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FAIXAS EXCLUSIVAS

DE ÔNIBUS URBANOS
eXperiÊnCias de suCesso

2013
1
MENSAGEM DO
2
PRESIDENTE P.4

INTRODUÇÃO P.6

CARACTERÍSTICAS
FUNDAMENTAIS DE FAIXAS
EXCLUSIVAS DE ÔNIBUS
URBANOS P.8

2
4
3 REFERÊNCIAS P.36

FICHA TÉCNICA P.37

CONCLUSÕES P.34

ESTUDOS DE CASOS P.21


3.1. goiÂnia P.22
3.2. rio de Janeiro P.25
3.3. são pauLo P.30

3
Mensagem do
presidente
a priorização do transporte público coletivo por ônibus é talvez a mais conjunto significativo de iniciativas que estão transformando a realidade
importante ação para superar a crise da mobilidade urbana. essa medida de milhões de brasileiros. além dos projetos de implantação de sistemas
tão negligenciada ao longo dos últimos 30 anos pode significar a que- Brt – Bus Rapid Transit, grandes cidades decidiram implantar faixas ex-
bra do ciclo vicioso, que decorre da falta de prioridade e infraestrutura, clusivas para ônibus, como forma de rapidamente avançar na priorização.
alta carga tributária e aumento dos insumos e gratuidades e produz
congestionamentos, poluição, acidentes e desigualdades urbanas. por a associação nacional das empresas de transportes urbanos (ntu)
meio da priorização dos ônibus, existe o potencial de recuperar parte do apoia a extensiva utilização das faixas exclusivas em todas as cidades
espaço viário e devolvê-lo à maior parte da população urbana. além disso, brasileiras com serviços regulares de transporte coletivo por ônibus. para
o aumento da velocidade operacional, da confiabilidade dos serviços e que esse posicionamento seja transformado em realidade, a ntu produ-
a redução dos custos operacionais serão provavelmente percebidos a ziu esta publicação visando contribuir para ampla divulgação dos concei-
curtíssimo prazo. tos, características e resultados alcançados e que podem ser a base para
outras iniciativas por todo o Brasil. esperamos que todos os atores en-
nesse sentido, é preciso replicar as experiências exitosas para que pos- volvidos na questão da mobilidade urbana possam absorver os inúmeros
samos superar a crise e assim construir ciclos virtuosos que permitam a benefícios demonstrados com exemplos práticos coletados em goiânia
melhoria da qualidade de vida. interessantemente, o Brasil já possui um (go), no rio de Janeiro (rJ) e em são paulo (sp).

OTÁVIO VIEIRA DA CUNHA FILHO


presidente eXeCutiVo

5
1
Introdução
ao longo dos anos, as faixas exclusivas têm demonstrado o potencial de 669 km de priorização para o transporte público por ônibus. segundo
para melhorar a qualidade e a eficiência do transporte coletivo urbano por estudos de Vasconcellos et al (2011), apenas 0,11% do sistema viário recebe
ônibus. são inúmeros os relatos de experiências exitosas, que contribuí- qualquer tipo de tratamento, que permite a priorização do transporte público
ram para o aumento da velocidade operacional, a redução dos custos e a por ônibus. ademais, a literatura técnico-científica apresenta poucos relatos
melhoria da qualidade dos serviços ofertados às populações urbanas. no sobre as características fundamentais e sobre os resultados alcançados.
Brasil, observaram-se várias iniciativas voltadas à implantação de faixas
exclusivas nas décadas de 70 e 80. essas iniciativas estavam principal- diante da necessidade de disseminar o conhecimento sobre o assunto,
mente associadas aos esforços de troncalização, que incluíam a criação este documento apresenta uma breve seleção de recentes e bem-suce-
de faixas exclusivas para ônibus nos principais corredores e linhas ali- didas experiências nas grandes cidades brasileiras (goiânia-go, rio de
mentadoras dos sistemas de transporte público Janeiro-rJ e são paulo-sp). o objetivo é catalogar os principais elemen-
tos associados à implantação física e operacional das faixas exclusivas
apesar do reconhecimento alcançado em algumas cidades brasileiras, a de ônibus, para que eles sejam melhor compreendidos e possivelmente
adoção das faixas exclusivas ainda é relativamente limitada. as intervenções adotados em outras cidades brasileiras.
físicas e operacionais adotadas foram significativamente reduzidas ao longo
das duas décadas seguintes, em função da inexistência de mecanismos este documento está dividido em 4 seções. após esta introdução, as
de controle e de penalização do uso indevido por automóveis particulares. seções seguintes tratam da definição das principais características das
segundo eMBarQ (2013), existem 31 cidades brasileiras que operam cerca faixas exclusivas, dos estudos de casos e das conclusões.

7
2
CARACTERÍSTICAS
FUNDAMENTAIS DE
FAIXAS EXCLUSIVAS DE
ÔNIBUS URBANOS
segundo Vuchic (2005), as principais intervenções físicas adotadas na qualificação e priorização do transporte público são: separação absoluta
do fluxo de tráfego (sem veículos motorizados, exceto transporte público); separação física do fluxo de tráfego (corredores tipo Brt - Bus Rapid
Transit); e separação parcial do fluxo de tráfego (ônibus e outros veículos). nessa última categoria, a faixa exclusiva pode ser considerada como
um dos tipos mais comuns de intervenção utilizada em todo o mundo.

as subseções seguintes descrevem a definição, os principais elementos e as configurações possíveis para a implantação das faixas exclusivas.

2.1. DEFINIÇÃO

Faixas exclusivas foram adotadas para es- da interferência causada por outros veículos
tabelecer algum tipo de prioridade para o na operação dos serviços oferecidos pelo
transporte público por meio de projetos de transporte público por ônibus. a Figura 2.1
intervenção de baixo custo financeiro. elas apresenta um exemplo de faixa exclusiva na
contribuem para a eliminação e/ou a redução cidade do rio de Janeiro (rJ).

OBJETIVOS DAS VANTAGENS DAS


FAIXAS EXCLUSIVAS FAIXAS EXCLUSIVAS

garantir prioridade no sistema viário ao transporte coletivo; implantação em curto prazo (entre 1 e 6 meses);
aumentar a velocidade operacional dos ônibus; atendimento imediato às expectativas da população
diminuir o tempo do passageiro dentro do veículo; usuária do transporte público por ônibus;
impactar positivamente nos deslocamentos individuais; não há necessidade de desapropriações;
permitir maior fluidez na circulação viária para os ônibus; Baixo custo de implantação (de 100 mil
disponibilizar informação aos usuários, monitoramento e reeducação; a 500 mil reais por quilômetro);
racionalizar a operação com a otimização da frota; utilização dos ônibus já em operação na cidade;
aumentar a produtividade do transporte público sobre pneus; Fácil associação do projeto com a área urbana do entorno;
reduzir os custos do transporte público e, consequentemente, redução do consumo de combustíveis (até 30%)
contribuir para a modicidade tarifária; e da emissão de poluentes (até 40%);
Facilitar a integração com os outros modos de transporte; e redução de até 40% no tempo de viagem;
Compartilhar os espaços da cidade de forma justa e racional. revitalização da área de intervenção; e
impacto positivo na mobilidade da cidade.

