um bom exemplo de uma escoada lávica máfica é a do
Grande Þjórsárhraun (Thjórsárhraun) originada por uma fissura eruptiva quase no
centro geográfico da Islândia há cerca de 8000 anos. Esta escoada percorreu cerca de
130 quilómetros até ao mar e cobriu uma área com 800 km².

 Vulcão-escudo: o Havaí e a Islândia são exemplos de locais onde são


encontrados vulcões que expelem enormes quantidades de lava que
gradualmente constroem uma montanha larga com o perfil de um escudo. As
escoadas lávicas destes vulcões são geralmente muito quentes e fluidas, o que
contribui para ocorrerem escoadas longas. O maior vulcão deste tipo na Terra é
o Mauna Loa, no Havaí, com 9000 m de altura (assenta no fundo do mar) e
120 km de diâmetro. O Monte Olimpo em Marte é um vulcão-escudo e também
a maior montanha do sistema solar.

 Cones de escórias: é o tipo mais simples e mais comum de vulcões. Esses


vulcões são relativamente pequenos, com alturas geralmente menores que 300
metros de altura. Formam-se pela erupção de magmas de baixa viscosidade, com
composições basálticas ou intermediárias.

 Estratovulcões: também designados de "compostos", são grandes edifícios


vulcânicos com longa atividade, forma geral cônica, normalmente com uma
pequena cratera no cume e flancos íngremes, construídos pela intercalação de
fluxos de lava e produtos piroclásticos, emitidos por uma ou mais condutas, e
que podem ser pontuados ao longo do tempo por episódios de colapsos parciais
do cone, reconstrução e mudanças da localização das condutas. Alguns dos
exemplos de vulcões deste tipo são o Teide na Espanha, o Monte Fuji no Japão,
o Cotopaxi no Equador, o Vulcão Mayon nas Filipinas e o Monte Rainier nos
EUA. Por outro lado, esses edifícios vulcânicos são os mais mortíferos da Terra,
envolvendo a perda da vida de aproximadamente 264000 pessoas desde o ano de
1500.

 Caldeiras ressurgentes: são as maiores estruturas vulcânicas da Terra,


possuindo diâmetros que variam entre 15 e 100 km². À parte de seu grande
tamanho, caldeiras ressurgentes são amplas depressões topográficas com uma
massa elevada central. Exemplos dessas estruturas são a Valles (EUA),
Yellowstone (EUA) e Cerro Galan (Argentina).

 Vulcões submarinos: são aqueles que estão abaixo da água. São bastante
comuns em certos fundos oceânicos, principalmente na dorsal meso-atlântica.
São responsáveis pela formação de novo fundo oceânico em diversas zonas do
globo. Um exemplo deste tipo de vulcão é o vulcão da Serreta no Arquipélago
dos Açores.

Vulcanologia

Secção transversal através de um Estratovulcão (escala vertical é exagerada):


1. Câmara magmática 9. Camadas de lava emitidas pelo vulcão
2. Rocha 10. Garganta
3. Chaminé 11. Cone parasita
4. Base 12. Fluxo de lava
5. Depósito de lava 13. Ventilação
6. Fissura 14. Cratera
7. Camadas de cinzas emitidas pelo vulcão 15. Nuvem de cinza
8. Cone

Génese dos vulcões

Os movimentos e a dinâmica do magma, tal como a maior parte do interior da Terra,


ainda são pouco conhecidos. No entanto é sabido que uma erupção é precedida de
movimentos de magma do interior da Terra até à camada externa sólida (crosta
terrestre) ocupando uma câmara magmática debaixo de um vulcão. Eventualmente o
magma armazenado na câmara magmática é forçado a subir e é extruído e escorre pela
superfície do planeta como lava, ou o magma pode aquecer água nas zonas próximas
causando descargas explosivas de vapor; pode acontecer também que os gases que se
libertam do magma projectem rochas, piroclastos, obsidianas e/ou cinzas vulcânicas.
Apesar de serem sempre forças muito poderosas, as erupções podem variar de efusivas a
extremamente explosivas.

A maioria dos vulcões terrestres tem origem nos limites destrutivos das placas
tectónicas, onde a crosta oceânica é forçada a mergulhar por baixo da crosta continental,
dado que esta é menos densa do que a oceânica. A fricção e o calor causados pelas
placas em movimento leva ao afundamento da crosta oceânica, e devido à baixa
densidade do magma resultante este sobe. À medida que o magma sobe através de zonas
de fractura na crosta terrestre, pode eventualmente ser expelido em um ou mais vulcões.
Um exemplo deste tipo de vulcão é o Monte Santa Helena nos EUA, que se encontra na
zona interior da margem entre a placa Juan de Fuca que é oceânica e a placa Norte-
americana.

