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Behringer Truth 2031 por Alexandre Rabaço

Bom de Ouvir
foto: Divulgação
Dizer que a Behringer é um fabricante que consegue conciliar preço e qualidade em seus produtos já virou lugar
comum. Fabricando desde microfones, passando por consoles, compressores, inclusive valvulados, equalizadores,
processadores de efeitos, até chegar ao monitor de referência Truth 2031, objeto de nossa análise, esse fabricante
alemão nos traz sempre produtos interessantes, com características próprias. Vamos, então "ouvir" os Truth 2031.

Monitores de referência são peças-chave em qualquer estúdio. É muito fácil ser "enganado" por um monitor que
não traduz a verdade de uma mixagem. Quantas vezes não vamos ouvir aquela mixagem perfeita em outro
estúdio, no carro ou em casa e... surpresa: aquele baixo super definido se transformou em alguma coisa embolada
nos graves, ou aquele bumbo socando o peito não passa de um som de maceta sem nenhum peso. É por isso que,
quando nos acostumamos com um determinado monitor de referência, não queremos trocá-lo de jeito nenhum.
Depois de um certo tempo de convivência, aquela falta de graves e aquele agudinho espirrado se tornam
características com as quais aprendemos a conviver e sabemos exatamente o que fazer para que nossa mix soe
bem, não só naquele monitor, mas em qualquer outro lugar.
Sabendo disso, pude entender a cara de espanto do produtor quando adentrei ao estúdio dizendo: vamos usar
outros monitores para o nosso próximo trabalho!
É claro que, antes de começar o novo trabalho, passei algumas horas ouvindo CDs conhecidos e alguns trabalhos
já realizados no estúdio. Nessas audições já deu para perceber a principal característica deste monitor: um som
bom de ouvir. Mas o que é um som bom de ouvir? Mais adiante eu explico... Voltando. Nessa fase da avaliação,
pudemos notar também um certo excesso de agudos, o que foi resolvido com o controle de atenuação de agudos
presente na parte traseira do monitor. Optamos por trabalhar com o atenuador na posição -2dB. Mais algumas
horas de audição e chegamos à conclusão de que poderíamos atenuar também um pouco dos graves. E assim
fizemos: atenuador na posição -2dB.
Tudo pronto para o primeiro dia de gravação. O trabalho foi de uma banda de pop/rock, com algumas guitarras
distorcidas, além da cozinha (bateria e baixo) bem presente; em algumas músicas, metais (sax, trompete e
trombone) e teclados.
Gravações de base (bateria e baixo) são sempre uma festa. Toda a banda presente e, seguindo orientações do
produtor, tentaríamos gravar o máximo de instrumentos ao vivo; isso quer dizer: bateria em uma sala,
amplificador de guitarra em outra e, na técnica, contrabaixo, voz guia e o guitarrista. Aí pensei: vamos ter que
usar os monitores principais; muita gente na técnica... Mas antes, parti para a timbragem da bateria. Ainda um
pouco desconfiado, intercalava entre os Behringer e os "monitores de confiança", mas sempre começando pelos
Painel Frontal: apenas o Truth 2031. Sem nenhuma dúvida, sempre preferíamos o som dos Behringer, quando comparados com os
monitores "de confiança", mas uma coisa importante: o som nos monitores "de confiança" era sempre bom, ou
led que indica que a melhor, era aquele que estávamos acostumados a ouvir. Aqui, comecei a notar uma coisa: estava utilizando a
caixa está ligada e o led monitoração em um nível muito mais alto do que eu costumo utilizar. Mas por quê? A explicação que encontramos
do limiter, além dos (eu e o produtor, que a essa hora já nem queria mais saber dos "monitores de confiança") foi que, estando o som
muito mais agradável aos ouvidos, acabávamos tocando mais alto. E aqui vai mais uma característica positiva
falantes ( o tweeter com desses monitores: apesar do nível mais alto, a fadiga auditiva custava muito mais a aparecer do que quando
uma pequena guia de utilizávamos alguns outros monitores. Aqui cabe a explicação: som "bom de ouvir" é isso, não cansa seus ouvidos,
onda à sua frente ) e dos é agradável, mesmo após dez horas de gravação; você fica horas ouvindo e ainda reclama quando acaba...
dutos característicos das
caixas Bas

 
Painel Traseiro: aqui estão os diversos controles para ajustar a caixa ao ambiente ou ajustar a resposta de graves para uso em
conjuntocom um subwoofer. Os conectores de áudio e energia ficam escondidos sob o módulo de amplificação