9
2.2. ELEMENTOS PRINCIPAIS
DE UMA FAIXA EXCLUSIVA
DE ÔNIBUS URBANO

a faixa exclusiva é a combinação de vários


elementos simples, que contribuem para a
eficiente priorização do transporte público
urbano por ônibus. dependendo do nível de
sofisticação e das necessidades identifica-
das, esses elementos podem ser implantados
simultaneamente. todavia, verifica-se que
na prática nem sempre isso acontece, pois as
especificidades de cada faixa exclusiva são
significativamente heterogêneas. Conforme
apresentado nas Figuras 2.2 a 2.4, os principais
elementos das faixas exclusivas são:
FIGURA 2.1 FaiXa eXCLusiVa no Brs presidente Vargas (rio de Janeiro - rJ)

Faixa contínua de sinalização horizontal: delimita o espaço viário dedi- Placa de sinalização vertical: indica a proibição do uso da faixa do
cado à circulação do ônibus indicando a prioridade do transporte público; transporte público para outros veículos não autorizados;

Faixa não contínua de sinalização horizontal: sinaliza no espaço viário Radar eletrônico (pardal): equipamento eletrônico de fiscalização e
a área que os veículos particulares podem utilizar para realizar conver- autuação através da detecção da presença e utilização do espaço da
sões à direita; faixa exclusiva por outros veículos que não sejam os ônibus; e

Ondulação transversal (tachão): é um elemento físico de dimensões Recuo (baia) da parada de ônibus: pequena modificação da via e do
reduzidas que serve como separador do espaço para o ônibus do trá- mobiliário urbano para que as operações de embarque e desembarque
fego misto e também como inibidor da invasão do espaço do trans- de passageiros dos ônibus possam ocorrer sem interferir no fluxo de
porte público; veículos que utilizam a faixa exclusiva.

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RECUO DA
PARADA DE
ÔNIBUS

FIGURA 2.2 SINALIZAÇÃO


PRINCIPAIS ELEMENTOS VERTICAL
DA FAIXA EXCLUSIVA

FAIXA CONTÍNUA
DE SINALIZAÇÃO
HORIZONTAL

FIGURA 2.3
PRINCIPAIS ELEMENTOS
DA FAIXA EXCLUSIVA

TACHÃO

11
FAIXA NÃO
CONTÍNUA DE
SINALIZAÇÃO
HORIZONTAL

RADAR
ELETRÔNICO

FIGURA 2.4 PRINCIPAIS ELEMENTOS DA FAIXA EXCLUSIVA

12
2.3. CONFIGURAÇÕES
PARA IMPLANTAÇÃO DAS
FAIXAS EXCLUSIVAS
para elaboração de projetos de implantação reconhecendo a possível variabilidade, as op- ário das cidades brasileiras. nesse sentido, as
de faixas exclusivas de ônibus existem várias ções foram agrupadas em 5 alternativas. elas propostas a seguir não limitam as possibilida-
possibilidades de intervenção. as variações estão organizadas considerando a classifica- des de configuração da circulação de veículos,
dependem do tipo e das características do ção das vias existente no Código de trânsito mas sim subsidiam os técnicos de transporte
sistema viário, da disposição local em alocar Brasileiro (CtB) (Brasil, 1997). representam no processo de elaboração de projetos de
ou não espaço prioritário para os ônibus e da exemplos adaptáveis às diferentes situações acordo com a situação específica verificada
configuração do espaço urbano como um todo. possíveis de serem encontradas no sistema vi- em cada cidade.

CONFIGURAÇÃO 1 VIAS COM DUAS FAIXAS DE TRÁFEGO


a situação desse exemplo mostra vias locais essa composição, considerando também as Figura 2.6. essa faixa exclusiva para a circula-
com duas faixas de tráfego no mesmo sentido. calçadas para a circulação dos pedestres e dis- ção dos ônibus não permite a ultrapassagem.
elas são utilizadas na maioria dos itinerários ponibilização do mobiliário urbano necessário. nessa situação, recomenda-se que os pontos
de linhas alimentadoras, que captam os pas- de embarque e desembarque sejam projetados
sageiros do transporte público por ônibus nos Com a implantação da priorização, a faixa de com uma baia, que usa o recuo da calçada para
bairros. normalmente, o tráfego nessas vias tráfego do lado direito da via é destinada ex- acomodação e estacionamento dos ônibus,
é misto, ou seja, não existe priorização para a clusivamente para a circulação dos ônibus do além da operação de embarque e desembarque
circulação dos ônibus. a Figura 2.5 apresenta transporte público, conforme apresentado na dos passageiros nos pontos de parada.

4.5 3.0 3.0 3.5 4.5 3.5 3.0 3.0

6.0 6.5

0 1 2 4 0 1 2 4
FIGURA 2.5 ConFiguração 1: seM FaiXa eXCLusiVa FIGURA 2.6 ConFiguração 1: CoM FaiXa eXCLusiVa

13
CONFIGURAÇÃO 2 VIAS COM TRÊS FAIXAS DE TRÁFEGO

Aplica-se aos casos onde as vias possuem três


VIA DE TRÂNSITO RÁPIDO aquela caracterizada por acessos especiais com trânsito livre, sem interse-
faixas de tráfego no mesmo sentido. Essa con- ções em nível, sem acessibilidade direta aos lotes lindeiros e sem travessia de pedestres em nível.
figuração é indicada para vias coletoras (Brasil,
1997), que captam o tráfego misto das vias VIA ARTERIAL aquela caracterizada por interseções em nível, geralmente controlada por semáforo,
com acessibilidade aos lotes lindeiros e às vias secundárias e locais, possibilitando o trânsito entre as
locais e direcionam para vias de maior capaci-
regiões da cidade.
dade viária (arteriais e/ou de trânsito rápido).
A Figura 2.7 apresenta a situação original, com VIA COLETORA aquela destinada a coletar e distribuir o trânsito que tenha necessidade de entrar ou
tráfego misto, ou seja, sem priorização para a sair das vias de trânsito rápido ou arteriais, possibilitando o trânsito dentro das regiões da cidade.

circulação dos ônibus do transporte público. VIA LOCAL aquela caracterizada por interseções em nível não semaforizadas, destinada apenas ao
acesso local ou a áreas restritas.