Ambientes tectónicos

Os vulcões encontram-se principalmente em três tipos principais de ambientes


tectónicos:

Limites construtivos das placas tectónicas

Este é o tipo mais comum de vulcões na Terra, mas são também os observados menos
frequentemente dado que a sua actividade ocorre maioritariamente abaixo da superfície
dos oceanos. Ao longo do sistema de riftes oceânicos ocorrem erupções espaçadas
irregularmente. A grande maioria deste tipo de vulcões é apenas conhecida devido aos
sismos associados às suas erupções, ou ocasionalmente, se navios que passam nos locais
onde existem, registam elevadas temperaturas ou precipitados químicos na água do mar.
Em alguns locais a actividade dos riftes oceânicos levou a que os vulcões atingissem a
superfície oceânica: a Ilha de Santa Helena e a Ilha de Tristão da Cunha no Oceano
Atlântico e as Galápagos no Oceano Pacífico, permitindo que estes vulcões sejam
estudados em pormenor. A Islândia também se encontra num rifte, mas possui
características diferentes das de um simples vulcão.

Os magmas expelidos neste tipo de vulcões são chamados de MORB (do inglês Mid-
Ocean Ridge Basalt que significa: "basalto de rifte oceânico") e são geralmente de
natureza basáltica.

Limites destrutivos das placas tectónicas

Diagrama de limite destrutivo causando terremotos e uma erupção vulcânica.


Estes são os tipos de vulcões mais visíveis e bem estudados. Formam-se acima das
zonas de subducção onde as placas oceânicas mergulham debaixo das placas terrestres.
Os seus magmas são tipicamente "calco-alcalinos" devido a serem originários das zonas
pouco profundas das placas oceânicas e em contacto com sedimentos. A composição
destes magmas é muito mais variada do que a dos magmas dos limites construtivos.

Hot spots ou pontos quentes

Os vulcões de hot spots eram originalmente vulcões que não poderiam ser incluídos nas
categorias acima referidas. Nos dias de hoje os hot spots referem-se a uma situação
bastante mais específica - uma pluma isolada de material quente do manto que
intercepta a zona inferior da crosta terrestre (oceânica ou continental), conduzindo à
formação de um centro vulcânico que não se encontra ligado a um limite de placa. O
exemplo clássico é a cadeia havaiana de vulcões e montes submarinos; o Yellowstone é
também tido como outro exemplo, sendo a intercepção neste caso com uma placa
continental.

A Islândia e os Açores são por vezes citados como outros exemplos, mas bastante mais
complexos devido à coincidência do rift médio Atlântico com um hot spot. Não há
consenso acerca do conceito de "hotspot", uma vez que os vulcanólogos não são
consensuais acerca da origem das plumas "quentes do manto": se têm origem no manto
superior ou no manto inferior. Estudos recentes levam a crer que vários subtipos de hot
spots irão ser identificados.

Previsão de erupções

Erupção do vulcão Stromboli, na costa da Sicília, Itália.

A ciência ainda não é capaz de prever com certeza absoluta quando um vulcão irá entrar
em erupção, mas grandes progressos têm sido feitos no cálculo das probabilidades de tal
evento ter lugar ou não num espaço de tempo relativamente curto. Os seguintes factores
são analisados de forma a ser possível prever uma erupção:

Sismicidade

Microssismos e sismos de baixa magnitude ocorrem sempre que um vulcão "acorda" e a


sua entrada em erupção se aproxima no tempo. Alguns vulcões possuem normalmente
actividade sísmica de baixo nível, mas um aumento significativo desta mesma
actividade poderá preceder uma erupção. Outro sinal importante é o tipo de sismos que
ocorrem. A sismicidade vulcânica divide-se em três grandes tipos: tremores de curta
duração, tremores de longa duração e tremores harmónicos.
 Os tremores de curta duração são semelhantes aos sismos tectónicos. São
resultantes da fracturação da rocha aquando de movimentos ascendentes do
magma. Este tipo de sismicidade revela um aumento significativo da dimensão
do corpo magmático próximo da superfície.

 Crê-se que os tremores de longa duração indicam um aumento da pressão de


gás na estrutura do vulcão. Podem ser comparados ao ruído e vibração que por
vezes ocorre na canalização em casas. Estas oscilações são o equivalente às
vibrações acústicas que ocorrem no contexto de uma câmara magmática de um
vulcão.