Gravando!
Com o trabalho de timbragem facilitado pelo monitor, partimos para a gravação. Como havia dito antes, hora de usar os monitores principais, muito
maiores e potentes do que os Behringer, portanto mais apropriados para a quantidade de pessoas presentes na técnica, que já não é pequena. Mas
antes disso, vamos tentar passar uma vez com os monitores menores, já que eles foram a referência para timbragem dos instrumentos. Qual não foi
minha surpresa ao constatar que, além de soar bem, os monitores Behringer ainda falam bem alto! Consegui gravar todas as bases utilizando somente
os monitores Behringer para a platéia presente na técnica. Só uma ressalva: o LED que indica a atuação do limiter, presente na parte frontal do
monitor, acende muito depois de o limiter atuar efetivamente, ou seja, o timbre já mudou muito, devido à atuação do limiter, antes de o LED acender.
Portanto, muito cuidado; não vá esperar o LED acender para abaixar o volume. Na verdade, a atuação do limiter é tão audível que aquele LED quase
perde sua função. Na minha opinião, o LED poderia acender um pouco antes da atuação do limiter, indicando a necessidade de diminuição volume.
Bases gravadas, partimos para os overdubs. Primeiro os violões. Utilizando dois microfones, pudemos notar a transparência dos monitores em sua
região média/alta; o som dos violões era claro, sem "embolar" nos médios-graves. Depois, passamos aos teclados: pianos elétricos, clavinete, órgão
Hammond, Moog. Com todos eles, os monitores se mostraram claros e precisos, revelando sempre as nuances desses instrumentos. A essa altura, já
estávamos considerando os 2031 nossos novos monitores de confiança. Continuamos gravando metais e percussões, para finalmente, passarmos às
vozes: primeiro os coros, depois as vozes principais. Tudo estava indo muito bem, as vozes estavam soando perfeitas, com aquele "ar" que tanto
gostamos, perfeita articulação nas médias e um corpo bem definido, mas quando fomos ouvir nos "antigos" monitores, a voz parecia um pouco velada,
com um pouco menos de "ar". Isso nos preocupou um pouco, mas nada que não pudesse ser resolvido mais tarde; afinal, a diferença não era tão
grande assim. Optamos por seguir gravando utilizando os Behringer como referência, até porque àquela altura, já tínhamos gravado quase todo o
trabalho com eles e a troca de monitores poderia resultar em um desequilíbrio nas fases de mixagem e masterização.
Finalmente, começamos a mixagem. E aqui os monitores Behringer se mostraram ótimos, principalmente por adiarem por bastante tempo o
aparecimento da fadiga auditiva. Realmente, às vezes nos pegávamos mixando seguidamente por horas, sem nenhum sintoma de cansaço auditivo. A
criação de planos virtuais, com reverbs e delays foi relativamente fácil e qualquer alteração mínima em equalizações, níveis ou panorâmicos era
claramente notada. Em algumas músicas, as mixagens foram extremamente rápidas, ajudadas pela facilidade em se chegar no som planejado, devido
à transparência dos monitores. Como somos um pouco desconfiados, checávamos a mixagem em outros monitores já bem conhecidos, para sempre
chegarmos à conclusão de que preferíamos os 2031.
Assim, concluímos nosso trabalho no estúdio, chegando a mais uma conclusão: parece que os 2031 "amaciam" um pouco a aspereza do digital.
Realmente, desde as primeiras audições, os Behringer mostraram um som mais "macio" do que os outros monitores que tínhamos disponíveis.
Prova de Fogo
Mas ainda faltava a prova de fogo, ou seja, a masterização. E como masterização é coisa séria, levamos o trabalho para ser masterizado em um
estúdio especializado, que obviamente possui seus próprios monitores, já conhecidos por seus engenheiros. Agora sim, teríamos as provas definitivas
de que o monitor soava bem... ou não.
Felizmente, o único comentário do engenheiro de masterização foi que ele sentiu uma certa falta de altas, o que foi facilmente resolvido com a já
tradicional "puxada" de agudos, que normalmente ocorre nas masterizações. Isso pode indicar um certo excesso de altas no monitor, o que pode ser
resolvido com o controle de atenuação disponível; como já comentei, utilizamos o controle na posição -2dB, mas poderíamos ter utilizado em -4dB.
Talvez isso resolvesse o problema, que na verdade, nem foi assim tão grave: a quantidade de equalização aplicada na master não passou de 3dB.
Quanto ao equilíbrio da mixagem e os planos escolhidos para cada instrumento, tudo certo, nenhuma ressalva.
Ao final do trabalho, o produtor já estava querendo trocar os monitores ativos de seu home studio pelos 2031. Na verdade, eu também fiquei muito
triste quando tive que devolver os monitores mas, afinal, eu já estava com eles por três longos meses...
Se você está trocando seus monitores, ou comprando os primeiros monitores para seu estúdio, este produto da Behringer deve ser seriamente
considerado; ouça com seus próprios ouvidos e tire sua conclusões; tudo que posso dizer é: eu gostei!

Agradecemos à EQUIPO pelo longo empréstimo dos monitores, a Fábio Fonseca por ter cedido seu estúdio Jardim Magnético para
realização dos testes (e gravações) e Glaucus Lynx, produtor do trabalho, por não ter me demitido quando falei que íamos usar "novos
monitores".

Especificações Técnicas:

Entradas de Áudio:

XLR Servo-Balanceada
TRS Servo-Balanceada
Impedância 20k ohms
Máximo Nível de Entrada +22 dBu

Falantes:

Woofer 22 cm (8 3/4")
Tweeter 25 mm com ferro fluído

Amplificadores:

Graves Max. 150 W
Agudos Max. 75 W
Ruído (SPL) <10 dBA @ 1m (cada amp.)

Crossover:

Tipo Ativo, quarta ordem, Linkwitz-Riley


Freqüência de Crossover 2 kHz

Outras Especificações:

Resposta de freqüência 50 Hz a 21 kHz


SPL máximo (par) 116 dB SPL @ 1m
Consumos 210 W; 27 W em Stand-by
Dimensões (A × L × P) 400 × 250 × 290 (mm)
Peso Líquido Aprox. 15 quilos (cada).

Obs.: especificações do fabricante. 

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