4.5 3.0 3.0 3.0 3.5

9.0

FIGURA 2.7 CONFIGURAÇÃO 2: SEM FAIXA EXCLUSIVA 0 1 2 4


s

Com a priorização, a faixa de tráfego do lado direito da via recebe o


tratamento para a circulação dos ônibus do transporte público em toda
a extensão da via, conforme Figura 2.8. A faixa da direita não permite
a ultrapassagem entre eles. Dessa forma, os pontos de embarque e
desembarque devem ser projetados com uma baia proporcionada pelo
recuo da calçada para acomodação e estacionamento dos ônibus, 4.5 3.5 3.0 3.0 3.0
além da operação de embarque e desembarque dos passageiros nos 9.0
pontos de parada.
0 1 2 4

FIGURA 2.8 CONFIGURAÇÃO 2: COM FAIXA EXCLUSIVA

14
CONFIGURAÇÃO 3 VIAS COM MAIOR FLUXO DE VEÍCULOS

É direcionada para situações em que a via pos- esta alternativa contempla uma via em sentido
sui um fluxo de veículos mais elevado, como por único com quatro faixas de tráfego misto. a Fi-
exemplo vias arteriais onde busca-se permitir gura 2.9 apresenta os elementos fundamentais
maior velocidade aos deslocamentos na via. desta configuração.

FIGURA 2.9
ConFiguração 3: seM
FaiXa eXCLusiVa

4.5 3.0 3.0 3.0 3.0 3.5

12.0
0 1 2 4

o transporte coletivo será priorizado quando se destinar duas faixas exclusivamente para a circu- a disponibilização de duas faixas exclusivas para
lação dos ônibus do lado direito em toda a extensão da via. pressupõe-se, assim, que a alternativa os ônibus proporciona um importante ganho
é indicada para vias da cidade nas quais a quantidade de linhas e, consequentemente, de frota de operacional: a possibilidade de ultrapassagem
ônibus é expressiva e, ocasionalmente, existe a formação de comboios. a Figura 2.10 apresenta os durante o embarque e desembarque de passa-
elementos fundamentais desta configuração. geiros. nesse sentido, pode-se optar por pontos
de embarque e desembarque sem recuo para
formação de uma baia de acomodação e esta-
cionamento dos ônibus, o que significa menos-
gastos para o projeto.

4.0 3.5 3.5 3.0 3.0 3.0 FIGURA 2.10

13.0 ConFiguração 3: CoM


FaiXa eXCLusiVa

0 1 2 4

15
CONFIGURAÇÃO 4 VIAS DE TRÂNSITO RÁPIDO
É específica para situações verificadas em vias de trânsito rápido (ex- tráfego para cada sentido. É observado na situação atual que o tráfego
pressas), com predomínio do fluxo de passagem e controle do acesso é misto em todas as 8 faixas em ambos os sentidos, conforme apontado
dos demais fluxos que entram e saem por meio das interseções. essa na Figura 2.11. os ônibus do transporte público e os veículos particulares
configuração contempla uma via com sentido duplo e quatro faixas de compartilham espaço viário.

4.0 3.0 3.0 3.0 3.0 6.0 3.0 3.0 3.0 3.0 3.0
FIGURA 2.11
12.0 12.0
ConFiguração 4: seM 30.0
FaiXa eXCLusiVa
0 1 2 4

a configuração proposta para esta situação des- barque e desembarque sejam projetados com durante a operação de embarque e desembar-
tina uma faixa do lado direito em toda a extensão uma baia proporcionada pelo recuo da calçada que dos passageiros nos pontos de parada. a
da via para cada sentido para a circulação dos para acomodação e estacionamento dos ônibus. Figura 2.12 apresenta os elementos que devem
ônibus, sendo necessário que os pontos de em- isso se deve à necessidade de ultrapassagem ser considerados para esta configuração.

FIGURA 2.12 4.0 3.5 3.0 3.0 3.0 5.0 3.0 3.0 3.0 3.5 3.0
12.5 12.5
ConFiguração 4: CoM 30.0
FaiXa eXCLusiVa
0 1 2 4

16
CONFIGURAÇÃO 5 VIAS DE TRÂNSITO RÁPIDO COM ALTO FLUXO DE VEÍCULOS

É específica para situações verificadas em vias de trânsito rápido (expres- bilização do mobiliário urbano necessário. na situação atual o tráfego é
sas), com características similares àquelas apresentadas na configura- misto em todas as 8 faixas em ambos os sentidos, ou seja, os ônibus e os
ção 4. a via com sentido duplo possui 4 faixas de tráfego para cada sentido veículos particulares compartilham espaço viário. a Figura 2.13 apresenta
e espaço para calçadas, destinadas à circulação de pedestres e disponi- os elementos existentes nesta configuração.

4.0 3.0 3.0 3.0 3.0 6.0 3.0 3.0 3.0 3.0 3.0
12.0 12.0 FIGURA 2.13
30.0 ConFiguração 5: seM
FaiXa eXCLusiVa
0 1 2 4

4.0 3.5 3.5 3.0 3.0 3.0 3.0 3.5 3.5 3.0
13.0 13.0 FIGURA 2.14
30.0 ConFiguração 5: CoM
FaiXa eXCLusiVa
0 1 2 4

esta configuração implica na circulação dos barque e desembarque de passageiros. assim,


ônibus em duas faixas do lado direito em toda pode-se optar por pontos de embarque e desem-
a extensão da via para cada sentido, conforme barque sem recuo para formação de uma baia
apresentado na Figura 2.14. dessa forma, existe de acomodação e estacionamento dos ônibus, o
a possibilidade de ultrapassagem durante o em- que significa menos gastos para o projeto.

17
ÁREA DE ACESSO
ÀS EDIFICAÇÕES

2.4. DEMAIS ELEMENTOS


RELEVANTES

FAIXA LIVRE PARA Os projetos de faixas exclusivas para o trans-


CIRCULAÇÃO porte público por ônibus devem ser melho-
DE PEDESTRES rados por meio da consideração de outros
(MÍNIMO 1,20 M) elementos importantes. Entre esses elementos
destacam-se:

Calçadas: são consideradas parte integrante


da via e, dessa forma, é coerente que esse
FAIXA DE elemento receba tratamento específico
SERVIÇO PARA quando da implantação de projetos de mo-
IMPLANTAÇÃO bilidade urbana. A Figura 2.15 apresenta uma
DO MOBILIÁRIO configuração de calçada com a devida sepa-
URBANO ração dos usos.
FIGURA 2.15 CALÇADA: SEPARAÇÃO DOS USOS