 Os tremores harmónicos ocorrem devido ao movimento de magma abaixo da


superfície. A libertação contínua de energia deste tipo de sismicidade contrasta
com a libertação contínua de energia que ocorre num sismo associado ao
movimento de falhas tectónicas.

Os padrões de sismicidade são geralmente complexos e de difícil interpretação. No


entanto, um aumento da actividade sísmica num aparelho vulcânico é preocupante,
especialmente se sismos de longa duração se tornam muito frequentes e se tremores
harmónicos ocorrem.

Emissões gasosas

À medida que o magma se aproxima da superfície a sua pressão diminui, e os gases que
fazem parte da sua composição libertam-se gradualmente. Este processo pode ser
comparado ao abrir de uma lata de um refrigerante com gás, quando o dióxido de
carbono se escapa. O dióxido de enxofre é um dos principais componente dos gases
vulcânicos, e o seu aumento precede a chegada de magma próximo da superfície. Por
exemplo, a 13 de Maio de 1991, 500 toneladas de dióxido de enxofre foram libertadas
no Monte Pinatubo nas Filipinas. As emissões de dióxido de enxofre chegaram num
curto espaço de tempo às 5 000 toneladas. O Monte Pinatubo entrou em erupção a 12 de
Junho de 1991.

Deformação do terreno

A deformação do terreno na área do vulcão significa que o magma encontra-se


acumulado próximo da superfície. Os cientistas monitorizam os vulcões activos e
medem frequentemente a deformação do terreno que ocorre no vulcão, tomando
especial cuidado com a deformação acompanhada de emissões de dióxido de enxofre e
tremores harmónicos, sinais que tornam bastante provável um evento eminente.

Comportamento dos vulcões


Indonésia-Lombok: Erupção do Monte Rinjani registrada em 1994.

 Erupções freáticas (vapor).


 Erupções explosivas de lava rica em sílica (p.e. riólito).
 Erupções efusivas de lava pobre em sílica (p.e. basalto)
 Lahars.
 Emissões de dióxido de carbono.

Todas estas actividades podem ser um perigo potencial para o Homem. Para além disso
a actividade vulcânica é muitas vezes acompanhada por sismos, águas termais,
fumarolas e gêisers, entre outros fenómenos. As erupções vulcânicas são
frequentemente precedidas por sismos de magnitude pouco elevada.

Activos, dormentes ou extintos?

Não existe um consenso entre os vulcanologistas para definir o que é um vulcão


"activo". O tempo de vida de um vulcão pode ir de alguns meses até alguns milhões de
anos. Por exemplo, em vários vulcões na Terra ocorreram várias erupções nos últimos
milhares de anos mas actualmente não dão sinais de actividade.

Shiprock, erosão remanescente da garganta de um vulcão extinto.

Alguns cientistas consideram um vulcão activo quando está em erupção ou mostra


sinais de instabilidade, nomeadamente a ocorrência pouco usual de pequenos sismos ou
novas emissões gasosas significativas. Outros consideram um vulcão activo aquele que
teve erupções históricas. É de salientar que o tempo histórico varia de região para
região. Enquanto que no Mediterrâneo este pode ir até 3000 anos atrás, no Pacífico
Noroeste dos Estados Unidos vai apenas até 300 anos atrás.
Vulcões dormentes são considerados aqueles que não se encontram actualmente em
actividade (como foi definido acima) mas que poderão mostrar sinais de perturbação e
entrar de novo em erupção.

Os vulcões extintos são aqueles que os vulcanólogos consideram pouco provável que
entrem em erupção de novo, mas não é fácil afirmar com certeza que um vulcão está
realmente extinto. As caldeiras têm tempo de vida que pode chegar aos milhões de anos,
logo é difícil determinar se um irá voltar ou não a entrar em erupção, pois estas podem
estar dormentes por vários milhares de anos.

Por exemplo a caldeira de Yellowstone, nos Estados Unidos, tem pelo menos 2 milhões
de anos e não entrou em erupção nos últimos 640.000 anos, apesar de ter havido alguma
actividade há cerca de 70.000 anos. Por esta razão os cientistas não consideram a
caldeira de Yellowstone um vulcão extinto. Pelo contrário, esta caldeira é considerada
um vulcão bastante activo devido à actividade sísmica, geotermia e à elevada
velocidade do levantamento do solo na zona.

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