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Algumas Notas sobre a Babosa

Aloé (Babosa), uma planta bastante conhecida, tem uma longa história como um
remédio popular para multipropósitos. Comumente conhecida como Aloe vera, a planta
pode ser separada em dois produtos básicos: gel e látex. O gel da babosa é a polpa da
folha ou mucilagem, uma substância clara e pouco consistente semelhante a uma geléia
obtida do tecido parenquimal que compõem a porção interna das folhas [1]. O gel
contém polímeros de carboidratos, como glicomanas ou ácido péctico, além de vários
outros compostos orgânicos e inorgânicos. O látex da babosa, comumente referido
como "suco da babosa", é uma exsudação amarela e amarga dos túbulos pericíclicos
logo abaixo da epiderme das folhas. Para uso farmacêutico como laxativo, o suco é
frequentemente desidratado para produzir granulos de "aloé" que são marrons escuros
pela exposição ao ar. Os termos "gel" e "suco" não são claramente definidos pelos
fabricantes e frequentemente são confundidos pelos consumidores.

O processo de separação mecânica nem sempre é completo, assim o látex da babosa


pode ser encontrado em alguns gels de babosa. É desejável tornar o gel tão puro quanto
possível, porque o látex da babosa contém os glicosídeos de antraquinona aloína A e B,
que são potentes laxantes [2]. É difícil manter estável os produtos processados, um
problema que pode levar a diferenças na potência do produto. Muitos produtos
anunciam procedimentos especiais de estabilização, mas a melhor fonte do gel da
babosa seria direto de uma folha partida da planta.

O gel da babosa tem sido usado para o tratamento tópico de feridas, queimaduras leves
e irritações da pele. Consumidores americanos estão mais familiarizados com o uso da
babosa em produtos de beleza, mas a babosa também pode ser usada como uma bebida.
Produtos da babosa para uso interno têm sido promovidos para constipação, tosses,
feridas, úlceras, diabetes, câncer, dores de cabeça, artrites, deficiências do sistema
imune e muitas outras condições. Entretanto, o único uso interno substanciado é como
laxante [3-6]. As antraquinonas e antronas no látex da babosa provavelmente produzem
seu efeito laxante por aumentar o peristaltismo colônico e aumentar o conteúdo de água
do intestino por abrir os canais de cloro da membrana colônica levando a uma redução
em rede da absorção de líquidos pelo cólon [4]. Os glicosídeos de antraquinona
alcançam o cólon em sua maior parte indigeridos, ainda que alguma parte seja
metabolizada pela enzimas produzidas pelas bactérias intestinais. O resultado inclui
fezes mais frequentes com consistência mais macia. Na maioria dos estudos sobre os
efeitos laxantes da babosa, a babosa não foi usada sozinha mas em combinação com
outros laxantes, como a celidônia ou psyllium. Os efeitos colaterais da babosa podem
incluir dor abdominal, diarréia, e desequilíbrios eletrolíticos, especialmente em altas
doses.

Poucos estudos têm testado se o uso por via oral da babosa possa influenciar a
cicatrização de feridas. Um estudo demonstrou melhora na cicatrização de feridas em
camundongos, a qual os autores atribuíram ao aumento do fluxo sangüíneo capilar nas
áreas lesadas [7]. Durante os anos 70, dois painéis do FDA concluíram que havia
evidência insuficiente de que o gel da babosa fosse útil para tratar queimaduras leves,
cortes, ou abrasões, ou para tratar irritação vaginal leve. [8].

Um estudo com 5.000 indivíduos encontrou um efeito positivo em diminuir fatores de


risco em pacientes com doença cardíaca. O estudo mostrou que adicionando Isabgol (o
qual aumenta o bolo fecal) e gel de babosa à dieta, houve uma redução acentuada nos
lipídios totais, colesterol total no soro, triglicerídeos séricos, níveis de açúcar no sangue
no jejum e pós-prandial, e um aumento no HDL [9]. Nossa pesquisa no MEDLINE em
janeiro de 1998 não encontrou nenhum outro estudo sobre lipídios do sangue, risco de
doença cardíaca e babosa. Alguma pesquisa mostrou diminuição do açúcar no sangue
no jejum em animais diabéticos que receberam babosa [10-13]. Estudos posteriores são
necessários para explorar estas questões em humanos.

Propaganda com alegações falsas para babosa são comuns, especialmente na internet.
Algumas páginas estão fazendo alegações atrevidas e usando testemunhos promovendo
a babosa para tratar o vírus da AIDS, artrites ou outras condições crônicas e debilitantes
[14,15]. Estas alegações não têm sido substanciadas pelos estudos científicos.

A segurança da babosa é outra questão. Estudos de genotoxicidade mostram que


laxantes contendo babosa trazem um risco de câncer em humanos quando usado como
sugerido [4]. Extrato de babosa pode ser usado oralmente como um suplemento
dietético, mas não tem aprovação do FDA para uso como droga [16]. Atualmente, a
babosa é um laxante estimulante Categoria I vendido sem receita médica nos EUA,
significando que é geralmente reconhecido como seguro e eficaz se usado
apropriadamente para este propósito [17]. O FDA recomenda testes posteriores e dados
de segurança para babosa. Algumas mortes foram relatadas de pacientes com câncer que
foram tratados com babosa por via intravenosa por um médico cuja licença foi
subsequentemente revogada [16,18-20]. A injeção da babosa é ilegal nos Estados
Unidos, mas pessoas desesperadas podem ir para outros países onde há uma menor
regulação para tratamentos não comprovados.

Pontos Chave

• O látex da babosa é um laxante estimulante agressivo que tem a aprovação do


FDA para o uso sem receita médica nos EUA como um ingrediente laxativo.
• Produtos derivados do gel da babosa e que se pretende usar internamente não
foram comprovados como eficazes contra qualquer doença.
• A eficácia dos produtos de beleza à base de babosa é incerta.

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