Pontos de embarque e desembarque - infraestrutura diferencia- • Lista das linhas que atendem aos pontos;
da com disponibilização de informações: devem ter mais conforto • Itinerário das linhas;
durante o tempo de espera. Os projetos arquitetônicos dos novos • Quadro de horário das viagens;
abrigos oferecem proteção contra sol, chuva e demais intempéries. • Mapas das linhas que atendem ao ponto e região; e
A disponibilização de informações para os usuários é outro requisito • Mapa dos arredores com a indicação dos
que tem sido ofertado e muito bem recebido e avaliado pelos usuá- principais equipamentos urbanos.
rios das faixas exclusivas já existentes. A elaboração de um plano de
comunicação para o projeto como um todo, que contemple os pontos
de embarque e desembarque, é essencial para a elevação do nível de A Figura 2.16 apresenta os principais elementos relacionados à qualifica-
serviço ofertado aos passageiros. As seguintes informações devem ção dos pontos de embarque e desembarque.
ter sua disponibilização priorizada:

18
PAINEL DE
INFORMAÇÕES

ABRIGO
FIGURA 2.16 PRINCIPAIS ELEMENTOS DE UM PONTO DE EMBARQUE E DESEMBARQUE

Ciclovia: é o espaço destinado à circulação


de bicicletas, separadamente da pista de
rolamento dos demais modos de transporte.
Recomenda-se que seja mais elevada do que
a pista de veículos motorizados, e pode ser
implantada tanto no canteiro central quanto
nas calçadas laterais. Também se considera
ciclovia a faixa dedicada à circulação de
bicicletas situada na própria pista de
rolamento do tráfego motorizado. Contudo,
nesse caso, deve haver uma segregação
absoluta proporcionada por elementos de
concreto entre o tráfego motorizado e o
tráfego de ciclistas. A Figura 2.17 apresenta
um corte esquemático que representa a con-
figuração ideal para uma situação em que a
ciclovia encontra-se localizada do lado direito FIGURA 2.17 CICLOVIA: CORTE ESQUEMÁTICO (IEMA, 2010)
da via junto à calçada. Por outro lado, a Figura
2.18 representa a situação na qual a ciclovia é
implantada no canteiro central da via.

19
4.5 3.5 3.0 1.5 1.2 1.5 3.5 3.0 3.0

6.5 4.2

0 1 2 4
FIGURA 2.18 CiCLoVia: Corte esQueMÁtiCo

Câmeras de monitoramento: associadas à sinalização de regulamen-


tação implantada ao longo de todo o corredor, são indispensáveis para
o pleno funcionamento de uma faixa exclusiva. também conhecidas
como Câmeras com reconhecimento Ótico de caracteres (oCr), esses
equipamentos têm a função de identificar os veículos particulares que
fazem uso de faixas exclusivas de forma indevida. independente dos
critérios definidos para utilização do corredor de ônibus, basicamente,
as câmeras são programadas para identificarem pela filmagem aque-
les veículos particulares que trafegam na faixa preferencial. a Figura
2.19 mostra um conjunto de câmeras operando no Corredor universi-
tário de goiânia (go).

FIGURA 2.19 CÂMera FiXa de MonitoraMento


no Corredor uniVersitÁrio (goiÂnia-go)
(Crédito da imagem: Consórcio RMTC)

20
3
Estudos
de casos
esta seção foca no relato das experiências exitosas recentes nas principais cidades brasileiras. as próximas subseções descrevem o contexto e as ca-
racterísticas de implantação, bem como os principais resultados alcançados em goiânia (go), rio de Janeiro (rJ) e são paulo (sp).

3.1. GOIÂNIA (GO)


reconhecida nacionalmente pelo planejamento e instalação de câmeras de fiscalização. a par- 12,3 km/h. Com o corredor funcionando com
do sistema de transporte público, a cidade de ticipação dos operadores no processo se resu- plena capacidade, espera-se uma melhora que
goiânia (go) também se encontra na vanguarda miu à elaboração dos projetos, viabilizado por gira em torno de 64% para o tráfego em geral e
da inserção de tecnologia para o monitoramen- meio de uma deliberação do órgão gestor que no mínimo 30% para o transporte coletivo. no
to e prestação de informação aos usuários do convertia o valor da outorga em projetos para a primeiro ano de operação, além dos ganhos em
transporte coletivo por ônibus. atualmente, toda implantação do corredor. antes da implantação velocidade dos ônibus, a reformulação da sina-
a região metropolitana de goiânia, que possui do corredor, os veículos de transporte individual lização e a ampliação da fiscalização do trân-
EM GOIÂNIA 20 municípios, é atendida por um sistema único alcançavam a média de 8,6 km/h enquanto os sito, com equipamentos eletrônicos e agentes,
ESPERA-SE de transporte público. a gestão metropolitana veículos de transporte coletivo seguiam com têm contribuído para a redução dos acidentes.
UMA MELHORA permite oferecer o mesmo nível de serviço aos
NO TEMPO DE usuários de todos os municípios. em continuida-
VIAGEM DE 64% de aos investimentos, a rede Metropolitana de
PARA O TRÁFEGO transportes Coletivos (rMtC) iniciou a retomada
EM GERAL E do espaço viário das principais vias para o trans-
NO MÍNIMO porte coletivo por meio da prioridade da circula-
30% PARA O ção dos ônibus em faixas exclusivas.
TRANSPORTE
COLETIVO. a prioridade do transporte público por ônibus
em goiânia está sendo promovida por meio da FIGURA 3.1 Corredor
elaboração de projetos para implantação de uniVersitÁrio: FaiXa
um total de 14 corredores de ônibus. serão 102 eXCLusiVa para o ÔniBus
quilômetros de vias exclusivas para circulação
dos ônibus. Contudo, outros cinco corredores
(t-7, t-9, avenida 85, avenida 24 de outubro e
avenida independência) já estão com o projeto
básico de tráfego concluído.

apenas uma faixa exclusiva, o Corredor univer-


sitário, está atualmente em operação. o pro-
cesso de implantação levou 10 meses e envol-
(Crédito da imagem: Blog Rede Integrada de Transporte Coletivo)
veu a pintura da faixa, adequação de calçadas

