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ENGENHARIA DE MINAS
GEOLOGIA DE MOÇAMBIQUE
Tema:
Discente: Docente:
A evolução geotectónica de uma área continental geralmente é complexa, com
superposição de tipos de metamorfismo diferentes e, inclusive, com superposição de
ciclos geológicos do mesmo tipo de metamorfismo, caracterizando-se
o polimetamorfismo dessas rochas. Assim, uma rocha metamorfizada por
metamorfismo regional em baixo grau pode ter sido, posteriormente, intrudida por um
corpo magmático cujo calor produziu auréolas metamórficas, registando-se dois tipos
diferentes de metamorfismo. O registo destas transformações em paragêneses, texturas e
estruturas, e a elucidação da sequência em que se realizaram, permite estabelecer parte
da história geológica local.
Cada ambiente geológico/geotectônico apresenta associações de rochas que lhe são
típicas ou mais comuns e, em certos casos, características. O metamorfismo dessas
rochas associadas pode, assim, levar a um padrão de rochas metamórficas associadas.
Por exemplo, as rochas de uma crosta oceânica onde predominam basaltos e gabros,
com níveis de radiolaritos e outros sedimentos pelágicos, metamorfizada junto
a ridge com muita pressão de água e depois tomada em ambiente orogénico ou de arco
de ilha apresentará uma associação provável de xistos verdes (básicos) e anfibolitos com
finas camadas de chert. Uma sequência de camadas de bacia de margem continental
passiva apresenta associações relativamente espessas de rochas clásticas maduras
associadas com níveis carbonatados; ao ser envolvida esta(s) bacia em um processo
orogénico, como o de colisão continental, a sequência rochosa será transformada em
quartzitos, xistos aluminosos e mármores ou calcários metamórficos.
Caracteriza-se, desta forma, a importância do estudo regional da geologia de regiões
metamórficas para ser estabelecida a associação rochosa metamorfizada e, com isto, se
ter suporte para determinar o ambiente geológico primordial e os ambientes
transicionais da região.
2.1. Termos-base
Ardósia - grau metamórfico muito baixa; granulação muito fina, pouco brilho,
cristalinidade baixa, clivagem ardosiana, ausente ou muito subordinada a segregação
metamórfica de quartzo ou carbonatos em charneiras ou em bandas. O protólito
geralmente é pelítico e paragênese a base de quartzo, sericita/fengita, clorita, pirofilita,..
Com aumento de metamorfismo regional transforma-se em filito e xisto.
Eclogito - rocha básica, basalto ou gabro, que sofreu metamorfismo da fácies eclogito,
típica de duplicação crustal com pressões maiores do que 10 kbar (>30 km de crosta
sobrejacente) e temperaturas variáveis que podem chegar aos 1.000o C, transformando-
se em uma rocha, geralmente granoblástica, cujos componentes são as fases minerais
estáveis às altas pressões e temperaturas: piroxênio sódico, onfacítico, e granada
magnesisna, piropo.
Itabirito - descrita em Itabira, MG, o itabirito é uma rocha bandada, alternando níveis
milimétrico/centimétricos de hematita (magnetita) com níveis silicáticos, geralmente de
quartzo.
Mármore - calcário recristalizado metamórficamente tendo como constituinte
importante (>50%) um carbonato, geralmente calcítico ou dolomítico. Ocorre em várias
fácies: maciço, bandado, brechóide...
Serpentinito - rocha composta por serpentina predominante, pode ser maciça ou xistosa
caso em que pode ser chamada de serpentina xisto
À semelhança do serpentinito ocorrem várias rochas metamórficas maciças com
tendência monominerálica em que o mineral predominante, metamórfico, dá o nome a
rocha, como:
CLORITITO, ACTINOLITITO, TREMOLITITO, EPIDOSITO.
Xisto - termo geral para qualquer rocha que apresenta xistosidade. Como acontece com
muitas outras rochas metamórficas, a este termo devem ser agregados termos
antecedentes e/ou termos sucedentes que caracterizem, composicionalmente, o
metamorfito. Ex.g. granada biotita xisto grafitoso. O xisto micáceo deriva,
frequentemente, de pelitos (podem derivar de plutonitos e vulcanitos ácidos e
aluminosos também) representando um grau mais elevado de metamorfismo do que a
ardósia e o filito;
Muito brilhante devido ao crescimento de micas metamórficas, muscovita e biotita
principalemente, xistosidade bem desenvolvida, muitas vezes crenulada por
deformações superimpostas, segrega quartzo (ou carbonatos nos xistos calcíticos) em
bandas ou concentrado em charneiras de dobras isoclinais, formando barras ou lentes
centi-decimétricas no meio da massa micácea.