22
INFRAESTRUTURA

as alterações realizadas nas estruturas viárias da avenida universitária aos pontos de embarque e desembarque teve o asfalto substituído por
compreendem duas pistas, separadas por ilha com ciclovia e quiosques pavimento de concreto. alguns semáforos tiveram fases eliminadas e to-
comerciais. Cada uma das pistas tem duas faixas destinadas ao tráfego dos receberam uma reprogramação, para culminar na otimização sema-
geral e uma preferencial para veículos do transporte coletivo. todas as fórica. retornos e canteiros foram fechados para que uma maior fluidez
faixas receberam nova pavimentação e sinalização. a Figura 3.2 apresen- dos veículos seja alcançada.
ta um trecho com as intervenções na infraestrutura.
a faixa exclusiva para transporte coletivo contempla um sistema de fiscali-
para facilitar o acesso de pessoas com deficiência ou mobilidade redu- zação por meio da captação de imagens e processamento de informações,
zida, as novas calçadas receberam guias rebaixadas. Foram construídos que permitirão o monitoramento de veículos que trafegam pelo corredor.
novos pontos de embarque e desembarque, com tabela de frequência, Veículos de transporte individual podem utilizar a faixa destinada para ve-
itinerários das linhas, mapa do corredor e identificação. a faixa próxima ículos do transporte coletivo apenas para realizarem conversões à direita.
OS NOVOS
PONTOS DE
EMBARQUE E
DESEMBARQUE
POSSUEM
TABELA DE
FREQUÊNCIA,
ITINERÁRIOS DAS
LINHAS, MAPA
DO CORREDOR E
IDENTIFICAÇÃO.
FIGURA 3.2 Corredor
uniVersitÁrio: FaiXa
eXCLusiVa para o ÔniBus

(Crédito da imagem: Portal da Prefeitura de Goiânia)

23
INFORMAÇÃO AOS USUÁRIOS
PRINCIPAIS
o projeto de comunicação utilizado no sistema de informações aos usuários em goiânia foi elabo- CARACTERÍSTICAS
rado de acordo com as seguintes premissas: E RESULTADOS
CORREDOR UNIVERSITÁRIO
disponibilizar informações relevantes: trajetos de linhas, horários de viagens e localização;
TRECHO: liga a praça Cívica,
avenida universitária (antiga rua
ter clareza e legibilidade; e 10), rua 261 e a praça da Bíblia, na
região Centro-universitário;
fornecer orientação de como utilizar o celular para ver o horário, em tempo real, de chegada do
INAUGURAÇÃO: 27/06/2013;
ônibus no ponto de parada.
EXTENSÃO: 2,5 km;
PESQUISA a Figura 3.3 apresenta um abrigo de ônibus com o conjunto de informações ao usuário. nela, pode-
QUANTIDADE DE LINHAS: 12 linhas
REALIZADA se identificar que todas as premissas básicas foram incorporadas na implantação do sistema.
que procedem das regiões do
PELO INSTITUTO Centro e expandem para as regiões
VERUS, EM noroeste, Leste, sul e sudeste;
JUNHO DE 2013,
DEMANDA DIÁRIA: 50 mil passageiros;
APONTA QUE
84,7% DOS QUANTIDADE DE ÔNIBUS:
USUÁRIOS DO 59 ônibus por hora;
TRANSPORTE
BENEFÍCIOS OPERACIONAIS COM A
COLETIVO IMPLANTAÇÃO: aumento de 30% na
APOIAM OS velocidade do transporte público por ônibus;
CORREDORES
PERCEPÇÃO DA SOCIEDADE: pesquisa
DE ÔNIBUS.
realizada pelo instituto Verus, em junho de
2013, aponta que 84,7% dos usuários do
transporte coletivo apoiam os corredores de
ônibus. a pesquisa entrevistou 900 pessoas
e foi feita a pedido do Fórum de Mobilidade
urbana da região Metropolitana de goiânia.

FIGURA 3.3 Corredor uniVersitÁrio: inForMações para os usuÁrios


(Crédito da imagem: Consórcio RMTC)

24
3.2. RIO DE JANEIRO (RJ)
PRINCIPAIS
no rio de Janeiro (rJ) a prioridade para a cir- segundo Fetranspor (2013), existem atu- CARACTERÍSTICAS
culação do transporte coletivo foi conquistada almente sete sistemas Brs operando na E RESULTADOS
com faixas exclusivas para o deslocamento cidade do rio de Janeiro. são compostos de BRS COPACABANA
dos ônibus no sistema viário. o Brs (Bus Ra- faixas exclusivas para o transporte coletivo nos
INAUGURAÇÃO: 19 de fevereiro de
pid Service), ou serviço de Ônibus rápido, foi principais corredores de tráfego da cidade. a
2011 na avenida nossa senhora de
implantado com o objetivo de racionalizar o implantação do primeiro sistema ocorreu em Copacabana e 9 de abril de 2011 nas
sistema de transporte público e, consequen- fevereiro de 2011. Foram contempladas três ruas Barata ribeiro e raul pompeia;
temente, aumentar a velocidade das viagens vias no bairro de Copacabana. posteriormente,
EXTENSÃO: 4 km na avenida nossa
do transporte coletivo e reduzir o tempo de outras quatro vias nos bairros de ipanema e
senhora de Copacabana e 3,5 km nas
viagem para os usuários. Leblon foram inseridas no sistema e, em outra ruas Barata ribeiro e raul pompeia;
etapa, mais duas vias também no bairro de Co-
essa implantação recebeu aval legal por meio pacabana. essas últimas começaram a operar QUANTIDADE DE LINHAS: 91;

de legislação específica publicada no diário ofi- como sistema Brs em outubro de 2011. Já DEMANDA DIÁRIA: 236 mil passageiros; O BRS DE
cial do Município. de acordo com a legislação, em dezembro de 2011, teve início a operação COPACABANA
a circulação de veículos não relacionados ao das faixas exclusivas no Centro da cidade, que DEMANDA PICO: 28 mil passageiros; CONTRIBUIU
transporte coletivo nos corredores exclusivos é foram complementadas por outra fase em BENEFÍCIOS OPERACIONAIS COM A PARA UMA
permitida nos horários preestabelecidos. após março de 2012. em 2013, foram inaugurados IMPLANTAÇÃO: redução de 50% na REDUÇÃO DE
o período de informação e conscientização da os Brs estácio e tijuca. as principais caracte- duração média das viagens e redução 50% NO TEMPO
população e dos demais condutores sobre as rísticas dos Brs Copacabana, ipanema/Leblon, de 20% da frota operacional. DE VIAGEM E DE
novas regras de circulação, a fiscalização da antônio Carlos/primeiro de Março, rio Branco e 20% DA FROTA
prioridade de tráfego dos ônibus nos sistemas presidente Vargas são apresentadas a seguir. OPERACIONAL.
Brs passou a ser realizada pelos agentes de
trânsito e, principalmente, pelas câmeras de
monitoramento. a mudança de faixa somente
é permitida aos veículos particulares que dese-
jarem realizar conversão na próxima via. Con-
tudo, a troca de faixa deve ser realizada bem
antes dos sinais de advertência e semafóricos. FIGURA 3.4 Brs
também foram colocadas novas placas de CopaCaBana
sinalização de orientação aos condutores para (Crédito da imagem: FETRANSPOR)

informar quais são as possibilidades de conver-


sões existentes. os veículos particulares que
forem fotografados duas vezes na faixa seletiva
serão multados.