Xisto Verde - termo especial para designar xisto derivado de rocha máfica, em
condições de baixo grau formando minerais verdes como: actinolita, epidoto, clorita..
junto com albita e algum quartzo..
Xisto Azul - termo especial para designar xisto derivado de rocha máfica, em condições
de baixa temperatura e alta pressão, caracterizando crosta oceânica colisionada com
minerais azuis como o anfibólio sódico glaucofano além de lawsonita, epidoto, clorita,..
3. As Variáveis do Metamorfismo
Temperatura;
Pressão de carga ou litostática;
Pressão dirigida;
Pressão de fluidos;
Composição da rocha;
Composição da fase fluida.
A velocidade com que se realiza esta transformação (cinética) depende ainda de
outros factores intrínsecos e extrínsecos, tais como:
Milonito - (to mill= moer) - rocha com grãos triturados mas, diferentemente do
cataclasito, ocorrem componentes minerais como clorita, sericita.. que sofreram
deformação dúctil, ficando estirados e achatados muitas vezes definindo uma foliação
milonítica. A formação de cataclasito ou milonito é comandada pelas propriedades
reológicas da rocha que varia, também, com a menor ou maior pressão de H2O (A rocha
anidra é geralmente mais quebradiça)..
Quando se tem certeza da rocha de origem, pode-se usar o prefixo META para
designar a rocha metamórfica. Exemplos:
Metabasalto;
Metagranito;
Metassedimento;
Metavulcanito;
Meta-arenito;
Metassiltito;
Metachert;
Metapelito.
Observar que o uso do prefixo meta não caracteriza o grau nem a textura e estrutura
metamórficos da rocha. Este critério de designação é muito comum em terrenos
anquimetamórficos ou de baixo grau onde as rochas originais estão mais bem
preservadas.
Alem do prefixo meta, usa-se indicar o nome da rocha original sucedido por termos
que indicam a rocha metamórfica actual. Ex: granito gnaisseficado; gabro
anfibolitizado. Estas designações implicam em reconhecimento seguro do protólito,
muitas vezes devido ao fato de que o metamorfismo não foi pervasivo ou foi parcial na
rocha.
Os prefixos ORTO e PARA antecedem o termo base que identifica a rocha
metamórfica (Ex.g. orto-anfibolito, para-gnaisse..) e o uso deles implica em uma
identificação genética segura da rocha de origem com o seguinte critério:
As rochas metamórficas são designadas, em geral, por um termo base ao qual podem,
e em certos casos devem, ser agregados outros termos antes e/ou após este termo base.
Na bibliografia é rara a indicação de regras para a designação das rochas
metamórficas havendo, inclusive, controvérsias a respeito de certos termos. Isto é
compreensível pois a designação/determinação das rochas metamórficas envolve
conceitos poligenéticos, não só os da rocha original, com química, texturas e estruturas
variavelmente preservados, como os da evolução transformacional propiciada pelos
vários eventos metamórficos.
Essa complexidade evolutiva pode levar mesmo a formação de rochas semelhantes a
partir de protólitos completamente distintos - Ex.g. gnaisse originado de um pelito e
gnaisse derivado de um granito, enquanto que, por outro lado, rochas muito diferentes
podem ser formadas a partir do mesmo protólito, dependendendo dos factores de
metamorfismo envolvidos, notadamente T, P litostática, P stress ou dirigida, P fluidos (e
sua química).. - Ex.g. xisto azul, xisto verde, anfibolito, eclogito.. derivados de basalto.
As rochas metamórficas são classificadas e designadas de acordo com vários
critérios, notadamente os que envolvem a rocha de origem, a composição - química ou
mineral - da rocha, o tipo e grau de metamorfismo e aspectos
texturais/estruturais metamórficos.
Deve se ter em mente que as rochas metamórficas ocorrem sempre com variações
laterais e verticais que podem ser bastante bruscas - seja devido as variações originais
da composição do protólito seja devido a variabilidade de tensões, fluidos, etc..
relacionados aos processos metamórficos impostos e superimpostos as rochas
transformadas.
Cabe destacar que o ato de aportuguesar-se nomes de rochas e de minerais que tem
por radical um nome próprio (pessoa, localidade, país..) é injustificável por criar,
desnecessariamente, novos termos os quais, ainda por cima, não têm nenhum
significado, como, por exemplo: kimberlito para quimberlito, scheelita para xilita,...