25
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E
RESULTADOS BRS IPANEMA LEBLON
INAUGURAÇÃO: 20 de agosto de 2011 na avenida ataulfo de paiva
e na rua Visconde de pirajá e 8 de outubro de 2011 na avenida
general san Martín-Leblon e na rua prudente de Moraes;

EXTENSÃO: 3,5 km na avenida ataulfo de paiva e na


rua Visconde de pirajá e 3,5 km na avenida general san
Martín-Leblon e na rua prudente de Moraes;

QUANTIDADE DE LINHAS: 64;

DEMANDA DIÁRIA: 190 mil passageiros;

DEMANDA PICO: 23 mil passageiros;


FIGURA 3.5 Brs ipaneMa LeBLon
BENEFÍCIOS OPERACIONAIS COM A IMPLANTAÇÃO: redução de 10% na
BRS IPANEMA (Crédito da imagem: FETRANSPOR )
duração média das viagens e redução de 10% da frota operacional.
LEBLON ATENDE
64 LINHAS E
TRANSPORTA
190 MIL
PASSAGEIROS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E
POR DIA. RESULTADOS BRS RIO BRANCO
INAUGURAÇÃO: 29 de dezembro de 2011;

EXTENSÃO: 1,3 km;

QUANTIDADE DE LINHAS: 93;

DEMANDA DIÁRIA: 308 mil passageiros;

DEMANDA PICO: 37 mil passageiros;

BENEFÍCIOS OPERACIONAIS COM A IMPLANTAÇÃO: redução de


43% e 17% na duração média das viagens nos picos manhã e tarde,
respectivamente. redução de 10% da frota operacional necessária.

FIGURA 3.6 Brs antÔnio CarLos e priMeiro de Março


(Crédito da imagem: FETRANSPOR)

26
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E
RESULTADOS BRS PRESIDENTE VARGAS
INAUGURAÇÃO: 6 de março de 2012;

EXTENSÃO: 3 km em cada sentido;

QUANTIDADE DE LINHAS: 59 no sentido Zona norte


e 136 no sentido Candelária;

DEMANDA DIÁRIA: 545 mil passageiros (incluindo o Brs da pista lateral);

DEMANDA PICO: 65 mil passageiros (incluindo o Brs da pista lateral);

BENEFÍCIOS OPERACIONAIS COM A IMPLANTAÇÃO:


redução de 20% na duração média das viagens. redução de 10%
da frota operacional necessária.

FIGURA 3.7 Brs rio BranCo O BRS


(Crédito da imagem: FETRANSPOR ) PRESIDENTE
VARGAS
REDUZIU 20%
A DURAÇÃO
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E DAS VIAGENS
RESULTADOS BRS PRESIDENTE VARGAS – E 10% A FROTA
PISTAS LATERAIS OPERACIONAL.
INAUGURAÇÃO: 12 de abril de 2012;

EXTENSÃO: 3 km em cada sentido;

QUANTIDADE DE LINHAS: 141 no sentido Zona norte


e 119 no sentido Candelária;

DEMANDA DIÁRIA: 545 mil passageiros (incluindo o Brs da pista lateral);

DEMANDA PICO: 65 mil passageiros (incluindo o Brs da pista lateral);

BENEFÍCIOS OPERACIONAIS COM A IMPLANTAÇÃO:


redução de 20% na duração média das viagens. redução de 10%
da frota operacional necessária.
FIGURA 3.8 Brs presidente Vargas
(Crédito da imagem: FETRANSPOR)

27
INFORMAÇÃO AOS USUÁRIOS

Os pontos de embarque e desembarque foram reestruturados, tanto fisi-


camente quanto operacionalmente. Foram definidos grupos de linhas e o
atendimento dos usuários por estes grupos foi reorganizado a partir da al-
ternância dos pontos de parada. Assim, é necessário informar os usuários
sobre as linhas que pertencem a cada grupo e também a localização dos
pontos nas vias. Os ônibus não param em todos os pontos para realização
do embarque e desembarque dos passageiros, o que contribui para o au-
mento da velocidade desses veículos e a diminuição do tempo de viagem.

Outro destaque é a melhoria do sistema de informação nos pontos de


AS INFORMAÇÕES embarque e desembarque. A forma de apresentação das informações
AOS USUÁRIOS aos usuários passou a indicar os pontos de interesse que são atendidos
SOBRE AS LINHAS pelas linhas e não apenas os bairros de destino. A principal finalidade é a
DOS ÔNIBUS ESTÃO fidelização dos clientes, que acontecerá a partir do melhor entendimento
DISPONIBILIZADAS FIGURA 3.9 BRS PRESIDENTE VARGAS, PISTAS LATERAIS e conhecimento do sistema. As informações sobre o atendimento das
NOS PRÓPRIOS (Crédito da imagem: FETRANSPOR) linhas estão disponibilizadas aos usuários nos próprios pontos de parada,
PONTOS DE que foram repaginados conforme figura 3.10.
PARADA E TÊM
COMO PRINCIPAL
FINALIDADE A
FIDELIZAÇÃO
DOS CLIENTES.

FIGURA 3.10 SISTEMA


BRS: PONTO DE EMBARQUE
E DESEMBARQUE E
SISTEMA DE INFORMAÇÃO
AOS USUÁRIOS
(Crédito da imagem: Fetranspor)

28
RESULTADOS
51%

a implantação dos sistemas Brs na cidade


do rio de Janeiro (rJ) trouxe resultados po-
sitivos de forma imediata. em uma pesquisa 33%
realizada no mês de maio de 2011, após a im-
plantação do Brs no bairro de Copacabana, a
avaliação do trânsito registrou um percentual
de 41% de aprovação dos usuários que o con- 12%
sideravam como ótimo ou bom. no mês de ju-
nho de 2012, após a implantação dos demais 2% 2%
sistemas Brs, outra pesquisa foi realizada e
ÓTIMO (5) BOM (4) REGULAR (3) RUIM (2) PÉSSIMO (1)
apresentou uma avaliação ainda mais positi-
va. nesta pesquisa, 63% avaliaram o uso das EM 2011, 41%
faixas exclusivas como ótimo ou bom, confor- FIGURA 3.11 aVaLiação do sisteMa Brs DOS USUÁRIOS
me apresentado na figura 3.11. (Fonte: FETRANSPOR, 2013) CONSIDERAVAM
OS BRS DO RIO
DE JANEIRO
a pesquisa também identificou as maiores van- ÓTIMOS OU
DIMINUIU O TEMPO
tagens dos sistemas Brs na opinião dos usu- DO PERCURSO 65% BONS. EM 2012,
ários. a redução do tempo de viagem foi citada ESSE NÚMERO
como a principal vantagem por 65% dos parti- AUMENTOU
cipantes da pesquisa. o fim dos congestiona- ACABOU COM OS
10% PARA 63%.
ENGARRAFAMENTOS
mentos e a racionalização do trânsito também
foram destacados, com 10% e 9%, respectiva-
mente, como apresentado pela Figura 3.12.
O TRÂNSITO FICA
MAIS ORGANIZADO 9%

NENHUMA
VANTAGEM 8%

NÃO
SABE 11%

FIGURA 3.12 prinCipais Vantagens dos sisteMas Brs


(Fonte: FETRANSPOR, 2013)

29
3.3. SÃO PAULO (SP)
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E
a cidade de são paulo (sp) tem-se destacado no tratamento dado ao RESULTADOS BRS NORTE-SUL
transporte público por ônibus. a maior metrópole latino-americana in-
INAUGURAÇÃO: 18 de agosto de 2013;
vestiu neste ano de 2013 na priorização do deslocamento dos ônibus nas
principais vias da cidade. a iniciativa recebeu o nome de “Dá Licença para EXTENSÃO: 13 km (sentido centro, nas avenidas senador teotônio
o Ônibus” com meta audaciosa de implantação de 216,7 km de vários Vilela, na Cidade dutra (zona sul), interlagos e Washington Luís, até
trechos, com exclusividade para os ônibus, até o final de 2013. o viaduto deputado Luís eduardo de Magalhães, no Campo Belo);

QUANTIDADE DE LINHAS: 91;


sob a responsabilidade da Companhia de engenharia de tráfego (Cet) e
da são paulo transporte (sptrans), “Dá Licença para o Ônibus” tem por DEMANDA DIÁRIA: 236 mil passageiros;

finalidade reservar espaço viário para a circulação dos ônibus. a Cet rea- DEMANDA PICO: 28 mil passageiros;
liza um trabalho de orientação na via, com ênfase educativa, sem registro
de autuações. Conforme determina a portaria 051/13 da secretaria Mu- BENEFÍCIOS OPERACIONAIS COM A IMPLANTAÇÃO:
redução de 71% na duração média das viagens.
nicipal de transportes (sMt), está autorizada a circulação de ônibus fre-
AS FAIXAS tados nas faixas recém-criadas nas marginais tietê e pinheiros. a cidade
EXCLUSIVAS DE tem mais de 2,5 mil fiscais e 77 radares que fiscalizam o desrespeito no
ÔNIBUS EM SÃO trânsito. a multa para quem não respeita a faixa é de r$ 53, mais 3 pontos
PAULO DEVEM na carteira de habilitação.
CHEGAR A 216,7 KM
ATÉ 2013. dessa maneira, os usuários serão beneficiados de forma imediata com
a redução do tempo de viagem e mais conforto durante a realização dos
deslocamentos. Já foram inaugurados 135 km de vias exclusivas para os
ônibus em 2013. Conforme meta estabelecida pelo governo municipal,
está prevista a implantação de mais 85 km de novos trechos com priori-
dade para o transporte público. antes dessa iniciativa, a velocidade média
dos ônibus era de apenas 13 km/h, considerada inaceitável pela secreta-
ria municipal de transportes. as características e os resultados das prin-
cipais faixas exclusivas paulistas são apresentados a seguir.

FIGURA 3.13 Brs norte-suL


(Crédito da imagem: UOL/ Renato S. Cerqueira/Futura Press)

30
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E RESULTADOS
CORREDOR MARGINAL PINHEIROS
ESTRATÉGIA DE IMPLANTAÇÃO: realizada em três etapas, contemplando 2º. TRECHO
três trechos distintos da via;
EXTENSÃO: 5,8km (nas av. alcides sangirardi, Marginal do rio
INAUGURAÇÃO: 8 de julho de 2013. pinheiros e Major sylvio de Magalhães padilha (pista local da
Marginal), sentido interlagos, da ponte engenheiro ary torres até o
1º. TRECHO acesso à av. João dias);

EXTENSÃO: total de 7,8km, sendo 3,6 km no sentido interlagos, na QUANTIDADE DE LINHAS: 15;
av. das nações unidas entre a rua professor Leme da Fonseca e av.
interlagos, além de mais 4,2 km no sentido Castello Branco, entre a DEMANDA DIÁRIA: 175 mil passageiros.
interlagos e a Mário Lopes Leão; OS ÔNIBUS QUE
QUANTIDADE DE LINHAS: 38;
TRAFEGAM NO
3º. TRECHO CORREDOR
DEMANDA DIÁRIA: 393 mil passageiros; MARGINAL
EXTENSÃO: 7,4km (av. das nações unidas, sentido Castello Branco, PINHEIROS
QUANTIDADE DE ÔNIBUS POR HORA: 98 veículos no sentido Castello entre a av. Mário Lopes Leão e a ponte engenheiro ary torres); TIVERAM UM
Branco e 60 veículos no sentido contrário;
QUANTIDADE DE LINHAS: 177;
AUMENTO
BENEFÍCIOS OPERACIONAIS COM A IMPLANTAÇÃO: aumento de 78% DE 78% NA
na velocidade operacional (14km/h para 25km/h). DEMANDA DIÁRIA: 193 mil passageiros. VELOCIDADE,
PASSANDO DE
14 KM/H PARA
25 KM/H.

FIGURA 3.14 Corredor MarginaL pinHeiros


(Crédito da imagem: UOL/ Luiz Claudio Barbosa/Futura Press)

31
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E
RESULTADOS BRS MARGINAL TIETÊ
INAUGURAÇÃO: 17 de junho de 2013;

EXTENSÃO: 12,7 km nos dois sentidos, entre as pontes das Bandeiras


e aricanduva (das 6h às 9h, sentido Castello Branco, com percurso
de 5 km; das 17h às 20h, sentido ayrton senna, com 7,7 km);

QUANTIDADE DE LINHAS: 30;

DEMANDA DIÁRIA: 210 mil passageiros;

DEMANDA PICO: 28 mil passageiros;

BENEFÍCIOS OPERACIONAIS COM A IMPLANTAÇÃO: redução


de até 30 minutos na duração média das viagens.
NO BRS MARGINAL
TIETÊ CERCA FIGURA 3.15 Corredor MarginaL tietÊ
DE 210 MIL (Crédito da imagem: thecityfix/ Julia Chequer/Folhapress)

PASSAGEIROS SÃO
TRANSPORTADOS
POR DIA. A RESULTADOS
REDUÇÃO NO
TEMPO DE pesquisa realizada pelo instituto datafolha
VIAGEM CHEGA em setembro de 2013 mostrou que 88% dos
A 30 MINUTOS. paulistanos são favoráveis às faixas exclusi-
vas. entre os usuários de ônibus, a aprovação
das novas faixas exclusivas é de 92%, o que
pode ser considerado como um ótimo indica-
dor. ademais, os resultados indicam que 83%
dos usuários do transporte individual (modo
automóvel particular) aprovam a implantação
das faixas exclusivas.

atualmente, 75% dos paulistanos utilizam o ôni-


bus como meio de transporte diário. a melhora
no trânsito depois da implantação das faixas ex-
clusivas foi percebida por 55% dos entrevistados,
segundo essa mesma pesquisa do datafolha.

32
33
4
Conclusões
esta publicação concentrou-se na apresentação do conhecimento técnico nível de confiabilidade associada ao modo ônibus. essa transformação foi
e prático relacionado à implantação de faixas exclusivas de ônibus urbanos. quantitativa e qualitativamente determinada por pesquisas de opinião,
de forma sintética, foram discutidos os principais conceitos e caracterís- que revelaram apoio significativo a essa intervenção. em alguns casos,
ticas associados a esse tipo de intervenção, que permite a priorização do verificou-se que até os motoristas do transporte individual reconhecem
transporte público de forma simples e eficiente. Buscou-se a descrição a necessidade de dedicar exclusivamente uma parcela do sistema viário
dos princípios fundamentais que devem ser considerados no processo de aos usuários do transporte público.
implantação para que os resultados estejam de acordo com as expecta-
tivas de melhoria da qualidade dos serviços. entre eles, pode-se destacar: nesse contexto, é importante destacar que essas experiências exito-
o controle de ocupação eletrônico em tempo integral; a reorganização da sas podem ser amplamente replicadas por todo o território nacional,
operação, qualificação dos pontos de parada e informação aos usuários. desde que sejam viabilizadas as condições mínimas para a implanta-
ção das faixas exclusivas. essas condições referem-se principalmente
Complementarmente, os estudos de caso demonstraram a aplicabilida- ao desenvolvimento de projetos básicos de qualidade em conjunto
de e eficiência das faixas exclusivas em três cidades brasileiras. as expe- com a simplificação dos procedimentos de liberação de recursos
riências nas cidades de goiânia (go), rio de Janeiro (rJ) e são paulo (sp) governamentais, para garantir a rápida execução das intervenções. prin-
estabelecem exemplos inquestionáveis de sucesso alcançado por meio cipalmente para os municípios de médio e grande porte, que enfrentam
de investimentos de curtíssimo prazo, baixo custo e alto impacto para o sérios problemas de mobilidade urbana, as faixas exclusivas poderão ser
sistema de mobilidade urbana. em particular, é notável a natureza trans- uma resposta de curtíssimo prazo ao clamor popular e assim criar um
formadora das faixas exclusivas, que imediatamente permitiram a redu- legado permanente e inquestionável para melhoria da qualidade de vida
ção do tempo médio de viagem do transporte coletivo e aumentaram o de milhões de brasileiros.

35
REFERÊNCIAS
eMBarQ (2013) página da internet acessada em 26 de setembro de
2013. http://www.brtdata.org/#/country/Latin America/Brazil

Fetranspor – Federação das empresas de transporte de


passageiros do estado do rio de Janeiro (2013) BRS – Manual
de implementação; 53 páginas; rio de Janeiro, Brasil.

Vasconcellos, e. a. Carvalho, C. H. r., pereira, r. H. M. (2011)


Transporte e mobilidade urbana; Comissão econômica para
a américa Latina e o Caribe (CepaL); Brasília, Brasil.

Vuchic, V. r. (2005) Urban Transit: Operations, planning


and economics; John Willey & sons; new Jersey, eua.

Consórcio rMtC - rede Metropolitana de transportes Coletivos


(2013) Corredor Preferencial T63; goiânia, Brasil.

ttC (2013) Corredores Progressivos – Cidade de Salvador/


BA; 1ª apresentação, 28 de junho de 2013;

denatran – departamento nacional de trânsito (1987)


Código de Trânsito Brasileiro; Brasília, Brasil.

Ministério das Cidades (2004) Caderno 2 – Construindo


a Cidade Acessível do Programa Brasileiro de
Acessibilidade Urbana; Brasília, Brasil.

Ministério das Cidades (2007) Plano de Mobilidade por


Bicicleta nas Cidades - Caderno 1; Brasília, Brasil.

ieMa - instituto de energia e Meio ambiente (2010)


A bicicleta e as cidades – Como inserir a bicicleta na
política de mobilidade urbana; são paulo, Brasil.

36
FICHA TÉCNICA
EQUIPE RESPONSÁVEL BIÊNIO 2013-2015 CONSELHO FISCAL
andré dantas (editor)
alice ozorio CONSELHO DIRETOR Membros titulares e suplentes
arthur oliveira
Bárbara renault Membros titulares e suplentes paulo Fernandes gomes (pa) - titular
Hellen tôrres Heloísio Lopes (Ba) - titular
Filipe oliveira REGIÃO CENTRO-OESTE Haroldo isaak (pr) - titular
Luciara Vilaça Vieira edmundo de Carvalho pinheiro (go) - titular ana Carolina dias Medeiros de souza (Ma) - suplente
Luis Felipe souza silva ricardo Caixeta ribeiro (Mt) - suplente Jacob Barata Filho (rJ) - suplente
Matteus Freitas José roberto iasbek Felício (sp) - suplente
Melissa Brito spíndola REGIÃO NORDESTE
renata nobre da silva dimas Humberto silva Barreira (Ce) - titular
roberta Carolina Faria Mário Jatahy de albuquerque Júnior (Ce) - suplente
Luiz Fernando Bandeira de Mello (pe) - titular
OTÁVIO VIEIRA DA CUNHA FILHO paulo Fernando Chaves Júnior (pe) - suplente
presidente executivo
REGIÃO SUDESTE
MARCOS BICALHO DOS SANTOS albert andrade (Mg) - titular
diretor administrativo e institucional Wilson reis Couto (Mg) - suplente
eurico divon galhardi (rJ) - titular - presidente do Conselho diretor
ANDRÉ DANTAS narciso gonçalves dos santos (rJ) - suplente
diretor técnico Lélis Marcos teixeira (rJ) - titular
Francisco José gavinho geraldo (rJ) - suplente
João Carlos Vieira de souza (sp) - titular - vice-presidente do Conselho diretor
PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Júlio Luiz M arques (sp) - suplente
duo design João antonio setti Braga (sp) - titular
Mauro artur Herszkowicz (sp) - suplente
IMPRESSÃO
gráfica executiva REGIÃO SUL
ilso pedro Menta (rs) - titular
enio roberto dias dos reis (rs) - suplente

37
SAUS Q. 1, Bloco J, Ed. CNT 9º andar, Ala A
Brasília (DF) CEP 70070-944
Tel.: (61) 2103-9293 / Fax: (61) 2103-9260
E-mail: ntu@ntu.org.br
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